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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA
DISCIPLINA: TÓPICOS ESPECIAIS EM TECTÔNICA 3 Aluno: _____________________________________________________________
DOCENTE: TÁSSIA MELO Turma: _______________________________ Semestre: 2021.2

CONCEITOS BÁSICOS SOBRE PILARES

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 2
EQUILÍBRIO ESTÁTICO 2
AÇÕES NAS ESTRUTURAS 2
TIPOS DE ESTRUTURAS 3

CAPACIDADE ESTRUTURAL 5
PROPRIEDADES DO MATERIAL 5
Tensão 5
Deformação 6
CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS 7
Compressão Axial 7
Flexão 8

ESBELTEZ 10
COMPRIMENTO EFETIVO 10
RAIO DE GIRAÇÃO 11

TIPOLOGIA DOS PILARES 12


DE ACORDO COM AS SOLICITAÇÕES 12
DE ACORDO COM A ESBELTEZ 12

ASSOCIAÇÃO ENTRE PILARES E VIGAS 13

REFERÊNCIAS 14
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INTRODUÇÃO
EQUILÍBRIO ESTÁTICO
Um edifício é composto por vários elementos estruturais, os quais se unem em conjunto formando um sistema estrutural, com o objetivo
de receber e transmitir as cargas para as fundações do edifício.
Nesse contexto, um dos princípios adotados para a análise do comportamento e distribuição dessas cargas no sistema estrutural é o de
equilíbrio. Para haver equilíbrio em um elemento estrutural, segundo a Primeira Lei de Newton, é necessário que a soma das forças que agem
sobre ele seja nula.
Quando um elemento estrutural recebe carregamentos externos - permanentes ou variáveis, geram esforços internos. Para que o sistema
permaneça em equilíbrio, é necessário que o elemento estrutural tenha forças opostas equivalentes ao carregamento recebido. Essa forma de
“resposta” do elemento estrutural é um reação às cargas externas e pode ser explicada pela Terceira Lei de Newton. Essa Lei afirma que toda
ação tem uma reação, e que se apresenta com a mesma intensidade, porém em sentidos opostos.
Dessa forma, gera-se um equilíbrio denominado de equilíbrio estático, pois o elemento estará em repouso. O mesmo ocorre quando se
analisa todo o sistema estrutural, só que agora os elementos trabalham em conjunto e há o aumento no nível de complexidade da análise das
cargas atuantes sobre os elementos e sobre o edifício.

Para compreender a capacidade que o elemento estrutural possui para suportar as forças externas aplicadas sobre ele, é necessário
considerar 2 fatores principais:

○ Propriedades do material → ou seja, do que o elemento é feito → determina as características estruturais de um material →
exemplos: tensão e deformação.

○ Características geométricas do elemento → ou seja, suas dimensões → afeta a capacidade do elemento de suportar a aplicação de
forças → exemplos: compressão e flexão.

Essas considerações são fundamentais para que os projetos possam ser desenvolvidos com segurança, a partir do conhecimento da
capacidade limite que os elementos podem suportar sem entrar em colapso. Além disso, é muito importante que as cargas que atuam
externamente sobre um elemento estrutural sejam identificadas e quantificadas.

AÇÕES NAS ESTRUTURAS


Os carregamentos externos, como o próprio nome já diz, são forças externas que atuam no edifício, como o peso próprio dos elementos
estruturais, os ventos, o peso das pessoas sobre uma laje, etc.
De acordo com a NBR 8681 - Ações e segurança nas estruturas - Procedimento (ABNT, 2004) - a ações podem ser classificadas segunda
sua variabilidade no tempo em 3 categorias:

○ Ações permanentes → ocorrem com valores constantes ou de pequena variação em torno de sua média, durante praticamente toda
a vida da construção. Exemplos: pesos próprios dos elementos da construção (estrutura e de todos os elementos construtivos
permanentes) e os pesos dos equipamentos fixos.

○ Ações variáveis → ocorrem com valores que apresentam variações significativas em torno de sua média, durante a vida da
construção, podendo ser divididas em:
- ações variáveis normais - ações com probabilidade de ocorrência suficientemente grande para que sejam obrigatoriamente
consideradas no projeto das estruturas de um dado tipo de construção. Exemplos: pessoas, mobiliário, efeitos do vento, das
variações de temperatura.
- ações variáveis especiais - certas ações especiais que podem ocorrer na edificação e que devem ser especificamente
definidas para as situações especiais consideradas. Exemplos: ações sísmicas.
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○ Ações excepcionais → ações que têm duração extremamente curta e muito baixa probabilidade de ocorrência durante a vida da
construção, mas que devem ser consideradas nos projetos de determinadas estruturas. Exemplos: explosões, choques de veículos,
incêndios, enchentes ou sismos excepcionais.

As forças externas podem ser aplicadas de 2 formas nos elementos:


○ Axialmente → quando as forças externas são paralelas ao eixo longitudinal do elemento.

○ Transversalmente → quando as forças externas são perpendiculares ao eixo longitudinal do elemento.

Essas forças externas induzem esforços internos e podem se comportar de 5 diferentes formas, as quais dependem de como a força externa
é aplicada ao elemento estrutural.
○ Quando a força externa é aplicada de forma axial/paralela podem gerar esforços internos de compressão e tração.

○ Quando a força externa é aplicada de forma transversal/perpendicular podem gerar esforços internos de cisalhamento (cortante),
momento fletor e momento de torção (a depender da geometria do elemento e do ponto de aplicação da força).

Figura: Esquema de forças externas atuando sobre elemento estrutural.

TIPOS DE ESTRUTURAS
É importante, inicialmente, compreender que cada elemento estrutural se comporta de uma forma, tanto em relação aos carregamentos
atuantes, quanto ao caminhão/transmissão das cargas. Assim, as estruturais podem ser divididas em quatro categorias (CHING et al., 2015):

○ Massa ativa → as cargas externas são direcionadas, principalmente, através do volume e da continuidade do material.
Predominância de elementos lineares. Exemplos: vigas e pilares.

○ Vetor ativo → as cargas externas são direcionadas, através de componentes submetidos a tração e compressão constantes. Exemplo:
treliça.

○ Superfície ativa → as cargas externas são distribuídas ao longo de uma superfície. Predominância de elementos superficiais.
Exemplos: cascas.

○ Forma ativa → as cargas externas são distribuídas através da forma do elemento. A geometria do elemento é um fator essencial
para o correto desempenho da estrutura. Exemplo: cabos, arcos e tensoestruturas.
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Figura: Categorias das estruturas.

Figura: Distribuição das cargas em uma edificação.

Assim, o pilar é um elemento estrutural de massa


ativa, onde a linearidade predomina, e por onde os
esforços internos se distribuem. São dimensionados
para resistirem, principalmente, aos esforços normais
de compressão.
Sua principal função é o de conduzir as cargas dos
diversos elementos estruturais (laje e viga,
principalmente) às fundações, como uma espécie de
canalização.
Essa função é muito mais relevante quando se
trabalha com edificações de múltiplos andares, onde o
alinhamento e a continuação vertical dos pilares é
essencial para facilitar a análise estrutural da
edificação.
Entende-se por análise estrutural o estudo da
distribuição das cargas na edificação até a fundação.
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CAPACIDADE ESTRUTURAL
PROPRIEDADES DO MATERIAL
As propriedades do material, ou seja, do que o pilar é feito, irá determinar qual a sua capacidade em suportar os esforços internos. Essas
propriedades estão relacionadas aos conceitos de tensão e deformação específica.

Tensão1
Tensão é definida como a capacidade do material de suportar uma determinada força por unidade de área. A tensão interna em um pilar é
diretamente proporcional à força aplicada externamente a ele.
Materiais diferentes podem resistir a diferentes valores de esforços internos/tensão, por isso que alguns materiais são mais adequados
para algumas aplicações estruturais do que outros. As tensões em um pilar podem ser de 2 tipos:

○ Tensão normal ou linear → é consequência da atuação das forças externas axiais, ou seja, quando a tensão ocorre paralela ao eixo
longitudinal do elemento. Esforços internos gerados: compressão ou tração.

Figura: Tensões normais no pilar: compressão e de tração em pilares, respectivamente.

A tensão normal pode ser calculada por:

𝑃
σ = 𝐴
Eq. 01

Sendo: σ a tensão normal ou linear [N/mm²]; 𝑃 é a força externa axial aplicada [N, sendo 1 kg ≈ 10 N]; 𝐴 é a área da seção transversal
do pilar [mm²].

○ Tensão ou fluxo de cisalhamento → é consequência da atuação das forças transversais, ou seja, quando a tensão ocorre
perpendicular/transversal ao eixo longitudinal do elemento. Esforços internos gerados: cortante (paralelo à força externa),
momento fletor (perpendicular à força externa) e momento de torção (movimento circular).

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Conversões para as unidades de tensão:
1 kgf ≈ 10 N 1 N ≈ 0,1 kgf 10 N ≈ 1 kgf 1 kN ≈ 100 kgf 1 tf = 1000 kgf ≈ 10 kN
1 MPa ≈ 10 kgf/cm2 ≈ 100 N/cm2 1 N/mm2 ≈ 1·106 Pa ≈ 1 MPa 100 kgf/cm2 ≈ 1 kN/cm2
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Figura: Tensões de cisalhamento no pilar: cortante, momento fletor e momento torçor, respectivamente.

Quando o fluxo de cisalhamento ocorre de forma perpendicular ao eixo longitudinal do elemento, ele é denominado de cortante e tem a
tendência de seccionar o pilar onde há atuação da força externa. O fluxo de cisalhamento do tipo cortante é maior no local onde a força
externa é aplicada, e esse fluxo vai diminuindo ao longo do eixo longitudinal do pilar, tendo fluxo mínimo nas suas extremidades.
A geometria da seção transversal do pilar influencia a intensidade e distribuição das tensões de cisalhamento. O fluxo de cisalhamento
pode ser calculado de 2 formas:

1,5·𝑊 𝑊
τ𝑚𝑎𝑥 = 𝐴
e τ𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 = 𝐴
Eq. 02

Sendo: τ𝑚𝑎𝑥 a tensão de cisalhamento máxima [N/mm²]; τ𝑚𝑒𝑑𝑖𝑎 a tensão de cisalhamento média [N/mm²]; 𝑊é a força externa
transversal aplicada [N, sendo 1 kg ≈ 10 N]; 𝐴 é a área da seção transversal do elemento estrutural [mm²].

Quando o fluxo de cisalhamento apresenta um comportamento paralelo ao longo do eixo longitudinal, é gerado o que se denomina de
momento fletor. De forma geral, o momento fletor é o comportamento que estimula o pilar a se curvar, gerando assim, momento fletor de
tração e compressão distribuídos ao longo do eixo longitudinal do pilar.

Por fim, a tensão de cisalhamento pode ter um comportamento circular no interior do pilar, gerando uma tendência de rotacionar esse
elemento, sendo denominado de momento torçor ou de torção. A intensidade desse momento varia de zero no centro da seção transversal até
o máximo no exterior do elemento e depende da forma da seção transversal do pilar, sendo as seções circulares capazes de absorver melhor as
tensões de torção do que seções retangulares, por exemplo.

Cada material apresenta um limite interno de tensão, o qual é denominado de “resistência”. Essa resistência pode ser de 2 tipos:

○ Resistência ao escoamento → limite de tensão interna onde o material não se rompe, mas também não retorna ao seu estado
original.

○ Resistência última ou de ruptura → limite de tensão interna onde o material irá se romper.

Deformação
Deformação é um termo aplicado para qualquer elemento estrutural que sofre alguma alteração em sua forma original. Ao se deformar, o
pilar sofre um deslocamento, ou seja, quando há uma força externa sobre o pilar, ele passa a apresentar uma posição diferente da original. A
relação entre o valor do deslocamento e a dimensão original do pilar é denominada de deformação específica.
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A maioria dos materiais, quando submetidos às forças externas, se deformam e, tendem a retornar à sua dimensão original após a retirada
da força externa, segundo a Lei de Hooke. Essa propriedade elástica do material em que ele se deforma e retorna ao seu estado original é
denominado de módulo de elasticidade, sendo fornecido por:

σ
𝐸 = ε
Eq. 03

Sendo: 𝐸 é o módulo de elasticidade [N/mm²]; σ é a tensão normal ou linear [N/mm²]; ε é a deformação específica linear [-].

A depender da capacidade do material suportar as deformações específicas, eles podem ser classificados como:

○ Frágil - são materiais que não suportam tantas deformações e tendem a falhar repentinamente. Exemplos: cerâmica, vidro, madeira e
concreto.

○ Dútil - são materiais que apresentam grandes deformações antes de se romperem ou ocorrer alguma falha. Exemplo: aço e alumínio.

CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS
As dimensões da seção transversal de um pilar afetam diretamente a capacidade do elemento em suportar às forças externas recebidas.

Compressão Axial
Os pilares são elementos estruturais submetidos, principalmente, aos esforços axial de compressão (esforços paralelos ao eixo longitudinal
do pilar) e devem ser projetados para atender aos limites máximos dessas cargas antes de falhar. Dessa forma, os pilares são projetados,
considerando, principalmente, dois mecanismos essenciais que ocorrem nesse tipo de elemento estrutural: falha por compressão e
instabilidade.
○ Falha por compressão → ocorre quando a carga de compressão sobre o pilar é superior a sua capacidade de resistir a esses esforços,
acontecendo o esmagamento do pilar como consequência. Está mais associado à concepção de pilares curtos. Essa falha por
compressão depende, não só da área da seção transversal, mas também da resistência do material, ou seja, seu limite interno de
tensão (quanto de carga o elemento suporta por área da seção transversal).
A capacidade de suporte do pilar à compressão é calculada pela equação:

𝑃𝑐𝑜𝑚1 = 𝐴 · σ𝑐𝑜𝑚𝑝 Eq. 04

Sendo: 𝑃𝑐𝑜𝑚1 é a capacidade crítica do pilar de suportar cargas de compressão para evitar o esmagamento [N]; 𝐴 é a área da seção
transversal [mm²]; σ𝑐𝑜𝑚 é a tensão de compressão [N/mm²].

○ Instabilidade → é um mecanismo que ocorre antes que haja a falha por compressão. Está mais associado à concepção de pilares
longos/esbeltos. A depender da magnitude da força axial de compressão que atua no pilar e a forma como ela se distribui ao longo
do pilar, é possível que o pilar apresente uma tendência a se curvar/flexionar, gerando um momento fletor em um determinado ponto
mais sensível/fraco do pilar. Essa instabilidade também pode ser denominada de flambagem. A instabilidade está diretamente
relacionada à altura e às características geométricas do pilar.
Isso significa que, à medida que a carga sobre o pilar aumenta, a sua capacidade para resistir aos esforços axiais deixa de ser
governada pela resistência do material (limite máximo de tensão) e passa a ser função das características geométricas do elemento.
Isso se intensifica quanto mais longo/esbelto for o pilar.
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Figura: Gráfico sobre a capacidade compressiva e instabilidade em um pilar. Fonte: Adaptado de Silver, 2013.

A capacidade de suporte do pilar à instabilidade é calculada pela equação:

2
π ·𝐸·𝐼
𝑃𝑐𝑜𝑚2 = 2 Eq. 05
𝐿𝑒

Sendo: 𝑃𝑐𝑜𝑚𝑝2 é a capacidade crítica do pilar de suportar cargas de compressão para evitar a instabilidade [N]; 𝐸 é o módulo de
elasticidade [N/mm²]; 𝐼 é o momento de inércia [N·mm²]; 𝐿𝑒 é a altura efetiva do pilar2 [mm].

Flexão
Em termos gerais, a flexão é a tendência do elemento “girar” quando submetido aos carregamentos externos, gerando esforços internos
que são os momentos fletores de compressão e de tração. A resistência dos materiais à flexão está diretamente relacionado com o conceito de
inércia e está, diretamente, relacionado à característica geométrica dos elementos estruturais.
Ou seja, inércia é a capacidade de resistência de um elemento em alterar o seu estado de rotação. No caso do pilar analisado
isoladamente, o seu momento de inércia deve ser diretamente proporcional a sua capacidade de resistir aos esforços de compressão axial. Ou
seja, quanto maior a força de compressão aplicada, maior deverá ser a inércia no pilar para resistir a esses esforços.
A forma como o pilar está relacionado aos demais elementos estruturais, a exemplo de uma viga, também influenciam o seu momento de
inércia e, consequentemente, a geração ou não de algum momento fletor no pilar. Para entender melhor, é necessário definir o conceito de
excentricidade.
Em condições ideais, em que a força atuante sobre o pilar coincide com o seu centro geométrico, não há geração de momento fletor e o
pilar estará em equilíbrio. Porém, nem sempre isso acontece e, muitas vezes, as cargas atuantes não coincidem com o centro geométrico do
pilar e, nesse caso, é gerado um momento. Quando isso ocorre, há uma distância entre o local de atuação da força e o centro geométrico do
pilar e, a essa distância, denominamos de excentricidade.

Figura: Excentricidade no pilar.

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A altura efetiva do pilar será abordada no item Esbeltez em pilares.
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Quando o pilar se relaciona com uma viga, a análise deve ser realizada em conjunto. Ou seja, devem ser considerados os seguintes
aspectos:
a. o alinhamento dos elementos;
b. o centro geométrico dos elementos e como se relacionam;
c. a existência de excentricidade;
d. a geração de flexão/momento fletor no pilar.

Figura: Excentricidade entre pilar e vigas.

A análise das condições A e B podem ser observadas no Quadro a seguir.

Quadro: Análise das condições de excentricidade dos casos A e B, respectivamente.

CONDIÇÕES DE EXCENTRICIDADE
ASPECTOS CASO A CASO B
Largura das vigas e do pilar são iguais Largura das vigas e do pilar são iguais
Alinhamento dos elementos Vigas alinhadas com a menor dimensão do pilar Vigas alinhadas com a maior dimensão do pilar
Alinhamento total Alinhamento pela face externa do pilar
Centro geométrico dos elementos e Centro geométrico dos elementos não são
Centro geométrico dos elementos são coincidentes
como se relacionam coincidentes
CGP, CGV1 e CGV2 estão alinhados
CGP, CGV1 e CGV2 não estão alinhados
CGV1 e CGV2 são coincidentes
Existência de excentricidade Não há distância entre CGP, CGV1 e CGV2
CGP não coincide com CGV1 e CGV2
Não há excentricidade
Há excentricidade
Geração de flexão/momento fletor no
Não há flexão Há geração de momento fletor
pilar

É importante entender esse conceito de excentricidade, pois quando há excentricidade também é gerado um momento fletor/flexão.
Com base nisso, a teoria da flexão relaciona o momento de inércia, o momento fletor e a tensão na seguinte equação:

𝑀 σ
𝐼
= 𝑦
Eq. 06

Sendo: 𝑀 o momento fletor [N·m]; 𝐼 é o momento de inércia [N·m²]; σ é a tensão [N/m²]; 𝑦 é a distância até o eixo neutro [m].
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ESBELTEZ
De forma geral, a esbeltez de um pilar é a relação entre a altura do pilar e a sua seção transversal. Os pilares altos e “finos” apresentam
elevados índices de esbeltez, o que os torna mais propensos a sofrerem colapsos por instabilidade/flambagem, quando a carga de compressão
sobre o pilar supera sua capacidade de suportar tal esforço.
A esbeltez é determinada pela seguinte equação:

𝐿𝑒
λ = 𝑟
Eq. 07

Sendo: λ é a esbeltez do pilar; 𝐿𝑒 é o comprimento efetivo ou comprimento de flambagem; 𝑟 é o raio de giração.

De acordo com a NBR 6118 - Projeto de estruturas de concreto — Procedimento (ABNT, 2014), os pilares devem ter índice de esbeltez
menor ou igual a 200 (λ ≤ 200).
A esbeltez deve ser calculada, sempre, com relação ao menor eixo. Por exemplo, em pilar de seção transversal de 14 x 30 cm, a
instabilida/flambagem irá ocorrer em torno do eixo mais fraco, ou seja, em relação 14 cm (largura do pilar).

COMPRIMENTO EFETIVO
Na análise estrutural de um pilar, deve-se considerar o comprimento efetivo ou comprimento de flambagem, o qual está relacionado às
formas de vinculações de base e de topo do pilar. Além da carga de compressão sobre o pilar, a depender do tipo de vinculação, o pilar estará
mais ou menos sujeito à instabilidade.
Figura: Comprimento efetivo do pilar.

𝐿𝑒 ≤ 𝐿𝑜 + ℎ 𝐿𝑒 ≤ 𝐿 Eq. 08

Sendo: 𝐿𝑒 é o comprimento efetivo ou comprimento de flambagem; 𝐿𝑜 é o comprimento do pilar medida no plano da estrutura; ℎ é a
menor dimensão da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura; 𝐿 é a distância entre os eixos dos elementos estruturais aos
quais o pilar está vinculado.

O Quadro a seguir caracteriza e apresenta a relação de deformação de três tipos de vinculações de pilar, a fim de compreender melhor
como o comprimento efetivo (𝐿𝑒) é determinado.
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Quadro: Considerações sobre comprimento efetivo em pilar.

CONDIÇÕES DE VINCULAÇÕES
BIRROTULADOS BIENGASTADOS EM BALANÇO

Não proporciona restrição à rotação Nenhuma rotação pode ocorrer Possíveis momentos na extremidade livre
O pilar terá única curvatura O pilar tem curvatura menos acentuada O pilar tem curvatura mais acentuada
𝐿𝑒 = 𝐿𝑜 𝐿𝑒 = 0, 5 · 𝐿𝑜 𝐿𝑒 = 2 · 𝐿𝑜
𝐿𝑒 é o comprimento efetivo 𝐿𝑜 é a distância de piso a teto (altura do pilar)

RAIO DE GIRAÇÃO
O raio de giração é a relação entre o momento de inércia e a área da seção transversal do pilar. Por isso, afirma-se que o raio de giração é
uma propriedade relacionada à geometria do pilar. É determinado pela seguinte equação:

𝐼
𝑟 = 𝐴
Eq. 09

Sendo: 𝑟 é o raio de giração; 𝐼 é o momento de inércia do pilar; 𝐴 é a área da seção transversal do pilar.
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TIPOLOGIA DOS PILARES


Figura: Tipos de pilares de acordo com as solicitações e posicionamento:
interno, de borda e de canto, respectivamente.

Os pilares podem ser classificados de acordo com as solicitações iniciais e a esbeltez.

DE ACORDO COM AS SOLICITAÇÕES


Essa tipologia de pilar está bastante relacionado ao seu posicionamento no projeto, podendo ser de três tipos:
interno, de borda ou de canto.

○ Interno → é também denominado de pilar intermediário ou de centro. O pilar interno, como o nome já diz,
está posicionado na parte interna da edificação É composto por vigas contínuas nos eixos “x” e “y”. Pode-se
considerar que esse pilar está “travado” nas suas 4 faces (pilares de seção transversal retangular), o que
evita a geração de grandes momentos no elemento.
Devido ao alinhamento e a continuidade das vigas nos dois eixos, esse tipo de pilar não apresenta grandes
excentricidades e, geralmente, podem ser desprezadas. Porém, a depender do posicionamento das vigas em
relação ao pilar, pode haver a geração de momento, principalmente se os eixos das vigas não coincidem com
o centro de gravidade (CG) do pilar.

○ De borda → é também denominado de pilar de extremidade. O pilar de borda pode estar posicionado tanto
na extremidade da edificação, quanto internamente, a depender da composição do projeto estrutural e
arquitetônico. É composto por uma viga contínua em um dos eixos e, no outro eixo, outra viga que morre
nesse pilar.
Nesse caso, esse pilar estará “travado” em 3 faces, gerando assim, um momento em direção à viga que morre
no pilar. A excentricidade ocorre em uma direção, na direção da viga que morre no pilar, sendo perpendicular
à borda.

○ De canto → como o nome já diz, os pilares de canto estão posicionados nas “quinas” ou cantos das
edificações. É composto por duas vigas, uma em cada eixo, e que morrem no pilar, ou seja, nenhuma das
vigas é contínua. Devido a isso, esse pilar se torna mais complexo, pois apresentará dupla excentricidade,
gerando momentos nos dois eixos.
Nesse caso, as excentricidades ocorrem na direção das duas vigas e são perpendiculares entre si. Esse
momento é denominado de flexão composta e tende a deslocar o pilar para fora dos dois eixos em que
estão as vigas.

DE ACORDO COM A ESBELTEZ


Essa tipologia relacionado ao índice de esbeltez (λ), e os pilares podem ser classificados em:

○ Pilares robustos ou pouco esbeltos → λ ≤ λ1

○ Pilares de esbeltez média → λ1 < λ ≤ 90

○ Pilares esbeltos ou muito esbeltos → 90 < λ ≤ 140

○ Pilares excessivamente esbeltos → 140 < λ ≤ 200


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ASSOCIAÇÃO ENTRE PILARES E VIGAS


O estudo da associação entre pilares e vigas está relacionado à forma de vinculação entre esses elementos. A depender do tipo de
vinculação, os esforços internos podem ser distribuídos de forma diferenciada, proporcionando assim, mais ou menos deformações nos
elementos estruturais. Isso é importante para que seja realizada, adequadamente, a análise estrutural, bem como o dimensionamento dos
elementos.
De forma geral, a associação de viga e pilar recebe o nome de pórtico, e o que define o quanto esse pórtico irá se deformar e como, é a
vinculação. Para isso, deve-se compreender os seguintes conceitos:

○ Rotulado → é o tipo de apoio que impede a movimentação horizontal e vertical, porém, possibilita a rotação. De forma bem
simples, age como se fosse uma dobradiça de porta.

○ Engastado → é o tipo de apoio que impede a movimentação horizontal, vertical e a rotação.

Quando há um pórtico rotulado, diz-se que a viga está, simplesmente, apoiada nos pilares sob condições de apoio rotulado. Esse tipo de
viga é denominada de viga apoiada. Isso significa que, quando há uma força vertical atuando sobre a viga, os apoios rotulados irão permitir a
rotação da viga, gerando um momento fletor apenas nesse elemento. Ou seja, a viga irá absorver toda a carga e se deformará, enquanto os
pilares não sofrerão qualquer deformação. Isso resultará em viga de maior seção transversal para ser capaz de absorver todo o esforço sozinha.
Quando há um pórtico engastado, diz-se que há um vínculo rígido entre a viga e os pilares. Esse tipo de viga é denominada de viga
biengastada. Isso significa que, quando há uma força vertical atuando sobre a viga, o engastamento permitirá que todo o conjunto se deforme,
gerando um momento fletor menor na viga (se comparada a viga apoiada) e nos piares (flexão). Isso resultará em viga de menor seção
transversal, se comparada a viga apoiada, pois agora ela compartilha parte da carga absorvida com os pilares.

Figura: Associação entre pilares e vigas: pórtico rotulado e pórtico engastado, respectivamente.

Figura: Exemplos de ligações rotuladas e engastadas em vigas de aço, pilares de aço, vigas de madeira e vigas de concreto armado, respectivamente. Fonte:
Silver et al., 2013.
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REFERÊNCIAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8681: Ações e segurança nas estruturas - Procedimento. Brasília. 2004.

______ NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto — Procedimento. Brasília. 2014.

CHING, F. D. K.; ONOUYE, B. S.; ZUBERBUHLER, D. Sistemas estruturais ilustrados: padrões, sistemas e projeto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman.
2015. 344p.

SILVER, P.; McLEAN, W.; EVANS. P. Sistemas estruturais. São Paulo: Blucher, 2013. 208p.

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