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Acelerando a pesquisa do mundo.

GERANDO PESQUISA
PERGUNTAS ATRAVÉS
PROBLEMATIZAÇÃO
Patrícia Nicácio

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Iannis GABRIEL
- Academy of Management Review
2011, vol. 36, No. 2, 247–271.

GERANDO PERGUNTAS DE PESQUISA

ATRAVÉS DE PROBLEMATIZAÇÃO
MATS ALVESSON
University of Lund e University of Queensland

JÖRGEN SANDBERG
Universidade de Queensland

É cada vez mais reconhecido que o que torna uma teoria interessante e influente é que ela
desafia nossas suposições de alguma forma significativa. No entanto, as formas
estabelecidas para chegar a questões de pesquisa significam detectar ou construir lacunas
nas teorias existentes, em vez de desafiar seus pressupostos. Propomos a problematização
como uma metodologia para identificar e desafiar os pressupostos subjacentes à literatura
existente e, com base nisso, formular questões de pesquisa que provavelmente levarão a
teorias mais influentes.

Como pesquisadores, todos nós queremos produzir desafiar os pressupostos subjacentes às teorias
teorias interessantes e influentes. A visão dominante é existentes, portanto, parece ser um ingrediente
que uma teoria se torna influente se for considerada central no desenvolvimento de teorias mais
verdadeira. No entanto, em seu estudo seminal Davis interessantes e influentes nos estudos de
(1971) mostrou que o que torna uma teoria notável, e às administração. No entanto, as formas estabelecidas
vezes até famosa (Davis, 1986), não é apenas que ela seja de gerar questões de pesquisa raramente expressam
vista como verdadeira, mas também, e mais importante, tentativas mais ambiciosas e sistemáticas de desafiar
que seja vista como desafiadora. os pressupostos os pressupostos subjacentes às teorias existentes
subjacentes às teorias existentes de alguma forma (Barrett & Walsham, 2004; Bartunek et al., 2006; Clark
significativa. Durante as últimas quatro décadas, um & Wright, 2009; Johnson, 2003; Locke & Golden-
grande número de pesquisadores em administração e Biddle, 1997; Sandberg & Alvesson, 2011). Em vez
ciências sociais confirmaram e elaboraram a tese original disso, eles tentam principalmente identificar ou criar
de Davis de várias maneiras (por exemplo, Astley, 1985; lacunas na literatura existente que precisam ser
Bartunek, Rynes, & Ireland, 2006; Black, 2000; Campbell, preenchidas. É comum referir-se positivamente ou
Daft , & Hulin, 1982; Daft, 1983; Daft, Griffin, & Yates, levemente criticamente a estudos anteriores para
1987; Daft & Lewin, 1990; Davis, 1999; Hargens, 2000; “estender. . . esta literatura ”(Westphal & Khanna,
Lundberg, 1976; Miner, 1984; Mohr, 1982; Weick, 1989, 2003: 363), para“ abordar esta lacuna na literatura
2001; Wicker, 1985). Por exemplo, McKinley, Mone e ”(Musson & Tietze, 2004: 1301), para "preencher essa
Moon (1999) mostraram que para uma teoria receber lacuna" (Lüscher & Lewis, 2008: 221), para apontar
atenção e estabelecer uma nova escola teórica, ela deve para temas que outros "não prestaram atenção
diferir significativamente e ao mesmo tempo estar especial" (Thornborrow & Brown, 2009: 356), ou para
conectada à literatura estabelecida para ser vista como "pedir mais pesquisa empírica" ( Ewenstein & Whyte,
significativo. Da mesma forma, o estudo de Bartunek et 2009: 7). Tal “detecção de lacunas” significa que as
al. Sobre o que os membros do conselho daAcademy of suposições subjacentes à literatura existente, em sua
Management Journal considerados como sendo maior parte, permanecem incontestáveis na
particularmente interessantes, os artigos empíricos formulação das questões de pesquisa. Em outras
forneceram “suporte para os argumentos de Davis (1971) palavras, a detecção de lacunas tende a
em relação à teoria: os artigos empíricos que desafiam os subproblematizarliteratura existente e, portanto,
pressupostos atuais também são particularmente reforça ao invés de desafiar teorias já influentes.
prováveis de serem vistos como interessantes” (2006: Há, no entanto, um número crescente de
12). orientações de pesquisa que encorajam direta ou
indiretamente a problematização, como certas
Gerando questões de pesquisa por meio de versões do construcionismo social, pós-modernismo,
problematização, no sentido de identificar e desafiar feminismo e teoria crítica. Desde o pri-
247
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248 Academy of Management Review
O objetivo de muitas dessas orientações é
interromper, em vez de construir sobre e estender um
corpo de literatura estabelecido, pode-se argumentar
que eles tendem a overproblematize a pesquisa
realizada. Em particular, essas orientações tendem a
enfatizar a "capacidade de perturbar e ameaçar a
estabilidade de formas positivas de ciência da
gestão" (Knights, 1992: 533) como uma forma de
destacar o que está "errado" (por exemplo, enganoso
ou perigoso) com a existência conhecimento (Deetz,
1996) - isto é, o conhecimento "negativo" é o objetivo
(Knights, 1992). Para a grande maioria dos
pesquisadores com uma agenda de pesquisa mais
"positiva" - com o objetivo de avançar no
conhecimento de um assunto específico - essa
superproblematização é freqüentemente vista como
inadequada e inútil (Parker, 1991; Rorty, 1992).
Nosso objetivo neste estudo é integrar a agenda
de pesquisa positiva e negativa, desenvolvendo e
propondo a problematização como um
metodologia por identificar e desafiar os
pressupostos que fundamentam as teorias
existentes e, com base nisso, gerar questões de
pesquisa que levem ao desenvolvimento de teorias
mais interessantes e influentes nos estudos de
gestão. Para ser mais específico, (1) desenvolvemos
uma tipologia do quetipos de suposições podem
ser problematizadas em teorias existentes, e (2)
propomos um conjunto de princípios
metodológicos paraComo as Isto pode ser feito.
Nós nos concentramos apenas em problematizar
suposições que fundamentam literatura existente
como forma de construir questões de pesquisa.
Não discutimos como outros aspectos do processo
de pesquisa, como interesse geral, relevância para
os profissionais, escolha do caso e achados
empíricos inesperados, podem influenciar o
objetivo da pesquisa e, portanto, a formulação das
questões de pesquisa. Há também um grande e
sobreposto corpo de literatura sobre reflexividade
que trata de aspectos-chave da pesquisa (por
exemplo, Alvesson, Hardy, & Harley, 2008; Alvesson
& Sköldberg, 2009; Hardy & Clegg, 1997; Lynch,
2000; Westwood & Clegg, 2003). Uma vez que
nossa ênfase é em como trabalhar com
reflexividade ao formular questões de pesquisa,
abordamos apenas marginalmente outras
questões de reflexividade na pesquisa, como
invocar a consciência do próprio pesquisador, o
papel da retórica e as construções contínuas da
realidade na pesquisa. processo.
abril
relacionam-se com o trabalho existente (Alvesson, Hardy, &
Harley, 2008).
O artigo está estruturado como segue. Começamos
colocando a problematização em seu contexto
metodológico, discutindo as formas prevalentes de
gerar questões de pesquisa a partir da literatura
existente. Neste contexto, elaboramos e propomos a
problematização como metodologia para gerar
questões de pesquisa, em quatro etapas: (1)
descrevemos o objetivo e o ponto focal da
metodologia como pressupostos desafiadores que
fundamentam a literatura existente; (2) elaboramos
uma tipologia que consiste em cinco grandes tipos de
pressupostos que estão abertos para problematização
na teoria existente; (3) desenvolvemos um conjunto
de princípios metodológicos para identificar, articular
e desafiar as suposições subjacentes à literatura
existente; e (4) examinamos como a metodologia
desenvolvida pode ser usada para gerar questões de
pesquisa, aplicando-a a Dutton, Dukerich, e o
conhecido artigo de Harquail (1994) sobre identidade
organizacional. Finalmente, discutimos quais
contribuições a metodologia pode fazer para o
desenvolvimento de teorias nos estudos de
administração.
GAP-SPOTTING: A FORMA PREVALENTE DE
GERANDO PERGUNTAS DE PESQUISA
Uma ampla gama de estudos aponta para
ingredientes importantes envolvidos na formulação de
boas questões de pesquisa (por exemplo, Abbott, 2004;
Astley, 1985; Becker, 1998; Davis, 1971, 1986; Frost &
Stablein, 1992; Locke & Golden-Biddle, 1997; Mills, 1959;
Smith & Hitt, 2005; Starbuck, 2006; Van de Ven, 2007;
Weick, 1989). No entanto, poucos desses estudos
enfocaram especificamente como os pesquisadores
constroem questões de pesquisa revisando e criticando a
literatura existente. Por exemplo, enquanto Abbott
(2004) oferece uma série de ferramentas heurísticas e
Becker (1998) sugere um conjunto de truques do
comércio para chegar a novas ideias de pesquisa, essas
heurísticas e truques “não são especificamente
direcionados a qualquer fase ou aspecto particular do
processo de pesquisa ”(Abbott, 2004: 112).
Formas predominantes de construir questões de
pesquisa a partir da literatura existente
Um estudo que se aproxima de como os pesquisadores
constroem questões de pesquisa a partir de textos de
pesquisa é a investigação de Locke e Golden-Biddle (1997) de
como os pesquisadores criam uma oportunidade para
2011 Alvesson e Sandberg
contribuição em periódicos acadêmicos. Eles
realizaram uma investigação empírica de oitenta e
dois artigos qualitativos publicados no
Administrative Science Quarterly (sessenta e um
estudos) e o Academy of Management Journal (
vinte e um estudos) entre 1976 e 1996. Todos os
estudos, exceto oito, criaram oportunidades de
contribuição, argumentando que a literatura
existente estava incompleta ou havia esquecido
uma perspectiva importante e que essas eram
lacunas que precisavam ser preenchidas. Os oito
artigos restantes alegaram que a literatura
existente era enganosa na forma como produzia
conhecimento sobre um tópico específico. Uma
contribuição, então, dependia de fornecer um
estudo superior que fosse capaz de corrigir falhas
ou inadequações na literatura existente. Essas
descobertas de Locke e Golden-Biddle (1997) foram
confirmadas em estudos mais recentes nas áreas
de sistemas de informação (Barrett & Walsham,
2004) e marketing (Johnson, 2003).
Em um estudo mais atual de periódicos de gestão,
investigamos especificamente como os pesquisadores
de gestão construíram questões de pesquisa a partir
da literatura existente (Sandberg & Alvesson, 2011).
Em contraste com Locke e Golden-Biddle, nosso
estudo compreendeu um conjunto mais amplo de
periódicos e uma mistura de estudos qualitativos e
quantitativos. Analisamos cinquenta e dois artigos de
oito questões selecionadas aleatoriamente, entre
2003 e 2005, deAdministrative Science Quarterly,
Journal of Management Studies, Organização e
Estudos da Organização. Em todos os estudos
investigados, os pesquisadores geraram questões de
pesquisa ao identificar ou construir lacunas
específicas na literatura existente. Eles tentaram
identificar explicações concorrentes, fazer a varredura
de áreas negligenciadas ou pesquisar a escassez de
uma teoria ou perspectiva específica na literatura
existente. Então, com base nessas lacunas, eles
formularam suas próprias questões de pesquisa.
Esses estudos sugerem que a detecção de lacunas (ou
seja, identificar ou construir lacunas na literatura
existente que precisam ser preenchidas) é a forma mais
dominante de gerar questões de pesquisa a partir da
literatura existente em gestão. É, no entanto, importante
notar que a detecção de lacunas raramente envolve uma
simples identificação de lacunas óbvias em um
determinado corpo da literatura. Em vez disso, consiste
em processos complexos, construtivos e, às vezes,
criativos. Como mostram os estudos de Sandberg e
Alvesson (2011) e, em particular, Locke e Golden-Biddle
(1997), os pesquisadores
249
normalmente construir lacunas, organizando os
estudos existentes de maneiras específicas. Por
exemplo, uma maneira de criar uma lacuna,
identificada por Locke e Golden-Biddle, é sintetizar
a coerência na qual o pesquisador “cita [s] e traça
[s] conexões entre trabalhos e correntes
investigativas não tipicamente citados juntos. . . [o
que] sugere a existência de áreas de pesquisa
subdesenvolvidas ”(1997: 1030). Uma lacuna na
literatura existente também pode ser definida por
negociações específicas entre pesquisadores,
editores e revisores sobre quais estudos realmente
constituem a literatura existente e o que está
faltando nesse domínio da literatura (Bedeian,
2003, 2004; Tsang & Frey, 2007). Além disso,
detectar lacunas não é algo fixo; pode ser diferente
em tamanho e complexidade, como identificar ou
construir lacunas bastante estreitas em lacunas
mais significativas,
No entanto, independentemente das variações de
tamanho e complexidade, e independentemente do fato
de que os pesquisadores muitas vezes constroem
criativamente lacunas na literatura existente e a criticam
por ser deficiente de alguma forma (por exemplo, por ser
incompleta, inadequada, inconclusiva ou
subdesenvolvida), eles raramente desafio os
pressupostos subjacentes da literatura de qualquer
forma significativa. Em vez disso, elesconstruir sobre (ou
em torno) da literatura existente para formular questões
de pesquisa. Em outras palavras, quer os pesquisadores
apenas identifiquem ou construam criativamente lacunas
na literatura existente, eles ainda aderem ao mesmo
propósito - ou seja, "preencher lacunas" - isto é, adicionar
algo à literatura existente,não identificar e desafiar seus
pressupostos subjacentes e, com base nisso, formular
questões de pesquisa novas e originais.
O domínio da detecção de lacunas não está, como
se pode supor, confinado à pesquisa quantitativa ou
qualitativa hipotético-dedutiva; também é prevalente
na pesquisa qualitativa-indutiva. Este é claramente o
caso em nosso estudo anterior (Sandberg & Alvesson,
2011), mas particularmente perceptível na
investigação de Locke e Golden-Biddle (1997) de 82
estudos qualitativos, dos quais a grande maioria tinha
um projeto de pesquisa indutivo. A prevalência de
detecção de lacunas na pesquisa indutiva qualitativa
também é evidente na revisão de Lee, Mitchell e
Sablynski (1999) da pesquisa qualitativa em ciência
organizacional durante o período de 1979 a 1999,
bem como em Bluhm, Harman, Lee e Mitchell (2010 )
estudo de acompanhamento do período de 1999 a
2008. E é mais
250 Academy of Management Review
substanciado pelo estudo de Colquitt e Zapata-Phelan
(2007) das tendências na contribuição teórica e
impacto da pesquisa de construção de teoria e
pesquisa de teste de teoria com base em uma
amostra de 770 artigos publicados no Academy of
Management Journal entre 1963 e 2007. Seus
resultados indicaram “que o artigo típico [de pesquisa
indutiva] publicado em AMJ durante nosso intervalo
de cinco décadas examinou os efeitos que haviam
sido objeto de teorização anterior ou introduziu um
novo mediador ou moderador de um relacionamento
ou processo existente ”(2007: 1290).
A atividade generalizada de detecção de lacunas na
pesquisa indutiva qualitativa é ainda confirmada em
recente conselho editorial no Academy of Management
Journal para pesquisadores e revisores sobre o que
caracteriza a pesquisa qualitativa de alta qualidade. De
acordo com o editor, uma característica importante da
pesquisa indutiva qualitativa de alta qualidade é que ela
discute “por que essa pesquisa qualitativa é
necessária. . . . Para estudos indutivos, articular a
motivação de alguém não envolve apenas revisar a
literatura para ilustrar algumas 'lacunas' em pesquisas
anteriores, mas também explicar por que é importante
preencher essa lacuna. Este último é frequentemente
esquecido ”(Pratt, 2009: 858). Em uma linha semelhante,
mas de forma mais geral, com base em seus vinte e seis
anos comoAdministrative Science QuarterlyEditora-chefe
da (e sua leitura de mais de 19.000 avaliações e mais de
8.000 cartas de decisão), Johanson oferece o seguinte
conselho básico aos autores sobre o que os revisores de
periódicos esperam da publicação acadêmica: “Se você
não pode apresentar um argumento convincente de que
Se você estiver preenchendo uma lacuna importante na
literatura, terá dificuldade em estabelecer que tem uma
contribuição a dar a essa literatura. Você pode se
surpreender com a quantidade de autores que não
percebem esse ponto fundamental ”(2007: 292).
As descobertas acima e os estudos que mostram a
prevalência de pesquisas sobre identificação de
lacunas nos estudos de administração podem, é claro,
ser questionados de várias maneiras. Por exemplo, as
análises de Locke e Golden-Biddle (1997) e Sandberg e
Alvesson (2011) baseiam-se em como os
pesquisadores apresentaram seus estudos em artigos
publicados, que podem ter se desviado de como eles
“realmente” geraram suas questões de pesquisa. As
convenções retóricas podem explicar como os autores
apresentam suas pesquisas em textos publicados.
Talvez alguns pesquisadores problematizem os
pressupostos que fundamentam a teoria existente
para gerar questões de pesquisa, mas usam um
abril
retórica de apontar lacunas ao apresentar suas
pesquisas para serem publicadas (Starbuck, 2003,
2006). De acordo com Starbuck, “os autores podem
aumentar a aceitação de suas inovações
retratando-as como aprimoramentos incrementais
de crenças amplamente difundidas” (2003: 349).
(Veja também Bourdieu [1996], Knorr-Cetina
[1981], Latour e Woolgar [1979] e Mulkay e Gilbert
[1983] para a diferença entre o trabalho dos
pesquisadores e suas publicações.)
Uma explicação intimamente relacionada ao uso
difundido de detecção de lacunas é o contexto
político em que a maior parte da pesquisa em
gestão ocorre (Alvesson, Ashcraft, & Thomas, 2008;
Bourdieu, 2004; McMullen & Shepard, 2006;
Sandberg & Alvesson, 2011). É bem sabido que as
decisões de posse, promoção e financiamento
dependem fortemente da capacidade de publicar
regularmente em periódicos de qualidade. Desafiar
as premissas que embasam os estudos existentes
muitas vezes é arriscado, pois significa questionar
as relações de poder existentes no campo
científico, o que pode resultar em transtorno de
colegas, revisores e editores e, assim, pode reduzir
as chances de publicação de um artigo (Bourdieu,
2004 ; Breslau, 1997; Starbuck, 2003). Portanto,
para aumentar as chances de publicação,
No entanto, dado o crescente reconhecimento de
que desafiar os pressupostos subjacentes à literatura
existente é o que torna uma teoria interessante,
parece estranho se os autores em geral optam
deliberadamente por construir questões de pesquisa
através da detecção de lacunas, ou se eles tentam
minimizar ou ocultar uma forte contribuição de vesti-
lo com retórica de apontar lacunas. Também é
provável que os revisores detectem e questionem
uma discrepância entre um propósito de pesquisa
que foi apresentado em um discurso de identificação
de lacunas, mas que produziu resultados que
desafiaram a literatura. Além disso,
independentemente de como os pesquisadores
realmente formulam e reformulam suas questões de
pesquisa, e independentemente de quais normas
sociais e políticas influenciam sua apresentação em
artigos de periódicos, é, como observado em
Sandberg e Alvesson, “Na elaboração do texto de
pesquisa que se constrói a questão final de pesquisa,
que é aquela que especifica a real contribuição do
estudo” (2010: 25). Em outras palavras, a suposição de
pesquisas desafiadoras é de valor limitado se for
2011 Alvesson e Sandberg
não mostrado claramente no texto de pesquisa
publicado. Há, portanto, fortes razões para levar
muito a sério as questões de pesquisa, conforme
declaradas no texto de pesquisa publicado, e não
considerá-las menos importantes do que as questões
de pesquisa em operação durante os estágios iniciais
do projeto de pesquisa, que eventualmente levam à
publicação.
Identificação de lacunas: um problema cada vez mais
perturbador nos estudos de gestão
O domínio da pesquisa que busca os ganhos
incrementais da detecção de lacunas tem, nas últimas
duas décadas, cada vez mais sido visto como um
problema preocupante nos estudos de gestão. Por
exemplo, em seus comentários editoriais na edição
inaugural daCiência da Organização, Daft e Lewin
observaram uma forte “necessidade de reorientar a
pesquisa [organizacional] para longe da pesquisa
incremental de notas de rodapé sobre notas de
rodapé como a norma para o campo” (1990: 1).
Refletindo sobre os anos desde o lançamentoCiência
da Organização, Daft e Lewin (2008: 177) admitiram
que sua missão original não havia sido realizada. Eles
reenfatizaram a necessidade de não priorizar
métodos de pesquisa empírica rigorosos, mas, em vez
disso, “novas teorias e formas de pensar sobre as
organizações, juntamente com uma metodologia
plausível que fundamenta a teoria” (2008: 182).
Os editores de saída do Journal of Management
Studies fizeram observações semelhantes em suas
reflexões finais sobre o campo da gestão. Com
base em seus seis anos no cargo (2003-2008), eles
comentaram que enquanto
nós, juntamente com muitos outros periódicos,
testemunhamos uma proliferação de artigos
submetidos, é difícil concluir que isso foi
acompanhado por um aumento correspondente de
artigos que adicionam significativamente à
disciplina. Mais está sendo produzido, mas os papéis
de grande impacto permanecem indefinidos. . . . A
ênfase no aprimoramento do rigor da teorização e
do método empírico. . . pode ter levado a mais
questões de pesquisa incrementais sendo
abordadas. . . . [E] o impacto da cultura de auditoria
e do sistema de incentivos provavelmente afetará a
extensão em que tanto o corpo docente júnior
quanto, surpreendentemente, o corpo docente
sênior altamente competente (McMullen &
Shepherd, 2006) se engajam em pesquisas que
desafiam o consenso.
251
Na mesma linha, os editores da Academy of
Management Journal argumentou que enquanto a
revista está publicando “pesquisas tecnicamente
competentes que simultaneamente contribuem para
a teoria. . . [é] desejável aumentar a proporção de
artigos publicados emAMJ que são considerados
importantes, executados com competência e muito
interessante" (isto é, estudos que desafiam
suposições; Bartunek et al., 2006: 9).
As observações editoriais acima, junto com outras (por exemplo, Starbuck, 2006), sugerem
que a escassez de teorias mais interessantes e influentes é um problema sério nos estudos de
gestão e, em certa medida, também nas ciências sociais como um todo (Delanty, 2005) . Parece
haver um senso amplamente compartilhado na administração de que o campo é mais forte na
produção de rigor do que na produção de teorias interessantes e influentes (ver também Sutton
e Staw, 1995). É improvável que esforços adicionais para desenvolver estratégias de detecção de
lacunas existentes ou novas superem a escassez de pesquisas de alto impacto. Isso não quer
dizer que a pesquisa sobre detecção de lacunas não seja importante. Ele desempenha um papel
crucial no desenvolvimento da literatura de gestão existente por meio de acréscimos
sistemáticos e incrementais, bem como por meio da identificação e abordagem de lacunas mais
significativas. Contudo, como a detecção de lacunas não tenta deliberadamente desafiar os
pressupostos que fundamentam a literatura existente, é menos provável que aumente a
proporção de teorias de alto impacto no campo da gestão. Portanto, parece vital apoiar e
fortalecer tentativas de problematização mais deliberada, sistemática e ambiciosa, tanto como
ideal de pesquisa quanto como metodologia para construir questões de pesquisa. Além de
detectar lacunas, pretendemos neste artigo desenvolver a problematização como uma
metodologia para desafiar os pressupostos subjacentes à literatura existente e, com base nisso,
formular questões de pesquisa que podem levar a teorias mais interessantes e influentes. é
menos provável que aumente a proporção de teorias de alto impacto no campo da gestão.
Portanto, parece vital apoiar e fortalecer as tentativas de problematização mais deliberada,
sistemática e ambiciosa, tanto como ideal de pesquisa quanto como metodologia para construir
questões de pesquisa. Além de detectar lacunas, pretendemos neste artigo desenvolver a
problematização como uma metodologia para desafiar os pressupostos subjacentes à literatura
existente e, com base nisso, formular questões de pesquisa que podem levar a teorias mais
interessantes e influentes. é menos provável que aumente a proporção de teorias de alto
impacto no campo da gestão. Portanto, parece vital apoiar e fortalecer tentativas de
problematização mais deliberada, sistemática e ambiciosa, tanto como ideal de pesquisa quanto
como metodologia para construir questões de pesquisa. Além de detectar lacunas, pretendemos
neste artigo desenvolver a problematização como uma metodologia para desafiar os
pressupostos subjacentes à literatura existente e, com base nisso, formular questões de pesquisa
que podem levar a teorias mais interessantes e influentes.
PROBLEMATIZAÇÃO COMO METODOLOGIA
PARA GERAR QUESTÕES DE PESQUISA
Nesta seção, desenvolvemos a problematização como
metodologia para gerar questões de pesquisa. Em
primeiro lugar, descrevemos o objetivo e o ponto focal
da metodologia. Em seguida, elaboramos uma tipologia
que especifica quais premissas estão abertas para
problematização e seguimos isso com um conjunto de
princípios para identificar, articular e desafiar
252 Academy of Management Review
suposições desafiadoras subjacentes à literatura
existente e, com base nisso, construir questões de
pesquisa que levarão ao desenvolvimento de
teorias mais interessantes e influentes.
O Objetivo da Metodologia da Problematização
Embora a identificação de lacunas e a
problematização sejam duas formas distintas de
construir questões de pesquisa a partir da literatura
existente, deve-se reconhecer que não são
mutuamente exclusivas (Dewey, 1938; Foucault, 1972;
Freire, 1970; Locke & Golden-Biddle, 1997; Mills ,
1959). Qualquer problematização de um domínio da
literatura exige algum escrutínio de debates
específicos, críticas e, possivelmente, desafios
anteriores de suposições no domínio, e a maioria dos
esforços de identificação de lacunas envolvem alguma
forma de problematização modesta (no sentido mais
amplo da palavra - isto é, crítica escrutínio). No
entanto, não vemos a detecção de lacunas como uma
forma genuína de problematização, uma vez que não
tenta deliberadamente identificar e desafiar os
pressupostos subjacentes à literatura existente no
processo de construção de questões de pesquisa.
Existem elementos mais fortes de
problematização em debates entre defensores de
várias escolas e paradigmas (Abbott, 2001, 2004;
Burrell & Morgan, 1979; Donaldson, 1985; Reed,
1985, 2004), bem como dentro de orientações mais
radicais, como o pós-modernismo e teoria crítica.
No entanto, embora muitos dos guerreiros do
paradigma e proponentes de orientações mais
radicais critiquem vigorosamente as teorias
existentes, suas problematizações são
frequentemente secundárias no sentido de que são
mais ou menos "feitas" por mestres pensadores,
como um baudrillardiano (Grandy & Mills , 2004) ou
uma perspectiva foucaultiana sobre um campo
particular (por exemplo, Knights & Morgan, 1991;
Townley, 1993). Da mesma forma, os contra-textos,
como o de Donaldson (1985), normalmente visam
defender ou reforçar uma posição preferida, mas
não oferecem novos pontos de partida. Como
Abbott observa,mulheres e redes sociais? ' 'que tal
umde gênero conceito de narrativa? ' e assim por
diante) ”(2004: 85).
Portanto, também não vemos essas tentativas de
problematização pré-embaladas como genuínas,
porque elas se aplicam em vez de desafiar a literatura
que seguem, reproduzindo assim principalmente
abril
os pressupostos subjacentes à sua própria
perspectiva. Em vez disso, nossa ideia é usar a
problematização como uma metodologia para
desafiar os pressupostos que fundamentam não
apenas os outros, mas também os próprioster
posição teórica e, a partir dela, construir novas
questões de pesquisa. Isso não quer dizer que um
problematizador esteja “em branco” ou sem posição.
Qualquer problematização necessariamente toma seu
ponto de partida dentro de uma posição metateórica
específica (isto é, postura epistemológica e
ontológica; Tsoukas & Knudsen, 2004: Capítulo 1). A
ambição, portanto, não é, nem é possível, desfazer
totalmente a própria posição; antes, é desempacotá-
lo o suficiente para que algumas de nossas
suposições comuns possam ser examinadas e
reconsideradas no processo de construção de novas
questões de pesquisa. Essa descompactação é crucial
porque, como observam Slife e Williams,
para avaliar e compreender verdadeiramente as
ideias por trás de outras ideias, devemos ter um
ponto de comparação. Devemos ter algum contraste
com as ideias implícitas ou elas não se parecerão
com ideias. Eles parecerão senso comum, verdade
ou axiomas, e não os pontos de vista que realmente
são (1995: 71).
Portanto, em vez de detectar lacunas dentro de
um domínio da literatura ou de aplicar uma
problematização predefinida para desafiar as
suposições de outros, o objetivo da metodologia de
problematização aqui proposta é chegar a novas
questões de pesquisa por meio de um
interrogatório dialético da própria posição familiar,
outras posturas e o domínio da literatura
direcionado para o desafio de suposições. Em tal
metodologia, paradigma e outros debates mais
amplos, como behaviorismo e culturalismo,
contextualismo e não-contextualismo, e escolha e
restrição (Abbott, 2004: 162-210), e estruturas
críticas, como políticas (Alvesson & Willmott, 1996;
Burrell & Morgan, 1979; Foucault, 1977), linguístico
(Grant, Hardy, Oswick, & Putnam, 2004),
construcionista (Gergen, 1992; Sandberg, 2001) e
pós-modernista (Cooper & Burrell, 1988; Deetz,
1992; Knights, 1992; Rosenau, 1992), bem como
contra-respostas a estes (por exemplo, Donaldson,
1985; Reed, 2004), são vistos como importantes
metodológicosRecursos para abrir e examinar
suposições subjacentes às teorias estabelecidas,
incluindo, até certo ponto, a teoria favorita do
problematizador. Tal metodologia apóia uma
atitude acadêmica mais reflexiva, no sentido de
que incentiva o pesquisador a não
2011 Alvesson e Sandberg
apenas para usar sua posição teórica favorita, mas
para começar a “usar diferentes posturas padrão para
questionar uns aos outros. . . [e combiná-los] em
formas muito mais complexas de questionamento do
que qualquer um deles pode produzir sozinho
”(Abbott, 2004: 87).
Assim, ao elaborar e propor a problematização
como metodologia para gerar questões de pesquisa,
não tomamos nenhuma postura paradigmática
particular mais do que abraçamos a suposição
metateórica geral e arraigada dentro da academia de
que todo conhecimento é incerto, verdades ou teorias
não podem ser aceitas como dados, os pesquisadores
tendem a ser conformistas e limitados por
paradigmas (Kuhn, 1970), e os desenvolvimentos
teóricos são parcialmente baseados em repensar e
desafiar os pressupostos fundamentais subjacentes
às teorias dominantes (Tsoukas & Knudsen, 2004). Em
outras palavras, a problematização, como a definimos
aqui, pode, em princípio, ser aplicada a todas as
tradições teóricas ou convicções metodológicas e
pode ser usada dentro e contra todos, incluindo o
próprio problematizador.
Uma nota sobre a teoria
Antes de elaborar a problematização como uma
metodologia para gerar questões de pesquisa mais
especificamente, é importante descrever o que
queremos dizer com “teoria”. Uma vez que existem
muitos pontos de vista sobre as teorias no campo da
gestão (Colquitt & Zapata-Phelan, 2007; DiMaggio, 1995;
Sutton & Staw, 1995), e uma vez que esses pontos de
vista são, de várias maneiras, parte do que pode e deve
ser direcionado para suposições desafiadoras , não
estamos afirmando uma visão estrita da teoria. A
definição de Bacharach (1989) provavelmente se
aproxima da visão abrangente da teoria que adotamos
aqui. Ele define a teoria como
uma declaração de relações entre conceitos dentro de
um conjunto de limites de suposições e restrições. Não
é mais do que um dispositivo linguístico usado para
organizar um mundo empírico complexo. . . . o
propósito de uma afirmação teórica é duplo: organizar
(parcimoniosamente) e comunicar (claramente) (1989:
496).
Exceto pela definição ampla e aberta de teoria de
Bacharach, o que está particularmente próximo de
nossa própria visão é sua noção de que as teorias não
são afirmações flutuantes, mas são sempre baseadas
e limitadas pelas suposições dos pesquisadores sobre
o assunto em questão. Como observa Bacharach, o
conjunto limite de premissas é
253
crítico de entender, porque “se uma teoria deve ser
usada ou testada apropriadamente, as suposições
implícitas do teórico que formam os limites da teoria
devem ser compreendidas” (1989: 498). No entanto,
compreender os pressupostos que sustentam as
teorias existentes é importante não apenas para ser
capaz de usá-los e testá-los, mas também para ser
capaz de desenvolver novas teorias. Em particular,
sem compreender os pressupostos que fundamentam
as teorias existentes, não é possível problematizá-los
e, com base nisso, construir questões de pesquisa que
podem levar ao desenvolvimento de teorias mais
interessantes e influentes (por exemplo, Davis, 1971).
Premissas desafiadoras: o ponto focal na
geração de questões de pesquisa por meio da
problematização
Mas como podemos problematizar suposições
de uma forma que gere novas questões de
pesquisa? Embora a problematização seja
apresentada em várias orientações teóricas, como
o pragmatismo (Dewey, 1916) e a teoria ator-rede
(Callon, 1980), a conceituação de Foucault é um
bom ponto de partida (Castels, 1994; Deacon,
2000). Para Foucault, a problematização é antes de
mais nada um “esforço para saber como e em que
medida é possível pensar de forma diferente, em
vez do que já se sabe” (1985: 9). Tal esforço não
questiona principalmente o quão bem alguns
construtos ou relações entre os construtos
representam um assunto específico, como
"motivação" ou "diversidade". Em vez disso,
questiona os pressupostos necessários que os
pesquisadores fazem sobre um assunto para
desenvolver a teoria específica sobre ele.
Como vários estudiosos notaram (Bourdieu, 1996;
Derrida, 1978/1967; Heidegger, 1981/1927; Husserl,
1970/1900-1901; Merleau-Ponty, 1962/1945), os
pressupostos funcionam como um ponto de partida
para a produção de conhecimento pois sempre
envolvem algumas suposições ou, como diz Gadamer
(1994/1960), preconceitos sobre o assunto em
questão. Por exemplo, os estudos sobre liderança
pressupõem um conjunto de suposições que nos
permitem conceituar “liderança” como algo em
primeiro lugar, como a teoria das características,
enfatizando qualidades estáveis e ligadas à pessoa.
Sem essa compreensão inicial da liderança, não
teríamos ideia do que procurar, como planejar nosso
estudo, que material empírico coletar e como analisar
e teorizar a liderança. O fo-
254 Academy of Management Review
O ponto importante na problematização como
metodologia para gerar questões de pesquisa é,
portanto, iluminar e desafiar as suposições
subjacentes às teorias existentes sobre um assunto
específico.
Para desenvolver a problematização como
metodologia para gerar questões de pesquisa,
duas questões-chave precisam ser respondidas em
relação aos pressupostos. Primeiro o quetipos de
suposições são relevantes a considerar? Segundo,
Como as essas suposições podem ser identificadas,
articuladas e desafiadas de uma forma que possa
levar ao desenvolvimento de uma teoria
interessante? Altamente relevante aqui é o
crescente corpo de trabalho que enfocou o
“interesse” no desenvolvimento de teoria. Embora
muitos teóricos (por exemplo, Astley, 1985;
Bartunek et al., 2006) tenham descrito como uma
teoria pode se tornar mais interessante desafiando
suposições, Davis (1971) discutiu isso de forma
mais completa, desenvolvendo um "índice do
interessante". O índice descreve doze maneiras
diferentes em que as suposições de um público
podem ser desafiadas; estes são agrupados em
duas categorias principais. A primeira categoria
(caracterização de um único fenômeno) inclui
aqueles casos em que assumimos que um
fenômeno é constituído de uma maneira particular,
mas na realidade não o é, ou vice-versa; por
exemplo, um fenômeno que muitos presumem ser
desorganizado é, de fato, organizado. A segunda
categoria (relações entre fenômenos múltiplos)
inclui aqueles casos em que assumimos que existe
uma relação particular entre fenômenos múltiplos
quando não existe, ou vice-versa; por exemplo,
fenômenos que assumimos serem correlacionados
são, na realidade, não correlacionados.
Embora o índice de Davis forneça uma descrição
abrangente das maneiras pelas quais uma teoria
pode desafiar as suposições de um público, o
índice não especifica quais tipos de suposições
podem ser problematizados. Ele fornece apenas
uma definição geral de suposição na forma de “o
que parece ser X é na realidade não-X, ou o que é
aceito como X é na verdade não-X” (Davis, 1971:
313). Em particular, tal definição geral não aborda
como as suposições diferem em profundidade
(Abbott, 2004; Schein, 1985) e escopo (Gouldner,
1970), que são essenciais para entender ao
construir questões de pesquisa por meio da
problematização. Nem o índice fornece quaisquer
princípios específicos de como diferentes tipos de
suposições podem ser identificados, articu-
abril
lated e desafiado. A seguir, desenvolvemos uma
tipologia de premissas que especifica quais tipos
de premissas estão disponíveis para
problematização ao gerar questões de pesquisa,
seguida pela elaboração de um conjunto de
princípios de como as premissas podem ser
identificadas e problematizadas.
Uma tipologia de premissas abertas para
problematização
Embora haja uma gama de diferentes suposições
dentro do campo científico, achamos produtivo
distinguir cinco amplos conjuntos de suposições que
diferem em profundidade e escopo. Estes são
internos, metáfora raiz, paradigma, ideologia e
suposições de campo. Essa categorização é
parcialmente inspirada pela diferenciação de Morgan
(1980) entre resolução de quebra-cabeças, metáforas
básicas e paradigmas. A tipologia também é
influenciada pelo debate do paradigma, onde alguns
autores afirmam ter uma visão geral de várias visões
de mundo (paradigmas), indicando assim a
importância da arena mais ampla mantida unida por
algumas ideias e suposições gerais (Burrell & Morgan,
1979). O interesse pelos pressupostos da ideologia
provém da observação de que o envolvimento dos
pesquisadores em campos científicos como a
administração não é de forma alguma neutro em
relação aos interesses humanos e posicionamento
político (Habermas, 1972). A noção de suposição de
campo é inspirada por estudiosos que têm uma visão
mais ampla de uma área acadêmica (por exemplo,
Bourdieu, 1979; Foucault, 1972).
Suposições internasexistem dentro de uma escola
particular de pensamento no sentido de que são
compartilhados e aceitos como não problemáticos por
seus defensores. Os pressupostos internos diferem da
solução de quebra-cabeças porque se referem a um
conjunto de ideias sustentadas por uma escola teórica
sobre um assunto específico, enquanto a solução de
quebra-cabeças se refere à forma particular de
conduzir a pesquisa estipulada por aquela escola. Um
exemplo de suposições internas são as teorias de
traços dentro da escola racionalista, que
normalmente conceitua liderança como um conjunto
de atributos específicos, como conhecimento formal,
habilidades, atitudes e traços pessoais possuídos pelo
líder individual (Yukl, 2006). Se questionássemos o
pressuposto da teoria dos traços de que a liderança é
definida menos pelo traço do líder do que pelo
contexto social, desafiaríamos um pressuposto
interno de liderança.
2011 Alvesson e Sandberg
Suposições de metáfora raiz estão associados a
imagens mais amplas de um determinado assunto
(Morgan, 1980, 1997). Nos estudos de administração,
por exemplo, é comum ver as organizações como
“culturas” em termos de um conjunto unitário de
valores e crenças compartilhados pelos membros da
organização. No entanto, no nível da metáfora raiz
(Smircich, 1983), os autores questionaram as
suposições em torno da unidade, singularidade e
consenso, e enfatizaram a diferenciação,
fragmentação, descontinuidade e ambiguidade como
elementos-chave na cultura (por exemplo, Martin,
2002; Martin & Meyerson, 1988).
Os pressupostos ontológicos, epistemológicos e
metodológicos que fundamentam uma literatura
específica podem ser caracterizados como suposições
paradigmáticas (cf. Burrell e Morgan, 1979; Kuhn, 1970).
O desafio de tais suposições é freqüentemente um
ingrediente central para gerar questões de pesquisa
interessantes. Por exemplo, ao adotar uma perspectiva
interpretativa sobre competência profissional, Sandberg
(2000) desafiou a ontologia dualista subjacente à escola
racionalista predominante, que conceitua competência
profissional como consistindo em duas entidades
separadas: um conjunto de atributos possuídos pelo
trabalhador e um conjunto separado de atividades de
trabalho. No entanto, de uma abordagem interpretativa,
a competência não consiste em duas entidades
separadas; em vez disso, pessoa e trabalho formam uma
relação inseparável por meio da experiência vivida de
trabalho. Tal questionamento permitiu a Sandberg
fornecer um fundamento alternativo de suposições e,
com base nisso, gerar novas questões de pesquisa sobre
competência profissional.
Suposições ideológicas incluem várias suposições
relacionadas a questões políticas, morais e de gênero
sobre o assunto. Burawoy (1979), por exemplo,
sugeriu que os pesquisadores que conduzem estudos
do trabalho não deveriam partir da pergunta "Por que
os trabalhadores não trabalham mais?" e então
investigar as normas sobre um desempenho de
trabalho razoável; em vez disso, eles deveriam
perguntar: "Por que as pessoas trabalham tanto
quanto elas?" Na mesma linha, Sievers (1986) desafiou
as teorias existentes de motivação, sugerindo que em
vez de perguntar como as pessoas podem ser
motivadas nas organizações, eles deveriam perguntar
por que as pessoas precisam ser motivadas se elas
consideram seus trabalhos significativos.
Suposições de campo são um conjunto mais amplo
de suposições sobre um assunto específico que são
compartilhados por várias escolas diferentes de
255
pensamento dentro de um paradigma e, às vezes, até
mesmo através de paradigmas e disciplinas. O
trabalho de Simon (1947) sobre a racionalidade
limitada pode talvez ser visto como uma identificação
e desafio moderados, mas bem-sucedidos, de uma
suposição de campo. Seu desafio da suposição
amplamente compartilhada de que os humanos são
tomadores de decisão racionais e a suposição
alternativa de racionalidade limitada abriram uma
série de novas e interessantes questões de pesquisa e
teorias. Os pressupostos de campo também podem
unir escolas antagônicas, que, em um nível, muitas
vezes se apresentam como diferentes e até opostas,
mas, em um nível mais profundo, compartilham um
conjunto de pressupostos sobre seu campo particular
(cf. Bourdieu, 1979). Por exemplo, os teóricos do
processo de trabalho e estudiosos da gestão crítica de
orientação pós-estrutural concordam que existe algo
chamado "gestão" e uma ideologia ou discurso do
gerencialismo, que deve ser abordado de forma
crítica. No entanto, em debates, cada uma dessas
escolas de pensamento afirma ter acesso privilegiado
a uma compreensão perspicaz da administração.
Tomada em conjunto, a tipologia pode ser vista
como um continuum de suposições sobrepostas
abertas para problematização, onde suposições
internas formam uma extremidade e suposições de
campo a outra extremidade do continuum.
Desafiar as suposições internas pode ser visto
como uma forma secundária de problematização;
questionar os pressupostos da metáfora raiz como
uma forma mais de médio alcance; e desafiar
paradigma, ideologia e suposições de campo como
uma forma mais ampla e fundamental de
problematização. Pode parecer que desafiar
qualquer um dos três últimos tipos de suposições
provavelmente irá gerar questões de pesquisa que
podem levar ao desenvolvimento de teorias mais
interessantes e influentes. No entanto, um desafio
dessas suposições mais amplas também pode ser
superficial, uma vez que é difícil alcançar
profundidade ao abordar amplos terrenos
intelectuais.
Princípios metodológicos para identificar,
articular e desafiar suposições
Conforme descrito acima, uma tarefa-chave na geração de
questões de pesquisa por meio da problematização é entrar
em uma interrogação dialética entre as nossas próprias e
outras posturas metateóricas de modo a identificar, articular
e desafiar os pontos centrais
256 Academy of Management Review
suposições subjacentes à literatura existente de uma
forma que abre novas áreas de investigação. Para ser
capaz de problematizar pressupostos por meio de tal
interrogação, os seguintes princípios metodológicos
são centrais: (1) identificar um domínio da literatura,
(2) identificar e articular pressupostos subjacentes a
este domínio, (3) avaliá-los, (4) desenvolver uma
alternativa base de suposição, (5) considerando-a em
relação ao seu público, e (6) avaliando a base de
suposição alternativa. Embora nós, para fins de
clareza, apresentemos os princípios em uma ordem
sequencial, o processo de problematização real é
consideravelmente mais iterativo do que linear em
caráter. Além disso, esses princípios não devem ser
tratados como uma lista de ingredientes fixos em
uma receita, mas, sim, como elementos importantes a
serem considerados no processo de problematização.
Conforme observa Deacon (2000), a problematização
não pode ser reduzida a um procedimento mecânico
ou mesmo estritamente analítico, pois sempre
envolve algum tipo de ato criativo. “É uma criação no
sentido de que, dada uma determinada situação, não
se pode inferir que justamente esse tipo de
problematização se seguirá” (2000: 135).
1. Identificar um domínio da literatura para
investigações que desafiem suposições.Normalmente
não é óbvio como classificar e delimitar os estudos
existentes em um domínio específico da literatura e, em
seguida, relacionar essa literatura ao próprio estudo
(Locke & Golden-Biddle, 1997). Este é o caso
independentemente de se estar usando gapspotting ou
problematização. No entanto, em comparação com a
pesquisa de localização de lacunas, os esforços de
problematização estão menos preocupados em cobrir
todos os estudos possíveis dentro de um campo do que
em reproduzir acriticamente os pressupostos que
informam esses estudos. A pesquisa da problematização
normalmente envolve uma cobertura de literatura mais
restrita e leituras aprofundadas de textos-chave, com o
objetivo específico de identificar e desafiar os
pressupostos subjacentes ao domínio específico da
literatura visado. Nesse sentido, a norma prevalecente de
relacionar o próprio estudo com toda a literatura
relevante funciona contra a problematização e precisa
ser combatida. No entanto, é importante fazer
referências amplas a estudos principais ou típicos e
examinar possíveis problematizações em trabalhos
relevantes.
Duas questões inter-relacionadas são importantes a
considerar ao identificar um domínio da literatura
para problematização: o domínio real visado e os
textos específicos escolhidos para leituras profundas
abril
e releituras. Identificar ou construir um domínio da
literatura fornece a entrada para escolher alguns
textos, mas a leitura cuidadosa destes pode inspirar a
revisão do domínio da literatura que finalmente será
o alvo da questão de pesquisa. Uma possibilidade é
focar em um exemplar - isto é, um estudo que define
um caminho (Abbott, 2001; Kuhn, 1970) - que
desempenha um papel fundamental no domínio da
literatura. Dada a importância dos estudos de
definição de caminhos, tal enfoque pode ser
produtivo, embora, é claro, trabalhos posteriores com
base no estudo de definição de caminhos precisam
ser identificados e revisados, a fim de investigar se
todas as suposições que alguém acha potencialmente
interessantes para desafio ainda estão em operação.
Outra opção é se concentrar em um resumo ou
alguns resumos oficiais, visto que eles não estão
cobrindo muito (o que pode significar que as pistas
para suposições são muito vagas). Uma terceira opção
é examinar algumas peças mais recentes, influentes e
respeitadas, cobrindo algumas variações em um
domínio específico da literatura. Embora essas opções
devam ser complementadas com leituras mais
amplas, a leitura aprofundada dos textos
selecionados é o ponto focal para o problematizador.
2. Identificar e articular pressupostos
subjacentes ao domínio escolhido da literatura. As
suposições subjacentes a um domínio específico da
literatura raramente são formuladas como
alternativas da teoria X de McGregorian versus a
teoria Y. Essas suposições formuladas explicitamente
têm mais o caráter de "postulações". Como observa
Gouldner, as postulações “contêm um segundo
conjunto de suposições que não são postuladas nem
rotuladas. . . porque fornecem o pano de fundo a
partir do qual as postulações em parte emergem e. . .
não sendo expressamente formulados, permanecem
em segundo plano na atenção do teórico ”(1970: 29).
São os pressupostos que em sua maioria
permanecem implícitos ou fracamente articulados
que são o principal alvo da metodologia de
problematização. Uma questão chave aqui é
transformar o que é comumente visto como verdades
ou fatos em suposições.
Com base na tipologia de suposições delineada acima,
vemos uma gama de táticas metodológicas disponíveis
para identificar suposições na literatura existente. Os
pressupostos internos podem ser identificados
examinando os debates internos e as interfaces entre um
grupo específico de autores que frequentemente se
referem uns aos outros e áreas vizinhas, relacionando
moderadamente o trabalho de alguém com o trabalho
do grupo em foco, e principalmente
2011 Alvesson e Sandberg
usando um estilo narrativo e vocabulário
semelhantes. Por exemplo, vários autores desafiaram
a ideia de que as organizações normalmente formam
culturas unitárias e únicas (por exemplo, Van Maanen
& Barley, 1984), ou mesmo subculturas claras e
estáveis (Martin & Meyerson, 1988), vendo a cultura
como um processo em vez de como algo estável
(Alvesson, 2002).
Os pressupostos da metáfora raiz podem ser
explorados (1) identificando a imagem ou metáfora
básica da realidade social informando um texto ou
escola e (2) detectando ou produzindo possíveis
metáforas de confronto alternativas. Morgan's (1997)
Imagens da Organização fornece uma ilustração bem
conhecida de como as metáforas podem ser usadas
para nos tornarmos cientes de conceituações
alternativas e, assim, como elas podem inspirar
alguém a articular suas próprias suposições. Alvesson
(1993) pega essa linha, argumentando que é possível
esculpir suposições olhando para as metáforas por
trás das metáforas usadas (isto é, metáforas de
segundo nível). Por exemplo, por trás da metáfora
que conceitua a organização como uma arena política,
pode-se imaginar diferentes visões dessa arena, uma
sendo uma democracia parlamentar (com regras do
jogo) e outra sendo mais parecida com uma selva,
onde as batalhas políticas são menos democráticas. e
regra limitada.
A identificação dos pressupostos do paradigma
normalmente exige alguma familiaridade com uma
visão de mundo alternativa, sem ficar preso a ela.
Alguns esforços existentes para mapear e confrontar
paradigmas podem ser úteis (por exemplo, Astley &
Van de Ven, 1983; Burrell & Morgan, 1979; Deetz,
1996; Donaldson, 1985; Pfeffer, 1982). Embora ler
sobre debates de paradigmas possa ser útil, o desafio
não é se deixar levar por eles ou pelas posições
expressas nesses debates. Em vez disso, eles devem
ser usados como ferramentas heurísticas
importantes para liberar os outros, bem como nossas
próprias visões (Abbott, 2004: 86).
Os pressupostos ideológicos também podem ser
explorados por estar ciente de posições muito
diferentes da focal em termos de interesses, foco,
identificações, valores e compromissos éticos. Uma
tática seria ler e interpretar um exemplo do que
parece ser positivo e vale a pena levar a sério como
um problema a ser abordado ou como uma solução a
ser abraçada. Outra tática seria ver algo negativo (por
exemplo, repressivo) como talvez inocente ou mesmo
positivo (por exemplo, liderança laissez-faire como
uma fonte de autonomia). Trabalhando com o
reconhecimento de uma
257
diversidade de interesses e valores e as
contradições e dilemas entre eles também podem
ser benéficos. A contradição entre valores como
autonomia e liderança ou trabalho gerencial como
controle hierárquico versus responsabilidade
democrática poderia exemplificar isso (Alvesson &
Willmott, 1996).
As suposições de campo são difíceis de
identificar porque “todos” as compartilham e,
portanto, raramente são tematizadas em textos de
pesquisa. Uma opção é pesquisar escolas teóricas e
campos intelectuais para ver se eles têm algo em
comum com relação à conceituação do assunto
específico em questão. Outra opção é olhar para
debates e críticas entre posições aparentemente
muito diferentes e focar no que sãonão
endereçamento, isto é, o terreno consensual
comum não está sendo debatido. Olhar para
outros campos também pode ser valioso para
obter alguma perspectiva. Isso é até certo ponto
ilustrado neste artigo, uma vez que identificamos e
desafiamos a detecção de lacunas como uma
suposição de campo sobre como gerar questões de
pesquisa dentro dos estudos de gestão (a esse
respeito, reconhecemos a ajuda de Davis [1971],
um acadêmico fora de nossa área )
Embora focar em um tipo específico de suposição
possa ser frutífero, muitas vezes é melhor variar o
foco de alguém e, pelo menos inicialmente,
considerar quais suposições internas, metáforas,
paradigmas, ideologia e campo fundamentam um
domínio particular da literatura existente. Também é
importante focar nas suposições que podem existir
em diferentes níveis teóricos dentro de um estudo
direcionado. Isso ocorre porque desafiar uma
suposição interna relacionada a uma perspectiva
teórica mais ampla (por exemplo, perspectiva
funcionalista, etc.) dentro do estudo direcionado pode
facilitar a formulação de questões de pesquisa mais
interessantes do que desafiar uma suposição interna
subjacente a uma teoria específica (por exemplo, ,
teoria do traço, etc.) no estudo em questão. Também
deve-se ter em mente que as premissas não são fixas,
mas são, em certa medida, um resultado de como se
constrói a natureza e o escopo do domínio da
literatura em questão, e isso pode ser restringido ou
ampliado e pode ser interpretado de maneiras
diferentes. Assim, a combinação de leituras
hermenêuticas em profundidade, esforços criativos,
alguma ousadia, paciência, autocrítica, apoio de
posturas teóricas outras que não as próprias e às
vezes até sorte é importante para identificar e
articular suposições.
258 Academy of Management Review
3. Avaliação de suposições articuladas. Tendo
identificado e articulado suposições dentro do
domínio da literatura escolhido, o problematizador
precisa avaliá-las. Certamente, nem todas as
suposições são dignas de serem problematizadas e
apresentadas como contribuições de pesquisa
significativas - ou como etapas-chave em tal
empreendimento. O problematizador deve, portanto,
continuamente perguntar a si mesmo: "Qual é o
potencial teórico de desafiar uma suposição
particular?" Como regra geral, desafiar suposições
mais amplas, como paradigma ou suposições de
campo, provavelmente levará a teorias de maior
impacto, mas essas suposições costumam ser mais
difíceis de identificar e desafiar com sucesso.
Uma consideração geral, mas vaga, para uma
suposição identificada a ser problematizada deve ser que
ela não contribui significativamente para um “bom”
entendimento do assunto, mas ainda é amplamente
compartilhada dentro de uma área de pesquisa.
“Verdade” em qualquer um dos vários sentidos
disponíveis também é um critério importante a se
considerar - isto é, uma suposição que é vista como
“falsa” é então direcionada. A evidência empírica
indicando que alguns pressupostos são problemáticos é
importante aqui, embora os pressupostos raramente
possam ser diretamente investigados ou testados
empiricamente (Astley, 1985; Kuhn, 1970).
Algo verdadeiro também pode ser trivial, e uma forte
insistência em provar que algo é verdadeiro (onde uma
hipótese deve ser verificada) pode ser restritiva (Becker,
1998: 20-24; Starbuck, 2006: 99-101). A fecundidade
teórica, a novidade e a capacidade provocativa podem
ser igualmente importantes para se ter em mente - e são
normalmente o que torna uma teoria interessante
(Astley, 1985). Um critério intimamente relacionado é até
que ponto um desafio dos pressupostos identificados
pode inspirar novas áreas de pesquisa e programas de
pesquisa. As suposições articuladas também podem ser
avaliadas em termos de como elas formam a base para
outras áreas de conhecimento estabelecidas ou uma
linha de pensamento dominante que tende a produzir
efeitos predominantes (por exemplo, alternativas
próximas).
“Timing” é outra consideração. Uma suposição pode
ser produtiva e inspiradora em um momento específico,
mas pode gradualmente se tornar parte da sabedoria
convencional e perder seu poder de gerar novos
conhecimentos. Muitas perspectivas críticas (pós-
estruturalismo, estudos críticos de gestão, feminismo,
etc.) podem, por exemplo, ser capazes de inspirar
problematização por algum tempo, mas podem mais
tarde estabelecer um novo conjunto de indiferença.
abril
suposições contestadas - uma fonte de aplicação em
vez de motivadores para repensar. Problematizar tais
suposições pode então ser necessário, seja por meio
de defesas informadas das posições problematizadas
(por exemplo, Donaldson, 1985) ou por meio de
abordagens novas ou sintetizadas como a afirmação
parcial cética (por exemplo, Newton, 1998).
4. Desenvolver um terreno de suposição
alternativo. Embora a formulação de suposições
alternativas marque analiticamente um “estágio”
crucial na problematização, ela não deve ser vista
como isolada dos outros princípios envolvidos. A
parte de (re) formulação estende as partes
anteriores do processo: identificar suposições
exige pelo menos uma ideia intuitiva de suposições
alternativas, e o sucesso na primeira significa que é
provável que a última seja mais clara.
Semelhante a identificar e articular suposições
existentes, pode ser útil consultar a literatura crítica e
reflexiva disponível, representantes de escolas
concorrentes e várias formas de ferramentas
heurísticas, como as oferecidas por Abbott (2004:
110-210), no desenvolvimento de novas suposições .
Conforme enfatizado acima, o desafio das premissas
existentes deve incluir alguma independência em
relação a elas e ir além das contra-premissas já
disponíveis. Pode, por exemplo, ser tentador usar
uma postura interpretativa contra os pressupostos
funcionalistas ou substituir o humanismo
interpretativo pelo pós-estruturalismo, mas o
propósito desta abordagem é evitar tais movimentos.
Produzir novas e boas perguntas de pesquisa significa
que não há respostas predefinidas disponíveis; novas
perguntas oferecem pontos de partida para novas
respostas. Tal problematização é facilitada pela
aplicação temporária da interrogação dialética entre
diferentes posturas teóricas e o domínio da literatura
em questão. A ideia é inspirar-se em várias posturas
teóricas e seus recursos e usá-los de forma criativa
para chegar a algo inesperado e novo.
5. Considerar suposições em relação ao
público. As premissas a serem desafiadas devem
ser consideradas em relação aos grupos que as
sustentam e à situação intelectual, social e política
geral de uma comunidade de pesquisa. É uma
questão complexa porque o "público"
normalmente não é um grupo unitário,
principalmente porque muitas vezes não há um,
mas vários públicos, e as suposições mantidas por
um público podem diferir das suposições mantidas
por outro público. Também é provável
2011 Alvesson e Sandberg
aquele determinado público consiste em vários
subgrupos, o que torna ainda mais difícil
especificar os públicos potencialmente relevantes.
Por exemplo, dentro de uma área específica, como
estratégia ou liderança, há uma massa ambígua de
grupos sobrepostos, que são difíceis de separar em
segmentos claros. O público leigo pode ser ainda
mais difícil de identificar e delimitar, pois
geralmente não é tão bem documentado quanto o
público acadêmico. Uma opção poderia ser revisar
revistas de negócios mais populares que os
profissionais leem e talvez também escrevam para
elas. Além das revisões de literatura, também é
importante falar e ouvir acadêmicos e profissionais
para compreender suas visões sobre o assunto
específico em questão e as suposições que eles
têm sobre ele. Às vezes, isso leva a revisões do
domínio da literatura com o qual se começou.
Também é importante reconhecer a política envolvida
ao escolher as premissas a serem contestadas. Não é
apenas uma questão de fazer avançar a ciência, mas
também de compreender as políticas de pesquisa - quem
perderá ou ganhará quando uma suposição específica
for contestada? Da mesma forma, que tipo de desafio um
público pode aceitar cognitiva e emocionalmente? Em
outras palavras, como as suposições podem ser
desafiadas sem perturbar os grupos dominantes, que as
sustentam com tanta força que ignoram a crítica ou
mesmo impedem a publicação de um estudo? Aqui, a
problematização de suposições de metáforas internas e
básicas provavelmente será recebida mais positivamente
(menos defensivamente) do que a problematização de
ideologia, paradigma ou suposições de campo.
6. Avaliação do terreno de suposição
alternativo. Seguindo o corpo de trabalho com
foco no interesse no desenvolvimento de teoria
(por exemplo, Bartunek et al., 2006; Davis, 1971;
McKinley et al., 1999), o indicador final para saber
se uma problematização terá sucesso não é tanto
rigor e suporte empírico - embora essas qualidades
sejam parte da imagem (já que a credibilidade é
sempre importante) - como é a experiência de "isso
é interessante". Davis (1971) sugere três respostas
que podem ser usadas para avaliar em que medida
um fundamento de suposição alternativo pode
gerar uma teoria que será considerada
interessante.
Isso é óbvio! Se o conjunto de suposições
alternativas em grande medida confirma as
suposições mantidas pelos públicos-alvo, o que
eles já assumem ser o caso sobre
259
o assunto - será considerado óbvio por muitos.
É um absurdo! Se, no entanto, o fundamento de
suposição alternativo negar todas as suposições
mantidas pelos públicos-alvo, é provável que seja
considerado inacreditável. Ambas as respostas
acima indicam que o fundamento de suposição
alternativo provavelmente não terá êxito.
Isso é interessante! Esta é a resposta ideal. De
acordo com Davis e outros defensores de "teorias
interessantes" (por exemplo, Bartunek et al., 2006;
McKinley et al., 1999; Weick, 1989), a experiência de
"isso é interessante" ocorre quando o fundamento
alternativo aceita algumas e nega algumas das
suposições defendidas pelos públicos-alvo. Por
serem curiosos e dispostos a ouvir, o público pode
levar a nova ideia ou desafio a sério.
Conseqüentemente, o teste decisivo para ser
considerado interessante é que o fundamento
alternativo de suposição deve ficar em algum lugar
entre o que é considerado óbvio e absurdo.
Pode-se adicionar à resposta intelectual girando em torno de novidade,
surpresa e entusiasmo (Abbott, 2004) que é importante considerar a fecundidade
percebida ou relevância da nova questão de pesquisa para o desenvolvimento de
novos programas de pesquisa e para contribuir com novos conhecimentos com
relevância social ( Van de Ven, 2007). Também é importante considerar seu apelo
retórico (Golden-Biddle & Locke, 2007). Uma estratégia retórica comumente
usada é a polidez (Locke & Golden-Biddle, 1997; Myers, 1993). Por exemplo,
todos os autores dos textos investigados por Locke e Golden-Biddle (1997)
usaram várias estratégias de polidez (como agradecer a outros pesquisadores
por sua contribuição na área) para reduzir o risco de incomodar os acadêmicos
que eles criticavam. De forma similar, as dimensões estéticas do fundamento
alternativo de suposições também são centrais na composição de um argumento
atraente e convincente (Astley, 1985). Por exemplo, para obter a resposta “isso é
interessante”, é importante trabalhar com metáforas que sejam atraentes e
conceitos e formulações que sejam desafiadores e provocantes. Os exemplos
podem ser o modelo de lata de lixo de March e Olsen (1976) de tomada de
decisão e a ideia de hipocrisia organizada de Brunsson (2003). Também é
importante testar a base de suposições alternativas em vários representantes do
público-alvo. Como eles reagem? ”É importante trabalhar com metáforas que
sejam atraentes e conceitos e formulações que sejam desafiadores e
provocantes. Os exemplos podem ser o modelo de lata de lixo de March e Olsen
(1976) de tomada de decisão e a ideia de hipocrisia organizada de Brunsson
(2003). Também é importante testar a base de suposições alternativas em vários
representantes do público-alvo. Como eles reagem? ”É importante trabalhar com
metáforas que sejam atraentes e conceitos e formulações que sejam
desafiadores e provocantes. Os exemplos podem ser o modelo de lata de lixo de
March e Olsen (1976) de tomada de decisão e a ideia de hipocrisia organizada de
Brunsson (2003). Também é importante testar a base de suposições alternativas
em vários representantes do público-alvo. Como eles reagem?
260 Academy of Management Review abril

A metodologia de problematização delineada é oferece uma boa oportunidade para uma

resumida na Figura 1 e mais elaborada na próxima
seção, aplicando-a ao domínio da literatura de
construções de identidade nas organizações.
Novamente, embora o processo de
problematização real seja consideravelmente mais
orgânico, para fins ilustrativos, seguimos os seis
princípios de problematização delineados acima
sequencialmente.
UMA ILUSTRAÇÃO DA
METODOLOGIA DE PROBLEMATIZAÇÃO
1. Identificando um domínio de literatura
para investigações que desafiam a suposição
Para ilustrar nossa metodologia de problematização,
optamos por nos concentrar principalmente no estudo
de definição de caminhos de Dutton et al. (1994),
“Imagens Organizacionais e Identificação de Membros”,
no domínio das construções de identidade nas
organizações. Embora se concentre em um texto-chave
exploração aprofundada de suposições, mas
também pode levar a resultados limitados.
Portanto, a fim de alcançar uma relevância mais
ampla, também consideramos alguns outros
estudos influentes no domínio com uma
abordagem um pouco diferente (ou seja, Ashforth
& Mael, 1989; Gioia, Schulz, & Corley, 2000; Pratt,
2000; Pratt & Foreman, 2000). Há também uma
riqueza de outros estudos que, em vários graus,
são relevantes na problematização do texto de
Dutton et al. (Por exemplo, Alvesson, Ashcraft, &
Thomas, 2008; Brown, 2006; Collinson, 2003; Deetz,
1992; Elsbach , 1999; Foucault, 1977, 1980; Haslam,
2004; Jenkins, 2000; Knights & Willmott, 1989;
Shotter & Gergen, 1989; Weedon, 1987). No
entanto, para enfocar os elementos da
metodologia da problematização, com exceção de
algumas ocasiões,

FIGURA 1
A Metodologia da Problematização e Seus Elementos-Chave

Objetivo da metodologia de problematização

Gerar novas questões de pesquisa por meio de uma interrogação dialética da própria posição familiar,
outras posturas e o domínio da literatura direcionado para o desafio de suposições

Uma tipologia de suposições abertas para problematização

Interno: Metáfora raiz: Paradigma: Ideologia: Campo:

Suposições de que Imagens mais amplas de Ontológico, Político-, moral-, Premissas

existe dentro de um um subjec particular t epistemológico, e gênero- sobre um
escola específica de assunto subjacente e relacionado específico
pensei literatura existente metodológico premissas assunto
premissas subjacente que são
subjacente literatura existente compartilhado entre

literatura existente diferente

teórico
escolas

Princípios para identificar e desafiar suposições

1. Identifique um 2. Identificar e 3. Avalie 4. Desenvolva 5. Relacionar 6. Avalie
domínio de articulare articulado alternativa premissas alternative
literatura: premissas: premissas: premissas: para o público: premissas:
Qual principal Que grande São as O que Que grande São as
corpos de premissas identificado alternativa audiências alternativa
literatura embasar o premissas premissas segure o premissas
e chave literatura digno de ser pode ser desafiado propenso a
textos fazem dentro do desafiado? desenvolvido? premissas? gerar um
até o identificado teoria que
domínio? domínio? vai ser
considerado
interessante por
o público
visadas?
2011 Alvesson e Sandberg 261

O assunto específico no estudo de Dutton et al. É O senso de pertencimento a uma organização

como os indivíduos estão vinculados a grupos sociais,
que eles conceituam como "identificação de
membro". Eles explicam da seguinte forma:
Os membros variam em quanto se identificam
com sua organização de trabalho. Quando eles se
identificam fortemente com a organização, os
atributos que usam para defini-la também os
definem. As organizações afetam seus membros por
meio desse processo de identificação, como
mostram os comentários de um vendedor da 3M,
citado em Garbett (1988: 2): “Descobri hoje que é
muito mais fácil ser um vendedor da 3M do que um
pequeno trabalhador não alguém já ouviu falar.
Quando você não precisa perder tempo justificando
sua existência ou explicando por que está aqui, isso
lhe dá uma certa dose de autoconfiança. E descobri
que me deparei com algo mais caloroso e amigável.
Senti-me bem e entusiasmado por ser 'alguém para
mudar'. ”Esse vendedor atribui seu novo e mais
positivo senso de identidade à sua associação à 3M,
uma empresa bem conhecida.
molda seu autoconceito, muito poucas suposições
nas quais eles baseiam seus argumentos são
destacadas dessa forma. Em vez disso, o texto cria
a impressão de que seu argumento e lógica são
baseados em fatores específicos que refletem
verdades autoevidentes. Por exemplo, os autores
afirmam que uma identidade organizacional
percebida existe no sentido de um membro ter
crenças sobre os atributos distintivos, centrais e
duradouros da organização (refletindo a definição
de Albert e Whetten [1985]), e que um membro
organizacional às vezes define a si mesmo pelos
mesmos atributos que acredita definirem a
organização.
Vamos primeiro considerar a declaração “as crenças de um membro sobre os

atributos distintivos, centrais e duradouros da organização” (1994: 239). Uma de

suas premissas é que as pessoas se enxergam como membros de uma

organização, como se esta fosse como um clube ou uma associação, à qual as

Dutton et al. tente entender a identificação dos
pessoas ingressam como uma escolha positiva. Outra é que os membros têm (1)
membros investigando como “a conexão cognitiva de
crenças (2) sobre os atributos da organização e (3) que esses atributos são
um membro com sua organização de trabalho. . .
distintos, centrais e duradouros. Da mesma forma, a afirmação “o grau em que
[deriva] das imagens que cada membro tem da
um membro se define pelos mesmos atributos que ele acredita que definem a
organização ”(1994: 239). A primeira imagem (o que o
organização” (1994: 239) também é sustentada por uma série de suposições.
membro acredita ser distinto, central e duradouro
Uma é que indivíduos e organizações são constituídos por um conjunto de
sobre a organização) é definida como identidade
atributos inerentes e mais ou menos estáveis. Outra é que os atributos do
organizacional percebida. A segunda imagem (o que o
indivíduo são comparáveis aos atributos da organização por meio da conexão
membro acredita que os de fora pensam sobre a
cognitiva de um membro. Com base nessas suposições, Dutton et al. conceituar
organização) é chamada de “imagem externa
pessoa e organização como externamente relacionadas entre si por meio das
construída” (1994: 239). Dutton et al. desenvolver um
imagens de um indivíduo de sua organização e o que os estranhos pensam
modelo de identificação de membros que sugira que
sobre a organização. Esse raciocínio carrega uma série de suposições
as duas imagens organizacionais “influenciam a
paradigmáticas, como a suposição ontológica dualista de que uma pessoa e o
conexão cognitiva que os membros criam com sua
mundo existem independentemente um do outro (Sandberg & Targama, 2007:
organização e o tipo de comportamento que se
Capítulo 2). conceituar pessoa e organização como externamente relacionadas
segue” (1994: 239). Seu modelo propõe que “os
entre si por meio das imagens de um indivíduo de sua organização e o que os
membros avaliam a atratividade dessas imagens pela
estranhos pensam sobre a organização. Esse raciocínio carrega uma gama de
forma como a imagem preserva a continuidade de
suposições paradigmáticas, como a suposição ontológica dualista de que uma
seu autoconceito, fornece distinção e aumenta a
pessoa e o mundo existem independentemente um do outro (Sandberg &
autoestima” (1994: 239). Com base no modelo, eles
Targama, 2007: Capítulo 2). conceituar pessoa e organização como externamente
desenvolvem uma série de proposições sobre a
relacionadas entre si por meio das imagens de um indivíduo de sua organização
identificação organizacional. Elas podem ser testadas,
e o que os estranhos pensam sobre a organização. Esse raciocínio carrega uma
mas aqui examinamos as suposições por trás das
gama de suposições paradigmáticas, como a suposição ontológica dualista de
proposições.
que uma pessoa e o mundo existem independentemente um do outro (Sandberg

& Targama, 2007: Capítulo 2).

Vamos comparar brevemente o Dutton et al. texto com os

2. Identificando e Articulando Suposições
Subjacentes ao Domínio Escolhido da Literatura
Embora Dutton et al. apontar explicitamente que um
pressuposto central de seu estudo é que as pessoas
outros textos selecionados no domínio. Pratt, baseando-se
fortemente em Dutton et al., Investigou "como as
organizações tentam, têm sucesso e não conseguem mudar
a forma como os membros se veem em
262 Academy of Management Review
relação com a organização ”(2000: 457). Seu
trabalho se afasta da ênfase na literatura de que "a
maioria das pesquisas [deve] focar em como as
organizações geram fortes laços com os membros"
e, em vez disso, deve "olhar para as condições
organizacionais que levam a identificações
positivas, negativas, ambivalentes e
rompidas" (2000: 457), e como o gerenciamento de
identificação está “associado a uma variedade de
tipos de identificação” (2000: 458).
Embora compartilhe suposições semelhantes às
de Dutton et al., Pratt acrescenta à literatura ao
apontar que o indivíduo pode mudar os estados de
identificação. Sua afirmação ressoa em certa
medida com a afirmação de Ashforth de que "a
identidade é um trabalho perpétuo em
andamento" (1998: 213), ainda mais enfatizada
pela observação de Ashforth e Mael das
"demandas frequentemente únicas e específicas do
contexto de uma identidade" (1989: 147) . Na
mesma linha, Gioia et al. argumentam que a
“aparente durabilidade da identidade é algo
ilusória” (2000: 64), porque é principalmente uma
questão de “estabilidade usada pelos membros da
organização para expressar o que eles acreditam
que a organização seja” (2000: 64). Portanto,
embora ainda compartilhe as premissas de Dutton
et al. De que a identificação do membro
organizacional é uma "característica distinta e
duradoura" (Ashforth & Mael, 1989: 154),
As premissas de Dutton et al. (e em grau
significativo também por Ashforth & Mael, Gioia et
al. e Pratt) podem ser mais elaborados e
articulados com a ajuda da tipologia de suposições.
Por exemplo, sua suposição de que os membros
podem ter crenças sobre os atributos específicos
da organização pode ser considerada uma
suposição interna entre esses autores. A suposição
de que os indivíduos são portadores de crenças
também pode ser direcionada a um nível
paradigmático. A relação “natural” e
potencialmente harmoniosa entre os indivíduos e a
organização (semelhante à humana) indicada pela
sobreposição de características pode ser explorada
em termos de ideologia.
abril
3. Avaliando Suposições Articuladas
Os pressupostos identificados acima (sobre a
adesão, percepções fixas do indivíduo e da
organização como um fenômeno semelhante a
uma coisa e uma semelhança percebida entre
atributos individuais e organizacionais) precisam
ser avaliados para determinar se, e em que
medida, eles são dignos de problematizações
posteriores. Por exemplo, a suposição de que as
pessoas se consideram membros de suas
organizações de trabalho pode ser desafiada com
os aspectos mais instrumentais e muitas vezes
mais sombrios do emprego. Pode-se, portanto,
questionar a suposição ideológica de Dutton et al.
De uma visão do "homem organizacional" de um
vínculo positivo e forte entre um empregador e um
empregado complacente com um self
independente limitado, usando a situação de
emprego como uma fonte natural e significativa de
identidade .
A suposição de que os membros têm (1) crenças
(2) sobre os atributos da organização e (3) se esses
atributos são distintos, centrais e duradouros também
podem ser questionados. As maneiras das pessoas de
se relacionar com as organizações são tipicamente
semelhantes? Usando uma metáfora alternativa, a
organização pode talvez ser vista como um terreno
amplo e complexo onde percepções e sentimentos
estão mudando, dependendo de aspectos, momentos
e contextos. Por exemplo, “organização” às vezes
pode se referir a colegas ou à alta administração; em
outras ocasiões, ao próprio departamento ou trabalho
ou às perspectivas de carreira futura, recompensas e
benefícios adicionais; e, em outras ocasiões,
massificar representações mediais, produtos e
políticas de RH. Como mostram Ashcraft e Alvesson
(2009), as pessoas constroem e se relacionam com um
objeto aparentemente simples como “gerenciamento”
de maneiras altamente mutáveis e variadas. Como
um alvo de identificação, “a organização” pode ser
melhor concebida como múltipla e móvel. Isso
também é, em certa medida, apontado por Gioia et al.
(2000) e Pratt e Foreman (2000), mas esses autores
ainda assumem a existência de crenças sobre a
organização como um todo (e suas características
centrais, distintas e duradouras), enquanto uma
contra-assunção
2011
pode ser que tal entidade não seja aquela com a qual a maioria das
pessoas se relaciona primariamente.
A suposição de que indivíduos e organizações
possuem atributos semelhantes e geram um “ajuste”
parece ser problemática e pode ser questionada
posteriormente. A conexão possível pode ser
consideravelmente mais friccional, volátil e fluida.
Idéias de vários tipos de identificação (Pratt, 2000),
crenças pluralísticas sobre identidade organizacional
(Pratt & Foreman, 2000) e mudanças de identidade
refletindo mudanças de imagem (Gioia et al., 2000)
também são relevantes a serem considerados aqui,
uma vez que fornecem algumas pistas sobre quais
suposições valem a pena problematizar mais a fundo.
4. Desenvolvendo um terreno alternativo de
suposições
Chegamos agora à tarefa de desenvolver
pressupostos contrários, ou pelo menos
alternativos, aos identificados e articulados por
meio da problematização acima. Semelhante à
identificação e articulação dos pressupostos acima,
podemos aqui nos basear em diferentes posições
teóricas para jogar pontos de referência e recursos
para a problematização. Uma posição possível é a
teoria crítica, que fornece pelo menos duas
hipóteses alternativas. Propõe-se que o
pressuposto da filiação organizacional é uma
idealização ingênua das experiências de trabalho
contemporâneas no capitalismo flexível,
minimizando fortemente relacionamentos e
compromissos duradouros (Sennett, 1998) e,
assim, tornando a identificação organizacional um
fenômeno raro ou frágil - talvez um sonho
gerencial, em vez de algo existente em um
ambiente mais amplo escala.
Um caminho bem diferente seria partir do
pressuposto do homem econômico sobre a
maximização racional do interesse próprio (Camerer
& Fehr, 2006; Henrich et al., 2005), levando a uma
visão da identificação como recurso tático para a
autopromoção. Uma terceira alternativa seria ser
influenciado por uma postura pós-estruturalista, em
que a suposição da organização como um objeto fixo
e unidimensional pode ser desafiada por uma visão
de hiperprocesso ou fluidez de
Alvesson e Sandberg 263
organizações como multidimensionais, que mudam de
forma e discursivamente constituídas - um domínio que
exibe identidades sociais múltiplas e variadas (Chia,
2000). Essa suposição é diferente de posições que
apontam principalmente mudanças ao longo do tempo
(conforme expresso, por exemplo, por Gioia et al., 2000,
e Pratt, 2000).
As problematizações acima, associadas com (duas
versões da) teoria crítica, pensamento do homem
econômico e pensamento de processo radical,
oferecem pontos de referência para suposições
alternativas. Usamos todos seletivamente para
desenvolver novas questões de pesquisa. Como
enfatizado, a problematização é melhor realizada
usando (mas não aplicando diretamente) um amplo
conjunto de posturas teóricas, oferecendo recursos
para desempacotar e repensar.
A suposição de que postula um grau estável e
robusto de similaridade percebida entre indivíduo
e organização pode estar relacionada a ideias
sobre variação, processo e dinâmica em torno da
autodefinição e construção da organização. O
possívelpontos de encontro- espaços para
estabelecer uma possível “semelhança percebida” -
podem ser raros, uma vez que a maior parte da
vida profissional das pessoas pode continuar sem
que elas se comparem à organização empregadora
em um nível mais abstrato e holístico. Ainda assim,
esses pontos de encontro podem ser importantes.
Em vez de ver a semelhança entre indivíduo e
organização como estática (ou apenas
gradualmente dinâmica, como Pratt e Gioia et al.
Fazem), pode-se considerar organização e
indivíduo como diferentestráfego de histórias (de
self e organização), e às vezes essas histórias
podem convergir, ou seja, a identificação
organizacional ocorre temporariamente.
Uma possibilidade aqui poderia ser que os
funcionários articulem um vínculo positivo entre eles
e suas organizações quando o contexto implicar
certas vantagens, mas não quando implicar em
desvantagens. A identificação é, portanto,
impulsionada pelo interesse próprio, um ato
discursivo e tipicamente temporal e situacional
específico, às vezes oportunista. A citação do
funcionário da 3M por Dutton et al. acima ilustra isso.
Como pode ser uma vantagem ser representante de
uma empresa grande e bem conhecida em uma
determinada situação de venda, facilitando a
apresentação, um vínculo positivo entre indivíduo e
organização é enfatizado nessa situação. Se o mesmo
vínculo positivo - e identificação - é expresso quando a
burocracia corporativa ou hierarquia (muitas vezes
264 Academy of Management Review
mencionados como aspectos negativos de empresas
muito grandes), ou a possível pressão severa de
desempenho da administração, fornece o contexto é
talvez mais duvidoso. As possíveis identificações
podem, portanto, ser mais específicas e dinâmicas em
uma área, existindo em um espaço que também inclui
momentos marcantes de alienação ou oportunismo.
Questões de pesquisa sobre a unidade percebida ou
multicontextualidade de uma organização (E se essa
categoria é relevante para as pessoas) e como os
indivíduos podem se acoplar / se separar em vários
momentos e em vários domínios (ambientes) pode
então ser sugerido.
Vamos resumir suposições alternativas e questões de
pesquisa. Em primeiro lugar, as pessoas que trabalham
em organizações mais comumente se veem como
funcionários com vários graus de experiências de
associação organizacional. A forma de definir-se por um
funcionário pode ser mais ou menos congruente, não
relacionada ou antagônica aos significados usados para
retratar e se referir à organização. As pessoas veem
alguma semelhança entre elas e sua organização e, em
caso afirmativo, com que frequência e quando? Talvez as
(raras?) Situações em que as afirmações de self e
organização parecem estar relacionadas possam ser
exploradas como processos de construção de situações
específicas, oferecendo espaços para o trabalho
identitário.
Em segundo lugar, os funcionários não têm
necessariamente crenças fixas ou duradouras que
mudam lentamente ao longo do tempo como efeito de
circunstâncias radicalmente novas, conforme proposto
por Gioia et al. (2000) e Pratt (2000). Em vez disso, os
funcionários assumem posições temporárias em sua
afiliação organizacional, como variação de sentimentos
sobre associação, ser parte de um contrato de trabalho e
estar subordinado a uma estrutura organizacional. Talvez
situação, evento e processo importem mais do que
imagens estáticas ou duradouras sobre atributos? As
pessoas têm / expressam crenças / imagens consistentes
e unidas ou mutantes e fragmentadas sobre si mesmas e
a organização? Pode-se aqui imaginar uma situação
semelhante a uma lata de lixo, onde o indivíduo e várias
identidades sociais e opções de identificação
(organizacional, mas também de grupo, ocupacional,
étnica, de gênero, e idade) mais várias posições de
sujeito (por exemplo, oportunismo, alienação, senso de
pertencimento) estão em circulação e às vezes se reúnem
em uma variedade de combinações. Ocasionalmente,
uma construção positiva da identidade organizacional
torna-se ligada a uma autoconcepção positiva por meio
da identificação, mas talvez este seja um
abril
posição poral, frágil e possivelmente rara em vez
de um traço fixo?
5. Considerando suposições em relação ao
público
Os quatro princípios anteriores indicam razões
para reconsiderar algumas das suposições
subjacentes não apenas à abordagem de Dutton et
al., Mas também a partes mais amplas da
identidade organizacional e do domínio de
identificação. Um pressuposto fundamental neste
amplo e crescente domínio da literatura (Haslam &
Reicher, 2006) é que a maioria dos funcionários se
define como membros da organização, ou podem,
dada a gestão adequada (de identidade), fazê-lo.
Isso pode, é claro, motivar várias formas de
problematização - desde uma forte
(paradigmática), com o objetivo de minar a crença
fundamental de que as pessoas se definem
parcialmente ou principalmente por pertencer a
uma organização (em termos de características
centrais, distintas e duradouras) , conforme
indicado pela identidade organizacional e indústria
de identificação, para os mais suaves,
Por um lado, dados os pesados investimentos e
a estruturação de estudos organizacionais
parcialmente em torno da identidade como um
subcampo-chave e uma variável-chave, um caso de
problematização forte pode ser visto como
irrelevante (absurdo) e tornar-se marginalizado.
Por outro lado, um desafio radical da pesquisa de
identidade convencional pode ser aplaudido por
vários grupos que sustentam suposições
construcionistas sociais mais sensíveis ao processo
sobre a identificação, embora possam não
considerá-la particularmente nova. No entanto, ser
levado a sério pela maioria dos estudiosos e
profissionais de administração provavelmente
implica uma versão menos extrema do que a
preferida pelos pós-estruturalistas, que achamos
que nossa base de suposições alternativas
expressa. Além disso, dentro do grupo cujas
premissas são contestadas, uma variedade de
respostas pode ser esperada.
6. Avaliando o terreno de suposição
alternativo
A principal tarefa do sexto princípio da
problematização é avaliar em que medida o terreno
de suposição alternativo pode levar a novos
2011 Alvesson e Sandberg
pesquisar questões que tenham o potencial de gerar
teorias de identidade mais interessantes. Um primeiro
passo em tal avaliação é explorar mais detalhadamente
quais públicos principais estão relacionados ao campo da
identidade dentro da teoria organizacional e, talvez,
também de forma mais ampla nas ciências sociais.
Embora não seja possível fazer isso neste artigo, uma
revisão da literatura existente sobre identidade nas
organizações seria central para identificar os principais
segmentos de público, uma vez que ofereceria material
sobre como refinar a mensagem. Mesmo sem revisar a
literatura existente em detalhes, um público importante
em nosso exemplo provavelmente será aquele que
compartilha amplamente (consciente ou
inconscientemente) a perspectiva da psicologia cognitiva
na qual o trabalho de Dutton et al. Está baseado,
juntamente com aqueles que defendem uma visão de o
mundo formado por percepções de entidades estáveis.
Quando o público principal é conhecido, estamos
em posição de usar os critérios sugeridos por
Davis: eles considerarão o fundamento alternativo
de suposições absurdo, irrelevante ou interessante
e promissor? Embora o terreno de suposição
alternativo sugira que a identificação dos
indivíduos com as organizações é muito mais fraca
(ou mesmo inexistente), fluida e volátil do que
assumido por Dutton et al. (e, em geral, por muitos
outros pesquisadores influentes de identificação
organizacional também), não questiona fortemente
a conceituação do assunto, a identificação de
membros, como tal. Nem o conjunto alternativo de
suposições fornece um ataque de base deliberado
às suposições paradigmáticas subjacentes à
perspectiva cognitiva adotada por Dutton et al.
Até que ponto públicos construcionistas sociais mais
radicais acharão interessantes nossos pressupostos
alternativos é questionável, uma vez que eles já adotam
alguns deles. Se fossem direcionados, a tarefa seria
evitar a resposta “isso é óbvio”, talvez enfatizando a
continuação e o desenvolvimento de uma linha de
pensamento particular (não direcionada em si para
problematização). Para este público, a problematização
de um conjunto de pressupostos bastante diferente dos
de Dutton et al. o texto é relevante.
Se a base de suposição alternativa for provavelmente
considerada interessante por nosso alvo
265
públicos, estamos em condições de sair do processo
de problematização e começar a formular novas
questões de pesquisa. Por exemplo, os funcionários
constroem / percebem suas organizações
empregadoras de forma estável? E, em caso
afirmativo, quando e de que maneiras, se houver, o
significado pessoal estaria relacionado às (variedades
de) autoidentidade dessas possíveis construções /
percepções? É possível que essa questão seja mais
aguçada. Em vez de assumir que os funcionários são
membros com crenças claras e, ao longo de pelo
menos um curto período de tempo, sobre a distinção
organizacional e resistência, pode-se partir da ideia de
que eles (normalmente) não são mais bem
conceitualizados como membros e poderiam estudar
se quando, porque, e Como as as pessoas se
constroem como membros com crenças fixas sobre
suas organizações empregadoras em relação a si
mesmas. O estudo da circulação das representações
self e organizacionais / possibilidades de identidade e
conexões e desconexões do tipo lata de lixo poderia
ser uma tarefa de pesquisa interessante. Por
exemplo, as pessoas se movem e, em caso afirmativo,
como - entre a identificação como uma fonte positiva
e negativa de identidade social - e em que medida
esses movimentos são movidos por motivos
calculistas e exploradores e pela experiência de
distanciamento cético (desidentificação)?
Estudar como os funcionários chegam e mantêm
crenças de que suas organizações têm características
que são distintas, centrais e duradouras também pode
ser uma boa tarefa de pesquisa. Ser capaz de produzir
um conjunto coerente de tais crenças não seria visto
como não problemático e típico, mas como uma
verdadeira realização, facilitada por uma capacidade de
bloquear a natureza mutante, ambígua e fragmentada
da vida organizacional contemporânea. Assumindo uma
natureza fluida e não reificada da realidade social,
identidade organizacional e autoidentidade, bem como
construções de alinhamento ("Eu sou semelhante à
minha organização"), podem ser vistas como
desfragmentação e desprocessualização da vida
organizacional, contrariando as múltiplas e móveis
construções do temas incluídos. As questões de pesquisa
interessantes e baseadas na problematização seriam as
seguintes. As pessoas estabilizam temas como
organização e auto e organizacional / autoidentificação?
Quais são as (raras) condições e operações sob as quais
as experiências do self e da organização podem ser
cognitivamente congeladas e simbolicamente fundidas?
Expresso alternativamente,
266 Academy of Management Review
quando e como as histórias positivas sobre o eu e a
organização felizmente se fundem? A produção da
identidade organizacional como um tópico e o fenômeno
mais ou menos dado como certo dessa identificação são
então colocados em um contexto dinâmico e fluido. E os
processos de construção específicos envolvidos são
então abertos para investigação.
As questões de pesquisa geradas acima levariam a
pesquisas mais interessantes e influentes do que um
estudo construído positivamente em Dutton et al.? Não
há garantias, mas se todas as pesquisas sobre este
tópico estiverem certas (por exemplo, Astley, 1985;
Bartunek et al., 2006; Black, 2000; Daft et al., 1987; Davis,
1971, 1986, 1999; Hargens, 2000; Weick, 1989, 2001),
pode-se esperar que as questões de pesquisa geradas
através da problematização dos pressupostos
subjacentes à abordagem de Dutton et al. São mais
propensos a levar a uma teoria interessante do que o uso
de uma estratégia de detecção de lacunas para
identificar ou criar uma lacuna em sua abordagem que
precisa ser preenchida.
Quando e por que problematizar na
geração de questões de pesquisa?
Dado seu potencial para gerar teorias mais
interessantes, pode ser tentador defender a
metodologia da problematização como a chave
ingrediente na formulação de perguntas de pesquisa.
No entanto, muitas vezes há boas razões para
considerar também várias formas de rotas de
detecção de lacunas, como complementar e
enriquecer outros estudos e esclarecer questões onde
há opiniões diversas e resultados incoerentes. Às
vezes, os resultados empíricos desempenham um
papel importante na formulação do propósito de um
estudo, como nos casos em que se (re) formula a
tarefa de pesquisa bem tarde no processo (Alvesson &
Kärreman, 2007). Combinações de vários elementos /
táticas para construir seletivamente e problematizar
parcialmente a literatura estabelecida, desafiando
seus pressupostos subjacentes, são provavelmente
mais produtivas do que abordagens "puristas".
Também podemos nos lembrar do risco de
problematização perpétua - superproblematização -
levando a uma sensação de fadiga e um déficit de
resultados positivos, como no caso do pós-
modernismo (por exemplo, desconstrução e teoria
parcialmente crítica). Haverá um problema se mais
energia for gasta em suposições desafiadoras do que
em elaborar e refinar ou testar ideias bem
fundamentadas e produtivas. Dito isso, dada a forte
tradição dominante de identificar ou construir
abril
lacunas na literatura existente com o objetivo de
preenchê-las, acreditamos que haja um espaço
considerável para um maior uso da problematização
como metodologia para a construção de novas
questões de pesquisa que podem levar ao
desenvolvimento de teorias mais interessantes e
influentes nos estudos de administração.
A metodologia proposta parece particularmente
relevante em situações de dominação política e
fechamento cognitivo que facilmente decorrem de
uma tradição dominante e estabelecida. opolítico
situação refere-se a casos em que um viés de
interesse social e / ou fatores políticos governam a
produção de conhecimento em vez de boas ideias.
Mas também a dominação de uma escola particular
de pensamento pode sufocar novas ideias e exigir
problematizações por motivação política. A situação
decognitivo o fechamento é especialmente saliente
em áreas de pesquisa em que uma visão de mundo
particular colonizou os pesquisadores. Em tais
situações, muitas vezes há um debate crítico limitado
e há poucas ideias contrárias, porque as vozes
divergentes são silenciadas e as pessoas têm que
apresentar pontos de vista alternativos. Parece
particularmente importante evitar uma lógica de
apontar lacunas e estender a literatura aqui. Os
benefícios de rejuvenescer o campo podem ser altos,
embora a tarefa não seja fácil.
CONCLUSÃO
Este estudo faz duas contribuições inter-relacionadas
para o desenvolvimento de teoria no campo da gestão. O
primeiro é a identificação e demonstração de como a
detecção de lacunas, como forma predominante de
construir questões de pesquisa a partir da literatura
existente, leva a uma escassez de estudos realmente
interessantes e influentes dentro da ciência da
administração. No vocabulário desenvolvido neste
estudo, a prevalência de detecção de lacunas entre as
tradições intelectuais sugere que constitui uma
suposição de campo nos estudos de gestão. Ele fornece
aos pesquisadores uma norma compartilhada, e em
grande parte tida como certa, para gerar questões de
pesquisa a partir da teoria existente (pelo menos como é
apresentada em textos publicados, orientando a
contribuição real da pesquisa). No entanto, embora a
detecção de lacunas desempenhe um papel significativo
no desenvolvimento da literatura de gestão existente,
reforça, em vez de desafiar, os pressupostos subjacentes
às teorias estabelecidas e, portanto, reduz as chances de
produzir teorias realmente interessantes. Nosso
2011 Alvesson e Sandberg
a identificação e a articulação da detecção de lacunas
como uma suposição de campo dentro da gestão podem,
portanto, ser vistas como uma importante contribuição
em si mesmas. Ele oferece um forte sinal para o campo
de que o controle da detecção de lacunas comoa forma
principal de construir questões de pesquisa precisa ser
afrouxada. Ao mesmo tempo, incentiva os pesquisadores
a irem além da lógica da detecção de lacunas e a
trabalhar com formas alternativas de gerar questões de
pesquisa que possam levar ao desenvolvimento de
teorias mais interessantes.
Em segundo lugar, e a principal contribuição
deste estudo, é a metodologia de problematização
proposta, que fornece um acréscimo abrangente e
sistemático à detecção de lacunas e à
problematização predefinida. Em vez de fornecer
estratégias diferentes para identificar ou construir
lacunas na literatura existente (e, em seguida,
preenchê-las) ou uma problematização predefinida
para desafiar as suposições de outros, esta
metodologia nos permite - por meio de uma
interrogação dialética de nossa própria posição
familiar, outras posturas teóricas e o domínio da
literatura visado - identificar, articular e desafiar
diferentes tipos de suposições subjacentes à
literatura existente e, com base nisso, formular
questões de pesquisa que podem facilitar o
desenvolvimento de teorias mais interessantes e
influentes.
Isso ocorre de duas maneiras. Primeiro, ele
oferece suporte heurístico específico para
identificar e desafiar suposições na literatura
existente por meio de sua tipologia, consistindo em
cinco grandes tipos de suposições: interna,
metáfora raiz, paradigma, ideologia e suposições
de campo. Em segundo lugar, fornece um conjunto
de princípios específicos sobre como as suposições
na teoria existente podem ser problematizadas e,
com base nisso, podem gerar novas questões de
pesquisa: (1) identificar um domínio da literatura
para investigações que desafiem as suposições; (2)
identificar e articular as suposições (interna,
metáfora raiz, paradigma, ideologia e suposições
de campo) que sustentam a teoria existente da
maneira mais clara possível; (3) avaliá-los,
apontando as deficiências, problemas e omissões;
(4) desenvolver novas suposições e formular
questões de pesquisa; (5) relacionar a suposição
alternativa com um público identificado e avaliar a
resistência potencial do público e sua capacidade
de resposta a ele; e (6) avaliar se as suposições
alternativas são susceptíveis de gerar uma teoria
que será vista como interessante e artesanal
267
ing a linha alternativa de investigação em uma forma
dialógica para aumentar a probabilidade de que os leitores
respondam positivamente a ela.
É importante enfatizar que a metodologia
proposta por si só não garante um resultado bem-
sucedido da problematização. Uma ampla gama de
outros fatores, como criatividade, imaginação,
reflexividade, gama de conhecimentos dominados
e uma ampla compreensão de diferentes pontos
de vista metateóricos, também é crítica. No
entanto, em conjunto, a metodologia apresentada
aqui oferece uma abordagem sistemática para
gerar mais questões de pesquisa inovadoras por
meio da problematização da literatura existente.
Uma inspiração importante para este artigo foi a
visão seminal de Davis (1971) de que desafiar as
suposições é o que torna uma teoria interessante,
elaborada em seu "índice do interessante". Nossa
metodologia de problematização se estende e vai
além do índice de Davis de duas maneiras
significativas: (1) em comparação com a definição
geral de premissa de Davis ("Nós pensamos que era X,
mas é realmente Y"), a tipologia de premissas
elaborada dentro da metodologia de problematização
fornece uma especificação mais matizada e
enriquecida de quais tipos de suposições estão
disponíveis para problematização, e (2) em contraste
com Davis, a metodologia oferece um conjunto de
princípios específicos para como identificar, articular e
desafiar suposições subjacentes à literatura existente
e, com base nisso , para construir questões de
pesquisa interessantes e inovadoras.
De maneira mais geral, a metodologia da
problematização também contribui para estudos mais
reflexivos no sentido de que se contrapõe ou
complementa o domínio da detecção de lacunas
como um ideal de pesquisa. Como metodologia,
incentiva-nos a produzir mais questões e teorias de
pesquisa inovadoras, questionando ativamente e
examinando criticamente o conhecimento
estabelecido na academia e na sociedade em geral.
Ele faz isso oferecendo uma alternativa distinta ao
modo dominante de usar a literatura em um campo
para formular questões de pesquisa. Dada a atual
escassez de teorias interessantes e influentes nos
estudos de administração, a metodologia de
problematização proposta parece muito necessária.
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Mats Alvesson (mats.alvesson@fek.lu.se ) é professor de administração de empresas na

University of Lund e na University of Queensland Business School. Ele recebeu seu Ph.D. da
Universidade de Lund. Seus interesses de pesquisa incluem teoria crítica, gênero, poder,
empresas de serviços profissionais, cultura organizacional, liderança, identidade, imagem
organizacional, métodos qualitativos e filosofia da ciência.

Jörgen Sandberg (j.sandberg@business.uq.edu.au ) é um leitor de administração na School

of Business da University of Queensland e dirige seu programa de pesquisa, Knowledge in
Organizations. Ele recebeu seu Ph.D. da Universidade de Gotemburgo. Seus interesses de
pesquisa incluem competência e aprendizagem em organizações, liderança, teorias
baseadas na prática, métodos de pesquisa qualitativa e os fundamentos filosóficos da
pesquisa organizacional.
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