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```5/11/2004 Porto```

-...Não...

-NÃO? VOCÊ TEM CERTEZA QUE NÃO? OLHA PRA SUA SITUAÇÃO, DORMINDO NESSE... NESSE
CARAMBA DE LUGAR.

-POR QUE VOCÊ AGE ASSIM COMIGO? POR QUE VOCÊ COMEÇOU A SER ASSIM?

-EU NÃO ACEITO VIVER NO MESMO MUNDO QUE VOCÊ, EU NÃO ACEITO RESPIRAR O MESMO AR QUE
VOCÊ.

-QUE PROBLEMA QUE VOCÊ TEM COMIGO? ANTES VOCÊ NEM LIGAVA PRA MIM!- Ela fala, com
seus olhos cheios de lágrimas quase não conseguindo pronunciar uma palavra.

-Eu ja disse, eu, o papai, e toda a minha familia temos o poder de fazer qualquer
coisa, a gente não pode viver no mesmo mundo que vocês, isso é impossivel.

-O QUE MUDA DE MIM PRA VOCÊ? O QUE A GENTE TEM DE DIFERENTE?

-Você é lixo, eu sou luxo, você é nada, eu sou nata. O papai disse que um dia eu
poderia dizer essa frase para alguém que é menor do que eu, PARECE QUE EU ENCONTREI
ESSE ALGUÉM!- Ela empurra a menina, que cai de costas no chão de areia.

-VOCÊ NÃO AGIA ASSIM COM O ANDREW, SUA VAGABUNDA!- Outra menina aparece, com um
pedaço de madeira empunhado em suas mãos, ao lado esquerdo.

-VOCÊ... NÃO FALE DELE, ELE NÃO SE PARECIA NADA COM ELA.

-MENINA, CORRE.

Ela, sem pensar duas vezes, tenta se levantar e começa a correr para algum lugar,
algum lugar longe dali. A última coisa escutou antes de se distanciar foi um grito,
provavelmente o de Ana. Ela se senta na beirada de uma montanha, olhando pro mar,
esperando algo acontecer e pensando em tudo o que Ana falou, será que ela tava
certa? Como tudo pode se transformar em merda tão rápido? A menina que à ajudou se
senta um pouco abaixo na montanha, de costas, aparentemente a menina não viu ela
ali.

-Eh... Oi... Ta tudo bem?

-O~oi...- A menina tenta limpar as lágrimas assim que ela se aproxima e se senta ao
lado.

-Obrigada, por me ajudar... Você... Bateu na Ana? Por que você ta chorando?

-Sim... Eu bati, mas a Mirella apareceu depois, com mais uma menina e... É, deu
ruim pra mim.- Ela tenta dar um sorriso de alguma forma, com sua boca inchada.-MAS
Ó, NÃO VAI FICAR ASSIM, NÃO, QUANDO EU CHAMAR O JACK, O JAMES E O JUAN ELAS VÃO VER
SÓ~ ai... Pô... Bati no meu nariz...

-Qual é o seu nome?...

-D~Darya, e o seu?

-Victory, mas pode me chamar de Vic, ou Vi, meu pai me chama de Vi.- Ela da um
sorrisinho ao falar isso.

-Por que a Ana tava pegando no seu pé?


-Eu... Eu não sei, as coisas só tem piorado pra mim esses dias...

-Pra você também? Pode parecer que não, mas a Ana 'ta super triste.

-Dúvido, aquela vaca tem me feito de lixo todos os dias desde o mês passado.

-Bem nesse mês... Eu sabia que esse era o motivo dela ter piorado.

-Como assim? Ah, você falou sobre um tal de "Andrew", quem é esse homem?

-Era um amigo nosso... Ele meio que... Ah... Deixa quieto, não quero tocar nesse
assunto.- Escorre mais uma lágrima do olho de Darya ao terminar a frase.

-Ok... Prazer em te conhecer, Darya.- Ela sorri enquanto se levanta, dando a mão
para Darya se apoiar.

-Igualmente, Victory... Nossa...

-O que foi?

-Eu pensei numa frase de efeito bem melhor que eu podia ter usado, pra fazer uma
entrada daora, tipo um "É MELHOR VOCÊ IR EMBORA SE NÃO QUISER QUE AS COISAS PIOREM
PRA VOCÊ!"~ Ai... Ai... Bati no meu nariz, de novo...

-Eu cuido disso pra você, pode deixar.- Ela sorri

```Dias atuais, campo```

-VIC! VIC!

-OI! OI! O QUE É?!

-SE LIGA, ACHEI UM BESOURO!

-AI, QUE BONITINHO!!

-BORA PROCURAR UM POTE DE VIDRO POR AI, PRA COLOCAR ELE! TOMA, VOCÊ LEVA ELE!

Darya corre na frente, indo em direção a uma mini praia que fica ali por perto,
que costuma a ficar cheia de objetos jogados por ai, muitas vezes por crianças,
Victory segue Darya, com o besouro, e tentando, ao máximo, não deixa-lo cair.

-É possível achar um pote de vidro _intaquito_ aqui?

-Olha, talvez... Eu não vou pegar um dos potes de biscoito da mamãe, prefiro
procurar.

-Beleza...

-AH, AQUI!- Darya corre em direção a um pote de vidro que parece estar um pouco
soterrado na areia. -Olha, esse daqui 'tá bom... Espera, tem um papel dentro.

-Que? Papel?

-É, é...- Ela destampa e vira o pote ao contrário, para tirar o papel, deixando um
bocado de areia, que estava dentro, cair em suas mãos.-Porra...

-QUE? QUE FOI? O QUE QUE 'CÊ ACHOU?


Darya revira o papel e vê que tem algo escrito no seu verso também. -"Não tem
problema, obrigada Andrew, também gosto muito de você." Carinha feliz... Vic, você
lembra do Andrew?

-Era um menino que sumiu da cidade, não era? A mãe dele sequestrou ele para fazer
uns "bagulhos" errados, não foi? Coisa assim.

-Claro que não, isso é uma das histórias que a cidade inventou, a Dona Clara nunca
faria isso com o Andrew.

-Eu sei que esse nome ja me salvou uma vez.

-Sim, sim.- Darya sorri. -Ó, VOU LER A FRENTE. "Oi Ana, feliz aniversário, não pude
comprar nada, desculpa, mas eu gosto muito de você e fiz esse desenho".

Ao desdobrar o papel viram desenhos de presentes, balões, um bolo, e ao centro da


folha o que parecia ser Andrew e Ana de mãos dadas, uma data ao canto da folha
marcava o dia 23/2/2004.

-Ah... Eu lembro dessa folha, o Andrew tinha me pedido pra ajudar a pintar os
desenhos, não sabia que a Ana tinha respondido, achei que ela ia só rasgar e jogar
fora.

-Aparentemente ela tem um coração...- As duas ficam em silêncio por alguns


segundos.

-CLARO, CLARO.- Darya responde rindo.

-EXATAMENTE.- Victory ri junto. -AH, O BESOURO!

-Caraí, verdade tinha esquecido.- Darya drobra o papel e guarda num dos bolsos do
macacão

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