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Unidade II
5 CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E
SAÚDE (CIF)
5.1.1 Conceito
A CIF oferece uma abordagem biopsicossocial (influência de fatores biológicos, psicológicos, sociais
e ambientais) com múltiplas perspectivas que se refletem no modelo multidimensional. As definições
e categorias da CIF são elaboradas em linguagem neutra, de forma que a classificação possa ser usada
para registrar os aspectos positivos e negativos da funcionalidade. Ao mudar o foco das condições
de saúde para a funcionalidade, ela coloca todas as condições de saúde em posição de igualdade,
permitindo que sejam comparadas entre si, por meio de um modelo comum. Por exemplo, a artrite
acomete grande parte da população em comparação a condições como autismo, demências, síndrome
de Down e paralisia cerebral, classificadas com valores mais altos em termos da probabilidade de
grave incapacidade.
A CIF é utilizada em muitos contextos diferentes e com diversas finalidades em todo o mundo.
Ela pode ser usada como uma ferramenta para estatística, pesquisa clínica e social ou para fins
educacionais. Sua aplicação serve não somente no setor de saúde, mas em setores como seguros,
previdência social, trabalhista, educacional, econômico, desenvolvimento de políticas ou legislação, e
também no meio ambiente.
5.1.2 Objetivos
A CIF é uma classificação com múltiplas finalidades, elaborada para servir a várias disciplinas e
setores diferentes. Seus objetivos específicos podem ser resumidos da seguinte maneira:
• Proporcionar uma base científica para a compreensão e o estudo da saúde, dos estados relacionados
à saúde, dos resultados e dos determinantes.
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AVALIAÇÃO FUNCIONAL
• Estabelecer uma linguagem comum para a descrição da saúde e dos estados relacionados à
saúde, para melhorar a comunicação entre diferentes utilizadores, tais como profissionais
de saúde, investigadores, decisores e o público, incluindo pessoas com incapacidades.
• Permitir a comparação de dados entre países, disciplinas relacionadas aos cuidados de saúde e
serviços, em diferentes momentos ao longo do tempo.
Saúde é definida na Constituição da OMS (1946) como um estado completo de bem-estar físico,
mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou enfermidade. A saúde e os estados
relacionados a ela, associados com qualquer condição de saúde, podem ser descritos usando a CIF. As
condições de saúde (doenças, transtornos, lesões ou estados relacionados) são classificadas principalmente
na classificação internacional de doenças (CID), que fornece um modelo etiológico (ou seja, da causa
da doença). A CIF e a CID são duas classificações complementares de referência da OMS e ambas são
membros da família das classificações internacionais da OMS. A CIF busca conceituar a funcionalidade
e a incapacidade no contexto da saúde. Por exemplo, se a pobreza resultar em uma condição de saúde
como desnutrição, as dificuldades de funcionalidade relacionadas podem ser descritas usando a CIF.
Uma condição de saúde, seja ela diagnosticada ou não, é sempre entendida como estando presente
quando a CIF é aplicada.
5.1.4 Organização
A CIF organiza as informações em duas partes. A primeira lida com a funcionalidade e a incapacidade;
a segunda aborda fatores contextuais. Cada parte contém dois componentes:
• Funcionalidade e incapacidade:
— Atividades e participação.
• Fatores contextuais:
— Fatores ambientais.
— Fatores pessoais.
Cada componente da CIF consiste em vários domínios, e cada um consiste em categorias, que são
as unidades de classificação. A CIF fornece definições textuais, além de termos de inclusão e exclusão
para cada classe.
O modelo e o quadro conceitual da CIF oferecem a plataforma para uma linguagem comum
e a estrutura de alto nível da classificação que, nos detalhes mais sutis, permite uma descrição e
quantificação específicas.
Condições de saúde
(transtorno ou doença)
Lembrete
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AVALIAÇÃO FUNCIONAL
• Funções do corpo: funções fisiológicas dos sistemas do corpo, inclusive funções psicológicas.
• Estruturas do corpo: partes anatômicas do corpo, como órgãos, membros e seus componentes.
• Fatores ambientais: ambiente físico, social e de atitude, no qual as pessoas vivem e conduzem
sua vida. São barreiras ou facilitadores para a funcionalidade de um indivíduo.
5.1.5 Utilização
• Fornece linguagem, termos e conceitos comuns para uso de pessoas com incapacidades, prestadores de
serviços relevantes ou pessoas que trabalham com dados e informações sobre incapacidade. Dessa forma,
pessoas com dificuldades funcionais podem interagir com muitos profissionais e sistemas, por exemplo, de
saúde, educação e assistência social. É especificamente atual quando alguns serviços e sistemas humanos
e de saúde fornecem serviços de longo prazo e suporte para o número crescente de pessoas afetadas por
condições crônicas. Uma linguagem comum é essencial para dar suporte ao cuidado integrado.
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Unidade II
• Oferece estrutura organizada de dados que pode dar respaldo a sistemas de informação em
diferentes áreas da política e de serviços, e para dados populacionais relevantes para as políticas.
Se os registros, pesquisas e estatísticas sobre funcionalidade e incapacidade forem baseados
no modelo e quadro da CIF, eles contribuirão de forma mais eficiente para uma compreensão
nacional e internacional coerente da funcionalidade e incapacidade, e de dados comparáveis
entre contextos e épocas.
• Permite uma ampla gama de casos de uso. Pode ser vista como uma linguagem que auxilia
na relação entre dados, informações e conhecimentos, desenvolvendo uma compreensão e
interpretação compartilhada de conceitos. É importante que seja usada para garantir a
consistência da aplicação entre setores e níveis dos sistemas de saúde, social e educacional.
5.1.6 Aplicação
A CIF pode ser usada de várias maneiras em muitos campos de aplicação, como:
• Prática clínica: relevante para muitas atividades na prática clínica, como: consideração de saúde e
funcionalidade; estabelecimento de metas; avaliação de resultados de tratamentos; comunicação
com colegas ou pessoa envolvida. Ela oferece uma linguagem comum entre disciplinas clínicas
e com pacientes ou clientes. A CIF e a CID são complementares e, quando usadas em conjunto,
fornecem uma imagem completa da condição de saúde de um indivíduo. O manual prático da CIF
fornece exemplos de como ela pode ser usada de formas distintas em muitos campos diferentes.
• Educação: as mesmas vantagens gerais se aplicam ao campo da educação como também a outras
áreas de políticas e programas. Como uma linguagem comum, pode auxiliar na integração das
perspectivas da criança, da família, da escola e dos sistemas de serviços.
• Advocacy e empoderamento: o termo pode incluir a advocacy por uma pessoa em seu próprio
nome ou em nome de outra pessoa, além da advocacy mais ampla, que busca influenciar uma
mudança ambiental e de sistema. A CIF, como uma estrutura conceitual para a funcionalidade
e incapacidade relacionada à convenção das Nações Unidas sobre os direitos das pessoas com
deficiências, dá suporte a argumentos lógicos baseados em padrões internacionais, e a informações
e dados relacionados.
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Respeito e confidencialidade
• Deve ser sempre usada de forma que respeite o valor inerente e a autonomia dos indivíduos.
• Jamais deve ser usada para rotular pessoas ou identificá-las de outro modo apenas em termos de
uma ou mais categorias de incapacidade.
• Nos contextos clínicos, deve ser sempre usada com conhecimento, cooperação e consentimento
pleno das pessoas cujos níveis de funcionalidade estão sendo classificados. Se limitações da
capacidade cognitiva de um indivíduo impedirem esse envolvimento, o representante do indivíduo
deve ser um participante ativo.
• As informações codificadas usando a CIF devem ser vistas como informações pessoais e
sujeitas a regras de confidencialidade reconhecidas e apropriadas para a maneira como os
dados serão usados.
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Unidade II
Uso clínico
• O médico deve explicar para o indivíduo ou para o seu representante o objetivo do uso da CIF e
responder às perguntas sobre a adequação de seu uso para classificar os níveis de funcionalidade
da pessoa.
• A pessoa cujo nível de funcionalidade está sendo classificado (ou o representante da pessoa) deve
ter a oportunidade de participar e de questionar ou confirmar a adequação da categoria que está
sendo usada e a avaliação designada.
• Como o déficit que está sendo classificado é resultado da condição de saúde de uma pessoa e do
contexto social e físico no qual ela vive, a CIF deve ser usada de forma holística.
• As informações devem ser usadas com a colaboração dos indivíduos para aumentar suas escolhas
e o controle sobre suas vidas.
• As informações devem ser usadas para o desenvolvimento de políticas sociais e mudanças políticas
que visem a melhoria e o suporte da participação dos indivíduos.
• A CIF e todas as informações derivadas de seu uso não devem ser empregadas para negar direitos
estabelecidos ou para restringir direitos legítimos e benefícios para indivíduos ou grupos.
• Os indivíduos classificados em conjunto na CIF ainda podem diferir de muitas maneiras. As leis e
regulamentos que se referem às classificações dela não devem pressupor mais homogeneidade
do que o pretendido e devem assegurar que aqueles cujos níveis de funcionalidade estão sendo
classificados sejam considerados como indivíduos.
• Fatores contextuais: incorpora fatores ambientais e pessoais, embora os pessoais ainda não
estejam classificados.
Lendo os dígitos da direita para a esquerda, é possível olhar para trás de um código específico, para
a categoria mais ampla na qual ele está localizado, movendo-se todo o caminho para o domínio ou
capítulo. Inversamente, ao tentar selecionar a categoria mais apropriada para descrever um aspecto da
funcionalidade, é necessário primeiro alocar o item para o componente apropriado e, a seguir, para o
domínio e capítulo. Por último, dentro de um dado bloco, é necessário selecionar a categoria que melhor
descreve o aspecto da funcionalidade com o nível desejado de detalhe.
Em cada nível da classificação há categorias que terminam com 8 ou 9. Elas podem ser usadas para
sinalizar que o aspecto da funcionalidade não é coberto pelas definições existentes, mas é especificado
de forma suficiente para ser descrito (8: outro especificado); ou que há um aspecto presente para o qual
as informações disponíveis são insuficientes para uma especificação adicional (9: não especificado).
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Unidade II
Lembrete
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O ATP ou adenosina trifosfato é uma molécula importante presente no corpo humano, atuando
desde a contração muscular até processos de cicatrização, sendo fundamental para a manutenção da
vida. Uma das principais formas de sintetizar o ATP é por meio do oxigênio obtido pela respiração.
O sistema respiratório é composto por diferentes partes, sendo que todas elas possuem sua
importância e podem tanto ser avaliadas quanto estarem comprometidas, prejudicando o indivíduo.
Lembrete
Qualquer parte do sistema respiratório pode ser infectado e ficar doente. As consequências da doença
podem ter resultados prolongados e gerar uma reação inflamatória. Como qualquer outro sistema do
nosso corpo, a resposta à infecção é uma reação inflamatória que acarreta hiperemia e tumefação
da mucosa, o que dá origem à maior secreção de muco pulmonar e, consequentemente, dificuldade
respiratória.
Distúrbios que afetam os pulmões e as vias aéreas são denominados problemas pulmonares ou
problemas respiratórios. Os sintomas mais frequentes do acometimento desse sistema são mostrados
na figura a seguir.
Hemoptise Tosse
Cianose Dispneia
(falta de ar)
Sibilos
6.1.1 Tosse
A tosse é um dos sintomas mais comuns observados em pacientes com doença pulmonar. Trata-se de
uma manobra expiratória forçada, a qual expele muco e material estranho contido na via aérea. É ela que
permite que o paciente remova a secreção. A ineficácia da função de tossir cria a necessidade de sucção
para evitar complicações pulmonares.
A tosse ocorre quando os receptores da tosse são estimulados por inflamação, muco, materiais
estranhos ou gases nocivos. Os receptores da tosse estão localizados (em sua grande parte) na
laringe, na traqueia e nos grandes brônquios.
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Unidade II
A eficácia da tosse depende da capacidade de realizar uma inspiração profunda, da retração pulmonar,
da força dos músculos respiratórios e do nível de resistência das vias aéreas. A capacidade de realizar
uma inspiração profunda ou expirar forçadamente é frequentemente comprometida em pacientes com
doenças neuromusculares.
• Semieficaz (pouco funcional): adequada para forçar a limpeza das secreções do trato respiratório
superior em pequenas quantidades; é necessária assistência de sucção para limpar a secreção
secundária das infecções.
Outras características importantes da tosse do paciente que precisam ser identificadas incluem se
ela é seca ou úmida, produtiva ou não produtiva, aguda ou crônica, assim como o momento do dia ou
da noite em que ela ocorre.
Conhecer esses detalhes ajuda a determinar a causa da tosse. Um exemplo de tosse seca (sem
secreção) e não produtiva é típica de doenças pulmonares restritivas, como a insuficiência cardíaca
congestiva ou a fibrose pulmonar. Uma tosse úmida e produtiva (carregada de secreção) é normalmente
associada com doenças pulmonares obstrutivas inflamatórias, como a bronquite e a asma.
A causa mais comum de tosse aguda é uma infecção viral das vias aéreas superiores, como um
resfriado. As causas comuns de tosse crônica incluem a asma, o gotejamento pós-nasal (frequentes em
pacientes com rinite e sinusite), a bronquite crônica e o refluxo gastroesofágico.
• Frequência.
• Intensidade.
• Duração (aguda, menor que três semanas; ou crônica, maior que três semanas).
• Tonalidade.
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AVALIAÇÃO FUNCIONAL
• Fenômenos que podem acompanhar um episódio de tosse: tonturas e desmaios (por diminuição
do fluxo cerebral) ou vômitos.
6.1.2 Dispneia
Esse termo é utilizado quando a respiração está difícil ou trabalhosa. Pacientes com dispneia são
chamados de dispneicos, pois fazem esforço maior e visível para respirar.
• Eupneia: termo utilizado para descrever um padrão respiratório normal de 12 a 20 vezes por
minuto em adultos.
• Ortopneia: dispneia observada quando o paciente está deitado, que melhora quando ele senta
ou levanta. Esse sintoma é característico de insuficiência cardíaca e também pode ser encontrado
em pacientes com asma, enfisema pulmonar avançado e edema pulmonar.
• Apneia: ausência da respiração que geralmente é transitória. Se for sustentada por mais que
alguns minutos, pode haver dano cerebral e óbito.
As camadas parietal e diafragmática da pleura são sensíveis à dor, enquanto o tecido pulmonar e
a camada visceral da pleura não possuem terminações nervosas sensíveis à dor. A irritação da pleura
causa uma dor aguda. Grande parte das dores torácicas podem ser classificadas como pleurítica ou
não pleurítica.
• Não pleurítica: geralmente está localizada no centro da região torácica anterior e pode irradiar
para o ombro ou para as costas. Ela não é afetada ou alterada pela respiração e é descrita pelo
paciente como uma dor do tipo pressão (como na angina, refluxo gastroesofágico, costocondrite
e colecistopatias).
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Unidade II
Lembrete
Os sibilos e estridores representam o som das vibrações quando o ar flui em alta velocidade por meio
de uma via aérea estreitada.
• Sibilo: som de assobio normalmente ouvido na expiração, causado pelo fluxo de ar por meio das
vias aéreas com luz estreitadas. A extensão de um sibilo está diretamente relacionada ao grau
de estreitamento. O diâmetro das vias aéreas pode ser diminuído por broncoespasmo, edema de
mucosa, inflamações, tumores e corpos estranhos, mas é independente do comprimento da via
aérea. Na asma grave, ele também pode ser ouvido na inspiração.
• Estridor: som vibrante estridente ouvido na inspiração, causado por obstrução da laringe, traqueia
ou brônquios principais.
6.1.5 Cianose
Nome dado à cor azul (ou arroxeada) da pele e das membranas mucosas. Os dedos devem ser examinados
na investigação da cianose (facilmente identificada pela transparência das unhas). A cianose torna-se
visível quando a quantidade de hemoglobina insaturada no sangue capilar ultrapassa 5 a 6 g/dl. Isso pode
ser decorrente da redução do conteúdo arterial ou venoso de oxigênio ou de ambos.
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AVALIAÇÃO FUNCIONAL
A cianose tem uma relação considerável com a condição do paciente em vascularização da região,
porém em quadros específicos de condições reumatológicas, como o fenômeno de Raynaud.
Isquemia
Capilares sem fluxo. Cianose
Vasoespasmos da artéria Capilares e vênula dilatam Rubor
com oclusão vascular. em relação à esquemia,
repletos de sangue Capilares seguem
desoxigenado. dilatados, porém com
Vasoespasmos. sangue oxigenado.
Relaxamento do
vasoespasmo.
Aumento considerável
do fluxo.
6.1.6 Hemoptise
É a tosse ou escarro com sangue dos pulmões, classificada como: maciça, mais de 300 ml de sangue
em 24 horas, isto é, uma emergência médica; ou não maciça. Ela deve ser diferenciada da hematêmese,
vômito de sangue do trato gastrointestinal.
O sangue dos pulmões é frequentemente observado em pacientes com histórico de doença pulmonar e
pode estar associado ao escarro. O sangue proveniente do estômago pode estar misturado com partículas
alimentares e ocorre mais frequentemente em pacientes com histórico de doença gastrointestinal. Causas
comuns de hemoptise maciça: bronquiectasia, abscesso pulmonar e a tuberculose aguda e crônica.
A hemoptise não maciça é mais observada por infecção das vias aéreas, mas também no câncer
pulmonar. Associada à infecção, normalmente é observada em um escarro purulento com estrias (riscos)
de sangue. A hemoptise do carcinoma broncogênico normalmente é crônica.
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Unidade II
As variações nos sinais são indicações claras de que houve alguma alteração no estado fisiológico do
paciente. Essas medidas podem ser registradas em repouso, durante e após o exercício, e são indicadores
que fornecem dados importantes sobre a capacidade aeróbica e a resistência cardiopulmonar.
Na tabela a seguir encontramos dados normativos para as medidas dos sinais vitais.
Tabela 2
Frequência Frequência
Idade Temperatura (ºC) Pressão arterial
cardíaca respiratória
S: 50-52
Recém-nascido 37-37,6 70-190 25-50 D: 25-30
S: 78-114
3 anos 36,9-37,5 80-125 20-30 D: 46-78
S: 90-120
10 anos 36,4-37 70-110 16-22 D: 56-84
S: 104-120
16 anos 36,4-37,1 55-100 15-20 D: 60-84
S: 95-119
Adulto 36-37,5 60-90 12-20 D: 60-79
S: 90-140
Idoso 35,9-36,3 60-90 15-22 D: 60-90
Observação: os valores normais são específicos para cada indivíduo.
Alguns indivíduos apresentam valores diferentes dos normativos e isso mostra a importância da
avaliação/monitoramento dos sinais vitais como processo em série. As medições de sinais vitais fornecem
informações mais úteis quando realizadas e registradas em intervalos periódicos ao longo do tempo,
e não de uma única vez. O registro em série permite o monitoramento do estado do paciente e pode
indicar uma alteração aguda no estado fisiológico em um momento específico, como, por exemplo, em
resposta a um teste de exercício.
Observação
A temperatura corporal representa um equilíbrio entre o calor produzido ou adquirido pelo corpo e o
calor perdido. Como seres humanos temos sangue quente, ou seja, somos homeotérmicos, a temperatura
corporal permanece relativamente constante, apesar das mudanças no ambiente externo.
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AVALIAÇÃO FUNCIONAL
A temperatura corpórea é mantida normal por meio do equilíbrio entre a produção e a perda de
calor. Se o corpo não for capaz de liberar o calor gerado no metabolismo, a temperatura deve aumentar
aproximadamente 1 °C/hora. O hipotálamo possui um papel importante na regulação da temperatura.
A febre (ou pirexia) é uma queixa comum dos pacientes com infecção das vias aéreas ou dos
pulmões. Agentes infecciosos podem elevar a temperatura para além de 37,8 °C (hipertermia), o que
caracteriza febre, mas não se trata de uma doença, e sim uma reação do organismo contra alguma
anomalia. A febre ocorre em resposta a substâncias pirogênicas secretadas pelos macrófagos em
resposta a uma inflamação. Essas substâncias pirogênicas agem de modo a proporcionar a liberação de
prostaglandinas, que atuam no centro termorregulador (localizado no tálamo anterior), promovendo
assim a elevação da temperatura.
A febre pode ocorrer em patologias simples, como uma infecção viral das vias aéreas superiores, ou
graves, como pneumonia bacteriana ou tuberculose. Devido à ampla variedade de doenças que causam
febre, a avaliação para determinação da causa é muito importante. Quando a causa é uma infecção, a
intensidade da elevação da temperatura pode indicar o tipo e a virulência da infecção.
A tosse acompanhada de febre sugere uma infecção respiratória. É mais provável que a infecção
seja a causa da febre se o paciente produzir escarro purulento. No entanto, a ausência de tosse ou de
produção de secreção não descarta a infecção pulmonar.
A temperatura corporal ideal varia entre 36 °C e 36,7 °C. Geralmente é mais baixa de manhã e mais
alta no fim da tarde ou à noite. Porém, existem algumas exceções que são aceitáveis. Nas mulheres, por
exemplo, após a ovulação, durante o ciclo menstrual e também no primeiro trimestre da gravidez, ocorre
uma elevação natural da temperatura. Consideramos hipotermia quando a temperatura corpórea está
abaixo de 35 °C e, se não é tratada rapidamente, pode levar a complicações e até ao óbito.
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Unidade II
Aferimos a frequência cardíaca por meio da frequência de pulso, uma onda de sangue na artéria
criada pela contração do ventrículo esquerdo durante um ciclo cardíaco (um ciclo completo de
contração e relaxamento do músculo cardíaco). Em cada contração, o sangue é bombeado para a aorta.
A elasticidade das paredes aórticas permite a expansão e a aceitação do novo suprimento de sangue. Em
seguida, o sangue é forçado para fora e passa pelas artérias sistêmicas. O que se sente como um pulso é
essa onda de sangue. A força ou amplitude do pulso representa a quantidade de sangue ejetada a cada
contração do miocárdio (volume do batimento).
Os pulsos periféricos são os que se localizam na periferia do corpo e podem ser sentidos pela palpação
de uma artéria que se encontra sobre uma proeminência óssea ou outra superfície firme. Os pulsos
radial, carotídeo e poplíteo são exemplos de pulsos periféricos, porém a artéria radial é o local mais
comum de palpar o pulso. Deve-se sempre usar a segunda e a terceira polpa digital (não o polegar) para
palpar o pulso digital. A frequência de pulso deve ser contada durante 1 minuto para poder determinar
se a frequência de pulso está normal, aumentada ou diminuída.
Quando a pressão arterial estiver anormalmente baixa, muitas vezes não é possível palpar o pulso
radial. Deve-se então utilizar os pulsos localizados mais centralmente como o carotídeo e o femoral.
Utilizar sempre a segunda e a terceira polpa digital (não o polegar) para palpar o pulso digital. A frequência
de pulso deve ser contada durante 1 minuto para determinar se a frequência de pulso está normal,
aumentada ou diminuída.
A frequência de pulso normal do adulto é de 60 a 100 por minuto e com ritmo regular. Uma condição
na qual a frequência de pulso ultrapassa 100 por minuto é denominada taquicardia. Exercício, medo,
ansiedade, pressão arterial baixa, anemia, febre, níveis reduzidos de oxigênio do sangue arterial ou alguns
medicamentos são causas comuns e frequentes de taquicardia. Uma condição na qual a frequência de
pulso é inferior a 60 por minuto é denominada bradicardia. Ela é menos comum e frequente do que
a taquicardia, mas pode ocorrer na hipotermia, como efeito colateral de medicamentos e em certas
arritmias cardíacas.
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AVALIAÇÃO FUNCIONAL
Vários fatores como idade, gênero, estado emocional, estresse e nível de atividade física, além da
massa e da estatura, influenciam na frequência de pulso. Indivíduos altos e magros geralmente têm uma
frequência de pulso mais lenta que as pessoas obesas.
Observação
A qualidade do pulso designa a quantidade de força gerada pelo sangue ejetado contra
a parede arterial durante cada contração ventricular. Ao examinar a qualidade do pulso, o
fisioterapeuta determina a sensação que o sangue causa ao passar por um vaso. A quantidade
(volume) de sangue dentro do vaso produz a força do pulso, que normalmente é igual em todos
os batimentos. A força do pulso é maior quando o volume de sangue é mais alto, e menor quando
ele for mais baixo. O pulso normal é considerado forte e cheio e pode ser palpado com uma
pressão moderada dos dedos sobre um ponto de proeminência óssea. Em volumes mais baixos,
o pulso é fino e denominado pulso fraco. Em volumes maiores (aumentados), o fluxo é grosso e
denominado pulso cheio ou palpitante.
É muito importante não avisar o paciente que está sendo feita a avaliação, a fim de evitar que ele
altere o padrão corporal normal.
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Unidade II
Observação
A pressão arterial é a força exercida contra a parede das artérias quando o sangue se move através
delas. É medida em milímetros de mercúrio (mmHg) e registrada na forma de fração (110/80, por exemplo).
O primeiro número indica a pressão sistólica (contração ventricular) e o último, a diastólica
(relaxamento ventricular). A pressão é medida nos pontos mais altos e mais baixos da pulsação.
A pressão sistólica é a maior pressão exercida pelo sangue contra a parede das artérias e a diastólica, a
menor (mais baixa).
A hipotensão é definida como uma pressão arterial inferior a 95/60mmHg. As causas mais comuns
são a insuficiência ventricular esquerda, o volume sanguíneo baixo (caso de hemorragias e desidratação,
por exemplo) e a vasodilatação periférica. Com quadro de hipotensão, os órgãos vitais podem não
receber um fluxo sanguíneo adequado e, consequentemente, a liberação de oxigênio aos tecidos pode
ser prejudicada, possibilitando ocorrer hipóxia tecidual pela diminuição do fluxo sanguíneo adequado.
Portanto, deve-se evitar a hipotensão prolongada.
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AVALIAÇÃO FUNCIONAL
A leitura da pressão arterial é feita por meio da combinação da escuta com o estetoscópio e da
observação do ponteiro do manômetro. Quando colocamos o esfigmomanômetro no braço e pressurizamos
para ultrapassar a pressão arterial sistólica, o fluxo sanguíneo na artéria radial é interrompido. Conforme
liberamos bem devagar a pressão do manguito, quando atinge um ponto logo abaixo da pressão sistólica, o
fluxo sanguíneo passa de forma intervalada. A obstrução parcial do fluxo sanguíneo gera uma turbulência
e vibrações chamadas de ruídos de Korotkoff. Esses ruídos podem ser ouvidos com um estetoscópio
posicionado sobre a artéria braquial.
Figura 44 – Esfigmomanômetro
Figura 45 – Estetoscópio
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Unidade II
Os aparelhos elétricos são de fácil utilização, basta pressionar o botão ligar. Deve-se ajustar a
braçadeira na região do punho ou do braço do paciente e ligar o aparelho. Ele insuflará a braçadeira
sozinho e interpretará os sinais, gerando em seguida o valor da pressão arterial do paciente.
Lembrete
Os aparelhos manuais podem ser aneroides (mais frequentes na prática clínica) ou com mercúrio
(mais frequentes em hospitais). A seguir está o passo a passo da utilização:
• Envolver o braço do paciente e ajustar a braçadeira desinsuflada (em geral no ventre do músculo
bíceps braquial ou dois dedos acima da prega do cotovelo) de forma que fique firme, porém não
muito apertada.
• Observar atentamente o manômetro e o número no qual se ouve o primeiro som: essa é a pressão
sistólica e representa o ponto em que o sangue começa a fluir na artéria.
• Manter a válvula cuidadosamente aberta e observar o momento no qual o som desaparece: essa
é pressão diastólica.
• Abrir toda a válvula do manguito para que o ar da braçadeira seja liberado totalmente.
Observação
• Ângulo de Charpy ou ângulo epigástrico: formado pelas duas rebordas costais, serve para
caracterizar o tipo de tórax, também conhecido como biótipo.
• Sétima vértebra cervical: a mais proeminente da região dorsal, marca o local onde os ápices
pulmonares se projetam na parede torácica.
O ângulo de Louis corresponde à segunda costela e abaixo dele está o segundo espaço intercostal.
Linhas horizontais:
Linhas anatômicas:
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Unidade II
• Supra-esternal.
• Esternal superior.
• Esternal inferior.
• Supraclavicular.
• Clavicular.
• Infraclavicular.
• Mamária.
• Inframamária ou hipocôndrio.
Parede lateral:
• Axilar.
• Infra-axilar.
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AVALIAÇÃO FUNCIONAL
• Supra-escapular.
• Interescápulo-vertebral.
• Escapular.
• Infraescapular.
Parede anterior:
Parede lateral:
• Linha axilar média, vertical, descendo do meio do côncavo axilar, entre a linha anterior e a linha
axilar posterior.
Parede posterior:
A inspeção deve ser realizada com o paciente na posição de pé, com o tórax descoberto, alinhado
e evitando as distorções de postura e em relaxamento. O tórax das mulheres deve ser parcialmente
descoberto, respeitando a região mamária (que deverá estar coberta). Quando o paciente não puder
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Unidade II
ficar em pé, a inspeção deverá ser feita preferencialmente na posição sentada. Para a inspeção lateral, o
paciente deverá flexionar os ombros e apoiar com as palmas das mãos a nuca.
Primeiro deve-se ter uma visão de todo o tórax, comparando-se um lado com o outro para verificar
possíveis assimetrias e anormalidades instaladas. É muito importante observar e anotar as cicatrizes,
escoriações, hematomas, trofismo muscular e coloração da pele.
• Tórax cifótico, lordótico e escoliótico: resulta das curvaturas anormais da coluna vertebral. Na
cifose ocorre o exagero da convexidade posterior da coluna dorsal; na lordose há convexidade
anterior da coluna dorsal; na escoliose ocorre o desvio lateral da coluna dorsal. Via de regra, essa
anomalia é congênita, mas pode ser encontrada na osteomalácia e no mal de Pott.
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AVALIAÇÃO FUNCIONAL
O paciente deve estar tranquilo, sem alteração na frequência respiratória. Os tipos respiratórios são:
• Torácico ou costal: os movimentos são mais visíveis na parte superior do tórax (pela maior
atividade dos músculos intercostais). Ocorre em lesões parenquimatosas das bases pulmonares,
afecções dolorosas do diafragma ou patologicamente (aumento da pressão abdominal ascite) e
fisiologicamente na gravidez.
A frequência respiratória é o número de respirações por minuto e é contada pela quantidade de vezes
que uma pessoa realiza os movimentos inspiratórios e expiratórios durante 1 minuto. Em condições basais,
normalmente, a frequência respiratória é de 16 a 20 respirações por minuto para homem; de 18 a 24 para
mulher; e de 25 a 30 para criança.
Bradipneia é o nome adotado quando a frequência respiratória diminui e pode ser sintoma
de obstruções brônquicas, hipertensão intracraniana, acidoses metabólicas graves (como a da
uremia) e diabetes.
Normalmente, a inspiração dura quase o mesmo tempo que a expiração, sucedendo-se os dois
movimentos com a mesma amplitude, intercalados por leve pausa. Alterações dessas características
fazem surgir ritmos respiratórios anormais denominados respiração de Cheyne-Stokes, respiração Biot,
respiração de Kussmaul e respiração suspirosa.
99
Unidade II
Observada durante a inspeção dinâmica está a retração inspiratória fisiológica dos espaços
intercostais, que consiste em uma discreta retração dos espaços intercostais, sobretudo os inferiores, a
qual ocorre apenas no início da inspiração. Essa retração inspiratória é decorrente do vazio pleural que
se processa no intervalo entre a expansão da caixa torácica e a expansão do pulmão, que só aparece no
início da inspiração.
Quando a expansão pulmonar atrasa ou não é efetuada devido a um obstáculo que dificulta ou
impede a penetração do ar nos brônquios, a retração dos espaços intercostais torna-se mais aparente e
é progressiva durante toda a inspiração. Essa depressão inspiratória denomina-se tiragem.
Observação
A tiragem pode ser difusa ou localizada, isto é, supraclavicular, infraclavicular, intercostal ou epigástrica.
A extensão e a intensidade da tiragem dependerão da intensidade e da maior ou menor dificuldade na
passagem do ar pelo brônquio, sendo generalizada se estiver localizada na laringe ou acima da bifurcação
da traqueia. O obstáculo poderá estar localizado em toda a árvore brônquica e, desse modo, produzir uma
tiragem bilateral, como é o caso da asma brônquica e de certos tipos de comprometimento bronquiolar.
Nas retrações unilaterais, as causas que interferem no livre trânsito da corrente aérea por meio da
árvore brônquica decorrem de obstruções tanto intrínsecas (espasmos, tumores, processos inflamatórios
ou corpos estranhos) como extrínsecas (compressões tumorais).
Outro tipo de abaulamento expiratório é o chamado sinal de Lemos Torres, que é localizado nas
bases pulmonares e na face lateral do hemitórax. Esse sinal desaparece quando o paciente ocupa o
decúbito lateral oposto devido ao deslocamento do líquido por ação da gravidade.
Observação
6.3.8 Palpação
A palpação é realizada com uma ou duas mãos, colocando-se a palma de uma delas sobre a parede
torácica descoberta, mantendo o paciente na posição de pé ou sentado. O maior objetivo é a sondagem
das partes moles e ósseas da parede torácica, suas alterações, a presença de atrofias da pele e do tecido
celular subcutâneo, de edemas e a avaliação da expansibilidade torácica.
101
Unidade II
• Sensibilidade torácica: deve-se pesquisar a existência de pontos dolorosos esparsos pela caixa
torácica. Normalmente não há dor durante a palpação e a presença dela indica sempre processo
patológico dos tecidos moles ou dos ossos.
• Elasticidades torácica: comprimir diferentes regiões do tórax com ambas as mãos, colocando‑se
uma na parede anterior e outra na parede posterior em uma zona diametralmente oposta. A
elasticidade é maior nas porções inferiores e laterais. O tórax da criança é bastante elástico,
enquanto nas pessoas idosas apresenta-se rígido pela ossificação das cartilagens costais.
A amplitude respiratória é avaliada pela palpação bimanual, que permite localizar alterações da
expansão da caixa torácica durante os movimentos respiratórios. Em condições normais, a expansão
torácica respiratória é igual em regiões simétricas. Encontramos maior ou menor amplitude, dependendo
da elasticidade torácica e da eficiência da massa muscular respiratória, e assim é uniformemente
diminuída no enfisema pulmonar. A expansão torácica varia com o sexo, sendo mais nítida nas bases do
tórax nas pessoas do sexo masculino, e nos ápices, nas do sexo feminino.
Deve ser pesquisada de acordo com a devida técnica, fazendo-se isoladamente para os ápices,
bases e regiões infraclaviculares, já que cada uma dessas regiões exige manobra especial. Nos ápices,
é realizada colocando-se o médico atrás do paciente, que deverá estar sentado, e cobrindo com as
palmas das mãos ambas as regiões supraclaviculares, com as pontas dos polegares unidas na altura da
apófise espinhosa da sétima vértebra cervical. A expansibilidade das bases é realizada anteriormente
e posteriormente. Anteriormente, as mãos são colocadas obliquamente, estendendo‑se às porções
laterais, com os polegares em contato na linha esternal, ao nível da 6ª articulação condroesternal.
Posteriormente, as mãos abraçarão as bases obliquamente, nas porções ínfero-laterais. Na face anterior,
nota-se a expansão das regiões infraclaviculares e mamárias, colocando-se ambas as mãos espalmadas
102
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
e ligeiramente oblíquas sobre aquelas regiões, de modo que a ponta do dedo médio atinja as clavículas,
e as pontas dos polegares se unam na linha medioesternal.
6.3.10 Frêmitos
Denomina-se frêmito torácico uma sensação vibratória que se percebe ao palpar a superfície do
tórax de um indivíduo. Quando a vibração é produzida no momento em que a pessoa fala, chama‑se de
frêmito toracovocal; no momento em que respira, frêmito pleural e frêmito brônquico, que só aparecem
quando há afecções brônquicas ou pleurais. Ainda há o frêmito pericárdico e o catáreo.
Com a fala, as cordas vocais emitem vibrações que se transmitem até a superfície do tórax, por meio
da árvore brônquica, pulmões e pleuras.
De acordo com as leis da acústica, a transmissão do som é facilitada quando sua frequência
se aproxima da frequência específica do corpo que o conduz, sendo dificultada quando diferente.
A frequência específica do pulmão é de 100 vibrações por segundo, razão pela qual o parênquima
pulmonar transmite bem a voz masculina, cuja frequência está em torno de 130 vibrações por segundo,
e transmite mal a voz feminina, cuja frequência está em torno de 260 vibrações por segundo.
Em um indivíduo normal, os sons produzidos pela articulação da palavra chegam à parede torácica
diminuídos de intensidade, em virtude de terem que atravessar meios de densidade diferentes, o que
causa reflexão, refração e dispersão do som.
Toda vez que processos patológicos tornam o meio ainda mais heterogêneo (derrames pleurais,
pneumotórax e enfisema), a transmissão do som será dificultada, o que ocasiona diminuição do
frêmito. A homogeneização do parênquima pulmonar, causada por certas entidades patológicas
(consolidações/condensações pulmonares nas quais o parênquima está hepatinizado, mas com
brônquios permeáveis), favorece a transmissão dos sons tanto graves como agudos, causando assim
um aumento de intensidade do frêmito.
103
Unidade II
Observação
O frêmito toracovocal varia com a intensidade e a tonalidade da voz, sendo mais evidente quando
é mais intensa, mais nítido quando a voz for grave (homem) e mais tênue quando for mais aguda
(mulher). Em geral, o frêmito toracovocal é discretamente mais intenso no hemitórax direito, pois o
brônquio principal direito é mais calibroso que o esquerdo.
Além das variações gerais, existem variações locais, apresentando-se o frêmito toracovocal mais
intenso, em que a caixa torácica tiver maior amplitude, como acontece no homem, quando as vibrações
são muito intensas nas bases. Na mulher, o frêmito toracovocal é menos intenso nas bases, porque o
pulmão transmite a voz aguda, e mais nítido nos ápices, devido à proximidade da fonte de vibrações.
Porém, tanto no homem como na mulher, o frêmito é mais intenso na região infraclavicular direita, local
que deve ser considerado como ponto de partida para a comparação com as demais regiões.
Na face posterior, o frêmito toracovocal no homem é mais intenso nas bases do que nas regiões
interescapulovertebrais, e mais intenso nessas do que nos ápices. Na mulher ocorre o inverso, isto é,
maior intensidade de vibrações nos ápices do que nas regiões interescapulovertebrais, sendo que essas,
por sua vez, apresentam maior intensidade do que nas bases.
Nas faces laterais do tórax masculino haverá maior intensidade de vibrações nas regiões axilares
inferiores, e na mulher, nas superiores.
As causas que originam diminuição de frêmito toracovocal são: defeito na emissão do som (afonia),
deficiência na transmissão das vibrações (estenose dos brônquios), por causas pulmonares propriamente
ditas, como no enfisema e nas cavidades pulmonares não rodeadas por tecido pulmonar condensado,
quando houver interposição entre o pulmão e a parede torácica de um meio estranho, de densidade
104
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
diferente, que provoque reflexão das ondas sonoras, como é o caso dos derrames líquidos, pneumotórax
e grandes espessamentos pleurais e também pode ser encontrado em indivíduos obesos e em anasarca.
O frêmito toracovocal é mais acentuado à direita e nas bases, e se obtém uma melhor sensação
quando se coloca apenas a face palmar.
Para a palpação da face posterior do tórax, o profissional deve colocar-se à esquerda do paciente
usando sua mão direita, que vai sendo deslocada de cima para baixo. Ainda estando atrás do paciente, o
examinador deve pesquisar o frêmito toracovocal nas fossas supraclaviculares. A seguir, passando para
diante e à direita do paciente, o médico apoia sua mão, alternadamente, sobre o hemitórax esquerdo e
o direito, seguindo a linha médio-esternal de cima para baixo.
Para pesquisar as faces laterais do tórax, o profissional deve permanecer à frente do paciente e vai
palpando ora o lado esquerdo, alternadamente, de cima para baixo.
O frêmito brônquico é a sensação palpatória que tem origem nas vibrações das secreções acumuladas
nos brônquios de médio e grosso calibre, durante a passagem do ar na respiração. É percebida tanto na
fase inspiratória como na expiratória. Sempre que há frêmito brônquico há ronco, mas nem sempre o
ronco é acompanhado de frêmito.
Lembrete
Há algumas diferenças entre o frêmito pleural e brônquico:
O frêmito pleural não se modifica com a tosse, ao passo que o brônquico
desaparece, diminui ou muda de localização, em virtude da mobilização das
secreções intrabrônquicas.
O frêmito pleural aparece na inspiração e no início da expiração, quando
o atrito entre as pleuras é mais intenso. Já o frêmito brônquico pode aparecer
em qualquer momento, tanto na fase inspiratória como expiratória.
O frêmito pleural localiza-se, de preferência, nas regiões ântero-laterais,
ao passo que o brônquico pode ser encontrado em qualquer região do tórax.
Além disso, intensifica-se com a compressão da parede torácica pela mão
que palpa, já que o brônquico não sofre alteração com essa manobra.
105
Unidade II
6.3.11 Percussão
A percussão em executar pequenos baques sobre a superfície corporal, com o objetivo de, por
meio das variações de sonoridade obtidas, deduzir os contornos normais dos órgãos e surpreender
modificações que permitirão diagnosticar alterações do seu estado físico.
A percussão é realizada pelo método dígito-digital, que consiste em colocar o dedo indicador da mão
esquerda nos espaços intercostais, enquanto os demais não mantêm contato com a superfície corporal,
situando-se discretamente elevados e flácidos, para que não haja amortecimento do som obtido pelo
golpe de percussão. Com o dedo médio da mão direita, se realiza o golpe de percussão – dois toques
sucessivos de cada vez na última falange, logo abaixo da unha, com movimento de flexão e extensão da
mão que percute, utilizando-se para isso somente a articulação rádio-carpiana, braço junto ao tronco
e antebraço imóvel. O dedo que percute deve cair perpendicularmente sobre o dedo apoiado no tórax,
devendo o golpe de percussão ser ritmado, sempre na mesma intensidade e breve, a fim de atingir o
máximo de profundidade e o mínimo de extensão.
• Som claro pulmonar: a percussão do tórax de um indivíduo normal dá origem a um ruído intenso
grave, de longa duração, denominado som claro pulmonar. Esse som, causado pela vibração do ar
contido nos alvéolos pulmonares, é ampliado por ressonância pela caixa torácica.
• Tambor recoberto com um tecido leve de algodão: os locais em que o som claro é mais evidente
são habitualmente as regiões infraclaviculares, seguindo-se as regiões axilares e infraescapulares.
• Som submaciço e maciço: quando o som produzido pela percussão do tórax se torna menos
intenso, mais agudo e de menor duração do que o som claro pulmonar, é denominado som
submaciço; e quando se torna menos intenso, mais agudo e de menor duração que o submaciço,
é denominado maciço.
• Som timpânico: é assim denominado quando o som produzido pela percussão do tórax se
assemelha ao de um tambor, sendo mais ressonante que o som claro pulmonar e tendo caráter
musical. Aparece quando se faz vibrar cavidades contendo ar. A causa mais frequente do
aparecimento do som timpânico, na percussão do tórax, é o pneumotórax. Quando o pneumotórax
for hipertensivo, o timpanismo será substituído por um som de timbre metálico. Ele também pode
aparecer nas cavidades pulmonares de diâmetro maior que 4 centímetros, vazias e superficiais.
• Som hipersonoro: é assim denominado quando o som produzido pela percussão do tórax se
torna mais intenso, grave e duradouro do que o som claro pulmonar. Surge quando percutimos
zonas de parênquima pulmonar com aumento da quantidade de ar normal – ar nos alvéolos
pulmonares (enfisema).
106
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
A percussão bem detalhada do tórax revela uma variação de sons que assim parecem à medida que
se diminui a quantidade de ar e aumenta a quantidade de sólidos. Sendo assim, em condições normais, o
som submaciço será obtido quando for percutida uma região de transição entre o parênquima pulmonar
e um órgão sólido; e o maciço, quando for percutido o próprio órgão sólido.
Inicialmente, a percussão deve ser feita de cima para baixo, na face posterior, anterior e lateral,
primeiro em um hemitórax, depois no outro e, em seguida, a percussão comparada em regiões simétricas
de todo o tórax.
Para a percussão das faces anterior e laterais, o paciente pode estar sentado ou deitado. Já a
percussão da face posterior só é possível de ser realizada se o paciente estiver sentado. Quando se
percutem as faces laterais, o paciente deve colocar suas mãos na cabeça, percutindo a face anterior
do hemitórax direito, de cima para baixo, sobre a linha hemiclavicular, ao som pulmonar, presente
até aproximadamente o quarto espaço intercostal, quando nota-se modificação do som, que passa a
submaciço, resultante da superposição do pulmão ao fígado, através do diafragma (borda superior do
fígado corresponde à transição do som claro para o som submaciço). A partir do quinto ou sexto espaço,
dependendo do biotipo, o som torna-se francamente maciço, pois nessa região não há mais pulmão
interposto entre o fígado e a parede torácica.
A submacicez esplênica é demarcada pela percussão da face lateral esquerda do toráx, de cima para
baixo, seguindo as três linhas da região axilar, estando o paciente em decúbito lateral direito com a mão
esquerda na cabeça. O limite superior da submacicez esplênica encontra-se habitualmente no nível do
11º espaço intercostal.
Percutindo o hemitórax esquerdo na linha paraesternal, obtém-se, de cima para baixo, o som claro
pulmonar, som submaciço na área em que a lâmina pulmonar recobre o coração, som maciço na área
descoberta do coração, som timpânico no espaço de Traube. Percutindo entre as linhas hemiclavicular
e axilar anterior, superiormente o som será claro e, inferiormente, timpânico. Na região axilar direita e
esquerda, há o som claro pulmonar. Na região infra-axilar direita, o som maciço do fígado. Na região
infra‑axilar esquerda, o som timpânico (câmara de ar do estômago, ângulo cólico esplênico). Dificilmente
o baço normal deixará perceber o som submaciço, envolvendo com a zona timpânica. Na região posterior,
sobre a coluna vertebral, há som claro.
Na face posterior do tórax, a sonoridade é ligeiramente menor nos ápices do que nas
interescapulovertebrais e bases e, de forma geral, é menor do que na face anterior e nas faces laterais. A
percussão da coluna vertebral revela som claro pulmonar desde a 7ª vértebra cervical até a 11ª vértebra
dorsal; acima e abaixo desses pontos, obtém-se som maciço.
107
Unidade II
Os indivíduos obesos, musculosos ou com edema das partes moles do tórax apresentam menor
sonoridade pulmonar, por serem esses fatores obstáculos à penetração do golpe de percussão. A
percussão do tórax de indivíduos idosos produz um som menos intenso do que o adulto jovem, devido
à menor elasticidade torácica.
Nos casos de broncopneumonia, o som que se obtém à percussão é o submaciço, e nunca o maciço,
pois, mesmo que os focos sejam grandes, existe sempre entre eles uma zona de pulmão normal.
A percussão da coluna vertebral dá origem ao som claro pulmonar, substituído, nos casos de derrame
pleural, por submacicez e macicez em toda a extensão ocupada pelo líquido intrapleural. Esse achado,
denominado sinal de Signorelli, tem grande importância no diagnóstico diferencial do derrame pleural,
pois está ausente nos processos de condensações e atelectasia.
6.3.12 Ausculta
Método propedêutico mais útil para a exploração do aparelho respiratório. A ausculta do tórax pode
ser imediata ou direta e mediata ou indireta. A ausculta direta é feita pela aplicação do pavilhão auricular
sobre a parede torácica, e a indireta é realizada com o auxílio do estetoscópio. A direta tem a vantagem de
ser mais rápida, pois a área respiratória explorada a cada aplicação do ouvido é ampla, maior que a atingida
pelo método indireto, assim percebe-se melhor o sopro tubário. Atualmente, a ausculta direta é pouco
utilizada, pois a indireta apresenta maior comodidade tanto para o médico como para o doente.
A ausculta deve ser realizada com o paciente de pé ou sentado, com o tórax parcialmente ou
totalmente descoberto. Não se deve auscultar o paciente com roupa. Na impossibilidade de auscultar o
paciente em pé ou sentado, faz-se o exame em decúbito dorsal e lateral. Para maior facilidade, deve-se
solicitar que o paciente respire com a boca entreaberta, sem fazer ruído. Os movimentos respiratórios
devem ser regulares e de igual amplitude respiratória, evitando-se movimentos respiratórios muito amplos
ou superficiais. Muitas vezes é necessário que o profissional respire para mostrar ao paciente como proceder.
A ausculta, assim como os outros métodos, deve ser realizada de maneira ordenada, na face posterior,
anterior e lateral, primeiramente em um hemitórax e depois no outro e, em seguida, comparativamente.
108
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
Na superfície torácica, ouve-se um ruído mais suave, onde predomina a fase inspiratória, mais aguda,
intensa e duradoura do que expiratória, o murmúrio vesicular.
A fase inspiratória do ruído laringotraqueal tem origem nas vibrações produzidas pela entrada
brusca do ar por meio da fenda glótica e pelo choque da corrente aérea contra a bifurcação da traqueia.
Durante a expiração, o ar é expulso com grande velocidade de um brônquio de menor calibre para um
de maior calibre, indo a corrente aérea chocar-se contra a parede do brônquio maior, formando um
rodamoinho que é responsável pelo ruído da fase expiratória. O fato de não ouvir o ruído laringotraqueal
em zonas de parênquima pulmonar normal deve-se à perda considerável da intensidade do ruído, que
é transmitido pelos condutos aéreos apenas até os brônquios de 3 milímetros de diâmetro e, então,
pelo parênquima pulmonar, que, sabidamente, transmite mal os ruídos de frequência superior à sua
frequência específica, que se situa ao redor de cem ciclos por segundo.
Diversos autores divergem no modo de explicar a origem do murmúrio vesicular. Para alguns, a fase
inspiratória se dá por conta das vibrações dos sacos alveolares durante sua distensão sendo, portanto,
autóctone. Para outros, o murmúrio vesicular nada mais seria do que próprio ruído laringotraqueal, que,
ao se propagar através dos brônquios e do parênquima pulmonar, perderia suas características próprias.
Acreditamos que o murmúrio vesicular seja autóctone, já que continua sendo ouvido nos indivíduos
traqueotomizados (condição que perturba a formação do ruído laringotraqueal). A fase expiratória do
murmúrio vesicular parece provir da transmissão da fase expiratória do ruído laringotraqueal através
do parênquima pulmonar, onde sofre diminuição de sua intensidade por refração, reflexão e dispersão.
Em condições patológicas, o murmúrio vesicular pode se alterar por meio de modificações de sua
intensidade, timbre, tonalidade, continuidade e duração.
O murmúrio vesicular pode estar aumentado, diminuído ou abolido. Sua intensidade aumenta em
relação direta com a amplitude dos movimentos respiratórios. Sua diminuição pode se dar por conta
de lesões dos bronquíolos terminais ou dos alvéolos, que impedem a penetração do ar no seu interior.
É o que acontece nos processos congestivos (transudatos), nas alveolites (exsudatos) e nos processos
obstrutivos (inflamatórios ou tumorais).
109
Unidade II
Outras vezes, a diminuição do murmúrio é ocasionada por obstáculo ao livre trânsito do ar na árvore
brônquica ou pela distensão alveolar permanente, como no enfisema pulmonar, ou pela existência de
meios estranhos interpostos entre a caixa torácica e o pulmão (derrames pleurais ou pneumotórax).
Pode ocorrer, ainda, pela diminuição da expansibilidade do tórax (pleuris, nevralgia intercostal, fratura
de costela) ou mesmo por paralisia do diafragma e dos músculos inspiratórios.
Quando o murmúrio vesicular perde o caráter de ruído suave, tornando-se mais alto e áspero, ganha
o nome de respiração rude, que pode aparecer nas inflamações brônquicas e que, via de regra, precede o
aparecimento dos chamados ruídos adventícios.
Por vezes, a fase expiratória do murmúrio vesicular torna-se mais duradoura e mais intensa do que
a fase inspiratória, continuando, porém, de tonalidade mais baixa. É a chamada expiração prolongada.
Essa modalidade de ruído respiratório pode aparecer em indivíduos magros, sendo ouvida nas regiões
próximas aos grandes brônquios (respiração broncovesicular). Em condições patológicas, a expiração
prolongada pode ocorrer em três eventualidades: nos pulmões com perda de elasticidade (enfisema); no
espasmo brônquico difuso (asma brônquica); ou quando existem alterações que favoreçam a propagação
do ruído laringotraqueal (condensação pulmonar).
Sopros
Em condições normais, o ruído laringotraqueal e mal transmitido pelo parênquima pulmonar. Porém,
quando houver condições que favoreçam sua transmissão até a superfície torácica, é possível auscultar
um ruído caracterizado por uma fase expiratória mais aguda, intensa e duradoura do que a inspiratória,
o chamado sopro.
O sopro, portanto, nada mais é do que o próprio ruído laringotraqueal que, devido a especiais
condições de transmissibilidade do parênquima pulmonar, passa a ser ouvido na superfície do tórax.
As alterações pulmonares que favorecem a transmissão do ruído laringotraqueal são constituídas pelas
condensações e cavidades pulmonares.
Para que as condensações possam originar sopros, é necessário que sejam superficiais, tenham certa
extensão e profundidade suficiente para alcançar os brônquios de mais de 3 milímetros de diâmetro e que
haja permeabilidade das vias aéreas. Em relação às cavidades, elas também devem ser superficiais, vazias,
de mais de 4 centímetros de diâmetro, ter tecido condensado ao redor de si e estar em comunicação
com um brônquio.
110
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
Os sopros, segundo as variações de sua intensidade, altura e timbre, podem ser classificados em:
• Sopro tubário ou tubárico: ocorre quando o ar passa pelo brônquio pérvio situado no seio da
consolidação parenquimatosa. Aparece nas grandes condensações.
• Sopro cavitário: de tonalidade grave, tem timbre especial devido à presença da cavidade que
funciona como um ressoador (ocorre pelo turbilhonamento do ar ao entrar dentro de uma
cavitação no parênquima).
• Sopro anfórico: constituído por um som fundamental grave sobre o qual se assestam sobretons
agudos, o que lhe confere um timbre musical característico. Pode ser encontrado no pneumotórax
e em grandes cavidades vazias, de mais de 7 centímetros de diâmetro, de paredes lisas e tensas.
• Sopro pleural: ocorre devido à condensação decorrente do colapso pulmonar, causada pelo
líquido pleural e pela compressão dos brônquios que tomam a forma de bico de clarineta.
Ambos possuem a mesma origem, traduzindo uma obstrução parcial dos brônquios. Quando houver
secreções espessas nos grandes brônquios, ocorrem os roncos. Quando localizadas nos pequenos
brônquios, acompanhadas ou não de espasmo da musculatura, como no caso das bronquites e das
crises asmáticas, ocorrem os sibilos. Quando, porém, a obstrução se localiza na traqueia, há um ruído
bastante intenso, que pode ser ouvido à distância e que ocorre principalmente nos casos de tumores
que diminuem a luz da traqueia.
Os roncos são ruídos intensos, de tonalidade grave, que ocupam as duas fases da respiração,
podendo, por vezes, ser ouvidos à distância, não só pelo médico, como também pelo próprio paciente.
Corresponde às vibrações que, na palpação, são chamadas de frêmito brônquico. Os roncos podem
alterar-se, desaparecer ou mudar de lugar tanto com a respiração como a tosse devido à mobilização
das secreções intrabrônquicas.
Os sibilos são ruídos bastante agudos, muitas vezes também ouvidos à distância, que podem ser
localizados ou generalizados. Nessa última eventualidade, acompanham-se de intensa dispneia, como
ocorre no acesso de asma brônquica. São mais intensos na expiração, por conta da dificuldade que o ar
encontra para sair.
Estertores crepitantes
São ruídos finos, homogêneos, de mesma altura, timbre e intensidade, sendo auscultados apenas na
fase inspiratória. São também denominados estertores alveolares, justamente porque são produzidos
pelo deslocamento das paredes dos alvéolos, causados pela entrada de ar no seu interior. Em virtude
111
Unidade II
do local onde são produzidos, não são modificados pela tosse. O estertor crepitante indica sempre um
comprometimento alveolar, tal como ocorre na pneumonia, no infarto pulmonar e na fase inicial do
edema agudo do pulmão.
Estertores subcrepitantes
São ruídos mais grossos e de tonalidade mais grave do que os estertores crepitantes, assemelhando‑se
ao arrebentamento de pequenas bolas. Diferem entre si quanto à altura, intensidade e timbre, e são
encontrados no fim da inspiração e começo da expiração. Originam-se no conflito entre a corrente aérea
e as secreções líquidas existentes na luz bronquiolar, podendo ser modificados pela tosse.
Podem-se distinguir estertores subcrepitantes de bolhas finas, médias e grossas, conforme o diâmetro
dos brônquios onde têm origem. Assim, o tamanho das bolhas dos estertores subcrepitantes tem
importância para a localização do processo na árvore brônquica e, às vezes, até para o seu prognóstico.
Quando há abundante secreção na traqueia e nos brônquios grossos, tem origem um ruído intenso,
que pode ser ouvido à distância, constituído por uma mistura de roncos e estertores de bolhas grossas,
conhecido como sororoca. É observado nos estados agônicos de doentes cardíacos e pulmonares crônicos
e, também, no edema agudo de pulmão.
Atrito pleural
Nas inflamações da pleura, por se tornar rugosa, seu deslizamento torna-se doloroso, originando
vibrações que podem ser percebidas pela palpação e pela ausculta. O atrito pleural localiza-
112
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
se comumente nas regiões laterais do tórax, é mais audível no fim da inspiração e no começo da
expiração, acentua-se com a pressão do estetoscópio sobre o tórax e com a inspiração profunda e
não influenciado pela tosse.
Ausculta da voz
A ausculta da voz deve ser realizada comparando-se regiões simétricas do tórax, de maneira ordenada
e sistemática, enquanto o paciente pronuncia, em voz natural, a expressão trinta e três. Em condições
normais, ouve-se um ruído indistinto, não sendo possível identificar a articulação da palavra, ruído
denominado broncofonia normal, que varia a intensidade conforme a região e a tonalidade da voz.
Assim, é mais intenso no homem do que na mulher e em crianças, pelo fato de a voz masculina ser de
baixa frequência e, portanto, mais próxima da frequência específica de vibração do pulmão.
A broncofonia aumentada é reconhecida pela percepção de um ruído mais intenso e agudo, que
ocorre quando o parênquima pulmonar adquire melhores condições de condutibilidade do som, pela
homogeneização do meio, como acontece nas condensações e nas cavidades.
A broncofonia pode estar diminuída ou abolida sempre que houver dificuldade na produção e na
transmissão da voz. É o que acontece nas seguintes eventualidades: afonia, rouquidão, obstrução das
vias aéreas (atelectasias), aumento da heterogeneidade do parênquima pulmonar (paquipleuris) e
aumento da espessura da parede torácica (obesidade, anasarca).
Pectorilóquia
Quando na ausculta da superfície torácica ouvimos a palavra articulada com nitidez e com maior
intensidade, dizemos que há pectorilóquia. Ela indica que há boas condições de transmissão do som,
como ocorre nas condensações pulmonares ou cavidades com condensação pericavitária.
Há dois tipos de pectorilóquia: a pectorilóquia fônica, evidenciada quando o paciente fala com voz
normal; e a pectorilóquia afônica ou áfona, quando as palavras são pronunciadas com voz cochichada.
Resumo
Exercícios
Questão 1. (Enade, 2010) Quando um indivíduo tem sua rotina alterada por condições que afetam
sua saúde, essas atividades e a participação dele no âmbito social são bastante modificadas. As condições
de saúde são influenciadas pelas estruturas e funções do corpo, assim como pelo nível de atividade
funcional do indivíduo e sua participação na sociedade. O fisioterapeuta deve ter conhecimento acerca
dos modelos de saúde hierarquizados. O pensar desse profissional deve ser voltado para uma visão global
na avaliação e no tratamento. O modelo da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade
e Saúde (CIF) considera os fatores:
A) Sociais e econômicos.
B) Ambientais e pessoais.
C) Individuais e alimentares.
D) Coletivos e organizacionais.
E) Psicológicos e integracionistas.
114
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: de acordo com a condição social e econômica do indivíduo, uma incapacidade pode
significar reclusão ao lar, ser minimamente restritiva ou em nada restringi-lo.
B) Alternativa correta.
Justificativa: com a CIF, a funcionalidade passa a ser vista como um componente importante da saúde
e para a qualidade de vida, trazendo à tona o contexto no qual o indivíduo está inserido, considerando
os fatores do ambiente onde vive e também os fatores pessoais.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: com a CIF, a funcionalidade passa a ser vista como um componente importante da saúde
e para a qualidade de vida, trazendo à tona o contexto no qual o indivíduo está inserido, considerando
os fatores do ambiente onde vive e também os fatores pessoais. Assim, o contexto não só é levado em
consideração, mas também é visto como facilitador ou barreira para o desempenho de ações e tarefas.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a CIF é baseada em uma abordagem biopsicossocial que incorpora aspectos biomédicos,
psicológicos e sociais. Nesse modelo, cada nível exerce influência e é influenciado pela ação dos demais,
sendo que todos os níveis são influenciados pelos fatores ambientais.
Questão 2. (AOCP/EBSERH, 2015) Uma paciente, 28 anos, é internada com diagnóstico de derrame
pleural à esquerda. O fisioterapeuta, ao realizar a avaliação do tórax, observa que na base do hemitórax
esquerdo o frêmito toracovocal e a percussão se encontram respectivamente:
A) Aumentado e maciça.
B) Normal e submaciça.
C) Diminuído e submaciça.
D) Abolido e timpânica.
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Unidade II
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
Justificativa: toda vez que houver processos patológicos, tais como derrames pleurais, pneumotórax
e enfisema, a transmissão do som será dificultada, o que ocasiona diminuição do frêmito. Quando o som
produzido pela percussão do tórax se torna menos intenso, mais agudo e de menor duração do que o
som claro pulmonar, é denominado som submaciço.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: o som claro pulmonar ocorre em um indivíduo normal no qual a percussão do tórax
origina um ruído intenso grave, de longa duração.
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