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Resenha crítica - O vendedor de sonhos (o filme)

A trama ocorre na cidade de São Paulo, uma grande metrópole. Logo no início, já
pode ser percebida a profundidade do filme, quando Júlio César, personagem
interpretado por Dan Stulbach, tenta se suicidar pulando de um prédio, porém ele tem
sua tentativa frustrada pelo personagem “Mestre” interpretado por César Troncoso.
Durante o filme, podemos perceber que há inúmeros paradigmas que são
quebrados, mas o principal é “não há imunidade para doenças psicológicas”. Sim...
digo isso, pois Júlio César era visto como um “psicólogo renomado” o que em tese,
não o colocaria em tal situação, já que ele poderia ter subsídios para sair de uma crise.
Isso nos mostra que os profissionais da psicologia também carecem de ajuda
psicológica para viver e exercer bem sua profissão.
Outro paradigma é que “ter tudo” ou “estar no poder” pode trazer a felicidade,
pois o “Mestre” que naquele momento era um morador de rua, antes disso era um
grande empresário. Que viu sua família morrer em um acidente aéreo e que depois
disso, provavelmente por causa disso, passou a ter “esquizofrenia”, segundo o filme.
Ou seja, a vida corrida fez com que ele perdesse o “real sentido da vida” que é está ao
lado das pessoas que amamos, como o próprio personagem se refere a si como aquele
que “valorizou o trivial e desprezou o essencial”.
Além disso, uma coisa que me chamou bastante atenção foram as falas do
primeiro momento do filme, quando o Mestre está tentando salvar Júlio César do
suicídio. O Mestre deixa claro que um suicida não tenta matar a si mesmo e sim sua
dor. Por mais, que isso possa parecer claro, pelo menos depois de eu ter lido um
pouco sobre, estudado nesse curso e em outros momentos sobre o tema, é percetível
que a sociedade nem os individuo têm a noção disso. A quem diga que um suicida
está fazendo drama ou algo do tipo, quando na verdade ele está sofrendo, sentindo
uma dor que é só dele e que não pode ser desprezada.
Algo que também fica clara no filme é o quanto as imposições sociais nos
adoecem e nos leva a alguns questionamentos como “Será que eu preciso
estudar/trabalhar tanto?”, “Será que eu preciso trabalhar muito para ter um padrão de
vida que só alimenta o capitalismo!?”. Com esses questionamentos podemos perceber
que a vida cotidiana é movida por uma sociedade que está doente, por isso as pessoas
adoecem fisicamente, por diversas causas como o sedentarismo, e mentalmente com
doenças como ansiedade, depressão.
Então é possível depreender que a tentativa ou o suicídio é somente a ponta do
“Iceberg”, pois além da sociedade que adoece pelas demandas de consumo, também
há a forma pejorativa como as doenças mentais são tratadas. Dessa forma e com os
personagens desse filme, podemos perceber que o primeiro passo para sair de um
problema, é reconhecê-lo, é pedindo ajuda e recebendo ajuda e/ou deixar-se ser
ajudado.

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