Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 ACIONAMENTO DE MÁQUINAS-FERRAMENTAS
1. INTRODUÇÃO
Na imensa maioria dos casos, a fonte de energia para o acionamento individual das máquinasferramentas
é o motor elétrico. As principais vantagens do acionamento individual sobre o antigo acionamento por
grupos (aquele em que uma máquina motriz aciona várias máquinas-ferramentas) são:
2. TIPOS DE TRANSMISSÃO
(a) transmissão por correias (fig. 1): o motor está colocado sobre console montado na própria máquina e
distante da árvore de trabalho;
Fig. 3
Acionamento de Máquinas-Ferramentas
Notas de Aula do Prof. Renato Molina da Silva, MSc., DEA
As correias são elementos de máquinas que são empregados quando não é necessário manter uma
relação de transmissão exata entre duas árvores. As correias mais usadas são constituídas de couro ou
lona impregnadas de borracha e formando várias camadas. A correia constitui o meio de transmissão de
potência entre duas árvores, nas quais estão fixadas duas polias: a polia motora (fixada no eixo motor) e
a polia conduzida. A fig. 4 ilustra três tipos de transmissão por correia: correia aberta (a), correia cruzada
(b) e correia entre eixos que se cruzam. A correia aberta é a mais utilizada. A correia cruzada tem por
finalidade inverter o sentido de rotação.
Fig. 4
Durante o funcionamento, estabelece-se uma força de atrito entre a polia e a correia, a qual acarreta a
transmissão do movimento de uma polia para a outra. A força de atrito aumenta com o aumento do
ângulo de contato entre polia e correia.
O acionamento por correia plana se emprega especialmente para transmitir potência a grandes
distâncias. A correia plana não deve estar nem demasiado tensa nem demasiado frouxa. Por meio de
polias tensoras, as quais giram livres no seu eixo, e com a ajuda de uma mola ou um peso, obtem-se uma
tensão uniforme. A fig. 5 ilustra o que foi dito
Fig. 5
As polias utilizadas com correias planas são em geral feitas de ferro fundido cinzento ou de chapas de
aço. A fim de evitar que a correia "escape" da polia, é bom usar as chamadas polias abauladas, conforme
mostra a fig. 6:
Fig. 6
Acionamento de Máquinas-Ferramentas
Notas de Aula do Prof. Renato Molina da Silva, MSc., DEA
Fig. 7
Em geral, as velocidades dos motores elétricos são muito superiores às necessárias em máquinas-
ferramentas. Assim, além de transmitirem a potência entre árvores, os acionamentos por correias e polias
também devem possibilitar a redução de velocidade entre a árvore do motor elétrico e a árvore de
trabalho da máquina-ferramenta. Denomina-se relação de transmissão i entre duas polias a razão entre a
velocidade de rotação da polia conduzida e a velocidade de rotação da polia motora:
conduzida polianni=(1)
motora polia onde n são as velocidades de rotação em rpm.
Quando i < 1, dizemos que houve uma redução de velocidade. Por exemplo, suponhamos que a
velocidade de rotação da polia motora seja 720 rpm e que a velocidade de rotação da polia conduzida
seja 240 rpm. Nesse caso, i = 1/3 (ou 1:3), ou seja a velocidade de rotação da polia conduzida é igual à
velocidade de rotação da polia motora dividida por 3.
Quando i > 1, dizemos que houve uma multiplicação de velocidade. Por exemplo, suponhamos que a
velocidade de rotação da polia motora seja 150 rpm e que a velocidade de rotação da polia conduzida
seja 600 rpm. Nesse caso, i = 4 (ou 4:1), ou seja a velocidade de rotação da polia conduzida é igual à
velocidade de rotação da polia motora multiplicada por 4.
A relação de transmissão deve obedecer a certos limites técnicos. Assim, por exemplo, no caso de
correias planas a relação de transmissão deve ser no máximo 5:1 (no caso de multiplicação) ou 1:5 (no
caso de redução). Se for necessário uma transmissão que passe desses limites, deve-se então utilizar
uma transmissão dupla, tripla, etc. A fig. 8 ilustra o caso de uma transmissão tripla:
Acionamento de Máquinas-Ferramentas
Notas de Aula do Prof. Renato Molina da Silva, MSc., DEA
Fig. 8
O cálculo da relação de transmissão pode ser feito a partir de conhecimentos elementares de Física. Seja
a transmissão simples da fig. 9, onde a polia 1 é a polia motora e a polia 2 é a polia conduzida:
Fig. 9 periféricas têm unidades SI de m/s, as velocidades angulares têm unidades SI de rad/s e os
diâmetros têm unidades SI de m. Entretanto, admitindo que a correia não deslize, tais velocidades
periféricas são iguais, por pertencerem a pontos da mesma correia, ou seja, v1 = v2, donde obtem-se
ω1d1 = ω2d2. Logo:
=(2)
No caso da fig. 9, como d2 > d1, então i < 1 e, portanto, ocorreu uma redução de velocidade. É o que
normalmente é feito quando se deseja reduzir a velocidade de rotação do motor elétrico.
Observe-se que é possível usar, na eq. (2), a relação de velocidades em rpm (por ser a mais usual, na
prática) e não em rad/s, pois trata-se apenas de uma questão de unidades. Assim, é mais comum utilizar
2112ddnni==(3)
onde as velocidades angulares têm unidades rpm.
No caso de uma transmissão dupla como a da fig. 10, podemos adaptar a eq. (3) para as transmissões da
seguinte maneira:
Acionamento de Máquinas-Ferramentas
Notas de Aula do Prof. Renato Molina da Silva, MSc., DEA
• transmissão da polia 2 para a polia 3:n2 = n3 (as polias estão fixadas ao mesmo eixo)
Fig. 10 Como desejamos saber a relação entre as polias 1 e 4, basta manipular as equações acima:
ddddn n dn ddnnnni====
Simplificando:
ddnni==(4)
onde os diâmetros das polias motoras levam índices ímpares e os diâmetros das polias conduzidas levam
índices pares. Podemos generalizar a expressão acima para qualquer número de polias:
conduzidas polias das diâmetros dos produto motoras polias das diâmetros dos produtoi= (5)
Obs.: no caso de correias em V, devem ser usados os diâmetros correspondentes aos centros das
correias.
Os acionamentos por rodas dentadas (também conhecidas como engrenagens) exige que a distância
entre os eixos seja menor do que a dos acionamentos por correias. O acionamento por engrenagens é
mais preciso do que o acionamento por correias e polias, já que não existe aqui o problema do
deslizamento da correia.
Fig. 1
Acionamento de Máquinas-Ferramentas
Notas de Aula do Prof. Renato Molina da Silva, MSc., DEA
(a): transmissão por engrenagens cilíndricas de dentes retos, eixos paralelos; (b): transmissão por
engrenagens cônicas de dentes retos, eixos perpendiculares; (c): transmissão por parafuso sem-fim e
coroa, de dentes helicoidais, eixos perpendiculares, empregada quando são necessárias grandes
relações de transmissão; (d): transmissão por engrenagens cilíndricas de dentes helicoidais, eixos
perpendiculares; (e): transmissão por pinhão e cremalheira, de dentes retos, transforma movimento de
rotação em translação.
Fig. 12
(a): reto; (b): helicoidal, no qual a transmissão de força é mais uniforme e segura; (c): em forma de V, para
compensação do empuxo lateral que apresenta o dentado helicoidal.
Pode-se notar, na fig. 13, que o engrenamento interior conserva o sentido do giro. Já no caso mais
freqüente do engrenamento exterior ocorre uma inversão no sentido do giro, representado na fig. 14(a) e
detalhado na fig. 14(b). Se for necessário manter o sentido de rotação, pode-se empregar uma
engrenagem intermediária, conforme mostrado na fig. 14(c). A inclusão de engrenagens intermediárias
não altera a relação de transmissão, conforme será visto a seguir.
Fig. 14
O engrenamento pode ser exterior ou interior. Este último caso é usado quando se quer uma distância
mínima entre os dois eixos, conforme ilustra a fig. 13:
Fig. 13
Acionamento de Máquinas-Ferramentas
Notas de Aula do Prof. Renato Molina da Silva, MSc., DEA
Assim como foi feito para o acionamento por polias e correias, o cálculo da relação de transmissão para
acionamento por rodas dentadas também pode ser obtido a partir de conhecimentos elementares de
Física. Para isso, consideremos duas rodas dentadas cujo ponto de engrenamento A (ponto de contato
que pertence simultaneamente aos dois dentes das duas engrenagens) tenha uma velocidade periférica
v. Se os diâmetros e as velocidades de rotação das engrenagens 1 e 2 são, respectivamente, d1, d2, n1 e
n2, podemos escrever (ver fig. 15) a mesma eq. (3) deduzida para o acionamento por polias e correias:
2112ddnni==(3)
Fig. 15
Entretanto, para que duas rodas dentadas se engrenem, é necessário que os números de dentes Z1 e Z2
guardem entre si a seguinte proporção:
=(4)
2121 dZ Comparando as eqs. (3) e (4), podemos escrever:
2112ZZnni==(5)
A eq. (5) é válida para um acionamento simples por rodas dentadas. No caso de uma transmissão dupla
como a da fig. 16, podemos adaptar a eq. (5) para as transmissões da seguinte maneira:
Fig. 16
Acionamento de Máquinas-Ferramentas
ZZZZn n
Zn ZZnnnni====
Simplificando:
ZZnni==(6)
onde os diâmetros das engrenagens motoras levam índices ímpares e os diâmetros das engrenagens
conduzidas levam índices pares. Podemos generalizar a expressão acima para qualquer número de
engrenagens:
conduzidas sengrenagen das dentes de números dos produto motoras sengrenagen das dentes de
números dos produtoi= (7)
Acionamento de Máquinas-Ferramentas
Notas de Aula do Prof. Renato Molina da Silva, MSc., DEA
9. A figura mostra o acionamento de um esmeril por correia e polias. A velocidade periférica do esmeril
deve ser de v = 25 m/s.