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FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA | UNIVERSIDADE DE LISBOA

LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DO DESPORTO

FUTEBOL I
DIDÁTICA DAS ATIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS II

DOCUMENTO DE APOIO AO ESTUDO PARA O MÓDULO DE FUTEBOL I DA UNIDADE CURRICULAR DE

DIDÁTICA DAS ATIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS II

TIAGO MATOS
PROFESSOR ASSISTENTE CONVIDADO

2018/2019
ÍNDICE

ÍNDICE .................................................................................................................................................2

ÂMBITO................................................................................................................................................3

OBJETIVOS...........................................................................................................................................4

CAPÍTULO 1: BREVE HISTÓRIA DO FUTEBOL ........................................................................................6

1.1. Formas primitivas de Jogos com Bola .....................................................................................6

1.2. A Origem do Futebol Moderno................................................................................................7

1.3. O Futebol em Portugal ............................................................................................................9

CAPÍTULO 2: INTRODUÇÃO ÀS LEIS DO JOGO .................................................................................. 11

2.1. As 17 Leis do Jogo de Futebol .............................................................................................. 12

CAPÍTULO 3: ANÁLISE SISTEMÁTICA E LÓGICA INTERNA DO JOGO DE FUTEBOL .............................. 19

3.1. Simplificação da Estrutura Complexa do Jogo ..................................................................... 19

3.1.1. As Fases Fundamentais do Jogo ....................................................................................... 20

3.1.2. As Fases do Ataque e da Defesa ........................................................................................ 23

3.1.3. Os Princípios de Jogo ........................................................................................................ 26

3.1.4. Os Fatores de Jogo ............................................................................................................ 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 45

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ÂMBITO

As unidades curriculares de Didática das Atividades Físicas e Desportivas (DAFD) assumem uma

posição central no programa formativo da Licenciatura em Ciências do Desporto e consubstanciam-

se fundamentalmente na aquisição de conhecimentos de natureza teórico-prática de um conjunto

variado de modalidades desportivas. Esta Licenciatura assume, na FMH, uma configuração

internacionalmente designada por “Maior-Menor”, sendo o “Maior” em Educação Física e o

“Menor” em Exercício e Saúde ou Treino Desportivo, com opção pelos menores no 2º Semestre do

2º Ano de curso. Este tipo de configuração deixa antever desde logo a necessidade de considerar a

oferta formativa numa perspectiva que inclua as atividades físicas e desportivas nucleares dos

atuais Programas Nacionais de Educação Física do Ensino Básico e Secundário. Por outro lado, essa

mesma oferta formativa deve ter em consideração o compromisso estabelecido com as diversas

associações desportivas no sentido de dotar a formação de base na componente específica de

determinadas modalidades – nomeadamente o futebol – com os requisitos necessários para a

obtenção do Grau I de Treinador Desportivo.

Assim, é com base neste enquadramento que está organizado o módulo de “Futebol I”, inserido no

segundo bloco da unidade curricular de Didática das Atividades Físicas e Desportivas (DAFD II) .

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OBJETIVOS

Podemos dividir os objetivos desde primeiro módulo de futebol em gerais e específicos. Assim,

constituem objetivos gerais para o “Futebol I” os seguintes aspectos:

1. Adquirir um conjunto de conhecimentos de base fundamentais para a compreensão da

modalidade e dos conteúdos específicos futuros de maior profundidade (“Futebol II” e

Treino Desportivo – opção Futebol);

2. Refletir acerca dos conteúdos teóricos e práticos que constituem a base metodológica e

didática da modalidade e que caracterizam o seu processo de ensino/aprendizagem;

3. Adquirir um conjunto de competências relacionadas com a capacidade de desenvolver e

dirigir tarefas de ensino/aprendizagem que respeitem uma lógica didática apropriada,

refletida e sustentada.

Os objetivos específicos estabelecidos, por sua vez, estão diretamente relacionados com o

conteúdo programático do módulo e podem ser caracterizados da seguinte forma:

1. Estudar e compreender, no panorama nacional e internacional, o contexto histórico da

modalidade, a sua evolução e as principais instituições que a regem;

2. Estudar e compreender as Leis do jogo de futebol, refletindo sobre a sua pertinência,

evolução e perspectivas futuras;

3. Estudar e compreender os conteúdos específicos do jogo de futebol relacionados com a

análise sistemática e a lógica interna do jogo , utilizando e dominando a terminologia

própria da modalidade;

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4. Intervir em contexto prático no planeamento e condução de exercícios de ensino/treino;

5. Experienciar um conjunto de tarefas que permitam a aquisição de um conjunto de

competências técnico-táticas no domínio do “saber-fazer”, importantes para a

compreensão e ensino dos conteúdos específicos da modalidade.

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CAPÍTULO 1: BREVE HISTÓRIA DO FUTEBOL

O futebol é considerado o “desporto rei” um pouco por todo o mundo e o seu impacto social e

económico a nível mundial é inegável. Mas como é que tudo começou? Apesar de o jogo como

hoje o conhecemos – o Futebol Moderno – ter início reconhecido no ano de 1863 em Inglaterra,

pelo menos no que diz respeito à sua forma geral, outras formas de jogo que envolviam pontapear

um objeto esférico foram sendo praticados durante séculos por diferentes civilizações e culturas.

Assim, no âmbito deste primeiro módulo didático, o nosso objetivo não será fazer uma descrição

profunda e pormenorizada acerca evolução do jogo de futebol mas, ao invés, fazer uma pequena

viagem pelas principais formas de jogo que estiveram na sua origem no sentido de enquadrar a

modalidade do ponto de vista histórico e cultural, em Portugal e no mundo.

1.1. Formas primitivas de Jogos com Bola

De acordo com o website oficial da Fédération Internationale de Football Association (FIFA), num

compêndio de textos sobre as origens do futebol, a forma mais antiga de jogo com bola de que

existe evidência científica surge descrita num manual militar com origem na China Antiga e que

data do segundo e terceiro século a.C. Esta forma de jogo com (poucas) semelhanças ao futebol

era denominada de “Tsu-Chu” e consistia em pontapear uma bola de cabedal coberta de penas e

cabelos com o objetivo de a introduzir numa rede fixada entre duas canas de bambu. De acordo

com uma das variações descritas para este exercício militar, o jogador não estava autorizado a

utilizar as mãos mas deveria utilizar os pés, o peito, as costas e ombros para se proteger dos

ataques adversários enquanto tentava introduzir a bola no alvo. Uma outra forma de jogo teve

origem cerca de 500 a 600 anos depois, também na região do extremo oriente, e ainda hoje é

praticado: o japonês “Kemari”. Neste jogo não existia a luta pela posse de bola que caracterizava o

“Tsu-Chu”. Ao invés, os jogadores dispunham-se em circulo, num espaço relativamente pequeno, e

passavam a bola uns aos outros tentando que esta não tocasse no solo. Outros jogos normalmente

associados às origens do futebol são o “Episkyros”, com origem na Grécia Antiga durante o quarto

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e quinto século a.C.; o romano “Harpastum”, que deriva do anterior e foi muito popular durante o

Império Romano permanecendo popular durante cerca de 700 a 800 anos; e, mais tarde, o “Le

Soule”, muito popular já durante a idade média na região da França e cujas características

apontam para uma relação com o “Harpastum”, introduzido na região aquando da ocupação

romana; e o “Calcio Fiorentino”, originário e muito popular na Florença Renascentista, em Itália.

Para além de se jogarem com os pés, todos estas e outras formas de jogo que acabámos de

descrever possibilitavam também o uso das mãos e incentivavam ao forte contacto físico,

possuindo características muito semelhantes a outra modalidade desportiva intimamente ligada à

história do futebol: o râguebi.

Para além das descritas, são muitas as formas de jogo com bola praticadas durante séculos um

pouco por todo o mundo que parecem ter alguma relação com o futebol. Contudo, o jogo tal como

hoje o conhecemos começa a ganhar forma já na era contemporânea e tem Inglaterra como

grande palco do seu desenvolvimento.

1.2. A Origem do Futebol Moderno

Diversas formas primitivas do jogo de futebol foram sendo praticadas um pouco por todo o mundo,

durante séculos. Em Inglaterra, durante a Idade Média, emerge uma forma medieval do jogo de

futebol que foi crescendo de popularidade. Este jogo, normalmente designado de “mob-football”,

era bastante caótico e violento, com poucas regras, e chegava a ser disputado entre cidades e

aldeias vizinhas inteiras. É então que a partir do século XVI alguns colégios e universidades

britânicas começam a introduzir diferentes formas de “football” nos seus programas de formação

física e desportiva. Contudo, só no século XIX, quando o “football” faz parte dos programas dos

principais colégios e universidades do país, é que o jogo começa a sofrer alterações significativas

na tentativa de o tornar mais organizado. Nesta altura cada instituição possuía o seu próprio

conjunto de regras, algumas com diferenças bastante significativas face às restantes, o que

dificultava de sobremaneira a evolução do jogo. Em 1846 o diretor da Rugby School, Thomas

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Arnold, dá o primeiro passo para a uniformização do jogo ao estabelecer um conjunto de regras

que, inspiradas pelo acontecimento histórico de 1823, quando naquela mesma instituição

William Webb Ellis pela primeira vez pegou na bola com a mão e percorreu o campo em direção à

baliza adversária, permitiam, entre outras coisas, pontapear os adversários abaixo dos joelhos e

manipular a bola com as mãos. Este conjunto de regras acabariam por ser seguidas por muitas

outras escolas mas não por todas. Instituições como Eton, Harrow e Winchester preferiam um estilo

de jogo menos físico e que desse prioridade ao pontapé na bola. Charterwouse e Westminster, por

outro lado, eram inclusive contra a utilização das mãos. Estas divergências levaram a várias

tentativas falhadas de uniformização das regras, até que em 1863 teve lugar na Universidade de

Cambridge uma segunda iniciativa para a uniformização das regras do jogo (a primeira tinha

ocorrido já em 1848, no mesmo local). Nesta reunião a maioria dos representantes das diferentes

escolas manifesta-se contra a utilização das ações mais violentas – tais como pontapear o adversário

– e contra a utilização das mãos para carregar e manipular a bola. Embora a iniciativa de Cambridge

tenha sido o primeiro passo para a resolução da confusão que envolvia as regras do jogo, o

encontro decisivo ocorreu no dia 26 de Outubro de 1863 quando onze clubes e escolas londrinas

enviam os seus representantes à Freemason’s Tavern no sentido de clarificarem e estabelecerem

um conjunto de regras universais que regeriam os jogos disputados entre eles. Este encontro

marca o nascimento da The Football Association (FA), a associação de futebol inglesa, e é

considerada igualmente a data que dá início ao futebol moderno, tal como hoje o conhecemos.

Contudo, a discussão em torno das regras continuou e várias reuniões aconteceram após este

primeiro encontro. É a 8 de Dezembro do mesmo ano que as divergências com os defensores do

“estilo rugby” ditam a sua saída da recém criada associação e as duas modalidades seguem,

finalmente, caminhos diferentes. Esta separação veio tornar-se definitiva seis anos depois quando

é introduzida pela primeira vez um regra que proíbe sequer tocar a bola com as mãos, e não só

carregá-la. Ainda assim, a fusão definitiva entre as diferentes perspectivas relacionadas com as

regras do jogo de futebol ocorrem apenas em 1886 com a fundação do International Football

Association Board (IFAB), quem vem pôr fim a todas as divisões e definir um único conjunto de

regras. Antes, em 1872 tinha já sido criada a primeira competição de futebol do mundo – a FA Cup

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– e em 1888 surge o primeiro campeonato organizado. Depois da federação inglesa foram

fundadas as federações escocesa (Scottish FA, em 1873), galesa (Walles FA, em 1875) e Irlandesa

(Irish FA, em 1880). A difusão do futebol fora de Inglaterra começou devagar mais foi crescendo

rapidamente e chegou a vários cantos do mundo. A FIFA, organização que dirige as associações de

futebol a nível mundial, foi fundada em 1904, em Paris, por sete membros fundadores: França,

Bélgica, Dinamarca, Holanda, Espanha (representada pelo Real Madrid FC), Suécia e Suíça. A

federação alemã juntou-se à organização ainda no mesmo dia. No final do anos 30 do século XX

contava já com cinquenta e um membros e em 1950 com setenta e três. Atualmente conta com

duzentos e onze membros.

Pouco a pouco, o futebol foi-se espalhando um pouco por todo o globo e conquistando cada vez

mais admiradores, tornando-se na modalidade mais popular do mundo. Mas como chegou estou

jogo a Portugal?

1.3. O Futebol em Portugal

Não existe com certeza absoluta uma data e um local para o momento em que uma bola de futebol

rolou pela primeira vez em Portugal, aliás, provavelmente terão até sido os próprios ingleses os

primeiros a praticarem por cá o seu adorado jogo. De acordo com alguns historiadores, a primeira

partida terá acontecido na Ilha da Madeira, freguesia da Camacha, no ano de 1875 e o responsável

pela introdução da modalidade terá sido Harry Hinton, um jovem britânico que estudava em

Londres mas cuja família residia na ilha. Terá sido o próprio Harry quem trouxe a bola de Inglaterra.

Contudo, esta é uma história rodeada de alguma controvérsia. Em 1888 uma bola trazida pelos

irmãos Pinto Basto terá rolado num Domingo de tarde na Parada de Cascais, num jogo que o

organizador, Guilherme Pinto Basto, denominou de “ensaio”, que seria na gíria da época, a forma

como se denominava um treino. Para todos os efeitos, esta era a primeira vez que se jogava futebol

em Portugal continental e a data é considerada para a introdução da modalidade no país. O

primeiro jogo organizado teve lugar no dia 22 de Janeiro de 1889, no Campo Pequeno em Lisboa,

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novamente pela mão dos irmãos Pinto Basto, e opôs uma equipa de portugueses a uma equipa

inglesa num jogo em que os lusitanos levaram a melhor, mesmo na estreia. O mesmo Guilherme

Pinto Basto será o responsável pela fundação em 1902 do Clube Internacional de Foot-ball (CIF),

que viria a tornar-se no primeiro clube português a jogar no estrangeiro, derrotando o Madrid Foot-

ball Club, hoje conhecido como Real Madrid FC, em 1907 num jogo disputado na capital

espanhola. O jogo foi espalhando-se lentamente pelo país através de novos clubes, associações e

colégios privados e até ao final do século XVIII já existiam associações e clubes nas principais

cidades do país. A 31 de Março 1914 seria fundada pelas associações de Lisboa, Porto e Portalegre

a União Portuguesa de Futebol (UPF) – a primeira entidade vocacionada para a organização e

gestão do futebol português em todo o território nacional. O primeiro Campeonato de Portugal –

disputada por eliminatória à imagem da atual Taça de Portugal – aconteceu em 1922, ano em que

a seleção também se estreou num jogo em Espanha onde perdeu por 3 golos a 1. A estreia em

competições internacionais aconteceu em 1928, em Amsterdão, onde chegou aos quartos-de-final

do Torneio Olímpico. Em 1926 decidiu-se em congresso da UPF a alteração do nome para

Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Em 1938 a FPF decide reestruturar o futebol português e

passa a organizar o Campeonato Nacional da Primeira Divisão – ganho pelo FC Porto na sua 1ª

Edição – e o Campeonato Nacional foi substituído pela Taça de Portugal, jogada por eliminatórias e

aberta a uma maior número de equipas. A seleção nacional só se qualificaria pela primeira vez para

uma grande competição de futebol em 1966, no Mundial de Inglaterra, onde conseguiu a sua

melhor classificação de sempre, alcançando a meias-finais da prova e vencendo a União Soviética

por 2-1 na disputa pelo 3º lugar. A estreia em campeonatos europeus aconteceu em 1984 na

França, com a seleção a atingir também as meias-finais, sendo eliminada no prolongamento frente

à anfitriã por 3-2.

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CAPÍTULO 2: INTRODUÇÃO ÀS LEIS DO JOGO

As Leis de Jogo são um elemento fundamental da modalidade na medida em que compõem um

conjunto de regras e normas que contribuem para a normalização e universalização do jogo. As

mesmas Leis aplicam-se em todas as confederações, países, cidades e aldeias e, excluindo as

modificações permitidas pelo IFAB, não podem ser modificadas ou alteradas. Este conjunto de

regras e normas caracteriza não só aquilo que é a estrutura formal do jogo de Futebol como

também estabelece os termos legais para as ações e relações de cooperação e oposição dos

jogadores.

O IFAB (International Football Association Board), é o órgão responsável pelo desenvolvimento e

preservação das Leis do Jogo e o único com autoridade para decidir sobre eventuais alterações que

as mesmas possam sofrer. Composto pelas quatro federações de futebol britânicas (Inglaterra,

Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) mais a FIFA (em representação das restantes federações

nacionais) tem a missão de servir o futebol mundial como entidade independente que trabalha

para assegurar que as Leis do Jogo permanecem justas e que se adaptam a mudanças importantes

que possam ocorrer no jogo, procurando manter a simplicidade e o caráter não-intrusivo das

regras. De acordo com o IFAB (2018), em cada proposta de alteração ou revisão das Leis do Jogo, a

atenção deve estar centrada na equidade, integridade, respeito, segurança, satisfação dos

participantes e no modo como a tecnologia pode beneficiar o jogo. Outro aspecto fundamental é o

contributo que as Leis devem oferecer ao jogo no sentido de o tornar atrativo e fonte de satisfação

para jogadores, treinadores, equipas de arbitragem, espectadores e todos os restantes

intervenientes desportivos. Embora as Leis de Jogo do futebol sejam relativamente simples, a

natureza subjetiva que está associada a algumas delas e a suscetibilidade ao erro humano leva

inevitavelmente ao debate e discussão. Não obstante, o espírito do jogo exige que as decisões das

equipas de arbitragem sejam sempre respeitadas por todos os intervenientes, nomeadamente

jogadores, treinadores e dirigentes enquanto agentes desportivos com responsabilidade na

proteção e elevação da imagem do futebol.

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Para uma compreensão mais aprofundada sobres as Leis de jogo sugere-se a leitura do documento

oficial “Leis do Jogo” disponibilizado anualmente no website oficial do IFAB.

2.1. As 17 Leis do Jogo de Futebol

Lei 1: O Terreno de Jogo – define as normas relacionadas com a superfície de jogo, as marcações

do terreno, as dimensões, a área de baliza, a área de penálti, a área de canto, a área técnica, as

características da baliza e as questões relacionadas com a colocação de publicidade comercial e

reprodução de logótipos e bandeiras no terreno de jogo.

Figura 1 – Marcações e dimensões do terreno de jogo (IFAB, 2018).

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Lei 2: A Bola – define as normas relacionadas com o instrumento de jogo, nomeadamente as suas

características e medidas:

Forma esférica;

Circunferência mínima de 68cm e máxima de 70cm;

Peso mínimo de 410g e no máximo 450g no começo do jogo;

Pressão equivalente a 0,6 e 1,1 atmosferas (600 -1100 g/cm2).

Lei 3: Os Jogadores – define as regras relacionadas com a composição das equipas e com o

número e procedimentos das substituições. O jogo é disputado por duas equipas compostas por

um máximo de 11 jogadores cada uma, dos quais um é o guarda-redes. Nenhum jogo pode

começar ou continuar se uma das equipas tiver ou vir a ter menos de sete jogadores. Em

competições oficiais, o número de substituições que podem ser usadas em qualquer jogo de uma

competição oficial será́ determinada pela FIFA, pela confederação ou pela federação nacional de

futebol, até um máximo de cinco, exceto em competições de futebol masculino e feminino que

envolvam as equipas principais dos clubes da mais alta divisão ou seleções nacionais A, em que o

máximo é de três substituições. O recurso a substituições ilimitadas só́ é permitido nos escalões de

futebol jovem, de veteranos, de deficientes e escalões inferiores (jovens/recreativo) do futebol,

sujeito a aprovação da federação nacional, confederação ou FIFA.

Lei 4: O Equipamento dos Jogadores – define as normas relacionadas com o equipamento dos

jogadores, nomeadamente a proibição do uso de qualquer equipamento ou artigo considerado

perigoso como, por exemplo, qualquer tipo de joias, mesmo que cobertas por fita adesiva. Outras

normas definidas dizem respeito ao equipamento obrigatório a utilizar pelos jogadores, cores,

utilização de outros equipamentos (por exemplo, proteções de cabeça ou equipamentos

electrónicos tais como unidades de GPS) e utilização de slogans , mensagens, imagens ou

publicidade. O equipamento obrigatório compreende as seguintes peças separadas: camisola com

mangas; calções (o guarda-redes pode utilizar calças); meias; caneleiras; e calçado.

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Lei 5: O Árbitro – define as normas relacionadas com a ação do árbitro, a sua autoridade, poderes,

deveres e responsabilidades. Para o jogo que tenha sido nomeado, o árbitro dispõe de toda a

autoridade necessária para velar pela aplicação das Leis do Jogo , e todas as suas decisões devem

ser respeitadas.

Figura 2 – Sinais do árbitro e respetivos significados (IFAB, 2018).

Lei 6: Outros elementos da equipa de Arbitragem – define as normas relacionadas com a atuação

dos restantes elementos da equipa de arbitragem. Estes elementos (tais como os árbitros

assistentes e o quarto árbitro) atuam sob a direção do árbitro principal e ajudam-no a controlar o

jogo de acordo com as Leis do Jogo.

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Figura 3 – Sinais dos árbitros assistentes e respetivos significados (IFAB, 2018).

Lei 7: A duração do Jogo – o jogo é composto por duas partes de 45 minutos cada uma, com um

intervalo que não deve exceder os 15 minutos, a menos que outra duração tenha sido combinada

de comum acordo entre o árbitro e as duas equipas participantes, antes do início do jogo e de

acordo com o regulamento da competição.

Lei 8: O começo e o recomeço do Jogo – define os procedimentos para o começo e recomeço do

jogo. Um pontapé de saída começa ambas as partes do jogo e ambos os períodos de

prolongamento e recomeça o jogo após a marcação de um golo. O jogo também pode ser

recomeçado com um pontapé-livre, pontapé de penálti, lançamento de linha lateral, pontapé de

baliza, pontapé de canto ou através de um lançamento de bola ao solo, dependendo das

circunstâncias.

Lei 9: A bola em jogo e fora de jogo – considera-se que a bola está fora de jogo quando atravessa

completamente a linha final ou a linha lateral, quer seja junto ao solo quer pelo ar, ou quando o

jogo é interrompido pelo árbitro. A bola está em jogo em todas as outras situações, inclusive

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quando permanece no terreno de jogo após ter embatido num elemento da equipa de arbitragem,

num poste, barra transversal da baliza ou na bandeira de canto.

Lei 10: Determinação do resultado do Jogo – um golo é marcado quando a bola transpõe

completamente a linha de baliza, entre os postes e por baixo da barra que define a baliza, desde

que nenhuma infração às Leis do Jogo tenha sido previamente cometida. A equipa que marcar o

maior número de golos durante o jogo é declarada vencedora. Se as duas equipas marcarem o

mesmo número de golos ou nenhum, o jogo terminado empatado (salvo se o regulamente da

competição exigir que uma das equipas seja declarada vencedora, procedendo-se ao

prolongamento ou ao desempate através da marcação de grandes penalidade).

Lei 11: Fora de Jogo – estar em posição de fora de jogo não constitui por si só uma infração e o

jogador só deve ser penalizado se tomar parte ativa no jogo, jogando a bola ou interferindo com

um adversário. Um jogador encontra-se em posição de fora de jogo quando qualquer parte da

cabeça, corpo ou pés estiver no meio-campo adversário e mais perto da linha de baliza adversária

do que a bola e o penúltimo adversário, excepto quando recebe a bola diretamente de um pontapé

de baliza, lançamento lateral ou pontapé de canto. As mãos e os braços não são considerados.

Lei 12: Faltas e incorreções – define e caracteriza as faltas e incorreções que os jogadores poderão

eventualmente cometer, as suas circunstâncias e as respetivas medidas disciplinares. Os pontapés-

livres diretos, indiretos e o pontapé de penálti só podem ser assinalados por faltas e infrações

cometidas quando a bola está em jogo.

Pontapé-Livre Direto – Pune infrações que impliquem contacto físico entre dois adversários

por imprudência, negligência ou força excessiva. Outras infrações como tocar a bola com a

mão (exceto o guarda-redes dentro da sua própria área) ou agarrar um adversário também

são punidas com livre direto.

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Pontapé-Livre Indireto – Pune infrações em que não existe contacto físico entre dois

adversários tais como: jogar de maneira perigosa, impedir a progressão de um adversário

sem contacto, manifestar desacordo utilizando uma linguagem e/ou gestos ofensivos,

injuriosos e/ou grosseiros ou cometer infrações verbais; impedir o guarda-redes de soltar a

bola das mãos e pontapear ou tentar pontapear a bola quando este está a soltá-la das suas

mãos; qualquer outra infração pela qual o jogo seja interrompido para advertir ou

expulsar um jogador; quando o guarda-redes mantêm a bola nas suas mãos mais de seis

segundos ou quando a toca com as mãos após a ter soltado sem que esta seja tocada por

outro jogador (exceto se a bola ressaltar acidentalmente ou após uma defesa); ou após a

bola ter sido deliberadamente pontapeada para o guarda-redes por um colega de equipa.

Medidas Disciplinares: Advertência – um jogador deve ser advertido com um cartão

amarelo quando: retardar o recomeço do jogo; manifestar desacordo por palavras ou atos;

entrar, reentrar ou deliberadamente deixar o terreno de jogo sem autorização; não

respeitar a distância exigida quando o jogo recomeça com um pontapé de canto, livre ou

lançamento lateral; infringir com persistência as Leis de jogo; se tornar culpado de

comportamento antidesportivo;

Medidas Disciplinares: Expulsão – um jogador deve ver um cartão vermelho e ser expulso

do terreno de jogo quando: impedir a equipa adversária de marcar golo ou anular uma

clara oportunidade de golo tocando deliberadamente a bola com a mão; impedir um golo

ou anular uma clara oportunidade de golo de um adversário cujo movimento geral seja na

direção da baliza do infrator, cometendo uma infração passível de um pontapé-livre;

tornar-se culpado de falta grosseira; tornar-se culpado de conduta violenta; usar

linguagem ou gestos ofensivos, injuriosos ou grosseiros; ou receber uma segunda

advertência no decorrer do jogo.

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Lei 13: Pontapés-Livres – caracteriza os pontapés-livres diretos e indiretos e define os

procedimentos para a sua execução.

Lei 14: O pontapé de Penálti – caracteriza o pontapé de penálti e define os procedimentos para a

sua execução. Um pontapé de penálti deve ser assinalado se uma jogador cometer uma infração

punida com pontapé-livre direto dentro da sua própria área de penálti ou fora do terreno de jogo

numa jogada normal como é indicado nas leis 12 e 13.

Lei 15: O lançamento lateral – o lançamento lateral é concedido aos adversários do último jogador

que tocou na bola antes de ela atravessar a linha lateral pelo solo ou pelo ar. Do lançamento lateral

não pode ser marcado golo diretamente. São igualmente descritos os procedimentos para a sua

execução, as infrações e as respetivas sanções.

Lei 16: O Pontapé de Baliza – o pontapé de baliza é assinalado quando a bola ultrapassar

completamente a linha de baliza, pelo solo ou pelo ar, tocada em último lugar por um jogador da

equipa atacante, sem que um golo tenha sido marcado. Um golo pode ser obtido diretamente

através de um pontapé de baliza mas somente contra a equipa adversária. São igualmente

descritos os procedimentos para a sua execução, as infrações e as respetivas sanções.

Lei 17: O Pontapé de Canto – um pontapé de canto é assinalado quando a bola ultrapassar

completamente a linha de baliza, quer seja rente ao solo ou pelo ar, tocada em ultimo lugar por

um jogador da equipa defensora, sem que um golo tenha sido marcado. Um golo pode ser obtido

diretamente através de um pontapé de canto mas somente contra a equipa adversária. São

igualmente descritos os procedimentos para a sua execução, as infrações e as respetivas sanções.

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CAPÍTULO 3: ANÁLISE SISTEMÁTICA E LÓGICA INTERNA DO JOGO DE FUTEBOL

O futebol é uma modalidade desportiva integrada no quadro dos designados jogos desportivos

coletivos cuja natureza, de modo simplista, se caracteriza pelo confronto entre duas equipas que

procuram introduzir o objeto de jogo – a bola – no alvo defendido pelo adversário – a baliza – com o

objetivo de vencer. Assim, podemos afirmar que o principal objetivo do jogo é marcar e não sofrer

golo ou, em última instância, marcar mais golos que a equipa adversária. Deste modo, é este

objetivo superior e comum – o golo – que constitui a meta fundamental a atingir e que permite

atribuir significado às ações coletivas e individuais através das quais os jogadores procuram a sua

consecução. Tanto no ataque como na defesa, as sucessivas configurações que o jogo vai

experimentando resultam da forma como ambas as equipas gerem as relações de cooperação e

oposição em função desse mesmo objetivo do jogo. Correlativamente, diz-nos Queiroz (1986), o

jogo de futebol caracteriza-se pela aplicação de certos procedimentos antagónicos, de ataque e de

defesa, tendo em vista o desequilíbrio do sistema contrário na procura de uma meta comum,

organizados e ordenados num sistema de relações e inter-relações coerente e consequente, a que

o autor denominou de “lógica interior do jogo” – ou lógica interna do jogo, como é comummente

designada. É através do conhecimento profundo da lógica interna do jogo que é possível definir e

construir uma determinada forma de jogar específica que respeite a natureza fundamental do jogo.

Na mesma linha de pensamento, são vários os autores que sustentam que a construção do

conhecimento do jogo de futebol se deve edificar a partir de perspectivas que se focalizem na

lógica interna do jogo (Teodorescu, 1984; Ferreira & Queiroz, 1982; Queiroz, 1986; Garganta &

Gréhaigne, 1999).

3.1. Simplificação da Estrutura Complexa do Jogo

A análise sistemática do jogo deriva da simplificação da sua estrutura complexa e tem como

objetivo fazer a análise estrutural do jogo (Queiroz, 1983; 1986). Assim, partindo da relação

dialética que se estabelece entre o ataque e a defesa, esta perspectiva – que estabelece como

princípio fundamental do método de análise a indivisibilidade dos componentes do jogo – tem

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como objetivo caracterizar os diferentes níveis de complexidade da estrutura do jogo com base na

definição dos conceitos de:

1. Fases Fundamentais do Jogo – caracterizam as situações fundamentais do jogo e são

objetivamente determinadas pelo facto de se ter ou não a posse de bola;

2. Fases (ou Etapas) do Ataque e da Defesa – caracterizam e representam as etapas

percorridas no desenvolvimento tanto das fases ofensiva como defensiva, desde o seu

inicio até à sua completa consumação;

3. Formas – que caracterizam as estruturas de complexidade do jogo durante as etapas do

Ataque e da Defesa;

4. Princípios - representam as regras de base segundo as quais os jogadores dirigem e

coordenam a sua atividade – coletiva e individual – durantes as Fases do jogo;

5. Fatores – caracterizam as ações individuais e coletivas do jogo, de ataque e de defesa, em

harmonia com as suas Fases e Formas, isto é, são os meios pelos quais os jogadores

atuam, aplicando os princípios.

3.1.1. As Fases Fundamentais do Jogo

O jogo de futebol, em linha com o que já referimos anteriormente, decorre da oposição entre duas

equipas que disputam a conquista da bola com o objetivo de marcar golo na baliza do adversário e,

ao mesmo tempo, impendido que o mesmo ocorra na sua baliza. Assim, uma vez que só existe

uma bola em jogo, facilmente percebemos que em função da posse ou não da bola as equipas

encontra-se em diferentes fases do jogo e, consequentemente, possuem momentaneamente

objetivos parciais distintos. Segundo Teodorescu (1984), o jogo desenvolve-se num quadro

FUTEBOL I 20
antagónico de duas fases fundamentais de ataque e de defesa que se manifesta nos domínios

individual e coletivo onde, através de um conjunto de procedimentos de natureza técnico-tática, se

procura romper com o equilíbrio teórico existente e alcançar o sucesso – ou seja, o golo.

Resumindo, desta perspectiva dualista do jogo de futebol e em função da posse de bola, podemos

considerar duas fases fundamentais do jogo:

FASE OFENSIVA

Conceito – a equipa em posse de bola encontra-se em fase ofensiva e, através de um conjunto de

ações técnico-táticas ofensivas individuais e coletivas , desenvolve o seu processo ofensivo na

tentativa de concretizar o golo na baliza do adversário.

Objetivos – a posse de bola não encerra um fim em si mesma e deve ser encarada como condição

indispensável ao processo ofensivo e à concretização dos seus objetivos fundamentais: 1)

progressão/finalização; e 2) manutenção da posse de bola.

1) Progressão/Finalização – em posse de bola a equipa deve procurar progredir no sentido

baliza adversária através de um conjunto de ações ofensivas que permite a criação de

situações de finalização.

2) Manutenção da Posse de Bola – em determinadas circunstâncias do jogo e na

impossibilidade de criar situações de finalização, a equipa deve procurar manter a posse

de bola, preservando a iniciativa do jogo e reiniciando um conjunto de procedimentos

ofensivos que permita novamente progredir em direção à baliza do adversário.

Vantagens e Desvantagens – a grande vantagem da equipa em fase ofensiva está relacionada com

a iniciativa e controlo do jogo que a posse de bola lhe possibilita. Por outro lado, a principal

desvantagem está relacionada com a necessidade de o processo ofensivo se desenvolver através de

um conjunto de ações técnico-táticas realizadas com bola, de maior complexidade e dificuldade,


FUTEBOL I 21
que exigem uma preocupação não só com a tentativa de criar situações de finalização mas também

com a conservação e preservação da posse de bola.

FASE DEFENSIVA

Conceito – a equipa sem posse de bola encontra-se em fase defensiva e, através de um conjunto de

ações técnico-táticas defensivas individuais e coletivas, desenvolve o seu processo defensivo na

tentativa de recuperar a posse de bola e evitar a concretização do golo por parte do adversário.

Objetivo – em processo defensivo a equipa deve procurar condicionar as ações ofensivas do

adversário, no tempo e no espaço, procurando assegurar os seus dois objetivos fundamentais: 1)

recuperar a posse de bola; e 2) defender a balizar .

1) Recuperar a Posse de Bola – a equipa deve adoptar um comportamento que, através de

um conjunto de ações defensivas que possibilite a recuperação da posse de bola ou, em

última instância, impossibilite a progressão ofensiva do adversário. Em função do método

defensivo e da estratégia utilizada, a equipa pode assumir um comportamento mais

pressionante - de ataque sobre a bola – ou um comportamento mais expectante pelo erro

do adversário.

2) Defender a Baliza – na impossibilidade de recuperar a posse de bola ou de impedir a

progressão ofensiva do adversário, a prioridade da equipa em fase defensiva deve ser a

defesa da sua própria baliza, sob pena de comprometer o resultado final do jogo. Este

objetivo caracteriza-se geralmente por uma maior concentração de jogadores em fase

defensiva nas zonas mais próximas da baliza e por ações que visam essencialmente

impedir a finalização ou interceder os remates do adversário.

Vantagens e Desvantagens - a principal vantagem do processo defensivo está relacionada com a

utilização de um conjunto vasto de ações técnico-táticas defensivas que, pelo facto de serem
FUTEBOL I 22
realizadas sem bola, apresentam maior simplicidade. Uma outra vantagem está relacionada com a

concentração de um elevado número de jogadores num determinado espaço de jogo, geralmente

entre a bola e a baliza, condicionando no espaço e no tempo as ações dos adversários. Por outro

lado, a grande desvantagem do processo defensivo está relacionada com o facto de o ataque

possuir a iniciativa do jogo e, portanto, a possibilidade de surpreender a equipa em fase defensiva

sob risco de concretizar o golo e comprometer o resultado final.

3.1.2. As Fases do Ataque e da Defesa

De acordo com Queiroz (1983; 1986) as fases representam as etapas percorridas no

desenvolvimento tanto do ataque como da defesa, desde o seu início até à sua completa

consumação. Esta nomenclatura pode gerar alguma confusão , uma vez que já utilizamos o

substantivo “Fase” para designar as fases fundamentais do jogo – Ofensiva e Defensiva, como

vimos anteriormente – torna-se pertinente a adoção do conceito de “Etapa” como, aliás, o próprio

Queiroz (1986) faz referência. Estas etapas possuem três níveis distintos (Nível III, Nível II e Nível I),

organizados em ordem ao objetivo fundamental do jogo – o golo – e ao grau de complexidade que

as caracteriza. Uma vez que as fases ofensiva e defensiva são interdependentes e indissociáveis

uma da outra, a uma etapa para o ataque corresponde uma outra, antagónica, para a defesa.

Atentemos à figura seguinte de modo a melhor compreender a sua organização:

FUTEBOL I 23
FUTEBOL

Com Posse de Bola Jogo Sem Posse de Bola

MAIOR MAIOR
FASE OFENSIVA FASE DEFENSIVA

Construção das Ações Etapa de Nível III


Impedir a Construção
Ofensivas
das Ações Ofensivas

COMPLEXIDADE
COMPLEXIDADE

Criar Situações de
Finalização Etapa de Nível II Anular Situações de
Finalização

Impedir a Finalização
Finalização Etapa de Nível I
MENOR MENOR

Figura 4 – As fases fundamentais do jogo – Ofensiva e Defensiva – e as etapas percorridas no seu desenvolvimento

(adaptado de Queiroz, 1986).

Entendida a sua organização, importa agora caracterizar cada uma das referidas etapas, em

respeito não só à sua conceptualização mas também às formas de jogo que as caracterizam. Assim,

consideremos a seguinte caracterização:

Etapa de Nível III (ou Fase III) – a equipa em posse de bola procura a construção de ações

ofensivas contra a equipa em processo defensivo, que procura impedir a sua consecução.

O principal objetivo da equipa com bola é a progressão para zonas mais próximas da

baliza do adversário.

Etapa de Nível II (ou Fase II) – a equipa em posse de bola procura, nas zonas

predominantes de finalização, criar condições favoráveis para a concretização do objetivo

do jogo – o golo. Por sua vez, a equipa em fase defensiva procurar anular as situações de

finalização do adversário.

FUTEBOL I 24
Etapa de Nível I (ou Fase I) – esta etapa traduz a ação ofensiva mais evidente – marcar golo.

Por sua vez, para a equipa em fase defensiva, esta etapa corresponde a impedir a

finalização do adversário e diz respeito à defesa da baliza propriamente dita.

Por outro lado, tal como a caracterização anterior deixa antever, a cada uma das etapas do ataque e

da defesa corresponde um determinada forma fundamental de jogo, que caracteriza a estrutura

organizadora da atividade das equipas durante cada uma delas. Esta relação entre as etapas do

ataque e da defesa (ou fases) e as formas de jogo, contribui significativamente para a relação entre

a lógica interna do jogo e a sua lógica didática, subjacente aos processos de ensino e treino no

futebol.

ETAPA FORMA

Etapa de Nível III


GR + ATAQUE X DEFESA + GR
(Fase III)

Etapa de Nível II
ATAQUE X DEFESA + GR
(Fase II)

Etapa de Nível I
ATAQUE X 0 + GR
(Fase I)

Figura 5 – Relação estre as etapas do ataque e da defesa e as correspondentes formas fundamentais de jogo que

caracterizam a sua estrutura organizadora.

Assim, no sentido de garantir uma lógica didática que vá ao encontro da lógica interna e estrutural

do próprio jogo, podemos perceber que os exercícios de ensino/treino de situações que se

enquadrem nas etapas de nível de III se caracterizam pelo facto de que quem se encontra em

processo ofensivo poder perder a posse de bola e, consequentemente, ser obrigado a entrar em

processo defensivo. Falamos de uma possível alternância sistemática entre as fases ofensiva e

defensiva que obriga, portanto, à utilização de exercícios sobre duas balizas. Por outro lado,

exercícios que se enquadrem nas etapas de nível II caracterizam-se pelo desenvolvimento de ações

ofensivas que vão desde a criação de situações de finalização até à finalização propriamente dita,
FUTEBOL I 25
com oposição de defesas que podem estar em inferioridade, igualdade ou, até, superioridade

numérica. Falamos de exercícios sobre uma baliza, apenas. Por último, os exercícios de

ensino/treino que se enquadrem nas etapas de nível I caracterizam-se pelo desenvolvimento de

ações ofensivas de finalização, de um ou mais atacantes, sobre uma baliza e sem oposição de

defesas (à exceção do guarda-redes).

3.1.3. Os Princípios de Jogo

Conceptualmente os princípios do jogo constituem as regras de base segundo as quais os

jogadores dirigem e coordenam a sua atividade durante as fases do jogo, no plano individual e

coletivo (Teodorescu, 1984). Estes princípios são diferentes daqueles que constituem as regras de

ação que dizem respeito aos comportamentos pretendidos pelo treinador e que estão associados

aos modelos de jogo adaptados. Ao invés, falamos de uma conjunto de princípios relacionados

com a lógica interna do jogo e que estão na base dos comportamentos individuais e coletivos com

vista a assegurar uma adequada intervenção nos diversos cenários do jogo. Assim, no futebol,

consideramos habitualmente dois níveis de princípios de jogo (Hainaut & Benoit, cit. por Queiroz,

1984): 1) Princípios Fundamentais (ou Gerais) e 2) Princípios Específicos.

PRÍNCIPIOS FUNDAMENTAIS

São princípios de caráter mais geral, comuns a todos os jogadores e referentes à relação numérica

que se estabelece entre atacantes e defesas em diferentes momentos do jogo. De um modo geral,

entende—se que as ações técnico-táticas individuais e coletivas estarão tão mais perto da eficácia

quanto maior for o número de jogadores envolvidos. Estes princípios estão organizados

hierarquicamente do mais para o menos favorável:

- Criar superioridade numérica;

- Evitar a igualdade numérica;

- Recusar a inferioridade numérica.

FUTEBOL I 26
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS

Estes princípios constituem um conjunto de regras de base que representam uma determinada

intenção tática e orientam o comportamento dos jogadores permitindo a adoção de

comportamentos mais adequados para intervir em determinados contextos do jogo, com vista à

consecução dos objetivos das fases ofensiva e defensiva – nomeadamente a manutenção da posse

de bola e a progressão/finalização para o ataque; e a recuperação da posse de bola e a

cobertura/defesa da baliza para a defesa. Para cada um dos princípios específicos estão associados

um conjunto de comportamentos e ações técnico-táticas de suporte, que podemos ver descritos

nos quadros que se seguem.

ATAQUE
PRINCÍPIO

AÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS
OBJETIVOS COMPORTAMENTOS
FUNDAMENTAIS

1) Após receber a bola o jogador deve orientar-se para a


(1º Atacante) baliza adversária; Condução;
PROGRESSÃO

2) Livre de oposição deve progredir para a baliza Condução para remate;


Criar uma vantagem espacial e numérica para a adversária e tentar o remate; Remate;
conquista de posições mais ofensivas; 3) Case encontre oposição, deve tentar ultrapassá-la ou Finta;
Ataque ao adversário direto e à baliza. passar a bola a um companheiro em melhores condições Passe.
de se dirigir para a baliza adversária.
COBERTURA OFENSIVA

1) Posicionar-se próximo do portador da bola, geralmente


(2º Atacante)
à retaguarda e em diagonal;
2) De acordo com o posicionamento referido, constituir Recepção e controlo da bola;
Apoiar o companheiro com bola;
uma linha de passe viável para o portador da bola Passe.
Manutenção do equilíbrio defensivo em caso de perda de
preservando uma situação teórica de superioridade
posse de bola.
numérica de 2 atacantes contra 1 defensa.

(3º Atacante)

Ruptura e desequilíbrio da estrutura defensiva


MOBILIDADE

adversária; 1) Grande variabilidade de deslocamentos;


Desmarcações (diversos tipos e formas).
Ocupação e criação de espaços livres; 2) Apoio ao portador da bola;
Criação de linhas de passe de apoio à manutenção da
posse de bola.

(Estrutura Coletiva)
1) Todos os comportamentos individuais e coletivos que Sistemas Táticos;
ESPAÇO

Estruturação e racionalização do espaço de jogo e das promovam a largura e a profundidade do processo Métodos de jogo ofensivos;
ações ofensivas coletivas no sentido de dar uma maior ofensivo. Esquemas táticos ofensivos.
amplitude ao ataque, em largura e profundidade.

Figura 6 – Síntese dos Princípios Específicos Ofensivos e caracterização dos seus objetivos, comportamentos e ações

técnico-táticas fundamentais (adaptado de Queiroz, 1983; e Silveira Ramos, 2003).

FUTEBOL I 27
DEFESA

PRINCÍPIO
AÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS
OBJETIVOS COMPORTAMENTOS
FUNDAMENTAIS

1) O defesa mais próximo do adversário com bola deve


aproximar-se dele o mais rápido possível;
(1º Defesa) 2) Manter uma distância ideal e adequar a sua velocidade
Posição defensiva de base;
CONTENÇÃO

à do adversário com bola, para reagir às ações que este


Adequada colocação e deslocamento dos apoios (pés);
Parar o ataque ou o contra-ataque da equipa adversária; desenvolva;
Desarme;
Aumentar o tempo para a recuperação da organização 3) Através da sua orientação corporal, tentar conduzir o
Marcação (ao portador da bola).
defensiva. adversário para fora (linha lateral) ou para a cobertura
defensiva;
4) Procurar o melhor momento para tentar o desarme.
COBERTURA DEFENSIVA

1) Vigiar as movimentações do 2º atacante e ajustar a sua


(2º Defesa) posição em conformidade;
Posição defensiva de base;
2) Ajustar o seu posicionamento em função do
Intercepção;
Apoiar o companheiro que marca o adversário com bola; companheiro em contenção;
Dobra.
Evitar a inferioridade numérica; 3) Assumir a posição de contenção caso o 1º defesa seja
ultrapassado.

(3º Defesa)
EQUILÍBRIO

Marcação;
1) Cobertura de eventuais linhas de passe;
Intercepção;
Manter a estabilidade e o equilíbrio da estrutura 2) Cobertura de espaços e atacantes livres.
Dobra.
defensiva.

1) Os defesas devem colocar-se entre o adversário e a


baliza, do lado da bola e orientando as ações do
(Estrutura Coletiva) adversário “para fora”;
CONCENTRAÇÃO

2) Concentração coletiva próximo da zona da bola – Sistemas Táticos;


Estruturação e racionalização da ações defensivas no “centro do jogo” – com balanceamento do bloco Métodos de jogo defensivos;
sentido de retirar amplitude (largura e profundidade) às defensivo em largura e comprimento; Esquemas táticos defensivos.
ações ofensivas. 3) Garantir várias linhas defensivas;
4) Tirar partido da lei do fora de jogo;
5) Próximo da baliza, maior concentração na zona central.

Figura 7 – Síntese dos Princípios Específicos Defensivos e caracterização dos seus objetivos, comportamentos e ações

técnico-táticas fundamentais (adaptado de Queiroz, 1983; e Silveira Ramos, 2003).

Na imagem que se segue, embora de carácter fictício, podemos ver uma representação

esquemática da aplicação dos princípios específicos numa situação de jogo:

A2

A3 A4

A1
ATAQUE

ATAQUE

D1

D4
D2

D3

Figura 8 – Representação dos princípios específicos numa situação de jogo. Os jogadores representados pela letra (A)

representam os atacantes e os jogadores representados pela letra (D) os defesas.

FUTEBOL I 28
Na figura anterior podemos ver que o jogador A1 representa o primeiro atacante, em progressão,

frente-a-frente com o primeiro defesa, que se encontra em contenção (D1). Os jogadores A2 e D2

encontram-se em cobertura ofensiva (segundo atacante) e defensiva (segundo defesa),

respetivamente. O jogador A3 (terceiro atacante) representa o princípio ofensivo da mobilidade e o

D3 (terceiro defesa) o princípio defensivo do equilíbrio. Em sentido oposto, o A4 pretende

representar o princípio ofensivo do espaço e o D4 o principio defensivo da concentração, embora

estes devam ser entendidos com respeito à estrutura coletiva da equipa e não só a uma ação

técnico-tática individual.

3.1.4. Os Fatores de Jogo

Tal como referem Maçãs & Brito (2000), os fatores de jogo são ações técnico-táticas de base às

quais os jogadores recorrem – individual e coletivamente – nas fases de ataque e defesa no sentido

de solucionar as diferentes situações do jogo. Assim, o principal objetivo de cada uma dessas ações

é a resolução eficiente dos problemas que as situações momentâneas do jogo levantam. Neste

sentido, todas as ações técnico-táticas individuais e coletivas não devem ser encaradas como

objetivos em si mesmas, mas como os meios através dos quais os jogadores e a equipa

materializam as suas intenções táticas, na procura por um objetivo comum e visando o

desequilíbrio do sistema contrário. Estas ações dividem-se em relação à sua natureza ofensiva e

defensiva e podem classificar-se em três níveis:

1) Ações Técnico-Táticas Individuais;

2) Ações Técnico-Táticas Coletivas Elementares;

3) Ações Técnico-Táticas Coletivas Complexas.

No quadro que se segue podemos ver uma síntese das ações técnico-tática de natureza ofensiva e

defensiva que constituem os fatores de jogo no futebol.

FUTEBOL I 29
AÇÕES TÉCNICO-TÁTICAS DO JOGO DE FUTEBOL

ATAQUE DEFESA

AÇÕES INDIVIDUAIS

Receção e controlo da bola; AÇÕES INDIVIDUAIS


Condução da bola;
Proteção da bola; Desarme;
Drible/Finta/Simulação; Marcação;
Remate; Interceção;
Passe; Carga;
Cabeceamento; Técnicas de Guarda-Redes;
Técnicas de Cruzamento;
Técnicas de Desmarcação; AÇÕES COLETIVAS ELEMENTARES

AÇÕES COLETIVAS ELEMENTARES Dobra;


Deslocamentos Defensivos;
Combinações Táticas; Temporização Defensiva;
Deslocamentos Ofensivos/Desmarcações Cortinas/Ecrãs Defensivos;
Compensações/Desdobramentos Marcação/Tipos de Defesa
Temporização Ofensiva; Esquemas Táticos Defensivos;
Cortinas/Ecrâs;
Esquemas Táticos Ofensivos; AÇÕES COLETIVAS COMPLEXAS

AÇÕES COLETIVAS COMPLEXAS Funções e Tarefas;


Esquemas Táticos Defensivos;
Funções e Tarefas; Circulações Táticas Defensivas;
Esquemas Táticos Ofensivos; Sistema Tático;
Circulações Táticas Ofensivas; Métodos de Jogo Defensivo:
Sistema Tático; Individual
Métodos de Jogo Ofensivo: Zona
Ataque Continuado; Misto
Ataque Rápido;
Contra-Ataque.

Figura 9 – Síntese das ações técnico-táticas do jogo de futebol, de natureza ofensiva e defensiva.

1) AÇÕES INDIVIDUAIS OFENSIVAS

1.1) Receção e Controlo da Bola

Conceito: ação individual de natureza ofensiva que consiste no controlo da bola e é

determinada pelo primeiro toque realizado pelo jogador que a recebe ou intercepta,

deixando-a dentro do seu espaço motor de ação.

Objetivos: uma eficaz receção da bola permite ao jogador assumir a iniciativa do jogo,

garantido maior tempo e espaço para executar as ações técnico-táticas subsequentes.

FUTEBOL I 30
1.2) Condução da Bola

Conceito: ação individual de natureza ofensiva que permite ao jogador deslocar-se com a

bola controlada pelo terreno de jogo.

Objetivos: progredir no terreno de jogo, sobretudo em direção à baliza adversária, e,

sempre que necessário, temporizar a ação ofensiva no sentido de permitir ao

companheiros movimentarem-se de modo a criar uma situação de ataque mais favorável.

1.3) Proteção da Bola

Conceito: ação individual de natureza ofensiva que consiste em proteger a bola através da

adoção de um conjunto de comportamentos que não permita aos adversários intervir

sobre a bola.

Objetivos: garantir a manutenção da posse de bola e, consecutivamente, da iniciativa do

jogo; e temporizar a ação ofensiva no sentido de permitir ao companheiros

movimentarem-se de modo a criar uma situação de ataque mais favorável.

1.4) Drible/Finta/Simulação

Conceito: ação individual de natureza ofensiva que consiste em ultrapassar o seu

adversário direto permanecendo com o controlo efetivo da posse de bola e em condições

de executar a ação seguinte, muitas vezes fornecendo um conjunto de informações

motoras no sentido de provocar um desequilíbrio e ludibriar o adversário, ultrapassando-

o. Embora alguns autores façam a distinção entre estes conceitos, consideramos que, face

à sua finalidade, assumem-se como ações técnico-táticas semelhantes que não merecem

definição conceptual diferenciada.

Objetivos: ultrapassar o adversário direto, ganhar vantagem espacial e desequilibrar a

estrutura defensiva da equipa adversária.

FUTEBOL I 31
1.5) Remate

Conceito: ação individual de natureza ofensiva que consiste na tentativa de introduzir a

bola na baliza adversária.

Objetivos: introduzir a bola na baliza adversária.

1.6) Passe

Conceito: ação individual de natureza ofensiva que permite ao portador da posse de bola

comunicar de forma material – através da bola – com outro companheiro de equipa,

estabelecendo a relação coletiva mais simples de observar e executar.

Objetivos: colaborar no jogo com os restantes companheiros de equipa no sentido de

desenvolver o processo ofensivo.

1.7) Cabeceamento

Conceito: ação individual que consiste em jogar a bola com a cabeça.

Objetivos: dependendo do contexto situacional do jogo, esta ação pode ter como objetivo

receber a bola, conduzir a bola, passar e rematar a bola.

1.8) Técnicas de Cruzamento

Conceito: ação individual de natureza ofensiva que pode ser considerada como uma

forma especial e com características particulares de passar a bola, que permite ao portador

comunicar de forma material – através da bola – com outro companheiro de equipa em

zona predominante de finalização, desde os corredores laterais e no último terço do

campo;

Objetivos: colaborar no jogo com os restantes companheiros de equipa numa fase

avançada do processo ofensivo e com o sentido de colocar a bola numa zona

predominante de finalização.

FUTEBOL I 32
1.9) Técnicas de Desmarcação

Conceito: aqui entendida como o conjunto de ações individuais ofensivas utilizadas por

um jogador sem bola no sentido de se libertar da marcação do adversário e/ou de

conquistar espaços livres que permitam participar de forma eficaz no processo ofensivo da

equipa. A desmarcação também pode ser considerada como um conceito coletivo, como

veremos mais à frente.

Objetivos: libertar-se da marcação individual do adversário e/ou procurar uma vantagem

espácio-temporal que permita o desenvolvimento eficaz do processo ofensivo.

1.10) Técnicas de Lançamento de Linha Lateral

Conceito: ação individual de natureza ofensiva definida no quadro das Leis do jogo (Lei

15), executada com as mãos, e utilizada para a reposição da bola em jogo após esta sair

pelas linhas laterais do terreno de jogo.

Objetivos: retomar o jogo após a bola sair pela linha lateral e iniciar ou dar continuidade

ao processo ofensivo da equipa, colocando a bola num companheiro em boa posição para

a receber.

1.11) Técnicas de Guarda-Redes

Conceito: conjunto de ações técnico-táticas individuais de natureza ofensiva executadas

pelo guarda-redes no decorrer do processo ofensivo.

Objetivos: iniciar, participar ou relançar o processo ofensivo da equipa através da

reposição da bola em jogo e da participação na manutenção da posse de bola ou nos

esquemas táticos ofensivos.

2) AÇÕES INDIVIDUAIS DEFENSIVAS

2.1) Desarme

Conceito: ação individual de natureza defensiva que permite retirar a posse de bola ao

adversário ou interferir no processo ofensivo do adversário.


FUTEBOL I 33
Objetivos: recuperar a posse de bola ou interromper o ataque adversário.

2.2) Marcação

Conceito: aqui entendida como uma ação individual de natureza defensiva que visa

condicionar e controlar as movimentações do adversário e a sua iniciativa ofensiva,

dificultando a sua posse de bola e a construção do seu processo ofensivo. Também pode

ser entendida como um conceito coletivo, como veremos mais à frente.

Objetivos: evitar que o adversário progrida no terreno de jogo com a bola controlada,

marcando-o e cumprindo com o princípio da contenção; ou condicionar o processo

ofensivo através da marcação de atacantes sem posse de bola.

2.3) Interceção

Conceito: ação individual de natureza defensiva que consiste na intervenção sobre a bola

após um remate ou um passe do adversário, recuperando-a ou repelindo-a.

Objetivos: recuperar a posse de bola ou interromper o ataque adversário.

2.4) Carga

Conceitos: ação individual de natureza defensiva, prevista e permitida pelas Leis do jogo,

que consiste no contacto físico ombro-a-ombro entre dois jogadores em luta direta pela

posse de bola.

Objetivos: perturbar a ação ofensiva do adversário dificultando a proteção ou preservação

da posse de bola e, consequentemente, do processo ofensivo.

2.5) Técnicas de Guarda-Redes

Conceito: conjunto de ações técnico-táticas de natureza defensiva executadas pelo

guarda-redes no decorrer do processo defensivo da sua equipa.

Objetivo: Defender a baliza e evitar o golo adversário.

FUTEBOL I 34
3) AÇÕES COLETIVAS ELEMENTARES OFENSIVAS

3.1) Combinações Táticas

Conceito: coordenação das ações individuais e coletivas de natureza ofensiva, de dois ou

três jogadores, no sentido de criar condições espaciais, temporais e numéricas vantajosas

ao desenvolvimento do processo ofensivo e à resolução de uma tarefa parcial do jogo.

Objetivos: romper o equilíbrio e a organização defensiva adversária no sentido de

progredir no ataque e/ou dar continuidade ao processo ofensivo.

Classificação:

Simples – combinação a dois jogadores respeitando o binómio “passa e vai”;

Direta – combinação a dois jogadores respeitando o trinómio “passa, vai e recebe”

(vulgarmente designada de “tabelinha”);

Indireta – combinação realizada a três jogadores (vulgarmente designada de

“triangulações”).
COMBINAÇÃO SIMPLES COMBINAÇÃO DIRETA COMBINAÇÃO INDIRETA
ATAQUE

ATAQUE

Figura 8 – Representação esquemática dos diferentes tipos de combinações táticas.

3.2) Deslocamentos Ofensivo/Desmarcações

Conceito: são ações técnico-táticas individuais de natureza ofensiva desenvolvidas em

conformidade com as ações e intenções coletivas da equipa, no sentido de promover a

cooperação e coerência do processo ofensivo e a consecução dos objetivos fundamentais

da fase ofensiva. Por este facto, incluem-se não só nas ações individuais, mas também nas

ações coletivas.

FUTEBOL I 35
Objetivos: ocupação racional do espaço de jogo e libertação da marcação individual do

adversário na procura por uma vantagem espácio-temporal que permita o

desenvolvimento eficaz do processo ofensivo.

Classificação: os deslocamentos ofensivos podem classificar-se quanto à 1) Forma, pela

relação que se estabelece entre o espaço de jogo e a trajetória do jogador (com referência

à linha final); e 2) Tipo, pela relação que se estabelece entre o deslocamento do jogador e

o objetivo associado a esse deslocamento.

1) Forma:

Direta – quando a trajetória do deslocamento é perpendicular à linha

final do terreno de jogo;

Indireta – quando a trajetória da deslocamento é diagonal à linha final

do jogo;

Simétrica (ou paralela) – quando a trajetória da deslocamento é paralela

à linha final do terreno de jogo;

Circular-Complexa – quando a trajetória do deslocamento circular ou sem

direção claramente definida.

2) Tipo:

Apoio – deslocamentos de aproximação ao portador da bola.

Progressão – deslocamentos de afastamento em relação ao portador da

posse de bola e em direção à baliza adversária.

FUTEBOL I 36
Rotura – deslocamentos de aproximação ou afastamento ao portador da

bola com o objetivo de assegurar no imediato a criação de uma situação

de finalização.

Equilíbrio – deslocamentos para espaços vitais do jogo cujo objetivo é

assegurar a organização do processo ofensivo e a racionalização do

espaço de jogo com vista a preservar o equilíbrio do processo ofensivo.

3.3) Compensações/Desdobramentos

Conceito: são ações técnico-táticas individuais realizadas no contexto das ações coletivas

de natureza ofensiva que visam assegurar uma constante ocupação racional do espaço de

jogo, pelo assumir momentâneo de posições e funções táticas de um companheiro de

equipa.

Objetivos: preservar o equilíbrio do processo ofensivo através da ocupação racional do

espaço de jogo, contínua vigilância sobre os adversários e repartição equilibrada do

esforço.

3.4) Temporização Ofensiva

Conceito: ações técnico-táticas individuais realizadas no contexto das ações coletivas de

natureza ofensiva que visam assegurar as condições momentâneas mais favoráveis para o

processo ofensivo.

Objetivos: temporizar (“ganhar tempo”) a ação ofensiva no sentido de permitir ao

companheiros movimentarem-se de modo a criar uma situação de ataque mais favorável.

3.5) Cortinas/Ecrãs

Conceito: ação técnico-tática individual realizada no contexto das ações coletivas de

natureza ofensiva desenvolvida por um ou mais jogadores que se deslocam e/ou

posicionam-se de modo a perturbar a ação defensiva do adversário no sentido de criar

condições espaciais, temporais e numéricas vantajosas ao desenvolvimento do processo

FUTEBOL I 37
ofensivo e à resolução de uma tarefa parcial do jogo. Assumem especial relevância nos

esquemas táticos e é considerada uma ação coletiva uma vez que, mesmo quando

realizada por um jogador, exige coordenação com as ações ofensivas de outros jogadores.

Objetivo: perturbar a ação defensiva dos adversários dificultando a visão da bola, o seu

deslocamento defensivo ou a percepção das ações ofensivas dos companheiros.

3.5) Esquemas Táticos Ofensivos

Conceito: são uma forma particular de combinações táticas, rígidos e estereotipados,

decorrentes de situações de bola parada (pontapé de saída; pontapé de baliza; pontapé de

canto; pontapé livre; pontapé de grande penalidade e lançamentos de linha lateral). Aqui

considerada como uma ação coletiva que envolve um número não muito elevado de

jogadores (3 a 4 jogadores).

Objetivo: assegurar, em situações de bola parada, as condições mais favoráveis à

concretização imediata do golo ou à continuação do processo ofensivo.

4) AÇÕES COLETIVAS ELEMENTARES DEFENSIVAS

4.1) Dobra

Conceito: ação técnico-tática coletiva de natureza defensiva que manifesta a coordenação

das ações de dois jogadores, nomeadamente o jogador em contenção (1ºDefesa) e o

jogador em cobertura defensiva (2º Defesa). Quando o primeiro é ultrapassado, o segundo

deve assumir rapidamente a posição de contenção. Por sua vez, o jogador que foi

ultrapassado deve agora procurar posicionar-se como cobertura defensiva.

Objetivo: promover a coesão e reequilibrar numericamente a estrutura defensiva.

4.2) Deslocamentos Defensivos

Conceito: ações técnico-táticas individuais desenvolvidas em contexto coletivo cuja

finalidade é assegurar a recuperação e/ ou o equilíbrio defensivo, através da coerência das

movimentações defensivas dos jogadores.


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Objetivo: ocupação racional do espaço em processo defensivo e vigilância ou marcação

efetiva de jogadores adversário em processo ofensivo.

4.3) Compensações

Conceito: são ações técnico-táticas individuais realizadas no contexto das ações coletivas

de natureza defensiva que visam assegurar uma constante ocupação racional do espaço de

jogo, pelo assumir momentâneo de posições e funções táticas de um companheiro de

equipa.

Objetivos: preservar o equilíbrio do processo defensivo através da ocupação racional do

espaço de jogo e da contínua vigilância sobre espaços e adversários.

4.4) Temporização Defensiva

Conceito: ações técnico-táticas individuais realizadas no contexto das ações coletivas de

natureza defensiva que visam assegurar as condições momentâneas mais favoráveis para

o processo defensivo e para a aplicação do método de jogo defensivo pretendido.

Objetivos: temporizar (“ganhar tempo”) a ação defensiva no sentido de permitir ao

companheiros reorganizarem-se de modo a criar uma situação de defesa mais favorável.

4.5) Cortinas/Ecrãs

Conceito: ação técnico-tática individual realizada no contexto das ações coletivas de

natureza defensiva desenvolvida por um ou mais jogadores que se deslocam e/ou

posicionam-se de modo a perturbar a ação ofensiva do adversário no sentido de proteger a

ação defensiva de um companheiro ou da baliza. Embora possa ser realizada

individualmente (por exemplo, proteger a bola que vai sair favoravelmente pela linha

final), geralmente é uma ação que exige coordenação com as ações defensivas de outros

jogadores.

Objetivo: proteger a ação de um companheiro na recuperação da posse de bola ou a

baliza.

FUTEBOL I 39
4.6) Marcação/Tipos de Defesa

Conceito: coordenação das ações individuais de natureza defensiva, em contexto coletivo,

que visam condicionar e controlar as movimentações do adversário e a sua iniciativa

ofensiva, dificultando a sua posse de bola e a construção do seu processo ofensivo.

Objetivo: evitar que os adversários criem, ocupem e utilizem espaços vitais do terreno de

jogo no sentido de desenvolverem o seu processo ofensivo.

Classificação: a marcação pode ser classificada em diferentes tipos, de acordo com a

relação que se estabelece com os jogadores adversários e com o espaço. Embora seja

comum considerar vários tipos de marcação, consideramos que o ato de marcar pode

assumir fundamentalmente duas formas – individual e à zona. As restantes variações que

possam assumir, resultam da sua combinação (ou não) e da atitude – passiva ou

pressionante – que se pode colocar na ação e vão constituir os diferentes métodos de jogo

defensivo, como veremos mais à frente. Assim, consideremos os seguintes tipos:

Marcação Individual – o defesa marca e persegue os deslocamentos do atacante,

dentro do terreno de jogo, numa situação vulgarmente designada de homem-a-

homem e onde principal referencia é o adversário.

Marcação à Zona – o defensor é responsável pela defesa de uma determinada

zona de ação quando a bola e/ou o adversário ai se encontram. As principais

referências passam a ser a bola, o espaço e o adversário e é exigida uma

coordenação coletiva bastante superior.

4.7) Esquemas Táticos Defensivos

Conceito: conjunto de estratégias e preocupações especiais na organização defensiva da

equipa nas situações de bola parada a favor do adversário (pontapé de saída; pontapé de

baliza; pontapé de canto; pontapé livre; pontapé de grande penalidade e lançamentos de

FUTEBOL I 40
linha lateral). Aqui considerada como uma ação coletiva que envolve um número não

muito elevado de jogadores (3 a 4 jogadores).

Objetivos: assegurar, em situações de bola parada, as condições mais favoráveis para

contrariar concretização imediata do golo por parte da equipa adversária.

5) AÇÕES COLETIVAS COMPLEXAS OFENSIVAS

5.1) Funções e Tarefas

Conceito: conjunto de ações de ataque normalmente desempenhadas pelos jogadores de

acordo com a sua posição na estrutura da equipa (por exemplo, defesa-lateral) e com as

tarefas pontuais que desempenham (por exemplo, marcação de pontapé de grande

penalidade).

Objetivos: atribuir um conjunto de funções e tarefas a cumprir pelos jogadores, no

desenvolvimento do processo ofensivo da equipa.

5.2) Esquemas Táticos Ofensivos

Entendidos na mesma linha conceptual descrita nas ações coletivas elementares mas aqui

envolvendo um maior número de jogadores.

5.3) Circulações Táticas Ofensivas

Conceito: conjunto de ações individuais e coletivas de natureza ofensiva organizadas de

acordo com um conjunto de procedimentos (zonas, trajetórias e direções) previamente

planeados e pretende coordenar a circulação da bola e dos jogadores em processo

ofensivo.

Objetivos: organização coletiva do ataque através da sistematização de um conjunto de

procedimentos ofensivos.

FUTEBOL I 41
5.4) Sistema Tático

Conceito: estrutura geral de organização das ações ofensivas da equipa (por exemplo

1:4:4:2) através da qual se podem estabelecer um conjunto de tarefas, funções e

princípios de colaboração.

Objetivos: definir uma estrutura base para a equipa e um conjunto de funções e tarefas

para os jogadores.

5.5) Métodos de Jogo Ofensivo

Conceito: conjunto de ações técnico-táticas individuais e coletivas que coordenam e dão

coerência às soluções, ritmo de jogo e comportamentos a adotar pelos jogadores no

desenvolvimento do processo ofensivo e de forma adequada às diferentes situações

ofensivas.

Objetivos: criar condições favoráveis à concretização dos objetivos do processo ofensivo.

Classificação: os métodos de jogo ofensivo podem ser classificados de acordo com três

formas básicas de organização:

Ataque Continuado – manifesta-se quando após a recuperação da posse de bola

não é possível utilizar um eventual desequilíbrio defensivo da equipa adversária.

Caracteriza-se por um desenvolvimento mais pausado das ações ofensivas, por

uma elevada elaboração da fase de construção do processo ofensivo e envolve um

número elevado de jogadores que atuam em bloco na procura da criação de

situações de finalização.

Contra-Ataque – manifesta-se sempre que após a posse de bola é possível

aproveitar um eventual desequilíbrio defensivo da equipa adversária que permite

o rápido desenvolvimento do processo ofensivo. Caracteriza-se por uma rápida

circulação da bola, predominantemente em profundidade, com recurso a um

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reduzido número de passes e acompanhada movimentações rápidas dos

jogadores.

Ataque Rápido – geralmente caracteriza-se este método de jogo ofensivo de

acordo com os mesmos pressupostos do contra-ataque com a diferença de que a

criação de situações de finalização é mais elaborada e com o adversário já

organizado defensivamente. Contudo, a dificuldade que existe na sua clara

conceptualização e identificação justifica, no nosso entendimento, algum cuidado

e relutância na sua consideração.

6) AÇÕES COLETIVAS COMPLEXAS DEFENSIVAS

5.1) Funções e Tarefas

Conceito: conjunto de ações defensivas normalmente desempenhadas pelos jogadores de

acordo com a sua posição na estrutura da equipa (por exemplo, defesa-lateral) e com as

tarefas pontuais que desempenham (por exemplo, constituir barreira defensiva de

oposição à marcação de um pontapé livre).

Objetivos: atribuir um conjunto de funções e tarefas a cumprir pelos jogadores, no

desenvolvimento do processo defensivo da equipa.

5.2) Esquemas Táticos Defensivos

Entendidos na mesma linha conceptual descrita nas ações coletivas elementares mas aqui

envolvendo um maior número de jogadores.

5.3) Circulação Tática Defensiva

Conceito: conjunto de ações individuais e coletivas de natureza defensiva, organizadas de

acordo com um conjunto de procedimentos (zonas, trajetórias e direções) previamente

planeados que pretendem coordenar os deslocamentos defensivos em função da

circulação da bola e dos jogadores adversário.


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Objetivos: organização coletiva da defesa através da sistematização de um conjunto de

procedimentos defensivos.

5.5) Métodos de Jogo Defensivo

Conceito: conjunto de ações técnico-táticas individuais e coletivas que coordenam e dão

coerência às soluções, comportamentos e atitudes a adotar pelos jogadores no

desenvolvimento do processo defensivo e de forma adequada às diferentes situações

defensivas.

Objetivos: criar condições favoráveis à concretização dos objetivos do processo defensivo.

Classificação: os métodos de jogo defensivo podem ser classificados de acordo com três

formas básicas de organização:

Método Individual – manifesta-se através da utilização do tipo de marcação

individual.

Método à Zona – manifesta-se através da utilização do tipo de marcação zonal.

Embora seja comum a definição de um outro tipo de método defensivo zonal – a

Zona Pressionante – é nosso entendimento que a conceptualização dos métodos

de jogo defensivos não deve consubstanciar-se na atitude que caracteriza os seus

comportamentos. Assim, consideramos do ponto de vista conceptual apenas o

método à zona, que pode assumir uma atitude mais ou menos pressionante, em

virtude da estratégia adotada e do contexto situacional do jogo.

Método Misto – manifesta-se através da utilização combinada dos tipos de

marcação: individual e à zona.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6(3), pp. 65-73.

2. Ferreira, M.J. (1983). Uma direção programática na Formação do Praticante de Futebol.

Ludens, 8(1), pp. 45-53.

IFAB (2018). Laws of the Game 2018/19. International Football Association Board.

Disponível em: https://img.fifa.com/image/upload/khhloe2xoigyna8juxw3.pdf

3. Maças, V. & Brito, J. (2000). Os Fatores de Jogo em Futebol – as Ações Técnico-Táticas. Série

Didática: Ciências Aplicadas Nº 149. Vila Real: UTAD.

4. Queiroz, C. (1983). Para uma Teoria do Ensino/Treino do Futebol. Ludens, 8(1), pp. 25-44.

5. Queiroz, C. (1986). Estrutura e Organização dos Exercícios de Treino em Futebol. Lisboa:

Federação Portuguesa de Futebol.

6. Silveira Ramos, F. (2002). Futebol: Da “Rua” à Competição. Lisboa: CEFD.

7. Teodorescu, L. (1984). Problemas de Teoria e Metodologia nos Jogos Desportivos. Lisboa:

Livros Horizonte.

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