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Campus Universitário Prof.

Antônio Garcia Filho


Docente: Priscila Yucari Sewo Sampaio
Discente: Amanda de Jesus Santos
Disciplina: Habilidades Profissionais em Terapia Ocupacional

Resumo sobre a CIF e suas aplicações

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), Saúde é o bem-estar físico


e mental agregado aos bons Determinantes de Saúde, tais como educação e
saneamento básico. Um dos propósitos dessa definição foi romper a relação
saúde- doença existente, onde para se ter uma era necessário a ausência da
outra. Esse pensamento era a base do modelo Biomédico Linear, cujo uma
pessoa com alguma doença ou distúrbio, classificava-se como deficiente,
seguida por uma incapacidade e consequentemente causando uma
desvantagem, logo, o foco estava apenas no indivíduo.

Em 1980, houve a primeira tentativa de classificação de funcionalidade e


incapacidade, buscando princípios de outro modelo de atenção, o
Biopsicossocial, este que, propunha que um órgão ou sistema com deficiência
não é sozinho o determinante das incapacidades de uma pessoa, é necessário
considerar tanto os fatores biológicos como extra-biológicos, com um olhar
multidirecional dos fatos, com isso, a doença será o produto das alterações de
funcionalidade e não a causadora dessas interações. Foi chamado de CIDID
(Classificação Internacional das Deficiências, incapacidades e Desvantagens).
Apesar do avanço, era muito regida pelos fundamentos Biomédico Linear.
Depois de anos em análise, verificando a veracidade de seus fatos, em 2001,
foi aprovada a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade), e em
2007 a CIF- CJ para o público infanto-juvenil. A importância das
classificações está no fato de ajudar nos levantamentos e embasamento
científico para formação de códigos nas bases de dados nacionais, com o
intuito de permitir a troca de informações entre profissionais de saúde de
diferentes regiões e países, facilitando diagnósticos e intervenções. Por isso, a
CIF está presente na prática clínica, hospitalar, ambulatorial e até mesmo na
Previdência Social.
A CIF assemelha-se com o modelo Biopsicossocial, pois acredita que uma
incapacidade pode surgir de diferentes lados, tanto por interferências
ambientais quanto individuais ou funcionais do corpo, atentando-se não apenas
a presença de uma doença, mas na interação em ambas interferências, pois
todas serão afetadas. Não obstante, é usada como ferramenta de descrição e
organização das informações sobre a funcionalidade/incapacidade, porém é
importante ressaltar que ela não é uma avaliação, sua função é categorizar
alguém em um determinado estágio de saúde. Vale ressaltar que reconhece a
importância das questões ambientais na criação das limitações, como também,
a relevância das condições de saúde associadas e seus efeitos. Ela também
criou novos conceitos, tais como a deficiência ou alterações, afirmando que são
problemas apenas nas estruturas do corpo ou nas funções, por exemplo, a
perda de um membro; capacidade que envolve a aptidão de um indivíduo para
executar uma tarefa ou ação em um ambiente padrão, voltado para o estado
das funções do corpo e estruturas do corpo, e por outro lado o desempenho
envolve o que o indivíduo faz no seu próprio ambiente de vida cotidiana, como
sua casa, voltados nos fatores ambientais e pessoais; para a funcionalidade
afirmou que envolve todas as funções do corpo, como também atividades e
participação, apontando pontos positivos da interação dos indivíduos com os
fatores ambientais (físico e social na vivência de alguém, podendo facilitar ou
dificultar nas funções e estruturas do corpo em relação a execução de alguma
tarefa) e pessoais(estilo de vida, histórico particular que compõem um estado
de saúde), em oposição, a incapacidade, na qual engloba mudanças nas
funções e estruturas do corpo, limitação de atividades e restrição da
participação, mostrando pontos negativos na interação entre um indivíduo e
seus fatores ambientais e pessoais. Por fim, o intuito de classificação da CIF é
a situação de uma pessoa e não a pessoa em si apenas.
A CIF possui três princípios: Universalidade, Paridade e Neutralidade,
assegurando que toda e qualquer pessoa pode ser classificada por ela, sendo
assim, um modelo universal, algo que antigamente era voltada para a minoria,
onde só quem possuía uma deficiência podia ser considerado incapaz. Aliado a
isso, a CIF possui dois domínios: a Funcionalidade, cujo tem quatro
subgrupos, as funções do corpo (fisiológicas e incluindo funções
psicológicas); as estruturas do corpo(anatômicas); atividades (execução de
uma tarefa) e participação (envolvimento de um indivíduo numa situação de
vida real). O segundo domínio é o contexto, ele possui dois subgrupos, os
fatores ambientais e os pessoais. Todos esses componentes podem ser
codificados, com exceção dos pessoais, que englobam a identidade da pessoa.
O contexto é essencial no desenvolvimento das atividades e envolvimento
social das pessoas, podendo ser o objeto principal de intervenção no quadro da
funcionalidade.
Para codificação tem-se passos para serem seguidos, o primeiro está nos
subdomínios, eles possuem uma letra (qualificadores) para representá-los, nas
funções do corpo tem-se B, estruturas do corpo S, atividades e participação D,
e a letra E para fatores ambientais. Em seguida, a inserção dos códigos
genéricos para todos os componentes, o manual da CIF, e depois acrescenta
um ponto e logo após, um número de 0 a 9 indicando o grau da alteração[o 0
fica de 0 a 4%, apontando nenhum problema; o 1 de 5 a 24%: problema leve;
o 2 de 25 a 49% : moderado; o 3 de 50 a 95%: grave; o 4 de 96 a 100%:
problema completo, o 8 não é especificado e 9 não aplicado], sendo geral para
todos os domínios da CIF, exemplo: B210.3. Há algumas observações, nas
funções do corpo(B), depois do número do manual coloca-se o ponto e o grau
de dificuldade apenas, já para estrutura do corpo(S) possui três qualificadores,
ou seja, depois do número do manual é necessário indicar a extensão da
doença( da mesma maneira de cima, de 0 a 9 e não especificado e não
aplicável) também a natureza dela, enumerando do mesmo jeito, e ainda a
localização por números também, para atividades e participação há repetição
dos qualificadores, um para desempenho e outro para a capacidade, e nos
fatores ambientais os pontos significam barreiras, significando que algo nesse
ambiente está atrapalhando o desempenho dessa pessoa, e se algo for
facilitador assinalamos com um sinal positivo. Portanto, a codificação é
fundamental para uniformizar uma terminologia, onde todos que acessarem
compreenderam do que se trata e ajudar na intervenção. Essa numeração
pode ser alterada ao longo do tratamento, feita pelos profissionais de saúde,
percebendo -se a eficácia do método.
Desse modo, a importância da Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF) para os terapeutas ocupacionais encontra-se no
fato de que, ela auxilia de maneira forte e eficaz em todo o processo de
planejamento e tomada de decisões, seja na prática clínica, seja em uma
equipe multiprofissional do qual os terapeutas fazem parte, melhorando a
comunicação entre a equipe multiprofissional. Além disso, apresenta grandes
benefícios em todo o plano terapêutico, pois se torna mais direcionado as reais
necessidades dos pacientes.

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