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Metodologias Ativas: A Sala de Aula invertida como instrumento para

desenvolvimento de novas habilidades.

Fernando Ramos Cabral1


Geane Corrêa Alves2
Ronei Batista de Alfaia3

Resumo

Com o intuito de trazer uma forma de ensinar mais dinâmica e moderna, alguns
estudiosos versaram-se sobre metodologias que viessem a trazer uma nova
perspectiva para o processo de ensino-aprendizagem, nesse processo surgiram
algumas metodologias que trouxeram um novo frescor para a prática pedagógica em
sala de aula e além, como as plataformas de ensino à distância. As Metodologias
Ativas foram pensadas com essa proposta, de renovar a educação tradicional e,
dentre os métodos dessa proposta, nos voltamos para a Sala de Aula Invertida que,
talvez, seja a que apresente a mudança mais radical quando falamos de abordagem
de ensino. O objetivo deste artigo é mostrar como a Sala de Aula Invertida pode
desenvolver novas habilidades nos alunos e quais dessas habilidades são mais
latentes. Como metodologia, utilizamos a revisão bibliográfica de artigos, dissertações
e teses pesquisadas em repositórios de artigos científicos sobre o tema em questão.
Definimos alguns subtemas que foram descritos ao longo do desenvolvimento do
trabalho. Ao final, o artigo mostra a relevância, assim como incentiva o uso de
metodologias ativas, como a Sala de Aula Invertida, que é o tema aqui abordado, no
processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Metodologias ativas. Sala de Aula Invertida. SAI. Flipped Classroom.

Introdução
Metodologias ativas, como o próprio nome sugere, indica uma quebra de
paradigma com a metodologia de ensino tradicional, de professor emissor e aluno
receptor do conhecimento. Aqui, o aluno tem um papel ativo no processo de ensino e
aprendizagem, independente da metodologia a ser aplicada, desenvolvendo
habilidades que a forma tradicional de ensinar não proporciona.

1 Graduando em Licenciatura em Matemática pelo IFAP. E-mail: fcabralr@gmail.com


2 Graduando em Licenciatura em Matemática pelo IFAP. E-mail: gg-alves94@gmail.com
3 Graduando em Licenciatura em Matemática pelo IFAP. E-mail: roneibastistaifap@gmail.com
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Neste contexto, o uso das as metodologias ativas como processo de ensino e


aprendizagem é um método inovador, pois baseiam-se em novas formas de
desenvolver o processo de aprendizagem, utilizando experiências reais ou simuladas,
objetivando criar condições de solucionar, em diferentes contextos, os desafios
advindos das atividades essenciais da prática social (BERBEL, 2011).
Dentre as diversas Metodologias Ativas que foram surgindo nos últimos
tempos, escolhemos a Sala de Aula Invertida (SAI) para fazer que, talvez, seja a que
apresente a inversão, de fato, mais radical do que conhecemos de como é uma sala
de aula tradicional.
Segundo conteúdo da FLN (2014), aprendizagem invertida é entendida como
uma abordagem pedagógica na qual a aula expositiva passa da dimensão da
aprendizagem grupal para a dimensão da aprendizagem individual, transformando-se
o espaço em sala de aula restante em um ambiente de aprendizagem dinâmico e
interativo, no qual o facilitador guia os estudantes na aplicação dos conceitos.
Para o tema proposto, restringimos e focamos nosso estudo nos alunos das
séries finais do ensino fundamental, ou seja, alunos do 8º e 9º anos.

Metodologia
Para a pesquisa proposta, optamos por uma revisão bibliográfica sobre o tema.
Para seleção dos artigos, utilizamos dois repositórios de artigos científicos como
fontes de consulta: a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações – BDTD
<https://bdtd.ibict.br> e o Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal
– RCAAP <https://www.rcaap.pt>.
Para selecionar os artigos a serem consultados e os excertos que compõem
esse artigo, elaboramos dois problemas que nortearam o nosso trabalho: De que
forma a Sala de Aula Invertida (SAI) desenvolve novas habilidades no aprendizado de
matemática, nas turmas de 8º e 9º anos do ensino fundamental? Quais habilidades
que se destacam na aplicação dessa metodologia?
E, tendo essa pergunta de partida como filtro sobre o que deveríamos
pesquisar, ela foi a base para o tema principal deste trabalho e os demais que se
seguiram.
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Referencial Teórico
As metodologias ativas, de modo geral, surgiram com a expectativa de
revolucionar as práticas pedagógicas tradicionais, estruturada em um professor
detentor e emissor do conhecimento e um aluno receptor e replicador de tal
conhecimento, durante muito tempo, isso se mostrou eficaz, porém, com o advento
de novas tecnologias e a expansão do acesso à informação, repensar e remodelar a
forma como se ensina, deixou de ser apenas interessante, como passou a ser
essencial e urgente para que a educação dos dias de hoje se adapte aos novos
tempos.
A Sala de Aula Invertida não inverte apenas a estrutura
do processo de aprendizagem, mas também transforma
os papeis de alunos e dos professores. Muito diferente
do modelo tradicional de ensino, a aula agora gira em
torna dos alunos, em que os mesmos têm o
compromisso de assistir os vídeos e fazer perguntas
adequadas, recorrendo sempre ao professor para ajudá-
lo na compreensão dos conceitos. O professor agora
está presente para dar o feedback aos alunos de modo
a esclareces as dúvidas e corrigir os erros, pois agora
sua função em sala de aula é ampará-los e não mais
transmitir informações. (BERGMANN; SAMS, 2016).

Dentre as diversas metodologias ativas que emergiram nos últimos anos, a sala
de aula invertida (flipped classroom), talvez, seja a que representa a mudança mais
radical, por assim dizer, na maneira de ensinar, onde o aluno é alçado a posição de
destaque, de agente ativo de construção do próprio conhecimento, o professor passa
a ter um papel secundário, como um tutor, repassado os materiais de estudo, que
podem ser textos ou videoaulas, estipula prazos para a produção de material e
debates entre alunos sobre os temas abordados e intervém no que achar necessário.
Como diz o nome da metodologia, há uma inversão no sentido da construção do
conhecimento, onde o aluno passa a ser o agente ativo no processo, construindo o
conhecimento e compartilhando com os demais colegas e o professor.

Sala de Aula Invertida: o despertar de novos saberes e experiências


Uma das primeiras características que se nota relacionadas a SAI é a
capacidade de diálogo com os jovens, se utilizando dos recursos tecnológicos que
temos a disposição, tanto para pesquisa como para a produção e elaboração de
conteúdos pelos alunos.
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Segundo Knuth (2016) a SAI pode proporcionar o aumento por parte da


compreensão dos alunos, facilitar a apropriação dos conceitos, estimulando a
inovação dos aprendizes, permitindo assim que ocorram aulas colaborativas e
personalizadas. Conforme o professor detecta uma dificuldade por parte do aluno,
este pode oferecer meios para a compreensão dos conceitos, com o uso das diversas
formas de instrumentos que podem ser utilizados no âmbito escolar.
Além de dialogar diretamente com o jovem de hoje, extremamente tecnológico
e conectado, a SAI trás como vantagem, também, o desenvolvimento de novas
habilidades que o ensino tradicional, em geral, não proporciona.
Bergmann e Sams (2016) apontam algumas vantagens do uso da metodologia:
• O aluno passa a ter um papel ativo, desenvolvendo um maior senso de
responsabilidade sobre seu próprio processo de aprendizagem;
• Ajuda os alunos mais ocupados, proporcionando a flexibilidade de tempo, pois
podem acessar as atividades e vídeos disponibilizados no ambiente on-line, em
um horário que melhor lhes convenha;
• Auxilia os alunos que enfrentam dificuldades no aprendizado, permitindo que o
professor tenha mais tempo na sala de aula, podendo este se dedicar mais a
sanar as dúvidas dos alunos;
• Possibilita ao aluno rever o conteúdo quantas vezes julgar necessário,
pausando e revendo os vídeos;
• Intensifica a relação professor-aluno e aluno-aluno, pois o professor passa a
conhecer melhor os seus alunos, e, através das atividades colaborativas em
grupo, os alunos interagem entre si.
Além de o aluno assumir um novo papel, o professor também passar a ter uma
função diferente, trabalhando mais como tutor, abastecendo os alunos com os
conteúdos a serem estudados em casa conduzindo a elaboração dos trabalhos e
discussões em sala. Esse processo acabar por renovar e remodelar o processo de
ensino e aprendizagem.
Para Lima, Souza & Sitko (2021), neste sentido, inverter os papéis pode ser
importante, de modo que aluno passa a ter um suporte pedagógico melhor nesse
processo, à medida em que o professor dedica uma parcela maior das aulas para
resolução de dúvidas coletiva ou individualmente, sobretudo na Matemática, que é
uma disciplina dita complexa por grande parte dos alunos da Educação
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Básica.
Além de todas as mudanças advindas pela SAI, outra mudança é a
flexibilização do tempo. Como o processo pode acontecer de maneira híbrida, com a
elaboração de vídeos pelos alunos acerca dos conteúdos estudados, então o ensino
não se restringem apenas aos horários de sala, ou seja, o processo de ensino e
aprendizagem passa a ser, quase, que contínua.
Lima, Souza & Sitko (2021) afirmam que “essa inversão tem a intenção de fazer
com que os alunos assumam papéis ativos e, sendo assim, torná-los responsáveis
por seus próprios processos de aprendizagem. Além disso, tal metodologia pode
auxiliar os alunos tanto devido à flexibilidade de horário, pois podem acessar
atividades e vídeos no ambiente on-line quando for conveniente, quanto devido à
Personalização do ensino que pode ser oferecida pelo professor, ao ser capaz de
identificar, previamente à aula, quais são as dificuldades dos seus alunos.
Outro ponto importante a se mencionar, é o incentivo precoce à pesquisa que
a SAI proporciona, afinal, essa é uma ferramenta essencial para esse aluno que será
um futuro acadêmico e que poderá enveredar pela pesquisa.
Segundo Moran (2015, p. 18), as metodologias ativas “são pontos de partida
para avançar para processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva,
de generalização, de reelaboração de novas práticas”, e sua utilização no espaço
escolar representa uma nova forma de aplicação do conteúdo, de modo a integrar o
aluno no processo educacional.
Enquanto licenciandos e futuros professores de matemática, observamos uma
presença forte da Etnomatemática na SAI pois, a aprendizagem ativa se apresenta,
segundo Paiva (2016), como um conjunto de práticas pedagógicas que tem como
centro o aluno, que passa a aprender por meio da interação pelos pares, estimulando
assim o pensamento crítico. A experiência desses alunos deve ser valorizada com a
adoção de problemas que façam parte de suas realidades, e que sejam instigados
pelo professor “a pensar, refletir, formar e expressar a sua própria opinião, sem
precisar abandonar os conhecimentos particulares de cada disciplina” (Paiva, 2016,
p. 16).

Considerações Finais
A cerca de tudo que foi exposto, podemos concluir que a utilização de
Metodologias Ativas por parte dos professores, pode ser uma maneira, extremamente,
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positiva de renovar sua prática pedagógica e, falando especificamente sobre a Sala


de Aula Invertida, observamos que ela pode abrir um leque muito grande de
possibilidades para o professor e, principalmente, para o aluno como uma maneira
nova de construção do seu conhecimento, o colocando como protagonista num
processo onde ele tinha papel apenas de receptor e de replicador de pensamentos
alheios e, as metodologias ativas veem com uma forma de desenvolver a autonomia,
autocrítica e a autoavaliação de todo o processo de ensino e aprendizagem.

Referências
BERBEL, N. A. N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de
estudantes. Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p. 25-40, jan./jun.
2011.
FLN - Flipped Learning Network. Definition of flipped learning. 12 mar. 2014, United
States of America. Disponivel em: https://flippedlearning.org/definition-of-flipped-
learning/ Acesso em 25/04/2022.

KNUTH, Liliane Redu. Possibilidades no ensino de geografia: o uso de tecnologias


educacionais digitais. 2016. 209 fls. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-
Graduação em Geografia, Instituto de Ciências Humanas, Universidade Federal de
Pelotas. Pelotas, 2016.
Bergmann, J., & Sams, A. (2016). Sala de aula invertida: Uma metodologia ativa
de aprendizagem. (A. C. C. Serra Trad). LTC.
Moran, J. (2015). Mudando a educação com metodologias ativas. In: C. A Sousa, O.
E. T. Morales (Org), Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania:
aproximações jovens. (pp. 15-33).

Paiva, T. Y. (2016). Aprendizagem ativa e colaborativa: uma proposta de uso de


metodologias ativas no ensino da matemática. (Dissertação de Mestrado).
Universidade de Brasília, Brasília, DF.

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