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Ergonomia e Fatores Humanos: uma questão de nomenclatura

Conference Paper · October 2015

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Rachel Quadros Taina A. Bueno de Oliveira

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ERGONOMIA E FATORES HUMANOS: UMA QUESTÃO DE
NOMENCLATURA

Rachel Quadros Tainá Apoena Bueno Flávio Anthero Nunes


Unochapecó de Oliveira Vianna dos Santos
Chapecó, Santa Catarina, Brasil Unochapecó Udesc
rachelquadrosfashionway@gmail.com Chapecó, Santa Catarina, Brasil Florianópolis, Santa Catarina,
tainabueno@gmail.com Brasil
flavioanvs@hotmail.com

RESUMO how to consolidate the foundations of this area of


Reflexões sobre a teoria da ergonomia e dos knowledge that sometimes is broad, but
fatores humanos para o design reforçam a sometimes is also specific. Classical scholars,
importância sobre como alicerçar os fundamentos such as Bonsiepe, point out the rise of Design as
desta área de conhecimento, ora abrangente, ora a key to understand their epistemological bases.
específica. Autores clássicos, como Bonsiepe, To point the main concepts underlying
indicam o surgimento do Design como um fator ergonomics also allows an elucidation of the
determinante para a compreensão de suas bases importance of such science and/or technology
epistemológicas. Apontar os principais conceitos directly related to the human factors, especially
que fundamentam a ergonomia também permite when the context that unites them is the
uma elucidação sobre a importância dessa ciência designing of new products and/or project services
e/ou tecnologia estando diretamente atrelada aos in Design. In this paper we present some
fatores humanos, ainda mais quando o contexto contexts and ideas that define the meaning of
que as une é a projetação de novos produtos ergonomics and human factors that contribute to
e/ou serviços de projeto na área do Design. the convergence of the meaning of these names.
Neste artigo apresenta-se alguns contextos e Through pure research, to do the work was made
ideias que definem o significado de ergonomia e use of bibliographical studies in books, articles
fatores humanos que contribuem para a and magazines, guided by authors considered
convergência do significado dessas exemplary by checking the relationship between
nomenclaturas. Por meio da pesquisa pura, para the uniqueness of the design terms, ergonomics
realizar o trabalho fez-se uso de estudos and human factors.
bibliográficos em livros, artigos e revistas,
pautados por autores considerados modelares,
verificando a relação entre a singularidade entre PALAVRAS-CHAVE: nomenclatura,
os termos design, ergonomia e fatores humanos. fundamentos, ergonomia e fatores humanos

ABSTRACT BASES TEÓRICAS DO DESIGN


Reflections on the theory of human factors and Muitas discussões no âmbito da academia
ergonomics in Design reinforce the importance of permitem questionar as bases que fundamentam

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as Teorias do Design. O entendimento da palavra Bonsiepe (1997) afirma, ainda, que o déficit
Ciência de forma abrangente pode contribuir nos aspectos teóricos do Design está ligado a
nesta deficiência teórica, o que permite, assim, uma relação mútua entre fragilidade do discurso
indagar-se sobre: o Design é uma ciência? Quais projetual e a ausência de uma teoria rigorosa.
seriam os conceitos do conhecimento que Para dar fundamento a esta ideia, o autor
direcionam os estudos do Design? A priori, pode- correlata sete aspectos que concomitam para
se direcionar estes questionamentos segundo a entender esta área de conhecimento:
linha de pensamento de Friedman (1999), que
compreender a ciência envolve três ações
conceituais: 1 - observação, 2 - experimentação 1- O design é um domínio que se pode
manifestar em qualquer área do conhecimento
e a 3 - teoria, com o objetivo de buscar respostas
e práxis.
aos fenômenos. 2- O design é orientado para o futuro.
Com base nesse pensamento, o Design possui 3- O design está relacionado ao corpo e ao
um vocabulário específico para fundamentar seus espaço, particularmente ao espaço retinal,
porém não se limitando a ele.
alicerces. Bonsiepe (1997), em sua obra Do
4- Design está linguisticamente ancorado no
material ao digital, expõe, de forma reflexiva, os campo dos juízos.
conceitos teóricos do Design e atribui um 5- O design está relacionado ao campo da
diagrama ontológico, composto conforme a inovação. O ato projetual introduz algo novo
no mundo.
Figura 01 abaixo:
6- Design se orienta na interação entre usuário e
artefato.
7- O domínio do design é o domínio da interface.
(Bonsiepe, 1997:15)

Priorizando estes aspectos não se pré-julga


entender que o Design está restrito somente à
área prática da experimentação e da observação,
também podendo ser caracterizado conforme o
ato de projetação, mediante um contexto de
significações tanto técnicas como na área da
abstração estética, uma ação teórica que
fundamenta o projeto e/ou a ideia.
Quando pontua-se a atividade do Design
como “projeto”, métodos específicos de acordo
com cada problemática na ação da concepção,
direcionam as variantes deste processo. Porém, é
Figura 01: Diagrama ontológico do design Fonte: importante ressaltar que o Design não está
Bonsiepe, Gui. 1999. Adaptado por autores. associado somente ao método; a tarefa desta
área também consiste em acoplar os produtos ao
corpo humano, visando a melhoria e a inovação
Esse diagrama responde, em partes, a na área de estudo.
compreensão do direcionamento teórico do Neste contexto, ilustra-se a tríplice em forma
Design, pois a relação entre os elementos de ciclo, não tripé triangular, pois são
usuário, ação e ferramenta constituiu-se na informações que interagem e são
interação e/ou interface entre esses aspectos. interdependentes: como um ciclo, dos elementos
Desta forma, entende-se que o Design permeia fundamentais do design como forma de reflexão
entre a linguagem visual cognitiva e a linguagem empírica generalista. A figura abaixo ilustra este
prática funcional da concepção durante a prática conceito:
projetual.

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humanos, e apontar os pontos fortes oferecidos
pela perspectiva teórica da convergência destes
termos, bem como sua relevância enquanto
ciência, favorecendo os profissionais e a área.
Para refletir e explicar acerca do problema,
buscou-se conhecimento através da pesquisa por
meio de referencial teórico, abrangendo temas
como: origem da ergonomia, correntes anglo-
saxônica ou clássica e francesa, conceitos de
ergonomia e fatores humanos, áreas e campos
de atuação de ergonomia, fundamentos do
estudo da ergonomia, métodos de fatores
humanos, microergonomia, métodos cognitivos e
comportamentais.

ORIGEM DA ERGONOMIA
Desde o começo das civilizações, o homem
buscou adaptar ferramentas e utensílios de forma
a facilitar o seu cotidiano. Nos primórdios, a sua
Figura 02: Pilares do Design. Fonte: Santos (2011). confecção era artesanal e a produção em grande
Adaptado por autores. escala dificultava essa compatibilização de
produtos ao usuário. Ao passo que a tecnologia
avançava, essas adaptações tornaram-se cada
vez mais necessárias, “evidenciando que os
A base teórica do Design é importante para fatores humanos são primordiais”. Essas
direcionar as práticas adotadas em design, por incompatibilidades entre o humano e o
isso, sua compreensão também é permeada por tecnológico evidenciou-se na Segunda Guerra
constantes mudanças: Mundial, na qual os equipamentos militares
exigiam de seus operadores decisões rápidas e
execução de atividades novas em condições
A nova realidade social, a modernização dos meios críticas, implicando em quantidade de novas
de comunicação e os impactos desses processos
nos costumes e hábitos têm desafiado os
informações, complexidade e riscos de decisões
pesquisadores da área de design a redefinirem e a que envolviam possibilidade de erros fatais.
desenvolverem novos procedimentos teórico- (MORAES, MONT’ALVÃO, 2009, p. 11 - 12).
metodológicos que possam compreender essas
mudanças e que dizem respeito aos novos modos
de “pensar, agir e projetar”, na medida em que as
antigas convenções, crenças e referências estão Uma importante lição de engenharia, proveniente
sendo pulverizadas e dissolvidas. Nesse contexto, da II Guerra Mundial é que as máquinas não lutam
há uma notória preocupação por parte de diversos sozinhas. A guerra solicitou e produziu
maquinismos e complexos, porém, geralmente,
pesquisadores do design em repensar e reconstruir
essas inovações não faziam o que se esperava elas,
orientações metodológicas e epistemológicas que
Tal ocorria porque excediam ou não se adaptavam
contemplem os processos e as transformações
às características e capacidades humanas. Por
dinâmicas, que envolvem e permeiam a complexa
exemplo, o radar foi chamado olho da armada, mas
sociedade contemporânea. (ALVARES, 2004, p.8).
o radar não vê.
Por mais rápido e preciso que seja, será quase
inútil se o operador não puder interpretar as
O presente artigo sugere a necessidade de informações apresentadas na tela e decidir a
integrar em uma única abordagem ao estudo do tempo. Similarmente, um avião de caça, por mais
veloz e eficaz que seja, será um fracasso se o
design atrelado à ergonomia e os fatores piloto não puder voá-lo com rapidez, segurança e

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eficiência (MORAES, MONT’ALVÃO, 2009, p. 13 objetivando dimensionar a estação de trabalho,
apud CHAPANIS, 1959). facilitar a discriminação de informações dos
mostradores e a manipulação dos controles.
O termo ergonomia é utilizado pela primeira
vez como ramo do saber específico, com objeto
próprio e objetivos particulares, pelo psicólogo Como cita Almeida (2011), os aspectos físicos
inglês K. F. Hywell Muffel, quando pesquisadores do trabalho e as capacidades humanas, como
formaram uma sociedade para o estudo dos seres força, postura, repetição ou alcance eram o foco
humanos em seu ambiente de trabalho – a da ergonomia anglo-saxônica. Para tanto,
Ergonomic Research Society – na qual o termo utilizavam os conhecimentos de diferentes áreas,
“trabalho” se aplicava a qualquer atividade como a antropometria, a psicologia, a fisiologia e
humana que envolvesse grau de experiência ou a biomecânica. Os estudos, prioritariamente,
esforço (PHEASANT, 1997). Entretanto, o termo eram realizados por meio de simulações dentro
ergonomia fora utilizado em 1857 pelo polonês de laboratórios, onde variáveis eram medidas.
W. Jastrzebowski em uma das suas obras, Esboço
da Ergonomia ou ciência do trabalho, baseada
[...] privilegiam as características
nas verdadeiras avaliações das ciências da
antropométricas; as relacionadas ao esforço
natureza. (MORAES; MONT’ALVÃO, 2012, p. 13). muscular, as ligadas à influência do ambiente
Para Moraes e Mont’Alvão (2009), nos países físico; as psicofisiológicas e as dos ritmos
europeus, a terminologia ergonomia é bastante circadianos. Paralelamente aos estudos destas
características pesquisam os efeitos do
utilizada; a contraponto, nos países norte-
envelhecimento, em particular os efeitos
americanos as expressões mais utilizadas são fisiológicos e psicofisiológicos. (PEQUINI, 2007).
human factors, human factors engineering,
engineering psychology, man-machine
engineering e human performance engineering. O enfoque da corrente francesa na análise
Apesar de uma distinção inicial entre as duas ergonômica é uma etapa para a intervenção
terminologias, a tendência é a unificação desses ergonômica e trata de abordar a tarefa (o que é
conceitos e definições. para fazer – trabalho prescrito) e a atividade (o
Devido a necessidade de adaptação dos seres que é feito – trabalho real). O ergonomista da
humanos ao ambiente de trabalho e a constante corrente francesa preocupa-se,
mudança do mesmo, a ergonomia passou a ser fundamentalmente, com a organização do
um objeto de estudo em constante evolução com trabalho. Sua abordagem irá responder às
a função de propor soluções que acompanhasse seguintes questões relacionadas ao trabalho: o
essa evolução. Como Ciência, a ergonomia se que faz, quem faz, como faz e de que maneira
desenvolveu em duas vertentes: a anglo- poderia fazê-lo melhor (MONTMOLLIN, 1990).
saxônica ou clássica e a francesa.

A aplicação de conhecimentos gerais e coleta de


CORRENTES ANGLO-SAXÔNICA OU dados sobre o organismo humano é descartada.
Em lugar disso, os estudos se debruçam sobre a
CLÁSSICA E FRANCESA análise em campo da atividade de operadores
O enfoque anglo-saxônico da ergonomia específicos em tarefas específicas, considerando
encontra-se voltado para os métodos e as os aspectos psicológicos do trabalho, tais como
o entendimento da tarefa, a resolução de
tecnologias. Segundo Moraes e Mont’Alvão (2009,
problemas, a fadiga mental, e a tomada de
p. 28), decisões. Os próprios trabalhadores participam
diretamente do estudo descrevendo sua
atividade. Não se procura mais melhorar o
[...] os americanos preocupam-se, trabalho de anônimos, mas sim de indivíduos
principalmente, com os aspectos físicos da reais e identificados (DARSES; MONTMOLLIN,
interface homem-máquina (anatômicos, 2006; PEQUINI, 2007 apud ALMEIDA, 2011).
antropométricos, fisiológicos e sensoriais),

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relações entre o homem e o seu ambiente de
A vantagem da ergonomia francesa é a trabalho.
aplicabilidade de métodos que resolvam os Diversas associações de representatividade
problemas encontrados em um grupo de estudo nacional, segundo Iida (2005, p.12), a mais
voltado mais para estudos cognitivos e antiga é a da Ergonomics Society
psicológicos, diferenciando, assim, da ergonomia (www.ergonomics.org.uk), da Inglaterra, e
anglo-saxônica, que recria uma situação para denomina que:
resolver um problema geral e que é voltada para
estudos antropométricos e fisiológicos. Para A ergonomia é o estudo do realcionamento entre
homem e seu trabalho, equipamento, ambiente e,
Pequini (2006), ambas são importantes, pois
particularmente, a aplicação dos conhecimentos de
utilizam métodos e técnicas de pesquisa anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos
consagrados cientificamente, visando o mesmo problemas que surgem desse relacionamento.
objetivo: o trabalhador, realizando sua tarefa em
seu local de trabalho.
Alan Wisner (1987) descreve que a
ergonomia é o conjunto de conhecimentos
CONCEITOS DE ERGONOMIA E FATORES científicos relativos ao homem e necessários à
HUMANOS concepção de instrumentos, máquinas e
Seguem abaixo algumas definições para a dispositivos que possam ser utilizados com o
ergonomia, referente a citações dos principais máximo de conforto e eficácia.
autores desta área do conhecimento, ao longo de É perceptível, nesta série de conceitos
sua história enquanto objeto de estudo. Estas, supracitados, que a ergonomia é dicotômica: ora
por sua vez, foram encontradas descritas no considerada por alguns autores como ciência, ora
portal da ABERGO (Associação Brasileira de enquanto geradora de conhecimentos. Outros
Ergonomia). autores a definem como tecnologia, por estar
Para Montmollin (1971), de forma sucinta e relacionada com sua aplicação prática de
objetiva, a ergonomia é a tecnologia das correção e de transformação. A Associação
comunicações homem-máquina. Brasileira de Ergonomia (ABERGO, 2000)
Já Grandjean (1968, p.15) reflete sobre esta (www.abergo.org.br) pontua que:
área como uma ciência:

apesar das divergências conceituais, alguns


aspectos são comuns às várias definições
A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela
existentes: a aplicação dos estudos ergonômicos; a
compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho,
natureza multidisciplinar; o uso de conhecimentos
bem como a antropometria é a sociedade no
de várias disciplinas; o fundamento nas ciências; o
trabalho. O objetivo prático da Ergonomia é a
objeto: a concepção do trabalho.
adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos,
das máquinas, dos horários, do meio ambiente às
exigências do homem. A realização de tais
objetivos, ao nível industrial, propicia uma Quando percebe-se que o homem é “palco”
facilidade do trabalho e um rendimento do esforço
central desta área de conhecimento, torna-se
humano.
imprescindível refletir, também, sobre os fatores
humanos, principalmente quando o estudo é na
Leplat (1977) aponta que a ergonomia é uma área de desenvolvimento de produtos.
tecnologia e não uma ciência, cujo objeto é a A terminologia ergonomia, muitas vezes,
organização dos sistemas homens-máquina. também é escrita como fatores humanos. No
Em contraponto, Murrel (1965) classifica a sentido do projeto de design, torna-se uma
ergonomia como uma ciência e, dessa forma, prática indiscutível abranger o pensamento
pode ser definida como o estudo científico das articulado com a ergonomia, pois sua aplicação
reflete na percepção de todas as condicionantes

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dos fatores humano. A Henry Dreyfuss psicólogo, treinamento e motivação pessoal;
Associates, uma empresa de consultoria em médico e enfermeiro, prevenção de acidentes e
design industrial, líder no mercado de dados doenças do trabalho; e o administrador, fazendo
sobre os fatores humanos pontuados ao projetos organizacionais e gestão de recursos
desenvolvimento de produto, com uma história humanos.
de 60 anos, elaborou uma fonte abrangente de Ao percebermos estas conceituações também
informações de natureza ergonômica em uma verificamos a existência de diferentes tipos de
publicação bibliográfica denominada: As medidas ergonomia, cada qual com sua especificidade,
do homem e da mulher: fatores humanos em isso segundo Iida (2005):
design, no ano de 2002. Neste referencial
bibliográfico, a Henry Dreyfuss Associates
caracteriza como fatores humanos (Dreyfuss, • Ergonomia de projeto tem a função de
prevenir no estágio do projeto;
2002, p.15):
• Ergonomia industrial faz correção de
situações já existentes;
• Ergonomia de produto, usado na concepção
O termo fatores humanos abrange tanto a fisiologia de um dado objeto;
quanto a psicologia e cobre a maioria dos fatores • Ergonomia da produção que é a ergonomia
que afetam o desempenho humano em atividades de chão de fábrica;
que envolvem ferramentas em um meio ambiente • Ergonomia de laboratório é a pesquisa em
construído. Por exemplo, a acuidade visual, ergonomia realizada em situação controlada de
audição, tato, temperatura e umidade são fatores laboratório;
que afetam o desempenho humano, mas também • Ergonomia de campo, pesquisa realizada em
são considerados outros fatores, como o situação de trabalho
treinamento e a dieta do indivíduo. Fatores
humanos são a esfera dos dados acumulados.

As diferentes abordagens de sua aplicação


fundamentam a área de atuação do ergonomista
Conforme estes apontamentos, acredita-se ou do projetista (IIDA, 2005, p.14):
que Ergonomia e fatores humanos coexistem,
pois implicam no mesmo objeto de estudo: o
homem ao interagir com ambiente, artefato e/ou • Ergonomia de concepção: ergonomia já é
ferramenta de trabalho, e ambos têm o objetivo aplicada no projeto do produto;
de melhoria desta relação no sentido do conforto • Ergonomia de correção: modificação de
situação já existente, ou seja, é aplicada em
e da adaptação.
situações já existentes;
• Ergonomia de participação: procura envolver
o usuário do sistema na solução de problemas
ÁREAS E CAMPOS DE ATUAÇÃO DA ergonômicos;
• Ergonomia de conscientização: procura
ERGONOMIA capacitar os próprios trabalhadores para a
Wisner (1987) aponta que a ergonomia identificação ou correção dos problemas
caracteriza-se pelo estudo de diversos fatores, ergonômicos.
como o homem e suas características físicas,
fisiológicas e psicológicas. Sua meta principal é a
segurança e o bem-estar do homem. Por isso, a Ainda nesta revisão das abordagens, existem
ergonomia está presente no dia a dia das três especificações sugeridas pela International
pessoas, na indústria, na rua, em casa. Assim, Ergonomics Association (IEA, 2000)
pode-se dizer que ergonomia possui caráter (www.iea.cc): a ergonomia física, cognitiva e
interdisciplinar, pois existem profissionais de organizacional:
várias áreas que fazem uso dela, como o
engenheiro, fazendo projeto e produção
• A Ergonomia organizacional relaciona-se
ergonomicamente seguros; o design,
com as melhorias de sistemas sociotécnicos, e
metodologia de projeto e design de produto; também estruturas políticas, organizacionais e

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processos, envolvendo equipes de trabalho,
comunicação, gerenciamento de recursos
humanos, projetos de trabalho, etc.
• Ergonomia Localizada compreende do local
• A Ergonomia cognitiva estuda os aspectos
de trabalho em seus aspectos físicos e
mentais de um individuo em relação ao
perceptivos, em geral com o objetivo de
trabalho, ou a um objeto, configurado pela
normatizar a atividade humana, dentro de uma
parte mental do individuo, como memória,
abordagem clássica da Ergonomia. (MORAES,
raciocínio, percepção e resposta motora.
1998)
Podendo, assim, estudar o desempenho
• Ergonomia Situada trata das relações entre
especializado do trabalhador, ou ainda, a carga
o posto de trabalho e as atividades nele
mental de trabalho dele.
realizadas ou que passam por ele, tendo o
• A Ergonomia física tem como objetivo o
objetivo de modelar a atividade de trabalho do
estudo da postura, segurança e saúde do
operador, havendo uma abordagem clássica e
trabalhador em relação ao trabalho, ou seja,
também contemporânea (GUÉRIN et al.,1991)
busca adequar à situação de trabalho, para isso
• Antropotecnologia trata das relações
é preciso ter conhecimento sobre o corpo e o
existentes entre as propostas tecnológicas e os
ambiente físico onde se desenvolve a atividade.
respectivos contextos sociais, tem sido
desenvolvida dentro de um enfoque
contemporâneo e tem por objetivo os fatores que
Estas especificações direcionam muitos contribuem para o sucesso ou fracasso da
modernização técnica e gerencial. (WISNER,
projetos de desenvolvimento de produto na área
1991, 1995)
do design. Para Gomes (2003, p.13), “esta • Macroergonomia trata da adequação da
classificação tem apenas finalidades didáticas tecnologia à organização que a pratica, com a
para compreensão de conceitos. Uma realidade finalidade de elaborar recomendações para o
redesenho organizacional, combinando
de trabalho é um sistema complexo onde cada
abordagens clássicas e também contemporâneas
um dos aspectos intervém a seu modo, porém de – ODAM (Organizational Design and
forma interdependente ou sistêmica”. Management) (HENDRICK, 1991)
Para Moraes e Mont’Alvão (2009), os métodos
avaliativos ergonômicos abrangem os seguintes
problemas: Na abordagem clássica, disseminada nos EUA
• Interfaciais; e países de língua inglesa, a atuação está na
• Instrumentais; incorporação do conhecimento sobre o ser
• Informacionais; humano no projeto das interfaces, buscando
• Acionais; identificar atributos e indicar sua otimização
• Comunicacionais; localizada por meio de uma metodologia
• Cognitivos; experimental. Já na abordagem construtivista,
• Movimentacionais; disseminada nos países de língua francesa e em
• Espaciais/Arquiteturais; desenvolvimento nos países nórdicos, o estudo
• Físico Ambientais; está na atividade de trabalho em relação a
• Químico Ambientais; transformação dos meios disponibilizados ao
• Securitários; operador mediante métodos de natureza
• Operacionais; cognitiva, interacional e compartilhável. A
• Organizacionais; diferença entre elas é que a clássica “está
• Instrucionais; centrada sobre singularidade dos episódios do
• Urbanos e Psicossociais. trabalho de um operador específico que ela
observa longamente, para poder transferí-lo a
Ao abordar a literatura sobre os campos de outras situações” (MORAES; MONT’ALVÃO, 2009,
atuação da ergonomia, Vidal (1998, p.26) aponta p. 32) e a construtivista está centrada na
que a ergonomia atua em campos específicos. organização do trabalho, em um fato, em
Esta concepção é determinada pela relação de problemas específicos. Apesar de suas diferenças,
onde a análise é realizada, subdividida nos são abordagens complementares que buscam
seguintes campos: resultados superiores.

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Para Meister (1997), o Sistema homem- entre o homem e o artefato, incluindo uma
tarefa-máquina-ambiente (SHTMA) é um conceito variedade de produtos, processos e ambientes.
crítico que a Ergonomia não poderia ser Além disso, a ergonomia centrada na
entendida sem a sua aplicação. É uma componente humana centra-se nas duas maiores
organização de componentes homem – sendo o exigências de todo procedimento científico: a
operador e/ou usuário – e máquina, sendo generalização e a medida quantitativa, segundo
qualquer objeto físico que possa ser usado para Montmollin (2005 apud BRAAZT 2007). Segundo
realizar alguma atividade - que trabalham em Braazt (2007), comenta-se a lista das
conjunto para alcançar um fim comum e estão componentes humanas, tradicionalmente
unidos entre si por uma rede de comunicações. estudadas por esta corrente, e enfatiza os itens:
Para Grandjean (1988 apud MORAES; posturas e movimentos, em especial as bases
MONT’ALVÃO, 2009, p.41), “um sistema homem- biomecânicas, fisiológicas e antropométricas.
máquina significa que o homem e a máquina têm É nesse sentido que se deve associar a sua
uma relação recíproca um com outro”. Suas prática com a utilização de métodos projetuais
principais características são: aplicados na criação de um produto (artefato)
• Interação com utensílios e/ou serviço; e estes devem estar ligados a um
• Evolução constante das tecnologias traz processo industrial de produção e mercado de
impactos aos operadores consumo. São estes métodos projetuais que
• Forte presença dos aspectos cognitivos programam, sistematicamente, a concepção da
• Existem para atender necessidades ideia, respeitando tanto aspectos técnicos,
humanas produtivos, práticos, funcionais e estéticos como
• São planejados, construídos e operados pelo os elementos cognitivos intrínsecos na
homem experiência do usuário versus artefato.
• Máquina = alta velocidade, precisão e força Relacionar a experiência humana, tanto no
• Homem = flexível e adaptável âmbito físico como psicológico, com a forma, o
manuseio e o visual é requisito básico para se
pensar um produto. Além destes aspectos, a
OS FUNDAMENTOS DO ESTUDO DA produção desta ideia deverá respeitar uma
ERGONOMIA realidade tecnológica e um contexto social, ou
Para Dul e Weerdmeester (2012), os seja, compreender o ser humano em todo seu
princípios importantes da ergonomia derivam de universo: material e não material.
outras áreas do conhecimento, entre elas estão a Pontua-se, então, aqui, uma outra designação
biomecânica, fisiologia e antropometria. Na a estes fatores, conforme Dreyfuss (2002, p.15),
biometria, são aplicadas as leis da física da
mecânica ao corpo humano, podendo, assim,
os fatores humanos abrangem tanto a fisiologia
entender como são aplicadas as tensões que
quanto a psicologia e cobre a maioria dos
ocorrem nos músculos e articulações durante o fatores que afetam o desempenho humano em
movimento ou até mesmo em alguma postura. atividades que envolvem ferramentas em um
Na fisiologia, o estudo está na demanda meio ambiente construído.
energética do coração e dos pulmões quando
submetidos a um esforço muscular. E, por fim, a
antoprometria ocupa-se das dimensões e Definir os fatores humanos conforme a
proporções do corpo humano. perspectiva do autor acima é verificar que, além
da questão humana, existem outros elementos:
ferramenta e ambiente, que são também
MÉTODOS DE FATORES HUMANOS relevantes na experiência citada anteriormente.
Human Factors, termo proveniente da A importância da ergonomia no Design, hoje,
ergonomia na corrente americana que tem como está mais abrangente, na perspectiva de
foco a compreensão da natureza das interações contribuir cada vez mais com uma maior

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valorização à “humanização do trabalho”, Os métodos existentes nesta área da
requerendo estudos cada vez mais profundos nos ergonomia organizacional, sob a óptica das ações
aspectos do conforto físico e mental, tanto corretivas e preventivas, são: método de
cognitivo quanto psíquico do homem e, se bem entrevista, grupo de foco, experimento de
exercido, pode oferecer resposta aos anseios de laboratório, pesquisa de campo e experimentação
melhoria qualitativa nos ambientes de trabalho e, de campo, ergonomia participativa, método
consequentemente, um melhor aproveitamento cognitivo passo a passo, engenharia Kansei,
dos espaços de veículos de transporte coletivo. análise HITOP (High Integration of Technology,
De uma maneira intuitiva, já se praticava Organization and People) - Alta Integração de
ergonomia desde que existe o homem. As Tecnologia, Organização e Pessoas, modelador
primeiras armas e ferramentas conhecidas já TOP, sistema CIMOP (Computer-integrated
eram adaptadas às pessoas, além disso, fazia-se Manufacturing, Organization and People) -
a seleção das pessoas mais aptas para as guerras Produção, Organização e Pessoal Integrados por
e para executar certas funções específicas. “É Computador, antropotecnologia, ferramenta de
necessário facilitar o trabalho, diminuir o Análise de Sistemas, análise macroergonômica da
desconforto, os riscos à saúde e melhorar a estrutura, análise e projeto macroergonômico.
qualidade de vida” diz Vieira (1998, p.253). É importante refletir que a ergonomia
organizacional verifica holisticamente as
condicionantes relacionadas entre pessoas,
MACROERGONOMIA tecnologias e processos, desta forma sua prática
Segundo o Stanton et al. (2005), autor do é complexa e minuciosa.
livro The Handbook of Human Factors and Nesta perspectiva, analisar de forma
Ergonomics Methods, os métodos que abrangente um sistema organizacional requer
fundamentam seus estudos e técnicas de uma percepção de todas as partes envolvidas,
avaliação estão diretamente ligados às relações uma delas são as pessoas. Um dos métodos que
organizacionais. Também denominado ergonomia abordam essa avalição na ergonomia é o método
organizacional, concerne à otimização dos em equipe, o que afirma Stanton et al. (2005).
sistemas sócio-técnicos, políticas de gestão, Estes métodos de equipe são embasados
processos de produção e desenvolvimento e teoricamente nos estudos das relações humanas,
estruturas organizacionais, ou seja, amplia uma em geral as técnicas de análises são focadas em
visão no âmbito da cultura organizacional. treinamento de grupos com o uso de ferramentas
Permeia pela clarificação de todos os aspectos e métodos que derivam do desempenho em
que envolvem uma atividade executada em um equipe, sua abrangência está para:
determinado ambiente que apresenta • distribuição e orientações de tarefas e
características físicas, econômicas, culturais e cargos,
políticas, imersas em uma cadeia de processos, a • componentes de equipe e suas respectivas
visão da macroergonomia consolida estes responsabilidades,
processos de forma a entender que eles são • avaliação de equipe,
fatores sistêmicos (tanto fatores internos como • delineamento do conhecimento das equipes,
externos ao ambiente coorporativo). • técnicas de avaliação de relacionamentos
Para Stanton et al. (2005), os métodos em uma rede.
macroergonômicos são, de maneira geral, Para Stanton et al. (2005), as ferramentas
utilizados para coletar informações sobre as abrangentes para esta análise de trabalho
tarefas, condições organizacionais, problemas de coletivo são destacadas primeiramente como
ambiente, ferramentas, tecnologias e métodos de entendimento e compreensão do
características dos indivíduos, ou também para treinamento em equipe, treinamentos em
identificar as necessidades do público a partir de ambientes de simulação, questões cognitivas e
interações entre pessoas e produtos. comportamentais (real versus virtual), como
montar equipes, como medir o conhecimento, a

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comunicação e compartilhamento de tarefas, a músculo-esquelético e também ao fator
tomada de decisões: em situações de subjetivo, à cognição da atividade cerebral.
emergência, a avaliação do comportamento em Os métodos cognitivos são embasados
equipe e o treinamento em situações para teoricamente em estudos da psicologia,
eventos inesperados. promovendo a compreensão da cognição dos
De maneira geral, estes conceitos são dados obtidos em análises de tarefas executadas.
aplicados com o intuito de perceber os fatores de Estes métodos permeiam pela tomada de decisão
relacionamento que influenciam principalmente nos seguintes fatores:
na carga de tarefas executadas, estas ações • Erros,
devem ocorrer de forma planejada e • Tempo,
sistematizada e com índice de previsibilidade • Objetivos da ação,
estratégica durante o processamento da • Decisões,
informação. • Carga de trabalho,
Ergonomia corretiva e preventiva são as áreas • Usabilidade.
de abrangência prática destes métodos de O método, de forma geral, avalia dentre as
treinamento e se caracterizam por ser uma área nove ferramentas apresentadas por Stanton et al.
complexa de análise de diferentes tarefas (2005) a proporção da capacidade mental que
executadas. Seu objetivo maior é a busca de um operador desempenha em determinadas
resultados. tarefas. Os elementos variáveis desta percepção
Por estar ligado à identificação qualitativa de de carga permeiam pelos seguintes aspectos
desempenho do usuário mediante tarefa versus físicos:
ambiente versus ferramenta, o resultado desta • pressão arterial;
análise de treinamento em equipe fornece dados • pele e estímulos sensoriais;
sobre os aspectos relativos aos conhecimentos, • respiração (ritmo e intensidade);
habilidades e atitudes dos participantes do grupo. • atividades musculares;
• atividade cerebral;
• monitoramentos dos olhos.
MÉTODOS COGNITIVOS E
COMPORTAMENTAIS Outras 15 ferramentas mais abrangentes para
De acordo com Stanton et al. (2005), a esta análise cognitiva presentes nos estudos de
ergonomia cognitiva é a área de abrangência Stanton et al. (2005) são destacadas
prática destes métodos para entendimento do primeiramente como métodos de observação,
construtor mental da tarefa, que se caracteriza aplicação de entrevista individual e/ou em grupo,
por ser uma área complexa de análise. Por estar e em outro momento como análise complexa de
ligado à identificação qualitativa de performance posto de trabalho: análise de ata verbal, tabela
do usuário mediante tarefa versus ambiente de repertório, análise hierárquica de tarefa (HTA -
versus ferramenta o resultado desta análise Hierarchical Task Analysis), alocação de funções,
cognitiva fornece dados dos processos mentais método de decisão crítica, análise aplicada do
tais como: percepção, memória, raciocínio e trabalho cognitivo, redução de erros humanos
resposta motora. sistemáticos e abordagem de revisão (SHERPA -
Percebe-se, então, que estes métodos Systematic Human Error Reduction and Prediction
avaliativos são sistemas de medição para Approach), análise de tarefas para identificação
melhoria contínua da relação entre homem de erros (TAFEI – Task Analysis for Error
versus tarefa versus situação de trabalho, Identification), carga de trabalho mental,
avaliados a partir da carga mental mais a carga métodos de compartilhamento de múltiplos
física dos operadores em ambiente de trabalho. A recursos e tempo, análise de caminho crítico para
forma de medição destes métodos vai desde a atividade multifuncional e avaliação de situação
fisiologia humana relacionada ao esforço mental, da percepção global.
às questões físicas executadas pelo sistema

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De maneira geral, estes conceitos são entender que design é uma experiência
aplicados com o intuito de perceber os fatores provocada na relação entre diferentes sujeitos:
físicos, mas principalmente os fatores cognitivos homem, artefato e ambiente. Quando o homem
que influenciam especialmente na carga mental se torna o centro desta experiência, é
durante o processamento da informação, bem fundamental vislumbrar que os fatores físicos e
como quais os estímulos sensoriais que psicológicos estão ligados à sua existência.
interagem com estes fatores. Uma área que a Definir os fatores humanos e relacionando
priori parece ser imensurável pela subjetividade com a ergonomia é verificar que, além da
das variáveis avaliadas, mas, atualmente, pela questão homem, existem outros elementos,
literatura de Stanton et al. (2005) podemos ferramenta e ambiente, que são também
identificar que esta área apresenta diversas relevantes na experiência citada anteriormente.
ferramentas e instrumentos de medição Afirmar que estudar os fatores humanos é
tecnológica e/ou não que visam captar os analisar a tarefa executada em determinado
estímulos das atividades cerebrais. Desta forma, espaço, utilizando um determinado ferramental, é
é fundamental perceber que o corpo reage também se aproximar aos conceitos da
diretamente às questões cognitivas na execução ergonomia como uma ciência mediadora destes
de uma tarefa, para então definir quais elementos. A palavra que “advém do grego
estratégias deverão ser tomadas pra controlar a ergos, que significa trabalho, e nomos, que
relação: homem versus máquina versus ambiente significa leis naturais” (DREYFUSS, 2002, p. 15),
e todas as interferências do plano material e não ergonomia apresenta uma solução para associar
material que regem nesta avaliação ergonômica. expressões similares.
O estudo propõe demonstrar que, apesar de
diferentes, fatores humanos e ergonomia são
CONSIDERAÇÕES FINAIS convergentes. A priori, fatores humanos
Ao procurar explicações sobre a relação entre aparentemente passam uma visão mais
ergonomia e fatores humanos, percebe-se uma abrangente e ergonomia uma visão clássica, mas
similaridade de conceitos, ou seja, uma ciência no fim das contas é mais uma questão de
diretamente interligada ao desempenho humano nomenclatura, pois, dependendo de como a
e sua significação depende de inúmeras variantes abordagem do problema for realizada, métodos,
na interface entre homem (físico e cognitivo), objetivos e resultados são muito semelhantes,
artefato e ambiente. Por outro lado, conhecer para não dizer iguais. Logo, o termo ergonomia,
esta área também significa visualizar diferentes com isso, tem se tornado universal.
ciências, ora comuns, ora divergentes em
conceitos, como por exemplo: relacionar a REFERÊNCIAS
experiência humana tanto no âmbito fisiológico [1] Friedman, K. Definitionsof theory. 1999.
como psicológico. Nesse aspecto há fatores como [2,3-26] Bonsiepe, G. Do material ao
audição, temperatura, acuidade visual e umidade digital.Florianópolis: FIES/IEL, 1987.
que, dentro de um ambiente construído, pode [4] Alvares, M. R. Ensino do design: a
afetar o desempenho das atividades humanas. interdisciplinaridade na disciplina de projeto em
Porém, para fatores humanos, outros dados são design. Florianópolis, UFSC Programa de pós-
utilizados, considerando o acúmulo de dados- graduação em engenharia de produção, 2004.
base para a conexão entre o humano e o [5-6-8-9-29-35-37] Moraes, A. de;
mecânico. Mont’Alvão, C. Ergonomia: conceitos e
É neste contexto que delinear o design, com aplicações. Rio de Janeiro: 2AB, 2009.
base no senso comum, apenas como uma prática [7] Pheasant, S. Bodyspace. Anthropometry,
focada na estética é uma percepção errônea. É Ergonomics and the Design of Work. London:
fundamental refletir como Bonsiepe (1997): em Taylor & Francis, 1997.
acreditar que o “domínio do design está no [10-13] Almeida, R. G. 2011. A ergonomia
domínio da interface”, desta forma, então, sob a ótica anglo-saxônica e a ótica francesa.

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