Este documento propõe um projeto de conscientização sobre atendimento humanizado para pacientes LGBTI+ nas unidades de saúde pública de Presidente Prudente. O objetivo é capacitar profissionais de saúde para que tratem todos os pacientes com respeito, independente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Uma comissão mista desenvolverá conteúdos educativos abordando situações que podem gerar discriminação, e os aplicará em encontros com as equipes de saúde.
Este documento propõe um projeto de conscientização sobre atendimento humanizado para pacientes LGBTI+ nas unidades de saúde pública de Presidente Prudente. O objetivo é capacitar profissionais de saúde para que tratem todos os pacientes com respeito, independente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Uma comissão mista desenvolverá conteúdos educativos abordando situações que podem gerar discriminação, e os aplicará em encontros com as equipes de saúde.
Este documento propõe um projeto de conscientização sobre atendimento humanizado para pacientes LGBTI+ nas unidades de saúde pública de Presidente Prudente. O objetivo é capacitar profissionais de saúde para que tratem todos os pacientes com respeito, independente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. Uma comissão mista desenvolverá conteúdos educativos abordando situações que podem gerar discriminação, e os aplicará em encontros com as equipes de saúde.
Na condição de membra do Conselho Municipal de saúde do
Município de Presidente Prudente, com mandato regularmente em exercício, referente ao biênio 2018/2019, ocupando cadeira reservada a usuários do Sistema Municipal de Saúde (SMS), onde represento o segmento de usuários pertencentes a comunidade LGBTI+, composta por Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgêneros, intersexos e +, apresento Projeto de Conscientização destinado a trabalhadores colaboradores e voluntários que prestam serviços de atendimento direto aos usuários em qualquer das unidades de saúde pública de Presidente Prudente, para que as equipes de atendimento possam realizar as abordagens e tratativas necessárias para os atendimentos, de uma forma humanizada, acolhedora e com respeito e atenção as peculiaridades individuais associadas a orientação sexual e/ou identidade de gênero dos pacientes.
A justificativa para implantação do presente Projeto de
Conscientização se consubstancializa pelo grande volume de queixas e reclamações levados ao Conselho Municipal de Saúde (CMS), feitas diretamente a minha pessoa, e também levadas a ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde e ao Ministério Público Estadual, na forma de denúncias feitas por usuários integrantes da população LGBTI+, com relatos de práticas desrespeitosas, discriminatórias e preconceituosas atribuídas a condutas de profissionais da saúde pública durante os atendimentos àqueles oferecidos.
A constatação desses atendimentos inadequados e, muitas vezes
violadores de direitos legalmente assegurados, demonstra uma grave falta de preparo e de capacitação dos profissionais que oferecem os atendimentos de saúde, em lidar com as peculiaridades atinentes a diversidade de gênero e sexual humana, que podem demandar cuidados e abordagens específicos, como é o caso da homosexualidade ou da transgeneridade, por exemplo. Esses atendimentos deficitários e inadequados geram um crescente afastamento dos usuários LGBTI+ das unidades públicas de saúde, na medida em que percebem esses locais como lugares hostis e sem nenhuma compreensão sensibilizada de suas questões de gênero ou sexuais. Sendo que, somente uma formação humanista, isenta e esclarecedora sobre tais questões, oferecida para as equipes que atuam nos atendimentos pode reverter essa imagem negativa e devolver para os usuários homosexuais, bissexuais, trânsgeneros ou intersexo a confiança e estímulo para voltarem a utilizar satisfatoriamente os serviços oferecidos pela Rede de Saúde Pública de Presidente Prudente.
O fundamento legal para aplicação deste projeto tem amparo na
Portaria nº 2.836/2011 do Ministério da Saúde, que ao instituir a Política Nacional de Saúde Integral LGBTI+, dispõe em seus artigos e incisos, os parâmetros, atribuições, competências, limites e diretrizes que devem ser observados para efetivação de uma política de saúde integral, inclusiva e equitativa. Com destaque para o Art. 2º III, XVI, XIX e XXII; Art. 3º e Art. 6º com seus respectivos incisos, por tratarem das competências dos municípios na implantação de programas de educação continuada para os trabalhadores, construído em parceria com representantes da população LGBTI+, como forma de combater o preconceito e a discriminação na Rede SUS em todo território nacional.
2. Introdução
A comunidade mundial conhecida como população LGBTI+ é
constituída por pessoas homosexuais (gays e lésbicas), bissexuais, transgêneros (travestis, transexuais, intersexos e não-binários) e assexuadas. Essa diversificada comunidade tem como ponto de união de seus integrantes o fato de sofrerem historicamente intensa marginalização, perseguição e exclusão social em decorrência da orientação sexual e/ou identidade de gênero que assumem na sociedade. Para que essas violações, injustiças e exclusões fossem denunciadas e combatidas de forma mais ampla, gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros uniram-se formando uma mesma comunidade para fortalecer a visibilidade na luta por reconhecimento de direitos e oportunidades iguais de trabalho, segurança, educação, cultura e saúde. Assim, se faz mister a necessidade de existência de programas que possam assegurar para esse segmento tão vulnerável da sociedade, um acesso a saúde de forma digna, acolhedora e respeitosa, oferecido por profissionais humanizados, sensíveis e conscientes sobre seu papel e sobre as demandas específicas de atenção aos usuários LGBTI+.
3. Objetivo
O objetivo maior é tornar as unidades de saúde pública de
Presidente Prudente que oferecem atendimentos a população pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em todos os níveis de atendimentos, em locais capacitados, seguros, empáticos e acolhedores aos olhos da comunidade LGBTI+, já tão excluída e discriminada em todos os outros setores da sociedade.
E para alcançar essa mudança de percepção da população
LGBTI+ sobre a Saúde Pública no Brasil, já muito solidificada após incontáveis experiências traumáticas em atendimentos de saúde, temos o objetivo específico de conscientizar e capacitar todas as equipes de saúde que atuam sob a administração ou fiscalização da Secretaria Municipal de Saúde de Presidente Prudente, incluindo agentes de saúde, colaboradores de segurança, colaboradores administrtivos que tenham contato direto com os usuários e demais profissionais que atuam nas unidades de saúde do municipio na condição de colaboradores ou voluntários atuando diretamente com os pacientes, acompanhantes e familiares. Para que assim, através do conteúdo efetivamente refletido e absorvido, possam esses trabalhadores adotarem posturas, medidas e ações que garantam um atendimento digno e respeitoso aos usuários LGBTI+, desde o momento em que são recebidos na unidade de saúde até o momento de sua liberação ou alta médica, materializando nas situações concretas todas as diretrizes, orientações e determinações legais das Políticas de Atenção Integral pra LGBTI+ (Portaria nº 2.836/2011 MS) e de Atendimentos Humanizados (Política Nacional de Humanização PNH/2003 Ministério da Saúde).
4. Metodologia
Os objetivos de sensibilização, conscientização e capacitação
serão alcançados através de atividades educativas oferecidas aos mencionados trabalhadores. O conteúdo abordado, transmitido e refletido durante as atividades deverão ser desenvolvidos e aplicados por uma comissão mista, composta por membros do Conselho Municipal de Saúde de Presidente Prudente (CMS), profissionais da área da saúde e representantes de organizações coletivas da comunidade LGBTI+. A comissão mista deverá se reunir periodicamente com frequência por ela definida e terá o prazo de 60 dias para concluir os trabalhos de desenvolvimento do conteúdo que será oferecido nas referidas atividades educativas. Os integrantes da comissão serão selecionados, no caso de conselheiros, de acordo com o interesse e disponibilidade de cada membro; no caso de profissionais da saúde, de acordo com o interesse, disponibilidade e setor de atuação; no caso de integrantes da comunidade LGBTI+, de acordo com a representatividade, respeitando-se um critério de paridade relacionado aos seguimentos que pertencem dentro da sigla.
A elaboração do conteúdo educativo deverá ser desenvolvida com
base num levantamento realizado pela comissão mista, concernente a todas as possíveis situações de atendimentos que possam gerar atritos relacionados com a orientação sexual e/ou identidade de gênero dos usuários, abrangendo de ponta a ponta todo o protocolo padrão de atendimento. Esse levantamento deve analisar de forma pormenorizada cada etapa rotineira dos atendimentos nas unidades de saúde, identificando quais são as relações que podem ocorrer e quais profissionais podem estar envolvidos em cada uma das etapas. Através desse levantamento será possível identificar as situações de tensão que podem se desdobrar em condutas de desrespeito ou discriminação por motivo de preconceito, caracterizando atos de homofobia ou transfobia. Uma vez identificada e isolada cada etapa, com o reconhecimento das possíveis situações de atrito, deverá a comissão mista propor no conteúdo educativo alternativas de condutas atribuídas aos trabalhadores, capazes de evitar ou contornar situações de atrito gerados em atendimentos médicos para pacientes homossexuais, bissexuais ou transgêneros. O material também deverá conter conceitos teóricos sobre diversidade de gênero e sexual, informações sobre a legislação pertinente, sobre os cuidados de saúde específicos para cada seguimento dessa população e a terminologia correta a ser adotada no tratamento interpessoal com esses usuários.
5. Aplicação das Atividades Educativas
As atividades serão aplicadas por meio de encontros previamente
agendados conforme disponibilidade indicada pelo gestor da equipe a ser capacitada. O número limite de trabalhadores que participarão de cada encontro será definido pela comissão mista durante a elaboração do conteúdo educativo. Os aplicadores das atividades educativas serão integrantes da comissão mista, indicados conforme suas disponibilidades de dia e horário, de acordo com os agendamentos das capacitações. Outros aplicadores que não compõem a Comissão Mista poderão ser indicados, desde que estejam comprovadamente aptos para oferecer a respectiva atividade. A duração de cada encontro educativo será também definido pela Comissão Mista, que deverá ter como parâmetros para tal definição, um período que não seja tão longo para que não tire por muito tempo o trabalhador da saúde de seu posto de trabalho; que não seja tão curto a ponto de impedir a aplicação íntegra e refletida do conteúdo proposto para aquele encontro.
Para cada encontro serão indicados de 2 a 3 aplicadores que
poderão utilizar durante as atividades vídeos, músicas, slides, dinâmicas e debates como recursos didáticos e sensibilizadores para apresentarem o conteúdo aos trabalhadores.
Ao fim de cada atividade, a identificação da unidade e os nomes
dos trabalhadores participantes deverão ser inseridos numa relação única, que possíbilite o controle das unidades e trabalhadores já sensibilizadas, bem como aquelas que ainda devem receber a educativa conscientização. Também deverão os aplicadores, após os encontros, relatar para a Comissão Mista as situações levantadas que não tenham sido previstas durante o período de desenvolvimento do conteúdo aplicado, para que essas novas informações possam complementar o material educativo.
6. Encerramento
A Comissão Mista criada para construção e execução desse
projeto será dissolvida após o término de toda a cobertura da Rede Municipal de Saúde de Presidente Prudente. Não será prevista qualquer remuneração vinculada as atividades a serem desenvolvidas neste projeto. Sendo todas as atividades exercidas em caráter totalmente voluntário. O material educativo elaborado ficará disponível nos arquivos do CMS e poderá ser consultado ou utilizado também em outros momentos após o encerramento deste projeto, mediante autorização da mesa diretora em exercício do CMS, desde que haja pertinência e adequação do conteúdo a finalidade desejada.