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Olá, Criativa!
Estou muito feliz que você tenha me escolhido para fazer parte da sua
jornada de transformação. Durante os próximos quatro meses estaremos juntos
em um processo de aprendizado intenso. Sugiro que você separe um espaço para
anotações, seja no caderno ou no computador e, principalmente, organize sua
agenda para que você consiga fazer os exercícios.
É muito importante que você leve nosso trabalho aqui a sério, compareça as
aulas sempre que possível e, se não puder, assista as aulas gravadas, que ficarão
disponíveis somente durante todo o período do curso. Além disso, estarei
respondendo os comentários das aulas durante o mês em que elas aconteceram.
Você talvez não saiba, mas a quantidade de pessoas que compra cursos online por
aí e desiste no meio é enorme, mas se você tem o objetivo de se tornar profissional
no mercado literário, de viver de escrita, de investir no seu futuro, esse é o seu
primeiro passo.
Esse módulo é composto por 12 incríveis módulos preparados por mim com
base em muito estudo, como você pode ver pelas referências ao final desse
documento, e muito conhecimento adquirido nos meus 5 anos de experiência. Se
você tiver alguma dúvida ou se encontrar algum erro, fale comigo através do nosso
grupo no Telegram ou do e-mail. Evite enviar mensagens importantes para o
Instagram, a chance dela se perder ou de demorar de responder é grande devido a
demanda da plataforma. O último módulo é um caderno de exercícios para que
você possa praticar a sua escrita.
Espero que nós tenhamos uma jornada incrível e que, ao final dela, você olhe
para a pessoa que era há 4 meses sentindo orgulho de ter escolhido seguir o seu
sonho de uma vez por todas. Obrigada pela confiança. É uma honra poder pegar na
sua mão e te mostrar o caminho, mas lembre-se que você terá que andar sozinho.
Toda vez que pensar em desistir, respire fundo e continue a voar.
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Sumário
A Mentalidade do Escritor 10
1 - Organização 10
2 - Inspiração e Ideias 10
3 – Comparação 11
4 – Leitura crítica 11
5 - Decisões 11
6 - Emoções 12
Introdução 14
1 - O texto criativo 14
O Início 16
1 - Começando a escrever 16
3 – Informações Básicas 17
Módulo 3 - Personagens 19
Tipos de Personagens 20
1 - A alma da história 20
2 - Protagonistas 20
3 - Antagonistas 21
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4 - Personagens secundários 22
Criando personagens 25
1 – Público-alvo 25
2 – Biografia 25
3 - Características 26
Detalhamento 27
1 - Perfil psicológico 27
2 - Arquétipos 29
3 - Ficha de personagem 30
Módulo 4 – Diálogos 32
Bases do Diálogo 33
1 – Funções 33
2 – Discursos 35
3 – Pontuação 35
O Não Dito 37
Módulo 5 – Narração 39
Narração I 41
1 – Escolhendo o narrador 41
2 – Narrador onisciente 42
Narração II 44
Cenas I 47
Cenas II 51
2 - Descrição 54
1 – Romance 57
2 – Suspense/Thriller 59
4 – Ficção Científica 62
5 – Ação e aventura 63
Escrevendo um Conto 66
1 - Contos 66
O Enredo 69
2 – Premissa 71
Planejamento 74
2 – Escaleta 75
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3 - Outras formas de planejar 77
Desenvolvimento I 79
1 – Progressão narrativa 79
2 - Manipulação temporal 80
3 - Subtramas 81
Desenvolvimento II 83
4 - Verossimilhança 83
6 - Deus Ex Machina 83
7 – Terminado um livro 83
Módulo 9 – O Texto 85
Problemas no texto I 86
1 - Clichês 86
2 - Falta de coesão 87
3 - Incoerência 87
5 - Beletrismo 88
Problemas no texto II 89
3 - Leitura densa 90
Antes de criar 92
1 - Criação de mundo 92
Informações básicas 95
1 - Dados geográficos 95
2 – Dados históricos 95
3 – Personagens e o mundo 97
2 - Design 110
3 - Trends 110
Referências 119
8
Módulo 1 Esse módulo é sobre você
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A Mentalidade do Escritor
Antes de começar falando da escrita, é preciso falar do escritor. Não adianta
aprender todos os conceitos e técnicas se você não souber ou se não tiver tempo
disponível para aplicá-las. Além disso, vamos nos familiarizar com alguns termos,
e descobrir como lidar com questões mais pessoais relacionadas à escrita.
1 - Organização
Preciso informar que não adianta aprender tanto sobre escrita se você não
terá tempo para colocar seus conhecimentos em prática. O primeiro passo para o
nosso grupo de estudos dar certo para você é se organizar. Anote num papel, ou
onde você achar melhor, seu planejamento semanal. Nesse planejamento, inclua
um horário para ler o módulo antes ou após a aula e fazer o exercício indicado.
Faça anotações, grifos, use post-its... Estude da forma que fizer mais sentido para
você, mas estude.
2 - Inspiração e Ideias
Sempre recebo perguntas sobre como eu consigo me inspirar e, bom, a
resposta é sempre a mesma: a inspiração vem de todos os lados. Além da leitura
de novos gêneros, as temáticas em alta nas redes sociais também me fazem refletir
muito. Criatividade é algo que pode ser desenvolvida e isso envolve sair da sua
zona de conforto. Como ter ideias novas se você está sempre consumindo o mesmo
conteúdo? Lendo e assistindo o mesmo gênero? Faça exercícios para estimular a
sua criatividade como:
● Ouvir atentamente as letras das músicas que ouve e, caso ouça músicas
internacionais, busque pela tradução;
● Ler contos de gêneros diferentes: são leituras curtas que agregam muito ao
nosso acervo literário e nos custam pouco tempo;
● Assistir filmes e séries que não estão na sua zona de conforto;
● Observar as pessoas ao seu redor e atribuir a elas uma história de vida, como
se fosse uma personagem;
● Ler artigos científicos sobre o assunto sobre o tema que você gostaria de
escrever. Normalmente eles nos mostram várias nuances da mesma
temática, abrindo nossos olhos para outros caminhos;
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● Fazer exercícios de escrita: existem vários sites que geram exercícios e eles
são ótimos para nos dar novas ideias.
3 Comparação
Não se compare com outras autoras. E esse tópico poderia acabar aqui
mesmo. Parece mais fácil falar do que fazer? Sim, mas não é por isso que você vai
deixar de tentar. Cada autora tem o seu processo e sua realidade. Se você estuda e
trabalha, como você pode se comparar com uma autora que se dedica
integralmente à escrita? Todo mundo possui uma realidade, disponibilidade e
contexto diferente e é esse o pensamento que você precisa focar toda vez que seu
cérebro quiser se comparar com outras pessoas. Você é única e é isso que te torna
especial.
4 Leitura crítica
Não, não estou falando do serviço literário. Sabe os livros que você lê
diariamente? Já parou para pensar em ler não apenas por entretenimento, mas
também para aprender coisas novas? Metade dos seus problemas como escritoras
seriam resolvidos se você analisasse os livros que lê. Diálogos, narrações,
construção e evolução de personagens. Note esses aspectos, grife, anote, perceba
as técnicas que os outros autores usam para que você possa conhecer ainda mais
do que o mundinho literário tem para oferecer.
5 - Decisões
Escrever é tomar decisões. Muitas vezes recebo mensagens de autores
perguntando qual conflito acho melhor, qual a melhor característica do
personagem ou o melhor final para o livro e, sinto dizer, isso ninguém pode decidir
além de você. Aprenda a tomar suas decisões, escolher o final da sua história,
construir o cenário, etc. Não, você não pode colocar dois prólogos e cinco epílogos
ao final da história para tentar agradar todos os tipos de leitores criando finais
alternativos. É preciso bancar as suas decisões. E se, aparentemente, você tomar
uma decisão errada desagradando a maioria dos seus leitores, então você
aprenderá com esse erro.
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Você vai errar em algum momento e isso é um fato. A partir daí você tem
duas opções: ficar com vergonha se lamentando ou aceitar que errou, lidar com
aquilo e levar para a sua vida como aprendizado. Informo que uma dessas opções
vai te atrasar e te faz perder tempo e a outra te faz crescer, não apenas
profissionalmente.
6 - Emoções
Para finalizar esse tópico, é importante citar algo que aprendi e mudou
minha perspectiva sobre escrita criativa. Na MasterClass do Neil Gaiman, autor de
Stardust, Coraline e outros sucessos, ele fala que ser escritor é como andar na rua
pelado. Você precisa ser honesto consigo mesmo, com o que você sente e não ter
medo do julgamento dos outros. Temos medo porque sabemos que ler nosso livro
é como entrar na nossa cabeça, as pessoas sabem o que sentimos, pensamos,
buscamos, mas isso é algo que teremos que lidar. Ser um escritor de sucesso é ser
honesto consigo mesmo para que pessoas como você se identifiquem e não o
oposto. Você não deve se preocupar primeiro com quem vai ler, mas sim com você
e as suas emoções. “Para escrever você precisa acreditar que você é brilhante, que
é a melhor ideia que você já teve e, escrevendo isso, você colocará o mundo em
chamas”.
✎ Exercício
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Módulo 2 – Conceitos Básicos
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Introdução
1 - O texto criativo
De acordo com Renato Modesto (2020), escrita criativa é um texto que
possui característica artística, poética e imaginativa, pois pretende contar uma
história.
Para emocionar alguém é preciso saber com quem você está falando. Por
isso, é preciso definir o público a quem você se refere.
● Conteúdo: o tema que vai se relacionar com o leitor. Abordar no livro temas
que são significativos para o leitor é a melhor forma de impactar. Se refere
às ideias, conceitos e sentimentos apresentados no livro.
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cenas é muito importante para que seu leitor possa compreender a ideia que
você quer passar e as emoções da sua história.
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O Início
1 - Começando a escrever
A maioria dos escritores, principalmente aqueles que estão começando, se
preocupam muito em escrever para o público. Antes de qualquer coisa, é preciso
escrever para você mesmo. Pensar nos comentários e julgamentos de terceiros
sobre você e a sua escrita só vão atrapalhar o seu processo.
Escrever é uma tarefa solitária. Significa que você precisa sim do seu tempo,
pois cada escritor tem um processo diferente de escrita. Alguns gostam de ouvir
músicas relacionadas ao tema/gênero do livro, outros passam horas direto
escrevendo sem pausa, alguns preferem pequenas pausas para descansar, enfim.
Cada processo é um e você precisa conhecer o seu, principalmente porque isso te
ajuda a criar uma rotina de escrita.
O lado ruim de realizar um trabalho sozinho é que você precisa tomar suas
próprias decisões, sem consultar outras pessoas sobre estar ou não seguindo o
caminho certo. Porém, lembre-se, não é porque é um processo solitário que
você está sozinho.
● Falta de prática
“Os melhores escritores são aqueles que passam mais tempo praticando”.
Isso significa que, ainda que você não se sinta preparada, ainda que acredite que a
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sua ideia não é boa o suficiente, você precisa continuar. Escrever não se trata de
talento ou dom, mas sim de uma habilidade que pode ser aprimorada. Você
precisa ter a oportunidade de experimentar, conhecer a sua escrita, descobrir qual
gênero você se sente mais confortável e qual não te agrada tanto.
Um truque que pode ajudar a gerar novas ideias é a pergunta “E se?”. Por
exemplo: as pessoas estão no mercado fazendo compras. E se um rapaz chegar
atirando no local? E se esse rapaz for o namorado de uma moça que está fazendo
compras?
Lembre-se que nesse primeiro momento você está escrevendo para si e não
pense no julgamento alheio. Deixe a crítica para o leitor crítico. Aproveite o
processo e se divirta com a sua escrita. Uma etapa de cada vez.
3 Informações Básicas
● Comece escrevendo sobre o que você conhece, mas não deixe de pesquisar
e aprender coisas novas.
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● Se você está iniciando agora, talvez possa tentar começar a escrever contos
e noveletas, aos poucos. Claro que você pode arriscar uma história maior,
mas seria interessante testar as suas habilidades em histórias mais curtas.
✎ Exercício:
Pense em um ambiente que você frequenta e lembre de uma pessoa que você
sempre vê lá, mas que você não tem muita intimidade. Escolha alguém que
você não sabe muito além do nome e/ou profissão, assim você terá mais
liberdade. Crie um miniconto com essa pessoa como personagem. Pense
na família dela, personalidade, características psicológicas e a coloque no
enredo que achar melhor.
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Módulo 3 - Personagens
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Tipos de Personagens
1 - A alma da história
Alguma história que você já leu não tem personagens? Se sim, peço que me
informe, por favor. Um personagem é a alma de uma história ficcional, pois é ele
quem - quase literalmente - vai dar vida ao seu enredo. E não adianta ter um
enredo incrível se seus personagens não conseguem se comunicar com seus
leitores.
Não necessariamente seu personagem precisa ser uma pessoa, pode ser
uma pedra, uma cadeira, um garfo, enfim... A grande questão é que, normalmente,
atribuímos características humanas para esses personagens e isso é chamado de
antropomorfismo. Você já assistiu A Bela e a Fera? Os personagens são velas,
xícaras e armários, por exemplo.
2 - Protagonistas
A história gira em torno dos objetivos, desejos, medos e obstáculos desse
(ou desses) personagem(ns).
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● As motivações dos seus personagens em geral precisam persuadir o público.
Se a motivação para o personagem conquistar o seu objetivo for fraca,
o público não vai acreditar, não vai se colocar no lugar daquela pessoa e,
consequentemente, não sentirá empatia pelo seu personagem.
3 - Antagonistas
Personagem (ou não) que se opõe aos desejos e objetivos do protagonista.
Caso contrário, não haverá conflito. E sem conflito não existe história. Se
o protagonista simplesmente conseguisse alcançar os seus objetivos sem esforço
algum, sem ter que superar obstáculos, sem passar por qualquer problema, os
leitores não têm algo que os prenda, assim como não tem pelo que torcer durante
a leitura.
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Já o antagonista pode ser qualquer obstáculo que vá de encontro com os
desejos do protagonista, inclusive seus próprios medos. Pode ser, por exemplo, um
trauma de infância, uma guerra, uma doença, etc. Isso é o que chamamos de
antagonismo interno.
● Motivação do vilão: por que o vilão é um vilão? O que fez dele ser uma
pessoa com tendências para a maldade? Por que o seu mocinho é o herói?
Ele é bom o tempo todo? Pense sobre esses questionamentos ao criar seus
personagens.
Ainda que o vilão seja alguém que odiamos em uma história, o construa
pensando em convencer o leitor dos seus motivos para ser mal.
4 - Personagens secundários
São amigos dos protagonistas, trazendo alguma ajuda, criando alianças, etc.,
ou trazem ainda mais dificuldade para a trama, criando ainda mais problemas
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além do antagonista principal. Nesse último caso, se trata de um secundário
antagônico.
● Enganar o seu leitor nunca é a melhor opção. As pistas que você deixar
podem se tratar de uma simples palavra, um olhar de um personagem
direcionado para outro, um toque, algo que aparentemente não seja nada.
Porém, quando o leitor chegar ao final, automaticamente seu cérebro vai
fazer essa conexão com aquelas cenas que passaram despercebidas e ele vai
se sentir enganado, não por você, mas por si próprio, por não ter percebido
o que estava óbvio.
Outro recurso que os escritores adoram é fazer com que o personagem que
é antagonista e vilão, ao final, se revele alguém bom.
● Essa estratégia de enredo também precisa ser muito bem trabalhada, já que
ninguém muda de uma hora para outra. É preciso convencer o leitor de
que aquela mudança aconteceu aos poucos e por razões plausíveis, afinal,
ele não passou o livro todo fazendo planos para acabar com a vida do
protagonista para, de repente, pedir desculpas e ser seu amigo.
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✎ Exercício
Escolha bem pois vamos com esse personagem durante todo o módulo.
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Criando personagens
1 Público-alvo
A criação de um personagem começa a partir do público-alvo daquela
história. Seja uma identificação realista, quando o personagem se parece com o
leitor em aparência, condição social e financeira, etc., seja uma identificação
utópica quando o personagem se trata de alguém que o público gostaria de ser,
desde a CEO de uma empresa até uma princesa, uma fada, ou uma bruxa, por
exemplo.
2 Biografia
O primeiro passo para construir seu personagem pode ser a biografia. Pode ser
porque, caso você queira começar de outra forma, não há o menor problema. O
legal começar por esse tópico é que você tem uma visão geral do seu personagem.
● Para saber quais informações serão úteis na sua história, basta saber
também quais você irá usar e quais farão diferença em seu enredo.
3 - Características
Um erro comum entre os escritores é criar milhares de características para
os seus personagens e, em nenhum momento do livro, fazê-lo agir daquela forma.
É aqui que entra o “mostre, não conte”.
Além disso, use de recursos literários para apresentar sua personagem mais
profunda. Usando o exemplo do autor Eldes Saullo: em vez de dizer "ela tinha o
nariz empinado", diga "seu nariz bem delineado apontava na mesma direção do
seu ego". Percebeu a diferença? Use metáforas, analogias e o que mais se sentir à
vontade para apresentar seu personagem.
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Detalhamento
1 - Perfil psicológico
Traçar o perfil psicológico da sua personagem é importante porque estamos
falando de todas as ações que ela vai ter do início do livro ao fim. Todos temos uma
personalidade por conta de quem somos e do que vivemos e é importante lembrar
que o seu personagem não nasce a partir da página 1, ele tem um backstory.
Traduzindo, se trata de uma história de fundo, um passado que levou seu
personagem até aquele ponto, as coisas que aconteceram “antes do livro começar”.
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● Mônica: inteligente. Cínica. Muito atraente. Teve que trabalhar por tudo que
tem. Uma chefe assistente de um restaurante chique na cidade. Sua vida
romântica é um desastre.
● Phoebe: doce. Excêntrica. Uma pessoa que nunca foi cuidada e nunca teve
um lar. Colega de quarto oficial da Mônica. Vende presilhas na rua e toca
violão no metrô. Uma boa alma.
Se você assistiu a série, sabe que tudo isso condiz exatamente com o que
assistimos e a descrição de tudo não passa de um parágrafo. Ótimo exemplo, não?
2 - Arquétipos
Os arquétipos, percebidos por Carl Jung, são modelos que definem o modo
de ser das pessoas. Cada arquétipo tem uma motivação.
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3 - Ficha de personagem
É uma (ótima) forma de organizar seus personagens. Você pode usar
plataformas como o Word, Docs, mas também o Story Planner, que já tem a ficha
para você preencher. As informações que você pode adicionar na ficha de
personagens são:
Informações básicas:
● Nome/apelido do personagem:
● Idade:
● Gênero:
● Signo:
● Arquétipo:
Informações aprofundadas:
✎ Exercício:
Exemplo: no meu livro, Entre Caixas, todos os personagens começam o livro como
lindas crianças, já traumatizadas, mas com uma chance de se tornarem boas pessoas.
Ao longo da história acompanhamos tudo o que eles sofrem e como o enredo os guia
para se tornarem pessoas com valores sociais e morais distorcidos, agindo em prol
de sua própria proteção, prazer e realização de desejos, sem pensar nos outros.
Seu personagem pode sim começar como um homem de má índole, que trata seu
par romântico de uma forma não tão legal e ter um arco de redenção que, ao final,
nos fará perdoá-lo por todas as suas ações.
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Módulo 4 Diálogos
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Bases do Diálogo
O diálogo por si só é um tema mais delicado de abordar, pois não é possível
ensinar onde colocá-lo, por exemplo, ou qual é a hora certa de usá-lo. Quando
lemos um texto, no entanto, é possível identificar quando está numa cena de forma
errada. Às vezes, notamos num livro conversas entre os personagens sem o menor
nexo, que não agregam absolutamente nada ao enredo e que poderiam ser
resumidas pelo narrador com uma frase.
1 Funções do diálogo
● Revelar informações sobre seu personagem: o próprio irá dizer
(explicitamente ou não), coisas sobre si e sobre os outros personagens
dentro do seu ponto de vista. O mais importante dessa função é lembrar que
é o seu personagem quem está falando, logo, ele possui uma perspectiva
sobre si e sobre os outros muito específica, ainda que distorcida.
➔ Se ele também for o narrador, então você pode manter a mesma forma de
falar e o posicionamento do personagem, se ele não for o narrador, fique
atento para não cometer o erro da voz única, quando a narração permanece
idêntica em todos os pontos de vista. Falaremos isso mais para frente.
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Exemplo 2:
— Calma, estou aqui com você — Carlos segurou a sua mão, a acariciando
com o polegar. Jana sorriu com as bochechas coradas.
— Vocês vão começar de novo? — Maria revirou os olhos, andando com mais
velocidade até o destino.
No exemplo 1, o narrador nos apresenta a cena, mas pela forma que ela é
construída não conhecemos os personagens de fato.
Esse exemplo nos faz prestar atenção em dois pontos, tanto a maneira que
a autora brincou com a narração e com o diálogo, quanto às pistas sobre quem é o
personagem. Essa história é narrada em primeira pessoa pelo protagonista e o
rapaz que conversa com ele é o diretor da escola que está o contratando.
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2 Discursos
Existem formas, segundo a língua portuguesa, de apresentar falas e
pensamentos dos personagens em um texto. São os três tipos de discurso:
“D. Aurora sacudiu a cabeça e afastou o juízo temerário. Para que estar
catando defeitos no próximo? Eram todos irmãos. Irmãos.” (Graciliano
Ramos).
3 Pontuação
Ao escrever um diálogo usa-se travessão. É comum em histórias norte-
americanas e inglesas o uso de aspas, mas não no Brasil. O uso das aspas pode
dificultar a leitura e, consequentemente, o entendimento do texto. É possível usar
aspas quando um pensamento de personagem interrompe a narração.
— Marcela, você viu aquele gato preto? — perguntou Carmen, olhando em volta.
— Não, você deve estar vendo coisas de novo — A amiga segurou o riso, deixando
o cômodo.
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Após o travessão não se usa ponto quando o a palavra que vier a seguir for
um verbo dicendi, além de ele vir com letra minúscula. “Dicendi” significa “verbos
de dizer” e eles servem, justamente, para esse referir a forma que um personagem
está falando. Pedir, gritar, perguntar, etc., são verbos dicendi.
Se após o diálogo vem uma cena, como na parte que está grifada, então antes
do travessão tem um ponto e, logo, a frase seguinte começa com letra maiúscula.
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O Não Dito
— Saia — gritou.
— Saia!
Todos as falas estão com descrições logo após. A cena possui 3 personagens
e, por isso, é preciso saber descrever o que cada uma está fazendo ao lado da fala
da personagem. Evite colocar a ação de uma personagem ao fim do que outra fala,
pois isso pode confundir muito o leitor.
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Quando tem mais de uma pessoa na cena, é interessante que, quando uma
se refere a outra especificamente, ela fale seu nome. Talvez você ainda não tenha
percebido, mas fazemos isso na vida real também. Isso ajuda ao leitor:
Exemplo: você está escrevendo um diálogo em que um casal está em fase de divórcio.
A discussão começa num restaurante e termina em casa. Com certeza a forma de agir
no restaurante terá muito mais informações implícitas do que explícitas, ao
contrário das ações em casa.
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● Ele disse, ela disse: usar várias vezes esses termos após um diálogo deixa
o seu texto muito pobre. Encontre outras formas de pontuar quem falou o
que e, se estiver implícito, principalmente se for um diálogo de apenas duas
pessoas, não precisa repetir tantas vezes.
● Introduções: a não ser que o “oi”, “oi”, “tudo bem?”, “tudo e você” signifique
que seus personagens estão inseguros ou tímidos, evite usar. O diálogo que
colocamos na história é o recorte de uma conversa. O narrador pode
informar que os personagens se cumprimentaram e no diálogo em si você
coloca só o que é relevante para o leitor.
✎ Exercício:
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Módulo 5 Narração
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Narração I
1 Escolhendo o narrador
O narrador é o pilar principal de um livro. Ele determina a forma que o
conteúdo será trabalhado e como isso chega ao público. Através do narrador, o
leitor vai conhecer a sua história e a forma que isso vai acontecer, quais
personagens serão apresentados e como, a linguagem, o que é revelado, entre
outros.
Um bom exemplo disso é que no meu livro, Entre Caixas, usei os dois
narradores justamente porque precisava que o leitor sentisse de formas
diferentes. A história é dividida em quatro partes, em três delas usei o narrador
observador, mas em uma parte específica, em que o antagonista da personagem
eram seus próprios medos e pensamentos, precisei usar a primeira pessoa. Assim,
o leitor consegue sentir exatamente como a personagem sente.
Pensar sobre quem conta a sua história, também é pensar no tom de voz.
Diferente do tom de voz do personagem, aqui é preciso decidir o tom em que você
contará a história. Cada narrador tem sua forma de falar, explicitar os sentimentos
dos personagens, se será mais formal ou coloquial, se usará gírias. O tom de voz
depende do:
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b) Público-alvo do livro: caso seus leitores sejam jovens adolescentes,
seu narrador pode usar de ironia e sarcasmo e fazer brincadeiras ao
longo da narração;
Como descobrir qual o tom certo? Você precisa escrever. Não é algo
que você simplesmente decide, o tom de voz nasce junto com o
planejamento da história. No momento que esses três pontos são
ponderados e você começa o seu processo de escrita, basta ter um
pouco de tato para entender o que é melhor para o seu livro.
2 Narrador onisciente
O narrador onisciente, que também é onipresente, é um dos mais utilizados.
Normalmente, ele é usado em terceira pessoa e não se trata de um personagem da
história. Esse narrador sabe exatamente o que se passa com todos os personagens,
seus sentimentos e pensamentos e pode até “prever o futuro”, soltando
informações e pistas que podem contribuir futuramente para o enredo.
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pessoa, ele pode mudar, já que o narrador tem a liberdade de passear pela história.
Entretanto, é bom evitar alternar muitos pontos de vista. Como disse Modesto, é
como se o narrador colocasse uma câmera em cima da cabeça de um personagem,
acompanhando-o por todos os lados. Se essa mudança acontecer muitas vezes,
principalmente ao unir vários personagens numa mesma cena, pode ser confuso
para você escrever ou para o leitor acompanhar.
Uma boa indicação de livro sobre pontos de vista é Gone Girl (Garota
Exemplar, em português). O livro possui duas narrações, uma de Nick Dune, o
marido, e outra através do diário de Amy Dune, sua esposa. É interessante
perceber como nós mudamos de opinião sobre a história toda vez que termina
uma narração, justamente pela apresentação dos diferentes pontos de vista,
permitindo que o leitor tire suas próprias conclusões.
Esse tópico tem um adendo importante: em algumas séries como How I Met
Your Mother e Euphoria, por exemplo, os protagonistas aparecem como
narradores oniscientes. Teoricamente, não faz o menor sentido, já que eles não
têm como estar em determinados ambientes e conhecer os diálogos, mas os
roteiristas e diretores tomaram essa liberdade artística e funcionou muito bem.
Ted Mosby, protagonista de HIMYM, vez ou outra comete erros na narração e
afirma que não lembra de uma cena ou outra. Já a Rue, de Euphoria, narra tudo
com muita propriedade, situações de um passado distante, antes mesmo dela
existir até cenas que a personagem em si ainda não descobriu. O que poderia ser
um fiasco se tornou um agregador, já que os telespectadores passaram a criar
várias teorias a partir disso.
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Narração II
1 Narrador personagem - Protagonista
Como o próprio nome diz, esse narrador faz parte da história e conta aos
leitores situações que aconteceram consigo em primeira pessoa (eu). Essa é uma
boa escolha quando você quer conectar imediatamente o leitor com a história e
com as dores e objetivos do personagem, já que ele estará falando de si e do seu
ponto de vista em todo o tempo.
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2 Narrador personagem - Coadjuvante
No livro Escrita Criativa para Iniciantes, o escritor Marcelo Spalding cita um
exemplo perfeito sobre o uso de personagens narradores que não são os
principais: em um trecho de Um Estudo em Vermelho, de Sir Arthur Conan Doyle,
ele destaca uma cena em que Sherlock e Watson conversam, mas é esse último
quem narra. A ideia de usar Watson implica em dois fatores:
No momento que você for planejar as suas cenas, você também pensará
exatamente no que será narrado e no que se manterá oculto. Para delimitar
exatamente o que não pode faltar na sua história, primeiro, a escreva em tópicos,
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contendo apenas o mais importante, como se estivesse contando para seus pais ou
amigos como foi seu dia, por exemplo. Sem detalhes, apenas informações gerais.
✎ Exercício
46
Cenas I
1 Mostre, não conte
Durante todo esse módulo falei repetidas vezes sobre “mostrar e não
contar”, mas nesse tópico gostaria de explicar a diferença entre mostrar e contar
para você, escritor e para os leitores e como exatamente essa técnica funciona.
Ainda que a essa altura você acredite que saiba como fazer tudo isso, muitos
escritores experientes ainda cometem o erro de contar o tempo todo para o leitor
algo que é de responsabilidade dele entender.
Se eu digo:
Se eu digo:
De acordo com o livro “Show, don’t Tell” da escritora Sandra Gerth, eis as
diferenças entre mostrar e contar:
E toda essa reflexão feita pela Sandra Gerth é uma ótima forma de introduzir
o tema para que seja mais fácil aplicar essa técnica na hora da escrita.
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Parece uma teoria de fácil compreensão, mas nossos vícios de escrita muitas
vezes nos impedem de aplicá-la e é por isso que será preciso atenção no momento
da releitura. Eis o que a Sandra chama de “red flags” ou alertas de que aquilo que
você escreveu está contando e não mostrando:
a) Conclusões
Quando você narra uma cena e, em seguida, explica aos seus leitores o que
isso significa:
— Eu acho que… Bem, não sei como dizer isso. Ultimamente, as coisas
mudaram entre nós e…
b) Linguagem abstrata
Quando o seu leitor não conseguir visualizar a cena narrada, você está
contando. Usar termos vagos no momento da narração é um obstáculo enorme
para o leitor. O exemplo presente no livro “Show, don’t tell” nos permite
compreender esse tópico.
“Ela se curvou e colocou dois dedos em seu pescoço, sentindo um pulso fraco
na ponta de seus dedos”.
48
c) Sumários
Sempre que você resume cenas importantes, você está contando. Cada
gênero literário tem cenas marcantes, como o primeiro beijo do casal em um
romance, ou quando um personagem morre em um suspense, uma cena de medo
no terror, etc.
No entanto, como dito por David Lodge no livro A arte da ficção, o sumário
é válido quando precisamos passar informações desinteressantes no texto. O que
não é recomendado que aconteça, é que seu texto se torne um apanhado de
resumos e não uma narração.
d) Backstory
e) Advérbios e adjetivos
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f) Verbos de ligação
Esses verbos têm a função de unir o sujeito a uma característica. Assim como
no tópico anterior, você não vai banir o uso, mas sempre que for possível substituí-
los por uma descrição. Ser, estar, parecer, ficar, por exemplo, são verbos de ligação.
Eles demonstram na história uma ação praticada ou sofrida e, normalmente, eles
vêm acompanhados de adjetivos. O exemplo do tópico anterior “Lucas estava feliz”,
vale para esse também, pois “estar” é um verbo de ligação.
g) Nomear emoções
h) Palavras-filtro
Mostrar: Tina colocou as mãos nos bolsos. Droga! Sequer imaginava onde as teria
perdido.
✎ Exercício
50
Cenas II
1 - Como criar cenas
É um comportamento comum de quem está começando a escrever não
saber como escrever cenas, ter dúvidas se está escrevendo demais ou de menos e
acabar fazendo enormes parágrafos listando fatos importantes e fazendo saltos
temporais na história. Isso se relaciona com os “sumários” que falamos no tópico
anterior. Por isso a grande dificuldade de escrever contos: parece não ser possível
contar uma história em um espaço tão curto de tempo. Para o autor, é necessário
contextualizar todo o passado do personagem, inclusive de seus ancestrais, para a
história fazer sentido. A prova disso é a quantidade de livros enormes que temos
por aí, mas que, pela minha experiência com leitura crítica, poderiam facilmente
ser cortados pela metade.
O autor Renato Modesto usa como exemplo uma peça de teatro. Todas as
vezes que a cortina fecha para a troca de personagens ou de cenário, é aquele
momento em que parece que estamos respirando novamente depois de muito
tempo prendendo o fôlego. Estávamos tão imersos no que acontecia no palco que
sequer percebemos o que estava acontecendo. Isso é estar imerso numa cena e um
sumário não nos permite essa experiência.
51
d) Digressões: reflexões do narrador, observações e algumas
memórias.
“Aos poucos, suas mãos que lutavam contra o corpo masculino a todo custo,
foram perdendo a força. Ela puxou o ar pela última vez.
— Chame o meu nome — sussurrou em seu ouvido.
— Richard... — sibilou.
— Desculpe, Violet — encostou seus lábios nos dela novamente.”
52
aquela ação de Richard é recorrente. Já o “Não que fizesse alguma diferença”
traz certa personalidade ao narrador. Lembra quando comentamos que não
é porque o narrador é em terceira pessoa que ele será neutro em relação ao
que acontece? Eis a prova.
“Eram três da manhã. Ao longe era possível ouvir o som de gritos e música.
Óbvio que na madrugada de segunda os universitários estariam festejando em
algum lugar, não importava se teriam aula em algumas horas. Richard atravessou
o campus a pé, observando luzes de festa piscando há alguns quilômetros.
Lembrou-se do seu tempo de universitário, todas as noites vivia as melhores festas
de sua vida, mas agora já não tinha mais idade para beber até cair. Primeiro,
porque a ressaca aos 22 anos não é a mesma aos 28. Segundo, que ele se sentia em
uma vitrine, exposto, todos tirando fotos e gravando vídeos o tempo todo. Ele não
gostava de aparecer, seu trabalho era atrás das câmeras.
“Quando se sentou em seu carro, prestes a ir para casa, recebeu uma ligação:
— Certeza que você estava transando com alguma universitária! — disse,
assim que Richard o atendeu.
— Você me conhece, Steve — Richard riu.
— Estou na festa do Mark, você não vem?
— Merda! — Richard olhou o relógio. — Esqueci completamente.
— Ele vai ficar puto se você não aparecer...
— A patroa liberou você para sair hoje, foi? — Richard brincou.
— Vá à merda, Rich.
53
— Nos vemos em alguns minutos.
— Não nos vemos não! Tenho trabalho amanhã, estou saindo daqui agora.
— Então a gente mata a saudade no almoço de amanhã? — Richard brincou,
fazendo Steve rir.
— Até mais.”
2 - Descrição
A descrição acontece quando precisamos mostrar ao leitor como são os
personagens, os lugares, etc. O ideal no momento da descrição é escolher as
características mais pertinentes para que aquele ambiente fique gravado na mente
do leitor como único.
Outro ponto importante a ser abordado é: evite descrever elementos que não são
importantes para a trama. Um dramaturgo chamado Tchekhov uma vez disse que
“se no primeiro ato você coloca uma pistola na parede, ela tem que ser disparada
até o terceiro”. Ele se referia a peças de teatro, mas vale aqui também. Se você vai
54
descrever um elemento, gastar linhas da sua história e chamar atenção do leitor,
esse elemento precisa ser importante para a trama. Não engane seu leitor ou perca
o tempo dele o fazendo se interessar por algo irrelevante.
55
Módulo 6 - Gêneros Literários
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Conhecendo Gêneros: Parte I
1 Romance
Quer escrever um romance? Uma história de amor lindíssima? Quem vai nos
ajudar nesse tópico é o escritor Eldes Saullo, com o livro Como Escrever um
Romance. Sim, ele existe! E começa com uma reflexão interessante: o livro mais
popular do mundo inicia com uma história de amor. Adão e Eva. E o está
incrementado nessa relação? Uma traição e uma abrupta quebra de confiança que
pode ter causado consequências para a humanidade.
Por que todos gostamos de uma história de amor? É algo que a sociedade
nos impõe como o ideal de vida perfeita, uma espécie de felicidade genuína que só
será alcançada com o amor. Por isso, muitos especialistas acreditam que
histórias de romance, necessariamente, precisam ter um final feliz. E a
maioria tem. Mas se a sua história for sobre duas pessoas que se amam, mas não
devem ficar juntas, por qualquer motivo que seja? Ainda é uma história de
romance? Eu acredito que sim.
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Alguns enredos vão por outra via e acabam dando mais visibilidade para o
universo ficcional em que a história se passa. Planeje bem sua história para que ela
caminhe da forma que você deseja.
Não vou colocar Romance LGBTQIA+ aqui porque acho que todos já
entendemos que isso não é uma categoria separada e qualquer gênero de romance
pode ter um casal LGBTQIA+.
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causar emoções e te fazer escrever sobre. Não se preocupe com o leitor, escreva
o que você quer escrever.
✎ Exercício
2 Suspense/Thriller
Uma frase que vi uma vez no site Ficção em Tópicos me ensinou muito sobre
suspense:
“Uma cena de assassinato cria tensão. Uma cena onde um assassinato pode
acontecer cria um mistério. Uma cena onde um personagem com quem nos
importamos pode ser assassinado, cria um suspense”
A maior parte dos livros que possuem crimes, por exemplo, nos geram a
mesma pergunta: Quem cometeu o crime? Por quê? Como? E todos esses
questionamentos se tornam cada vez mais intensos quando nos importamos com
aquela pessoa, quando ela parece boa ou está buscando por justiça e/ou vingança.
Com essa frase automaticamente entendemos que a empatia está presente no
suspense, precisar estar. A causa que move seu personagem, assim como em todos
os gêneros, precisa ser boa.
60
Um bom personagem, como já vimos, pode enriquecer seu enredo de uma
maneira absurda. Faça seus leitores torcerem por ele.
✎ Exercício
4. Quais teorias você criou sobre o final do filme? Você acertou alguma delas
ou ele terminou de um jeito diferente?
Investigação de um crime
61
Conhecendo Gêneros: Parte II
4 Ficção Científica
Como o nome já diz, a ciência está profundamente relacionada ao
gênero, mas não é por isso que você precisa seguir os princípios ao pé da
letra. A ficção científica traz a oportunidade de você, escritora, interpretar suas
leis e teorias da forma que mais convém para a sua história. O uso da tecnologia
também é presente, permitindo a criação de aparelhos que ainda não existem,
além da especulação do futuro da humanidade, por isso, esse gênero faz parte do
grupo que chamamos de ficção especulativa (junto com a distopia, fantasia e
outros). Por essa razão, você tem a liberdade de usar o mundo em que vivemos e
adicionar novas tecnologias, ou criar um mundo completamente diferente.
Além desses três, outros temas passeiam pela ficção científica como viagens
no tempo, alienígenas, fantasia espacial (Interstelar ou Star Wars), steampunk
(união de um tempo passado em que possuía tecnologias mais avançadas como
Desventuras em Série), entre outros.
✎ Exercício
Escolha um filme de ficção científica ou um livro que você tenha lido para
analisar o que foi citado nesse tópico.
5 Ação e aventura
Livros que possuem muitas cenas de ação, correria e desespero são
realmente difíceis de escrever. Quando assistimos em um filme ou série,
conseguimos imediatamente visualizar aquela cena, não é necessário construí-la.
Já na escrita, você precisa mostrar a cena e construir uma narrativa fluida para que
63
seu leitor consiga imaginar tudo sem obstáculos, ou ele terá que ler a cena várias
vezes para compreender o que está acontecendo.
Uma cena confusa é o que pode acabar com a sua história. Você precisa
narrar muito bem os acontecimentos para que seus leitores possam compreender
quem está atacando, quem está sendo atacado e as consequências de cada
movimento. Para isso:
“Luiza corria, mas Sandra a puxou pelo cabelo. Assim que revidou, ela caiu.”
Para não ficar cansativo, você pode trazer características dos seus
personagens a cena, por exemplo, se há uma luta entre o barbeiro, Júlio, e
o açougueiro, Marcos, em vez de repetir sempre os nomes Júlio e Marcos,
você pode citar a profissão.
Para evitar a repetição do nome “Júlio”, usei a sua profissão como referência.
Como, teoricamente, é algo que os leitores já sabem e estão familiarizados, não há
problema nessa utilização.
64
faca, tesoura ou simplesmente um soco). Busque em sites, fóruns,
documentários, o que quiser.
Lembre-se desses princípios e sua história de ação será inesquecível. Seja explícito
e verossímil para que seus leitores consigam imergir em seu enredo.
✎ Exercício:
Escreva uma cena de luta entre dois ou três personagens respeitando os tópicos já
citados acima. Segue a lista para que você possa relembrar:
2) Atribua aos personagens características que possam ser usadas para que seus
nomes não fiquem repetitivos;
3) Seja verossímil com as consequências dos ataques entre os personagens uns nos
outros;
4) Ao final, leia a cena em voz alta e pausadamente ou peça para alguém ler e
descubra se você deixou alguma confusão.
65
Escrevendo um Conto
1 - Contos
Uma das perguntas que mais recebo sobre esse gênero é: “qual o tamanho
de um conto?”. Pensar na estrutura do gênero é mais fácil, mas como também
gosto de um número para ter como base, vou compartilhar o que encontrei em um
artigo escrito por Fernando Vrech (2017):
Como eu gostei dessa explicação, adotei para mim, mas não precisa seguir esses
números tãaaao ao pé da letra, tudo bem?
Sua história terá apenas um tema para ser trabalhado e discutido, até
porque você não terá espaço para discutir muita coisa. Não precisa de
subtramas, nem muitas reviravoltas.
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histórias curtas, não tem isso de começar o capítulo mais tranquilo e deixar
para animar as coisas depois.
Pense no que você quer causar em seus leitores e como você vai contar isso.
Qual sentimento você quer causar? Deixe isso bem claro no momento da
escrita para você traçar suas estratégias.
Planeje! E nem precisa planejar muito não. Defina algumas cenas de virada
e isso pode ser o suficiente já que a complexidade de um conto é muito
menor que a de um romance.
✎ Exercício:
67
Módulo 7 - Estrutura do Enredo
68
O Enredo
1) Temas
2) Encadeamento
69
Sua história precisa de encadeamento. As situações que acontecem
precisam, necessariamente, estar interligadas e afetar umas às outras, ou não fará
o menor sentido acrescentá-las na sua história. É o mesmo princípio do Tchekhov.
3) Conflito
Somente o uso do “até que” faz você entender que algo novo vai acontecer,
te deixando curioso sobre o que está por vir.
Um exemplo muito bom disso é o filme Homem Aranha - Sem Volta Para
Casa. Após todos descobrirem que o Homem-Aranha é o Peter Parker, tanto Peter
quanto sua namorada e seu melhor amigo não são aprovados na Universidade.
Para tentar resolver o problema, Peter vai até o Doutor Estranho pedir por um
feitiço e então o Doutor Estranho diz: “Você já tentou ligar para a reitora?” De
repente, aquele conflito passa a ser considerado bobo demais, muito fácil de ser
resolvido, o que torna a cena cômica. Com essa questão resolvida, a história
poderia acabar ali, mas ao longo do filme surgem novos problemas.
70
A motivação dos seus personagens também precisa ser convincente. Se o
que causa o conflito, ou seja, o antagonista, não tem um fundamento ou uma
boa razão para impedir os sonhos da sua protagonista, dê adeus ao leitor,
pois ele não torcerá pelo seu personagem.
2 Premissa
Para começar a estruturar a sua história, primeiro é preciso conhecê-la e,
para isso, vamos começar com a premissa. Através dela podemos definir o que
71
acontece na sua história do início ao fim, como um resumo. O objetivo é escrever
um parágrafo de, no máximo, 12 linhas como uma forma de conhecer o seu enredo
para, em seguida, estruturá-lo. Essa técnica faz parte do planejamento presente no
Story Planner, o planejador de livros digital que te ajuda a organizar sua história.
Quais são as ações do seu antagonista que interferem nos planos do seu
protagonista?
Para ajudar, usarei como exemplo o livro que viemos analisando durante
todo esse módulo, Entre Caixas, que foi planejado graças ao Felipe Colbert, autor
de “Escreva seu livro agora!” que foi uma das referências usadas para construir o
Story Planner. A premissa abaixo se refere apenas ao primeiro conto, já que o livro
é formado por quatro contos que se complementam. Os números no texto
representam as perguntas acima.
72
Exemplo:
(1) Após a chegada de Theo, seu irmão adotivo, na Fazenda (2) Cameron
(3A) passa a querer conhecer o seu passado (3B) e conseguirá descobrir sobre sua
origem, apesar de (4) Myrna, sua mãe adotiva, (5) não responder suas perguntas,
mentir e proibir que as crianças toquem nesse assunto.
Se você tem vários personagens e subtramas, sugiro que você tente fazer
uma premissa para cada arco. No final, elas vão se unir, mas para organizar as suas
ideias, é um bom começo. Vou usar como exemplo Game Of Thrones, uma série
complexa, em que cada momento um personagem é destaque. Abaixo segue a
premissa feita por mim da história de Daenerys, caso você não queira spoiler, pule
esse exemplo:
(1) Após perder sua família e ser vendida pelo seu próprio irmão para um
povo desconhecido como noiva do líder, (2) Daenerys Targaryen (3A) deseja a
coroa que ela pensa ser sua por direito, (3B) reencontra a sua força e retoma a
todo custo o Trono de Ferro. (4) Para isso, ela precisou atravessar o Mar Estreito
e construir seu exército, (5), apesar de vários líderes políticos não confiarem em
seu potencial por ser uma mulher jovem, até que ela se torna a mãe de dragões.
✎ Exercício:
Construa a premissa da sua história com base nos tópicos acima. Priorize um livro
que você está com bloqueio criativo ou dificuldades há algum tempo. Além disso,
destaque também quais são os temas e conflitos presentes na história.
73
Planejamento
O que faz sua história avançar através dos 3 atos são as cenas de virada.
Elas se tratam de qualquer incidente que une dois momentos da história. Eles
motivam o desenvolvimento do seu livro, mudando a fase que seus personagens
estão. Definir as suas cenas de virada fará com que você organize seu livro e
consiga, posteriormente, definir todas as cenas do seu livro.
Para que as cenas funcionem bem, é bom que você tenha uma ideia de
quantos capítulos você quer escrever - não é necessário precisão - ou pelo menos
o tamanho da história. Assim, no próximo passo, você conseguirá construir melhor.
Você pode fazer uma lista com as cenas de virada, como um resumo das
cenas mais importantes da sua história e assim você saberá o caminho que deve
seguir na escrita. Por exemplo:
ATO 1
Se essa é a cena de virada que faz sua história avançar, significa que você
pode escrever determinadas informações antes disso para que chegue até esse
momento. Como é o casamento dessas pessoas? Eles possuem filhos? Quais
problemas enfrentam no dia-a-dia? O que o levou a desconfiar que está sendo
traído? Como você vai demonstrar isso?
74
Se essa cena está em 10% do livro e sua história terá por volta de 100
páginas, significa que essa cena deve acontecer na página 10 (ou próximo a isso).
Não se apegue muito aos números não, essa porcentagem serve apenas para que
você tenha uma noção sobre a fase que está em sua história.
Depois que ele desconfia, vai começar a agir sobre isso. Onde ele busca por
provas? Por onde ele começa? Quais locais ele vai e com quem conversa? Ele segue
sua esposa?
ATO 2
ATO 3
Cena 6 - 100% do livro: desde que ele foi inocentado, como isso impactou
na vida do personagem e das pessoas ao redor?
Usando as cenas de virada como base, você sabe o que precisa escrever
antes e depois. Basta se fazer perguntas como no exemplo acima. Uma lista com as
cenas que seu livro terá já são o suficiente para você conseguir escrever uma
história emocionante na medida certa e que prende seu leitor durante todo o livro.
Lembre-se da TCCC, as cenas de virada terão consequências e vão gerar novos
conflitos.
2 Escaleta
Esse é o momento final e também o mais importante. Esse tópico é opcional,
mas garanto que se você fizer, te ajuda muito! Você já tem a premissa, as cenas de
75
virada e agora irá preencher os espaços entre as cenas com todos os
acontecimentos do seu livro. Pode parecer trabalhoso, mas isso vai impedir que
você tenha bloqueios criativos ou, simplesmente, abandone a escrita por não
conseguir desenvolver, não saber o que fazer antes ou depois.
Organize as cenas separando-as por capítulos, para isso, você pode usar
cenas de virada como base. Para facilitar, faça uma tabela com as informações
abaixo:
Quando: o dia, a data ou a estação em que aquela cena se passa, como você
preferir. Se houver grande passagem de tempo, pode pôr "uma semana
depois" ou "dez anos depois" também em determinados locais. Se quiser,
pode colocar o turno, manhã, tarde ou noite.
%: essa coluna é como um guia, nela você escreverá apenas a cena de virada.
Assim você sabe as cenas que precisa escrever para chegar até aquela cena
de virada e em que porcentagem do seu livro você está.
Ponto de vista: quem narra essa cena? Se a história for narrada sempre pela
mesma pessoa, não precisa usá-la.
Emoção interna: coluna opcional, mais importante nas cenas que você terá
que trabalhar emoções. Nessa coluna você coloca o que seu personagem
está sentindo: raiva, felicidade, tristeza.
Emoção externa: já nessa coluna você escreve como seu personagem vai
demonstrar o que estava sentindo na coluna anterior. Assim você consegue
aplicar o “mostre, não conte” mais facilmente.
76
3 - Outras formas de planejar
a) Método Snowflake: é bastante famoso e consiste em dez etapas de
planejamento que partem do ponto 0 da sua história, que é a ideia, até a
biografia dos personagens e a construção do enredo.
b) Método J.K.Rowling: vamos falar melhor desse método mais à frente, mas
serve para histórias complexas, com muitas subtramas e personagens, por
isso é indicado para fantasia. O lado bom é que você consegue alinhar todas
as suas subtramas, coisa que outros planejamentos não te permitem, tendo
uma visão no todo.
c) Mapa conceitual: te ajuda a ter uma visão total da história, se você tem
muitos personagens é bom para saber exatamente a ligação entre eles. O
lado ruim é que pode ficar confuso se sua história for complexa e não
permite que você organize profundamente, funcionando mais como uma
ferramenta auxiliar.
✎ Exercício:
Use um dos métodos citados para planejar seu livro. Se for uma história, de ficção
especulativa, escreva apenas a premissa e as cenas de virada.
77
Módulo 8 Escrevendo a história
78
Desenvolvimento I
1 Progressão narrativa
Muitos escritores possuem dificuldade de pensar e até mesmo de planejar o
meio da história. Possuem uma ideia do início, do fim, mas o meio parece vazio,
desconectado das outras partes. Renato Modesto, autor de Curso de Escrita
Criativa, separou algumas orientações que podem te ajudar a não deixar o meio da
sua história fraco e entediante.
Todo capítulo tem início, meio e um final em aberto, que abre possibilidades,
medos ou dúvidas para os seus leitores. Se você escreveu um capítulo
inteiro em que nada de relevante para a sua história acontece, reescreva-o
agora.
Existe uma técnica chamada cliffhanger, que é muito usada no suspense por
ser mais nítido de perceber, mas pode ser utilizada em qualquer gênero.
Essa técnica se baseia em finalizar os capítulos com cenas surpreendentes,
que colocam seu personagem em confronto com um dilema, um problema,
gerando curiosidade e fazendo seu leitor passar para o próximo capítulo
imediatamente para saber o que acontecerá.
79
2 - Manipulação temporal
Se a sua história não é contada em ordem cronológica, você provavelmente
está usando os flashbacks (ou analepse, ato de contar algo que já se passou) ou
flashforwards (prolepse, ato de contar algo do futuro), que são formas de
manipulação temporal.
Não confunda os leitores (a não ser que seja proposital): se o leitor não sabe
o que é presente, ou o que é passado, em que momento o flashback começa
e termina, você está fazendo errado. Se você achar melhor, pode usar
separadores (algum símbolo) ou reticências, datas, o que for melhor para
ficar nítido que um flashback está começando e/ou terminando.
80
Pense na narração do flashback como aquele momento em que um filme faz
um corte interessante, relacionando a mesma imagem do presente no passado
para introduzir a cena. Porém, use o flashback se for uma cena que você realmente
precisa no seu livro. Não adianta a cena ser linda se ela não acrescenta em nada no
seu livro.
3 - Subtramas
Subtramas são acontecimentos da sua história que influenciam na trama
principal, apesar de não estarem no foco da narração em todo o tempo. Para
construí-las, normalmente o protagonista está vivendo mais de um conflito ou os
personagens secundários também possuem suas próprias questões.
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trama também. Lembra do que falamos sobre encadeamento? Não esqueça que os
acontecimentos influenciam uns nos outros no momento de construir um conflito.
✎ Exercício:
O conflito da história;
Como os personagens reagiram a esse problema;
Os novos conflitos que esses comportamentos geraram.
82
Desenvolvimento II
4 - Verossimilhança
Todo mundo ficcional possui suas próprias regras e elas precisam ser
coerentes durante toda a história. Se sua história se passa “no mundo real”, usando
a própria sociedade como base, os acontecimentos precisam agir de acordo com o
que você apresentou. Se o mundo foi criado inteiramente por você, onde pessoas
podem voar e têm poderes, então precisa de ainda mais atenção.
6 - Deus Ex Machina
Falando em plausibilidade, entramos no assunto Deus Ex Machina. O termo
vem da época em que, no teatro grego, no final da história um deus do Olimpo
surgia usando seus poderes para resolver todos os problemas dos personagens.
Hoje, essa não é mais uma opção para resolver o conflito do seu enredo. Como dito
nos tópicos anteriores, é necessário que a sua história tenha encadeamento e que
você use pistas. Caso contrário, o leitor ficará confuso e se sentirá enganado.
7 Terminado um livro
Chegamos ao final do seu livro. Qual o final perfeito? Entenda por final o
terceiro ato do seu livro, depois do momento de alta tensão é hora de resolver os
conflitos. Lembre-se, escrever é tomar decisões. Como seu livro vai acabar? De
acordo com Modesto (2020) existem 3 possibilidades:
83
O final feliz acontece quando os personagens conseguem alcançar seus
objetivos ou aprendem lições (como nas histórias de autoconhecimento)
que foram muito importantes. Normalmente, é um final que agrada o leitor
por ser confortável e deixá-lo feliz também, já que ele passou todo o enredo
torcendo pelo protagonista. O final feliz também pode ser um final aberto
quando deixa claro que, por mais que as circunstâncias sejam aquelas no
momento, elas podem mudar. O autor pode fazer isso através de pistas ou
de um epílogo.
✎ Exercício:
1) Crie finais alternativos para um dos minicontos que você escreveu nos
exercícios passados. Se o final do seu conto foi feliz, escreva um final trágico e um
final aberto ou vice-versa.
84
Módulo 9 – O Texto
85
Problemas no texto I
1 - Clichês
Existem algumas técnicas que devem ser evitadas, ou utilizadas pelo autor
de forma proposital e estratégica e uma delas é o clichê. Quanto mais presente no
texto, menos impactante ele será, justamente porque o clichê é o oposto da
criatividade, segundo Spalding.
Percebe que não necessariamente o uso do clichê é ruim? Muitas vezes ele
traz conforto ao leitor e pode facilitar a compreensão. Se, por exemplo, você tem a
intenção de deixar nítido ao leitor que um casal está prestes a terminar um
namoro, você pode usar a frase “Nós precisamos conversar”, dentro de um
contexto específico, como eu fiz alguns exemplos acima.
Vale salientar que o que é clichê ou não depende do seu público, já que para
uma cena de um livro ser determinada clichê, as pessoas que a consomem
precisam ter lido outros livros que possuem aquela mesma cena. Isso também
significa que a melhor forma para você fugir do clichê é lendo diversos conteúdos,
assim você descobre novas formas de narrar, descrever e se desprender do que já
conhece.
86
Acredito que o pior de todos os clichês é aquele que está no início da
história, pois já causa uma péssima primeira impressão. Ainda que não seja
o caso, gera o sentimento de que o autor não conseguiu pensar em nada para
o início além do óbvio: o alarme toca, a personagem acorda, sente o sol da
manhã em seu rosto através da janela e faz sua higiene matinal. Ou então
quando a narração começa falando do clima, se está ensolarado, chuvoso,
etc.
2 - Falta de coesão
A coesão é a conexão de um texto e ela é feita através de advérbios, locuções
adverbiais, preposições, conjunções, etc. Ela é importante para que haja sentido
em um texto, caso contrário ele parecerá fragmentado e, automaticamente, perde
o sentido. A coesão interna se refere às frases do texto, já a coesão externa é a
conexão entre as ideias dele. Isso acontece até mesmo com a repetição de palavras,
pronomes e sinônimos, banir o uso deles faria o texto perder o sentido. Por
exemplo, releia esse texto usando a palavra “texto” apenas uma vez.
3 - Incoerência
A incoerência pode ser frasal ou textual. A frasal é como a ambiguidade,
que acontece quando uma frase possui mais de um sentido. Isso ocorre muito
quando há mais de um personagem na cena e a escritora usa pronomes como “ela”
ou “sua”, por exemplo, deixando em aberto de qual das personagens está falando.
87
4 - Queísmo e repetição de palavras
A repetição de palavras acontece, principalmente, na primeira versão do
livro. Quando escrevemos livremente, é comum repetirmos os termos, mas não
podemos deixar que permaneça assim após a releitura. Busque por sinônimos que
se encaixem no contexto ou reescreva a frase usando um outro termo. Algumas
repetições são entendidas com a intenção de dar ênfase no texto, mas nem sempre
causam o efeito que a escritora gostaria. E não se trata da repetição apenas da
palavra em si, mas também do seu radical (como papel e papelaria) na mesma
frase. Isso também pode ser chamado de eco, quando a frase rima de forma não
intencional.
5 - Beletrismo
“Escrever bem não é escrever bonito” e essa frase vale para diversas
interpretações. Usar palavras difíceis no seu texto pode soar muito mais antiquado
e, por vezes, soberbo do que bonito, principalmente se não condiz com a linguagem
dos personagens e/ou público-alvo. Um texto mais claro e direto pode causar um
efeito muito melhor simplesmente por ser entendível e por não fazer o leitor parar
a leitura para reler a palavra várias vezes ou consultar o dicionário.
Essa análise vale também para o que chamamos de escrita poética. Se você
gosta de escrever com certa poesia atrelada à narração, ótimo, mas cuidado para
não exagerar com descrições longas, metáforas sem sentido ou exageradas. Muitas
vezes pode soar engraçado em vez de bonito, tirando seu leitor do foco da cena.
Sempre que possível, tente tornar seu texto natural.
88
Problemas no texto II
A maneira mais fácil de acertar no seu narrador é pensar nele como uma
pessoa. Eu, por exemplo, quando quero contar minha história em primeira pessoa,
com um narrador personagem, mas no passado, penso sempre que meu
personagem está idoso, narrando aqueles eventos para alguém. Assim, como eu sei
que se trata dele mais velho falando de uma época que passou, ele vai narrar
sempre no passado, usando o pretérito.
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3 - Leitura densa
Para encerrar esse tópico, é importante salientar que a correção de todos os
assuntos abordados anteriormente é que vai gerar a fluidez da leitura. Para seu
livro possuir uma leitura fluída, certifique-se de ter:
Uma narração que fala uma linguagem entendível pelo leitor, que não traga
descrições longas demais, nem repita inúmeras vezes pontos da história que
já foram abordados;
Cenas envolventes, que mostram (e não contam) ao leitor o que acontece no
livro;
Capítulos mais curtos, que passam para o leitor a sensação de que ele está
avançando na história;
Frases e diálogos não tão longos para que não se tornem confusos;
Descrições não tão detalhadas para que seu leitor não se apegue a
informações desimportantes, o causando tédio.
✎ Exercício:
90
Módulo 10 – Criação de Mundo
91
Antes de criar
1 - Criação de mundo
Criar um mundo é uma das partes mais divertidas de escrever uma ficção
especulativa. Esse gênero, como o nome já diz, se trata da especulação sobre outros
mundos, seja distopia, fantasia, ficção científica, etc.
b) Nomes estranhos: sei que ficção especulativa, muitas vezes, pede por um
nome diferente, mas se o seu leitor não consegue pronunciar o nome do seu
personagem, ele será desconectado da história toda vez que passar por ele.
Antes de bater a cabeça no teclado, pronuncie o nome em voz alta e veja se
é tranquilo de falar. Já vi autoras que nem mesmo sabiam como pronunciar
os nomes criados e, bom, isso não faz o menor sentido.
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Por exemplo, primeiro você pensa numa briga de irmãos, então desenvolve
para uma briga pelo governo de um país que está em ruínas porque o (insira
aqui um elemento químico) usado para fazer magia está acabando e aí sim
o seu mundo vai se formando, compreende? Como criar um mundo em que
você não sabe o que será necessário?
3 - Planejando
Planejar uma ficção especulativa é diferente de planejar outros gêneros.
Normalmente, histórias assim têm mais personagens, subtramas e, como dito
anteriormente, elas precisam se interligar. Para isso, vamos falar sobre o método
usado pela J. K. Rowling, autora de Harry Potter, para planejar os seus livros.
Em tempo, você pode colocar o turno, dia, mês, ano ou o que preferir para
se localizar no tempo daquelas cenas. Em título, o nome do capítulo (se quiser).
Você pode substituir “trama” e “subtramas” pelos nomes dos personagens
principais também. Se fosse Game Of Thrones, por exemplo, pelo menos na
primeira temporada a ordem dos nomes poderia ser Ned Stark, Robert Baratheon,
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Daenerys, Cersei, etc. Como vou mostrar no planejamento da J. K., nem todas as
lacunas estarão preenchidas em todos os capítulos, porque nem todas as
subtramas se desenvolvem a todo momento.
O que está em vermelho foi excluído. Já o que está em amarelo foi movido
para outro local, perceba que também há setinhas apontando para os verdes, que
são comentários explicando as mudanças que a própria autora fez.
Assim você consegue ter uma visão inteira da sua história, facilitando o seu
processo de escrita da ficção especulativa.
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Informações básicas
1 - Dados geográficos
Defina as características do local onde se passa sua história, seja um país,
uma cidade ou uma pequena vila. É importante pensar nesses detalhes porque vai
influenciar nos tópicos seguintes: vestimenta, alimentação e até mesmo a cor da
pele. As pessoas que vivem em local de sol forte, provavelmente, serão um pouco
mais bronzeadas do que as que vivem em local frio.
Clima;
Relevo;
Fauna;
Flora;
Tamanho da população;
Como e em que condições as pessoas nascem, crescem, vivem e morrem.
Não esqueça de criar apenas as informações que serão úteis para a sua
história, tudo bem? No geral, muita coisa você descobrirá ao longo do seu enredo.
Por exemplo, ao escrever uma determinada cena, talvez você precise pensar em
uma nova característica geográfica, ou até mesmo alterar algo que já está definido
e tudo bem.
2 Dados históricos
Seu mundo fantástico surgiu de alguma forma, com certeza. Essa é uma
daquelas informações que talvez você não use no seu livro de fato, mas serve para
criar coerência ao longo da escrita, além de organizar seus pensamentos. Agora
pode parecer que não, mas ao longo do processo você se perguntará várias vezes
sobre a origem do seu mundo. Além disso, pensar no surgimento dele influencia
diretamente nos outros aspectos como fauna, flora, cultura, etc.
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Sobre os dados históricos do seu mundo, é importante pensar sobre:
O que comem;
Tipo, cor, tamanho das roupas que vestem;
Como se divertem (comemorações e eventos);
No que acreditam, quais são os valores daquela sociedade;
Regras sociais e morais, desejos, etc.
b) Política
c) Religião
d) Leis:
e) Economia:
Saiba que não tem problemas em usar referências do mundo real. Criar um
mundo do zero dá muito trabalho, então está tudo bem se você apenas interpretar
as regras do mundo real de uma maneira diferente.
3 Personagens e o mundo
Para não cometer aquele erro de escrever uma enciclopédia para
apresentar seu mundo, o ideal é usar seus personagens para fazê-lo. A medida em
que seu personagem agir, falar e pensar, introduza informações do seu mundo.
Talvez determinados elementos precisem de mais detalhamento, mas saiba filtrar
o que precisa ser explicado agora e o que pode ser explicado depois.
Os seus personagens são o que movem a história, então, por mais incrível
que o seu mundo seja, invista na interação com eles em vez de encher o leitor de
descrições longas e cansativas.
Outro problema que pode surgir quando se tem muitos personagens é que
alguns deles podem acabar sendo esquecidos, principalmente os menos
importantes que não aparecem em todos os capítulos. Para isso, você pode usar a
técnica de usar “Funny Hats” ou “Chapéus engraçados” em português. O Neil
Gaiman explica em sua MasterClass que essa técnica ajuda a diferenciar
personagens. Não se trata de um chapéu literal, mas pode ser. Se o personagem
usa uma roupa diferente dos outros, como um chapéu amarelo, ou possui uma
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cicatriz, um sotaque, etc., isso vai diferenciá-lo. Se aplica principalmente aos
secundários, mas não exagere muito. Por exemplo, você pode não lembrar o nome
do personagem, mas sabe que existe aquele em Game Of Thrones que não possuía
os testículos, a mulher de cabelo vermelho ou a garotinha que nasceu com uma
doença que marcou o seu rosto. Ah, cuidado para não reforçar estereótipos!
✎ Exercício:
Releia, pelo menos, 5 capítulos de sua história e identifique os problemas acima (se
houver). Corrija os trechos com outra cor e, em seguida, compare os textos antes e
depois da modificação.
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Módulo 11 – Publicando um livro
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Etapas pré-publicação
1 Antes de Publicar
O processo de publicação pode ser exaustivo. Depois que o seu livro
termina, é hora de passar por várias etapas que vão te custar tempo e dinheiro. Se
você fizer tudo direitinho, com o passar dos meses, um pouco de estudo sobre
marketing e sorte, consegue recuperar o investimento que fez ou até mais.
a) Releitura
b) Leitores Betas
Após a releitura e a correção das informações que você encontrou, você terá
a sua v2. É essa versão que você pode enviar para os leitores betas. Esse processo
é opcional, mas eu recomendo porque vale muito a pena. A leitura beta é feita de
graça por pessoas que se encaixam no público-alvo do seu livro. Elas vão ler a sua
história e te dizer se gostaram ou não, vão comentar se encontraram algum erro
aqui e ali e mais algumas coisas que você pode pedir.
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Quando envio meus livros para leitores betas, pessoas que encontro no
Twitter ou até mesmo no Instagram, envio algumas perguntinhas sobre
inseguranças que tive ao longo da história. Por exemplo:
Ao receber a sua história dos seus leitores beta, vem uma nova correção.
Nesse momento, não precisa fazer uma releitura completa do documento, pois
você terá que fazer isso na próxima etapa. Quanto mais você lê o seu livro, mais
inseguranças você pode criar, então tente fazer isso apenas quando necessário.
Analise as respostas dos leitores betas, corrija o que eles pontuaram e siga com a
sua v3 para o meu processo favorito: leitura crítica e sensível.
Procure por leitoras críticas confiáveis, que possuem bagagem ou que, pelo
menos, possuam alguma especialização nessa área. Nos últimos tempos muita
gente tem surgido oferecendo esse serviço sem ter nenhum conhecimento técnico
sobre escrita, o que é muito problemático porque pode prejudicar demais a autora.
Procure por pessoas que estão dentro das comunidades e/ou que possuem
determinado estudo sobre o tema para que possam te ajudar. Como estudante de
psicologia e mulher negra que se aprofundou em estudos étnico-raciais durante a
universidade, ofereço serviço de leitura sensível para temas como traumas e
transtornos psicológicos, racismo e desenvolvimento de personagens negros, mas
jamais faria a leitura sensível para temas como gordofobia ou para a comunidade
LGBTQIA+, pois não me sinto capaz de analisar esses temas. Claro que se eu estiver
lendo uma história e notar comentários nitidamente problemáticos, vou corrigir
por questões éticas, não por oferecer o serviço.
d) Revisão
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procurar por pessoas que estão começando agora na área para fazer sua revisão,
elas podem cobrar mais barato pois estão fazendo portfólio ainda e é uma ajuda
mútua. Elas ganham experiência e você gasta menos.
e) Diagramação
f) Artes do livro
Capas, marcadores, brindes, o que você quiser. Basta procurar nas redes
sociais que você encontrará vários estilos diferentes. O valor varia muito,
principalmente porque quem está começando agora para fazer portfólio, assim
como na revisão, sempre cobra mais barato e também pode te ajudar a economizar
um pouco.
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Hora de Publicar
1 Publicação de e-books
Seu livro está totalmente pronto, e agora? O que você precisa fazer? Se você
vai publicar de forma independente, significa que terá que fazer tudo sozinha,
inclusive a divulgação, que falaremos mais no módulo seguinte.
a) Wattpad
O lado ruim é que como você não fez muitos investimentos, seu livro
pode não ter a qualidade esperada e você pode acabar recebendo
comentários negativos por furos de enredo, erros ortográficos, etc. Porém,
se ainda assim sua história fizer sucesso, você pode investir
financeiramente para aprimorá-la e colocar na Amazon depois (é o que
muita gente faz).
b) Amazon
Se for sua primeira vez fazendo todos esses processos, pode ser que você
passe por alguns perrengues e tenha bastante dúvidas, mas não se preocupe. No
geral, a plataforma da Amazon é bem intuitiva, e pedirá informações básicas do
seu livro. Ainda que esteja longe da publicação, abra a Amazon Kindle Direct
Publishing e mexa no site só para conhecê-lo. Não se preocupe, você não publicará
nada sem querer, dá para deixar tudo salvo como rascunho.
Seu desempenho nas vendas vai depender da maneira que você vai vender
e divulgar deu livro, então não posso afirmar nada. Só é importante que você
entenda que é uma vendedora! Pesquise por estratégias de venda, marketing
digital, copywriting, design e tudo mais. Sim, você terá trabalho, mas a escrita não
é um trabalho, afinal?
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Ter retorno financeiro com a escrita custa esforço e dedicação, como
qualquer outro trabalho de venda. Seu livro pode ser incrível, mas ele não se
venderá sozinho.
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Esse valor vai variar de editora para editora, mas ele sempre será pequeno. Então,
analise as suas possibilidades e, de qualquer forma, junte um dinheiro antes de
publicar porque tem grandes chances de você gastar e de o retorno demorar a
chegar.
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Módulo 12 Perfil de autora
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Criando o Perfil
Segundo, pense numa identidade visual legal, algo que transpareça quem
você é. Recomendo pesquisar sobre a psicologia das cores para você saber quais
informações as cores que você escolheu passam para o seu público, ainda que
inconscientemente. Se você já tem um perfil, no momento do seu lançamento
mude as cores dos seus posts para as que conversam com a capa da sua
história, assim seus seguidores saberão que seu perfil está passando por uma
nova fase e, quando quiserem informações sobre sua história, saberão onde
encontrar.
A pergunta que mais recebo sobre o assunto é: o que postar no meu perfil?
Tudo, absolutamente tudo. Tanto sua vida pessoal, o que você acha que convém,
claro, quanto seu trabalho com a escrita. Você pode publicar:
Seja criativa!
2 - Design
Uma das coisas que mais incomodam o público do Instagram são designs
ilegíveis ou pouco atrativos. Se você não sabe fazer posts, você pode tentar
aprender ou usar modelos prontos como os do Canva. Caso contrário, evite fazer
algo muito elaborado. Se seu conteúdo for bom, um post simples é o suficiente para
chamar atenção do público, mas se seu conteúdo for bom e o post estiver péssimo,
ninguém vai parar para ler.
Dê uma olhada no meu feed e observe design dos meus posts mais antigos:
absolutamente simples e minimalistas. E sempre que posso, faço assim. É prático,
rápido, bonito, legível e eu tento compensar a falta de elaboração com um
conteúdo que agregue aos meus seguidores de alguma forma. Garanto que é
melhor ficar no básico e mandar bem, do que postar algo muito elaborado que não
está tão bom, afastando seus seguidores.
3 - Trends
Fique de olho nos assuntos mais comentados e se adiante nas trends. Isso
vale tanto para Reels quanto para posts. É muito bom para você conectar assuntos
em alta com a divulgação do seu livro. Porém, cuidado, cada rede social tem seu
momento. Às vezes o assunto mais comentado ou o áudio que está bombando no
Reels não é o mesmo do Tik Tok, por exemplo, então você precisa acompanhar as
movimentações nas redes sociais que usar. E não, você não precisa usar todas. Eu
não uso Tik Tok, por exemplo, e se eu quiser fazer uma divulgação de um livro por
lá, posso contratar publis. Eu poderia usar os meus vídeos do Reels lá? Sim, mas
isso significa que, caso eu construísse um público por lá, precisaria dar atenção,
responder comentários e inbox e o Instagram já demanda muito tempo. Então não
se culpe se você não estiver em todas as redes, existem formas de alcançar públicos
diferentes com anúncios, por exemplo. E é possível fazer isso com apenas R$10,00
por exemplo. Pesquise sobre tráfego pago.
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Conteúdos de Lançamento
4 - Tipos de conteúdo
Como o Instagram é a plataforma mais usada para divulgações, vou explicar
para vocês como funciona os formatos de conteúdo que você pode gerar:
Posts carrossel: as pessoas passam mais tempo lendo o seu post e, se tiver
uma quantidade legal de salvamentos e comentários, existe a possibilidade do post
ir para a aba "explorar", atraindo ainda mais pessoas. Os posts que não são em
formato de carrossel também podem ir para a aba explorar se tiverem boas
métricas, mas é mais fácil conseguir isso com o carrossel. Aqui é legal investir em
posts tipo tópicos, que falam algo interessante em cada imagem.
Reels: diferente dos posts e dos stories, a chance do reels alcançar pessoas
que não te seguem é muito grande. Se você souber chamar a atenção do público,
eles vão clicar no seu perfil e vão te seguir. Poste reels com a maior frequência que
puder, fique de olho nas trends e adapte-as para divulgar seu livro. A minha dica é
que você separe 1 dia da semana para gravar vários vídeos de uma vez, assim você
terá menos trabalho. Tente gravar vídeos para, pelo menos, 1 ou 2 semanas. Ainda
que o reels não tenha muitas visualizações, não apague, as visualizações podem
aumentar depois de um tempo e sou a prova viva disso. Existem vídeos que postei
na primeira semana de perfil que chegaram a 10.000 visualizações meses depois.
Story: conheça seu público e crie uma comunidade, conte sobre sua rotina,
pergunte se eles gostam daquele gênero que você está escrevendo, fale sobre seu
livro, etc. Esse é o momento de criar identificação com seus leitores. O que você vê
nos perfis que acompanha no Instagram diariamente? Por que os assiste? Lembre-
se disso.
5 - Lançamento do livro
Durante o tempo que você conversa com seu público no story, seu feed
precisa estar ativo. Enquanto seu livro não é lançado, você pode falar tanto do seu
processo de escrita, quanto das suas leituras, resenhas e até mesmo posts que
introduzem os temas que seu livro vai abordar, o gênero, etc. O mais importante é
evitar postar dicas de escrita. Se você ganhar seguidores postando dicas de
escrita, significa que eles têm interesse em ver mais dicas de escrita. Se ao entrar
no seu perfil a pessoa não ver mais desse conteúdo, ela vai deixar de te seguir.
Ainda que escritores também leiam, se trata do que você prometeu e não cumpriu.
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Quando você entrar na fase de divulgação do livro, faça posts mais
específicos falando dele, personagens, sinopse, data de lançamento, cenários. No
início, é bom intercalar os posts de divulgação com posts comuns e, quando for se
aproximando da data de lançamento, você pode focar mais no seu livro para o
público não cansar. Comece a postar sobre, pelo menos, 30 dias antes do
lançamento.
6 - Depois da publicação
Não é porque seu livro foi lançado que você vai deixar de falar sobre ele.
Você pode mostrar ao seu público os resultados, avaliações, quantidade de leitura,
os comentários da leitura coletiva, existem muitas possibilidades. Sim, é
interessante fazer uma leitura coletiva, principalmente se seu livro estiver
disponível no Kindle Unlimited. Não esqueça de fazer brindes para os
participantes da leitura, ainda que digitais, para agradecê-los por participar.
Pronto, seu livro agora está no mundo. Lembre-se que não é todo mundo
que vai gostar dele e, provavelmente, você receberá algumas críticas negativas.
Porém, foque no positivo e busque sempre melhorar. Quem faz a sua carreira é
você. Não se compare com outras escritoras e fuja da autocrítica, isso vai te tornar
livre e quem é livre voa.
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Caderno de Exercícios
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Caderno de Exercícios
Alguns exercícios foram feitos por mim e outros foram retirados do livro 10
Exercícios de Escrita Criativa, por Mário Falcão.
É obrigatório incluir nome, idade, região do Brasil que você mora, música, filmes e
livros favoritos e algo que você ache interessante sobre você. Pode incluir outros
personagens (familiares, amigos) e cenários que você passa mais tempo (escola,
faculdade, casa, trabalho).
Coronavírus
Vírus
Distanciamento social
Pandemia
Mundo
Saudade
Estava andando na rua, prestando atenção nos meus pés, como sempre e, de repente,
parei. Senti o perfume dela. Olhei em volta, procurando-a e percebi que ao meu lado estava
aquela perfumaria. Lembro de andarmos de mãos dadas por aquela mesma rua há duas
semanas, até nos depararmos com aquela vitrine. O frasquinho em formato de coração
chamou a sua atenção e, como criança, ela colocou o dedo do vidro. Rapidamente, me puxou
para dentro da loja, pegou o frasquinho e borrifou um pouco em seus pulsos e no pescoço,
sorridente. Me aproximei, sentindo aquele perfume que ficava ainda melhor misturado com
o cheiro da sua pele. Senti alguém se esbarrar em mim, me fazendo perceber que, apesar do
perfume ainda ser o mesmo, ela não estava mais ali.
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4) Escreva um prólogo de suspense.
Lembre-se das técnicas em “mostre, não conte” para tentar passar emoções para
seus leitores.
Abaixo há uma lista de emoções, escolha a emoção que deseja e faça com que sua
personagem demonstre o que sente através de ações, falas ou pensamentos, mas
em momento nenhum do texto diga o nome da emoção que ele está
sentindo. Aplique o “mostre, não conte”.
Lista de emoções:
Ansiedade
Desejo
Inveja
Tristeza
Alegria
Raiva
Dúvida
Nojo
Desprezo
Medo
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7) Escreva um pequeno texto a partir da frase “Era madrugada quando ouvi gritos
vindo debaixo da minha cama”.
8) Faça uma lista de, pelo menos, 5 temas que você acha interessante, escolha 2 e
escreva um miniconto a partir deles.
9) Escolha um gênero que você não tem costume de escrever, mas gostaria, e faça
o brainstorming. Pense nos personagens, enredo, apenas um esboço de um
planejamento.
10) Use os cinco sentidos e descreva uma cena em que uma personagem está
cozinhando.
Bigode
Gelatina
Tambor
Lágrimas
Urso polar
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14) Escolha um livro ou filme que você gosta muito e escreva um final alternativo.
15) Você virou morador de rua, e agora? Escreva uma lauda sobre o seu primeiro
dia nessa situação.
17) Sua personagem vai até o sebo, compra um livro e percebe que ele deveria ser
entregue para alguém. Escreva um conto da busca dessa moça pelo dono do livro.
20) Dois amigos de infância, que não se viam há muitos anos, se reecontram. No
meio da conversa, um deles diz: “Eu vi nos jornais o que aconteceu com a sua
esposa”. Continue a conversa.
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Lista de Gêneros: (sugiro que pesquise um pouco antes de escolher)
1. Terror
2. Sick-lit
3. Fantasia/Realismo mágica
4. Farsa
5. Tragédia
6. Elegia
7. Fábula
8. Chick-lit
9. Distopia
10. Lad-lit
Lista de clichês:
1. Triângulo amoroso
4. Secretária x CEO
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23) Escreva um texto com base na imagem abaixo.
24) Use sua imaginação e crie um mundo. Defina, leis, regras, religião, economia e
tudo mais o que você conseguir.
25) Crie um diálogo entre dois aposentados sentados num banco de praça.
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30) Conte o sonho mais estranho que você já teve.
31) Dois adolescentes se perdem na floresta. Mostre as estratégias dele para tentar
sobreviver.
34) Seu personagem morre e descobre que há vida após a morte. Conte sobre a
experiência dele.
35) Você é presidente do Brasil e descobre que seu filho participa de um grupo
revolucionário contra o governo. Descreva a discussão entre vocês.
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Referências
Colbert, Felipe. Escreva seu livro agora: cenas e diálogos. Publicação
Independente. 1° Edição. 2017.
Gerth, Sandra. Show, don’t tell: How to write vivid descriptions, handle backstory,
and describe your characters’ emotions. Ylva Publishing. 1° Edição. 2016.
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