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Quelimane
2023
Jorge Carlos Ramujane
Quelimane
2023
Índice
1.0. Introdução.................................................................................................................................4
2.0. Objectivos.................................................................................................................................4
2.1. Geral.........................................................................................................................................4
2.2. Específicos................................................................................................................................4
3.0. Metodologia..............................................................................................................................4
4.0. Desenvolvimento......................................................................................................................5
4.2. Os Costumes locais como fontes do Direito e factor da coesão social nas sociedades............5
4.3. Precedente judiciário do costume como fonte de Direito nas sociedades prazeras do.............5
4.8. Normas de aquisição de terras e de posição social por parte dos prazeiros no vale do............7
5.0. Conclusão.................................................................................................................................9
6.0. Referências.............................................................................................................................10
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1.0. Introdução
Os prazos surgiram por volta do final do século XVII, quando D. Maria Guerra aforrou
algumas terras a uma avalanche de aventureiros, soldados e mercadores. Os prazos foram
inicialmente quer terras conquistadas por esses homens a custa de exército cativos, quer terras
que chefes locais lhes consideram em troca de agradecimentos ou de ajuda militar contra chefes
rivais, pode-se afirmar que os prazos nasceram com a penetração portuguesa no vale do Zambeze
a partir de 1530. Inicialmente, as terras destes senhores tão simples não se chamavam de prazos,
este termo parece ter surgido no século XVII, oriundo de Portugal ou da índia. Nesse século ter-
se-á instituído na índia a pratica de aforar ou conceder terras da Coroa portuguesa obtidas por
conquista, com obrigação de o foreiro nelas viver e ter sempre preparados soldados e cavalos de
guerra. Chamou-se Prazo a concessão, porque a terra era concedida mediante uma renda anual
durante duas ou três gerações, findo o prazo a terra voltava a Coroa, podendo continuar na
mesma família, em novo prazo de três vidas como novo foro, se tivesse sido convenientemente
administrada. Era o Vice-Rei português da Índia que concedia as terras em nome do Rei e as
concessões eram depois confirmadas em Lisboa.
2.0. Objectivos
2.1. Geral
Abordar Direito nas sociedades prazeras do vale do Zambeze
2.2. Específicos
Falar dos Costumes locais como fontes do Direito e factor da coesão social nas
sociedades prazeras do vale do Zambeze;
Descrever as normas de aquisição de terras e de posição social por parte dos prazeiros no
vale do Zambeze;
3.0. Metodologia
Para a materialização deste trabalho, dizer que foi desenvolvido através de alguns manuais
que tratam deste assunto, dado que o trabalho é de carácter bibliográfico auxiliado por autores da
fonte buscada para o tema em estudo.
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4.0. Desenvolvimento
4.2. Os Costumes locais como fontes do Direito e factor da coesão social nas sociedades
prazeras do vale do Zambeze.
Por exemplo nos prazos alguns Senhores Prazeiros vão adotar o aparato ideológico locar
isso é vai aproveitar dos costumes locais para manter a ordem e a paz social no seu prazo. E Uma
prova inequívoca de que a observação dos usos e costumes era uma forma especial, diferente da
metrópole, de resolver as questões, de acordo com as tradições e, de uma maneira ou de outra,
uma forma encontrada pela doutrina, e apropriada pela administração, para alcançar o “Outro” é
o art. 8º do Acto Adicional de 1852. E, a quanto disso, disse o régio António Enes, não era
possível colonizar as populações locais a partir das mesmas leis que vigoravam na metrópole.
Sendo assim, era fundamental que existisse uma legislação que estivesse de acordo com os
hábitos e costumes dos povos.
4.3. Precedente judiciário do costume como fonte de Direito nas sociedades prazeras do
vale do Zambeze.
Segundo Nunes (1935), o precedente judiciário do costume como fonte de Direito nas
sociedades prazeiras foram os que julgavam, sejam eles chefe ou anciãos, tendências voluntarias
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ou involuntárias, para aplicar aos litígios, soluções dadas precedentemente a conflitos do mesmo
tipo.
Mas a agricultura familiar não produzia as quantidades desejadas, era necessário organizar
plantações. É nessa altura que o governador da província ultramarina Augusto de Castilho, cuja
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administração estava desejosa de ter uma base tributária para manter a ocupação do território,
emite em 1886 uma portaria provincial regulando a cobrança do "mussoco" nos Prazos (que
tinham sido "extintos" pela terceira vez seis anos antes), que incluía a obrigatoriedade dos
homens válidos pagarem aquele imposto, se não em produtos, então em trabalho. É dessa forma
que começam a organizar-se as grandes plantações de coqueiros e, mais tarde, de sisal e cana
sacarina.
Esse decreto impunha ainda aos prazeiros a ocupação efetiva das terras arrendadas e o
pagamento à autoridade colonial da respectiva renda. Mas os prazeiros não tinham conseguido
converter a sua actividade de simples fornecedores de escravos ou de pequenas quantidades de
produtos na de organização das plantações, não só por falta de preparação (ou de vocação), mas
também por falta de capital. O resultado foi terem sido obrigados a subarrendar ou vender os
seus prazos, terminando assim a fase feudal desta porção de Moçambique.
4.8. Normas de aquisição de terras e de posição social por parte dos prazeiros no vale do
Zambeze.
Muitos dos prazeiros, como forma de aquisição de terras e de posição social, casavam com
as filhas dos chefes locais e, através disso tornavam-se membros das famílias desses (Nhapulo &
Uaila Bila,2017).
do Zambeze raramente pagavam os tais foros ou se sentiam vassalos da Coroa portuguesa. Cada
um deles era rei de si próprio, e eventualmente inimigos uns dos outros e dos governantes
portugueses
5.0. Conclusão
Em meio ao estudo em torno dos Prazeiros do vale do Zambeze, conclui-se que, a
miscigenação, no Vale do Zambeze, em consequência da implantação dos Prazos, além de ter
ocorrido entre negros e brancos, também envolveu populações de diferentes etnias, por vários
factores, de entre os quais podemos destacar a escravatura, a conquista e a dominação de outros
povos, quer pelos prazeiros, através dos seus guerreiros, achicundas, quer pelos reinos africanos
fora da jurisdição prazeira. Os Prazos eram obtidos por seguintes vias: conquista, compra,
atribuição (por um chefe africano) e sucessão. No Vale do Zambeze moldaram-se sociedades de
azungu (brancos), quer vindos da Índia (Goa) quer dos seus descendentes mulatos, resultantes do
cruzamento de brancos com as negras, facto catalisado pela escassez de mulheres brancas,
devido à inospitalidade do Vale do Zambeze (clima e doenças tropicais). Mesmo com a decisão
da Coroa Portuguesa para que a sucessão, no Prazo, ocorresse por via feminina, para estimular
ida de mulheres brancas, a situação não se alterou. A escassez da mulher branca continuou sendo
uma realidade até ao declínio dos Prazos e a transformação de alguns em Estados Militares do
Vale do Zambeze.
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6.0. Referências
Nunes, J. (1935). «Apontamentos sobre os usos e costumes dos indígenas. O direito de sucessão
e de herança de pessoas e bens», in Boletim da Sociedade de Estudos de Moçambique, ano 4, n.º
17, Lourenço Marques, p. 147
ZAMBEZE
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Bernardete Isac Marques
33333
ZAMBEZE
Quelimane
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Índice
1. Introdução...............................................................................................................2
2. Objectivos...........................................................................................................3
3. Metodologia de trabalho.........................................................................................3
4. Revisão literária......................................................................................................4
6.3. As Senhorias.....................................................................................................14
7. Conclusão.............................................................................................................17
8. Referência bibliográfica.......................................................................................18
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1. Introdução
O presente trabalho visa abordar assuntos inerentes a Direito na Sociedades
Prazeiras no Vale do Zambeze. Inicialmente discute algumas matrizes teóricas sobre
alguns aspectos gerais das Sociedades Prazeiras. Argumenta pela necessidade de
abdicar das leituras generalistas e propõe o enfoque do caso moçambicano. Por fim
também irei abordar assuntos ligados as acepções, âmbitos e influência do Direito nas
Sociedades Prazeiras.
2. Objectivos
Objectivo geral
Compreender o Direito nas Sociedades Prazeiras no Vale do Zambeze
Objectivos específicos
Falar das sociedades Prazeiras;
Identificar os principais Direitos na sociedade Prazeiras;
Descrever o Direito Administrativo nas sociedades Prazeiras;
Mencionar a influência da religião no âmbito legal.
3. Metodologia de trabalho
O presente trabalho de campo envolveu inicialmente a obtenção de informações teóricas
através de manuais, seguido do estudo formal descritivo, calcado numa pesquisa
bibliográfica junto a autores consagrados na abordagem do tema tratado, além da leitura
de artigos específicos sobre o assunto abordado através da internet.
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4. Revisão literária
O Costume vai ser uma das fontes de Direito neste período, sobretudo para os
nativos, cada localidade, pode-se dizer, tinha as suas normas para regular as suas
relações entre os vizinhos, normas transmitidas por tradição oral de geração em geração
e que eram consideradas como obrigatórias, de tal modo que a sua violação justifica a
aplicação de sanções aos infractores.
portuguesa obtidas por conquista, com obrigação de o foreiro nelas viver e ter sempre
preparados soldados e cavalos de guerra. Chamou-se Prazo a concessão, porque a terra
era concedida mediante uma renda anual durante duas ou três gerações, findo o prazo a
terra voltava a Coroa, podendo continuar na mesma família, em novo prazo de três vidas
como novo foro, se tivesse sido convenientemente administrada.
Deste quadro resultou que, se bem que inicialmente se tenha conseguido um êxito
parcial, com o passar do tempo os prazos evoluiram numa direcção totalmente diferente
da prevista, funcionando exclusivamente em benefício dos próprios prazeiros no lugar
de se guiar pelos interesses da monarquia portuguesa. Os prazeiros foram assim
aumentando os seus benefícios pessoais, o seu poder político-militar nas suas terras e
estabelecendo-se o mais possível de modo a fazer frente tanto aos ataques dos chefes
locais, como das próprias autoridades portuguesas.
Desta forma, não será exagerado sublinhar a ideia que a Coroa, na Zambézia
apenas conferia direitos de aforamento a territórios que os seus súbditos tinham
previamente negociado no terreno. Alexandre Lobato explica o processo ao referir que
“a terra que passava de domínio cafre para português era registada na Fazenda Real,
convertida em prazo, delimitada e coletada em tantos maticais de foro anual”.
posição de força demonstrada pela extensão do seu território imperial. Perante esta
realidade, como veremos, a própria administração oficial debateu-se com grandes
dificuldades em impor as suas regras junto dos enfiteutas (Rodrigues, pp. 15-34, 2006).
A inspiração para a criação jurídica do Prazo não é uma matéria unânime entre
os investigadores, havendo duas linhas de opinião distintas. De um lado encontramos
historiadores como Anthony Disney que afirmam a continuidade de um modelo de raiz
africana. Malyn Newitt arrisca como origem a generalização dos poderes conferidos
pelo Monomotapa aos estrangeiros no âmbito das feiras para em seu nome manter a
ordem dentro da respetiva comunidade, degenerando num âmbito mais largo de poder
sobre todas as comunidades. Esta delegação era conferida ao Capitão das Portas,
autoridade que era reconhecida pelas chefias africanas e portuguesas no território.
Ernesto Vilhena é mais comedido na interpretação da origem do prazo, encarando os
senhores como sucessores sociais das funções do mambo, interpretação com a qual não
podemos concordar, visto que, como veremos adiante, a hierarquia social africana não
desapareceu com o aparecimento dos prazeiros. O investigador que levou mais longe a
hipótese da origem não portuguesa do modelo de prazos foi Allen Isaacman, que não só
retira ao lado europeu toda a iniciativa, como vê no modelo de prazos uma instituição
muito similar a exemplos como, por exemplo, o reino de Kazembe. Esta interpretação é
cronologicamente discutível, visto que este reino só se viria a formar na segunda metade
do séc. XVIII (Kalinga, pp.713, 2010).
Lobolo;
Direito positivo, vindo da India e Portugal;
Codificação das terras;
6.3. As Senhorias
Tendo uma dicotomia contextual da presença portuguesa na África Oriental a
originalidade das senhorias dos prazos merece uma referência especial. A africanização
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7. Conclusão
Findo o presente trabalho posso constatar que a palavra prazo, foi usada a partir
do séc XIV para designar pequenas unidades políticas estruturadas dentro do império
dos Mwenemutapa por mercadores de origem portuguesa e indiana. O sistema de prazos
existiu apenas na região do Zambeze, entre Tete e Sofala nos séc. XVI e XVII.
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8. Referência bibliográfica
NEWITT, Malyn, História de Moçambique, Mem Martins, Europa-América, 1997.
LOBATO, Alexandre, Evolução Administrativa e Económica de Moçambique
(1753-1763), Lisboa, Edições Alfa, 1989.
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RODRIGUES, Eugénia, Portugueses e africanos nos Rios de Sena. Os prazos da
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Casa da Moeda, 2013.
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DISNEY, Anthony, História de Portugal e do Império Português, Vol. II, Lisboa,
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LOPES, Maria Mártires, "Goa: a simbiose luso-oriental", in MARQUES, A.H.O. et
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CAPELA, José, Donas, Senhores e Escravos, Porto, Edições Afrontamento, 1996.