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m Supremo Xdlunal federal


e>>i 1980.
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TERRAS PARTIE

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Do mesmo autor

Os S u e e e s s o s de Al>i*il p erante a Justiça Federal. — Arrazoado


forense. — Imp r. Nacional, 1893. — 1 vol.
Do D o m í n i o da U n i ã o e d o s E s t a d o s segundo a Consti-
tuição Federal. — Monographia premiada com uma Medalha
de Ouro pelo Instituto dos Advogados Brasileiros. — Imp r.
Nacional, 1897. — 1 vol.
D i r e i t o F e d e r a l . — Prelecções de D. Juan M. Estrada. —
Traducção e commentarios. — Editores, Alves d- Comp ..
1897. — 1 vol.
C o n s t i t u i ç õ e s Fedei»aes. — Confronto dos textos. — Editores.
Alves d Comp ., 1897. — 1 vol.

-»-08©-«l—

P a m p a n o s . — Versos de 1884—1885. — Leuzinger & Filhos,


1886. — 1 vol.
P o e m a s e I d y l l i o s . — Versos de 1886. — Moreira & Maccimino,
1887. — 1 vol.
A r i s t o . — N ovella. — Typ. da Tribuna Liberal, 1889. — 1 vol.
Festas X a c i on a e s . — Educação civica. — 2.a edição, 7.o
milheiro. — Editores, Alves & Comp ., 1893. — 1 vol.
S o n h o s F n n e s t o s . — Drama de assumpto colonial, em verso. —■
Editores, Laemmert & Comp ., 1895. — 1 vol.
B o d a s d e S an g u e . — N ovella. — Publicada na Bevista
Brasileira, 1895. é
DIREITO PROCESSUAL

©iüisão z ©emanação
PE

Terras particulares
Suum cuique tribuere.

PEQUENO TRATADO
CONTENDO

a consolidação das disposições relativas á matéria, um formulário das acções


correspondentes, o Regulamento que baixou com o
Peer. n. 720 de 5 de Setembro de 1890 e a legislação estadoal respectiva

1'ELO ADVOGADO

RODRIGO OCTAVIO
Membro premiado do Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros e Professor da
Faculdade Livre de Sciencias Sociaes e Jurídicas do Rio de Janeiro.

2-a E D I Ç Ã O
Melhorada e accommodada ao foro de todos os Estados da União .

RIO DE JANEIRO
LAEMIYIERT & C. — Rua do Ouvidor, 66
Casas filiaes em S. PAULO e RECIFE

l 898
A mEU PAI
cuja memória é para mim estimulo fle trabalho e de estuio.

• « «-
No intuito de tornar cada vez mais util e pra-
tico este pequeno livro, o seu autor pede a todas as
pessoas dos Estados que se interessarem pelos as-
sumptos que nelle se estudam, o obséquio de lhe com-
municarem não só quaesquer observações a respeito
delle, como também informações sobre jurisprudência
que se estabeleça, ou alterações que sejam feitas nas
respectivas legislações.
Rua da Quitanda 47.
Rio de Janeiro
O favor publico com que foi recebido este pequeno livro fazia
esperar que esta segunda edição não se demorasse, tendo-se em
poucos mezes esgotado a primeira tiragem feita em 1893.
O desejo porém que teve o autor de melhorar consideravel-
mente o livro, não só ampliando e corrigindo o texto, como adúp-
tando-o ao foro de TODOS os ESTADOS DA UNIÃO, pois nelle se trata
de um Regulamento de materia processual, em que diversificam
as leis estaduaes, fez com que esta publicação fosse um pouco
espaçada.
A dificuldade de obter informações seguras sobre as Legisla-
ções dos Estados e trabalhos de outra natureza em que o autor
teve empenhada sua actividade ainda concorreram para mais
accentuar o facto indicado.
Hoje finalmente pôde o livro vir a lume e temos certeza quo
lhe foi dada a feição mais pratica e conveniente de modo a ser
util a todos os que no território nacional tenham interesse em
questões de divisão e demarcação de terras particulares.
Rio de Janeiro, Novembro de 189/•
DUAS PALAVRAS
( DA ia EDIÇÃO )

Tomando a hornbros a resolução de escrever o publicar este


livro não tive outro intuito senão, expondo commethodo o texto do
Regulamento que estabeleceu o processo das acções de divisão e
demarcação de torras particulares e compondo um formulário destas
acções, ser util um pouco, ao foro em geral, auxiliando magistra-
dos, advogados e escrivães na conrprehensão e applicação do novas
fôrmas processuaes.
Sobre a materia existe o Tratado Jurídico e Pratico das me-
dições e demarcações de terras tanto particulares como publicas (*)
magistral compêndio de tudo o que ha em direito e pratica relativo
ao assumpto, devido á intelligencia lúcida e illustrada do Sr. Dr.
Antonio Joaquim do Macedo Soares, honra da Magistratura brasi-
leira .
O Sr. Macedo Soares fez do seu livro obra de erudição e de
mestre, onde se aprecia ao lado da pureza e superioridade dos con-
ceitos próprios a vasta seara das opiniões alheias de cuja semente
se formou a grande somma de saber que lhe esclarece e aprimora
o espirito fecundo.
O livro, entretanto, hojo que se consolidou a materia de di-
íeito sobre as acções de divisão e demarcação e se estabeleceu a
fôrma do respectivo processo, não satisfaz sobre o ponto do vista
pratico ; porquanto, outras que não as que ensina, são as regras
de direito e processo que regem a materia, e de grande vanta-
gem pareceu-me o compendial-as, agora que se inicia entre nós,
a adaptação do registro e mobilisação da propriedade immovel,
segundo o systema Torrens, para o que é indispensável que o prédio
seja, previamente e legalmente medido e demarcado de accôrdo
com o Regulamento n. 720 de 1890.

(*) Typographia Polytechnica, Rio de Janeiro, — 1882, 23 edição.


XII
De très partes, que se completam, compõe-so este pequeno livro:
consolidação das disposições relativas ao assumpto, formulário dos
termos e autos espeeiaes ás acções de divisão e demarcação e
legislação, onde se encontra, na integra o Regulamento approvado
peio Decr. n. 720 de 5 de Setembro de 1890 para a divisão e de-
marcação das terras do domínio privado.
Em notas, procurei collocar. sempre nos lugares opportunos,
conhecimentos necessários e noções de direito geral convenientes
a todos e indispensáveis aos principiantes.
O que pude íazer é o que constitue esta obrinha : primeiros
passos de neophito pela vasta e árida sciencia do direito proces-
sual .
Parahyba do Sul, 1 de Novembro de 1890.
RODRIGO OCT AVIO.
INTRODUCÇAO
( LEGISLAÇÃO ESTADUAL )

O objeeto deste livro é do materia processual que, por dispo-


sições da Constituição passou a ser da competência exclusiva dos
Estados. Dessa fôrma, desde que o processo das acções de divisão e
demarcação de terras particulares, devia ser estabelecido por cada
um dos Estados para vigorar em seu respectivo território, este
livro perderia completamente sua utilidade pratica se se limitasse
a estudar, pura e simplesmente, o Regulamento approvado pelo
Doer. Federal n. 720 do 1890.
De facto, esse Regulamento, por sua propria autoridade, passou
a ter applicação, apenas para as questões da competência do Juizo
federa], aquellas em que a União fosse A. ou R., e para as que
se debatessem no Distrioto Federal. Fora destes casos, um ter-
ritorial o outro juiisdiecional, era mister que a autoridade dos
Estados determinasse a fôrma reguladora dessas acções, e para que
o livro satisfizesse cabalmente o fim a que se propôz era neces-
sário que estudasse também esses regulamentos estaduaes.
Muito difnóil seria a tarefa se cada Estado houvesse adoptado
um systema processual radicalmente diverso. Assim não acontece
entretanto ; e, como se verá, mesmo na maior parte dos Estados o
Regulamento federal, promulgado pelo Governo Provisório, foi ad-
mittido em sua integridade.
Os Estados de MINAS GERAES o o do ESPIRITO SANTO foram os
únicos que se oecuparam expressa o detalhadamente do assumpto.
Xo primeiro, o Poder Executivo, autorisado pelos arts. 38 e 39 da
Lei n. 72 de 30 do Julho de 1892 (*), promulgou com o Deer. n. 662

(*) Estes artigos são do theor seguinte:


Art. 38. As acções de divisão e demarcação serão processadas na
conformidade das disposições do Decr. n. 7:>0 de 5 de Setembro de
1890, exceplo os arts. 6, to, 50 o 52, com as modificações estabelecidas
nesta Lei.
XIV
de 24 de Novembro do mesmo anno o Regulamento para as acções
de dirimo e demarcação de terras particulares; e no ESPIRITO SANTO
a materia é desenvolvida no Cap. XI, intitulado: Da medição, di-
visão e demarcação de terras, do Deer. n. 15 de 3 de Agosto de 1892,
que deu regulamento ao processo civil, criminal e orphanologico.
O texto regulamentar om ambos os Estados, que na integra se
acha publicado na parte final deste livro, é calcado sobre o Regu-
lamento approvado pelo Decreto Federal n. 720, tendo-se em MINAS
apenas feito as modificações determinadas na citada Lei n. 72, e
no ESPIRITO SANTO sendo a parte indicada da Lei do processo um
verdadeiro resumo do Regulamento da União.
Não nos parece que tenham sido completamente felizes as
duas adaptações.
Xo Regulamento mineiro, uma das modificações impostas pela
Lei n. 72, a de haver uma só diligencia na parte executoria das
acções de divisão e de demarcação, alterava profundamente o
systema de regulamento federal o não poderia ser adoptada sem
ser regulamentada em todos os detalhes do processo modificado
por força da innovação. Assim não aconteceu, tendo o legislador
apenas supprimido as referencias expressas á segunda diligencia
mas conservado todo o processo que não é praticavel sem a pre-
sença do juizo nos diversos actos, nascendo d'ahi varias duvidas
que tem sido affectas á consideração dos tribunaes mineiros (*).
No ESPIRITO SANTO, tendo, como se disse, sido feito um re-
sumo do Regulamento n. 720, adaptado ás normas geraes do pro-
cesso civil do Estado, é em muitos pontos o Regulamento obscuro e
incomprehensivel sem o auxilio do Decreto Federal, cujas dispo-
sições, como direito subsidiário, terão de ser freqüentemente appli-
cadas ahi nos pontos omissos ou obscuros da lei estadual.
Ambos estes Regulamentos foram estudados no livro a pro-
porção que o processo federal ia sendo estudado, limitando-nos a
simples indicação do artigo da Lei mineira ou espirito santense,
quando havia concordância com a disposição federal, ou declarando

$ 1.° As partes escolherão agrimensores ou arbitradores d'entre os


proíissionaes ou práticos de sua confiança.
§ 2.° Os arbitradores terão o salário marcado no regimento de ciblas
quando não houver contrato.
§3." No processo de divisão ou demarcação não haverá mais de
uma diligencia do juizo.
Art. 39. A disposição do artigo antecedente não veda as parles o
acoôrdo, tácito ou expresso, quanto ao modo da divisão ou formação
dos quinhões, quando não lhes convenha ou não seja possível a exe-
cução do que a este respeito se dispõe no citado Decreto n. 720.
(*) Vide § 113 e notas respectivas.
XV
expressamonte no fim de cada paragraphe» o? pontos de divergência
# existentes entre os diversos textos.
Quanto aos demais Estados, exceptuados Rio DE JANEIRO e
PARÁ, de que adiante nos oecuparemos, tem inteira applicação o
texto deste livro porque nelle vigora em sua integra o Regula-
mento ri. 7-20.
No MATTO GROSSO essa adopção foi expressamente determinada
pela Lei n. 75 de 10 de Julho de 1894, que no art. 14 dispoz :
« Nos processos de divisão e demarcação de terras particula-
res seguir-se-ha o Decr. n. 720 de 5 de Setembro de 1890.»
Nos demais Estados, nada tendo estatuido as respectivas le-
gislações especialmente sobre o processo de taes acções, por dis-
posição geral se mandou que vigorassem as leis processuaes da
União emquanto os poderes competentes do Estado não providen-
ciassem a respeito.
E' assim que no AMAZONAS a Lei n. 32 de 4 de Novembro de
1892, que organisou o poder judiciário no Estado dispõe no art. 157 :
« Continuam om vigor, nos casos omissos, as leis do processo
civil, commercial e criminal não revogadas, que não forem con-
trarias ao systema de governo e ao principios consagrados na
Constituição Federal e na do Estado.»
No MARANHÃO, a Constituído de 25 do Julho do 1892 estatuo
nas Disposições Transitórias, art. 7 :
« Emquanto não revogada pelos poderes competentes subsis-
tem em vigor todas as leis e regulamentos preexistentes a esta
Constituição, que não contrariarem os principios nella estabelecidos.
Também vigorarão no que implicita ou explicitamente não se op-
puzerem á Constituição, até que o Congresso estabeleça leis espe-
ciaes, as disposições federaes relativas á legislação processual ad-
ministrativa e fiscal. »
E o art. 115 da Lei n. 19 de 15 de Outubro de 1892, que
organiza a administração da justiça penal e civil estabeleceu :
« Os processos de natureza civil serão regulados do seguinte
modo quer se trate de bens de raiz quer não :
I o . Para as acções de valor até 100$ o processo será o esta-
belecido no art. 63 e §§ do Decreto n. 4.824 de 22 de Novembro
de 1871;
2°. Para as acções de valor até 500$ o processo será o dos
arts. 237 a 244 do Reg. n. 737 de 25 de Novembro de 1850 ;
3 o . Para as acções de valor superior a 5003 será observado
o processo ordinário do citado Reg. de 1850, que em tudo o mais
terá inteira applicação no eivei de modo que não contrarie as
disposições desta Lei e da Constituição do Estado. >


XVI
Posteriormente a Lei n. 48 de 15 de Maio de 1893 dispoz o
seguinte no art. 1°. :
«O art. 115 da Lei n. 19 de 15 de Outubro de 1892 não
aboliu os processos summarios espeeiaes o executivos em uso no
íôro e autorisados pela legislação anterior.»
No PIAUHY dispõe o art. 8o das Disposições Transitórias da lei
n. 0 de 9 de Outubro de 1891 que «continuam em vigor as leis
judiciarias anteriores nas partes não revogadas por essa lei».
No CEARÁ, a Constituição de l(i de Junho de 1891, estatue nas
Disposições Transitórias, art. 6°:
« Todas as leis, decretos e regulamentos do antigo império e
província e todos os actos legislativos e decretos do novo regimen
expedidos pela União o pelo Estado, depois da proclamação da
Republica continuam em vigor, emquanto não forem expressa-
mente dorogados ou se sua revogação não resultar desta Consti-
tuição . »
No Rio GRANDE DO NORTE, a Constituição do 7 de Abril de 1892,
no art. 21: «Continuará cm vigor, emquanto não revogadas as leis do
antigo regimen em que implícita ou explicitamente não forem con-
trarias ao systema de governo estabelecido pela Constituição Fe-
deral ou por esta Constituição e mais as leis da Republica. »
Na PARAHVBA DO NORTE, a Constituição de 20 de Julho de 1892,
dispõz no art. 65 :
« Continuam em vigor as disposições do direito privado, a le-
gislação processual, administrativa o fiscal no que não fôr contrario
a esta Constituição ; e na Lei u. 8 do 15 de Dezembro do mesmo
anno, que organisa o poder judiciário do do Estado, determina nas
Disposições Transitórias, art. 3°:
« Emquanto não forem promulgadas as leis processuaes per-
manecem as que vigoram actualraento. »
Em PERNAMBUCO, a Constituição de 17 de Junho de 1891, no
art. 119 :
« As actuaes disposições legaes reguladoras das relações do
direito privado, a legislação processual, administrativa, financeira
e policial, no que explicita ou implicitamente não fôr contrario
a esta Constituição, continuarão em vigor até que sejam alteradas
pelo poder legislativo do Estado. »
Em ALAGOAS a Lei n. 7 de 12 de Maio de 1892, que organisou
a Justiça do Estado, dispõe no art. 114 e o respectivo Regula-
mento n. 77 de 7 de Junho do mesmo anno, no art. 179 :
« Continuam em vigor as leis, decretos e regulamentos do pro-
cesso crimina], civil o commercial na parte que não se oppnzer
á Constituição do Estado e não fôr alterada pela presente Lei.»


XVII
Em SERGIPE, a Constituição promulgada a 18 de Maio de 1892,
no paragrapho unico do art. 8 5 :
« A justiça do Estado continuará a ser administrada con-
forme as leis processuaes vigentes até que sejam parcial ou inte-
gralmente substituídas polo poder competente. »
Na BAHIA, a Lei n. 15 de 15 de Julho de 1892 que estabeleceu
a organisação judiciaria e o processo, dispõe no art. 259'-
« Ficam em vigor as leis e regulamentos que não estiverem
revogados pela presente Lei. »
S. PAULO, a Constituição de 1892 nas Disposições Transitórias,
art. 9, estatue :
« Continuam em vigor as leis do antigo regimen no que im-
plícita ou explicitamente não forem contrarias ás Leis do Estado. »
No PARANÁ, a Lei n. 15 do 31 de Maio do 1892, que regula
a organisação judiciaria e o processo dispõe no art. 107 :
« Emquanto não forem definitivamente organisadas as leis que
regulam o processo civil e criminal do Estado, conforme a fa-
culdade outorgada pela Constituição da União, continuam em pleno
vigor as leis actuaes em tudo quanto tiverem de compatível com
a organisação judiciaria da parte primeira desta Lei, observadas
as modificações que se seguem. »
Em SANTA CATHARINA, o Deer, n 101 do lo do Agosto de
1891, quo regula a organisação judiciaria do Estado, dispõe no
art. 142:
« Continua em vigor a legislação processual actual com as
modificações estabelecidas nesta Lei.»
No Rio GRANDE DO SUL, a Lei n. 10 de 16 de Dezembro de 1895
que decreta e promulga a organisação judiciaria do Estado dispõe
no art. 212:
« Continuam cm vigor as leis e disposições judiciarias no que
implícita ou explicitamente não fôr contrario á Constituição do Es-
tado. »
Em GOYAZ o art. 05 da Lei n. 22 de 29 de Julho de 1892,
que estabeleceu a organisação judiciaria dispõe :
« Continuam em vigor as leis e disposições judiciarias vigentes
do tempo em que foi promulgada a Constituição do Estado, no que
explicita ou implicitamente não lhe forem contrarias ou a esta Lei. »
Nos Estados do Rio DE JANEIRO e do PARÁ vigorara sobre de-,
marcações c divisões de terras particulares as normas processuaes
anteriores ao Regulamento n. 720 de 1890. que correspondem ás
velhas acções finium regundorum ecommuni dividuudo, cujo processo
estava estabelecido, com fundamento em varias Ordenações e nos
velhos praxistas.
II. D. T .


XVIII
Xo Rio DE JANEIRO, a materia foi reunida nos arts. 1,029 e
seguintes da Consolidação das Leis do Processo Civil do Estado.
mandada fazer pe'.o Governo, tendo porém em nota o compilador
manifestado os seus votos para que fosse adoptado pelos legisla-
dores fluminenses o Regulamento Federal.
Damos na Parte Terceira deste livro o texto da Consolidação
referente ao assumpto.
No PARÁ, depois de haver o § 2 do art. 278 da Lein. 455
de 11 do Junho de 1896, que reorganisou a Administração da Jus-
tiça, disposto que « emquanto não houvesse lei do Estado o pro-
cesso das divisões e demarcações seria regulado pelo Doer. n. 720
de 5 de Setembro de 1890,» foi a execução dessa disposição, por
determinação do Governador, de 16 de Outubro do mesmo anno,
suspensa até que o poder legislativo resolvesse duvidas que -
levantaram para sua completa execução. (*)
Provocou essa determinação a eircumstancia de constituir a
transcripta disposição um simples paragrapho do art. 278 da Lei
citada que «aboliu a jurisdicção administrativa contenciosa, sendo
da exclusiva competência do poder judiciário conhecer das con-
testações que tenham por objecto direitos civis e políticos salvo,
neste ultimo caso, as excepções fundadas em Lei. »
Subordinando a disposição que estabelecia o processo das
acções de terras á outra que supprimia, por completo, da adminis-
tração a jurisdicção contenciosa, entendeu-se no PARÁ que o pro-
cesso do Regulamento n. 720 de 1890 deveria ter também appli-
cação ás terras publicas até então medidas, divididas e demarcadas

(*) Eis o theor do A\iso :


Palácio do Governo do Estado do Pará. —Belém, 16 de Outubro de
1896. — 3" secção.—N. 2536,—Sr. Director da Repartirá a de Obras
Publicas, Ternis e Colonftação.
Atlendendo ás razões por vós expostas em officio de 2] de Agosto
findo, pelas quaes se verifica a série de embaraços que irá crear a
prompta e immediata applicação do art. 278 da Lei n. 155 de 1] de Junho
do corrente anno, e conformando-nie com o parecer do Dr. Procurador
Geraldo Estado: considerando que não bastaria uma simples regula-
mentação de competência do Poder Executivo para superar todas ;is
difficuldades allegadas e remover todos os embaraços que a pratica
dessa nova disposição faria surgir: que laes embaraços, ao contrario,
só podem ser removidos por aclo do Poder Legislativo, aliás annun-
ciado e previsto no paragrapho do citado artigo de Lei, resolvo deter-
minar que não pôde ter pleno vigor, nessa parte, a referida Lei, sem
aclo do Poder Legislativo que a esclareça e complete, para melhor ga-
rantia dos direitos e certeza da justiça.
Saúde e fraternidade.—- Lauro Sodré.
(Relatório da Secretaria do Governo do Estado do Pará apresen-
tado em Janeiro de 1897, pag. 47).

• «
XIX
por empregados administrativos dependentes da Repartição geral
das Obras Publicas, Terras e. Colonisação, e mediante um processo
muito mais summario e menos dispendioso.
E desse modo, sendo preciso modificar todas as normas até
então apparelhadas para a intervenção administrativa nas questões
de terras publicas, a medida que se afigurou mais conveniente
para evitar confusão e tumulto nos respectivos serviços, foi o adia-
mento da execução do artigo e seus paragraphos até que as du-
vidas que haviam sido levantadas fossem devidamente considera-
das pelo poder legislativo.
Parece-nos entretanto que uma solução intei media poderia ser.
tomada do modo que não privasse os possuidores de terras parti-
t alares das vantagens do Regulamento n. 720 para a divisão ou de-
marcação délias.
Em primeiro lugar cumpre observar que o Regulamento Fe-
deral foi decretado tão somente para terras particulares e que
jamais se cogitou de amplial-o ás demarcações do terras publicas,
dénaturera muito diversa das que se operam em terrasparticulares.
Além disso considere-se também que as mais das vezes as me-
dições e demarcações de terras publicas são actos do jurisdicção
puramente graciosa., que ficariam fora da ampla competência do
poder judiciário, traçada no art. 278 da Lei paraense n. 455, porque
se é certo que nella se trata da creação ou accentuação de um di-
reito, raramente nella haverá contestacjão sobre direitos.
Sobre esse duplo aspecto considerada a questão parece-nos
que o caso podia perfeitamente ser interpretado como não tendo
a citada disposição subtrahido do poder administrativo do Estado
a competência normal sobre as questões de terras publicas, em que
não houvesse contestação, e por outro lado que a disposição do
§ J" só se entendesse com as terras particulares, pois somente ás
terras particulares se refere o Deer. n. 720 que esse paragrapho
mandou observar.
Tendo porém, sido suspensa a execução do artigo o seus
paragraphos, as acçõesde divisão e demarcarão de terras particulares
se regulam no PARÁ pelo processo estabelecido pela velha praxe.
E por esse modo temos indicado o direito vigente em todos
os Estados da União para as acções especiaes de que se occupa
este livro, que assim, tendo-sc sempre em attenção a competência
jurisdictional definida pelas respectivas organisações judiciarias e
os principios geraes do processo peculiar a cada Estado, pôde ser
proveitoso a todo aquelle que, por qualquer motivo, tenha necessi-
dade de conhecer o processo das acções de divisão e demarcação
de terras particulares em qualquer parte do território nacional.

/
PRIMEIRA PARTE

Consolidação

/ .4
DIVISÃO 1 DEMARdAÇAO
DE

TERRAS PARTICULARES

CAPITULO I
Da natureza das aeções de divisão e demarcação

§ 1.°
O dominio ou um direito real que alguém exerça
sobre um prédio é o fundamento da faculdade que lhe
assiste de dividir ou demarcar o mesmo prédio. (1)

(1) Sobre a materia do paragrapho veja-se a nota 2 do n. 2


do L . I o do Tractaão das Medições e Demarcações do Sr. Macedo
Soares. Nessa nota o erudito A. sustenta a opinião do que o fun-
damento do direito que exerce quem intenta uma destas aeções é
a propriedade; contra a theoria dos jurisconsultes romanos que
baseavam esse fundamento no jus gentium, e dos jurisconsultes
francezes que as fundamentam nas obrigações inhérentes ao direito
de visinhança, fazendo-as nascer de um quasi contractu; doutrina
com que concorda Teixeira de Freitas, Add. a Cons, das Leis Civis,
nota 1 ao art. 1141.
l D. T.

»
§ 2.°
Esse direito se exerce por meio das acções de divisão •
e demarcação. (2)
São estas acções as velhas acções romanas
communi dividundo e finium regundorum, cor-
respondendo a finium regundorum á demarcação
e communi dividundo á de divisão.
§ 3.°
Para que se possa intentar uma destas acções faz-se
mister que o autor seja proprietário ou tenha um direito
real (3) sobre o immovel dividendo ou demarcando.

(2) Essas acções se agitam no Juizo divisório que Menezes


define um dos meios judieiaos para pedirmos o que é nosso, sepa-
rando o dividindo o meu do teu, para se dar a cada um o que ó.
seu, sem lesão de terceiro. Prat dos Inventários § 1.
A acção finium regundorum oceorre quando se pretende esta-
belecer por meio de rumos e marcos a linha divisória do um prédio
dado com os seus confinantes, ou porque nunca se houvesse tirado
essa linha, ou porque tenham desapparecido os vestígios delia.
A communi dividundo servo para a divisão de um immovel pro
indiviso em quinhões relativos ao direito de cada condômino e
respectiva adjudicação. Quando o direito do condômino a esse im-
movel, ou a qualquer bem, provem de titulo universal ou de suc-
cessão, a acção competente é então a familiœ erciscundœ, acção de
partilhas, que é da mesma natureza que as outras duas.
(3) Jusinre, como se exprime o Regulamento, é o direito de
propriedade, sendo os direitos reaes propriamente jus in re aliena.
Estes, a quo modernamente se dá a denominação de onus reaes,
são, conforme nossa legislação, os seguintes :
1.° O penhor agricola ;
2.° A servidão ;
3.0 O uso ;
4.° A habitação ;
5.° A antichrese ;
6.° O usófructo ;
7.° O foro (emphyteuse);
8.° O legado de prestações ou alimentos expressamente con-
signados no immovel.
( Art. 238 do Regulamento Hypothecario de 2 de Maio de 1890)

• •
— 3 —

Dizem os a r t s . 58 e 68 do Regulamento : —
o autor instruirá a petição inicial com os titulos
do seu jus in re. (4)

As acções (5) de divisão e demarcação pertencem á


classe das acções pessoaes (6) e tem como distinctive a

Evidentemente o titular de qualquer desses direitos em prédio


alheio tem acção para demarcal-o ou dividil-o, ou seja, para tornar
certa a extensão sobre que podo exercer o desmembramento do do-
mínio que constitue o seu jus in re aliena.
Borges Carneiro, vol. 4, § 87, n. 8, é expresso quanto ao usn-
fruetuario e ao credor hypothecario. Da mesma forma o Digesto,
fr. 4 § 9, L. 10, T. 2 defin.regund.
( 4 ) Veja-se a nota anterior.
( 5 ) Acção é o remédio de direito para pedir ao Juiz que obrigue
outrera a dar ou fazer aquillo de que tem uma obrigação perfeita.
—(Corroa Telles. Doutrina das Acções, § 1.°).
A' cada obrigação perfeita corresponde um direito correlativo
— jus el obligatio sunt correlata — ; e os direitos sendo reaes e
pessoaes as acções dividem-so em duas classes geraes, correspon-
dendo a essas duas classes de direitos: — acções reaes e pessoaes.
Aceita Corrêa Telles a classe das acções mixtas, que compre-
liende a finium regundorum, a communi dividundo e a families
erciscundœ e T. de Freitas o acompanha —Add. 2 -— á obra citada:
— Não que haja um direito mixto em que se baseie essa classe
de acções, mas nellas vêm esses autores como um direito pessoal
e outro real que se identificam de modo que não podendo um se-
parar-se do outro, assim inseparáveis constituem o objecto de uma
acção só e lhe dão um caracter duplice e complexo. Vide Introd.
á Cons. das Leis Civis, Cap. : — Importância Pratica.
(6) E' esta a opinião do Sr. Macedo Soares que, no n. 10 — d —
do Liv. 1. do seu Tractado cit., bellamente a sustenta em as notas 5
e 6 a esse n. 10, cuja leitura será conveniente a quem quizer
estudar a questão.
C. Telles na Doutr. das Acç. § 6 e seu illustre commentador
T. de Freitas, apresentam, como ditoficouem a nota anterior, para
estas acções a classe das mixtas, por verem que participam de
ambas as classes geraes, sendo produzidas pelo jus in re e pela
obrigação correlata, simultaneamente reunidos na mesma pessoa;

»
— 4 —

duplicidade (7) ; isto é : nellas é indiferente que qualquer


das partes tome a posição de autor ou de réo.
Esta classificação é feita de accôrdo com o
processo estabelecido pelo Regulamento que nos

mas, no desenvolvimento do livro as estudam no Tit. V. que com-


prehende as acções pessoaes ( § 109 ), fazendo-as nascer de um quasi-
contracto, pelo qual os interessados se obrigam mutuamente a fazer
cessar a confusão pela divisão, ou a liquidar os seus limites topo-
graphicos pela demarcação ( notas 550 e 551 ). O Sr. M. Soares,
achando errônea a classificação de acções mixtas, colloca estas
acções entre as pessoaes, seguindo a respeito a opinião de Mayns,
e escreve o seguinte : « . . . demonstra este jurista de um modo
irresistível que as acções divisórias são por sua natureza exclusi-
vamente pessoaes : Io, quanto á causa e á origem, fundam-se nas
relações obrigatórias existentes entre os communistas ; 2o, quanto
á direcção, propõe-se contra pessoa sempre certa e de ante-mão
determinada pelo laço obrigatório da communhâo ; 3o, quanto ao fim,
tendem não á manutenção do direito das partes, porém, ao con-
trario, á cessação das relações do direitos existentes. Debaixo deste
ponto dè vista, a circumstancia que tem feito considerar mixtas as
acções divisórias prova precisamente que em nada participam da
reivindicação, objecto das acções reaes, porquanto prosuppõe estas
acções um direito de propriedade anteriormente existente e não
direito de propriedade que se vai adquirir.»
O Regulamento, na pratica, dá ganho de causa á opinião do
Sr. M. Soares, porquanto estabeleceu no art. 13 não ser necessário
no processo a intervenção da mulher, quer do réo, quer do autor ;
quando é essencial nas acções reaes o comparecimento ou citação
das mulheres do autor e do réo, pena de nullidade insanável; e
é visto que, se o Regulamento reconhecesse nestas acções,
uma acção mixta, que comparticipa das reaes, não teria estatuido
o principio apontado contra a geral determinação do processo
ordinário.
(7) Também vem o Regulamento apoiar a opinião do A. citado
quando este as chama acções ( não mixtas), duplices, que define :
« aquellas em que é indifférente que uma parte tomo a posição de
autor ou de réo » ; — diz o art. 17 do Regulamento que « qualquer
das partes interessadas, na ausência do autor, poderá continuar o
feito, promovendo-o», que é, na hypothèse, o papel do autor: —
promover o feito.


— 5 —

arts. 13 e 17 consagrou princípios que demons-


tram claramente que foi intuito do legislador dar
a estas acções o caracter de pessoaes e duplices
(Vide notas 6 e 7).

§ 5.°

O processo das acções de divisão e demarcação de


terras no dominio privado foi determinado pelo Regula-
mento que baixou com o Decreto n. 720 de 5 de Setembro
de 1890. (8)

(8) Sobre a medição e demarcação das terras do dominio do


Estado existe a Lei n. 601 de 18 de Setembro de 1850 que dispõe
sobre as terras devolutas e acerca das que são possuidas por titulos
de sesmarias sem preenchimento das condições legaes, bem como
por simples titulos de posse mansa e pacifica. Nella se cogita do
processo de medição e demarcação de terras possuidas por occu-
pação e que eram passíveis de legalisação, processo que era feito
pelo JUÍZO Commissario.
Com o Decreto n. 1318 de 30 de Janeiro de 1854 baixou o Regu-
lamento respectivo áquella Lei e nesse Regulamento o Capitulo IV
se inscreve: das medições e demarcações das terras que se acham no
dominio particular por qualquer titulo legitimo.
Também em nossa legislação temos o Regulamento de 8 de Maio
de 1854, promulgado de accôrdo com aquella referida Lei e Regula-
mento ; tendo a 19 de Dezembro de 1855 baixado uma portaria com
todas as necessárias instrucções praticas para a applicação dos
actos do Regulamento de 8 de Maio. —Todas essas leis o mais todos
os Avisos que o Poder Executivo expediu sobre o assumpto acham-se
reunidos em um volume de J. M. P. de Vasconcellos — o Livro
das Terras.
Hoje, por força da disposição do art. 64 da Constituição, per-
tencem aos Estados as terras puUicas, de sorte que a elles cabe
legislar sobre a materia. A União só reservou para si a porção de
território indispensável para a defesa das fronteiras e fortificações,
construcções militares e estradas de ferro federaes (art. 64) e,
no planalto central da Republica, uma zona de 14.400 kilometros
quadrados para nella estabelecer-se a futura Capital Federal,
(art. 3).
LEGISL. ESTADUAL.—Minas.— As disposições doKe-
gulaniento não vedam ás partes o accôrdo tácito ou
expresso quanto ao modo da divisão ou formação dos
quinhões, quando não lhes convenha ou não seja possível
a execução do processo aqui seguido.
Esse accôrdo entretanto, só se poderá effectuai' nas
divisões ou demarcações amigáveis e entre as pessoas que
possam transigir emjuizo (art. 80 e paragraphs único).
Antes do regimen deste Decreto o processo
era regulado por velhas praxes assentadas em dis-
posições da antiga legislação. Depois da Con-
stituição Federal que attribuiu aos Estados com-
petência para legislar sobre materia processual,
o assumpto ficou sob a alçada da União somente
para as acções que se tivessem de debater no Dis-
tricto Federal e para aquellas em que a União
fosse parte e que deveriam ser pleiteadas perante
o seu juizo privativo.
O regimen do Decreto n. 720 porém, conti-
nuou vigente em quasi todo o território nacional,
porque, como se viu na Introãucção, elle tem sido
adoptado por quasi todos os Estados.

CAPITULO II
Da competência (9)
§ 6."
O foro competente para o processo de divisão e
demarcação de terras no domínio privado é sempre o da
(9) Competência é o direito que cabe a um Juiz do tomar co-
nhecimento de uma questão forense. Moraes Carvalho — Praxe
Forense § 22. Podo determinar a competência : — o domicilio — o
contractu — o quasi-contracto — delicto — a situação da cousa —
a connexão do negocio — a prevenção — e o privilegio.
situação do immovel (10) que se pretende dividir ou
• demarcar (11). (Art. 19 do Reg.; Minas, art. 1 8 ; Esp.
Santo, a r t . 140).
Quando se tem de intentar uma acção o
primeiro cuidado do autor (12) deve ser o co-
nhecimento do juizo competente para o processo ;
porque são nullos todos os actos processados em
juizo incompetente (13) e nenhuma nullidade (14)
é maior que a que provém da falta de poder —

(10) O foro da situação da cousa demandada é especial para as


acções reaes que se dirigem contra aquelle quo começou a possuir
dentro de anno e dia.
As Ords. do L. 3° T. 11 §§ 5.° e T. 45 § 10 determinam
que as acções reaes contra quem possue a cousa podem ser inten-
tadas á vontade do Autor, no foro do domicilio do Rco ou no
foro rei sitœ.
Presume-se que no foro do seu domicilio seja aoRéo mais fácil
a defesa ; mas, nas acções como as que nos occupam e que são
pessoaes como so disse, sendo o immovel demandado o theatro
imprescindível da demanda, foi pelo Regulamento a competência
restricta ao foro rei sitœ.
Já assim ensinavam M. Carvalho — nota 16 ao § 42 e P. Bap.
nota 1 ao § 57.
(11) Regulamento n. 143 de 15 de Março de 1842, art. 2<>§ 1°—
Decreto n. 1318 de 30 de Janeiro de 1854, art. 60.
(12) Autor se diz a pessoa que pede em Juizo que se lhe dê
ou faça alguma cousa ou que se lhe julgue algnm direito — Beo
se diz a pessoa contra quem se dirige, e se propõe a questão em
Juizo — Pereira e Souza, Primeiras Linhas §§ 40 e 47. Nestas acções
propriamente não ha Autor e Réo, sim interessados, pois nellas não
se demanda, senão em casos extraordinários. (Vide M. Soares,
n. 66, Livro I o ).
(13) Ord. L. 3o T. 65 pr. e Ord. L 1, T. 5 § 8 ; Cod. do Proc.
Civil Francez, art. 169 e seguintes.
(14) Nullidade é o vicio resultante da infracção da Lei, ou por-
que não se observe a fôrma por ella prescripta ou porque se viole
o seu preceito. P. Bueno — Apont. de Proc. Civil, §1.°

9
nulla major nullitas invenire potest, guam ilia
quce résultat ex defectu potestatis. (15)
Foro competente é aquelle em que tem juris-
dicção Juiz competente.
Para as acções de demarcação ou de divisão
de terras particulares, é pois competente o foro
da situação do immovel — rei sitce.

§ 7.°

Pôde acontecer, porém, que esse immovel esteja


situado em mais de uma circumscripção judicial ; nesta
hypothèse pertencerá a competência ao foro da cir-
cumscripção em que estiver maior numero de estabele-
cimentos ou arranchações dos coproprietarios, (Art. 20
— a — ; Minas, art. 19 ; Esp. Santo, art. 141 —I.
Se o immovel dividendo ou demarcando es-
tiver todo dentro de um só termo ou comarca, não
haverá duvida sobre o foro da demanda. (Decor-
rendo porém que assente o immovel sobre a linha
divisória de duas ou mais circumscripções judiciaes,
teríamos duas ou mais competências originadas no
foro rei sitœ.
Por isso se estabeleceu que determinasse a
competência do foro a parte do immovel que

(15) Tudo quanto obra o Juiz incompetente é nullo: salvo se


as partes convém em ratificar seus actos (M. Carvalho Praxe For.
§ 23) e a competência não era do ordem publica. Entende porém
Pereira e Souza — Prim. Linhas, nota 290, fundado em Valasco,
Cabedo e Mendes, que só se annullam os actos decisorios e não os
probatórios, no que não concorda M. Carvalho, porque o Juiz in-
competente e cuja jurisdicção é improrogavel (16) não tem mais
jurisdicção a respeito do objecto em que é incompetente do que um
particular. Ramalho — Postulas âe Pratica — nota 1 a Lição 41,
pag. 52, 2 a edição.
(16) Vide nota 17 ao § 9.


tivesse existência mais real ou propria consti-
• tuida pelo maior numero de casas e estabeleci-
mentos.
Para que se determine esta preferencia é
mister que as arranchações ou estabelecimentos,
de que falia o paragrapho, sejam de algum dos
coproprietai'ios do immovel dividendo ou demar-
cando. Pôde acontecer que terceiros possuam bem-
feitorias no immovel e essas não devem influir
sobre a competência do foro, porquanto para essa
determinação só valem propriedades dos interes-
sados directamente como partes na causa.

§ 8.°

Sendo o immovel totalmente inculto poderá ser o pro-


cesso feito em qualquer das circumscripções á escolha do
autor. (Art. 20— b —; Minas, art. 19; Esp. Santo,
art. 141, II).
Como conseqüência do paragrapho anterior,
em que se estatue que a parte de mais desen-
volvimento determina a competência do foro, é
lógica a doutrina deste paragrapho.
Em homogeneidade de condições, como a que
. nasce da incultura completa, absoluta do immovel,
o foro deve ser o que mais con venha ao A. que
o escolherá; porquanto, nenhuma circumscripção
em que assenta o immovel tem motivo que deter-
mine preferencia.

§ 9.°

Occorrendo a circumstancia de estar situado o im-


movel em mais de uma circumscripção judicial, o juiz
— 10 —

c o m p e t e n t e fica com a j u r i s d i c ç ã o p r o r o g a d a ( 1 7 ) para, nas


diligencias e v i s t o r i a s d a divisão ou demarcação, deli-
b e r a r , assistir e p r a t i c a r todos os actos d e a u d i ê n c i a ,

(17) Prorogação de jurisdicção é a extensão da jurisdicção ordi-


nária—Ramalho —Praxe § 14 pr. Proroga-se a competência do
juiz ou pela determinação da lei — prorogação necessária ou pela
vontade ou consentimento das partos, prorogação voluntária — que
pôde ser tácita ou expressa, segundo na^ce do consenso ou da
vontade das partes.
Para que tonha logar a competência por prorogação ó neces-
sário qne a jurisdicção do juiz seja prorogavel; isto 6, que elle a
tenha para conhecer de causas da mesma natureza—-Ord. L. 3 o
T. 40 § 2o— M. Carvalho, § 46.
Assim, é prorogavel a compotencia ratio ne personœ, não
podendo-se prorogar a que nasce das relações ratione materia?.
Quando o juiz é competente ratione personœ não so offende a
ordem jurisdiceional. firmada no direito e interesse publico, com o
tomar elle conhecimento do causas de fora do seu território: ha
apenas invasão do limite judicial, debatendo-so a questão de outro
território, para commodidade das partes ou conveniência do feito.
Quando é o Juiz incompetente ratione personœ, caso que so
dá ou quando a jurisdicção é limitada a certo numero de causas,
ou quando se trata do causas privilegiadas, não ó prorogavel essa
jurisdicção, porque é visto que a lei não quiz que elle conhecesse
senão daquellas causas para as quaes o autorisou ; ou porque,
quando se estabelecem juizos privativos, por isso mesmo se inhibe
que outros julgadores, senão os commissionados, conheçam de
assumptos assim especialisados. P . Bueno, Aponts. arL 2<> §4°.
Assim resume a materia Mello Freire — Anirnaãvertendum est
quod non prorogatus jurisditio de re ad rem, de loco ad locum, vel de
tempore ad tempus, sed tantum de persona in personam — L. 4
T. 7 § 30.
Sempre se presume, porém, que a competência prorogada se
exerça dentro do território onde o Juiz tenha jurisdicção, por-
quanto fora délie é o juiz um simples particular, não sendo ate
agora permittida prorogação de loco ad locum.
Foi essa prorogação de jurisdicção que veio estabelecer o pre-
sente Regulamento nos arts. 21 e 6, determinando que o Juiz
possa competentemente exercer actos judiciaes fora da respectiva
circumscripção judicial, tendo fora delia também autoridade a
alguns respeitos.
— 11 —
medição e cravação de marcos, nos lugares situados fora
dos limites da sua circumscripção (18). (Art. 21 ; Minas,
art. 20; Esp. Santo, art. 142).
LEGISL. ESTAD. — Minas. — Quando o immovel
porém, fôr cortado por linha divisória do Estado com os
seus limitrophes, o juiz procederá tão somente á divisão
ou demarcação na parte situada em território mineiro ;
deprecando ao juiz da comarca limitrophe para vir con-
tinuar e acabar a referida divisão ou demarcação de
accôrdo com a lei processual em vigor no Estado a que
pertencer o mesmo juiz deprecado. (Art. 20 paragraphs
único).
No Espirito Santo, onde igualmente essa restricção
se deve entender, pela falta de competência do Estado
para exercer qualquer acto de jurisdicção além do res-
pectivo território e a prorogação de jurisdicção seria um,
(vide nota 19), no Espirito Santo, a lei estabeleceu ainda
uma restricção : — O juiz que tem a jurisdicção pro-
rogada não poderá intervir nas questões de propriedade,
posse e bemfeitorias, que serão discutidas perante o juiz
respectivo. (Art. 142).
Consigna este paragrapho uma novidade em
materia de direito processual constituído. Mas,
sendo o espirito das modernas reformas do

(18) Macedo Soares, cit., diz, noL. Io n. 81: —a competên-


cia do foro rei sitœ não soffro limitação ainda quando o prédio
demarcando é atravessado pela linha divisória de dous termos.
Então o juiz que começou a medição depreca ao do termo visinho
para continual-a e acabal-a. » Em a nota 3 traz oo A. ao opinião do
venerando Eamalho, que fundado em Pichler, L. 2 T. 2 n. 90, já
pensava que o Juiz devia ter, na hypothèse, a jurisdicção proro-
gada ãelocoad locum, sustentando a doutrina que o Regulamento
adoptou. Contrariamente discute M. Soares enão deixa deter inteira
razão quanto ao principio geral ; mas na espécie é de vantagem
a prorogação, como se vê no commentario ao 'paragrapho.

I
— 12 —

processo a eliminação das formalidades desneces-


sárias, a abreviação das indispensáveis e a creaç^o
de medidas de conveniência, de modo a tornar a
demanda accessivel a todos, com a grande
economia de tempo e de dinheiro que essas re-
ducções e creações acarretam, além dos pretextos
de chicana que as novas fôrmas tendem a extirpar,
era necessário que a jurisdicção do juiz com-
petente para estas causas, fosse prorogada de
loco ad locum, sempre que fosse necessário o
exercício de actos judiciaes em outras circum-
scripções em que estivesse o immovel e onde o
juiz da causa fosse incompetente. (19)

(19) Se o immovel estiver situado sobre o território de mais


de um Estado parece-nos que não poderá ter applicação a disposi-
ção do texto, depois da organisação federal da União. Sendo da
competência dos Estados a regulamentação das leis de processo
e de organisação judiciaria, não poderá ser decretada a proro-
gáção de jurisdicção do juiz de um Estado para exercer quaesquer
actos no território de outro Estado ; porquanto, correspondendo a
jurisdicção que se proroga a um juiz, a uma subtracção que so faz
á jurisdicção de outro juiz, é necessário, para que a prorogação
seja validamonte decretada, que quem a determino tenha igual-
mente autoridade sobre o juiz cuja jurisdicção se subtrahe. Essa
hypotheso que occorria ao tempo em que o Regulamento foi expe-
dido, pois ainda tinha o paiz unidade judiciaria, não oceorre mais
desde que se estabeleceu a organisação federal, porque cada Estado
organisa sua magistratura o respectivas instituições processuaes.
Surgindo o caso que se figura será mister que o juiz da de-
marcação depreque ao juiz competente da comarca visinha do outro
Estado para que se procedam as necessárias diligencias e com
essa fragmentação do trabalho grandes difficuldades poderão appa-
recer, principalmente si se tratar de um divisão.
Para obviar a esses inconvenientes, que poderão ainda ser
muito aggravados, no caso de haver diversidade de processo entre
os dois Estados sobre cujos territórios se achar o immovel, de-
verão os Estados celebrar entre si convenções permittidas pelo art.
05, n.° 1 da Constituição o nas quaes se estipule reciprocamente a
— 13 —

Do contrario, seria uma ficção a deter-


minação do foro competente, nesta hypothèse, e
haveriam tantas acções quantas fossem as cir-
cumscripções em que houvesse parte do immovel.
Em todo o caso, essa competência nascida da
nova causa de prorogação de jurisdicção deve ser
usada pelo legislador com a maxima cautela,
porquanto do abuso dessa competência poderá
nascer a confusão das attribuições, occasionando
conflictos que perturbem a marcha regular do
processo, que se quiz facilitar.
No presente Regulamento ha outro exemplo
da applicação desta mesma theoria. (Art. 6 o ,
vide § 24).

§ 10
Assim se determina a competência dos juizes destas
causas em relação ao território ; em relação á jurisdicção
é sempre competente o proprietário da jurisdicção eivei
ou commum (20), ainda que estas causas se derivem de

prorogação de jurisdicção dos juizes de um Estado sobre o território


do outro, no caso destas questões e de outros similares.
Se o processo se debater perante a justiça federal estas duvi-
das desapparecem, pois, sob este ponto de vista ha unidade judi-
ciaria e um só poder legisla em materia processual e do compe-
tência para todo o território nacional.
Ahi essas duvidas apenas oceorrerão se o immovel demar-
cando ou dividendo estiver sobre o território do Brazil e de outra
Nação visinha, caso em que a demarcação ou divisão se ultimará
por meio de rogatórias.
(20) Todas as vezes que, para o eonhecimento de uma acção
não houver uma causalidade que determine a competência de um
juizo privativo ou privilegiado, a acção processa-se no juizo com-
mum que é o exercido pelo magistrado que tem jurisdicção eivei
de accordo com a organisação judiciaria respectiva.
Assim que, se a União tiver interesse no pleito, o foro compe-
tente será o do juizo federal, que é uma jurisdicção especial
— 14 —

inventários on partilhas processadas em juizo différente


(21). (Art. 22).
L E G I S L . ESTAD.—Minas. — O conhecimento destas
acções pertence á jurisdicção eivei estabelecida : sub-
sistindo entretanto, nas comarcas onde ainda existirem
escrivães de orphãos, a competência destes funecionarios
para as causas de divisão e demarcação oriundas de
partilhas entre herdeiros, havendo menores, interdictos
ou ausentes. (Art. 21).
Para esse fim é preciso que os próprios herdeiros em
totalidade e não os cessionários sejam os interessados no
juizo divisório. (Art. 21 paragraphs único).
Conhecido o foro territorial competente da
demanda, é mister conhecer qual dos juizes que
exercem jurisdicção nesse foro é o competente
para tomar conhecimento da acção ; pois, não basta
que o juiz seja o do território competente, por-
quanto limitando a competência do território ha a

não para uma certa natureza de causas, mas para as causas de


toda a natureza em quo a União for interessada como autora
ou ré.
Da mesma fôrma será competente o juizo da Fazenda Muni-
cipal no Districto Federal se esta fôr a interessada no pleito ; bem
como sendo parte a fazenda de qualquer Estado, será competente o
juizo privativo delle, quando esteja instituído.
(21) O inventario ó o processo onde se faz a descripção, ava-
liação e partilha dos bens deixados á suecessão.
O inventario pôde ser processado ante os juizes de jurisdicção
eivei, orphanologica ou de provedoria.
Podem, do inventario e partilha, nascer acções de divisão ou
demarcação e pela regra geral deveriam essas acções seguir o
foro da dependência por connexão da causa.
Entretanto, para essas acções é sempre competente o foro do
Juizo commum, e assim naturalmente determinou a lei porque
essas questões encerram alta indagação, que não se compadece
com o juizo administrativo do inventario.

«
jurisdicção que restringe essa competência terri-
torial á natureza e valor das causas. (22)
Essa jurisdicção é que o paragrapho deter-
mina : essas acções se processam no juizo com-
muai, não se creando para ellas qualquer juris-
dicção especial.

CAPITULO III

D a petição inicial (23)

§ H
Verificado qual o Juizo competente para tomar
conhecimento da causa, tem principio a acção por meio de
uma petição inicial. (24)
(Segundo se pretende processar uma divisão
ou uma demarcação de terras tem o processo em

(22) Pôde a causa ser commercial, orphanologica, fiscal, etc,


e assim dentro do mesmo território é competente, não qualquer
Juiz, mas o que tiver jurisdicção commercial, orphanalogiea,
fiscal, etc.
Também o valor da causa determina a competência hierar-
chica dos juizes pela alçada.
(23) A petição para citação deve designar:
1° O Juiz a quem é dirigida ;
2« Os nomes do A. e do R. ou designação deste de modo a tor-
nal-o couhecido, declarando-se onde é morador ;
3o A causa porque se faz a citação ; bastando a cansa geral e
remota que nas acções pessoaes é o contracto e nas reaes é o
dominio. \
Ribas—Cons, do Troc. Civil —art. 202, Ord. L. 3, T. 1 §§ 5 e
12 ; Pereira e Souza § 83.
(24) A petição é acompanhada de todos os documentos que
instruem os seus itens : e ha de ser articulada se tiver de ser provada
por testemunhas na dilação probatória.—M. Soares.— Tratado, cit.
n. 103.
— 16 —
cada uma das espécies pequenas diferenças que
iremos salientando simultaneamente, não dividindo
o trabalho em duas partes, a esse respeito, porque
tantos seriam os pontos communs entre ellas, que
essas duas partes tornar-se-hiam quasi reproducção
uma da outra).

NAS DIVISÕES
§ 12
Em uma acção de divisão de terras deverá a petição
inicial conter os seguintes requisitos :
a) a causa e origem da communhão e designação da
propriedade commum por seus característicos,
situação e denominação ;
b) a descripção dos limites de accôrdo com os titulos
que os constituíram ;
c) a nomeação e residência de todos os condôminos
ou parceiros e dos representantes legítimos dos
incapazes ; (25)

(25) São incapazes os menores, os dementes e os pródigos ; e não


podem comparecer em Juizo senão na pessoa dos seus legítimos
representantes, tutores ou curadores. Aos menores do 21 annos que
não estiverem sujeitos ao pátrio poder (a) dar-se-ha um tutor, que
zelará por sua pessoa e bens.
Aos loucos de todo o gênero: os idiotas, os surdos-mudos
de nascença, os furiosos, os mentecaptos, os sandeus, os desmemo-
riados — Ord. L. 4o T. 103, pr. §§ 1, 3 o 4, e T. 81 ; B. Carneiro
L. 1, pag. 30 § 259; Ord. L. 4, T. 81 § 5; Inst. § 4, de curatoribus ;
Pothier. Trait, des Person. P. 1 T. 0, Section 5, art. 1 ; Lafayette,
Direito de fam. § 163,— dá-se um curador.
Também o pródigo, logo que é declarado tal por sentença, tor-
na-se interdicto e dar-lhe-ha o Juiz um curador. (Vide § 31 e nota 44).
A mulher casada não poderá comparecer em Juizo sem o con-
sentimento do marido,salvo os casos especialissimos declarados era lei.
(a) O pátrio poder é exercido pelo pai sobre os seus filhos
menores legitimos ou legitimados por subsequente matrimônio. Vide
— 17 —

d) a indicação dos interessados estabelecidos com


bemfeitorias e cultura proprias ou também com-
muns ;
e) a declaração ou estimativa do valor da causa t
(Art. 53 ; Minas, art. 1, a, b, c ; Esj>. Santo,
art. 162).
Não só do petitorio deve constar a petição
inicial. Sendo essa peça o ingresso da causa em
JUÍZO é preciso que nella se declare positivamente
o objecto da acção, com todos os seus distinctivos
especificadamente ; bem assim a relação de todos
os que tenham interesse na causa, com os requi-
sitos necessários para seu conhecimento e ci-
tação.
Pôde occorrer que entre esses haja inca-
pazes (26) de por si sós comparecerem em Juizo,
pelo que serão também arrolados seus curadores
ou tutores requerendo-se nomeação ad hoc, se não
tiverem esses incapazes effectivos representantes.
O valor da causa determina a alçada do Juizo ;
por isso deve desde logo o A. declarar qual o seu
valor antes de requerel-a ante qualquer Juiz.

§ 13

Esta petição deve ser instruída com os documentos


comprobatorios do jus in re (27) do autor e deverá pedir

Lafayette. Direitos de família. T. 3o, o também pela mai viuva


emquanto se conservar nesse estado; porquanto o art. 94 do
Decreto n. 181 de 24 de Janeiro de 1890, que promulgou a Lei
sobre o casamento civil, dispõe que a mulher viuva succédera ao
marido nos seus direitos sobre a pessoa e os bens dos filhos me-
nores, e a somma dosses direitos constitue o pátrio poder.
(26) Vide nota anterior.
(27) Vide § 3o e notas 3 e 4.
2 D. T.
— 18 —

a citação dos réos, sob pena de revelia (28), para na


primeira audiência depois de feita a citação de todos os.
interessados :
a) virem se louvar com elle em agrimensor e arbitra -
dores que procedam á divisão ;
b) abonarem reciprocamente as despezas da causa. (29)
(Art. 54 ; Minas, art. 1 e § I o ; Espirito Santo,
art. 162).
O que pede o Autor na petição inicial é o
chamamento dos Réos a Juizo para realização dos
actos preparatórios da acção que constam da lou-
vação dos peritos que procedam á divisão.

(28) Não comparecendo o Eéo á audiência que lhe foi assignada


na citação poderá ficar esperado ainda á primeira ; se ainda não
comparecer, prosegue a causa a sua revelia. Ord. L. 3o, T. 15 pr.
Comparecendo, porém, em qualquer tempo durante a permanência
da causa em Juizo, será admittido nella, recebendo-a nos
termos em que ella se achar. Ord. L. 3 o , T. 15 § 1°.
O feito cessa de estar em Juizo quando passa em julgado a
sentença final.
(29) As despezas da causa a que se refere o paragraphe são
as custas do processo que são contadas de accôrdo com os respe-
ctivos Eegimentos.
No Juizo Federal vigora o Regimento de 2 de Setembro de 1874
(art. 356 do Deer. 848 de 1890), já tendo o governo nomeado uma
commissão para elaborar um novo ; no Districto Federal vigora o
Regimento approvado pelo Doer. n. 2162 de 9 de Novembro de 1895.
As custas em geral são pagas pelo vencido, a final, no feito,
mas nas presentes acções propriamente não se demanda, não se
litiga pela reivindicação de algum direito, promove-se uma acção
para interesse reciproco das partes. Diz. M. Soares, n. 66... «Nellas
não ha autor nem réo ; todos são interessados. Não ha vencedor
nem vencido ; ha interesses accommodados o conciliados. Não ha
condemnação em custas ; os interessados as pagam pro rata, isto
é, na proporção do seu interesse na medição».
A'quello que foz a despeza da causa commum, compete o direito
de retenção até ser indemnisado,— Nota 582 de T. de Freitas
á Doutr. das Acç. Sobre custas (vide nota 63).
— 19 —
Para que alguém intente uma acção de divisão
é mister que seja condômino em propriedade pro-
indivisa ou seja titular de algum desmembramento
do domínio; assim deverá o Autor juntar á petição
inicial os seus titulos de propriedade ou de seu
direito real.
Sendo no interesse de todas as partes o pro-
cesso da divisão, não é justo que corram as despe-
zas do feito só por conta do Autor, por isso já na
petição inicial se protesta pelo auxilio dos Réos no
custeio da causa.
§ 14
Neste petitorio se compreliendem os fructos communs
e indemnisações dos damnos que sobrevierem á contesta-
ção da lide (30) ; não, porém, os rendimentos ou outras
prestações pessoaes anteriores, ficando aos interessados,
para as fazerem cumprir, o uso das acções que lhes com-
petirem. (Paragrapho único, Art. 54 ; Minas, art. I o ,
§ 2°).

§ 15
Sendo a divisão no interesse apenas dos condôminos,
no seu processo não intervém os confinantes do immovel
dividendo ; como, porém, pôde a divisão lesar as pro-
priedades destes, fica-lhe salvo o direito de, por acção
competente, reclamarem e obterem a restituição dos ter-
renos em que se julgarem usurpados por invasão das
linhas limitrophes, constitutivas do perímetro do immovel,

(30) Vide as notas 82 e 83. B' um dos efteitos da litis contes-


tação poder o réo ser condeninado nos fructos, posteriores a ella—
Moraes Carvalho, § 356 n. 4— Ord. L. 3°., T. 66 § 1 —Porque a
contestação da lido constitue o réo em má fé.
— 20 —

ou a correspondente indemnisação pecuniária, á escolha


da parte obrigada. (Art. 55; Minas, art, 66; Esp. Santo,
art. 169).
São partes em acção de divisão de terras
todos os proprietários de porções do immovel divi-
dendo ; mas é visto que, se as partes fiscalisam a
assignalação dos limites dos seus respectivos
quinhões, a mesma fiscalisação não será exercida
nos limites exteriores do immovel, podendo assim
a linha divisória lesar heréos confinantes extranhos
á causa.
Foi essa possivel lesão que o Regulamento
quiz acautelar dando aos confinantes o direito de
reivindicação, sendo-lhes devido pela parte cuja
linha limitrophe o lesou, á escolha desta, ou resti-
tuição do terreno, restabelecendo-se o limite ver-
dadeiro, ou o equivalente em moeda. Ao comparte
do immovel que indemnisou o heréo confinante
lesado, cabe por sua vez haver dos demais con-
dôminos a composição pecuniária do desfalque que
houver soffrido. — (Vide §§ 135 e 136).

O
NAS DEMARCAÇÕES

§ 16
A petição inicial de uma acção de demarcação de
terras, que também deverá ser instruida com os titulos
que demonstram o jus in re do autor (31), quer a demar-
cação pretendida seja total, quer seja parcial, deverá
conter os seguintes requisitos :
a) a designação de todos os característicos do im-
movel, sua situação e denominação ;
(31) Vide § 3" e notas 3 e 4.
— 21 —
b) a descripção de todos os limites a constituir-se ou
aviventar-se (32) de aecôrdo com os títulos ofe-
recidos;
c) nomeação de todos os confrontantes, bem como os
representantes legítimos dos incapazes, com a
declaração da residência de cada um. (Art. 66 ;
Minas, art. 2, a, b, c, d; Esp. Santo, art. 171).
Como dissemos no commentario ao § 11 que
enumera os requisitos da petição inicial de uma
acção de divisão, não é só do petitorio que deve
constar essa petição, mas de todas as circumstan-
cias que tornem conhecido o objecto da demanda e
seus interessados.
Também só poderá pretender uma demar-
cação de terras, ou aviventação de velhos rumos,
o proprietário ou titular de domínio desmembrado
confinante de outros, cujos rumos precisam ser
demarcados ou aviventados ; pelo que deverá jun-
tar os títulos comprobatorios de sua propriedade
ou do seu direito real.
Todas essas formalidades são necessárias quer
seja a demarcação pretendida comprehensiva de
todo o immovel, quer seja de uma só porção delle,
sendo, nesta hypothèse, somente precisa a citação
dos confinantes apenas do trecho demarcando.

(32) Por dois motivos pode-se requerer uma demarcação: ou


porque nunca se tenha corrido a linha do perímetro do immovel
demarcando, ou porque, já tendo sido elle demarcado anteriormente,
os vestigios da linha tenham desapparecido ou se acham confusos—
Corr. Telles, eã. de T. de Freitas § 114; M. Soares, n. 28. Não
importa que a confusão dos prédios provenha do acaso, ou de
factos naturaes, ou de acto (por dolo ou ignorância) do confinante
ou de terceiro. Leitão. Praxis de judieis fin. regund. apud.
M. Soares, nota 2, n. 28—Borges Carneiro. Direito Civil IV § 88, n. 5.
— 22 —

Nessa petição, não se cogita das despezas para


seu custeio como na acção de divisão, porquanto
a demarcação é feita no interesse do Autor (33),
que deverá assim custeiar a causa que pro-
moveu.
No caso do § 18, sendo á acção administrativa
junto uma queixa que dá caracter contencioso á
causa, deverá, segundo o direito commum, pagar
as custas o vencido.

§17
O pedido será para, sob pena de revelia, virem os
confinantes se louvar com o autor á primeira audiência,
depois de feitas todas as citações necessárias, em agri-
mensor e arbítradores que demarquem os antigos limites,
ou os constituam novos. (34) (Art. 67 ; Minas, art. 2 ;
JEsp. Santo, art. 171).

§ 18

Quando o Autor intenta uma acção de demarcação


com queixa de turbação e esbulho, poderá addicionar ao
pedido a restituição do terreno invadido, com os rendi-
mentos percebidos ou indemnisação dos damnos, desde o
tempo da indevida occupação, sendo esteobjecto decidido
conforme os principios de direito sobre a boa ou má fé
do possuidor. (Art. 67, paragraplio único ; Esp. Santo,
art. 171).
O motivo geral da acção de demarcação deve
ser somente o desejo de ter o Autor bem conhecidos

(33) Seria melhor Supplicante ou Requerente.


Em uma simples acção do demarcação só raramente haverá
caracter contencioso. Para perturbações de posse existe o remédio
dos interdictos, das manutenções dos embargos á primeira.
(34) Vide nota 32.
— 23 —

os rumos divisórios de sua propriedade, o que é de


incontestável necessidade e vantagem. Pôde en-
tretanto acontecer que um heréo confinante per-
turbe a posse do Autor ou o esbulhe, e assim a
acção terá caracter contencioso. Nesse caso, ao
petitorio commum se juntará mais o pedido da
restituição ou indemnisação relativa ao esbulho ou
turbação e o julgador tomará conhecimento de me-
ritis da queixa, segundo as normas do direito
commum.

CAPITULO IV

D a citação (35)
§ 19
Para a propositura, de uma acção, quer de divisão,
quer de demarcação, é exigida a citação pessoal, sob

(35) Citação é o chamamento de alguém a Juizo por determi-


nação do juiz, para em lugar, dia e hora certa tratar do objecto
que lhe é indicado. P. Baptista, Theor. e Pract. § 89 — Na falta
de designação subentende-so que o lugar é o do costume, o dia é
o da primeira audiência, e a hora 6 a da mesma audiência. Ord.
L. 3.°, T. l § § 5 c 12; Reg. n. 737 de 25 de Novembro de 1850
art. 41.
A citação pôde ser feita com o despacho exarado pelo Juiz na
petição inicial, quando o citando mora dentro da cidade ou villa ou
seus arrabaldes, ou ó abi encontrado ; fora desses casos, mas dentro
do mesmo termo ou comarca, faz-se a citação por mandado rubri-
cado pelo juiz. Nestas citações quando a parte se furta ao official,
escondendo-se, far-se-ha a citação com hora certa, que consiste em
fazel-a nas pessoas da familia ou da visinhança para que façam
saber ao citando que a certa hora terá do ser citado ; á hora indi-
cada o official comparece e não encontrando ainda a parte, haver-se-ha
a citação por feita, lavrando termo circumstanciado do occorrido.
Por precatória faz-se a citação quando a parte reside ou se
acha fora da jurisdicção do Juiz deprecante. O juiz deprecado re-
cebendo a carta precatória fal-a-ha cumprir, citando a parte, como
— 24 —

pena de nullidade, tão somente em relação aos interes-


sados que tiverem domicilio (36) real na comarca onde se
processar o feito ; podendo entretanto ser citados pes-
soalmente os que ahi forem encontrados, embora tendo
domicilio em outra parte. (Art. I o ; Minas, art. 3.°).
L E G I S L . ESTAD. — No Espirito-Santo o regimen da
citação é diverso, não tendo o legislador acompanhado

se lhe depreca, e feito isso devolvel-a-ha ao juizo deprecante.


com a fé da citação.
Por edital faz-se a citação de pessoas incertas ou residentes
em lugar incerto ou inaccessivel, ou quando são muitos os interes-
sados, nos casos especiaes, em que a lei expressamente o deter-
mina : como no art. 53 § 3.° do Reg. n. 737 cit., art. 388 do Regu-
lamento Hypothecario de 2 de Maio de 1890 e outros, entre os
quaes o art. 4.° e seguintes do presente Regulamento de 5 de
Setembro de 1890.
Citam-se as partes reveis sob pregão em audiência do Juizo,
para proseguimento do feito e lançamento de seus termos. Ord.
L. 3o T. 20 §§ 19 e 21—Reg. n. 737 de 1850, Av. n. 704 e Decreto
de 19 de Setembro de 1890, n. 763.
Geralmente na terminologia forense se empregam indistineta-
mento, como synonimos, as expressões Citação, Intimação e Xoti-
ficação, que tem entretanto significações perfeitamente distinetas.
Assim, citação 6, como já se vi o, o chamamento de alguém a
juizo, feito por ordem do Juiz para algum acto judicial ; v. g.
cita-se alguém para responder aos termos de uma acção ordinária.
Notifie ição (a) é o chamamento para proseguir em uma causa,
para o principio da qual já houvo citação : por exemplo, notifica-se
um inventariante para em certo prazo proseguir nos termos do
inventario. Intimação é a sciencia que o escrivão ex-offieio e não
a requerimento do parte, dá dos daspachos e sentenças do juiz
aos interessados, sem lhes impor a obrigação de ir a juizo e
de praticar certos e determinados actos, e, constituindo um dever
rigoroso e imprescindivel, não lhe dá direito á remuneração alguma,
quer pratique no cartório, quer fora delle. Ramalho. Praxe § 105
— Franc. Veiga — Beg. de custas. Nota 3 a , 2a edição.
( 36 ) — Domicilio é a sede das relações juridicas de uma pessoa.
na phrase de Savigny ; é o lugar onde qualquer pessoa tem esta-
belecida a sua residência fixa — Carn. da Rocha. Direito Civil, % 66.
( a ) Ha também uma aeção chamada notificação, ou de em-
bargos á primeira.
— 25 —

o Regulamento na limitação da citação pessoal aos


interessados domiciliados no foro do pleito. Ahi as di-
versas citações são feitas de accôrdo com as disposições
geraes do processo respectivo e vem especificadas no
Cap. 2o do Decr. n. 15 de 3 de Agosto de 1892, que dá
regulamento ao processo civil,, criminal e a orphanologico
( a r t . 131). Assim, para estas demandas as primeiras
citações serão feitas por mandado, precatória, edital ou
com hora certa, de accôrdo com as regras geraes, salvo
pequenas alterações adiante indicadas.
Todo o processo, afora os casos em que a
parte está ausente em lugar incerto, deve começar
pela citação pessoal dos réos, sob pena de nulli-
dade insanável, salvo quando a citação inicial
pôde ser feita na pessoa do procurador (37), sendo
ratificavel o processo em que ella for omittida,
somente quando a parte ou procurador comparece
espontaneamente, menos quando vem para arguir
a nullidade, por interesse especial que lhe resulte
da nullidade da mesma citação. (38)
Esse principio em absoluto, que era seguido
no antigo processo destas acções ( 39 ), trazia
muitas vezes o retardamento extraordinário do

(37) — Procurador se diz a pessoa que tem procuração legi-


timate alguém. São estes os casos em que se pôde fazer a pri-
meira citação ao procurador: V> —Estando o réo fora da comarca e
tendo procurador com procuração geral, sem reserva de nova
citação, ou procuração especial para o caso. 2o — Para reconvenção
de acções propostas por procurador, posto que na procuração se
faça esta reserva. 3o — Quando a parte se occulta e é citada com
hora certa. í" — Quando a citação for feita por edital nos casos
em que ella sa faz. Ribas, Consol. art. 219 §§ 1, 2, 3, art. 201,
§ 3 e 5 ; Ord. L. 3, T. 2, pr.
(38) Ribas, Consol, art. 219. Ord. L. 3, T. 03 § 5, Lobão,
ãas Linhas, pag. 111, nota.
(39) Pela regra geral da Ord. L. 3, T. 2, pr.
— 26 —

feito pela difficuldade, muitas vezes provocada


pelas partes citandas, da citação pessoal de todos
os réos para inicio do processo ; e; como pela
citação é que o réo se habilita a se vir defender
em juizo, sendo a base do direito de defesa, que
a ninguém se nega, supportavam-se todos os pre-
juízos que da exigência legal provinham.
Para chamamento, porém, das partes em juizo
nas acções de divisão e demarcação, como se esta-
belece no Regulamento, é menos rigorosa e mais
lata a comprehensão dada a essa necessidade pro-
cessual, condescendência racional para essa classe
de acções, onde geralmente são muitos os inte-
ressados, e onde cada qual deverá ter o seu direito
cumpridamente documentado, não sendo fácil que
do processo resulte prejuízo de alguém. Só se
exige a citação pessoai dos que residem na co-
marca, tenha esta um ou mais termos.
§ 2Û
Havendo na comarca procurador bastante, especial
ou geral (40), durante a ausência do constituinte a elle
poderá ser feita a primeira ou qualquer outra citação.
(Art. 2o ; Minas, art. 4 o ).
§ 21
Nas comarcas de mais de um termo a citação pes-
soal dos que morarem fora daquelle em que correr a
acção será pelo Juiz da causa deprecado ao Juiz respec-
tivo, supprimida a espera de vinte dias da legislação
anterior. (41) (Art. 31 ; Minas, art. 5).
(40) Vide nota 37 e Per. e Souza, Cap. VII, sobre procuradores
e procurações.
(41) A Ord. L. 3,T. 1 § 18 estabelece que, se o citado por preca-
tória não comparecer, no termo assignado na citação, será esperado
— 27 —

§ 22

Para todos os mais interessados, tanto para os


domiciliados em lugar sabido e certo como para os
ausentes em lugar incerto ou não sabido e ainda para os
que forem desconhecidos, a primeira citação se fará por
edital, observando-se os seguintes prazos, findo os quaes
se considera realizada a citação :
a) 30 dias para os domiciliados em outras comarcas
do mesmo Estado, ou no Districto Federal ;
1)) 90 dias para todos os mais, mesmo para os que se
acharem no estrangeiro. (Art. 4.°; Minas,
art. 6o).
LEGISL. ESTAD.— No Espirito Santo, para os que
residirem no Estado fora do território sujeito á jurisdicção
do Juiz da causa e tiverem domicilio certo, a citação se
fará por precatória. (Art. 132).
Para os que residirem em lugar sabido e certo de
outro Estado a citação far-se-ha por editaes (42) que
deverão ser publicados no jornal official do Estado e no
de maior circulação das capitães dos Estados em que
residirem os citandos. (Art. 133).
Para os que estiverem ausentes em lugar ignorado
ou incerto, ou forem desconhecidos, ou se acharem em
paiz estrangeiro, a citação se fará por editaes com
prazo de 30 a 90 dias, justificada previamente a ausência

por mais vinte dias, findos os quaes se prosegnirá no feito á sua


revelia.
Estes vinte dias de espera o Regulamento dispensou de sorte
que, se no prazo assignado. o citado não comparecer em juizo.
haver-se-ha a citação por feita e, accusada, se proseguirá no
feito.
(42) Não tendo o artigo marcado o prazo do edital deve o
juiz designai-o de accordo com as cireumstancias do caso occur-
rente.

OC
— 28 —

ou residência no estrangeiro e esses editaes serão pu-


blicados pelos jornal official do Estado e pelo de maior
circulação da Capital Federal. (Art. 134).
Decorridos estes prazos, tendo-se empregado
alguns destes meios para a citação, a accusação
se fará em audiência na fôrma exposta adiante
nos §§ 35 e seguintes.

§ 23

Sempre que a citação fòr edital é obrigatório que os


editaes sejam affixados no foro da causa, no lugar do
costume, e publicados pela imprensa da terra, quando
houver, sendo a affixação certificada nos autos pelo
escrivão do feito e a publicação provada com a juntada
de um numero do jornal, certificando-se que não existe
jornal, quando isto se dê. (Art. 5.° ; Minas. art. 7 : Es-
pirito Santo, art. 135).
LEGISL. ESTAD. — No Espirito Santo é facultado
juntar em vez do próprio jornal em que veio publi-
cado o annuncio a publica fôrma delle. (Art. 135).
Desde que pela citação edital não é a parte
ou alguém por ella, pessoalmente citada, é neces-
sário para o eífeito da citação, que o edital tenha
a maxima publicidade, e que se determine um
prazo certo para que se produza esse effeito.
Neste paragraphe e nos seguintes se estabe-
lece a obrigatoriedade dos meios da publicação do
edital em relação ao lugar em que está ou se
suppõe estar o citando.

§ 24

Para a citação do domiciliado em outras comarcas


do mesmo Estado ou no Districto Federal, o que se faz
— 29 —
por meio de edital com 30 dias de prazo (§ 22, a) o edital
será também publicada no jornal official, ou, na falta,
no de maior circulação da capital do Estado respectivo
ou do Districto Federal, se alii estiver o citando, e affi-
xado nos lugares do domicilio dos citandos, por ordem do
Juiz territorial respectivo, a quem o da causa assim o
requisitará, enviando-lhe sob registro o mesmo edital.
O Juiz destinatário accusará logo o recebimento, attes-
tando a affixação na fôrma legal. (Art. 6o).
Determina este paragraphs o segundo caso de
prorogação de jurisdicção de loco ad locum de que
falíamos. (43)
Em virtude desse artigo do Regulamento
terão effeito jurídico editaes de um juiz afíixados
dentro da circumscripção judicial de outro juiz.

§ 25

Para a citação dos domiciliados em lugar sabido e


certo de outros Estados, cujo edital da citação tem o
prazo de 90 dias, (§ 22, l>) é applicavel toda a doutrina do
paragraplio antecedente, não sendo, porém, necessária a
publicação do edital pela imprensa da Capital do Estado
a que pertencer a comarca da causa, mas sim, respectiva-
mente, pela das capitães dos Estados diversos em que
estiverem os citandos. (Art. 7o).

§ 26

Nas citações em que os interessados estiverem ausen-


tes em lugar incerto ou não sabido, ou forem desconhe-
cidos, ou se acharem no estrangeiro, é indispensável

(43) Vide § 9o, notas 17 e 18.


— 30 —

justificação prévia da ausência ou residência no estran-


geiro accrescendo ás determinações de publicação con.
tidas no § 18, mais a publicação do edital no Diário
Official. (Art. 8 o ; Minas, art. 8o).

§ 27

Todos os officios, jornaes e certificados de registros


do correio, comprobatorios da publicação e affixaçâo dos
editaes, deverão ser juntos aos autos. (Art. 9 ; Minas,
art. 7 ;Esp. Santo, art. 135).
Sendo os autos a condensação de tudo o que se
tem feito na causa, todos os actos deverão ser
autlienticados pela juntada de documentos, termos
e certidões dos offíciaes do juizo.

'28

Se o Autor preferir, poderá ser feita, por precatória,


a citação pessoal dos interessados residentes fora da
comarca da causa. (Art. 10; Minas, art. 9).
O fim desse múltiplo e especificado processo
de citação adoptado para estas causas, onde geral-
mente lia numerosos interessados, é a facilítação
do feito. Muitas vezes, porém, pôde occorrer que
a citação por precatória possa ser feita em menor
prazo que o determinado para o edital que tenha
applicação á lvypothese. Assim, optará a parte por
esse modo de citação, sempre que isso convier, não
devendo a lei sujeitar a demanda a uma certa for-
malidade, quando, sendo essa formalidade para o
effeito de tornar mais fácil a causa, fôr o seu cum-
primento prejudicial ou moratorio.
— 31 —
§ 29
Havendo condôminos ou confrontantes por direito de
successão, ainda indivisa, basta que a citação seja feita,
de accôrdo com as regras estabelecidas, na pessoa que
estiver na posse e cabeça do casal ou administração do
immovel, para com ella, como pessoa legitima, correr a
acção todos os seus termos. (Art. 11; Minas, art. 10;
Esp. Santo, art. 136).
O cabeça do casal, inventariante ou adminis-
trador de qualquer espolio, pertencente a vários
condôminos a titulo de successão, sendo o repre-
sentante dos bens communs ou indivisos, em rela-
ção aos interessados, é competente para ser ci-
tado como responsável pelo interesse commum dos
condôminos, dispensando-se assim a citação dos
demais.

§ 30

Durante o proseguimento da acção, fallecendo algum


dos litis-consortes, a instância não ficará suspensa senão
até ser citado, para ver continuar o feito, o cônjuge
sobrevivo, herdeiro ou quem quer que esteja na posse e
cabeça do casal, ou na administração do espolio, dispen-
sando-se assim o processo e sentença de habilitação.
(Art. 12 ; Minas, art. 11). Não havendo em caso algum
suspensão de instância pelo lapso de tempo decorrido.
(Art. 12 paragrapho único ; Minas, Art. 11 paragrapho
único).
O processo de habilitação seria prejudicial ao
andamento do feito, e, dado o fallecimento de um
dos litis-consortes, tendo-se de dar ao espolio um
representante legal que o liquide, com este conti-
nuará a acção logo que se effectuar a sua citação.
— 32 —

§31

Nos casos destes dous últimos paragraphos o


Juiz dará curador á lide ( 44 ) aos interessados

(44) Aos menores se nomeia curador in litem ainda tendo pai,


tutor, ou curador. Vide Ord. L. 3, T. 41 § 9, bem como aos demais
incapazes, dementes ou pródigos, Ord. L. 4, T. 103, pr.—Sua falta
induz nullidade, ratiflcavel com a posterior nomeação, Pereira
Souza, nota 111. No Districto Federal, presentemente depois da
reguiamentação systematica do Ministério Publico q ue foi feita pelo-
Decr. 1.030 de 1890, desappareceu a instituição dos curadores in
litem cujas funeções passaram normalmente a ser desempenhadas
pelos respectivos órgãos daquelle Ministério.
Como porém a pratica tom ainda continuado a ser observada,
aqui transcrevemos um trecho da lúcida Exposição de motivos que
acompanhou o regulamento judiciário approvado pelo Decr 2.579 de
16 de Agosto de 1897 e onde a questão está perfeitamente esclarecida:
« Dei ao Procurador Geral perante a Câmara Civil da Corte
de Appellação, aos curadores de orphãos e de ausentes nas Câma-
ras Civil e Commercial do Tribunal e aos adjuntos de promotores
nas pretorias a attribuição do defender os orphãos, interdictos o
ausentes, porque a instituição do Ministério Publico abolio implici-
tamente a nomeação dos curadores in litem. E' verdade que o Regi-
mento da Corte de Appellação manda fazer essa nomeação (art. 46) ;
mas isto répugna á instituição do Ministério Publico o deve desap-
parecer.
« Nas annotações que ao mesmo Regimento fez o então desem-
bargador Macedo Soares, hoje Juiz do Supremo Tribunal Federal,
escreveu elle a respeito o seguinte : — Já com vistas de simplifi-
car o processo na 2 a instância, o Decr. n. 5.618 do 1874 havia
determinado (arts. 18 e 19, § 2) que o procurador da Coroa era o
órgão do Ministério Publico perante a Relação e, nessa qualidade
ofnciava nas appellações em que alguma das partes se defendesse
por curador. Claramente alludia o Decr. n. 5.618 aos menores e outros
a elles equiparados que na I a instância se defendiam por curadores
á lide e cujas funeções de 2 a instância ficaram sendo exclusiva-
mente exercidas pelo órgão do Ministério Publico perante a Relação,
qual era o Procurador da Coroa. O legislador de 1890 (Decr. n. 1.030,
arts. 164 e seg.) inspirando-se nos mesmos intuitos, reproduziu os
arts, citados do Decr. n. 5.618. Infelizmente o actual Regimento
reproduziu a má interpretação que sedava ao Dec. n. 5.618 de
1874 e vemos o art. 46 mandando nomear curador á lide na
— 33 —

menores ou incapazes. ( 4 5 ) (Art. 12 paragraplio


único).
LEGISL. E S T A D . — E m Minas, além do curador álide
é também necessária a audiência do promotor de justiça
que acompanhará o processo. (Art. 12).

§ 32

Nestas acções, quer para se as propor, quer para se


as defender, náo é necessário a intervenção ou citação da
mulher casada. (Art. 1 3 ; Minas, art. 13) (46).
Sempre que no.juizo se discute alguma acção
real, as mulheres, esposas das partes, têm de ser
igualmente citadas como rés, ou de virem a juizo
como autoras. Esta exigência da lei tem funda-
mento na conveniência de acautelar os bens de raiz
do casal de qualquer transacção ou transigência,
que equivalha á alienação, que não pôde ser feita
sem consentimento da mulher casada.

2a instância onde a lei collocou outro e mais graduado curador,


o Procurador Geral, (nota 74)
« Estou de perfeito accordo com o conceito enunciado nas pala-
vras do Dr. Macedo Soares e, nesse sentido, se acha redigido o pro-
j ecto.
« O nosso Ministério Publico, a exemplo do da Hespanha, com-
prehende os defensores públicos da legislação Chilena-(L. de 15 de
Outubro de 1878, tit. XIV) e, por isso, não tem razão de ser a
nomeação de curadores in litem para defender os interesses dos in-
capazes e ausentes.
« Assim já o havia entendido o Decreto n. 707 do 20 de Setem-
bro de 1890, dispondo que os curadores de ausentes funccionassem
perante as varas civil e commercial, independentemente do nomea-
ção dos juizes (arts. 1 e 2). »
(45) Vide nota 25.
(46) M. Soares, n. 130 L. 1°. (Vide nota 6).
:Í D. T .
— 34 —

Nas acções de divisão ou demarcação, que


como vimos são pessoaes (47), essa citação é des-
necessária ; mesmo porque, como diz M. Soares, do
processo da divisão ou da demarcação não resulta
alienação, porém, determinação das quotas de cada
proprietário ou dos rumos. Quando, porém, se in-
tenta uma acção destas, additando-se ao pedido
queixa de turbação ou esbulho, as mulheres devem
ser citadas, pois ahi toma o feito caracter conten-
cioso de acção real.

§ 33

A citação feita no principio da causa (48) é compre-


hensiva da execução, mesmo nos casos em que á divisão
ou demarcação haja de preceder sentença provocada por
discussão contenciosa. (Art. 1 4 ; Minas, art. 14).
A execução das divisões e demarcações, para
ser processada, não depende da citação especial
das partes, como se exige para as demais execu-
ções de sentenças. (49)

§ 34

Todas as mais citações ( 50 ) exceptuadas as


dos § § 30 e 33, bem como as intimações das sentenças,

(47) Vide § 4o e nota 6.


(48) Em geral a primeira citação regularmente se entende para
todos os demais termos do processo da acção, sendo para o da
execução mister nova citação. Ord. L. 3, T. Io § 13 ; Pereira e
Souza §86. Ramalho § 118. M. Soares, n. 131.—Entretanto outras
se fazem no correr do feito. (Vide nota 50).
(49) Ords. L. 2, T. 53 § 1 ; L. 3, T. 1 § 13, T. 9 § 12, T. 76
§ 2, T. 86, pr; Ribas, art. 1222.
(50) Ribas enumera todos os casos em que é mister citação
especial da parte, pena de nullidade, durante o seguimento do feito,
no art. 220 e seus 14 paragraphos da Consol. do Proc. Civil. Desses
— 35 —
appellações e de guaesquer actos prejudiciaes, serão feitos
sob pregão, em audiência,não havendo procurador judicial,
•ou este não sendo encontrado para ser citado ou intimado.
•(Art. 15; Minas, art. 15 ; Esp. Santo, art. 137).
Para estas acções, pois, a única citação
necessária das partes é a inicial : feita esta
todos os actos da acção a execução serão feitos
com sciencia do procurador ou apregoando­se
em audiência.

§ 35

As citações são accusadas :


a) quando feitas por editos, na primeira audiência
depois da expiração do edital de maior prazo ;
b) sendo as citações somente pessoaes, na primeira
audiência depois da entrada em cartório dos

•casos podom ter applicação ás acções de divisão ou demarcação os


seguintes: Io, para ver jurar testemunhas. Ribas cit. § 1. Ord.
li. 3, T. 1 §§ 13 o 14 ; 2°, para remessa dos autos de um para outro
juizo. Ribas cit. § 2». Ord. L. 3, T. 20 § 9 e T. 87 § 14; 3°, no
caso de circumducção do citação (vide § 37) Ribas cit. § 3, Ord.
L. 3, T. 1 § 18; 4", para restaurar a instância suspensa pelo lapso
de seis mezes, Ord. h. 1, T. 8i§ 28 e L. 3°, T. I o § 15, ou por
cessão de direito da causa. Ribas cit. § õ e art. 253 § 3, o que só
•se pôde dar antes da litis contestação, porque esta tornando a cousa
litigiosa, nem o autor, nam o réo a podem alienal­a. M. Soares.
n. 140. Ord. L. 4, T. 10 § 3 e 11 ; ou por morte de uma das partes.
Ribas cit. § 2 do art. 253. Ord. L. 3 T. 27 § 2, T. 1. % 15, caso
•em que se procede de accôrdo com o § 30 supra, que dispensa a
habilitação ; 5o, para a nomeação do novo procurador, nos casos
em que isso é preciso. Ribas cit. § 6. Ord. L. 3, T. 20 §§ 11 e 13;
■6°, para o soguimento da appellação ou sua deserção. Ribas cit. § 12.
Ord. li. 8, T. 70 § 4, T. 79 § 3, T. 84 § 7. Decr. n. 54G7 de
12 de Novembro de 1873, arts. 22 e 24 e Rog. n. 737, art. 657.
Entendido que mesmo nestes casos as citações serão feitas em
audiência, sob pregão somente, não havendo procurador judicial, ou
este não sendo encontrado (§ 34 supra).
— 36 —

mandados e precatórias, e de ter o escrivão


certificado que foram feitas todas as citações,
assim o publicando pelo menos três dias antes
da audiência, por annuncio na folha local, se
houver, ou por edital affixado no lugar do
costume ;
c) quando as citações pessoaes não estiverem todas
realizadas até a expiração do edital de maior
prazo, serão, não obstante, accusados na pri-
meira audiência depois delle as que tenham
sido feitas e esperadas as outras para serem
accusadas pela fôrma prescripta no item ante-
cedente. (Art. 16; Minns, art. 16).
LEGISL . ESTAD . — No Espirito Santo as citações
são accusadas em audiência, de uma só vez, depois de
feitas todas ellas, ou depois da expiração dos prazos dos
editaes. (Art. 138.)
A audiência porém em que tiverem de ser accusadas
as citações será annunciada com antecedência de cinco
dias no jornal do lugar ou por edital affixado no lugar do
costume. ( Art. 138 paragrapho único ).

§ 36

Qualquer dos litis consortes pôde accusar as citações


e promover os termos da acção se o Autor não compa-
recer. Ellas assim, produzirão todos os effeitos tanto
para a louvação como para os actos posteriores, ainda
que o Autor continue a ser revel, e só ficarão circum-
ductas se algum dos interessados assim o requerer e
nenhum outro usar do direito de supprir a falta do Autor,
que a todo o tempo poderá tornar e seguir o feito no
estado em que se achar. (Art. 17; Minas, art. 17 e
paragrapho ; Esj>. Santo, art. 139 ).
— 37 —

A acção de divisão e demarcação é quasi


sempre de interesse para todas as partes ; assim,
não devem estas ser prejudicadas se o Autor
deixa de a promover. Deu-lhes o Regulamento o
direito de, supprindo a falta do Autor, promover
todos os seus actos. Em geral, quando alguém
traz outrem a juizo, se não compareceu á au-
diência que assignou ao citado, presume-se que
desiste da acção, tornando-se circumducta a cita-
ção, sendo o citado absolvido da instância. Nestas
acções, porém, só dar-se-ha circumducção quando
ninguém queira promovel-as e algum dos interes-
sados expressamente o requer.
A todo o tempo pôde o Autor tomar o feito
e proseguir nelle ; devendo porém renovar a in-
stância si se houver dado a circumducção da
citação primeira.

37
§
Aos interessados ausentes, que devem ser citados
editalmente, dará o Juizo curador á lide (51). com quem
correrá o feito os seus devidos termos. (Art. 18 ; Minas,
art. 12).
O citado que não comparece constitue-se
revel. Quando porém a citação se fizer por edital,
pôde occorrer a circumstancia ou de não chegar
elle ao conhecimento do citando, ou de não poder
este pela distancia ou outra qualquer impossibi-
lidade, comparecer em Juizo.
Assim, para acautelar os seus interesses o
juiz lhes dará um curador in litem.

(51) Vide nota 44.


— 38 —

CAPITULO V

D a louvação (52)

§ 38

Para a audiência em que se accusareni todas as-


citações, são chamados todos os interessados para a lou-
vação de um agrimensor e dois arbitradores (53) que de-
verão proceder á demarcação ou divisão pedida.(Art. 30;
Minas, arts. 1 e 2; Esp. Santo, art. 143) (54).

(52) Louvação é o acto pelo qual as partes noraeam peritos


para conhecerem das questões de facto de que deponde a solução
da demanda. M. Soares, cit. n. 142, L. I o .
(53) No antigo processo das medições a louvação se fazia
para nomear empregados da medição e testemunhas informantes;
aquelles eram o piloto (agrimensor), o balisa e o ajudante de corda.
O Regulamento estabeleceu processo muito ma;s curial, porque os
balisas e ajudante de corda, são auxiliares do agrimensor e como-
tal devem ser de sua confiança, o que não occorria na velha praxe,
em que poderiam ser até desconhecidos ; além disso, pelo velho
regimen, eram nomeados dois agrimensores, o que é perfeitamente
inutil; desde que se trata de um trabalho mathematico, exacto,
pôde, com toda a segurança e garantia para as partes, ser feito
por um só agrimensor que assuma a responsabilidade technica e-
legal de sua exactidão. Outr'ora existiu o officio de medidores do
concelho, substituidos depois pelos p/Motos da câmara, creados pelo-
Alvará de 25 de Janeiro de 1809. Essa velha usança. porém foi
sendo desprezada e, extinguindo-se completamente, passou a no-
meação dos pilotos e medidores a ser feita por louvação a aprazi-
mento das partes
Sobre testemunhas informantes. — Vide §§ 114 a 116 e notas
133 a 137.
(54) Arbitradores são pessoas entendidas e escolhidas para co-
nhecerem de facto. Deverão ser portanto, peritos e práticos para
o mister a que são chamados e conhecedores das terras sobro que
verse a questão.
Sobro Agrimensores — Vide §§ 41 o seguintes e notas respe-
ctivas .
— 39 —
§ 39
Antes da louvação não é permittido aos Eéos dedu-
zirem qualquer materia de contestação ou defesa, salvo
a suspeição opposta ao Juiz. (55) (Art. 30; Minas,
art. 32; Esp. Santo, art. 146).
Logo que estiver ajuizada a causa, o primeiro
acto, e que se fará na mesma audiência da accu-
sação das citações, é a louvação dos peritos.
Nenhuma materia será admittida antes de feita a
louvação, sendo opportuno para isso quando fôr
assignado o prazo para a contestação, com a só
excepção da averbação de suspeição ao Juiz; occor-
rendo esta nenhum acto feito por elle será valido,
pelo que a parte desde logo a declarará antes de
inúteis despezas de tempo e de custas.

§ 40

Somente poderão ser empregados como agrimensores


nas divisões ou demarcações feitas judicialmente, sob
pena de nullidade do respectivo processo, os proflssionaes
legalmente habilitados (56).'(Art. 49) (Vide paragrapho
seguinte).

(55) Sobre a excepção de suspeição e seu processo, vide adiante


Cap. VI.
(56) O Decreto n. 3,198 de 16 de Dezembro de 1863, que approva
as instrucções para nomeação de agrimensores, dispõe o seguinte :
Art. Io Somente poderão ser empregados, como agrimensores,
nas medições de terras publicas e particulares feitas por ordem ou
comparticipação do governo :
Io Os engenheiros geographos com carta passada pelas es-
colas nacionaes;
2° Os habilitados com carta de curso completo da Academia
ou Escola de Marinha da Corte.
30 Os pilotos de carta passada pela mesma Escola ou Academia,
ou por ellas reconhecida ;
LEGISL. ESTAD. — E m Minas as partes escolherão
agrimensores ou arbitradores dentre profissionaes ou prá-
ticos de sua confiança. (Art. 22. Paragraplio unico).
E ' justo esse rigor da lei e necessário, uma
vez que esses peritos terão de trabalhar sob sua
exclusiva responsabilidade technica, garantindo
também os auxiliares e instrumentos que empre-
garem. (Vide §§ 118 e 119).

§ 41
Nos lugares onde não houver profissionaes com algum
dos titulos de habilitação designados no Decreto n. 3,198
de 16 de Dezembro de 1863, podem os interessados, nas
divisões e demarcações das terras do domínio privado,
feitas judicialmente, propor como agrimensores quaesquer
pessoas da sua escolha. (Decreto n. 1,241 de 3 de Ja-
neiro de 1891, artigo único).

§ 42
A louvação será feita propondo os Réos citados
presentes dois peritos para agrimensores e três para

4° Os agrimensores habilitados com titulos na forma destas


instrncções ;
5o Os que como taes, tiverem sido empregados pelo governo
até esta data.
Art. 2o Os comprehendidos em os ns. 1, 2, 3 e 5 do artigo
antecedente para poderem exercer as fnncções, são obrigados a
apresentar os documentos comprobatorios de sua habilitação para
serem registrados no Ministério das Obras Publicas ou nas Pro-
víncias, nas Secretarias das Presidências, pelas quaes lhes será
entregue a declaração respectiva.
Art. 8o Os titulos de engenheiro geographo, piloto ou agri-
mensor passados em paizes estrangeiros, só poderão ter valor
depois de um exame,gerai pelo qual se verifique a identidade e
capacidade do titulado.
Os demais artigos referem-se ás habilitações exigidas para a
obtenção das cartas o processos do respectivo exame.
\» . • — 41 —
arbitradores e fazendo iguaes propostas o autor ou, na
sua ausência, o litis-consorte que tiver accusado as ci-
tações. (Art. 23; Minas, art. 22).
LEGISL. ESTAD. —No Esp. Santo, accusadas as ci-
tações em audiência, cada uma das partes proporá três
nomes, devendo a outra parte escolher um dentre os pro-
postos. (Art. 78 do Cap. 6 do Decreto, n. 15 de 1892).
Esta é a disposição mandada observar pelo art. 144,
devendo se entender que as partes deverão propor, cada
uma, três nomes para agrimensor e outros três para arbi-
tradores, e dentre os dois primeiros escolhidos de parte
a parte o juiz nomeará o agrimensor.

§ 43

Não serão admittidas nas propostas para louvados


pessoas que sejam impedidas, entre si ou com as partes,
por parentesco consanguineo ou affim até o 4o gráo civil
(57), bem assim pessoas que não sejam domiciliadas na
comarca. (Art. 28 ; Minas, art. 28).
O parentesco proximo presume suspeição e o
suspeito não pôde ser juiz ou perito.
A exigência de serem os peritos domiciliados
no foro da demanda, nos parece assaz rigorosa e
de pouca exequibilidade, em relação aos agrimen-
sores.
O legislador, assim determinando, teve em
vista a maior probabilidade do comparecimento,

(57) Sobre a contagem dos gráos de parentesco ha dois pro-


cessos différentes, o do Direito Romano, o do Direito Canonico ; oo
Regulamento determina impedidos para peritos os parentes até 4
grão, contado pelo Direito Romano, os schémas que se seguem
mostram claramente os grãos de parentesco que constituem impe-
dimentos .
O parentesco é consanguineo ou affim, segundo provém do pró-
prio sangue ou do sangue do cônjuge ; para os effeitos de que
— 42 —

nos dias designados, dos peritos residentes na


comarca, do que dos que residirem fora, não só
pela maior facilidade, como pelo effeito da acção
que tem o juiz sobre seus jurisdiccionados ; porém
se isso é certo, por outro lado é raro que se encon-
trem agrimensores domiciliados no foro de cada
uma destas demandas, quasi sempre no interior dos
nossos Estados ; ainda mais sendo precisos para a

tratamos o gráo do impedimento é o mesmo seja consanguineo,


seja affim.

SCHEMAS
Linha ascendente
A parte
seu pai — I o gráo consanguineo
seu avô — 2o » »
seu bisavô — 3o » »
seu tataravó — 4o » »
Linha descendente
A parte
' seu filho — I o gráo consanguineo
seu neto — 2o » »
seu bisneto — 3o » »
seu tataraneto — 4o » »
Linha collateral
A parte seu primo — 4o gráo
seu pai — 1° gráo seu tio — 3o »

seu avô — 2o gráo


seu pai — Io »

A parte .seu irmão — 2 o gráo


seu sobrinho — 3o »
seu sobrinho neto. — 4o »
Em rigor, na affinidade não se pode contar gráos; porém, por
analogia, segue-se a regra de que uma pessoa t affim dos parentes
do seu cônjuge no mesmo grão em que este o épela consangüinidade.
Coelho Rocha, Direito Civil, § 65.
— 43 —

louvação, na forma estipulada, quatro agrimen-


sores e com todos os títulos e habilitações legaes
exigidas pelo Decretou . 3,198 de 16 de Dezembro
de 1863. (58)
Além disso, o não comparecimeuto dos lou-
vados ás diligencias, que tanto mal acarreta para
o feito, e quasi sempre obra perniciosa de interes-
sados, deixa na hypothèse de ser provável se
considerarmos que o agrimensor, sendo um pro-
fissional que vai ás divisões e demarcações fazer
um trabalho technico, do seu officio, sob sua
responsabilidade, pelo qual será remunerado, não
é admissível que, sem justo motivo, deixe de com-
parecer no dia aprazado.
Não assim, com os arbitradores ; esses, como
succède em geral nas avaliações, deverão ser
homens práticos e conhecedores do theat.ro da
acção e circumvizinhanças, naturalmente, fazen-
deiros do lugar, relacionados com as partes, que
os propõe. Por isso mesmo mais sujeitos a favo-
recer o interesse, muitas vezes pouco louvável, da
parte que representam.
Quanto a esses é justo e conveniente que
sejam domiciliados no foro da causa ; em relação
aos agrimensores, não : a pratica demonstrará a
impossibilidade da satisfação dessa determinação
legal.

(58) O Governo abundando nas mesmas considerações aqui


expendidas, baixou o Decreto n. 1.241 de 3 de Janeiro de 1891,
que permitte que a escolha seja livre quando no lugar não existam
agrimensores habilitados. Seria talvez mais conveniente que deter-
minasse que as partes pudessem contratar fora o agrimensor que
executasse os trabalhos da medição da demarcação. (§ 41).

00
— 44 —

§ 44

Dos quatro ag'rimensores apresentados, escolherá


cada uma das partes um dos oferecidos ex-adverso, no-
meando o Juiz um, d'entre os dois escolhidos pelas par-
tes. (59) Quanto aos arbitradores cada uma das partes
escolherá um e o Juiz appro vara os dois eleitos. (Art. 24;
Minas, art. 23; vide Legist. Estacl. § 42).

§ 45
Havendo divergência na indicação e escolha pelas
partes, prevalecerá o voto da maioria e em caso de
empate decidirá a sorte. (Art. 24 § I o ; Minas, art. 23
§1°; Esp. Sant., art. 144, I).
A louvação deverá ser feita á aprazimento
das partes. Podendo nestas acções haver vários
litis-consortes de cada lado, sendo mesmo natural
que sejam numerosos os Kéos, que serão todos os
condôminos do prédio, ou todos os confiantes,
menos o Autor ou Autores, e tendo-se de apre-
sentar de cada parte, igual numero de propostas,
deverá haver accôrdo entre as varias pessoas que
formam cada uma das partes.
Se esse accôrdo não puder ser feito, far-se-ha
a escolha por meio de votação.

§ 46

A' revelia dos Réos, ou recusando-se estes a se


louvar, o Juiz fará a nomeação dentre os indicados pela

(59) Para afastar suspeita de parcialidade, o Juiz deverá em-


pregar a sorte como meio de escolha do perito, salvo quando algum
não fõr notoriamente idôneo, caso cm que procederá como 1'he
dictar um prudente arbítrio.
— 45 —
parte presente. (Art. 24 § 2o ; Minas, art. 23, § 2o ; Esp
Santo, art. 144, II);

§ 47

Correspondendo a cada um dos louvados o Juiz dará


um supplente, que substitua o respectivo louvado effectivo,
na eventualidade de qualquer impedimento que, casual ou
fortuito, possa advir. (Art. 25; Minas, arts. 24 e 25 ;
Esp. Santo, art. 144, III).
Boa providencia, estabelecida por este Regu-
lamento e que vem destruir muitos elementos de
protellação dos feitos, occasionados pelo não com-
parecimento do louvado, sob um pretexto de
ultima hora, facto que muito vulgarmente occorre
nas demandas do interior, quasi sempre com pre-
juizo de grandes interesses. Desejávamos ver
ampliada a presente disposição ao direito pro-
cessual em geral. Quanto a esses supplentes é da
maior vantagem que sejam domiciliados no foro
da demanda, attento a que elles poderão ser cha-
mados a servir á ultima hora.

§ 48

Os supplentes serão escolhidos pelo Juiz entre os


restantes respectivos de cada proposta de parte a parte,
e na hypothèse da revelia ou recusa de louvação, serão
nomeados livremente. (Arts. 25 e 26 ; Minas, arts. 24
e 25; Esp. Santo, art. 144, III).
São esses supplentes um remédio extraordi-
nário e sua escolha depende quasi da nomeação do
Juiz, que a fará nomeando para agrimensor sup-
plente, um dos três agrimensores que restarem da
louvação ; e para arbitradores supplentes, dois dos

/-> I t
— 46 —

propostos para arbitradores que não tenham sido


escolhidos pelas partes. A nomeação poderá recahir
em terceiros se a louvação se fizer á revelia, ou
se osRéos, comparecendo á audiência, não se qui-
zerem louvar.

§ 49
Todavia, todo esse processo de louvação se deixará
de fazer se as partes accordarem em um agrimensor e dois
arbitradores e nos respectivos supplentes. (Art. 27 ; Minas,
art. 26 ; JEsp. Santo, art. 145).
Havendo harmonia entre as partes e podendo,
a contento, ser feita a escolha dos peritos, é desne-
cessário o processo que vem indicado para louvação
e que só tem por fim conseguir que a louvação seja
feita a aprazimento dos interessados.

§ 50
Logo depois da louvação, o agrimensor, os arbitra-
dores e os supplentes serão citados por carta para pres-
tarem o compromisso de bem servir. (60). (Art. 26; Minas,
art. 27).
Este compromisso eqüivale ao juramento do
antigo processo e deve ser a solemne promessa,
sob palavra de honra, de alguém bem e fielmente
desempenhar-se do que lhe fôr commettido.

§ 51
O termo de compromisso deverá ser assignado pelo
perito antes de serem os autos conclusos ao Juiz para

(60) Em regra é nulla a medição feita por piloto não juramentado ;


mas a nullidade ó supprivel com o juramento posterior e ratifi-
cação do processado. Vide M. Soares, n. 160, L. Io (Vide § 51).
— 47 —

sentença, quando houver discussão, ou não havendo, antes


que o Juiz designe a primeira audiência especial para os
trabalhos da execução. (Art. 31 ; Minas, art. 27).
O perito não poderá funccionar legalmente
sem ter prestado, ante o Juiz da causa, o compro-
misso e ter assignado o respectivo termo, pelo que
deverá ser isso feito antes dos termos do processo
em que seja mister a sua intervenção.
O processo ordinário estabelece a permissão
de prestar o juramento a que o compromisso cor-
responde, no acto da diligencia. Essa pratica dá
lugar a abusos, pois, sendo o juramento que deter-
mina a responsabilidade dos louvados, sem elle
poderão impunemente zombar da justiça ; pois só
depois do compromisso poderá ser constrangido a
comparecer, ou pagar a multa estipulada. (61)
(Vide §54).

Pelo compromisso ficam os peritos sujeitos a compa-


recer no dia e lugar designados para qualquer diligencia
da causa, sendo sempre intimados por carta, e não poderão
escusar-se do cargo senão por justificado impedimento
superveniente. (Art. 31 § 1.°; Minas, art. 27 § 1).

§ 53
O impedimento deverá ser communicado ao Juiz por
officio que será junto aos autos, entrando logo a func-
cionar o supplente a quem o escrivão notificará por carta.
(Art. 26; Minas, art. 25).

(61) Sobre a materia veja-se a interessante nota de M. Soares


ao n. 161, L. l.°
— 48 —

o4

O perito que não comparecer no dia e lugar


designados, não der o seu laudo ; ou concorrer para
que se mallogre o acto ou a diligencia, será multado
pelo Juiz da causa de 100$000 a 300#000 e pagará as
custas do retardamento (62) ; essa multa é municipal
(63) e será cobrada executivamente. (Art. 31 § 2).
LEGISL. ESTAD. E m M w o s a multa é de 100$ a 200$
e será cobrada executivamente para os cofres do Estado.
(Art. 27 § 2).

§ 55
O honorário do agrimensor será determinado por
ajuste feito com o promovente da acção e ficará constando
do acto da louvação ou da audiência da installação da

(62) Custas são as despezas da expedição do processo, con-


tadas segundo o Eegimento délias —Per. e Souza, § 299 — (vide
nota 29), Custas do retardamento são, em geral, aquellas em que se
condemna quem levanta nos autos incidente do qual decano : taes,
o excipiente quando a excepção é desprezada: Ord. L. 3 T. 20 §§ 15
e37;Regul. n. 737. art. 91 ; o aggravante quando não é caso de
aggravo, ou quando se lhe nega provimento: Decreto de 15 de
Março de 1842, art. 26, Vanguerve Praf. Jud., 2a Parte, Cap. 22
n. 18; também o autor, sempre que o réo for absolvido da instância:
Ord. L. 3, T. 14.
Não são castas de retardamento as de appellação, mas custas
do processo. Per. o Souza. Nota 587. As custas do retardamento
são pagas logo e o vencido não é mais ouvido sem as pagar. Ord.
L. 3 T. 20 § 37, nem se cobram á parte que as venceu, ainda
que depois seja vencida na questão principal. Franc. Veiga—Regim.
das custas, pag. 11.
(63) A disposição desta parte do § 54, sendo de natureza fiscal,
pode ser livremente modificada pelos diversos Estados e indepen-
dentemente de revogação do Regulamento.
— 49 —
diligencia. Se houver impugnação dos litis consortes pre-
sentes e ao Juiz parecer exagerado o ajuste, poderá mo-
difleal-o no mesmo acto, attendendo o mais possível ao
aprazimento dos interessados. (Art. 71 ; Minas, art. 78
e §; Esp. Santo, art. 175).
LEGISL. ESTAD. Em Minas também deverá'ficar
consignado o ajuste com os arbitradores, quando haja
sido feito. (Art. 78).

§ 56
Ao agrimensor assiste o meio executivo para co-
brança do honorário ajustado, podendo exercei-o uma vez
praticado o serviço, ainda mesmo que a divisão ou de-
marcação não sejam homologadas, salvo se por culpa ou
erro seu. (Art. 71; Minas, art. 78 § 2 ; Esp. Santo,
art. 175).
LEGISL.ESTAD. Em Minas também aos arbitradores,
quando tiver havido ajuste prévio. (Art. 78 § 2).

§ 57

Os arbitradores vencerão pelas diligencias a que


assistirem honorários a titulo de emolumentos. Esses
emolumentos são:
de cada diligencia a que forem:
dentro da cidade ou villa 5$000
fora de légua da cidade ou villa, ou
por mar , 15$000
por dia que accrescer ao em que se
installai' a diligencia 5$000
Outrosim lhes será prestada conducção pela parte
mais interessada no andamento do feito, cabendo-lhes
também nas divisões os emolumentos taxados para os par-
tidores nos respectivos Regimentos. (Art. 70; Esp.
Santo, art. 176).
-1 D . T,.
— 50
LEGISL. ESTAD. Em Minas poder-se-ha fazer com
os arbitradores ajuste, que deverá constar do termo da
audiência de installação da diligencia. (§ 55)
Não havendo esse ajuste, elles perceberão pelas dili-
gencias a que assistirem, os emolumentos estabelecidos no
texto do § 57; e tendo mais, nas divisões, o salário esta-
tuído no Reg. de 1874 para as partidores, sem direito á
percepção alguma a titulo de conducção. (Art. 76).
A ultima parte dos emolumentos a que se re-
fere o § é variável e se deverá entender alterada
desde que o respectivo regimento de custas modi-
fique os emolumentos dos partidores.
Não assim quanto aos primeiros emolumentos.
O Eegulamento expressamente dispoz que elles
seriam a metade do que o Regimento de 2 de Se-
tembro de 1870 taxou para os juizes nos arts. 24
e 25, e dessa fôrma a revogação desses artigos
não importará na modificação do salário dos arbi-
tradores estatuído no Regulamento.

CAPITULO VI
Das suspeições
§ 58
Podem as partes averbar de suspeitos os juizes e os
louvados. (65)
§ 59
A excepção de suspeição é a única materia que é per-
mittida aos Réos deduzir, antes da louvação. (Art. 30 ;
Minas, art. 32; Espirito-Santo, art. 146).
(64) Regimento das Custas judiciarias que baixou com o De-
creto n. 5737 de 2 de Setembro de 1874, no Districto Federal, ou
aquolle que fôr estabelecido pelas legislações locaes dos Estados.
(65) Arts. 30 o 29 do Regulamento,
A excepção de suspeíção será processada pelo
modo prescripto nos arts. 81 e seguintes do Re-
gulamento n. 737 de 25 de Novembro de 1850;
como se vê dos paragraphes que seguem.

§ 60
A excepção de suspeíção deve ser opposta em au-
diência e offerecida por advogado. (66) {Minas, art. 32 § 1).
§ 61
Se o Juiz reconhecer a suspeíção, o escrivão offi-
ciará ao substituto, declarando que lhe compete o conhe-
cimento do feito, por se haver reconhecido suspeito o
Juiz. (67) Minas, art. 32 § 2).

§ 62
Se o Juiz não reconhecer a suspeíção, ficará o feito
suspenso, até a decisão da suspeíção, e o escrivão remet-
terá inamediatamente os autos á autoridade compe-
tente. (68) {Minas, art. 32 § 3).

§ 63
O conhecimento das suspeições regula-se pelas regras
geraes do direito processual peculiar a cada organisação
judiciaria. {Minas, art. 32 § 4).

§ 64
Remettidos os autos, e sendo conclusos, decidirá o
juiz ad quem preliminarmente se é legitima a sus-
peíção. (69) {Minas, art. 32 § 5).

(66) Art. 81 do Regul. n. 737.


(67) Art. 82 do Regul. n. 737.
(68) Art. 83 do Regul. n. 737.
(69) Art. 85 do Regul. n. 737.
— 52 —
§ 65
A suspeição é legitima, sendo fundada nos seguintes
motivos :
a) inimizade capital ;
b) amizade intima ;
c) parentesco por consangüinidade ou affinidade até
o segundo gráo contado por Direito Canonico ;
(70) {Minas, por Direito Civil, art. 32 § 6, c);
ã) particular interesse na decisão da causa. (71)
(Minas, art. 32 § 6).

§ 66
Não sendo legitima a suspeição, será a parte con-
demnada nas custas em tresdobro, e a causa proseguirá
seus termos. (72) (Minas, art. 32 § 7).
§ 67
Sendo legitima a suspeição, o juiz aã quem ouvirá o
juiz averbado de suspeito, assignando-lhe termo razoá-
vel. (73) (Minas, art. 32 § 8).
§ 68
Findo o termo da audiência, cobrados os autos, sendo
mister, seguir- se-ha a dilação probatória que será de dez

(70) A suspeição para os peritos é até o quarto gráo contado


pelo Direito Civil (§ 43), que na linha collateral corresponde ao 2°
gráo contado por Direito Canonico. No Juizo Federal, cujo processo
é estabelecido pelo Decreto n. 848 de 11 de Outubro de 1890 e a
que oEeg. n. 737o serviu de base, seestatue a suspeição aos juizes
somente até o 2 gráo do Direito Civil, arts. 133—c—; por ana-
logia deverá ser a legitimidade da suspeição para os demais casos
contada até este gráo somente.
(71) Art. 86 do Regul. n. 737.
(72) Art. 87 do Regul. n. 737.
(73) Art. 88 do Regul. n. 737.
— 53 —

dias ; e, ouvidas as partes no termo de cinco dias assi-


gnados a cada uma délias, o juiz aã quem decidirá defini-
tivamente, e sem recurso, a suspeição. (74) (Minas,
art. 32 § 9).

§ 69

Se proceder a suspeição, pagará o juiz as custas


e a causa será devolvida ao substituto. (75) (Minas,
art. 32 § 10).

§ 70

Não procedendo a suspeição, proseguirá o feito e o


excipiente pagará as custas. (76) (Minas, art. 32 § 11).

§ 71

Quando o juiz averbado de suspeito fôr o juiz de


paz, guardar-se-ha a disposição do art. 63 § 10 do Decreto
n. 4,824 de 1871. (77) (Art. 30, paragrapho único).

§ 72

Os louvados não podem ser dados de suspeitos pela


parte que os apresentou, tendo esse direito a que os tiver
escolhido ou se recusado a isso. (Minas, art. 29).

(74) Art. 89 do KeguL n. 737.


(75) Art. 90 do Eegul. n. 737.
(76) Art. 91 do Eegul. n. 737.
(77) Este Decreto é o que regulamenta a Reforma Judiciaria de
20 de Setembro de 1871 e d;z o seguinte na referida disposição : —
«A decisão do juiz de direito sobre a suspeição é peremptória; se o
juiz de paz não se reconhecer suspeito, depos:tada a caução, subirá
o processo, com a resposta do juiz recusado, ao juiz de direito que
ouvirá, verbalmente e de plano, as testemunhas offerecidas pelo
— 54 —

A suspeição opposta ao louvado só poderá ter funda-


mento :
a) no parentesco, de accôrdo com o § 43; (78)
b) no particular interesse que tenha o louvado na
decisão da causa. (Art. 29; Minas, art. 30).

§ 73

A suspeição ao louvado será averbada no mesmo


acto e audiência, depois da louvação das partes ou no-
meação do juiz. (79) (Minas, art. 30 § I o ) .

* § 74

O juiz, na mesma audiência ou até a seguinte, to-


mará conhecimento verbal esummario da questão, redu-
zindo a termo a suspeição, interrogatórios, inquirição e
demais diligencias a que proceder e a sua decisão, da
qual não haverá recurso. (80) (Art. 29 § I e ; Minas,
a r t . 3 o § 2 o ).

§ 75

Quando a louvação fôr feita de accôrdo, conforme o


§ 49 (81), não será admissível a excepção de suspeição
dos louvados. (Art. 29 § 2o ; Minas, art. 31).

récusante o pelo juiz recusado, citadas umas e outras previamente


para deporem ». No Districto Federal tendo sido extinetos os juizes
de paz deixa de ter applicação o paragraphe.
(78) Até o 4o gráo consanguineo e afflm, contado pelo Dii oito
Civil. (Vide nota 57).
(79) Art. 195 do Eegul. n. 737.
(80) Art. 196 do Eegul. n. 737.
(81) Quando a louvação for feita por combinação harmonica das
partes.
— 55 —

CAPITULO V I I

Da acção propriamente dita

§ 76

Considerar-se-ha proposta a acção e contestada a


lide (82) para todos os effeitos de direito, (83) logo que
forem accusadas as citações e feita alouvação, ou arguida
a suspeição ao juiz (84). (Art. 32; Minas, a r t . 33).
Antes da contestação da lide ha apenas em
juizo a intenção do autor, tendo somente sido pra-
ticados actos preparatórios para a installação con-
tenciosa da acção ; installada ou propriamente
proposta a acção em juizo, terá lugar a discussão
articulada ou arrazoada do direito das partes que
deverá ser provada para apuração final da ver-
dade e julgamento. Nestas acções a petição terá
o caracter de libello e será a materia da prova
por parte dos autores.

^82) Proposta a acção está a lide contestada, ou por qualquer


resposta do réo á intenção do autor, ou pela sua revelia. "Ribfs,
arts. 257 e 204 § 3°; M. Soares, n. 137; Moraes Carvalho, §§352
e355.
(83) São effeitos da litis contestação no juizo divisório : I o pro-
duzir um quasi contractu em virtude do qual as partes se obrigam a
ouvir a sentença e estar pelo julgado ; 2o fazer a cousa litigiosa ;
3" constituir o réo em má fé, pelo que poderá ser condemnado nos
fruetos e interesses posteriores ; 4° interromper a prescripção ;
5o excluir todas as excepções (M. Soares, n. 138; Moraes Car-
valho, § 356).
(84) O que deverá ser feito, por via de artigos antes da lou-
vação. Vide § 59 e seguinte.
— 56 —

§ 77

Proposta a acção é concedido aos réos o termo de


uma audiência para virem com a contestação (85) ou
materia da defeza que tiverem, pena de lançamento.
(Art. 33).
LBGISL ESTAD. — Em Minas o prazo para a contes-
tação é de dez dias. (Art. 34).
No Espirito Santo a contestação é apresentada na
audiência em acto continuo á accusação das citações
(art. 147), podendo o próprio réo ou seu procurador
dital-a ao escrivão para ser escripta nos autos, ou expol-a
ao juiz para ser redigida habilmente com a maxima fide-
lidade. Na contestação o réo mencionará as provas que
tiver de produzir nomeadamente para cada um dos pontos
de sua defeza, exporá os effeitos que com ellas pretenda
alcançar, juntará documentos, se quizer, e dirá mais e
requererá quanto lhe convier a bem do seu direito.
Também será permittido o offerecimento da contes-
tação por escripto (art. 29).
Na contestação deve o réo dizer todos os
pontos da sua defeza, allegando os seus direitos e
as nullidades já existentes no processo.
Poderá também a contestação ser feita por
negação, caso em que se supprimirão todos os
termos da acção, passando-se logo a execução do
pedido. (86)
Não contestando o réo no prazo assignado
perderá o direito de fazel-o, sendo lançado. E' a

(83) O prazo da contestação começa a correr da continuação


dos autos com vista ao advogado, e cabe aggravo, cora fundamento
de damno irreparável, do despacho de lançamento da contestação
(Direito, vol. 65, pag. 174).
(86) Vido § 96.
— 57 —
contestação a única via de defeza ; porquanto o
Regulamento apenas admitte, fora a contestação
nesse termo do processo, a excepção declinatoria
do foro, ratione loci (Vide § 78 e nota).

Neste prazo e como preliminar, poderá ser interposta


excepção declinatoria do foro, ratione loci somente (87)
(Art. 33, paragrapho único ; Minas, art. 35 ; Espirito
Santo, art. 147).
Às únicas excepções admittidas pelo Regula-
mento no processo destas acções são a de suspeição,
opposta logo depois da louvação (vide § 59 e se-
guintes) e a de incompetência do foro (declinatoria
fori), e somente quando a incompetência fôr rela-
tiva ao território da demanda. Todos as mais
devem constituir materia de contestação.

§ 79
Da excepção se dará vista ao autor por cinco dias
para impugnal-a, findos os quaes o juiz rejeitará ou
receberá. (88) (Minas, art. 35 § I o ).
LEGISL. ESTAD. NO Espirito-Santo a vista é por
quarenta e oito horas. (Art. 46).

§ 80
Sendo a excepção recebida, será posta em prova com
uma dilação de dez dias depois da qual, conclusos os

(87) Tambom o Decr. n. 848 de 11 de Outubro de 1890, que


organizou a Justiça federal, no art. 122 determina que nas causas
de jurisdicçào federal só se admittem como materia de excepção
a suspeição e a incompetência.
(88) Art. 78 do Regul. n. 737.
— 58 —
autos com a prova produzida, e sem mais alienações o
juiz julgará definitivamente. (89) (Minas, art. 35~§ 2).
LEGISL. ESTAD. NO Espirito-Santo a dilação é de
cinco dias. (Art. 47).

§ 81
Sendo rejeitada a excepção, se assignará novo termo
ao réo para contestação (90) (Minas, art. 35 § 3o).

§ 82

Antes da materia de defeza propriamente dita, de-


verão os réos, na contestação, allegar as nullidades que
tenham occorrido até esse ponto, e o juiz, tomando logo
conhecimento summario e verbal, as supprirá ou pronun-
ciará. (Art. 34; Minas, art. 30; Esp. Santo, art. 147).
LEGISL. ESTAD. O Regul. Mineiro especificou as
nullidades do processo das acções de terras por forma
que pôde em geral ser observada, porque é a adaptação
das disposições do Reg. n. 737 (Arts. 072 e seg.). Diz o
Regul. Mineiro : —
E' nullo o processo :
a ) sendo alguma das partes incompetentes e não
legitimas, como o falso e não bastante procura-
dor, a mulher sem outorga do marido, o menor
ou pessoas semelhantes sem tutor ou curador ;
b) faltando-lhe alguma forma ou termo essencial;
c ) preterindo-se alguma fôrma estabelecida no re-
gulamento.
São formulas ou termos substanciaes do processo
divisório :
a ) a primeira citação (Cap. IV) ;

(89) Art. 79 do Regul. n. 737.


(90) Art. 80 do Regul. n. 737.
— 59 —
b ) a louvação;
c ) a contestação, quando tenha lugar;
d ) a dilação de provas (quando tenha havido contes-
tação) ;
e) a sentença ;
f) a publicação da sentença.
As referidas nullidades podem ser allegadas em
qualquer termo ou instância ; annullam o processo desde
o termo em que ellas se deram quanto aos actos relativos,
dependentes e conseqüentes ; não podem ser suppridas
pelo juiz. mas somente ratificadas pelas partes.
As demais formulas não mencionadas (91) se haverão
por suppridas, se as partes não as arguirem quando, depois
que ellas occorrem, lhes competir o direito de contestar,
allegar afinal ou embargar na execução a sentença.
Deve o juiz supprir ou pronunciar a nullidade logo
que as partes as arguirem pelo modo determinado.
As nullidades serão suppridas quando os actos e
termos posteriores forem independentes e não ficarem
prejudicados por ellas; devem porém, ser pronunciadas,
quando, pelo contrario ellas influírem sobre os actos
posteriores.
As nullidades arguidas, não sendo suppridas ou
pronunciadas pelo juiz, importam :
a ) na annullação do processo na parte respectiva, se
ellas causarem prejuizo áquelle que as arguiu;
b ) na responsabilidade do juiz pelas custas vencidas-
Se as fórmulas preteridas, mesmo no caso de serem
suppridas, o forem em prejuizo de menores e pessoa
semelhante, tem lugar a restituição. (Art. 36 §§ 1 a 8).

(91) Ha evidente equivoco no paragraphs respectivo do Regu-


lamento que diz : As demais fórmulas do § Io lettra B, se haverão
por suppridas, etc. Deve-se entender como está no texto.
— 60 —

§ 83

Mesmo que não tenham os réos que contestar, podem


argnir as nullidades, allegando-as por cota nos autos den-
tro do prazo marcado de uma audiência (art. 35), e para
seu conhecimento o juiz dirigir-se-ha, no que fôr applica-
vel, pelas disposições do Regai. n. 737. (92) (Art. 34;
Minas, art. 37).

§ 84

Exceptuadas as hypotheses dos §§59 (suspeição), 78


(incompetência ratione loci) e 83 (allegação de nullida-
des), qualquer que seja a fôrma pela parte adoptada para
deduzir sua defeza e qualquer que seja a materia desta,
será recebida como contestação e como tal processada
(art. 39) ; Minas, art. 42, mesmo versando sobre ques-
tões de propriedade ou outra considerada de alta indaga-
ção. (93) (Art. 37 ; Minas, art. 40).
LEGISL. ESTAD. NO Espirito Santo as questões de
propriedade, posse ebemfeitorias que se referirem aparte
do immovel que esteja situado no território de outra co-
marca visinha áquella em que o pleito se debate, apezar
da prorogação]da jurisdicção do juiz do feito (vide § 9),
taes questões deverão ser discutidas e liquidadas perante
o juiz territorial respectivo. (Art. 142 in fine).
Em geral nas causas que tem caracter administrativo,
como os inventários e estas de que tratamos, os incidentes

(92) Parte terceira,—Tit. IT, Cap. I do citado Regul. n. 737. -


arts. 672 a 679, cuja adoptação foi feita pela lei mineira. Vide
§ 82.
(93) Sio questões de alta indagação as questões propriamente
de facto, porquanto, garalmanta os praxistas não consideram tal
as questões que versam sobre direito. (Vide Primeiras Linhas Or-
phan, de Pereira da Carvalho, 8a edição, nota 5a).
— 61 —
e questões de alta indagação, são remettidos para as
vias ordinárias.
Xesta hypothèse aqui, porém, estabeleceu o Regula-
mento que seja a elucidação da questão, feita nos mesmos
autos e debaixo do processo estabelecido para o geral
destas acções.

§ 85
Sendo a contestação feita por negação ou não con-
testando a parte e sendo delia lançada, supprime-se todo
o processo da acção propriamente dita proseguindo im-
mediatamente. á requerimento da parte, a divisão ou
demarcação, que será a execução do que foi pedido na
petição inicial. (Art. 38 ; Minas, art. 41 ; Esp. Santo,
art. 153).
LEGISL. ESTAD. NO Regai, do Espirito Santo também
se consigna o caso, aliás subentendido, de confissão da
acção pelo réo, devendo então o juíz desde logo proferir
sentença procedendo-se a execução. (Art. 1-18).

§ 8>>

A contestação por negação será apreciada só pelo


merecimento da materia deduzida nas allegações poste-
riores á execução destes actos, por occasião de proferir-se
a seatença relativa á homologação délies. (94) Art. 38 ;
Minas, art. 41).

§ 87

Oíferecida a contestação, terão vista por cinco dias,


cada um, o autor para replicar e o réo para treplicar

(9-4) Vide §§ 142 e seguintes. Antes desta homologação terão as


partes vista para dizerem de facto e de direito sobre a divisão ou
demarcação operada.
— 62 —

(art. 36 ; Minas, art. 38), não havendo vista para tré-


plica se o autor replicar por negação ou não o fizer no
prazo assignado. (Art. 102 do Kegul. n. 737 de 1850).
LEGISL. ESTAD. NO Espirito Santo, offerecida a
contestação ficará desde logo a causa em prova com uma
dilaçâo peremptória de 20 dias.
A redacção do paragraphs parece dispensar
o despacho do juiz para que as partes tenham
vista para réplica e tréplica, o que aliás se ob-
serva geralmente, apezar da disposição similar do
art. 101 do Regai. n. 737. Se o texto dissesse: re-
cebida a contestação, era claro que avista deveria
ficar dependente do despacho do juiz que a rece-
besse ; mas dizendo offerecida a contestação parece
ter dispensado a intervenção do juiz, para prose-
guimento da discussão do feito.

§ 88

Findos os articulados, ficará a causa desde logo em


prova da terra ou de fora da terra, desde a assignação,
sob pregão, em audiência, por qualquer dos litis consor-
tes, independente de citação das partes ou de seus pro-
curadores. (Art. 40 ; Minas, art. 39; Espirito Santo,
art. 149).

§ 89
A dilação probatória é de um prazo peremptório de
vinte dias. (Art. 40; Minas, art. 39 ; Espirito Santo,
art. 149).
LEGISL. ESTAD. Em Minas esta dilação pôde ser
prorogada até mais 10 dias, havendo justa causa. (Lei
n. 17 de 20 de Novembro de 1891, art. I o n. 3) ; (art. 39,
parte final).
— 63 —

Dentro da dilação deverão ser produzidas as


provas de todo o gênero, por que houverem pro-
testado autor e réo, para verificação do allegado
na petição inicial e contestação.

§ 90

Finda a dilação probatória se assignarão em au-


diência dez dias a cada uma das partes, para arrazoarem
afinal (95). (Art. 41 ; Minas, art. 43; Espirito Santo,
a r t . 150.
Decorrida a dilação probatória lançar-se-hão
as partes de mais provas, em audiência, antes da
assignação do prazo para as razões.

§ 91

Findo o termo, o escrivão cobrará os autos e com


razões ou sem ellas, sellados e preparados, os fará logo
conclusos ao juiz. (96) (Minas, art. 43 § 1; Espirito
Santo, a r t . 150)
§ 92
Com as razões finaes poderão as partes juntar d o -
cumentos (97) que não obtiveram durante a dilação,

(95) São as razõesfinaesuma dissertação que cada uma das


partes faz, sustentando seu direito com argumentos fundados nas
provas dos autos e na lei e refutando as provas e argumentos con-
trários. São um optimo meio de discussão, mas não acto substan-
cial. Paula Baptista Theor. e Prat. § 175 : Cândido Mendes, Cod.
Philip, nota 3 ; Ord. L. 3o Tit. 20, § 41.
(96) Art. 224 do Regal, n. 737.
(97) Sendo os documentos apresentados pela parte que por
ultimo arrazoou, a praxe tem admittido dar-se nova vista ao que
disse em primeiro lugar, para responder aos documentos. Diz
Orlando, em a nota 157 do art. 226 do Regul. n. 737 : não é admis-
sível e nem constitue nullidade o não ter de novo vista o advo-
gado que já arrazoou para dizer sobre os documentos juntos pelo
— 64 —

ou aquelles que versarem sobre questões que de novo


tenham occorrido. (98) {Minas, art. 43 § 2; Espirito
Santo, arts. 150 e 152).

§93

Nas allegações finaes poderão as partes accumular


todos os requerimentos que lhes convier, e, se requererem
deixando de arrazoar, será o feito concluso, sem novo
termo para as allegações (99) e independeute de lança-
mento (100) {Minas, art- 43 § 3 ; Espirito Santo, arts. 150
e 152).

§94

Se houver litisconsortes, dirão afinal todos por um só


advogado, dentro do mesmo termo. (101) (102). (Art. 42;
Minas, art. 43, § 4 ; Espirito Santo, art. 151).

outro. — Revista n. 8.969 de 29 de Agosto de 1876 — Gazeta Jurí-


dica, tomo 14, pag. 230. Entretanto, achamos mais razão em Paula
Baptista quando commenta o § 175 da sua Theoria e pratica, com
as seguintes considerações: Esta praxe tem solido fundamento:
pois tende a evitar que a parte, que por ultimo tem de fallar,
guarde documentos e novos argumentos para o momento decisivo,
em que o autor já não possa retorquil-os : pelo que não ha razão
para que deixe de ser aceita no juizo commercial.
O Eegulamento do processo federal foi também omisso sobre a
materia. Assim não deve a velha praxe ser revogada.
(98) Art. 225 do Regai. n. 737.
(99) Como se vio em a nota 95 as razões finaes não são actos
substanciaes. Cândido Mendes, Código P/ii'ip., nota 3, Ord. L. 3°
tit. 20, §41.
(100) Art. 226 do Regul. n. 737.
(101) Art. 227 do Regal, n. 737.
(102) Em contrario escreveu Moraes Carvalho, § 654. — Sendo
muitos os litis consortes, devem todos responder em um termo
e até responder por uni só advogado ou procurador, se é idêntico
o direito d'elles ; mas quando for diverso, devem ser os litis con-
sortes admittidos a defender-se cada um por seu procurador ; Silveira'
— 65 —

95
§
Se, examinados os autos, o juiz entender necessária,
para julgar afinal, alguma diligencia, ainda que lhe não
tenha sido requerida nas allegações finaes, apodera orde-
nar, marcando para isso o prazo conveniente. (103)
Minas, a r t . 41).

§ 96
Julgando o juiz que a causa se acha em estado de
ser decidida, dará sua sentença definitiva ou mandando se
proceder como se pede na petição inicial, no todo ou na
parte, ou attendendo o que se pede na contestação, tudo
segundo as regras do direito e provas dos autos. (104)
(Minas, art. 45; Esp. Santo, art. 154).
LEGISL. ESTAD , Em Minas tem o juiz o prazo de
trinta dias para proferir essa sentença. (Art. 45).

§ 97
A sentença (105) deve ser clara, summariando o juiz
o pedido e a contestação com os fundamentos respectivos,

a Ordenação, L. 3o Tit. 20, § 41, n. 4. E mais diz o mesmo


illustre autor em a nota 373 : Esta doutrina é de uma evidencia
irrecusável : muitas vezes os interesses dos réos são inteiramente
oppostos entre si ; e dada esta circumstancia, seria uma injustiça
obrigal-os a defender-se por um só procurador ou simultaneamente
debaixo do mesmo termo do vista ; a Ordenação, L. 3 o citado,
§§ 40 o 41, trata de casos diversos.
Consignamos a disposição somente em obediência á expressa
disposição da lei. A praxe ha muito ó outra : dentro do prazo legal
dizem por sua vez os advogados dos litis consortes, dividindo-se
proporcionalmente o referido prazo.
(103) Art. 230 do Regul. n. 737.
(104) Art. 231 do Regul. n. 737.
(105) Sentença é a decisão proferida pelo juiz sobre a questão
submottida ao seu conhecimento. Paula Baptista § 178. Exige da
parte do Juiz instrucção. exame aprofundado, honra a boa fé. Assim
ó D. T.
— 66 —

motivando com precisão o seu julgado, e declarando


sob sua responsabilidade a lei, uso e estylo em que se
funda. (106)

§ 98
O juiz publicará (107) a sentença em audiência (108)
ou a dará por publicada em mão do escrivão, lavrando
este nos autos os termos competentes. (109) (Minas,
a r t . 45, paragraphs único).

§ 99
A sentença publicada em audiência, se a ella não
foram presentes as partes ou seus procuradores, ou dada
por intimada em mão do escrivão não produz effeito sem a
intimação destes.(110) (Minas,art. 45,paragraphs único).

as causas das injustiças são a ignorância, a inconsideração e a de-


pravação; as duas primeiras fazem nascer o erro, e a terceira a
fraude e o crime (nota ao § 178 do cit. A, — Sobre a sentença e seus
requisitos, veja-se P. Baptista, Cap. 1° da Secçâo VI, §§ 178 e se-
guintes ; Moraes Carvalho, Cap. XXII; Ramalho, Praxe, §§ 223 e
seguintes ; Pereira e Souza, §§ 278 e seguintes, notas 560 e seguin-
tes ; Pimenta Bueno, Apont. sobre o Proc. Cirü, Tit. 5.°
(106) Art. 232 do Regul. n. 737.
(107) A sentença só produzirá effeito depois de passada em jul-
gado, isto é, depois de decorrido o prazo que as partes têm para
usarem do recurso que contra a sentença a lei lhes faculta : por
i-so, ella deve ser publicada para que delia as partes tenham scien-
cia e comece a correr o prazo do recurso.
(108) A publicação das sentenças do juiz em audiência, exce-
pção do foro da capital, tem cahido em geral desuso, fundado na sua
quasi inefficacia : pois, para que ella produza effeito é mister que
as partes ou seus procuradores estejam piesentes, o que nem sem-
pre occorre. Unicamente nos casos em que a lei é expressa tem-se
observado essa praxe, como nos processos dos crimes de alçada
definidos no art. 12 § 7° do Cod. do Proc. Crim. nas acções summa-
rias, etc.
(109) Art. 233 do Regul. n. 737.
(110) Arts. 224 e 35 do Regul. n. 737. Vide nota 107 ao § 98.
1Q
§ o
Desta sentença cabe appellação (111) que será rece-
bida nos effeitos regalares (112) (Art.44; Minas, art. 46).
LEGISL. ESTAD. Era Minas o Regulamento dispõe
genericamente que da sentença também cabe embargos.
(Art. 46).
A parte que não se conformar com a sentença
que determinar a divisão ou demarcação, tem o
recurso de appellar para a instância superior e
essa appellação teiú força de suspender a sua
execução. Os autos originaes deverão ser apre-
sentados á superior instância ficando traslado.

§ 101
Também são admissíveis contra a sentença embargos
de declaração (113) e de restituição in integrum (114)

.(HI) Appellação é o recurso interposto pela parte, ou por ter-


ceiro prejudicado pela sentença, ou pelo juiz ex-o/ficio, para o su-
perior legitimo, aflm de que este, tomando conhecimento dos autos,
mantenha ou reforme a sentença definitiva ou com força do defini-
tiva, que foi appellada—Donde nasce a divisão de necessária e volun-
tária, sendo ajuella, a que o juiz inferior interpõe ex-o/ficio, e da
que usa, necessariamente, por força da lei que tal lhe impõe. — Vo-
luntária, diz-se a provocada pela parte. A appellação deve ser inter-
posta dentro dos dez dias que se seguirem á publicação ; como já
se vio (nota 105), para que a publicação produza os seus devidos
effeitos é mister que as partes tenham conhecimento official delia.
(112) ü recurso da appellação tem sempre o effeito de devolver
a causa á superior instanc ; a, e ás vezes, de suspender a execução da--
sentença appellada ; donde nascem os seus dous effeitos : devolutivo
e sitspensivo.
(113) Vide § 103 adiante.
(114) Restituição in integrum é o beneficio de que gozam cer-
tas pessoas para o effeito de poderem reabrir a instância depois de
sentença no caso de lesão. Gozam desse beneficio em geral os in-
capazes, como os menores e os interdictos. (Ord. L. 3 o Tit. 41) : os
— 68 —

(Art. 43), que deverão ser oppostos dentro de dez dias


da publicação ou intirnação delia. (115)

102
§
Os embargos de restituição só serão admittidos
quando os embargantes não tiverem sido partes desde o
principio da causa ou não se lhes tiver dado tutor ou
curador (Vide nota 44), ou o tutor ou curador tiver
deixado de arguir alguma nullidade do processo no
termo legal. (116)

§ 108
Os embargos de declaração só terão lugar quando
houver na sentença alguma obscuridade, ambigüidade,
ou contradicção ou quando se tiver omittido algum ponto
sobre que devia haver condemnação. (117)

§ 104
Em qualquer destes casos requererá a parte por
simples petição que se declare a sentença, ou se
expresse o ponto omittido de condemnação. (118)

§ 105
Junta a petição aos autos, serão estes conclusos, e
decidirá o Juiz sem fazer outra mudança no julgado (119)

ausentes (Trigo de Loureiro, Direito Civil § 235 n. 2); a Fazenda


Nacional (Souza Bandeira, Manual ão Procurador dos Feitos, § 1 4
n. 3).
(115) Art. 639 do Eegul. n. 737.
(116) Art. 640 do Eegul. n. 737.
(117) Art. 641 do Regul. n. 737.
(118) Art. 642 do Eegul. n. 757.
(119) Art. 643 do Eegul. n. 737.
— 69 —
§ 106
Os embargos de restituição serão deduzidos nos
próprios autos, pedindo-se para isto vista ao juiz que a
dará por cinco dias tendo além disso cada uma das partes
igual prazo para a impugnação e sustentação dos mesmos
embargos. (120)
§ 107
Se a materia destes embargos depende de factos que
só possam ser provados por testemunhas, o juiz conce-
derá uma só dilação de dez dias para a prova, findos os
quaes o escrivão fará os autos conclusos ao juiz que
délies conhecerá como direito for. (121)

CAPITULO OITAVO
Da execução
§ 108
Tendo passado em julgado a sentença que julgou a
acção de divisão ou demarcação, obrigando as partes ao
pedido, ou lançados os réos da contestação, ou sendo esta
feita por negação, designará o juiz, a requerimento de
qualquer dos litisconsortes, a primeira audiência especial
para installai- os trabalhos da divisão ou demarcação,
sendo notificados, por carta, o agrimensor e arbitradores
e citadas as partes, sob pregão em audiência, não ha-
vendo procurador ou não sendo este encontrado. (Art. 45 ;
Minas, art. 48; Esp. Santo, arts. 153 e 155).
Como vimos no § 33, para a execução não é
preciso nova citação das partes.

(120) Art. 644 do Regai. n. 737'.


(121) Art. 645 do Regai. n. 737.
— 70

§ 109
A parte propriamente executoria do processo "segue
nos mesmos autos e é feita em diligencia no immovel,
dividendo ou demarcando, objecto da acção. (122)

§ 110
Para a execução da sentença proferida em gráo de
appellação basta a cópia authentica do julgado da supe-
rior instância tirada pelo escrivão da appellação e rubri-
cada pelo Juiz superior ou Presidente do Tribunal. (123)
(Art. 69; Minas, art. 73).
Esta disposição dispensa a extracção da carta
de sentença.

§ m
Eemettida officialmente ao juiz executor e exarado
o seu « cumpra-se», será a dita sentença junta (124) ao
traslado do feito, afim de ter nelle a devida execução,
quando requerida. (Art. 69 ; Minas, art. 73, paragraplio
único).

(122) Diligencia é o acto praticado pelo juiz fora do lugar


eommum para a pratica dos actos judiciaes. ;\as diligencias de-
verá o juiz ser acompanhado dò escrivão e do official de justiça,
que, sendo necessário, fará o papel de porteiro, apregoando e
abrindo as audiências especiaes ao toque de campainha.
(123) O regulamento refere-se somente a julgamento da appel-
lação por Tribunal. Entretanto deverá delia tomar conhecimento a
autoridade judiciaria, singular ou collectiva, de accordo com a
organisação judiciaria local.
(124) Junta-se a cópia official no traslado porque os autos ori-
ginaes seguem para o Juizo de 2 a instância.
Entretanto, como é geral e não foi pelo Regulamento revogado
pederá seguir a appellação independente de traslado, se as partes
nisso convierem, caso em que terão de voltar os autos originaes
do Juizo Superior. Regul. n. 5.467 de 12 de Novembro de 1873.
Art. 17.
— 71 —

§ 112

O proniovente da divisão ou demarcação prestará a


necessária aposentadoria ao Juizo, durante o tempo da
diligencia, apresentando afinal a importância das des-
pezas para ser incluída, como o honorário do agrimensor,
na conta e rateio proporcional das custas. (Art. 72 ;
Mina*, arts. 79 § e 74; Esp. Santo, art. 178).
LEGISL. ESTAD. Minas. — O juiz poderá modificar a
conta exhibida se lhe parecer exagerada, reduzindo-a a
uma justa proporção. (Art. 79, paragrapho único).
Alem da aposentadoria, deverá a parte prestar
conducção para o pessoal do Juizo se transportar
de sua sede ao lugar da diligencia.

I
PRIMEIRA DILIGENCIA (124)

NAS DIVISÕES E DEMARCAÇÕES

§ 113
Na audiência especial (125) da primeira diligencia
se procederá: (126)

(121) LEGIST,. ESTAD. —Em Minas a lei n. 72 de 27 de Julho


de 1893, que modificou diversas disposições das leis anteriormente
decretadas sobre organisação judiciaria e processo, mandando obser-
var no Estado o Regul. n. 720 sobre divisão c demarcação, introdu-
ziu entretanto nolle varias modificações entre as quaes estatuio que
houvesse apenas uma deligencia do Juizo (art. 38 § 3 da lei 72).
Essa disposição porém, não era do fácil accommodação ao regi-
men do Regul. 720 adoptado no qual era essencial que o Juiz assis-
tisse á installação dos trabalhos de campo para verificação do ponto
de partida, e posteriormente, feita a demarcação ou concluidos os
trabalhos preparatórios da divisão, fosse novamente ao lugar da dili-
gencia percorrer os rumos e marcos no primeiro caso, e no
segundo presidir e dirigir o trabalho da divisão e partilha do im-
movel.
Comprehende-se bem que durante o serviço puramente technico
que o Eegulameto confiou á responsabilidade profissional do agri-
mensor ou do pratico regularmente nomeado, a presença do juiz
seja dispensável no terreno a dividir ou demarcar; comprehende-se
mesmo que nas demarcações a segunda diligencia do juiz poderá
ser as mais das vezes dispensável, desde que o perito levantar as
plantas o os rumos de accordo com os documentos e declarações
que tenham sido previamente discutidos e reconhecidos por sen-
tença. Na segunda parte porém, dos trabalhos de uma divisão de
terras a presença do juiz é indispensável. O Regulamento esta-
beleceu que nesse período do processo as partes podem apresentar
verbalmente ou por escripto ao juiz pedidos e reclamação sobre o
modo de ser feita a partilha, este terá de decidir questões que se
levantem entre os arbitradoros, originárias da formação de qui-
nhões, instituição de servidões e tantos outros assumptos para cujo
conhecimento é mister que o juiz de visu estude e verifique o caso.
A meio trabalho terá o juiz de proferir o despacho de deliberação da
partilha o se elle não estiver no local terá a diligencia de ser nova-
mente interrompida para que os autos venham a sede da comarca
onde assiste o juiz. Dessa forma só'se poderá sapprimir o com-
parecimento do juiz a essa diligencia modificando-se radicalmente o
regimen do Rígalaniento o que a lei mineira não fez, pois conservou
todas as disposições delle, nada acerescentando que pudesse escla-
recer o modo pratico de conciliar as apontadas difíiculdades. E1
natural portanto que tenham surgido na pratica do Regulamento
Mineiro as duvidas de que dá noticia o Forum de 30 de Julho de 1897,
a fis. 474 e segs.
Parece-me que o meio de se resolver o caso seiia entender se
a lei como não prohibíndo a segunda diligencia, mas somente não
a tornando necessária. E assim deve ser realmente. O Regul. n. 720
manda expressamente que essa segunda diligencia se faça : O
Regul. Mineiro dispondo que não haverá mais de uma diligencia
não inhibe as partes de a requrerem e o juiz de a conceder, sendo
conveniente que ella se realize ; o que elle quiz fazer foi evitar que
a diligencia se fizesse, quando inutil ou dispensável, isto é, que hou-
vesse necessariamente mais de uma diligencia do Juizo.
Quanto a outra duvida também levantada em Minas sobre quem
deverá escrever as folhas do pagamento, não se me afigura, data
— 73 —

vertia, que a jurisprudência que o mencionado n. do Forum noticia,


seja a mais razoável.
Desde que o juiz assigna essas folhas de pagamento (art. 63
do Regul. Mineiro) ellas deverão ser feitas em sua presença o por-
quem escreve para o juizo. O juiz só assigna autos ou termos
relatando actos ou diligencias que elle preside, e esses autos ou
termos só podem ser lavrados pelo escrivão a seu cargo. E' este
um preceito gera' de direito processual de que não conheço exce-
pção. Assim é força conc'uir que se as folhas de pagamento são
lavradas na diligencia e assignadas pelo Juiz, este deve estar pre-
sente á diligencia e o escrivão é quem as deve lavrar.
Ha porém ainda um meio do ladear essa dificuldade e conci-
liar neste ponto o processo da divisão com a ausência do juiz : é
proceder-se como se faz nas partilhas dos inventários : — o agri-
mensor e os arbitradores fazem, como os partidores, em separado
as folhas de pagamento a cada condômino e o juiz, indo esse
trabalho appenso aos autos princípaes, o mandará lançar nos autos
pelo respectivo escrivão, assignando elle e os peritos.
Esta solução e muitas outras, para outras dificuldades que
necessariamente deverão apparecer na pratica do regulamento,
poderiam ter sido apontadas e reguladas. O Regul. Mineiro parece
não attender muito a disposição citada da lei n. 72, tanto assim
que o art. 70 expressamente dispõe que findo os trabalhos da demar-
cação o juiz e os arbitradores deverão percorrer os limites assi-
gnalados e examinar os marcos de que se lavrará auto circumstan-
ciado, o que eqüivale a determinar necessariamente a segunda
diligencia, que a lei condemnou, o nas demarcações onde cila as
mais das vezes é perfeitamente ociosa.
(125) Audiência especial é aquella na qual o juiz não tem que
attender senão aos interessados na questão, para que ella foi deter-
minada. Devem ser abertas ao toque de campainha pelo porteiro ou
oficial da diligencia, que fará as vezes daquolle oficial, e uella dever-
se-ha guardar, quanto possível, tudo quanto se observa nas audiências
geraes do juizo. Diz M. Soares, nota 1 ao n. 167, L. 1°: O regimento
é o mesmo commum da Ord. L. 3, T. 19. Assim, apezar de ser na
roça, em sitios fora do povoado, dentro do marto, no campo, ou
em praia deserta, cumpre que o juiz, escrivão, advogados, partes
c pessoal do serviço, se apresentem com a decência compativel
á posição de cada um e ao decoro exigido pela solemnidade do
acto.
(126) No termo da primeira audiência deverá constar o con-
trato feito com o agrimensor para os trabalhos technicos, quando
esse contrato não constar do termo do louvação.
— 74 —

a) ao exame e conferência dos títulos das par-


tes; (127)
b ) á verificação do ponto de partida da medição do
perímetro para se determinar preliminarmente
a extensão superficial do immovel dividendo ;
ou, tratando-se de demarcação, ao reconheci-
mento do marco primordial, rumos e quaesquer
vestígios que sirvam para fixar a base das ope-
rações (128) (129). (Art. 46 §§ I o e 2 o ; Minas,
arts. 49 e 69; Esp. Santo, art. 159).

(127) O exame e conferoncia dos títulos das partes, nesta


occasiao, não tem a importância que ao acto se ligava no processo
estabelecido anteriormente pela praxe o jurisprudência dos Tribu-
nacs : porquanto, polo processo ora estabelecido, quando se chegar
a este termo da acção, já estará o pedido do autor discutido e jul-
gado ou tacitamente confessado pela parte. Sobre a conferência dos
'liidos convém a leitura dos ns. 169 e seguintes de Macedo Soares
citado, L. I o .
(128) Veja 5 117 e notas respect!
(129) Pela velha praxe, na primeira audiência especial proce-
dia-so mais : I o ao exame e rectifleaçao da agulha, da corda e mais
instrumentos que tinham de servir na medição ; 2o ao juramento, dos
louvados. M. Soares, n. 168, L. 1.°. Relativamente ao juramento, que
ora foi substituído por um compromisso, estabeleceu o Regulamento
mais vantajoso processo. Vide § 50 e seguintes, commentaries e
notas respectivas. Km relação ao exame, que o Juiz fazia nos instru-
mentos da medição, foi uma medida digna de applauso o seu
desapparecimento do processo. Os trabalhos tcchnicos são da res-
ponsabilidade exclusiva do agrimensor (§ 118), elle responde pelos
seus instrumentos (§ 119) ; assim, vinha a ser iniproficuo e mera-
mente formalista esse exame do Juiz, em geral completamente
estranho á materia e desconhecendo os instrumentos que muitas
vezes via pela primeira vez. Confesso que não foi sem vexame que
tive de proceder, varias vezes, a essa verificação, como juiz em
medições e divisões, parecendo-mo que nos olhares dos cirenm-
stantes se lia um vislumbre de malícia, por aquelle acto de char-
latanismo profissional, a que mo impunha a velha usança, geral-
mente adoptada. B estou certo que esse phenomeno se operou no
espirito de quasi todos os meus collegas, em idênticas circurnstaneias.
— 75 —
LEGISL. ESTAD.—Esjp. Santo. A pregação do pri-
meiro marco é feita sob pregão, que o Regulamento n. 720
aboli o (art. 156).
Todo o trabalho technico das divisões e
demarcações é da exclusiva responsabilidade do
agrimensor, (130) porém, a base para o trabalho,
que é o ponto de partida para a divisão, ou a
designação do marco primordial do rumo ou ves-
tígio, para a demarcação, deverá ser reconhe-
cida na presença do Juiz, que a authenticará
solemnemente de accôrdo com os interessados.

§ 114
Podem as partes offerecer testemunhas informan-
tes (131) que poderão comparecer independentemente de

cora grande prejuízo da seriedade e autoridade dos actos pra-


ticados pelos ministros do poder judiciário, ainda mesmo que se
faça, como fiz, leituras especiaes sobre o assumpto antes de seguir
para a diligencia, o que se tornou facilimo para o juiz depois
do appareciraento da obra do Sr. Macedo Soares, que no Livro
segundo, se occupa das noções elementares de topographia pratica
com applicaçâo ao processo judicial das medições e demarcações,
e onde se encontram todos os conhecimentos precisos, expendidos
com o cunho de maestria que caractérisa os trabalhos do illustre
autor.
(130) Veja-se § 118.
(131) Devem ser homens velhos, antigos moradores do lugar
em questão, tidos e havidos por chãos e abonados : isto é, inde-
pendentes das partes, honestos o som suspeita de mentira ou
outro defeito—M. Soares, n. 153 L. I o ; porquanto, é seu mister in-
formar os peritos dos velhos rumos e marcos existentes e da
memória e chronica do sitio.
A testemunha informante poderá prestar vantajoso concurso
ao agrimensor para a descoberta dos marcos centenares, oceultos
sobre o viço das vegetações ou sob a aecumulação sobreposta das
continuas camadas de folhas seccas de uma longa série, de ou-
tomnos, mas que, perdidos sob urna abobada secular de floresta,
— 76 —

citação (132). (Art. 4 7 ; Minas, art. 50; Esp. Santo,


art. 156).
§ 13 5
O Juiz fará essas testemunhas prestarem o compro-
misso de bem e fielmente esclarecerem os peritos sobre os
pontos de facto, concernentes á confinação do immovel, e
se dolosamente forem infiéis, causando prejuízo aos litis-
consortes ou a terceiros, ficam sujeitas ás penas de falsi-
dade, mediante processo. (133) (Art. 47 ; Minas, art. 50;
Esp. Santo, art. 157, paragrapbo único).

perduram eternamente para a todo o tempo attestar o trabalho


do homem e authenticar a propriedade.
Uma testemunha informante, com a indicação de uma arvore
secular que tenha zombado da fúria das tempestades ou da faina
devastadora do homem, poderá ser mais util que toda a dis-
cussão havida no processo e mais clara, para a verificação de
uma divisa, qua o longo con"ronto da graphia colorida dos
mappas e das formulas tabelliôas das eseripturas o dos roteiros.
Aos informantes tem applicação as regras geraes a respeito
das testemunhas. (Vide Pereira e Souza §§ 273 e seguintes e
notas respectivas).
(132) A praxe estabeleceu que as testemunhas fossem citadas
para comparece:' em certo dia e lugar para prestar os seus de-
poimentos, não se admittindo que as partes as trouxessem a juizo
independentemente de mandato judicial, e isso com fundamento
na Ord. do L. 3o Tit. 57, que determina que depois da nomeação
das testemunhas em jaizo não pôde mais a parte fallar com ellas,
sob pena de ficar sem effeito o que ellas houverem deposto.
O espirito moderno, porém, é outro. O art. 174 do Regula-
mento da Justiça Federal, de 11 de Outubro de 1890 determina
que as testemunhas podem comparecer independente de citação :
já se encontrava igaal disposição no ar:. 180 do Regai. n. 737
de 1850, que tem servido de base para a recente legislação pro-
cessual e que hoje igualmente se applica no eivei por força do De-
creto n. 703 de 19 de Setembro de 1890.
(133) O art. 262 do Código Penal promulgado pelo Decr.
n. 817 de 11 de Outubro de 1890 resa assim:
Art. 262. Asseverar em juizo, como testemunha, sob jura-
mento ou affirmação, qualquer que seja o estado da causa e a
— 77 —

Esse compromisso, como já vimos em relação


aos peritos, corresponde ao velho juramento reli-
gioso. (134)
§ 116
Sempre que os peritos o requererem, as informações
prestadas por essas testemunhas serão tomadas por es-
cripto (Art. 47 ; Minas, art. 50 ; Esp. Santo, art. 157).
Essa providencia deverá ser sempre adoptada
quando as informações das testemunhas forem de
importância e tiverem de determinar o procedi-
mento dos agriinensores. Scripta manent e esses
testemunhos escriptos servirão de documento cora-
probatorio do conhecimento que tiveram os peri-
tos, para salvaguarda de sua responsabilidade.
§ 117
Reconhecido ou verificado o ponto de par-
tida da medição e divisão ou o marco ( 135 ) ou
natureza do processo, uma falsidade; ou negar a verdade, no todo
ou em parto, sobre circumstanci'as essenciaes do facto a respeito
do qual depuzer.
§ Io—Se a causa em que se prestar o depoimento for civil :
Penas: de prisão cellular por três mezes a um anno .
Art. 263 — Paragraph) único.—A pena será augmentada da
terça parte so o aceusado deixar peitar-se, recebendo dinheiro,
lucro ou utilidade para prestar o depoimento falso ou fazer decla-
rações falsas verbaes ou por escripto.
Corresponde aos arts. 169 do Código Criminal Brasileiro,
de 1830 — Jurar falso em juizo — cuja pena era de prisão com
trabalho de um mcz a um anno.
(134) Vido paragrapho 50, nota 60.
(135) Marcos são postes do pedra ou madeira de lei com certos
requisitos especiaes, quo são plantados para determinar as extre-
mas e confins das propriedades. São principaes ou conduetores. Os
principaes tomam o nome de primordiaes ou peões quando indicam
ponto de partida da medição ; quando mostram o ponto onde acaba,
chamam-se marcos tenninaes ; geralmente os marcos são simulta-
neamente primordiaes e terminaes, porque onde acaba um rumo
— 78 —

rumo (136) primordial da demarcação, (137) c o n t i n u a r ã o


as operações para o levantamento da planta, sem a

começa outro. Os conãnctores, também chamados marcos de segui-


mento, não são revestidos das solemnidades exigidas para os prin-
cipals mas são de muita utilidade para auxiliar a verificação e
conhecimento do rumo. Estes são plantados entre os principaes e
equidistantes, em certa proporção. .
Os marcos primordlaes são collocados nos ângulos foi mad os
pelas linhas do rumo.
Para as medições praticadas pelo juizes commissarios os marcos
eram revestidos de solemnidade e distinetivos essenciaes como se vê
das instrucções mandadas observar, pela Portaria de 19 do Dezem-
bro de 1855, organisadas pela Repartição geral das terras publicas,
(Macedo Soares, cap. V do L 2°) que recommenda as formali-
dades e requisitos que se devem observar na feitura dos marcos.
Nas divisões particulares, mesmo judiciaes porém, o uso tem esta-
belecido que o marco seja uma pedra comprida, plantada em lugar
certo, sem que se gravom lettras, nem se apure tamanho. O essen-
cial é que no memorial ou derrota se descreva o marco e o lugar
onde foi plantado, de modo a os tornar reconhecíveis.
Aos lados dos marcos se cravam duas pedras menores a que se
chamam testemunhas e servem para assignalar a direcção dos lados
do angulo, de que o marco é o vértice.
A velha praxe estabeleceu que o marco não fosse cravado sem
ser primeiramente apregoado pelo porteiro ou official da diligencia
para vêr se alguém se oppunha á cravação projectada.
Esses pregões de cravação de marcos foram abolidos e essa
operação despida de toda a solemnidade judicial, ficou reduzido a
um simples acto de agrimensor.
(136) Rumo é a porção de terreno onde passa a linha ideal da
divisão. E' de ordinário o caminho que separa os dois prédios
visinhos ou estrada publica ; e quando não está aberto, o espaço
que deve oecupar é, segundo o nosso estylo, de uma braça, ou sejam
10 palmos, ou 2 metros e 2 decimetros. Macedo Soares, n. 87 e
seguintes do L. 1.° O terreno oecupado pelo rumo é commum aos
donos da terra que elle divide, Borges Cam. L. IV § 88, n. 9.
Convém a leitura de Macedo Soares n. 181 e seguintes do L. 1°
e Borges Carneiro, Direito Civil, L. IV §§ 87 e seguintes onde se
encontram regras e praxe nesta materia.
(137) O reconhecimento dos rumos e marcos se verifica : a) pelo
depoimento das testemunhas informantes ; b) pelas averiguações
do agrimensor, de accôrdo com os vestígios locaes e depoimentos,
— 79 —
permanência do juizo no lugar da diligencia. (Art. 50;
Minas, art. 51 ; Esp. Santo, arts. 156, paragrapho único
e 174).
Desde que o trabalho que se segue á veri-
ficação primeira do ponto, base das operações, é
puramente technico e de materia em que o juiz é
leigo, poderá ser ociosa a continuação da estada
do juiz no lugar dos trabalhos ; esse facto ape-
nas acarretaria despezas extraordinárias para as
partes, além do atraso do expediente geral dos
demais serviços do foro, sem vantagem alguma,
attendendo-seque a responsabilidade toda do tra-
balho pertence exclusivamente aos agrimensores.
Emtodo o ?aso, porém, se fô.r conveniente para
maior regularidade do trabalho e evitar questões,
que quasi sempre surgem em pleitos desta natureza,
e se as partes requererem, o Juiz poderá permane-
cer durante o tempo da diligencia no lugar delia.
Quando fôr somente alguma das partes que
exija esse comparecimento, sem accôrdo geral,
é curial que por sua conta exclusiva corram as
despezas respectivas.
LEGISL. ESTAD. — No Espirito Santo é expresso no
Regulamento que o Juiz poderá permanecer no lugar da
diligencia se as partes o requererem. (Art. 174).
§ US
O agrimensor deverá executar, sob sua responsabili-
dade, (138) todo o trabalho technico para organisação do

fama da visinhança, títulos o mais documentos : c) por todo o gê-


nero de provas. Macedo Soares, n. 182, L. l.°
(138) O novo Código Penal promulgado pelo Decr. n. 847 de
11 de Outubro de 1890 estatúe :
« Art. 263. Todo aquelle çue, intervindo em causa civil ou cri-
minal no caracter de perito, interprete ou arbitrador, fizer ou
— 80 —

memorial descriptivo da medição (art. 52) e levantamento


da planta do immovel dividendo ou fará a delimitação
total ou parcial do immovel demarcando, de accôrdo com
os preceitos estabelecidos no De cr. n. 451 B de 31
de Maio de 1890, (139) devendo ter em vista as
forças dos titulos ou a sentença, e obter os possiveis

escrever declarações ou informações falsas, será punido com


as mesmas penas, guardadas as distincções do artigo anterior.
(Art. 262 § 1°, se a causa em que prestar o depoimento fõr
civil—penas : prisão cellular por três mezes a um anno).
(139) B' o Decreto que estabeleceu o registro o transmissão
de innuoveis pelo systema Torrei)s.
Consiste o seu fim em estabelecer um systema efficaz de pu-
blicidade immobiliaria e commercialisar a circulação dos titulos
relativos ao domínio sobre a torra (Ruy Barbosa, Exposição de
motivos ao chefe do governo provisório), para o que se estabelece
um livro do registro das terras, com todos os seus gravâmes, do
qual recebe o proprietário uma certidão ou titulo, com o qual
poderá commerciar, como se fora uma letra do cambio ou acção
de companhia.
Para a inscripção do immovel no registro da Lei Torrens ó
proc'so que seja elle previamente medido c demarcado ; porquanto
o art. 7o do Decreto exige que o requerimento para a inscripção
seja inst.'uido com a respectiva planta. O art. 22 estabelece os
requisitos e preceitos necessários para essa planta exigidos.
Assim, determinou o Regulamento que nas divisões e demar-
cações, para que a planta tivesse os requisitos para a inscripção
do immovel no registro Torrens, fosse ella feita de accôrdo com
o art. 22 da Lei Torrens. Esse artigo estabelece "para o levanta-
mento da planta os seguintes preceitos, que devem ser observados
em todas as medições e demarcações :
1.° As plantas serão levantadas mediante goniometros. inde-
pendentemente de bússola.
2.° Serão orientadas segundo o meridiano verdadeiro do lugar
determinada a declinação magnética.
3.° Alem dos pontos de referencia necessários para as verifi-
cações ulteriores, fixar-se-hão marcos especiaes de referencia,
orientados e ligados por pontos certos o estáveis, nas sedes das
propriedades, medianto os quaes a planta possa encorporar-so
depois á carta geral cadastral.
— 81 —

-A.0 As plantas conterão :


a) As altitudes relativas de cada estação de instrumento e a
conformação altimetrica ou orographia approximativa dos
terrenos ;
b) As construcções existentes com indicação dos seus fins ;
c) Os vallos, cercas e muros divisórios :
d) As águas principals, que banharem a propriedade, deter-
minando-se, quanto ser possa, os volumes reduzidos á ma-
xima secca. em termos de poder-se-lhes calcular o valor
mecânico :
e) A indicação mediante cores convencionaes, das culturas
existentes, dos pastos, campos, mattos, capooirões, con-
strucções e divisas das propriedades.
5.° As escalas das plantas poderão variar entre os limites
1.500 m-^-e 1:5000 m.^-conforme a extensão das propriedades
ruraes.
Xas propriedades . de mais de 5 kilometros quadrados se
admittirá a escala de 1:10.000—^—
10,000
6.° As plantas trarão annexas a si, authenticadas pelo enge-
nheiro ou agrimensor, que as assignar, as cadernetas das opera-
ções de campo e nm relatório ou memorial descripíivo da me-
dição, indicando :
a) os rumos seguidos, a aviventação dos rumos antigos, com
os respectivos cálculos :
b) os accidentes encontrados, as cercas, vallos, marcos an-
tigos, córregos, rios, lagoas, etc. :
c) a indicação minuciosa dos novos marcos assentados, das
culturas existentes e da sua producção annual ;
d) a composição geológica dos terrenos, as novas culturas a
que possam adaptar-se, e bem assim a qualidade e ex-
tensão dos campos, mattas e capoeirões existentes;
e) as industrias agrícolas, pastoris, fabris e extractivas, ex-
ploradas ou susceptíveis de exploração ;
f) as vias do communicação existentes o as que convenha
estabelecer :
g) as distancias á estação de estradas de ferro, portos de
embarque e mercados mais próximos ;
h) o numero conhecido de trabalhadores, empregados na la-
voura, com indicação, podendo ser, de sua nacionalidade ;
i) o systema adoptado em relação ao serviço agrícola e ao
estabelecimento de colonos (parceria, salário, subdivisão
da propriedade em lotes, empreitadas, etc);
6 D. T.
— 82 —

esclarecimentos das testemunhas e fama da visinhança.


(140) (Art. 50) Minas, arts. 51 e 52; Esp. Santo.
art. 156, paragrapho único).
LEGÍSL. ESTAD.—Minas. O memorial descriptivo de
medição indicará :
a) os rumos seguidos ;
o) os accidentes encontrados, as cercas, vallos, mar-
cos antigos, córregos, rios, lagos, etc.;
c) a qualidade dos terrenos, a cultura do destino a
que melhor possam adaptar-se ;
d) indicação em summa de tudo que possa concorrer
para o conhecimento cabal da propriedade e
seu valor.
Nas plantas, quando tenha lugar seu levantamento,
serão mencionados os pontos de referencia devidamente
orientados e que forem necessários para as verificações
ulteriores, os vallos, cercas, muros divisórios, e edifícios
próximos á linha limitrophe, e as águas por ella atraves-
sadas, tudo indicado mediante signaes e cores conven-
cionaes ;
A planta será sempre acompanhada do memorial
descriptivo, e ambos serão assignados pelo agrimensor,
pratico, responsável legal por elles. (Art. 52, §§ 1, 2 e 3).

§ 119
O agrimensor empregará nos trabalhos de campo
ajudantes de corda e balisa de sua escolha e confiança,

j) a avaliação de todos os moveis e imtnovois, descriminai!-


do-se os preços de cada um ;
7c) indicação, em summa, de tudo que concorrer possa para
conhecimento cabal da propriedade e seu valor.
7.° As plantas serão assignadâs por engenheiro ou agrimensor
habilitado para assumir a responsabilidade legal de seus trabalhos.
(140) Viciai vicinorum facta presiununtur scire.
— 83 —

os quaes servirão sob sua responsabilidade, ficando tam-


bém a cargo exclusivo delle garantir a exactidão dos
instrumentos (141) empregados e determinar a declínação
magnética da agulha. (Art. 48 ; Minas, art. 53 ; Esp.
Santo, art. 158).
São os ajudantes de corda e de balisa auxi-
liar es práticos que deverão ser da confiança dos
agrimensores, por isso devem elles ser de sua es-
colha e Dão louvados em audiência, como no antigo
uso processual.
Também a exactidão dos instrumentos e declí-
nação magnética da agulha deve ficar sob res-
ponsabilidade do agrimensor, abolidos assim a
velha praxe de examinar o juiz diariamente os
instrumentos de trabalho, o que faziam poucas
vezes com consciência, e sempre com descon-
fiança. (Vide nota 131).

§ 12 0
Se durante os trabalhos de campo surgirem duvidas
que reclamem o parecer dos arbitradores e deliberação do
Juiz, o agrimensor as exporá por officio e o Juiz, ouvidos
aquelles, resolverá de plano com ou sem audiência das
partes. (Art. 51; Minas, art. 54; Esp. Santo, art. 159).
Essa é a primeira vez que entram propria-
mente em acção os arbitradores, que devem ser
homens práticos e peritos conhecedores do sitio, e

(141) São esses instrumentos—o hngimetro, para medir distan-


cias, balisas, correntes, trena e fichas ; o goniomètre-, instrumento para
medir ângulos, esquadro de agrimensor, pantometros, graphometros,
bússolas e theodolitos-americanos.—Para se adquirir noções prati-
cas de geodesia, necessárias ao juiz e advogado para o perfeito
conhecimento das causas desta natureza, convém 1er o 2o livro da
importante obra do Sr. M. Soares e o Traite' special de la division
de cJiamps por Puílle (d'Amiens).
— 84 —

que serão ouvidos sobre as matérias do facto. Sua


mais importante missão é na formação dos quinhões
e instituição das respectivas servidões reaes ou
pessoaes que sejam necessárias a cada quinhão
para sua independência dos demais. (142)
§ 121
Se os'arbitradores divergirem nos seus laudos, per-
tence ao Juiz decidir livremente, pesando as razões de
divergência que serão expressamente declaradas nos
mesmos laudos. (Art. 5 1 ; Minas, art. 59; Esp. Santo,
art. 160).
§ 122
Terminados todos os trabalhos de campo, entregará
o agrimensor em cartório a planta e o memorial des-
criptivo da medição e confinação do immovel e o escrivão
os juntará aos autos que fará conclusos ao Juiz que então
designará, para ultimação do processo, a segunda dili-
gencia para a qual se notificarão os peritos e partes, como
se fez para a primeira diligencia. (143) (Art. 55; Minas,
art. 55 ; Esp. Santo, art. 161).

II
SEGUNDA DILIGENCIA (144)

A
NAS DIVISÕES

§ 123
A segunda diligencia nas divisões tem por objecto a
formação e adjudicação dos quinhões.

(142) Vide §§ 126 e seguintes.


(143) Vide § 108.
(144) Vide nota 124.
— 85 —
O fim da acção de divisão é a determinação
dos quinhões que cabem a cada comparte de um
movei até então indiviso.
Até este ponto do processo se tem tratado da
verificação dos direitos de cada um ao prédio divi-
dendo e da determinação da extensão geral do
immovel ; da segunda diligencia é que se começa
a divisão propriamente dita, formando-se os qui-
nhões que devem pertencer a cada comparte pelas
forças dos respectivos direitos e adjudicando-se
esses quinhões aos proprietários, fornecendo-se-
lhes o documento ou titulo de sua propriedade.

§ 124
Para este fim os arbitradores procederão primeira-
mente ao exame, classificação e avaliação das terras,
sendo calculadas pelo agrimensor as areas de cada gleba
classificada distinctamente. (Art. 54; Minas, art. 56 ;
Esp. Santo, art. 163).
E' esse um trabalho preliminar para deter-
minar as varias qualidades, em espécie, de que se
fôrma o immovel e o respectivo valor. Bem assim,
poderá o immovel ser composto de vários sítios ou
de varias partes, que formem pequenos todos, e
que sendo possível, formarão um quinhão de um
condômino.
§ 125
Durante esse trabalho preparatório receberá o Juiz
os pedidos das partes, verbaes ou escriptos, sobre o modo
de serem constituídos os seus quinhões, mandando-os re-
duzir a termo ou juntar aos autos com os títulos e docu-
mentos produzidos de novo. (Art. 59 : Minas, art. 57 ;
Esp. Santo, art. 164).
— 86 —

A formação dos quinhões deve ser o mais pos-


sível a contento das partes, satisfazendo-se-lhes
todos os desejos que forem attendiveis.
§ 126
Apresentado pelo agrimensor o calculo das areas
classificadas, ou avaliado o immovel no seu todo, se os ar
bitradores reconhecerem que a homogeneidade das terras
não determina variedade de preços, serão os autos en-
tregues aos mesmos arbitradores para exporem os seus
laudos sobre a fôrma da divisão e servidões (145) que
julguem necessário ser instituídas. (Art. 60).
LEGISL. ESTAD.—No Espirito Santo, na formação dos
quinhões terão os louvados em attenção as servidões ne-
cessárias para a fruição da parte de cada condômino,
constituindo-as com o menor incommodo e onus dos in-
teressados. (Art. 167).

§ 127
Para esses laudos os arbitradores farão as inves-
tigações e operações neces>arias para a distribuição

(145) Servidão é um direito no alheio, —jus in re aliena- E' a


obrigação ou encango imposto sobre um prédio para uso o utilidade
de outro prédio, pertencente a différente dono. Código Civil
Francez, art. 637.
O prédio em favor do qual se grava a servidão se chama domi-
nante ; aquelle que a supporta, toma o nome de serviente, diz Borges
Carneiro. O Direito Romano estabeleceu a divisão das servidões em
reaes e pessoaes, porque o onus da servidão pôde impôr-se ou em
beneficio de outro prédio ou em beneficio de uma pessoa. Dahi
nasce a classificação. A servidão pessoal extingue-se com a morte
das pessoas dominantes, a real grava o prédio perpetaamente. Mas j
bem se pôde convencionar que ella acabe depois de certo tempo.
Corroa Telles, Digest. Port., L. Ill n. 439—Veja-se Coelho da
Rocha, Secção 8 a §§ 587 e seguintes. Borges Carneiro, L. IV
Tit. XII e Corrêa Telles, Digest. Port. L. 3 Tit. V. e especialmente
Lafayette, Dit: das Cotisas, vol. 1<>. §§ 114 a 136.
— 87 —
equitativa dos quinhões, consultando quanto possível a
commodidade das partes e adjudicando-lhes, de prefe-
rencia, os terrenos contíguos á situação de suas moradas
e bemfeitorias, de modo a evitar-se o retalhamento dos
quinhões em glebas separadas. {Minas, art. 51; Esp.
Santo, art. 166).
Convém que o quinhão de cada um forme um
só todo, uno, não composto de partes diversas,
collocadas em vários pontos ; bem como, desde que
o comparte tenha já terrenos confinantes oa bem-
feitorias, se proceda de modo que fique seu quinhão
unido com a parte que já possue ou sob as suas
bemfeitorias, quando o solo não lhe pertença.

§ 128
E' permittido o estabelecimento de servidões de
caminho para communicar o prédio dominante com a es-
tação mais próxima de estrada de ferro ou de navegação
marítima. (Art. 65, paragrapho único ; Minas, art. 64,
paragrapho único ; Esp. Santo, art. 167).

§ 129
Apresentados o calculo das areas classificadas e
laudos, serão os autos conclusos ao juiz que, sem mais au-
diência das partes, deliberará a partilha geodesica (146)

(146) Partilha geodesica é a divisão de uma superficie agraria


em muitas outras.
Geoãesia, do Grego ge. terra e daio dividir, c a parte da geome-
tria pratica que tem por objecto a partilha dos campos ou superficies
agrárias em um certo numero de partos equivalentes ou não. As
não equivalentes podem ser compensadas por eircumstancias
dadas, e a partilha é muitas vezes subordinada a différentes indi-
cações, que se regulam pelo aprazimento dos comparfces. Paille—
citado § 1—e seus respectivos direitos.
— 88 —

do immovel, pronunciando-se sobre os pedidos e outros


requerimentos apresentados opportunamente e mencio-
nando os titulos hábeis para serem attendidos na forma-
ção dos quinhões. Do despacho de deliberação não ha
recurso. (147) (Art. 61 ; Minas, art. 60 e paragraphe
único; Esp. Santo, art. 165).
§ 130
Na fôrma do despacho, o agrimensor organisará o
calculo para o orçamento da divisão, de cujo auto deverá
constar o seguinte :
a) a confinação, extensão superficial do prédio, de
accôrdo com o memorial e planta ;
o) a classificação das terras, se houver, com o cal-
culo das areas de cada sorte e os respectivos
preços, ou avaliação do immovel na sua inte-
gridade, quando houver homogeneidade ;
c) quanto cabe em quantidade geométrica a cada
condômino nas terras dividendas, declarando-se
quaes as reducções e compensações proporcio-
naes, feitas em razão da diversidade de preços
das glebas componentes de cada quinhão.
'(Art. 62 ; Minas, art. 61, a. b, c).

§ 131
Quando os condôminos possuírem no immovel, não
quotas de extensão superficial determinada, mas partes
idéaes, originadas de partilhas e inventários, o agri-
mensor praticará previamente os cálculos precisos para

(147) O despacho de deliberação de partilha por sua natureza


interlocutorio xúo admitte recurso e não pôde constituir julgamento;
Aviso de lõ de Outubro de 1872. Fica salvo aos interessados o uso
dos recursos que cabem da sentença que julgar a partilha de accôrdo
com a deliberação.
89 —

pôr em relação as quantidades aritbrneticas constantes


dos títulos, com a avaliação do immovel da divisão pro-
cessada. (Art. 6 3 ; Minas, art. 62).

132
§
Formado o orçamento, serão executadas pelo agri-
mensor, segundo as indicações dos arbitradores, subor-
dinadas ao despacho de deliberação de partilha, as ope-
rações geodesicas e topographicas (148) concernentes
á separação ou medição e demarcação dos quinhões.
(Art. 6 4 ; Minas, art. 63).

133
§
Cada quinhão será lançado em uma folha de paga-
mento, (149) assignada pelo Juiz, agrimensor e arbi-
tradores, na qual serão descriptas as linhas e rumos
divisórios, declarados os marcos que forem cravados,
independente de pregões, e mencionadas as bemfeitorías
e plantações comprehendidas na gleba descriminada, ou
sejam proprias do respectivo quinhoeiro, ou adjudicadas
por compensação de terras, ou por indemnisação pecuniá-
ria, ou também partilhadas, se forem pertencentes á mesma
communhão. (Art. 6 4 ; Minas, art. 63, vide nota 124;
Esp. Santo, art. 168).

(148) São operações geodesicas as que se praticam para conlie-


cer-se precisamente a area das superficies agrárias.
Topographicas, são as operações que se effectuam para obter-se
a figura exacta do terreno e o seu relevo. Topographia é a parte da
geodesia que tem por fim medir, demarcar c descrever uma certa
porção de terra—Macedo Soares § 8° L 2.—O que seja geodesia já
dissemos em a nota 146.
(149) Essa folha de pagamento vem a ser o titulo coniprobatorio
da propriedade de cada quinhoeiro e terá todo o valor juridico corno
um formal do partilha, que é.
— 90 —
§ 134
Também nestas folhas de pagamento de quinhões
serão declaradas as servidões que forem instituídas sobre
o quinhão demarcado, ou a favor delle, designando-se o
lugar da servidão e regulando-se o modo e condição de
seu exercido. (Art. 65 ; Minas. art. 64; Esp. Santo,
art. 169).
De grande conveniência é, sem duvida, essa
determinação de constar do-titulo a especificação
das servidões que oneram o quinhão respectivo
e as que foram institui das em seu favor. Esse
facto cortará pela raiz muitas questões irritan-
tes que surgem constantemente por motivo de
servidões, que as mais das vezes são instituí-
das pelo uso e com o tempo.

§ 135
Se o confinante ou confrontante prejudicado pela divi-
são usar da acção reivindicativa que lhe compete, antes
de passar em julgado a sentença que homologou a divisão,
deve aquella acção ser intentada contra todos"os condô-
minos ; se é usada a acção depois de passar em julgado a
sentença, deverá ser intentada apenas contra os interes-
sados a quem couber na divisão o quinhão reclamado.
(Art. 56 ; Minas, art. 66).
§ 136
Dando-se, porém, esta ultima hypothèse, tem os qui-
nhoeiros accionados o direito de. pela mesma sentença
que os obrigou á restituição, haverem dos outros condô-
minos, que foram parte na divisão, ou dos seus succes-
s o r s por titulo universal, a proporcional composição
pecuniária do desfalque soffrido. (Art. 56 ; Minas, art. 66
paragrapho único).
— 91
A divisão é feita para o perfeito conheci-
mento e posse do quinhão a que cada um tem
direito ; si se verificar algum erro que venha
prejudicar algum dos compartes aquinhoados é
justo que os outros o compensem do prejuízo
havido.

§ 137
Por isso, na acção que compete ao confinante preju-
dicado, será admittida a assistência (150) des referidos
condôminos ou de seus suecessores universaes. (Art. 56,
paragraphs único ; Minas, art. 66, paragraphe) único).
Desde que possa acontecer que os condô-
minos todos tenham de entrar na compensação
para salvar o prejuízo do quinhoeiro a quem se
reivindicou parte do seu quinhão por erro na
limitação, é curial que todos os condôminos, ou
suecessores, que são responsáveis por essa com-
pensação, tenham assistência da acção da refe-
rida reivindicação para fiscalisação do processo
e garantia de seu direito.

§ 138
Se qualquer linha do perímetro apanhar bemfeitorias
dos confrontantes, feitas ha mais de anno, serão ellas
respeitadas bem como os terrenos oecupados, os quaes
não se computarão na avaliação da area do immovel divi-
dendo, ficando salvo aos condôminos a acção competente
para os reivindicarem segundo as forças dos seus títulos.
(Art. 57; Minas, art. 67; Esp. Santo, art. 163).

(150) Assistente é o que vera a juizo defender o seu direito


juntamente com o alheio : é a definição que dá M. Carvalho, § 154
extranida de Pereira e Souza, § 72.
— 92 —
LEGISL. ESTAD.—No Espirito Santo é mister que as
bemfeitorias dos confrontantes feitas a mais de anno,
não estejam abandonadas, para serem respeitadas como
estatue o § (Art. 163).
§ ] 39
Para esses effeitos, considerar-se-hão bemfeitorias
as edificações, os muros, as cercas, os pastos fechados,
os cultivados de qualquer natureza não abandonados ha
mais de três annos. (Art. 57, paragraplio único ; Minas,
art. 67, paragraplio único).

B
NAS DEMARCAÇÕES

§ 140
A segunda diligencia da demarcação tem unica-
mente por fim authenticar os trabalhos executados pelo
agrimensor, devendo o juiz e arbitradores percorrerem os
limites assignalados e examinarem os respectivos marcos,
independentemente de pregões. (Art. 68 ; Minas, art. 70 :
Esp. Santo, art. 172).

§ 141
Desta segunda diligencia se lavrará auto circumstan-
ciado em que se consignarão quaesquer esclarecimentos
ou ratificações suggeridas pelo agrimensor ou arbitradores
e determinadas pelo juiz. (Art. 68: Minas, art. 70; E
Santo, art. 172).
LEGISL. ESTAD.—No Espirito Santo, desta segunda
diligencia se lavrará um termo circumstanciado do molo
porque foi traçada a linha divisória e fincados os marcos,
bem como de todos os accidentes do terreno por onde
passar a dita linha. (Art. 172).
— 93 —

§ 142
Na mesma audiência em que se derem por concluídos
os trabalhos da diligencia final das divisões ou demarca-
ções, se assignarão cinco dias a cada uma das partes para
dizerem de facto e de direito sobre o processado, obser-
vando-se o disposto no § 88. (Art. 43 ; Minas, arts. 47
e 65 ; Esp. Santo, arts. 170 e 173).

143

Findo o termo, conclusos os autos, sellados e prepa-


rados (151) o juiz proferirá a sentença,, homologando ou
não a divisão ou demarcação. (Art. 43; Minas, art. 71 ;
Esp. Santo, arts. 170 e 173).
LEGISL. ESTAD.—Em Minas- o juiz deverá proferir a
sentença dentro de 30 dias. (Art. 71).

§ 144
Desta sentença cabe appellação que será somente
recebida no effeito devolutivo (152) (art. 44) e contra ella
podem igualmente ser oppostos embargos de declaração
e restituição nos termos dos §§ 101 e seguintes.
LEGISL. ESTAD.—Em Minas caberá quaesquer em-
bargos desta sentença (Lei n. 72, art. 34). (Art. 72).

(151) No Districto Federal paga-se igualmente a taxa judiciaria


que substituio o emolumento que era devido ao juiz. Essa taxa é
de l 4 % sobre o valor da causa, quenão pôde ser julgada sem
que conste o pagamento delia.
O máximo da taxa é de 300$000 para as demandas em geral
sendo de 150$000 para os processos de partilhas (art. Z—d) em quo
estão incluídas as acções de divisão.
O Eogulamento da taxa judiciaria foi promulgado pelo Deer,
n. 2183 de 9 de Novembro de 1895.
(152) Vidj notas 110 e 111.
— 94 —

§ 145

As despezas do processo (custas, aposentadoria,


honorários do agrimensor, etc.) serão pagas pelos inte-
ressados na proporção da quota de cada um (art. 72,
salvo quando se houver addicionado ao pedido queixa de
turbação e esbulho (art. 67, paragrapho único) ou, pela
regra geral, quando houver opposição á acção proposta,
caso em que o condemnado pagará as custas. (153)
LEGISL. ESTAD. —Minas. As custas e mais despezas
da divisão e demarcação serão pagas logo após o encer-
ramento dos trabalhos e proporcionalmente por todos os
interessados. (Art. 74).
Ellas serão reguladas pelo Regimento approvado
pelo Decr. n. 5737 de 2 de Setembro de 1874, com o
augmento de 20 °f0 nas taxas de salário referentes ao
escrivão, destribuidor, contador, porteiro e officiaes de
justiça, excepto quanto á diligencia e estada (§ 1) con-
tando-se uma só vez o emolumento da diligencia. (Art. 77>.
O escrivão do feito é obrigado a dar as partes recibo
da quota proporcional contada a cada um. (Art. 74 § 2).
— Espirito Santo.—x4.s custas serão pagas por todos
os interessados rateadameute, quando no curso da causa
houver accôrdo. (Art. 177).
Serão considerados vencidos os que por qualquer
modo se oppuzerem á acção e não forem attendidos.
(Art. 179).

(153) Vide notas 39 e 62.


SEGUNDA PARTE

Formulário
FORMULÁRIO

Não fizemos um formulário completo de todos os


termos e actos que podem occorrer em uma acção de di-
visão ou de demarcação. Seria isso um trabalho enfadonho
e perfeitamente ocioso.Quasi todos esses actos e termos são
communs ao processo ordinário e de conhecimento vulgar.
Como se vio, as acções de divisão e de demarcação têm
duas partes distinctas. Na primeira que consta da acção
propriamente dita, os termos são, com algumas modifi-
cações expressas, os mesmos das acções ordinárias ; pe-
tição inicial, excepçóes, contestação, replica e tréplica,
provas em geral, arrazoado, sentença e appellação. A
forma de todos esses actos se encontra em qualquer for-
mulário. Desta parte apenas daremos um exemplo de pe-
tição inicial, por ser necessário para definir e assentar a
base da acção que figuramos, e na qual, além de constar
de todos os requisitos essenciaes, estabelecemos algumas
hypotheses que podem succéder quanto á citação dos
interessados. A segunda parte do processo, que é a
execução do pedido ou da sentença, é quasi toda composta
de termos e autos especiaes a estas acções, e agora creados
7 D. T.
— 98 —
pelo Regulamento de 5 de Setembro. Nesta parte pro-
curamos ser o mais completo possível e assim mesmo
sabemos que o trabalho não pôde ser perfeito. Só a pratica
poderá ir apurando e determinando as verdadeiras for-
mulas dos termos e autos, concisos e próprios; entretanto,
de algum auxilio servirá o esforço que este formulário
representa.
— 99 —

CAPITULO I

Acção de divisão

Quem quizer intentar a divisão de um prédio sobre


o qual tenha, com outros, em commum, um direito real
deverá dirigir ao juiz que fôr competente, em relação
á alçada como á jurisdicção, a seguinte

Petição inicial

Illm. Sr. Dr. Juiz...


José Antunes, tendo de sociedade com Paulo,
Sancho e Martinho, comprado o immovel denomi-
nado — Fazenda das Palmas — situada nesta co-
marca e que se acha ainda em commum, quer pro-
ceder a sua divisão para a formação do seu quinhão,
como dos pertencentes a cada um dos condôminos.
Assim, requer que sejam citados os referidos con-
dôminos para na primeira audiência deste juizo,
depois de feitas todas as citações, virem se louvar
com o suppiicante, em um agrimensor e dous arbi-
tradores que procedam ás necessárias diligencias
para a divisão pedida.
O prédio dividendo confina por um lado com
o rio... por outro com a estrada... e por outro
com terras dos herdeiros de Anastácio, como se
vê de escriptura junta.
Dos supplicantes, reside nesta comarca o de
nome Martinho, achando-se Paulo em lugar incerto
e não sabido ; Sancho é failecido, tendo deixado
— 100 —
de seu casal umfilhoainda menor, de nome Gaspar,
tutellado de sua mãi, Joanna, residente em Cam-
pinas, Estado de S. Paulo.
Para a citação dos referidos condôminos, pede
que se expeça mandado afim de que seja citado,
nesta comarca, Martinho ; bem assim requer que
se publiquem editaes com o prazo de noventa dias
para citação de Paulo, que se acha em lugar não
sabido e de Joanna, que mora em Campinas, como
tutora de seu filho menor, a quem V. Ex. dará
um curador á lide, affixando-se estes editaes todos
no lugar do costume e publicando-se em um jornal
desta cidade, e também no Diário Official, os re-
ferentes a Paulo, e no jornal official do Estado de
S. Paulo, os relativos a Joanna. Outrosim, requer
que, em carta registrada se envie cópia dos editaes
correspondentes ao Juizo respectivo de Campinas,
para serem affixados no lugar do costume nos
seus auditórios.
Também, tendo de justificar a ausência de*
Paulo em lugar incerto e não sabido, requer mais
que, designado dia e hora, sejam admittidos a
depor as testemunhas João e Nunes, que offerece.
O supplicante avalia a causa em 2:000^000
(dous contos de réis) e protesta haver as custas do
processo pelas quaes são solidários todos os condô-
minos,que as pagarão^ro rata; tudo na fôrma da lei.
Nestes termos, pede deferimento, sendo
esta e D. e A. com a procuração conferida ao
advogado abaixo assignado e um documento
que é o traslado da escriptura de compra da
Fazenda das Palmas.
P . deferimento
(Data e assignatura da parte ou do advogado).
— 101 —
Segue-se agora todo o processo de citação como foi
requerido e se explicou no Capitulo IV da primeira parte.
Eftectuadas todas as citações, feita a louvação e, na
mesma audiência, assignado o prazo para a contestação
podem occorrer quatro hypotheses : —ou os réos confessam,
ou não contestam e são lançados da contestação, ou con-
testam por negação, ou ofFerecem contestação e segue
a causa os seus devidos termos até sentença.
Nos três primeiros casos poderá o A. requerer logo
a execução do pedido na petição inicial, no quarto caso
pedirá a execução da sentença depois de haver corrido a
causa o seu curso normal.
Para isso, em qualquer hypothèse, virá o A. com um
requerimento em que pedirá que, designado dia para a
primeira diligencia de installação dos trabalhos da exe-
cução, se faça, por carta, citação dos interessados: —
partes, curadores e peritos.
Se algumas das partes, ou seus procuradores não
puder ser encontrada na ultima audiência geral antes
da diligencia, o advogado ou solicitador da parte que
promove a demanda fará, nos seguintes termos, um

Requerimento verbal
Na audiência que fazia o juiz.. . compareceu
o solicitador... e disse que, por parte de José An-
tunes, na acção de divisão da Fazenda das Palmas,
não tendo o réo Paulo procurador constituído e não
sendo encontrado o procurador de Joanna, requeria
que sob pregão fossem os mesmos réos citados para
a execução do pedido na petição inicial.
Preparados todos os actos necessários, no dia desig-
nado para a diligencia, na casa principal da Fazenda,
effectuará a primeira audiência especial da qual se lavrará
o seguinte
— 102 —

Termo de audiência especial de installação dos tra'balhos


da divisão da Fazenda das Palmas
Aos tantos do mez tal, na casa principal da ■
Fazenda das Palmas, onde foi vindo o juiz Dr. ..
commigo escrivão a seu cargo, abaixo nomeado, e
o officiai de justiça José Tavares, servindo de
porteiro, o mesmo juiz mandou que o dito official
abrisse, ao toque da campainha, a audiência espe­
cial para installação dos trabalhos da divisão da
Fazenda das Palmas, feita a requerimento de
José Antunes. Cumprido o que, pelo Dr... advo­
gado do A. foi requerido que fossem apregoados
os peritos e os réos, que foram citados, conforme
consta dos autos e cartas que offerece. Apregoados
compareceram os peritos taes e taes e os réos taes,
não comparecendo taes. Pelo juiz foi dito que,
sendo o primeiro objecto desta audiência o exame
e conferência dos títulos, convidava as partes pre­
sentes a fazerem a exhibição dos seus documentos.
E pelo Dr... por parte do Autor foi dito que, sendo
todos os condôminos interessados em partes
iguaes no immovel dividendo e tendo todos adqui­
rido o immovel pela mesma escriptura, o titulo
junto aos autos na petição inicial era o documento
de propriedade de todos os condôminos. Outrosim
declarava que tinha contratado com o agrimen­
sor, pela quantia de tanto, os trabalhos da divisão
e requeria que fossem os réos consultados se con­
cordavam como ajuste feito. Pelo Dr.... por parte
do condômino Sancho, foi dito que achava exces­
sivo o ajuste feito e requeria que se fizesse o aba­
timento de tanto. E pelo juiz, ouvidos todos os
condôminos, foi fixado em tanto os honorários do
— 103 —
agríniensor. Pelo Dr.... por parte do Sancho, foi
dito que tendo seu constituinte adquirido a parte
do immovel pertencente a Martinho apresentava,
para os effeitos legaes, a respectiva escriptura
de compra, com todos os requisitos legaes, que
offerece ; e mais que apresentava Job, velho co-
nhecedor daquellas paragens, para testemunha
informante e requeria que tomado o seu compro-
misso na fôrma da lei, fosse a mesma admittida a
prestar aos peritos as informações de que care-
cessem. O juiz deferiu. E passando a fazer o
exame das escripturas verificou-se que o ponto
de partida da medição do perímetro para se deter-
minar preliminarmente a extensão superficial do
immovel dividendo, deveria ser uma grande ar-
vore de jequitibá existente á margem da estrada.,
á qual se referem as escripturas e marca o rumo
com os herdeiros de Anastácio. E estando todos
de accôrdo sobre este ponto, mandou o juiz que
se transportassem todos com elle ao lugar em que
se acha o referido jequitibá. Do que tudo lavrei
este termo que o juiz assigna, com as partes, pro-
curadores e peritos. Eu Salvador Bueno, escrivão
o escrevi. (Seguem-se as assignaturas).

Termo de compromisso da t e s t e m u n h a informante J o b

E no mesmo dia e lugar foi pela testemunha


informante Job prestado, ante o Juiz, o compro-
misso sclemne de bem e fielmente esclarecer os
peritos sobre os pontos de facto concernentes á
conflnação do immovel, fornecendo-lhes as infor-
mações deque precisarem, semdólo, nem malícia,
sujeitando-se ás penas de falsidade se dolosamente
— 104 —

fôr infiel, causando prejuizo aos litisconsortes ou


a terceiros. Do que lavrei este termo, que vai
pelo juiz rubricado e assignado pela testemunha.
E eu escrivão, etc.

Termo de reconhecimento do ponto de partida da divisão

E no mesmo dia e lugar, á margem da Estrada,


onde se achava uma arvore secular de jequítibá,
pelo informante Job foi declarado que era aquella
arvore o ponto de onde partia o rumo que dividia
a Fazenda das Palmas, das terras dos herdeiros de
Anastácio. E a vista disso o Juiz deu como verifi-
cado o ponto de partida da divisão e disse que sendo
somente objecto da primeira audiência o exame
dos titulos e a verificação do ponto de partida da
divisão, declarava installados os trabalhos da divi-
são, devendo, de agora em diante, o agrimensor
proceder ás operações necessárias para o levanta^
mento da planta do immovel, sob sua responsabi-
lidade profissional, sem a permanência do juízo e
dava por encerrados os trabalhos da primeira di-
ligencia. E o porteiro, ao toque da campainha,
apregoou que estava encerrada a audiência. Do
que lavrei este termo que vai pelo Juiz assignado,
partes, peritos, testemunha informante, official e
por mim, escrivão, etc.

Passará então o agrimensor a proceder ás necessárias


operações para levantamento da planta do immovel, de
accôrdo com os §§ 107 e seguintes e confecção do respec-
tivo memorial. Este trabalho deverá ser minucioso e
— 105 —
deverá ser feito conforme os preceitos estabelecidos no
art. 22 da Lei Torrens e que vem enumerados em a
nota 133.
Terminado todo o trabalho teclmico, serão o mappa
e o memorial entregues em cartório e o escrivão os jun-
tando aos autos, fal-os-ha concluso ao Juiz, que proferirá
o seguinte

Despacho
Designo para diligencia de ultimação da
divisão o dia tal. A parte promova no prazo de
uma audiência, as citações necessárias.
(Data e rubrica).
Às citações se fazem do mesmo modo que se vio para
a primeira diligencia.
No dia designado e na casa da Fazenda abrir-se-ha
pela fôrma seguinte a

Audiência especial p a r a ultimação da divisão e


adjudicação

Aos tantos do mez tal na casa da Fazenda


das Palmas, onde foi vindo o Juiz, D r . . . com-
migo escrivão a seu cargo, abaixo nomeado, e o
Officiai de Justiça José Tavares servindo de
porteiro, o mesmo Juiz mandou que o dito Offi-
cial abrisse ao toque da campainha a audiência
especial para ultimação dos trabalhos da divisão
da Fazenda das Palmas, requerida por José
Antunes. Cumprindo o que, pelo Dr... advogado
do Autor foi requerido que fossem apregoados
os réos e os peritos. Apregoados compareceram
os réos taes e taes e os peritos taes. Pelo Juiz
— 106 —
foi dito que, tendo por fim aquella segunda deli-
gencia a formação e adjudicação dos quinhões,
na fôrma da lei, mandava que os arbitradores
procedessem ao exame, classificação e avaliação
das varias espécies de que se compõe as terras
da Fazenda, calculando em seguida o agrimen-
sor as areas de cada gleba classificada. E pas-
sarão os arbitradores e agrimensor a proceder
as diligencias ordenadas e as mais necessárias
comoadeante segue : E eu escrivão, etc.

Auto de exame, classificação e avaliação

E no mesmo dia e lugar tendo os arbitrado-


res feito as investigações necessárias declararam
que a Fazenda das Palmas compõe-se de mattas
que avaliam em tanto por alqueire ; em lavoura
de café de tal e tal idade, que avaliam em tanto
o pé : em capoeiras, que avaliam em tanto o
alqueire ; e em pasto que avaliam em tanto a
alqueire. E pelo agrimensor foi dito que tendo
procedido ás operações necessárias declarava
que as terras em mattas virgens existentes no
immovel attingiam a tantos metros quadrados ou
sejam tantos alqueires. Que em capoeiras exis-
tem tantos metros quadrados ou tantos alqueires ;
em pasto tanto e era cafezaes tanto. E nesse
acto por parte de Sancho, por seu advogado foi
dito que, tendo comprado uma parte das terras
dos herdeiros de Anastácio que faz rumo com as
terras da Fazenda, requeria que se lhe formasse
o quinhão em terras contíguas as que já possuía,
como demonstrava o titulo que apresentava. Por
— 107 —
parte do Autor, por seu advogado foi dito que
tendo montado um engenho, edificado e culti-
vado em taes lugares da Fazenda, requeria que
se lhe desse as terras onde tinha estas bemfei-
torias. E pelo Juiz foi dito que opportunamente
tomaria conhecimento dos requerimentos produ-
zidos e que o Escrivão fizesse os autos com vista
aos arbitradores para offerecerem os seus laudos
sobre a fôrma da divisão e servidões que julga-
rem necessárias estabelecer-se. Do que lavrei
este termo que vai assignado pelo Juiz, partes
e peritos.
E eu escrivão, etc.
O escrivão abrirá vista ao primeiro arbitrador que
offer ecerá o seu
Laudo

Entendo que a divisão deve ser feita dan-


do-se ao condômino tal, taes e taes terras, ao con-
dômino tal, taes e taes terras, instituindo servi-
dão do uso da estrada que vai a estrada geral
(e por diante, declarará com clareza, especifica-
damente, o modo como entenda dever ser feita
a divisão).
(Data e assigna).

Em seguida o Escrivão fará termos de data e vista


ao segundo arbitrador que dará também o seu laudo con-
cordando ou discordando do primeiro laudo, expondo,
emfim, o que entenda se dever fazer.
Com esses dous laudos fará o Escrivão os autos
conclusos ao Juiz que, sem mais ouvir ninguém, dará o
despacho de deliberação de partilha geodesica do im-
movel.

y 2*
— 108 —

Despacho
Tendo em vista os títulos apresentados a
fls... e fis... que provam que o condômino tal
tem duas partes no immovel, e que o condômino
tem terras confinantes, delibero que se faça a divi-
são equitativa do immovel de accôrdo com os laudos
de fls... dando ao condômino tal terras adjacentes
ás suas, formando o quinhão do condômino tal, que
se comporá do dobro dos quinhões dos demais, em
glebas juntas e concedendo-se ao autor as terras
que pedio, onde tem suas bemfeitorias- Ao menor
se dará a maior porção possível de mattas virgens
que são de mais fácil conservação e serão patri-
mônio que de futuro não se deprecia. Na fôrma
deste despacho organise o agrimensor o calculo
para o orçamento da divisão na conformidade do
'art. 59 do Regulamento de 5 de Setembro.
(Datae rubrica).

O Escrivão fará termo de tudo e tendo o agrimensor


feito o calculo e orçamento ordenados, lavrar-se-ha o se-
guinte
Auto de orçamento da divisão

Aos tantos e t c , dado pelo Juiz a palavra ao


agrimensor, por este foi ditado o seguinte relatório
onde se contém o calculo e orçamento da divisão
da Fazenda das Palmas pelos seus respectivos
condôminos, como abaixo segue : ( Este relatório
deve conter todas as circumstancias especificadas
no §120). Do que lavrei este auto que vai assi-
gnado pelo juiz e agrimensor e partes. E eu
escrivão, etc.
— 109 —
Poderá também o agrimensor, em vez de ditar, o seu
relatório como se vio, apresental-o escripto nesse acto e
e o juiz o rubricará em todas as suas folhas. Deste modo
junto ao auto fará parte integrante delle devendo-se
então fazer a declaração de que foi apresentado.
Passará em seguida o agrimensor a praticar as opera-
ções geodesicas e topographicas, necessárias para a execu-
ção do orçamento,isto é, para a demarcação do quinhão de
cada condômino, comoficoudeterminado. Feito isso, se re-
duzirá a auto o trabalho relativo a cada condômino, o que
será a descripção do seu quinhão, como abaixo se vê :

F o l h a de pagamento do quinhão do condômino


José Antunes

Haverá tantos metros quadrados de terras de


tal natureza, confinando com o condômino Martinlio
etc. (e se continuará especificadamente como se vê
nos §§ 120 e 3 24). Do que lavrei este termo que
. vai assignado pelo Juiz, agrimensores e arbitra-
tor es. E eu, etc.
E assim se fará para cada quinhão. Em seguida
se encerrarão os trabalhos da divisão, lavrando-se o se-
guinte

Termo de encerramento de audiência e conclusão


da divisão

Aos tantos, etc. Tendo-se concluídos os traba-


lhos da divisão da Fazenda das Palmas pelos res-
pectivos quinhoeiros, pelo juiz foi declarada encer-
rada a audiência e diligencia final para ultimação
dos trabalhos, apregoando o porteiro ao toque de
campainha e na fôrma do art. 40 do Regulamento
de 7 de Setembro, assignava ás partes o prazo legal
— 110 —
para dizerem de facto e de direito sobre o proces-
sado . De que lavrei este termo que vai assignado
pelo Juiz, partes, peritos, testemunha informante.
E eu Salvador Bueno, escrivão o escrevi. (Se-
guem-se as assignaturas). ,

Com os arrazoado subirão os autos ao Juiz compe-


tente, que homologará ou não a divisão. Desta homolo-
gação, cabe appellação que será recebida em um só
eífeito.

CAPITULO II
Acções de demarcação
Para intentar uma destas acções virá o autor com a
seguinte
Petição inicial

Illm. Sr. Dr. Juiz...


Matheus da Silva, sendo senhor e possuidor
de uma data de terras que houve por herança no
inventario de seu pai, como prova o seu formal de
partilha, junto sob n. ] , como estejam confusos os
rumos por um lado e por outro nunca se tenha
feito a necessária demarcação, quer, para garantia
de seu direito, proceder á demarcação das refe-
ridas terras, para o que vem requerer a V. S. a
citação de todos confrontantes, para na primeira
audiência deste juizo virem-se louvar com o Sup-
plicante em um agrimensor e dous arbitradores,
que procedam ás operações necessárias para a
aviventação dos velhos rumos e constituição dos
— Ill —
novos, sob pena de revelia. A demarcação se
deverá effectuai- em todo o perímetro do immovel
que se denomina «Soledade», é situado no Dis-
tricto d e . . . desta comarca e tem cultura de café.
São confrontantes José Gonçalves, Raymundo
Nonato, e Felisberto Aragão. todos residentes
nesta comarca.
Nestes termos, pede deferimento sendo esta
D. e A. com os documentos juntos.
(Data e assignatura da parte ou do advogado).

submettida esta petição a despacho, fazem-se as cita-


ções e louvações de accôrdo com os caps. IV e V e segue-se
o processo indicado no cap. VII. Todo esse processado,
até chegar a causa aos termos de execução, nada tem de
extraordinário e as formulas de todos os actos que nelle
podem occorrer, são encontradas em qualquer formulário.
Chegando a causa aos termos de execução, o processo da
primeira diligencia é idêntico, mutatis mutandis, ao das
acções de divisão e que já ficou indicado atraz quando
nos occupamos dessas acções.
Somente na segunda diligencia é que o processo é
especial, pois, nas divisões essa diligencia é para for-
mação dos quinhões e nas demarcações é para simples
authenticação dos trabalhos dos peritos. O processo, pois,
das demarcações é muito mais simples e como abaixo se
indica se deverá proceder na segunda diligencia, que é
designada pelo juiz depois que o agrimensor apresenta
em cartório a planta e o memorial, do que se lavrará
termo, que elle assigna.
— 112
Aberta a audiência, com as formalidades do estylo, o
juiz e os peritos percorrerão os rumos abertos examinando
todos os marcos que tiverem sido cravados, feito o que
se lavrará o seguinte

Auto de encerramento da demarcação

No anno de mil oitocentos e noventa aos três


de Novembro no lugar denominado « Soledade »
onde foi vindo o Juiz Dr... commigo escrivão a
seu cargo, abaixo nomeado, na casa do Autor,
Matheus da Silva, compareceu o Dr., advogado
do Autor e requereu que fossem apregoados os
peritos e réos e sendo apregoados compareceram
os peritos e os confrontantes taes e taes. Pelo
Juiz foi ordenado aos peritos que o acompanhas-
sem no percurso que ia fazer dos limites assigna -
lados, para exame dos marcos que foram crava-
dos, único fim da diligencia presente. Em seguida
acompanhando o Juiz, os peritos e partes presen-
tes se dirigiram ao lugar tal onde viram o marco
numero um, dahi seguiram o rumo que confronta
com fulano e foram até o marco numero dous;
tomando depois a direcção tal (fazer circumstan-
ciadamente o relatório do percurso que tiver feito
o Juiz por todos os rumos assignalados, descre-
vendo-se os marcos e especificando-se todos os
esclarecimentos ou observações que forem feitas).
Tendo terminado esse percurso e exame voltou
novamente o Juiz á casa do Autor onde pelo Juiz
foi declarado que estavam concluídos os trabalhos
da demarcação da situação denominada «Sole-
dade» . E peJo Dr.. . advogado do Autor foi dito
— 113 —
que, na forma do art. 4° do Regal, de 5 de Se-
tembro (§ 132 deste livro) assignava o prazo legal
para o arrazoado final e requeria que se orde-
nasse que os autos fossem com vista ás partes pelo
prazo legal. O Juiz deferio e mandou que se en-
cerrasse a audiência na fôrma da lei. Do que la-
vrei este auto que vai pelo Juiz assignado, peri-
tos, partes e por mim escrivão Salvador Bueno que
o escrevi. (Seguem-se as assignaturas).

Com as razões das partes sobem os autos á homolo-


gação da demarcação de que cabe appellacão em um só
effeito.

8 D. T.
TERCEIRA PARTE

Legislação
DECRETO ti. 720 DE S DE SETEMBRO DE 1890
Manda executar o Regulamento sobre divisão e demarcação das
terras particulares

O generalissimo Manoel Deodoro da Fonseca, chefe


do Governo Provisório constituído pelo Exercito e Armada,
em nome da Nação, tendo ouvido o Ministro e Secretario
de Estado e Negócios da Justiça, sobre a necessidade ur-
gente de regular o processo da demarcação das terras do
domiuio particular, de modo a simplifical-o sem prejuizo
das fórmulas substanciaes garantidoras dos direitos das
partes e poupando a estas muitas despezas e delongas re-
sultantes das viciosas praticas do foro,
Decreta :
Artigo tinico. No processo da divisão e demarcação
(Jas terras particulares se observará o Regulamento que
com este baixa assignado pelo Ministro e Secretario de
Estado e Negócios da Justiça que assim o faça executar,
revogadas as disposições em contrario.
Sala das sessões do Governo Provisório, 5 de Se-
tembro de 1890, 2 o da Republica.
MANOEL DEODORO DA FONSECA.
M. Ferraz de Campos Salles.
— 118 —

Regulamento approvado pelo Decreto n. 720 de 5


de Setembro de 1890 para divisão e demarcação
das terras do domiiiio privado. (1)

TITULO I

DISPOSIÇÕES COMMUNS

CAPITULO I
DO CHAMAMENTO A JUÍZO

Art. 1.° A citação pessoal para a propositura da


acção é exigida, sob pena de nullidade, somente em
relação aos interessados que tiverem domicilio real na
comarca onde se tratar o feito : todavia, poderão ser
citados pessoalmente os que ahi forem encontrados, em-
bora com domicilio em outra parte.
Art. 2.° Havendo na comarca procurador bastante,
especial ou geral, para receber e propor acções durante a
ausência de seu constituinte, a elle poderá ser feita a pri-
meira citação e qualquer outra.
Art. 3.° Nas comarcas de mais de um termo, a
citação pessoal dos que morarem fora daquelle em que
correr a acção, será deprecada ao Juiz respectivo pelo da
causa, supprimida a espera de 20 dias de que falia a
Ord. do Liv. 3 o , Tit. Io, § 18.

(1) Foi publicado no Diário Officiai de 9 de Setembro de 1890 e


reproduzido no numero seguinte por ter sabido com incorrecções. Na
collecção das leis foi publicada com algumas modificações. Damos
presentemente o texto da collecção.
— 119 —
Art. 4.° Tanto para os domiciliados, em lugar sabido
e certo, fora da comarca, como para os ausentes em lugar
ignorado ou incerto e para os que forem desconhecidos,
a primeira citação se fará por editos, guardados os prazos
seguintes :
§ 1.° Trinta dias para os que residirem em outras
comarcas do mesmo Estado ou Districto Federal.
§ 2.° Noventa dias para os que residirem em lugar
sabido e certo de outros Estados : estiverem ausentes em
lugar ignorado ou incerto ou forem desconhecidos; e para
os que se acharem em paizes estrangeiros.
Art. 5.° Em qualquer das hypotheses do artigo an-
tecedente é obrigatória a affixação do edital no toro da
causa e a sua publicação pela folha local, si houver ; sendo
aquella certificada nos autos pelo escrivão do feito e pro-
vada a publicação pela juntada da folha ou fazendo-se
constar que não existe.
Art. 6.° No caso do § I o do art. 4 o o edital será re-
produzido no jornal official da capital do Estado ou da
Districto Federal, si ahi estiver o citando, ou. na falta
delle, em outro de extensa circulação, e affixado nos
lugares do domicílio dos citandos por ordem ds Juiz terri-
torial respectivo, a quem o da causa assim o requisitará,
enviando-lhessob registro o mesmo edital. O Juiz destina-
tário accusará logo o recebimento, attestando a affixação.
Art. 7." A' primeira hypothèse do § 2o do art. 4o é
applicavel o disposto no artigo antecedente, não sendo,
porém, necessária a publicação do edital pela imprensa
da capital do Estado a que pertencer a comarca da causa,
mas Üim respectivamente pela das capitães dos Estados
diversos em que estiverem os citandos.
Art. 8.° Nos demais casos do mesmo § 2o do art. 4 o
é indispensável a justificação prévia da ausência ou da
residência no estrangeiro, e ao determinado no art. 5a
— 120 —
accrescerá somente a publicação do edital no Diário
Official.
Art. 9.° Aos autos se juntarão, além dos officios
e dos jornaes comprobativos da affixação e publicação
do edital, os certificados do registro mencionado no
art. 6.°.
Art. 10. Em relação aos interessados residentes fora
da comarca, não fica inhibida a citação pessoal, por pre-
catória, si o autor a preferir.
Art. 11. Havendo condôminos ou confrontantes por
direito de successão ainda indevisa, basta que a citação
seja feita ( pessoal ou editalmente, segundo as regras já
estabelecidas) ao que estiver na posse e cabeça de casal,
ou na administração do immovel. para com elle, como
pessoa legitima, correr a acção todos os seus termos.
Art. 12. Fallecendo qualquer dos litisconsortes, a
instância não ficará suspensa si não até ser citado, para
ver continuar o feito, o cônjuge sobrevivo, herdeiro, ou
quem quer que esteja na posse e cabeça de casal ou„na-
administração do espolio, dispensada assim sentença de
habilitação.
Tanto neste caso, como no do artigo antecedente, o
juiz dará curador á lide aos interessados menores ou
incapazes.
Paragrapho único. Não haverá em caso algum sus-
pensão da instância pelo lapso de tempo decorrido.
Art. 13. Não é necessária nestas acções, quer para
propol-as, quer para defendel-as, a intervenção ou a ci-
tação da mulher casada.
Art. 14. A' citação feita no principio da causa é
comprehensiva da execução, mesmo nos casos em que á
divisão ou demarcação haja de proceder sentença pro-
vocada por discussão contenciosa.
— 121 —
Art. 15. Exceptuada a primeira citação e a do art. 12
todas as outras, bem como as intimações de sentenças,
appeilações e de quaesquer actos prejudiciaes, serão feitas
sob pregão em audiência, não havendo procurador judi-
cial, ou não sendo este encontrado para ser citado ou
intimado.
Art. 16. Embora diversos os litisconsortes e as cita-
ções feitas em différentes datas, serão ellas accusadas
de uma só vez, a saber :
§ 1.° Havendo citação por editos, na primeira au-
diência depois da expiração do edital do maior prazo.
§ 2.° Sendo as citações somente pessoaes, na pri-
meira audiência depois da entrada em cartório dos man-
dados e precatórias e de ter o escrivão certificado que
foram feitas todas as citações, assim o publicando, três
dias pelo menos antes da audiência, por annancio na
folha local, si houver, ou por edital afíixado no lugar de
costume.
* • § 3.° Quando as citações pessoaes não .estiverem
todas realizadas até a expiração do edital de maior prazo,
serão não obstante accusadas na primeira audiência,
depois delle, as que o tenham sido e esperadas as outras
para serem accusadas pela forma prescripta no para-
graphe antecedente.
Art. 17 . Qualquer dos litisconsortes pôde accusar as
citações e promover os termos da acção se o autor não
comparecer. Ellas produzirão todos os effeitos tanto para
a louvação como para os actos posteriores, ainda que o
autor continue a ser revel, e só ficarão circumductas si
algum dos interessados assim o requerer e nenhum outro
usar do direito de supprir a falta do autor, que, a todo
o tempo, poderá tomar e seguir o feito no estado em que
se achar.
— 122 —
Art. 18. Aos interessados ausentes, que devam ser
citados editalmente, dará logo o Juiz curador a lide com
quem correrá o feito os seus devidos termos.

CAPITULO II
DA COMPETÊNCIA

Art. 19. O foro competente é o da situação do im-


movel, dividendo ou demarcando.
Art. 20. Acontecendo que o immovel seja atraves-
sado por linha divisória de duas ou mais jurisdicções,
prevalecerá :
a) o foro a que pertencer o maior numero de estabe-
lecimentos ou arranchações dos co-proprietários ;
b) o que o autor escolher, si o immovel fôr total-
mente inculto.
Art. 21. No caso do artigo antecedente, o Juiz da
causa fica com jurisdicção prorogada para, nas diligencias
e vistorias da divisão ou demarcação, deliberar, assistir,
praticar todos os actos da audiência, medição e cravaçjio • •
de marcos, nos lugares situados fora dos limites do seu
território.
Art. 22. O conhecimento destas acções pertence, in-
variavelmente á jurisdicção civil ou commum, ainda que
se derivem ellas de partilhas feitas e acabadas no juizo
famüice erciscundce.

CAPITULO III
DA LOUVAÇÃO, PROPOSITUBA DA ACÇÃO, DISCUSSÃO, SEVIEXÇA
E EXECUÇÃO

Art. 23. A louvação será feita propondo os citados


presentes dons peritos para agrimensor e três para arbi -
tradores, e outros tantos o autor ou, na sua falta, o litis-
consorte que tiver accusado as citações.
— 123 —
Art. 24. O agrimensor será nomeado pelo Juiz
dentre os dous que as partes tiverem reciprocamente
escolhido ; dos propostos para arbitradores, cada uma
escolherá um e o Juiz approvará os dous eleitos.
§ 1.° Havendo divergência na indicação e escolha,
prevalecerá o voto da maioria e no caso do empate deci-
dirá a sorte.
§ 2.° Sendo os citados reveis, ou recusando-se lou-
varem, o Juiz fará a nomeação dentre os indicados pela
parte presente.
Art. 25. Para cada um dos peritos (agrimensor e
arbitradores ) o Juiz designará um supplente, tirado, res-
pectivamente, dos restantes propostos de parte a parte,
ou nomeará livremente, no caso de revelia ou de recusa
dos citados em fazerem a indicação.
Art. 26. Estes supplentes substituirão os arbitra-
dores e agrimensor, na eventualidade de qualquer impe-
dimento, accidental ou definitivo, constatado por officio
dirigido ao Juiz, que o mandará juntar aos autos, entran-
do o substituto a funccionar logo que seja notificado por
carta do escrivão.
Art. 27. Não haverá dependência de proposta si as
partes accordarem em um mesmo agrimensor e nos dous
arbitradores e seus supplentes.
Art. 28. Não se admittirá que nas propostas fi-
gurem pessoas impedidas, entre si ou com as partes..
por parentesco consanguineo ou affim até 4o gráo civil,
e tão pouco se aceitarão pessoas domiciliadas fora da
comarca.
Art. 29. Os peritos approvados pela forma estabe-
lecida no art. 24, não podem ser dados de suspeitos pela
parte que os nomeou, mas unicamente por aquella que os
tiver escolhido ou se recusado a isto.
— 124 —
§ 1.° A suspeição só pôde fundar-se no parentesco
com qualquer das partes especificado no art. 28, ou em
particular interesse na decisão da causa e será opposta,
processada e julgada nos termos dos arts. 195 e 196 do
Regulamento n. 737 de 1850.
§ 2.° Quando a louvação se fizer conforme o disposto
no art. 27 é inadmissível a suspeição.
Art. 30. Antes da louvação não é permittido aos
réos produzirem qualquer materia de contestação ou de-
fesa, salvo a suspeição posta ao Juiz.
Paragrapho único. Averbada a suspeição, se obser-
vará o processo estabelecido nos arts. 81 a 91 do Regula-
mento n. 737 de 1850, respeitada a competência das auto-
ridades que delia devam conhecer, segundo a legislação
vigente, e guardando-se, quando o juiz recusado fôr o de
paz, a disposição do art. 93 § 10, do Deer. n. 4824 de
1871.
Art. 31. Os arbitradores, agrimensor e seus sup-
plentes serão intimados por carta, logo depois da louvação „
para prestarem o compromisso de bem servirem, devendo
o respectivo termo estar assignado até a conclusão do
feito para a sentença, quando houver discussão, ou não
havendo, até depois do lançamento da contestação, mas
antes que o Juiz designe a primeira audiência especial
para os trabalhos da divisão ou demarcação. (Art. 42).
§ 1.° Pelo compromisso ficam os peritos sujeitos a
comparecer no dia e lugar designados pera qualquer dili-
gencia da causa, sendo sempre intimados por carta, e não
poderão escusar-se do cargo senão por justificado impedi-
mento superveniente.
§ 2.° O perito que não comparecer no dia e lugar
designados, não der o seu laudo, ou concorrer para que
se mallogre o acto ou diligencia, será multado pelo Juiz
— 125 —
da causa de 100$ a 300$ e para as custas do retarda-
mento. Esta multa é municipal e será cobrada executi-
vamente.
Art. 32. Accusadas as citações e feita a louvação
ou arguida a suspeiçãodo Juiz (art.30), considerar-se-ha
. proposta a acção e contestada a lide para todos os effeitos
de direito.
Art. 33. E' concedido aos réos o termo de uma au-
diência para o oíferecimento da contestação, sob pena de
lançamento.
Paragrapho único. Durante este prazo e preliminar-
mente poderá ser opposta a declinatoria do foro, ratione
hei somente, cujo processo regular-se-ha pelos arts. 78,
79 e 80 do Regulamento n. 737 de 1850.
Art. 34. Na contestação deve o réo inserir, antes
da allegação da materia da defesa, a arguição das nulli-
dades que tenham oceorrido até esse ponto, e o Juiz,
tomando logo conhecimento verbal e summario, as sup-
. • prirá ou pronunciará, dirigindo-se, no que fôr applicavel,
pelas disposições do Regulamento n. 737 de 1850, parte
terceira, no titulo — das nullidaães.
Art. 35- Ainda que não tenha de oppôr contestação
pôde o réo arguir as nullidades razoando por cota nos
autos dentro do mesmo prazo estabelecido no art. 33, e o
Juiz procederá como se prescreve no artigo antecedente.
(Art. 42).
Art. 36. Oíferecida a contestação, terão vista por
cinco dias cada um, o autor para replicar e o réo para tre-
plicar.
Art. 37. Embora a contestação verse sobre questão
de propriedade ou outra considerada de alta indagação,
delia se tomará conhecimento, na conformidade do pro-
cesso ora estabelecido.
— 126 —
Art. 38. A contestação feita por negação não impede
o proseguimento immediate da divisão ou demarcação, e
só será apreciado por merecimento do deduzido em alle-
gações posteriores á execução destes actos, por occasião
de proferir-se o julgamento relativo á homologação délies.
(Art. 42)
Art. 39. Exceptuados os casos do art. 30, paragra-
phe único, art. 33, paragrapho único, e art. 35, qual-
quer que seja a forma adoptada pela parte para deduzir
sua defesa e qualquer que seja a materia desta será rece-
bida coDio contestação e como tal processada.
Art. 40. Contestada a acção na fôrma dos arts. 33
e 36 a causa ficará desde logo em prova da terra e de
fora, com uma dilação peremptória de 20 dias que cor-
rerá, independentemente de citação das partes ou seus
procuradores, desde a assignação em audiência por qual-
quer dos litisconsortes.
Art. 41. Na mesma audiência em que, a requeri-
mento de algumas das partes, se der por finda a dilação?
se assignarão 10 dias a cada uma para dizerem afinal, e
de então em diante serão observadas, até á intimação da
sentença definitiva, as disposições dos arts. 224 a 227 e
230 a 235 do Regulamento n. 737 de 1850.
Art. 42. Na mesma audiência em que se derem por
concluidos os trabalhos da diligencia final da divisão ou
demarcação, se assignarão cinco dias a cada uma das
partes para dizerem, de facto e de direito, sobre o pro-
cessado, observada a disposição do art. 227 do Regu-
lamento n. 737 de 1850; findo o termo e conclusos os
autos, sellados e preparados, o Juiz proferirá a sentença,
homologando ou não a mesma divisão ou demarcação.
Art. 43. Somente são admissíveis, contra as sen-
tenças a que se referem os dous artigos antecedentes,
— 127 —
embargos de declaração ede restituição in integrum, os
quaes serão processados e decididos pela praxe prescripta
nos arts. 639 a 645 do Regulamento n. 737 de 1850.
Art. 44. A appellação da sentença, sobre o petitorio
da acção (art. 39), será recebida nos effeitos regulares ;
„a da sentença, a que se refere o art. 42, no devolutivo
somente.
Art. 45. Em cumprimento da sentença, obrigando
as partes ao pedido, ou em seguida ao termo assignado
para a contestação, si esta não fôr produzida ou se fizer
por negação (art. 38), designará o Juiz nos mesmos autos,
a requerimento de qualquer dos litisconsortes, a primeira
audiência especial para installar os trabalhos da divisão
ou demarcação, sendo intimados por carta os arbitradores
e agrimensores e citadas as partes pelo modo prescripto
no art. 15.
Art. 46. Nesta audiência que terá W a r em dili-
gencia no immovel, objecto da acção, se procederá:
• • , l.°Ao exame e conferência dos títulos das partes.
2.° A' verificação do ponto de partida da medição do
perimetro para determinar-se preliminarmente a extensão
superficial do immovel dividendo, ou ao reconhecimento
do marco primordial, rumos e quaesquer vestigios que
sirvam para fixar a base das operações na demarcação.
Art. 47. Si as partes tiverem oferecido testemunhas
informantes (que poderão levar independente de inti-
mação), o Juiz as fará prestar o compromisso de bem e
fielmente esclarecerem os peritos sobre os pontos de facto,
concernentes á confinação do immovel, e, se dolosamente
forem infleis, causando prejuizo aos litisconsortes ou a
terceiros, ficam sujeitas ás penas de falsidade, mediante
processo. As informações serão tomadas por escripto,
sempre que os peritos assim o requeiram.
— 128 —
Art. 48. O agrimensor empregará nos trabalhos de
campo ajudantes de corda e balisa da sua escolha e con-
fiança, os quaes servirão sob sua responsabilidade, ficando
também a cargo exclusivo delle garantir a exactidão
dos instrumentos e determinar a declinação magnética.
Art. 49. Somente poderão ser empregados como
agrimensores nas divisões e demarcações feitas judicial-
mente, sob pena de nullidade do respectivo processo, os
profissionaes que tiverem algum dos titulos de habi-
litação designados no Deer. n. 3.198 de 16 de De-
zembro de 1863.(1)
Art. 50. Reconhecido e assignado o ponto de partida
da medição, ou o marco ou rumo primordial da demar-
cação (art. 46) seguirão as respectivas operações sem
a permanência do juizo no lugar da diligencia, execu-
tando o agrimensor, sob sua responsabilidade, todo o
trabalho technico para o levantamento da planta do im-
movel dividendo e delimitação, total ou parcial, do demar-
cando, de accôrdo com as prescripções do art. 22 do De-
creto de 31 de Maio de 1890 (Lei Torrens ) e devendp ter-
em vista as forças dos titulos ou a sentença e obter os
possiveis esclarecimentos, por informação das testemu-
nhas e fama da vizinhança.
Art. 51. Si durante os trabalhos da medição ou
demarcação surgirem duvidas que reclamem o parecer
dos arbitradores e a deliberação do Juiz, o agrimensor
as exporá por officio e o Juiz, ouvindo aquelles, resolverá
de plano, com ou sem audiência das partes.
Outrosim, pertence também ao Juiz decidir livre-
mente entre os laudos divergentes dos arbitradores, pe-
sando as razões de divergência, que serão expressamente
declaradas nos mesmos laudos.

(1) Alterado pelo Decr. n. 1241 de 3 de Janeiro de 1891.


— 129 —
Art. 52. Entregues em cartório pelo agrimensor a
planta e o memorial descriptivo da medição e confinação
do immovel dividendo ou demarcando, o escrivão os jun-
tará aos autos e fará conclusão ao Juiz para designar a
segunda diligencia, em continuação dos trabalhos, com
intimação dos peritos e citação das partes pela fôrma dita
"ho art. 42.

TITULO II

DISPOSIÇÕES PECULIARES Á DIVISÃO

Art. 53. A petição inicial, instruída com os títulos


do jus in re do autor, conterá :
§ 1.° A causa ou origem da communhão e designação
da propriedade commum por seus característicos, situação
e denominação.
§ 2.° A descripção dos limites, de accôrdo com os
• títulos que os constituíram.
§ 3.° A nomeação e residência de todos os condô-
minos ou parceiros e dos representantes legítimos dos
incapazes.
§ 4.° A indicação dos interessados estabelecidos com
bemfeitorias e cultura proprias ou também communs.
§ 5." A declaração ou estimativa do valor da causa.
Art. 54. O pedido será para os réos se louvarem
com o autor, á primeira audiência depois de feitas todas
as citações, em agrimensor e arbitradores que procedem
á divisão e para reciprocamente abonarem as despezas,
sob pena de revelia.
Paragrapho único. Este petitorio compreliende os
fructos communs e indemnisações dos damnos, sobre-
vindos á contestação da lide, não assim os rendimentos e
9 D. T.
— 130 —
outras prestações pessoaes anteriores, para cujo cumpri-
mento usarão os interessados de acções distinctas que lhes
ficam resalvadas.
Art. 55. Os confrontantes do inimovel commum são
estranhos ao processo divisório ; fica-lhes, porém, salvo
o direito de, por acção competente, reclamarem e obterem
a restituição dos terrenos em que se julguem usurpados**
por invasão das linhas limitrophes, constitutivas do pe-
rímetro, ou a correspondente indemnisação pecuniária, á
escolha da parte obrigada.
Art. 56. Esta acção será exercida contra todos os
condôminos, se intentada antes de passar em julgado a
sentença que homologar a divisão ; ou contra os quinho-
-eiros dos terrenos reclamados, se depois.
Paragrapho nníco. Neste ultimo caso, terão os accio-
nados o direito de, pela mesma sentença que os obrigar á
restituição, haverem dos outros condôminos que foram
parte na divisão, ou dos seus successores por titulo uni-
versal, a proporcional composição pecuniária do desfalque
soífrido. Na acção resalvada aos confrontantes se admif» •
tira a assistência dos ditos condôminos ou seus successores.
Art. 57. Si qualquer linha do perímetro apanhar
bemfeitorias dos confrontantes, feitas ha mais de anno,
serão ellas respeitadas, bem como os terrenos occupados,
os quaes não se computarão na avaliação da área do im-
movel dividendo, ficando salva aos condôminos a acção
competente para os reivindicarem segundo as forças dos
seus títulos.
Paragrapho único. Considerar-se-hão bemfeitorias,
para os effeitos deste artigo, as edificações, os muros e
cercas, os pastos fechados, os cultivados de qualquer
espécie não abandonados ha mais de três annos.
Art. 58. A segunda diligencia da divisão tem por
objecto a formação e adjudicação dos quinhões ; para este
— 131 —
fim, os arbitradores procederão primeiramente ao exame,
classificação e avaliação das terras, sendo calculadas pelo
agrimensor as áreas de cada gleba classificada distincta-
mente.
Art. 59. Durante este trabalho preparatória rece-
b e r á o Juiz os pedidos das partes sobre o modo de serem
constituídos os seus quinhões e quaesquer outros requeri-
mentos, verbaes ou escriptos, mandando-os reduzir a termo
ou juntar aos autos, com os títulos e documentos produzi-
dos de novo.
Art. 60. Apresentado pelo agrimensor o calculo das
áreas classificadas, ou avaliado o immovel no seu todo, se
os arbitradores reconhecerem que a homogeneidade das
terras não determina variedade de preços, serão os autos
entregues aos mesmos arbitradores para exporem os seus
laudos sobre a fôrma da divisão e servidões que julguem
necessário serem instituídas.
Art. 61. Em seguida, conclusos os autos sem mais
audiência das partes, deliberará o Juiz a partilha geode-
sicá do immovel, pronunciando-se sobre os pedidos e outros
requerimentos apresentados anteriormente (art. 56) e
mencionados os titulos liabeis para serem attendidos na
formação dos quinhões. Deste despacho não haverá recurso.
Art. 62. Praticadas pelos peritos as investigações
e operações necessárias para a destribuição equitativa
dos quinhões, consultando-se quanto possível á commodi-
dade das partes e adjudicando-se-lhes, de preferencia, os
terrenos contíguos á situação de suas moradas e bemfeito-
rias, de modo a evitar-se o retalhamento dos quinhões em
glebas separadas, o agrimensor organisará o calculo para
o orçamento da divisão, de cujo auto deverá constar o
seguinte :
a) a confinação e a extensão superficial do immovel,
de accôrdo com o memorial e planta ;
+ %♦

— 132 —
h) a classificação das terras, si houver, com o calculo
das áreas de cada sorte e o respectivo preço, ou avaliação
do immovel na sua integridade :
(c quanto cabe, em quantidade geométrica, a cada
condômino nas terras dividendas, declarando­se quaes as
reducções e compensações proporcionaes feitas em raz;~: i
da diversidade de preços das glebas componentes de cada
quinhão.
Art. 63. Quando os condôminos possuírem no immo­
vel, não quotas de extensão superficial determinada, mas
partes ideaes originadas de partilhas em inventários ou
de outros títulos geradores da commnnhão, o agrimensor
praticará previamente os precisos cálculos para pôr em
relação as quantidades arithmeticas constantes dos títulos
com a avaliação do immovel na divisão processada.
Art. 64. Formado o orçamento, serão executadas
pelo agrimensor, segundo as indicações dos arbitradores,
subordinadas ao despacho de deliberação de partilha as
operações geodesicas e topographicas, concernentes á
separação, medição e demarcação dos quinhões, tendo
cada um destes sua folha de pagamento, assignada pelo
Juiz, agrimensor e arbitradores. na qual serão descriptos
as linhas e rumos divisórios, declarados os marcos que
forem cravados ou assignalados, independentemente de
pregões, e mencionadas as bemfeitorias e plantações com­
prehendidas na gleba descriminada, ou sejam proprias do
respectivo quinhoeiro, ou adjudicadas por compensação de
terras ou por indemnização pecuniária, ou também parti­
lhas, si pertencentes á mesma communhão.
Art. 65. N a mesma folha de pagamento serão decla­
radas as servidões que forem instituídas sobre o quinhão
demarcado ou a favor delle, designando­se o lugar da
servidão e regulando­se o modo e condições do seu exer­
cido.
— 133 —
Paragrapho nnico. E' permittido o estabelecimento
de servidão de caminho para comniunicar o prédio domi-
nante com a estação mais próxima de estrada de ferro, ou
de navegação fluvial ou maritima.

TITULO III

DISPOSIÇÕES PBCÜLIÀEES Á DEMARCAÇÃO

Art. 66. Xa petição inicial o autor demonstrará o


seu jus inre, quer a demarcação pretendida seja total,
quer parcial, e fará a descripção dos limites á constituir-se
ou aviventar-se, de accôrdo com os titulos offerecidos.
designando o immovel por seus característicos, situação e
denominação, e nomeando todos os confrontantes, bem
como os representantes legítimos dos incapazes, com
declaração das residências.
" Art. 67. O pedido será para os confrontantes se lou-
varem com o autor, á primeira audiência depois de feitas
todas as citações, em agrimensor e arbitradores que
demarquem os antigos limites ou os constituam de novo,
sob pena de revelia.
Paragrapho único. Quando o autor accionar com
queixa de turbação ou esbulho poderá addicionar o pe-
dido a restituição do terreno invadido, com os rendimen-
tos percebidos, ou indemnização dos damnos, desde o
tempo da indevida occupação, sendo este objecto decidido
conforme os princípios de direito sobre a boa ou má fé
do possuidor.
Art. 68. A segunda diligencia da demarcação tem
unicamente por fim authenticar os trabalhos executados
pelo agrimensor (art. 47), devendo o Juiz e arbitradores
— 134 —
percorreremos limites- assignalados e examinarem os
respectivos marcos, independemente de pregões, do que
tudo se lavrará auto circumstanciado em que se consig-
narão quaesquer esclarecimentos ou rectificações, sugge-
ridos pelo agrimensor ou arbitradores e determinados
pelo Juiz.

TITULO IV

DISPOSIÇÕES GERAES

Art. 69. Para a execução da sentença proferida em


gráo de appellação basta a cópia authentica do julgado
do tribunal superior, tirado pelo escrivão da appellação e
rubricada pelo presidente do tribunal ou Juiz da segunda
instância. Remettida officialmente ao Juiz executor e
exarado o cumpra-se deste, será a dita sentença junta ao
traslado do feito afim de ter nelle a devida execução
quando requerida.
Art. 70. Os arbitradores vencerão pelas diligencias
a que assistirem metade dos emolumentos taxados para
o Juiz nos arts. 24 e 25 do Decr. n. 5,742 de 2 de
Setembro de 1874, tendo mais, na divisão, os taxados
para os partidores e nada percebendo a titulo de con-
ducção.
Art. 71. O honorário do agrimensor será determi-
nado por ajuste feito com o promovente da acção e ficará
constando do acto da louvação ou da audiência de instal-
lação da diligencia (art. 43). Se houver impugnação dos
litis consortes presentes e ao Juiz parecer exagerado o
ajuste poderá modifical-o no mesmo acto, attendendo o
mais possivel ao aprazimento dos interessados.
— 135 —
Paragraplio iinico. Ao agrjmensor assiste o meio
executivo para a cobrança do honorário ajustado, podendo
exercel-o uma vez praticado o serviço e ainda que a di-
visão ou demarcação não sejam homologadas, salvo se
por culpa ou erro do mesmo agrimensor.
Art. 72. O promovente da divisão ou demarcação
prestará a necessária aposentadoria ao juizo durante o
tempo das diligencias, apresentando afinal a importância
das despezas para ser incluida, com o honorário do agri-
mensor, na conta e rateio proporcional de custas.
Art. 73. As divisões e demarcações já iniciadas pas-
sarão a ser processadas e regidas por este decreto, não
sendo, porém, exeqüível nenhuma sentença emquanto
pender qualquer recurso admittido pela legislação ante-
rior. Serão remettidos á jurisdicção commum os proces-
sos pendentes em juizo diverso.

Ministério dos Negócios da Justiça, 5 de Setembro


de 1890. — M. Ferraz de Campos Salles.
— 136 —

DECRETO N. 1241 DE 3 DE JASEIRO DE 1891


Altera o art. 49 do Regulamento que baixou com o
Decreto n. 720 de 5 de Setembro de 1890

O Generalissimo Manoel Deodoro da Fonseca, Chefe


do Governo Provisório, attendendo ao que expoz o
Ministro dos Negócios da Justiça sobre a conveniência
de ser alterado o art. 49 do Regulamento que baixou
com o Decr. n. 720 de 5 de Setembro do anno findo,
afim de permittir-se que a divisão e demarcação das ter-
ras do dominio privado nos lugares onde não houver pro-
lissionaes com alguns dos títulos designados no Decr.
ri. 3,198 de 16 de Dezembro de 1863, sejam feitas por
pessoas nomeadas pelos interessados,
Decreta :
Artigo único. Nos lugares onde não houver profis-
sionais com algum dos títulos de habilitação designado?—,
no Decr. n. 3,198 de 16 de Dezembro de 1863, podem
os interessados nas divisões ou demarcações das terras
do dominio privado, feitas judicialmente, propor como
agrimensores quaesquer pessoas de sua escolha, ficando
nesta parte alterado o art. 19 do Regulamento que baixou
com o Decr. n. 720 de 5 de Setembro de 1890.
O Ministro e Secretario de Estado dos Negócios da
Justiça assim o faça executar.
Sala das sessões do Governo Provisório, 3 de Janeiro
de 1891, 2o da Republica.

MANOEL DEODORO DA FONSECA.


M. Ferraz ãe Campos Salles.
IlsTIDIOE

Duas palavras ( Da I a edição ) Xí


Introdueção ( Legislação Estadual ) XIII

I. PARTE. — CONSOLIDAÇÃO
Divisão e demarcação de terras particulares 1
Da natureza das aeções de divisão e demarcação 1
Da competoncia 6
Da petição inicial 15
Da citação 23
Da louvação 38
Das suspeições 50
Da acçâo propriamente dita 55
Da execução 69
Primeira diligencia nas divisões e demarcações 71
Segunda diligencia nas divisões 84

II. PARTE. — FORMULÁRIO


Formulário 97
Acção de divisão 99
Aeções de demarcação 110

III. PARTE. — LEGISLAÇÃO


Decr. n. 720 de 5 de Setembro de 1890 sobre divisão e de-
marcação de terras particulares 117
Regulamento approvado pelo Decr. n. 720 para divisão e
demarcação das terras do dominio privado 118
Disposições communs do chamamento a Juizo 118
Disposições peculiares á divisão 129
Disposições peculiares á demarcação 133
Disposições geraes 134
Decr. n. 1241, que altera o art. 49 do Regulamento de
5 de Setembro de 1890 136
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