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tória e

pri
. hi

ncípi
CITOMETRIA os
.

DE FLUXO

helena varela de araújo


rafaele loureiro de azevedo
bruna garcia nogueira

Licensed to Mariana Souza Bezerra Cavalcanti - mariana.souzacavalcanti@ufpe.br - HP151116612723294


CAPÍTULOS

Capítulo 01  A HISTÓRIA


- NO MUNDO


- NO BRASIL

Capítulo 02  OS PRINCÍPIOS


- O QUE É?


- SISTEMA DE FLUIDOS


- SISTEMA ÓPTICO


- SISTEMA ELETRÔNICO

Capítulo 03  APLICAÇÕES

  - NO LABORATÓRIO CLÍNICO

- NO LABORATÓRIO DE PESQUISA

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hey hemoflowers,

preparamos para vocês um ebook com a base


da citometria de fluxo, essa técnica incrível que
é a nossa queridinha!

caso você queira utilizar as informações e/ou


imagens presentes nesse ebook, não esquece
de referenciar o HemoFlow, ein?

nosso propósito é fazer com que o maior


número de brasileiros conheçam a citometria e
suas aplicações.

por isso, nos empenhamos diariamente para


entregar a vocês conteúdo sobre a técnica,
com linguagem clara, na palma da sua mão!

estamos muito felizes de poder contribuir de


alguma forma com a sua capacitação
profissional.

aproveite a leitura e fique a vontade para


dividir esse conteúdo com quem você achar que
pode aprender conosco.

um abraço,

equipe hemoflow

@hemoflow

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quem somos nós?

helena varela de araujo


fundadora, administração e criação de conteúdo

Biomédica formada pela UFRN e University of Kent.


Especialista em hematologia pelo Hospital Albert
Einstein. Tem MBA em gestão de saúde pelo Hospital
São Camilo
Atual assistente técnica do laboratório de citometria
de fluxo do Whitehead Institute/MIT.
- experiência em citometria clínica e cell sorting

rafaele loureiro de azevedo


criação de conteúdo

Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade


Estácio de Sá. Especialista em Hematologia pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Mestre em Tecnologia de Imunobiológicos pela Bio-
Manguinhos/FioCruz.
Analista de Inovação e Operações Farmacêuticas na
FioCruz.
- experiência em controle de qualidade, biologia
molecular e desenvolvimento de vacinas mRNA

bruna garcia nogueira


criação de conteúdo

Farmacêutica pela Universidade de Brasília (UnB).


Especialista em Hematologia pelo Hospital Albert
Einstein. Realizou aperfeiçoamento em Citometria de
Fluxo no Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP (HC-FMUSP).
Analista especializada em Citometria de Fluxo no
Hospital Israelita Albert Einstein.
- experiência em citometria clínica

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guia de termos da citometria de fluxo
#descomplicaHemoFlow

evento
detecção de uma partícula pelo equipamento,
como uma célula por exemplo.

CD = cluster of differentiation
moléculas/antígenos expressos nas células que
identificam linhagem e estágio maturativo.

gate
área delimitada num gráfico que te auxilia a
analisar populações específicas.

painel
conjunto de marcadores utilizados na
preparação de uma amostra.

compensação
correção matemática de sobreposição de sinal
de diferentes fluorocromos.

titulação
procedimento para seleção do volume ideal de
anticorpo a ser utilizado em determinado
experimento.

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CAPÍTULO 1

A HISTÓRIA

"Para compreender e respeitar o que fazemos hoje,


é preciso entender e respeitar a história que nos fez
chegar até aqui"

rafaele loureiro azevedo


criação de conteúdo

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CAPÍTULO 1
A HISTÓRIA: COMO SURGIU A CITOMETRIA DE FLUXO?

Como dizia a música...


"Você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui"
Segue o fluxo (literalmente!)

Durante a segunda guerra mundial, o exército americano


estava interessado em desenvolver um sistema que
detectasse, rapidamente, bactérias com potencial de arma
biológica em aerossóis.

Gucker e O'Konski desenvolveram um contador


fotoeletrônico que injetava uma corrente de ar contendo
partículas em um microscópio de campo escuro.

Em 1942, Coons e colaboradores usaram, pela primeira


vez, um anticorpo associado ao antraceno (fluorocromo
excitável por UV) para detectar Streptococcus
pneumoniae. Uma década depois, Coons e Kaplan (1950)
descreveram a primeira associação de anticorpos de
isotiocianato de fluoresceína (FITC).

Em 1945, Coulter desenvolveu um processo que permitiu


contar eventos e medir o tamanho da célula por variação de
condutância. No entanto, esta técnica levou a muitos
entupimentos.

Em 1949, Coulter mediu com precisão o volume celular em


uma suspensão salina com base na proporcionalidade da
variação da impedância elétrica devido ao fato de que o
fluido e a suspensão celular são líquidos iônicos e as células
circundadas por uma membrana lipídica são maus
condutores em comparação com o fluido salino. Tal
descoberta foi chamada de princípio Coulter. Os contadores
de células de Coulter evoluíram para analisadores de células
e foram rapidamente adotados por laboratórios clínicos
para contagem de células sanguíneas (Brecher et al. 1956;
Mattern et al. 1957).

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CAPÍTULO 1
A HISTÓRIA: COMO SURGIU A CITOMETRIA DE FLUXO?

Em 1953, Crosland-Taylor usou as propriedades de fluxo


coaxial laminar descritas por Reynolds em 1883, para
desenvolver um dispositivo de contagem de glóbulos
vermelhos suspensos em um fluido de bainha através de um
capilar (Crosland-Taylor, 1953). Simultaneamente, surgiram
tubos fotomultiplicadores, aumentando a precisão do sinal
óptico.

Em meados da década de 1960, Fulwyler descreveu a


separação eletrônica de células por volume (Fulwyler,
1965). Ele também foi o pioneiro em definir os principios
do cell sorting eletrostático, baseado no princípio
Coulter, que se mantem até hoje nos cell sorters de
ultima geração.

Ao mesmo tempo, Katmentsky e colaboradores (1965)


descreveram um espectrofotômetro celular rápido, que
fazia medidas de absorção rápida. Em 1965, ele também
estudou as propriedades ópticas das células que passam
por um feixe de laser, como a intensidade da luz
espalhada (difusão direta) e a absorção da luz UV
(quantidade de DNA) após a coloração.

Pela primeira vez, Van Dilla e colaboradores (1969)


equiparam analisadores com laser de 633 nm e laser de
íons de argônio de 488 nm, respectivamente. A excitação
por um laser em vez de uma lâmpada permite o foco ideal
do feixe nas células. O citofluorógrafo permitiu a medição
da luz difusa direta, emissão de fluorescência verde e
vermelha (530 e 640 nm, respectivamente).

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CAPÍTULO 1
A HISTÓRIA: COMO SURGIU A CITOMETRIA DE FLUXO?

Posteriormente, Dr. Leonard Herzenberg e


colaboradores desenvolveram um novo sistema
chamado classificação de células ativadas por
fluorescência (FACS) que purificou subpopulações e
foi equipado com um laser de argônio resfriado a
água para analisar a fluorescência de anticorpos
acoplados a FITC e à rodamina.

Em 1974, o primeiro contador diferencial de citometria de


fluxo comercial foi o Hemalog-D, que levou ao
estabelecimento de uma classificação de glóbulos brancos.
No mesmo ano, o Instituto Max Planck (Göttingen,
Alemanha) construiu um classificador de células citômetro
multiparamétrico.

No início da década de 1980, surgiram os sistemas de


emissão óptica. Em meados da década de 1980, o
Lawrence Livermore National Laboratory (LLNL) criou o
primeiro protótipo de classificador de células de alta
velocidade para separação de cromossomos humanos. Este
classificador de células de alta velocidade podia classificar
20.000 células/s, três vezes mais rápido do que os
classificadores convencionais na época (8.000 células/s).
Em 1985, os analisadores de células permitiam até três
análises de cores, como o analisador EPICS C (Coulter) com
uma fonte de lâmpada de arco ou FACScan™ (Becton-
Dickinson) com uma fonte de laser de argônio de 15 mW
refrigerada a ar.

Começou a competição entre os diferentes fabricantes


de citômetros de fluxo quanto à capacidade de análise
simultânea de fluorescência. Em 1987, a Partec
introduziu o Cell Analyzer CA-II. Em 1989, a LLNL
produziu uma segunda geração de classificadores de
células de alta velocidade permitindo 200.000
eventos/s.

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CAPÍTULO 1
A HISTÓRIA: COMO SURGIU A CITOMETRIA DE FLUXO?

Em 1988 com a chegada do primeiro citômetro de fluxo na


Fundação Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro, o Brasil se
tornava o pioneiro na técnica na América Latina. Iniciando
suas atividades em março de 1989, a utilização desse
citômetro de fluxo foi disponibilizada à toda a comunidade
científica brasileira, dentro da idéia inédita de plataforma
tecnológica multiusuário, impactando em diversos estudos
na área biomédica e tecnológica

No decorrer desses 33 anos, a citometria de fluxo me proporcionou,


não só o pioneirismo, mas também uma vida totalmente dedicada
ao aprendizado, desenvolvimento, ensinamentos e divulgação desta
ciência em nosso país.
Num extraordinário desenvolvimento e numa crescente demanda de
utilização por várias instituições de pesquisa e de medicina
diagnóstica, a citometria de fluxo tornou-se a ferramenta de
escolha tanto nas investigações científicas e produção de vacinas,
como nos protocolos de diagnóstico e acompanhamento de muitas
doenças, incluindo neoplasias e aquelas que afetam o sistema
imunológico.
Com isso a Citometria de Fluxo vem impactando e melhorando o
conhecimento da saúde publica brasileira, otimizando e promovendo
a cooperação entre os diversos grupos científicos que atuam nesta
área no Brasil e no mundo. Tudo isso nos enche de orgulho de fazer
parte desse incrível progresso e dessa história.

Dr Alvaro Luiz Bertho - FioCruz/RJ


pioneiro da citometria de fluxo na América Latina e no Brasil

Primeiro citômetro da América Latina: EPICS 752 Cell Sorter (da


Coulter Electronics Inc., E.U.A.) instalado na FioCruz/RJ em 1988 10
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CAPÍTULO 1
A HISTÓRIA: COMO SURGIU A CITOMETRIA DE FLUXO?

Em 1991, o laboratório do Hospital Albert Einstein, sob o


comando do Dr Luiz Gastão Rosenfeld e da Dra Nydia
Strachman Bacal, recebeu o equipamento Coulter Profile II.
Alguns meses depois, com o auxílio de Ruth Hissae
Kanayama, realizaram o primeiro laudo de leucemia aguda
utilizando citometria de fluxo no Brasil. O painel utilizado
incluia CD19/CD10/CD3/CD33.

Dr Luiz Gastão Rosenfeld, Dra Nydia Strachman Bacal e Ruth Hissae Kanayama
responsáveis pelo primeiro diagnóstico de leucemia por citometria no Brasil

Em 1994 foi fundado o Grupo Brasileiro de Citometria de


Fluxo - GBCFLUX, com primeiro encontro realizado no
laboratório Fleury em dezembro do mesmo ano.

Referências:
Apostila FioCruz/RJ
Flow cytometry: retrospective, fundamentals and recent instrumentation

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CAPÍTULO 2

OS PRINCÍPIOS

"aqui eu te conto como um citômetro de fluxo


funciona, além de te explicar um pouco sobre
fluorescência, anticorpos e softwares"

helena varela de araújo


founder, administração e criação de conteúdo

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CAPÍTULO 2
OS PRINCÍPIOS: COMO FUNCIONA UM CITÔMETRO DE FLUXO?

Agora que você já sabe como a citometria de fluxo


nasceu, que tal aprender os princípios da técnica?

Antes disso, você consegue explicar em uma frase o que


é citometria? (desafio nível hard)

Citometria de fluxo é uma técnica laboratorial capaz


de analisar, quantificar e separar partículas em
suspensão em meio líquido.

Legal né? Mas isso fica ainda mais interessante quando


você descobre os detalhes por trás da técnica e como
funciona o citômetro de fluxo.

Primeiro eu preciso te apresentar o nosso equipamento,


o citômetro de fluxo.

Trago aqui dois equipamentos com tecnologia avançada


e que são queridinhos dos citometristas mundo a fora:

BD FACSLyric®
fabricante BD

equipamento utilizado em
laboratórios de diagnóstico

CytoFlex®
fabricante Beckman Coulter
equipamento utilizado na
pesquisa científica

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CAPÍTULO 2
OS PRINCÍPIOS: COMO FUNCIONA UM CITÔMETRO DE FLUXO?

Apesar de modelos, fabricantes e aplicações diferentes,


os dois equipamentos funcionam pela junção de três
sistemas: de fluidos, óptico e eletrônico.

Sistema de Fluidos
Você já deve ter se perguntado como é que o citômetro
de fluxo consegue avaliar cada partícula presente na
sua amostra.
Após aspiradas pelo equipamento, as partículas
presentes na amostra são alinhadas por um fluxo de
líquido (chamado de sheat fluid). Afinal, para que
possamos verificar as características de cada uma, elas
precisam ser analisadas separadamente.
Dessa maneira, forma-se uma fila de partículas, uma
atrás da outra, para que possam seguir no fluxo e serem
interceptadas pelo laser. Da uma olhada na figura
abaixo, você vai entender melhor.

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CAPÍTULO 2
OS PRINCÍPIOS: COMO FUNCIONA UM CITÔMETRO DE FLUXO?

Sistema Óptico
Após serem focalizadas e alinhadas, as partículas da
sua amostra serão interceptadas por um ou mais lasers.
É nesse ponto que as propriedades de cada partícula
serão reveladas. É então que serão avaliados os
seguintes parâmetros:

Foward Scatter (FSC)


Esse parâmetro vai te dar ideia do tamanho da
partícula.
Ao ser interceptada pelo laser, a partícula vai gerar uma
sombra proporcional ao seu tamanho, como podemos
ver na figura:

Side Scatter (SSC)


Já esse parâmetro será equivalente à complexidade
interna dessa partícula. Por exemplo, se você estiver
avaliando células, quanto mais grânulos uma célula tiver,
maior será seu SSC.

Dispersão lateral de luz (SSC) a depender da complexidade interna da


célula; neutrófilo com vários grânulos citoplasmáticos tem maior SSC,
quando comparado ao linfócito 15
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CAPÍTULO 2
OS PRINCÍPIOS: COMO FUNCIONA UM CITÔMETRO DE FLUXO?

Fluorescência
Você já deve ter percebido que tudo que está
relacionado à citometria sempre é representado com
várias cores vibrantes, né?
O motivo disso é a utilização de marcadores (anticorpos
+ fluorocromo) para avaliar expressão de certos
antígenos.
Durante a preparação da amostra que será avaliada por
citometria, nossas partículas são marcadas com
anticorpos monoclonais conjugados a fluorocromos,
como podemos ver a figura abaixo.

Vamos tomar como exemplo a figura acima. Digamos


que você quer avaliar essa célula por citometria de
fluxo. Além de verificar tamanho (FSC) e complexidade
(SSC), você também quer avaliar a expressão dos
marcadores CD3, CD4 e CD8.

Para isso, você preparou a sua amostra e utilizou


anticorpos anti-CD3, anti-CD4 e anti-CD8 conjugados a
fluorocromos diferentes (ECD, FITC e PE
respectivamente). A célula em questão tem em sua
superfície antígenos CD3 e CD4. Dessa maneira, apenas
os anticorpos/fluorocromos anti-CD3+ECD e anti-
CD+FITC se ligarão à célula.

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CAPÍTULO 2
OS PRINCÍPIOS: COMO FUNCIONA UM CITÔMETRO DE FLUXO?

Lembra que durante o fluxo da amostra no citômetro de


fluxo, as partículas são interceptadas por um laser?

Esse mesmo laser irá excitar os fluorocromos


conjugados aos anticorpos ligados à sua célula.

Posteriormente, um conjunto de detectores, filtros e


espelhos presentes no equipamento, irão captar todas
essas informações sobre marcadores e fluorescência.

Você deve estar se perguntando:


"beleza, até aí eu entendi. Mas como é que tudo isso se
transforma naqueles típicos gráficos de citometria?"

É ai que entra o último sistema envolvido nesse


processo todo.

Sistema Eletrônico
É ele que transforma todas as informações obtidas, nos
dados que observamos na tela do computador e que,
posteriormente, podemos analisar de forma gráfica.

Resumidamente, isso acontece porque cada partícula


que passa pelo equipamento gera um sinal, um pulso que
é mapeado.

Dessa maneira, conseguimos observar graficamente


cada partícula analisada pelo equipamento, de acordo
com os parâmetros que já abordamos aqui.

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CAPÍTULO 2
OS PRINCÍPIOS: COMO FUNCIONA UM CITÔMETRO DE FLUXO?

Podemos ainda vizualisar esses dados de maneiras


diferentes, como por exemplo em gráficos dotplot ou em
histogramas.

Uma coisa interessante de comentar é que existem dois


tipos de software na citometria: o software de aquisição
de dados e o software de análise.

Software de aquisição
O software de aquisição é aquele que você utiliza ligado
ao citômetro de fluxo. Nele você consegue operar e dar
comandos para o equipamento. Por exemplo, é nele que
você vai dizer "comece a aspirar minha amostra",
nomear cada tubo e dizer quais marcadores você incluiu
naquele experimento.

Além disso, é nesse software que você vai observar toda


a aquisição dos seus dados, ou seja, é nele que você vai
ver os dados em tempo real, enquanto a amostra passa
no equipamento.

Um exemplo de software de aquisição é o BD


FACSDiva®.

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CAPÍTULO 2
OS PRINCÍPIOS: COMO FUNCIONA UM CITÔMETRO DE FLUXO?

Software de análise
Após adquiridos, os dados obtidos geram arquivos em
formatos específicos, como .FCS ou .LMD. Esses
arquivos contêm todas as informações que foram
geradas na aquisição da sua amostra.

Para analisar esses arquivos, utiliza-se um software de


análise. Nele você poderá criar seus gráficos de análise,
nomear e quantificar as populações de células, dar
cores diferentes a elas, além de outras milhares de
funcionalidades.

Como exemplo de software de análise, temos o Kaluza®


da Beckman Coulter (segredo: ele é meu queridinho para
análise de dados).

A BECKMAN COULTER TEM VÁRIOS VÍDEOS


EXPLICATIVOS SOBRE O KALUZA! APONTA O SEU
CELULAR PARA O QRCODE E DA UMA OLHADA!

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CAPÍTULO 2
OS PRINCÍPIOS: COMO FUNCIONA UM CITÔMETRO DE FLUXO?

BÔNUS ~deu a louca na patroa~

Principais tipos de gráficos:

+
Histograma
Gráfico monomérico utilizado para
- observar o número de células (eixo
y) em determinada fluorescência
(eixo x).

Dotplot
Gráfico biparamétrico que
possibilita confrontar dois
parâmetros diferentes formando
quadrantes e/ou separando
populações.
O dotplot mais utilizado na
citometria é o gráfico SSC x FSC,
sendo capaz de separar os
leucócitos por tamanho e
complexidade, por exemplo.

Densidade
Também é um gráfico biparamétrico,
a diferença é que aqui temos a ideia
de frequência de eventos. Assim, em
locais com alta frequência de
células, temos a cor vermelha, por
exemplo.

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CAPÍTULO 2
OS PRINCÍPIOS: COMO FUNCIONA UM CITÔMETRO DE FLUXO?

Gráfico de contorno Radar

t-SNE FlowSOM

ASSISTA UMA ANIMAÇÃO QUE


ILUSTRA O PASSO A PASSO DA
TÉCNICA E TODOS OS PONTOS
ABORDADOS NESSE CAPÍTULO!

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CAPÍTULO 3

APLICAÇÕES

"você já deve ter entendido que a citometria é uma


técnica fantástica, né? mas você sabe como
podemos utiliza-la no laboratório clínico e de
pesquisa?"

bruna garcia nogueira


criação de conteúdo

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CAPÍTULO 3
AS APLICAÇÕES: COMO PODEMOS USAR A TÉCNICA?

Agora que você já conheceu sobre os princípios da


técnica, vamos ver em que situações ela pode ser
aplicada.

Hematologia
Aqui, o principal papel é o de imunofenotipagem celular,
sendo importante para diagnóstico, acompanhamento e
prognóstico de neoplasias hematológicas, como
leucemias e linfomas. Além disso, é utilizada para o
diagnóstico de doenças não-neoplásicas, como a
hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), diagnóstico de
infiltração em medula óssea de tumores não-
hematológicos, infiltração de neoplasias em Sistema
Nervoso Central, quantificação de células progenitoras
CD34+ para realização de transplante de células-tronco
hematopoiéticas e análises plaquetárias.
Uma importante e imprescindível utilização da citometria
de fluxo na hematologia é a diferenciação de linhagem de
leucemias agudas e crônicas, assim como o
acompanhamento da eficácia da quimioterapia e
transplante, através da análise de Doença Residual
Mínima ou Mensurável.
Além de todas essas utilizações na área de hematologia
humana, a citometria de fluxo também pode ser utilizada
em hematologia veterinária.

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CAPÍTULO 3
AS APLICAÇÕES: COMO PODEMOS USAR A TÉCNICA?

Imunofenotipagem para diagnóstico de neoplasias


hematológicas
Utilizando a citometria de fluxo, é possível avaliar as
células hematológicas de maneira mais profunda, quando
comparada com a análise citomorfológica. Isso porque
conseguimos avaliar marcadores expressos por essas
células, sendo capaz de classificá-las e quantificá-las
quanto a linhagem e ao grau maturativo, além de
observar alguns sinais que indicam anormalidade celular.

Por fim, é possível dizer: existem X% de células da


linhagem Y que são anômalas, o que é indicativo da
doença Z.

Quantificação de células CD34


Você já deve ter ouvido falar que existem células da
medula óssea que são “células mãe”, ou seja, células
indiferenciadas que podem gerar todos os tipos celulares.
Essas células são chamadas de “stem cells“. Elas são
positivas para CD34.
Quando se realiza um transplante de medula óssea, é
necessário infundir no paciente células saudáveis que
repovoem a medula óssea dele. Para isso, são utilizadas
células CD34 (stem cells). Elas irão repovoar a medula
óssea do paciente e se diferenciar em todas as linhagens
hematopoéticas.
Beleza, mas o que a citometria tem a ver com isso?
Utilizando a citometria de fluxo, podemos quantificar
essas células CD34 antes que sejam infundidas no
paciente, por exemplo. Dessa maneira os médicos são
capazes de dizer se existem células suficientes para
serem transplantadas.

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CAPÍTULO 3
AS APLICAÇÕES: COMO PODEMOS USAR A TÉCNICA?

Hemoglobinúria Paroxística Noturna, a famosa HPN


A HPN é uma anemia hemolítica adquirida que ocorre
pela deficiência de uma proteína na superfície das células
hematológicas. Havendo essa deficiência, algumas
proteínas, como o CD55 e o CD59, não conseguem se
ligar as células, o que as leva à morte.
Podemos verificar e quantificar, por citometria de fluxo, a
existência e o tamanho do clone de células anormais.

Avaliação plaquetária
O estudo de plaquetas por citometria avalia qualitativa e
quantitativamente a expressão de receptores de
superfície plaquetária.
As plaquetas são marcadas com anticorpos monoclonais
fluorescentes. Essa fluorescência é medida e a
intensidade da luz emitida é diretamente proporcional ao
número de anticorpos ligados aos receptores / antígenos
plaquetários. Essa aplicação da citometria pode auxiliar
no diagnóstico de vários distúrbios plaquetários
herdados e adquiridos, como síndrome de Bernard
Soulier, doença de von Willebrand, Trombastenia de
Glanzman, entre outras.

Imunologia
A citometria de fluxo é utilizada na imunologia para
detectar e identificar células envolvidas na imunidade
para identificação e acompanhamento de diversas
imunodeficiências primárias ou adquiridas, entre elas a
infecção pelo HIV, Agamaglobulinemia, Imunodeficiência
Comum Variável e Síndrome Linfoproliferativa Autoimune
(ALPS). Também pode ser utilizada para estudos de
histocompatibilidade, no exame de prova cruzada para
realização de transplantes e avaliação imunológica no
período pós-transplante de órgãos sólidos.

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CAPÍTULO 3
AS APLICAÇÕES: COMO PODEMOS USAR A TÉCNICA?

Acompanhamento de pacientes imunossuprimidos


Uma das principais aplicações da citometria no
laboratório clínico é a quantificação de linfócitos T
auxiliares (CD4) e T citotóxicos (CD8) em amostras de
pacientes imunossuprimidos, como por exemplo no
acompanhamento de pessoas vivendo com HIV (PVHIV).

Cross-match para transplantes


Essa aplicação aqui é utilizada no transplante de orgãos
sólidos!
A técnica de cross-matching, ou prova-cruzada, por
citometria envolve a mistura de linfócitos do doador, soro
imunológico do receptor e anticorpos marcados com
fluorescência em um único tubo. São utilizados anticorpos
específicos para o HLA doador e marcadores específicos
de células T e células B (por exemplo, CD3, CD5 e CD8
para células T e CD19 e CD20 para células B).
Dessa maneira, os linfócitos do doador podem interagir
com os anticorpos do receptor. Caso haja ligação entre
eles, temos um cross-match positivo.

Reprodução Humana
Essa talvez seja a aplicação mais recente da citometria
de fluxo no laboratório clínico.
A técnica pode avaliar espermatozóides em diversos
tipos de ensaios, como por exemplo na análise de
viabilidade e status acrossomal.

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CAPÍTULO 3
AS APLICAÇÕES: COMO PODEMOS USAR A TÉCNICA?

Microbiologia e biotecnologia
Existem várias utilizações da citometria de fluxo nas
áreas de microbiologia e biotecnologia, como a detecção
e monitorização de microrganismos, vírus, células
vegetais, fitoplâncton, sensibilidade a antibióticos,
contaminantes alimentares, em estudos toxicológicos e e
nas indústrias de cerveja e vinho, através da detecção de
leveduras. Além disso, a citometria de fluxo pode ser
utilizada em áreas de melhoramento animal, agropecuário
e vegetal.

Pesquisa Científica
Assim como na biotecnologia, há diversas aplicações da
citometria de fluxo na pesquisa científica, como a análise
fenotípica e funcional de populações celulares obtidas de
amostras de sangue, saliva, lesões cutâneas, urina de
pacientes de diversas doenças, além de alguns órgãos de
modelos animais, a quantificação de citocinas produzidas
por células, a análise do ciclo celular, a determinação de
necrose e apoptose celular, expressão de proteínas,
ensaios imunológicos no desenvolvimento de vacinas, e
mais recentemente a avaliação de estruturas
nanométricas, como as vesículas extracelulares e vírus.

Cell sorting
Consiste em uma técnica de citometria mais refinada, na
qual se obtém como produto do experimento, a
purificação ou sorteamento de amostras homogêneas a
partir de amostras heterogêneas.

Referências:
Epithelial cell adhesion molecule expression (CD326) in cancer: A short review
Detection of Central Nervous System Infiltration by Myeloid and Lymphoid Hematologic
Neoplasms Using Flow Cytometry Analysis: Diagnostic Accuracy Study
Aplicação da Citometria de Fluxo ao estudo do Genoma Vegetal

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