Você está na página 1de 68

Nº 149 - ISSN 0325-6960 NOVAMERICA - Rua Dezenove de Fevereiro, 160 - Botafogo CEP: 22280-030 Tel/Fax: (55) (021) 2542-6244

E-mail: novamerica@novamerica.org.br Rio de Janeiro - RJ - Brasil

Nova149Capas1&4.indd 1
Nº 149
jan-mar 2016
LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE

22/02/16 12:45
nuevamerica nº149 jan-mar 2016

Editorial

g g g g g g g g g g g g g g g

Descolonizar a educação Descolonizar la educación

E ste número da revista se debruça sobre um tema que vem ocupan-


do um espaço crescente na reflexão pedagógica latino-americana
contemporânea, e não só, mas também, informando algumas das
E ste número de la revista se asoma a un tema que está ocupando
un espacio creciente en la actual reflexión pedagógica latinoa-
mericana: es un tema que nos muestra algunas de las experiencias
experiências mais radicalmente inovadoras, que se desenvolvem más radicalmente innovadoras que se desarrollan en el ámbito de
no âmbito dos movimentos sociais que lutam pelo reconhecimento los movimientos sociales que luchan por el reconocimiento de los
dos direitos de povos e grupos subalternizados, e, ao menos no caso derechos de los pueblos y de los grupos subalternizados. Dichas
particular da Bolívia, traduzindo-se em políticas públicas de educação. experiencias, en el caso particular de Bolivia, se traducen en políticas
Trata-se da educação descolonial, ou melhor, como alguns dos nossos públicas de educación. Se trata de la educación descolonial, o como
autores preferem, da educação decolonial, assumindo estes que essa algunos de nuestros autores prefieren denominarla, la educación deco-
segunda formulação ultrapassa a mera dimensão da denúncia e lonial, llamada así por considerarse que esta segunda formulación no
incorpora uma perspectiva mais propositiva. solo va más allá de la mera dimensión de denuncia, sino que además
incorpora una perspectiva propositiva.
Como afirma a professora Vera Candau, em sua entrevista, é preciso,
antes de mais nada, ter clareza sobre o de que estamos falando, quan- Como afirma la profesora Vera Candau en la entrevista, es necesario,
do abordamos o tema da descolonização. Não se está remetendo, ao antes que nada, tener claro sobre qué se habla cuando se aborda el
menos diretamente, aos processos históricos através dos quais os paí- tema de la descolonización. No se remite, al menos no directamente,
ses latino-americanos conquistaram a sua independência política. Mas a los procesos históricos a través de los cuales los países latinoameri-
se está assumindo, isso sim, que a violência que marcou os processos canos conquistaron su independencia política, sino a la violencia que
de colonização dos povos latino-americanos afetou profundamente as marcó esos procesos de colonización de los pueblos latinoamericanos
nossas realidades e que existe um legado da colonização que subsiste y que afectó profundamente nuestras realidades. Existe un legado de
até hoje. Ou seja, a descolonização é uma necessidade contemporânea. la colonización que subsiste hasta hoy, por lo tanto, la descolonización
es una necesidad contemporánea.
Desse ponto de vista, importa ressaltar, como afirma Susana Sacavino,
que a colonização é o modus operandi da globalização hegemônica Desde ese punto de vista, interesa resaltar, tal como lo afirma Susana
neoliberal e que se configurou historicamente como um componente Sacavino, que la colonización es el modus operandi de la globalización
constitutivo da modernidade imposta universalmente a partir de um hegemónica neoliberal y que la misma se configuró históricamente
referente basicamente eurocêntrico. Nas palavras desta autora: como un componente constitutivo de la modernidad impuesta uni-
versalmente a partir de un referente básicamente eurocéntrico. En
Uma educação descolonizadora e intercultural implica considerar que
las palabras de la autora:
não existe mais um centro, dominador, superior e organizador que se
identifica com uma única cultura que se coloca como medida e referência Una educación descolonizadora e intercultural implica considerar que
das outras culturas. Ao contrário, implica o reconhecimento de que todas no existe más un centro, un dominador, un superior y organizador que
as culturas são incompletas e que vivemos num contexto de diversidade se identifica con una única cultura, la cual es puesta como medida y re-
e pluralismo cultural que nos exige um olhar crítico da realidade e da ferencia de las otras culturas. Por el contrario, implica el reconocimiento
ordem dominante. (p. 20) de que todas las culturas son incompletas y que vivimos en un contexto
de diversidad y pluralismo cultural que nos exige una mirada crítica de
É por essa razão que, segundo essa mesma autora, três aspectos são
la realidad y del orden dominante. (p. 20)
fundamentais para a construção de uma educação descolonizadora
e intercultural: a descolonização dos conhecimentos, a descolonização Es por esa razón que, también según Sacavino, tres aspectos son fun-
das subjetividades e a descolonização da história e do poder. damentales para la construcción de una educación descolonizadora e
intercultural: la descolonización de los conocimientos, la descolonización
O conjunto de textos que compõem esse número da revista trazem
de las subjetividades y la descolonización de la historia y del poder.
subsídios para aprofundar não só na compreensão dessa temática,
mas oferecem também elementos que nos permitem apreender, El conjunto de textos que componen este número de la revista no
através de algumas experiências concretas, as implicações e o sentido solo es un subsidio para que podamos profundizar en la comprensión
que se vem dando a essas propostas, de uma forma geral, vinculadas del tema, sino que además nos ofrece elementos que nos permiten
aos movimentos sociais latino-americanos e que tem, entre os seus aprehender, por medio de algunas experiencias concretas, las impli-
antecessores, sem sombra de dúvida, a pedagogia do oprimido de cancias y el sentido que de manera general son inherentes a dichas
Paulo Freire, como assinalam Ivanilde Apoluceno de Oliveira e João propuestas. Estas se vinculan a los movimientos sociales latinoame-
Colares Neto. ricanos y, sin duda alguna, tienen como referente la pedagogía del
oprimido de Paulo Freire, tal como señalan Ivanilde Apoluceno de
Para concluir, gostaríamos de trazer aqui as palavras de Maria del
Oliveira y João Colares Neto.
Rosario Alves Esteves, outra de nossas autoras, que acentua que
descolonizar é um processo, um movimento que se realiza junto com Para concluir, quisiéramos traer las palabras de María del Rosario Alves
outros, e através do qual os primeiros transformados são os próprios Esteves, otra de nuestras autoras, quien subraya que descolonizar es
sujeitos e grupos, através de suas práticas, ações e objetivos. É por un proceso, un movimiento que se realiza junto con otros y por medio
isso que, para essa autora, a educação descolonizadora implica em del cual los primeros transformados son los propios sujetos y grupos a
“transformar, transformando-se” e é esse o desafio a que somos todos través de sus prácticas, acciones y objetivos. Es por ello que, para dicha
e todas convocados/as. autora, la educación descolonizadora implica “transformar, transfor-
mándose”. Y este es el desafío al que todos/as estamos llamados/as.

Nova149.indd 1 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

g
Sumário
g g g g g g g g g g g g g g

pág, 4
Entrevista Vera Maria Candau • Brasil
Educação descolonizadora: construindo caminhos
Educación descolonizadora: construyendo caminos

g
pág, 18
Educação descolonizadora e interculturalidade
Susana Sacavino • Brasil

pág, 24
Prácticas educativas descolonizadoras en la escuela
Cecilia Villalva García • México

g
pág, 25
Educación descolonizadora: “transformar, transformándose”
Rosario Alves Esteves • Uruguai

pág, 30
Comunidades quilombolas e suas lutas por uma escola “outra”
Ediléia Carvalho • Brasil

g
pág, 31
Notas sobre la descolonialidad de la educación
desde una experiencia docente
Dania López e Boris Marañón • México

g
pág, 35
O que é uma educação decolonial?
Luiz Fernandes de Oliveira • Brasil

pág, 40
Educación descolonizadora: un camiño de educación propia
Lucrecia Noemí Marcelli • Argentina

g g g g g g g g g g g g g g g

Nova149.indd 2 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

g g g g g g g g g g g g g g g

pág, 41
Construyendo alternativas
a partir de la educación descolonizadora
Rina López Villarroel • Bolívia
pág, 45
Colonialidade epistêmica e educação insurgente no zapatismo
Cheron Zanini Moretti • Brasil

g
pág, 46
Escuela y currículo intercultural:
una experiencia educativa en los andes peruanos
Cecilia Eguiluz Duffy • Peru

g
pág, 49
O pensamento de Paulo Freire:
contribuições e perspectivas descolonizadoras
Ivanilde Apoluceno de Oliveira e João Colares da Mota Neto • Brasil
pág, 53
Pedagogía, colonialismo y psicopolítica. El caso mapuche en Chile
Sergio Caniuqueo Huircapan • Chile

g
pág, 54
Educación zapatista, autonomía y descolonización
en los pueblos mayas de Chiapas
Bruno Baronnet • México
pág, 59
Os orixás (deuses) do panteão iorubá:
uma prática pedagógica decolonial
Eliane Almeida de Souza e Cruz • Brasil

g
pág, 60
Mosaico

g g g g g g g g g g g g g g g

Nova149.indd 3 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

Entrevista
g g g g g g g g g g g g g g g

Vera Maria Ferrão Candau

P ossui graduação em Pedagogia pela


Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro e Doutorado e Pós-doutorado em
Educação pela Universidad Complutense de Madrid.
Realizou também estudos no nível de pós-graduação
na Universidade Católica de Louvain (Bélgica).
Atualmente é professora emérita do Departamento
de Educação da Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro. Assessora experiências e projetos
socioeducativos no país e no âmbito internacional,
particularmente em países latino-americanos.
Tem ampla experiência de ensino desde a escola
básica aos cursos de licenciatura, mestrado e doutorado.
É coordenadora do grupo de Pesquisas sobre
Cotidiano, Educação e Cultura(s), através do qual tem
desenvolvido sistematicamente pesquisas sobre as
relações entre educação e cultura(s). Suas principais
áreas de atuação são: educação multi/intercultural,
cotidiano escolar, didática, educação em direitos
humanos e formação de educadores/as.
É pesquisadora do CNPq.

vmfc@puc-rio.br

Nova149.indd 4 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

Educação des- Educación des-


colonizadora: colonizadora:
construindo construyendo
caminhos caminos

g g g g g g g g g g g g g g g

Gostaria de começar nossa conversa Para comenzar, quisiera preguntarle qué


perguntando: o que você entende por entiende usted por descolonización.
descolonização?
En primer lugar debemos preguntarnos por qué el
Em primeiro lugar, uma pergunta que temos que tema de la descolonización tiene tanta relevancia
nos fazer é: porque esse tema da descolonização hoy en las Ciencias Sociales y en la Educación, sobre
adquire relevância hoje nas Ciências Sociais e na todo en América Latina. Y en segundo lugar, otra
Educação, particularmente na América Latina? pregunta que debemos hacernos, y que se conec-
Além disso, conectada com essa questão precisa- ta con la primera, es a qué nos referimos cuando
mos fazer uma outra pergunta: do que estamos abordamos dicho tema.
falando quando abordamos o tema da descolo-
nização? Recientemente estuve en un seminario que tra-
taba de la educación en la actualidad y uno de
Recentemente, estive em um seminário sobre los miembros de una mesa redonda habló sobre
questões da educação hoje e um dos membros de descolonización. Una persona que estaba al lado
uma mesa redonda falou sobre descolonização e mío, comentó: “¿pero esto no es algo ya viejo?”.
uma pessoa que estava ao meu lado comentou: Esta pregunta deja en evidencia que es importante
mas isso não é uma coisa antiga? Esta pergunta analizar de qué hablamos cuando tratamos el tema
evidencia que é importante analisar de que esta- de la descolonización en los días de hoy. No nos
mos falando quando tratamos da descolonização referimos a la búsqueda de una independencia po-
na atualidade. Não estamos falando da busca de lítica y jurídica, puesto que todos los países latinoa-
uma independência política e jurídica, porque mericanos ya la conquistaron. O sea, no somos más
todos os países latino-americanos já a conquista- colonia. Somos todos países independientes, por lo
ram e, portanto, não somos mais colônias. Somos tanto no estamos aludiendo a la lucha de los países
todos países independentes, ou seja, não estamos para conquistar su independencia. Ya superamos el
falando dessa luta dos países para conquistarem largo proceso de colonización que sufrimos, por lo
suas independências. Neste sentido, já superamos menos desde el punto de vista político.
o longo processo de colonização que sofremos,
pelo menos do ponto de vista político. Sin embargo, precisamos considerar otro aspecto:
el proceso de colonización de los pueblos latinoa-

Nova149.indd 5 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

No entanto, temos de considerar um outro aspecto: inferiorização, subalternização, negação de todos


o processo de colonização dos povos latino-ame- os grupos, saberes, cosmovisões e buscas que não
ricanos, além de longo e marcado por diferentes assumam tal perspectiva.
violências e processos de genocídio e escravização
de diversos povos, afetou profundamente nossas Parece-me que esse é o substrato comum, a partir
realidades. Existe um legado da colonização que do qual se situam os processos e as preocupações
subsiste até hoje. Neste sentido, a descolonização com as buscas de uma descolonização. Porque,
é uma necessidade também dos dias de hoje. Trata- nesse contexto, a descolonização seria reconhecer
se de um processo difícil de definir, uma reflexão esses processos de colonização a que estamos
em construção e que pode assumir diferentes pers- submergidos e suas consequências e, por outro
pectivas. Creio que, então, é importante considerar lado, denunciar as relações de assimetria, desi-
a possibilidade de diferentes leituras no que diz gualdades, negação do “outro” que são reforçadas
respeito a essa preocupação com a descolonização. e provocadas por esse processo e privilegiar - para
Nesse caso, vou tratar aqui de uma dessas perspec- se conseguir uma lógica diferente - o que acontece
tivas, tendo presente que não é a única. no que poderíamos chamar de as “margens” desse
sistema, as zonas do “não reconhecimento”, “do não
Talvez, o que possa ser considerado como subs- ser”, “do não saber” daqueles e daquelas que são ne-
trato comum a toda essa reflexão é o fato de que gados/as pela lógica dominante para, então, poder
é possível afirmar que o processo de descoloniza- visibilizar esses sujeitos e essas outras e diferentes
ção não pode ser reduzido a processos políticos e formas de “poder”, saber” e “ ser” que assumem ou-
jurídicos. Ele é um processo muito mais profundo, tras lógicas e cosmovisões para, a partir daí, poder
que penetrou as nossas mentalidades, as lógicas se situar e transformar a realidade.
e imaginários sociais, as nossas subjetividades,
as nossas formas de nos situarmos no mundo, as Nesse sentido, os processos de descolonização
nossas culturas e epistemologias. E esse processo estão fortemente articulados aos movimentos
colonizador continua agindo nas dinâmicas de sociais que têm se desenvolvido de uma maneira
nossas sociedades. E agindo a partir de novas significativa na América Latina e que são movimen-
configurações. tos sociais de caráter étnico, ecológico, de gênero,
entre outros, e que questionam essa lógica e que
Que novas configurações seriam essas? procuram construir outros caminhos que possam
estar muito mais de acordo com as suas culturas, as
As novas configurações desse processo que pode- suas cosmovisões, as suas maneiras de proceder, a
mos chamar de colonização vão sendo dadas pela produção de saberes. Trata-se, desse modo, de uma
globalização capitalista hegemônica, pelas políti- outra perspectiva que quer construir um mundo
cas neoliberais e têm como característica principal mais polifônico.
se afirmar como se existisse uma única, verdadeira,
legítima e superior maneira de organizar a vida so-
cial, de produzir conhecimentos, de reconhecer os g g g g g g g g g
atores sociais. É a ideia de que existe um horizonte
comum, que toda a humanidade deve assumir e É a ideia de que existe um horizonte
que tem por base uma única lógica, a lógica oci-
dental, considerada uma lógica humanitária, uma comum, que toda a humanidade
lógica civilizatória, uma lógica que vai produzir deve assumir e que tem por
uma humanidade melhor e que, segundo vários
autores, é uma lógica que se desenvolve em uma base uma única lógica, a lógica
perspectiva euro-usa-cêntrica. Nesse sentido, seria ocidental, considerada uma
essa a perspectiva que traria desenvolvimento para
o mundo e que, portanto, se trata de desenvolver
lógica humanitária, uma lógica
processos e pessoas capazes de afirmá-la. civilizatória, uma lógica que vai
Essa lógica penetra desde os nossos desejos de
produzir uma humanidade melhor e
consumo até as relações internacionais que estão que, segundo vários autores, é uma
hegemonizadas pelo Norte global. Nesse sentido,
essa lógica vai acentuar processos históricos e pro-
lógica que se desenvolve em uma
vocar novas formas de desigualdade, minimização, perspectiva euro-usa-cêntrica.
6

Nova149.indd 6 22/02/16 12:22


nuevamerica

mericanos, además de haber estado marcado por
nº149 jan-mar 2016

Es la idea de que existe un


diversas violencias, por genocidios y esclavización


de distintos pueblos, afectó profundamente nues- horizonte común que toda la
tras realidades. Existe un legado de la colonización humanidad debe asumir y que se
que subsiste hasta hoy. Por lo tanto, la descoloni-
zación es una necesidad también en los días de basa en un único fundamento: la
hoy. Se trata de un proceso difícil de definir, de lógica occidental considerada
una reflexión en construcción que puede asumir
diferentes perspectivas. Es importante saber que humanitaria, civilizatoria, una
existen diferentes lecturas sobre el tema. Aquí voy lógica que conduce a una
a tratar apenas de una de esas perspectivas, pero
vale tener en cuenta que esta no es la única. humanidad mejor y que, según
varios autores, se desenvuelve
Probablemente el sustrato común a toda esa re-
flexión sea la posibilidad de afirmar que el proceso siguiendo una perspectiva
de descolonización no puede reducirse a procesos euro-usa-céntrica.
políticos y jurídicos. Se trata de un proceso mucho
más profundo que penetró nuestras mentalidades, g g g g g g g g g
las lógicas y los imaginarios sociales, nuestras
subjetividades, nuestra forma de situarnos en el
mundo, nuestras culturas y epistemologías. Y ese ¿A qué nuevas configuraciones
proceso colonizador sigue actuando en las diná- se refiere?
micas de nuestras sociedades. Y lo sigue haciendo
a partir de nuevas configuraciones. Las nuevas configuraciones de ese proceso, que
podríamos llamar de colonización, son definidas
por la globalización capitalista hegemónica y
por las políticas neoliberales. Ya su característica
principal es afirmarse como si hubiera una única,
verdadera y legítima manera de organizar la vida
social, de producir conocimientos, de reconocer
a los actores sociales. Es decir, una manera que
es superior a las otras. Es la idea de que existe un
horizonte común que toda la humanidad debe
asumir y que se basa en un único fundamento: la
lógica occidental considerada humanitaria, civili-
zatoria, una lógica que conduce a una humanidad
mejor y que, según varios autores, se desenvuelve
siguiendo una perspectiva euro-usa-céntrica. Esta
es la visión que supuestamente traería el desarrollo
para el mundo y por eso es necesario que haya
procesos y personas que la reafirmen.

Esa lógica penetra desde nuestros deseos de con-


sumo hasta las relaciones internacionales que son
hegemonizadas por el Norte global. Y es esa lógica
también la que va a acentuar procesos históricos y
provocar nuevas formas de desigualdad, minimi-
zación, inferiorización, subalternización, negación
de todos los grupos, saberes, cosmovisiones y bús-
quedas que no asuman esta perspectiva.
Foto Rodolpho Oliva

A mí me parece que es ese el sustrato común a


partir del cual se situan los procesos y las preocupa-
ciones con las búsquedas de una descolonización.
Porque, dentro de ese contexto, la descolonización

Nova149.indd 7 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

Tendo presente essa outra lógica, O primeiro passo, no sentido


gostaria de perguntar: o que


significa, então, uma educação de construir uma educação
descolonizadora? Em outras descolonizadora é tomar
palavras, que aspectos considerar
quando falamos de uma educação consciência de que, também na
descolonizadora? educação, vivemos atualmente
Em primeiro lugar, para nos situarmos nessa outra uma lógica profundamente
lógica é preciso tomar consciência de que a visão homogeneizadora, que tem
hegemônica da educação e, particularmente, da
escola está configurada pela perspectiva do que muita dificuldade de lidar
chamamos de modernidade ocidental e que privile- com as diferenças, sejam elas
gia um determinado modelo de organização social,
bem como um determinado modo de conceber diferenças étnicas, linguísticas,
tanto a organização escolar, como os saberes, os de gênero, etc. Nesse caso,
valores e as práticas pedagógicas que a educação
escolar precisa desenvolver. Sempre partindo de essas diferenças são vistas
um modelo no sentido de que a educação respon- muito mais como problemas.
da às exigências de uma sociedade considerada
moderna. Essa lógica é coerente, portanto, com g g g g g g g g g
aquela visão colonizadora de que tratamos ante-
riormente.
vivemos atualmente uma lógica profundamente
Por sua vez, hoje, também esse formato escolar homogeneizadora, que tem muita dificuldade de
- que pretende desenvolver uma lógica homoge- lidar com as diferenças, sejam elas diferenças étni-
neizadora, padronizadora, de uma escola única cas, linguísticas, de gênero, etc. Nesse caso, essas
que dê conta da realidade - tem novas formas de diferenças são vistas muito mais como problemas
configuração. Assim, por exemplo, grande parte e o papel da escolarização é considerado em uma
dos sistemas escolares em diferentes países - há perspectiva assimilacionista, à qual os diferentes
pouquíssimas exceções -
está marcado pelas formas
de avaliação em larga escala,
não só do ponto de vista na-
cional como internacional.
E essas formas de avaliação
em larga escala são geradas
por matrizes culturais e
intelectuais normalmen-
te oriundas dos países do
Norte; são promovidas por
organismos internacionais
e todos os nossos países
ficam, de alguma forma,
obrigados a colocá-las em
prática e elas acabam por
impregnar todo o sistema
educacional com a sua
lógica.

Assim sendo, o primeiro pas-


Foto João Ripper

so, no sentido de construir


uma educação descoloniza-
dora é tomar consciência de
que, também na educação,

Nova149.indd 8 22/02/16 12:22


nuevamerica

busca reconocer los procesos de colonización en
nº149 jan-mar 2016

los que estamos sumergidos, así como sus conse- En primer lugar, para ubicarnos en esa otra lógica
cuencias. Por otro lado, busca también denunciar es necesario tomar consciencia de que la visión he-
las relaciones de asimetría, de desigualdad, de gemónica de educación y, sobre todo, de la escuela
negación del “otro” que se ven reforzadas y que se encuentra configurada por la perspectiva de lo
son provocadas por ese proceso. Privilegiar -para que llamamos modernidad occidental. Esa visión
que sea posible una lógica diferente- aquello que privilegia un determinado modelo de organización
llamaríamos de las “márgenes” de dicho sistema, social. Una determinada manera de concebir tanto
es decir, las zonas del “no reconocimiento”, del “no la organización escolar como los saberes, los valo-
ser”, del “no saber”, de aquellos y aquellas que son res y las prácticas pedagógicas que la educación
negados/as por la lógica dominante, es visibilizar escolar precisa desarrollar. Siempre partiendo de
a esos sujetos y a esas otras y diversas formas de un modelo en el que la educación responda a las
“poder”, “saber” y “ser” que asumen otras lógicas y exigencias de una sociedad considerada moder-
cosmovisiones. Y a partir de allí es posible situarse na. Por consiguiente, esa lógica es coherente con
y transformar la realidad. aquella visión colonizadora que tratamos antes.

Siendo así, los procesos de descolonización se en- A su vez, también hoy ese formato escolar que pre-
cuentran fuertemente vinculados a los movimien- tende desenvolver una lógica homogeneizadora,
tos sociales que se han desarrollado de manera uniformizadora, de una escuela única que pueda
significativa en América Latina. Son movimientos abarcar toda la realidad, tiene nuevas formas de
sociales de carácter étnico-religioso, de género, configuración. Por ejemplo, gran parte de los sis-
entre otros, que cuestionan esa lógica dominante temas escolares en diferentes países –con poquísi-
y que buscan construir otros caminos más acordes mas excepciones– está marcado por las formas de
con sus culturas, sus cosmovisiones y sus maneras evaluación en larga escala, no solo del punto de
de proceder, de producir saberes. Se trata, por lo vista nacional, sino también internacional. Y esas
tanto, de una perspectiva distinta que se esfuerza formas de evaluación son generadas por matrices
para construir un mundo más polifónico. culturales e intelectuales normalmente oriundas
de los países del Norte. Son promovidas por orga-
Teniendo presente esa otra lógica, nismos internacionales y entonces nuestros países
me gustaría preguntarle: ¿En qué quedan obligados, de alguna manera, a ponerlas
consiste, entonces, la educación en práctica, con lo cual acaban impregnando todo
descolonizadora? En otras palabras, el sistema educacional con su lógica.
¿qué aspectos debemos considerar
cuando hablamos de ella? Por eso, el primer paso para construir una edu-
cación descolonizadora es tomar consciencia de
que también en la educación vivimos actualmente
g g g g g g g g g dentro de una visión profundamente homogenei-
zadora que presenta muchas dificultades para lidiar
El primer paso para construir con las diferencias, ya sean las diferencias étnicas,
una educación descolonizadora lingüísticas, de género, etc. Las mismas, en realidad,
son vistas mucho más como problemas y el rol de
es tomar consciencia de que la escolarización es visto desde una perspectiva asi-
también en la educación vivimos milacionista, en la que todos los diferentes grupos
sociales tienen que integrarse a esa visión común
actualmente dentro de una visión de sociedad, de cuya construcción los grupos sub-
profundamente homogeneizadora alternizados no participaron. Y la educación tiene
que presenta muchas dificultades que estar al servicio de dicha asimilación, de dicha
homogeneización, de dicha uniformización, y bus-
para lidiar con las diferencias, car no solo minimizar las diferencias, sino también
ya sean las diferencias étnicas, promover la asimilación al sistema dominante.

lingüísticas, de género, etc. Las Es dentro de ese contexto que la educación des-
mismas, en realidad, son vistas colonizadora se va a desarrollar y se va a ubicar en
un punto de visión radicalmente distinto. Dicha
mucho más como problemas. educación coloca las diferencias en el centro de su

Nova149.indd 9 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

Ela vai colocar no centro as


diferenças. Ela vai considerar as
diferenças como riqueza e vai
apostar na pluralidade. Ela vai
construir processos educacionais
que sejam sensíveis às diferenças
culturais, étnicas, de gênero,
linguísticas e que apostem que
reconhecer essas diferenças,
apostar nessas diferenças e
colocar essas diferenças em
diálogo é uma riqueza. Esse é
um aspecto que a educação
Foto João Ripper

descolonizadora não pode


deixar de considerar.
g g g g g g g g g Uma terceira característica da educação descoloni-
zadora é apoiar as buscas de grupos e movimentos
sociais subalternizados, no sentido da construção
grupos sociais têm que, de alguma forma, se de dinâmicas para afirmarem suas próprias identi-
integrar. Além disso, com uma visão comum de dades, seus saberes e suas práticas específicas, bem
sociedade, da qual os grupos subalternizados não como de projetos de educação que sejam capazes
participaram de sua construção, e a educação de estarem em consonância com essas buscas.
tem que estar a serviço dessa assimilação, dessa
homogeneização, dessa padronização, procurando Nesse sentido, é importante registrar que, na Amé-
minimizar as diferenças e promover a assimilação rica Latina já há uma corrente de pensamento nesta
ao sistema dominante. perspectiva que tem tido nos últimos anos um
significativo desenvolvimento em diferentes países,
É nesse contexto que a educação descolonizadora assim como promovido a construção de propostas
vai se desenvolver. Nesse sentido, ela vai se situar a educativas do ensino básico à universidade.
partir de um ponto de vista radicalmente diferente.
Ela vai colocar no centro as diferenças. Ela vai con- Outro elemento que considero muito importante
siderar as diferenças como riqueza e vai apostar na perspectiva da educação descolonizadora é
na pluralidade. Ela vai construir processos educa- que ela promove espaços de diálogo entre os sa-
cionais que sejam sensíveis às diferenças culturais, beres socialmente reconhecidos e hegemônicos,
étnicas, de gênero, linguísticas e que apostem e saberes “outros” produzidos pelos grupos sociais
que reconhecer essas diferenças, apostar nessas subalternizados, inferiorizados. Parece-me que esse
diferenças e colocar essas diferenças em diálogo é um dos pontos fundamentais da educação desco-
é uma riqueza. Esse é um aspecto que a educação lonizadora: a troca de saberes. A sua capacidade de
descolonizadora não pode deixar de considerar. reconhecer que não existe uma única maneira de
produção de conhecimentos, o que significa dizer
Por outro lado, a educação descolonizadora vai que a educação descolonizadora reconhece que há
favorecer processos de desconstrução das co- diferentes maneiras de produzir conhecimentos,
lonizações que estão presentes e que afetam as coloca esses conhecimentos em diálogo e, muitas
subjetividades, as mentalidades e os imaginários. vezes, em confronto, levando em conta que isso vai
Junto com a afirmação das diferenças ela tem, produzir uma riqueza muito maior de compreensão
consequentemente, um papel de desconstrução. da realidade em que vivemos.

10

Nova149.indd 10 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

Dicha educación coloca las


diferencias en el centro de su
atención, las considera como
una riqueza y apuesta en la
pluralidad. Va a construir procesos
educacionales que sean sensibles
a las diferencias culturales,
étnicas, de género, lingüísticas y
que apuesten en el reconocimiento
de las mismas. Apostar en las
diferencias y hacerlas dialogar es
una riqueza. Ese es un aspecto que
la educación descolonizadora no
puede dejar de considerar.
g g g g g g g g g

atención, las considera como una riqueza y apuesta


en la pluralidad. Va a construir procesos educacio- propuestas educativas que van de la enseñanza
nales que sean sensibles a las diferencias culturales, básica a la universidad.
étnicas, de género, lingüísticas y que apuesten en
el reconocimiento de las mismas. Apostar en las Otro elemento de la educación descolonizadora
diferencias y hacerlas dialogar es una riqueza. Ese que considero muy importante es la promoción de
es un aspecto que la educación descolonizadora espacios de diálogo entre los saberes socialmente
no puede dejar de considerar. reconocidos y hegemónicos y los saberes “otros”,
que producen los grupos sociales subalternizados
Por otro lado, la educación descolonizadora va e inferiorizados. Yo creo que el intercambio de sa-
a favorecer procesos de desconstrucción de las beres es uno de los puntos fundamentales de dicha
colonizaciones que están presentes y que afectan educación. El hecho de reconocer que no existe una
a las subjetividades, a las mentalidades y a los ima- única manera de producir conocimiento -y que, por
ginarios. Junto con la afirmación de las diferencias, lo tanto, existen otras– hace que los conocimientos
la misma tiene, como consecuencia, el rol de la dialoguen y muchas veces se enfrenten. Todo ese
desconstrucción. movimiento produce una comprensión mucho más
rica de la realidad en que vivimos.
Una tercera característica de la educación descolo-
nizadora es dar apoyo a las búsquedas de grupos y Por otro lado, creo que es posible afirmar que la
movimientos sociales subalternizados, en el senti- educación descolonizadora se encuentra articula-
do de construir no solo dinámicas para que puedan da con la perspectiva crítica de educación, con el
afirmar sus propias identidades, sus saberes y sus movimiento de la educación popular -considero
prácticas específicas, sino también proyectos de que hay elementos comunes-, principalmente con
educación que sean capaces de armonizar con las ideas de Paulo Freire formuladas para pensar
esas búsquedas. la educación en nuestro continente, y también
con la educación intercultural y con la perspectiva
De esta manera, es importante dejar registrado decolonial.
que en América Latina ya existe una corriente de
pensamiento dentro de esa perspectiva, que ha Cabe observar que esas diferentes corrientes nacen
adquirido un desarrollo significativo en diversos en momentos históricos y en contextos diversos.
países, y que ha promovido la construcción de Sufren una evolución propia, tienen autores es-

11

Nova149.indd 11 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

Por outro lado, creio que é possível afirmar que a na busca de uma alternativa que se confronte

educação descolonizadora está articulada com a com a visão que nega todas as possibilidades de
perspectiva crítica da educação, com o movimen- valorizar e afirmar as diferenças em suas diferentes
to da educação popular - creio que há elementos dimensões.
comuns -, principalmente com as ideias de Paulo
Freire formuladas para pensar a educação em nosso Fale um pouco mais sobre as
continente. Também com a educação intercultural características da educação
e com a perspectiva decolonial. descolonizadora.

Vale observar que essas diferentes correntes Outro elemento que caracteriza a educação desco-
nascem em momentos históricos e em contextos lonizadora é o fato de que ela está comprometida
diversos, sofrem uma evolução própria, têm autores com a construção de uma sociedade em que a
específicos, mas elas confluem. E, mesmo tendo pluralidade é fortemente visibilizada e está repre-
presente o fato de que elas não são sinônimos, sentada nos diferentes espaços sociais. Hoje em
de que elas têm diferenciações, é possível afirmar, dia, vivemos em sociedades onde a pluralidade
hoje, que elas confluem, valorizando buscas co- fica muito subalternizada e nos espaços de repre-
muns, na perspectiva de construir uma educação sentação, muitas vezes, ela está ausente. Basta ver
que responda muito mais às maneiras de ser o que acontece na maior parte de nossos países
próprias dos diferentes grupos, às suas diferentes no que se refere, por exemplo, ao baixo índice de
culturas e cosmovisões, aos seus diferentes modos participação nas instituições políticas de indígenas
de produzir conhecimentos e se confrontam com ou de mulheres ou de negros, mesmo em países
as perspectivas que tentam negar a validade dessas onde a maioria da população é negra, ou de indí-
construções, afirmando uma única maneira de pen- genas ou de mulheres.
sar o conhecimento - só o conhecimento científico
e considerado universal seria valorizado -, matriz A educação descolonizadora quer se pôr a serviço
euro-usa-cêntrica, negando todo e qualquer outro de sociedades onde a pluralidade é visibilizada nos
tipo de conhecimento e lógica epistemológica. diferentes contextos e espaços sociais e ela está
representada nesses diferentes espaços sociais, as-
Assim sendo, todas essas perspectivas que citei são sumindo-se os conflitos e as negociações que essa
buscas que repito - mesmo nascendo em momen- realidade provoca. A educação descolonizadora
tos históricos e contextos diferenciados -, confluem acredita fortemente que é assim que se favorece

g g g g g g g g g

Hoje em dia, vivemos em


sociedades onde a pluralidade
fica muito subalternizada e nos
espaços de representação, muitas
vezes, ela está ausente. Basta ver
o que acontece na maior parte de
nossos países no que se refere,
por exemplo, ao baixo índice de
participação nas instituições
políticas de indígenas ou de
mulheres ou de negros, mesmo
Foto Alexandre Firmino

em países onde a maioria da


população é negra, ou de indígenas
ou de mulheres.
12

Nova149.indd 12 22/02/16 12:22


nuevamerica

Hoy en día vivimos en sociedades
nº149 jan-mar 2016

posibilidades de valorar y afirmar las diferencias


en sus diversas dimensiones.


en las que la pluralidad no solo
es muy subalternizada, sino que Hable un poco más sobre las
características de la educación
además se halla ausente de los descolonizadora.
espacios de representación social.
Otro elemento que la caracteriza es el hecho de
Basta ver lo que sucede en la comprometerse con la construcción de una so-
mayor parte de nuestros países en ciedad en que la pluralidad se hace fuertemente
visible y se encuentra representada en los dife-
lo que se refiere al bajo índice de rentes espacios sociales. Hoy en día vivimos en
participación de indígenas, mujeres sociedades en las que la pluralidad no solo es muy
subalternizada, sino que además se halla ausente
o negros en las instituciones de los espacios de representación social. Basta ver
políticas, incluso en países en lo que sucede en la mayor parte de nuestros países
en lo que se refiere al bajo índice de participación
donde la mayoría de la población es de indígenas, mujeres o negros en las instituciones
negra, indígena o de mujeres. políticas, incluso en países en donde la mayoría de
la población es negra, indígena o de mujeres.
g g g g g g g g g
La educación descolonizadora quiere ponerse al
servicio de sociedades en las que la pluralidad
pecíficos, pero confluyen. Aun no siendo posible es visibilizada y representada en los distintos
afirmar que son sinónimas, aun presentando dife- contextos y espacios sociales, asumiéndose, así,
renciaciones, es posible afirmar que confluyen en los conflictos y las negociaciones que esa reali-
un universo de preocupaciones en la perspectiva dad provoca. La educación descolonizadora cree
de construir una educación que responda mucho intensamente que es de esa manera que se favo-
más a las maneras de ser que son propias de los rece una democracia más verdadera y capaz de
diferentes grupos, que responda a sus diferentes articular, permanentemente, políticas de igualdad
culturas y cosmovisiones, a sus diversas maneras con políticas de diferencia. Ese es, por lo tanto, su
de producir conocimientos. horizonte fundamental.
Y que esos conocimien-
tos se confronten con las ¿De qué manera es posible promover una
perspectivas que intentan educación descolonizadora?
negarlos al afirmar que solo
existe una única manera de Es importante decir que no existe una única manera
pensar el conocimiento -so- de promoverla. Querer tener un único formato de
lamente se reconoce el co- educación descolonizadora sería entrar en contra-
nocimiento científico que es dicción con sus presupuestos. Las experiencias y el
considerado universal y de deseo de ese tipo de educación van a depender de
matriz euro-usa-céntrica-, y cada contexto, de los sujetos que se encuentren
negando todo y cualquier implicados en ella.
otro tipo de conocimiento
y de lógica epistemológica. La universidad es uno de los grandes desafíos de
la educación descolonizadora. Tal vez sea uno
Siendo así, todas las pers- de los contextos educacionales más colonizados
pectivas que mencioné –colonización intelectual y académica. Creo que
son intentos que, repito, puedo afirmar esto con cierta tranquilidad, ya que
aun naciendo en momen- es en ella en donde tengo una larga trayectoria y
tos históricos y contextos una larga experiencia. En la universidad tenemos
distintos, confluyen en la que afirmar constantemente la legitimidad de los
búsqueda de una alterna- conocimientos que producimos nosotros en la in-
tiva que le hace frente a la terlocución con autores europeos o estadouniden-
visión que niega todas las ses. En las universidades existe, de modo general,

13

Nova149.indd 13 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

Além disso, as políticas, nas quais estamos subme-


A bibliografia dos países latino- tidos, estão, continuamente, nos obrigando a pro-
americanos circula pouco entre duzir em determinados meios científicos do ponto
de vista internacional. A produção mais valorizada
nós e os próprios autores, os é aquela relacionada às revistas especializadas
sujeitos, as inter-relações, o de língua inglesa. Ou seja, nós estamos forte e
continuamente pressionados, seja pela produção,
diálogo são muito mais valorizados seja pela avaliação, para nos situarmos diante das
quando as trocas são feitas com universidades e/ou de interlocutores da Europa e
dos Estados Unidos. E não somos pressionados ou
os países do Norte e não com somos muito menos estimulados no sentido de
os países latino-americanos ou um diálogo com os países latino-americanos. A
bibliografia dos países latino-americanos circula
com os da África ou ainda com pouco entre nós e os próprios autores, os sujeitos,
alguns países da Ásia que não as inter-relações, o diálogo são muito mais valori-
zados quando as trocas são feitas com os países
são considerados do Norte global do Norte e não com os países latino-americanos
(casos em que as trocas são ou com os da África ou ainda com alguns países
minimizadas). da Ásia que não são considerados do Norte global
(casos em que as trocas são minimizadas). No en-
tanto, ultimamente, vem se multiplicando grupos
g g g g g g g g g
de pesquisa, cursos, publicações que questionam
esta lógica e procuram valorizar múltiplas expres-
uma democracia muito mais verdadeira e que seja sões de construção de conhecimentos, dando mais
capaz de articular, permanentemente, políticas espaço para autores de países latino-americanos,
de igualdade com políticas de diferença. Esse é,
portanto, um horizonte fundamental da educação
descolonizadora.

Como então promover uma educação


descolonizadora?

Creio que é importante dizer que não existe uma


única maneira de promover uma educação des-
colonizadora. Seria uma contradição com os seus
próprios pressupostos querer ter um formato de
educação descolonizadora único. As experiências
e as buscas de uma educação descolonizadora
vão depender de cada contexto, dos sujeitos nela
implicados.

Um desafio muito forte da educação descolo-


nizadora diz respeito à universidade. Talvez a
universidade seja um dos contextos educacionais
mais colonizados em que vivemos - colonização
intelectual e acadêmica. Creio que posso afirmar
isso com certa tranquilidade, pois é no espaço
universitário que tenho longa trajetória e expe-
riência: na universidade temos que afirmar, cons-
tantemente, a legitimidade dos conhecimentos
que produzimos com a interlocução realizada com
autores que são europeus ou norte-americanos.
Existe nas universidades, de um modo geral, um
Foto iStock

enorme desconhecimento da produção, por exem-


plo, latino-americana.

14

Nova149.indd 14 22/02/16 12:22


nuevamerica

un enorme desconocimiento sobre la producción
nº149 jan-mar 2016

Creen importante reconocer y valorar la pluralidad


latinoamericana, por ejemplo. de actores y de espacios en que otras lógicas epis-


temológicas son desarrolladas.
Además, las políticas a las que estamos sometidos
están continuamente forzándonos a producir de- La educación descolonizadora quiere ser una luz so-
terminados medios científicos, del punto de vista bre todos esos procesos y desea valorar todas esas
internacional. La producción más valorada es aque- voces, esos actores, todos esos grupos que muchas
lla que se relaciona con las revistas especializadas veces, dentro de la lógica socialmente dominante,
de lengua inglesa. O sea, somos continuamente e son negados y no valorados.
intensamente presionados, ya sea en la producción,
ya sea en la evaluación, a ponernos delante de las ¿Podría hablarnos de experiencias
universidades y/o de los interlocutores de Europa y educativas que se han visto pautadas
Estados Unidos. En cambio, no recibimos la misma por presupuestos de la educación
presión o el mismo estímulo para dialogar con los descolonizadora?
países latinoamericanos. La bibliografía de los paí-
ses latinoamericanos circula poco entre nosotros y En cuanto a las experiencias educativas, como esa
los mismos autores, los sujetos, las interrelaciones, es una preocupación emergente en los últimos
el diálogo son más valorados cuando los intercam- tiempos, es difícil mencionar experiencias que ya
bios ocurren con los países del Norte. Tampoco se hayan adquirido una gran visibilidad. Pero quisiera
da dicha presión cuando se trata de África o de hablar, por ejemplo, del punto de vista de las polí-
algunos países de Asia que no son considerados ticas públicas, de la reforma educacional de Bolivia
del Norte global (casos en que los intercambios que data de 2010. Una de las características de la
son minimizados). Pese a esto, últimamente se reforma es el haber asumido la perspectiva desco-
han venido multiplicando grupos de investiga- lonizadora. Me atrevería a decir, inclusive, conside-
ción, cursos, publicaciones que cuestionan esta rando los países que conozco, que esa es la única
lógica y procuran valorar múltiples expresiones política pública que aun siendo controvertida y aun
de construcción de conocimientos, dándoles más provocando intensos debates, se asume descolo-
espacio a los autores de países latinoamericanos, nizadora, para trabajar con el sistema educacional.
tanto vinculados a las universidades como a los
movimientos sociales. Parten de la afirmación de Otra experiencia interesante es la dada en diver-
que los espacios de producción de conocimientos sas universidades interculturales indígenas que
son plurales y no pueden reducirse a la universidad. ya existen en diferentes países latinoamericanos.
No todas estas experiencias asumen claramente
la perspectiva descolonizadora, pero algunas sí
g g g g g g g g g lo hacen e intentan implantar un nuevo modelo
de universidad, una nueva manera de trabajar el
La bibliografía de los países intercambio de los conocimientos.
latinoamericanos circula poco Además, quisiera mencionar la experiencia de las
entre nosotros y los mismos escuelas zapatistas que también buscan una edu-
autores, los sujetos, las cación que sea una alternativa al sistema y que se
adecúe más a los sujetos populares que viven en
interrelaciones, el diálogo son más aquella área del movimiento zapatista.
valorados cuando los intercambios
Hay también algunas experiencias que son promo-
ocurren con los países del Norte. vidas por movimientos sociales aquí en Brasil y en
Tampoco se da dicha presión otros países del continente, que también podrían
ubicarse dentro de esa perspectiva. Por ejemplo, las
cuando se trata de África o de escuelas indígenas gestionadas por profesores indí-
algunos países de Asia que no son genas que intentan promover una educación que
sea más apropiada a las etnias situadas en las aldeas
considerados del Norte global donde la escuela está localizada, o las experiencias
(casos en que los intercambios educativas que tienen por finalidad valorar a los
ancestros, valorar las cosmovisiones y las prácticas
son minimizados). culturales de grupos afro-descendientes. Creo que

15

Nova149.indd 15 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

tanto vinculados às universidades quanto aos Outra experiência interessante nessa lógica da

movimentos sociais. Partem da afirmação de que descolonização está relacionada a várias univer-
os espaços de produção de conhecimentos são sidades interculturais indígenas que já existem
plurais e não podem ser reduzidos à universidade. em diferentes países latino-americanos. Nem
Consideram importante reconhecer e valorizar todas elas assumem claramente essa perspectiva
a pluralidade de espaços e atores em que outras descolonizadora. Todavia, algumas assumem
lógicas epistemológicas são desenvolvidas. sim e tentam um modelo outro de universidade,
uma maneira outra de trabalhar essa questão da
A educação descolonizadora quer colocar luz sobre troca de conhecimentos na universidade em uma
todos esses processos e quer valorizar todas essas perspectiva descolonizadora. Gostaria ainda de
vozes, esses atores, esses grupos que muitas vezes mencionar a experiência das chamadas escolas
são negados, não são valorizados dentro da lógica zapatistas e que também buscam um tipo de
socialmente dominante. educação que seja uma alternativa ao sistema e
muito mais adequada a esses sujeitos populares,
Vera, você poderia falar sobre que vivem naquela área do movimento zapatista.
experiências educativas pautadas
por pressupostos da educação Além dessas, considero que há algumas experiên-
descolonizadora? cias promovidas por movimentos sociais no Brasil
e em outros países do continente que também
Quanto às experiências educativas, como essa é poderiam ser colocadas nessa perspectiva. Por
uma preocupação emergente nos últimos tempos, exemplo, as escolas indígenas geridas por pro-
fica difícil mencionar experiências que já tenham fessores indígenas que tentam promover uma
adquirido muita visibilidade. Mas eu gostaria de educação que seja muito mais adequada às etnias
mencionar, por exemplo, do ponto de vista das que estão situadas nas aldeias onde a escola está
políticas públicas, a reforma educacional da Bolívia localizada e experiências educativas orientadas
que é de 2010. Trata-se de uma reforma, onde uma à valorização da ancestralidade, cosmovisões e
de suas características é a de assumir a perspectiva práticas culturais de grupos afro-descendentes.
descolonizadora. Eu me atreveria a dizer que, con- Acredito que seja possível também incluir nesses
siderando os países que conheço, essa é a única exemplos as escolas do Movimento dos Trabalha-
política pública que, por mais que tenha sido con- dores Sem Terra que tentam uma educação que
trovertida e continue provocando intensos debates esteja muito mais de acordo com as culturas, os
no país, se assume como de caráter descolonizador, valores e as práticas desses sujeitos.
para trabalhar o sistema educacional.
Algo mais que você gostaria de
g g g g g g g g g acrescentar?

Diria que a educação Para finalizar, eu diria que a educação descoloni-


zadora está em construção e vem adquirindo um
descolonizadora está em lugar mais expressivo na reflexão de muitos educa-
construção e vem adquirindo um dores - nos seminários em que ultimamente tenho
participado, vejo que ela é uma preocupação mais
lugar mais expressivo na reflexão de presente -, tendo como eixo fundamental procurar
muitos educadores - nos seminários construir projetos educacionais em sintonia com as
diferentes cosmovisões, com as diferentes formas
em que ultimamente tenho de produção de saber, com os diferentes sujeitos
participado, vejo que ela é uma implicados nas sociedades, em uma época em que
o mundo está passando por uma crise muito forte
preocupação mais presente -, tendo e que é necessário buscar novas formas de pensar
como eixo fundamental procurar a organização social, de pensar novas formas de
relação entre os diferentes grupos sociais, onde
construir projetos educacionais a pluralidade seja respeitada, valorizada e possa
em sintonia com as diferentes gerar novas perspectivas de humanização e de
cosmovisões, com as diferentes pensar a relação de cada um consigo mesmo,
com os demais, com a terra e com a sociedade
formas de produção de saber. em geral.

16

Nova149.indd 16 22/02/16 12:22


nuevamerica

también se podría incluir a las escuelas del Movi-
nº149 jan-mar 2016

miento de Trabajadores Sin Tierra que buscan una Diría que la educación
educación más acorde con las culturas, los valores descolonizadora no solo está
y las prácticas de esos sujetos.
en construcción, sino que
¿Quisiera agregar algo más? está adquiriendo un lugar más
Para finalizar, diría que la educación descoloniza- expresivo en la reflexión de muchos
dora no solo está en construcción, sino que está educadores, en los seminarios de
adquiriendo un lugar más expresivo en la reflexión
de muchos educadores, en los seminarios de los los que he participado últimamente
que he participado últimamente veo que es una veo que es una preocupación que
preocupación que se está haciendo más presente.
El eje fundamental de este tipo de educación es la se está haciendo más presente.
construcción de proyectos educativos en sintonía El eje fundamental de este tipo de
con las diferentes cosmovisiones, con las diferentes
formas de producción del saber, con los diversos
educación es la construcción de
sujetos implicados en las sociedades. Esto, en una proyectos educativos en sintonía
época en que el mundo está pasando por una crisis
muy fuerte y es necesario buscar nuevas formas de
con las diferentes cosmovisiones,
pensar la organización social, la relación entre los con las diferentes formas de
diferentes grupos sociales. Esta pluralidad debe
ser respetada y valorada, y debe crear nuevas pers-
producción del saber.
pectivas de humanización y de pensar la relación
g g g g g g g g g
de cada uno consigo mismo, con los demás, con la
tierra y con la sociedad, en general.

Foto Alexandre Firmino

17

Nova149.indd 17 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

El artículo afirma que tanto la colonización como la descolonización, lejos de ser solo categorías del

pasado son procesos tan actuales como el neoliberalismo y la globalización. Destaca que uno de los

problemas del Siglo XXI son las nuevas formas de colonización promovidas por la globalización

hegemónica neoliberal. En el ámbito educativo, en la escuela, la colonización opera por medio de la

implementación de políticas neoliberales que se guían por los principios del mercado y de la

competencia, enfatizando una lógica productivista y monocurricular que privilegia y entiende como

el único conocimiento válido el enfoque occidental (euro-usa céntrico). Para pensar, promover

y practicar una educación descolonizadora e intercultural, la autora aborda tres aspectos

fundamentales: la descolonización de los conocimientos, la descolonización de las subjetividades

y la descolonización de la historia y del poder.

Educação Susana Sacavino

descolonizadora e
Doutora em Educação.
Coordenadora executiva da
Novamerica. Membro da equipe
do Grupo de Estudos sobre Cotidiano,

interculturalidade
Educação e Cultura(s)/GECEC • Brasil
s.sacavino@novamerica.org.br
Foto Rina López

18

Nova149.indd 18 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

C A colonização atual opera


olonizar, descoloni- dental (Euro-Estados Unidos
zar - parecem que são cêntrico), patriarcal, branco
processos históricos do através da implementação e monoreligioso. Levando,
passado da América Latina de políticas neoliberais, segundo Candau (2015, p.
e já superados. Mas não nos 22), ao desenvolvimento de
iludamos, tanto a colonização orientadas pelos um pensamento pedagógico
como a descolonização são princípios do mercado e que podemos classificar como
tão atuais e presentes como a débil e “light”, mas com um
globalização ou o neolibera- da competição, que reduz forte impacto colonizador e
lismo. Hoje a descolonização é a educação a questões dominador.
uma categoria e uma intencio-
nalidade presente em vários operacionais, com ênfases Querer pensar e praticar a
processos políticos e culturais nas avaliações de larga descolonização num marco
atuais em diferentes países do intercultural implica necessa-
continente, especialmente na escala no nível nacional riamente assumir a complexi-
Bolívia e Equador. e internacional, com dade e a diversidade de vozes,
sujeitos, projetos e lugares
Nesse sentido, Maldonado uma lógica produtivista culturais, sociais, políticos e
Torres (2008, p. 64) afirma que e limitada, que promove econômicos produzidos nas
a colonização é um tema que sociedades atuais frente aos
tem relevância mundial, pois já a formação de sujeitos núcleos de desigualdade exis-
faz muito tempo que é o mo- empreendedores e tentes. Tendo presente, como
dus operandi da globalização afirma Quijano (2000), que na
hegemônica neoliberal. Sa- consumidores, treinados América Latina historicamente
lientando que o problema do para responder a exames e desde a invasão colonial,
século XXI é, em grande parte, faz mais de quinhentos anos
o problema da colonização
uniformizados que afirmam que a perspectiva eurocêntri-
na forma do empobrecimen- uma cultura de rankings ca foi adotada pelos grupos
to contínuo de populações
racializadas, da invasão de
e premiações. dominantes como própria e
os levou a impor o modelo
seus territórios por um novo europeu de formação do es-
imperialismo e pela criação de tado-nação para estruturas de
muros e cercas de contenção entre as regiões e paí- poder organizadas em torno de relações coloniais.
ses privilegiados e os países do Sul. Desde o ponto Afirmando ainda que a colonialidade do poder
de vista cultural, esta colonização globalizada traz estabelecida sobre a ideia de raça (branca) deve
consigo o desejo de padrões de consumo exacer- ser admitida como um fator básico na questão da
bados, identificados como condição de cidadania formação nacional e do estado-nação, assim como
dada pela esfera do ter e do mercado junto com na conformação e estruturação de suas sociedades.
uma visão do sujeito individualista, hedonista,
consumista e com diferentes fobias racistas. Considero que nesse contexto que nos configura e
marca historicamente nosso continente, o desafio e
No âmbito da educação, especialmente na edu- o foco principal de uma educação descolonizadora
cação formal, na escola, a colonização atual opera e intercultural é precisamente enfrentar, descons-
através da implementação de políticas neoliberais, truir e transformar esse núcleo das relações colo-
orientadas pelos princípios do mercado e da com- niais. Entendo a interculturalidade crítica, de acordo
petição, que reduz a educação a questões opera- com Walsh (2007, p. 7 e 8), como uma construção de
cionais, com ênfases nas avaliações de larga escala e desde os grupos/comunidades que têm sofrido
no nível nacional e internacional, com uma lógica uma história de submissão e subalternização. Uma
produtivista e limitada, que promove a formação proposta de um projeto político que também pode
de sujeitos empreendedores e consumidores, implicar uma aliança com pessoas e grupos que,
treinados para responder a exames uniformizados de igual forma, buscam alternativas à globalização
que afirmam uma cultura de rankings e premiações, neoliberal e à racionalidade ocidental, e que lutam
assim como a continuação de currículos monocul- tanto para a transformação social como para criar
turais, que privilegiam e entendem como o único condições de poder, saber e ser muito diferentes.
conhecimento existente e válido o enfoque oci- Pensada desta forma, a interculturalidade crítica

19

Nova149.indd 19 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

não é um processo ou projeto étnico, nem um Descolonizar os conhecimentos


projeto da diferença em si mesma. É um projeto de


existência, de vida plena para todos e todas. Os processos de opressão, de exploração e de
subordinação, que foram impostos pelo capitalis-
Alguns princípios e enfoques mo ao excluir grupos e práticas sociais, também
de uma educação deixaram de fora os conhecimentos e saberes
descolonizadora e intercultural produzidos por esses mesmos grupos. A finalidade
era desenvolver as suas próprias práticas afirmando
Uma educação descolonizadora e intercultural e visibilizando os conhecimentos eurocêntricos
implica considerar que não existe mais um centro, como os únicos válidos. Embora na atualidade
dominador, superior e organizador que se identifica se trate dos nortecêntricos porque essa geopolí-
com uma única cultura que se coloca como medida tica do conhecimento inclui também os Estados
e referência das outras culturas. Ao contrário, im- Unidos. Santos (2009) denomina este processo de
plica o reconhecimento de que todas as culturas epistemicídio.
são incompletas e que vivemos num contexto de
diversidade e pluralismo cultural que nos exige um Neste sentido, uma pedagogia descolonizadora
olhar crítico da realidade e da ordem dominante. e intercultural se institui como um princípio que
orienta pensamentos, ações e novos enfoques
Identifico esses princípios e enfoques entendendo epistêmicos e que, além de denunciar o epistemi-
e olhando desde o Sul, de acordo com Boaventura cídio, deixa em evidência e reconhece essas outras
de Sousa Santos (2009), como a metáfora do sofri- formas de produção epistêmica de resistência e
mento humano. São os grupos, os povos, os países de produção de alternativas ao capitalismo e ao
e as nações que têm sofrido mais e continuam colonialismo globais.
sofrendo com o desenvolvimento do capitalismo
global, porque se mantiveram como países sub- A partir desse enfoque, entendemos a intercul-
desenvolvidos, em desenvolvimento permanente, turalidade como processo e como projeto epis-
sem chegar nunca ao grupo dos países desenvol- têmico e político. A interculturalidade possui um
vidos e detentores de poder. Com o Sul e desde o significado intimamente ligado com a construção
Sul também se aprende, e isso significa levar em de um projeto social, cultural, educativo, político,
consideração que a compreensão do mundo é ético e epistemológico voltado para a decolonia-
mais abrangente do que a compreensão ocidental lidade e a transformação. É um enfoque e uma
(Euro-Estados Unidos cêntrica) do mundo. É muito prática importantes para os movimentos sociais
importante, no momento atual, perceber que há do continente, especialmente para os indígenas e
outras visões do mundo, outras epistemologias e afrodescendentes, que questionam a colonialidade
que é necessário identificá-las, analisá-las, compar- do poder, do saber, do ser e da natureza.
tilhá-las, reconhecê-las, dialogar sobre elas.
Dessa maneira, a interculturalidade não só é com-
Considero importante também para o tema ter preendida como um conceito ou um termo novo
presente todas as contribuições de Paulo Freire com para se referir ao contato entre ocidente e outras ci-
sua proposta de uma educação entendida como vilizações, mas como uma configuração conceitual
práxis política, humanizadora, libertadora, dialógi- que propõe um giro epistêmico capaz de produzir
ca, promotora da autonomia e do reconhecimento novos conhecimentos e outras compreensões sim-
do outro, com consciência de que a educação é bólicas do mundo. A interculturalidade entendida
uma forma de intervenção no mundo que implica desde essa perspectiva representa a construção
o desmascaramento da ideologia dominante e de um novo espaço epistemológico que inclui os
uma prática comprometida com a transformação conhecimentos subalternizados e os ocidentais,
da realidade cultural, social, econômica e política em uma relação tensa, crítica e mais igualitária.
dos excluídos e subalternizados. A interculturalidade, nesta perspectiva, não fica
limitada à inclusão de novos temas nos currículos
De forma breve e levando em conta esses enfo- ou nas metodologias pedagógicas, mas se situa
ques, abordarei três aspectos fundamentais para na perspectiva de uma transformação estrutural,
a construção de uma educação descolonizadora e sociohistórica e política (Candau e Fernandes,
intercultural. São eles: a descolonização dos conhe- 2010, p. 11-12).
cimentos, a descolonização das subjetividades e a
descolonização da história e do poder.

20

Nova149.indd 20 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

bases descolonizadora, liberadora, revolucionária,


anti-imperialista, despatriarcalizadora e transfor-


madora das estruturas econômicas e sociais; (...)
para a construção do Estado Plurinacional e do
Bem Viver (art. 3, ponto 1).

Descolonizar as subjetividades

A globalização neoliberal colonizadora funciona,


em parte, como expansão e afirmação de uns ideais
de humanidade e subjetividades, assim como de
poder e de conhecimento, implantando hierarquias
de ser e de valor que dividem o mundo e a huma-
nidade, como já fizemos referência.

A cartografia do poder no mundo e nos países do


Sul, incluída a América Latina, está perpassada pelo
que Frantz Fanon (2008) denuncia como a divisão
entre os afortunados e os condenados da terra,
marcados por uma divisão racial. Esta divisão racial
é a que marca a pertença ao que identifica como
zonas de ser e zonas de não ser. Dentro da zona do
Foto Ridofranz/iStock

ser na América Latina e no Caribe se encontra uma


minoria, cuja humanidade, identidades, conheci-
mentos, espiritualidades, suas formas de ser e viver
têm sido historicamente privilegiadas devido a sua
origem racial e social e se constituíram e se cons-
troem como superiores. Sendo que a grande maio-
Consideramos importante visualizar outras formas ria da população se encontra na zona do não ser,
de construção de conhecimentos, por exemplo, os são sujeitos, cuja humanidade não é reconhecida
valores e dimensões da cultura negra afro-brasilei- e, por conseguinte, são inferiorizados, assim como
ra, destacados no Projeto “A Cor da Cultura”1, que suas formas de viver, de ser, de estar, de pensar, de
são os seguintes: circularidade, existir, suas espiritualidades e
religiosidade, corporeidade, mu- conhecimentos. Historicamente
sicalidade, memória, ancestrali- identificamos dentro da zona
dade, cooperativismo, oralidade, Dentro da zona do ser de não ser aqueles que têm sido
energia vital “axé” e ludicidade. na América Latina e considerados como o “Outro”, os
grupos e populações indígenas,
Nesse sentido e dentro do âm- no Caribe se encontra afrodescendentes, a maioria das
bito das políticas públicas, a lei uma minoria, cuja mulheres, de jovens e crianças
de educação “Avelino Siñani e de âmbitos populares, os grupos
Elizardo Pérez” (2010) da Bolívia humanidade, identidades, LGBT, entre outros.
entende como parte dos fun- conhecimentos,
damentos e fins da educação, Desde o ponto de vista da pro-
contribuir com a consolidação espiritualidades, suas moção de uma educação des-
e o fortalecimento da identida- formas de ser e viver colonizadora e intercultural é
de cultural das nações e povos necessária uma mudança na
indígenas originários, campo- têm sido historicamente construção das subjetividades,
neses e afro-bolivianas, a partir privilegiadas devido que afeta tanto os sujeitos que
das ciências, das técnicas, das se colocam na zona do ser como
artes e das tecnologias próprias, a sua origem racial e os condenados à zona do não ser,
em complementariedade com social e se constituíram só que implica em estratégias
os conhecimentos universais diferentes que devem levar em
(art. 4, ponto 4). Considera que e se constroem como consideração as experiências
a educação se fundamenta nas superiores. histórico-sociais e culturais dos

21

Nova149.indd 21 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

diferentes sujeitos. Para quem se A história, concebida mente, do imaginário histórico


encontra na zona do ser, o centro e da memória, que destacamos


vai ser a desestabilização e des- tradicionalmente como a seguir.
construção crítica das identida- disciplina pretensamente
des dominadoras, consideradas Descolonizar
superiores -branca, ocidental, neutra, tem se construído a história e o poder
heterossexual, patriarcal-, con- olhando e narrando
centradoras de poder. Para a A história, concebida tradi-
grande maioria que vive desde principalmente o mundo cionalmente como disciplina
a experiência da zona do não ser, dos acontecimentos pretensamente neutra, tem se
a luta descolonizadora vai se dar construído olhando e narran-
tendo presentes o fortalecimen- políticos, militares do principalmente o mundo
to e a afirmação das identidades e diplomáticos dos acontecimentos políticos,
historicamente massacradas, militares e diplomáticos prota-
inferiorizadas, invisibilizadas, protagonizados pelas gonizados pelas grandes per-
subalternizadas e, muitas vezes, grandes personalidades sonalidades das elites (heróis,
destruídas pela colonização. O caciques, coronéis, generais,
processo deve ser de descober- das elites. governantes). Identificada com
ta, reconstrução e afirmação a historiografia ocidental, consi-
das identidades desde olhares derada universal, dos vencedo-
positivos que permitam tam- res e colonizadores. Esta história
bém visibilizar e reconhecer seus conhecimentos, procura modelar a memória coletiva em torno aos
espiritualidades, cosmovisões, enfoques de vida, valores ocidentais, exaltando a identidade nacional
formas de ser e estar no mundo. e o papel do Estado, enfatizando as festas come-
morativas e os monumentos públicos dos heróis.
Para este processo vai ser fundamental promover e
desenvolver a intraculturalidade, entendida como o A visibilização e o reconhecimento de outras histó-
olhar e a valorização da própria cultura, a língua, os rias e dos valores ancestrais são elementos funda-
costumes, as tradições, as leis, etc., considerando-se mentais para a construção de processos identitários
o que uma educadora quéchua afirma numa entre- desde um enfoque descolonizador e intercultural.
vista que realizamos “para poder reconhecermos, De acordo com Le Goff (1992, p. 476), a memória é
para saber quem somos, precisamos aprender o que um elemento essencial do que se costuma chamar
nos tem dado os nossos avós. A
intraculturalidade é a aprendiza-
gem ao interior do grupo cultural
onde me desenvolvo e ao qual
pertenço”. A interculturalidade
crítica só poderá ser realizada e
vivida quando as culturas se en-
contrarem fortalecidas e os gru-
pos tiverem realizado e vivencia-
do processos de construção de
autoestima, autoconfiança e de
empoderamento que permitam
reconhecerem-se e situarem-se
sem assimetrias de qualquer
tipo. Este é um aspecto funda-
mental a ser trabalhado nos
processos educativos porque
a descolonização não será real
sem processos de mudança na
subjetividade. Este processo se
Foto Rina López

identifica também com o que al-


guns autores reconhecem como
a descolonização do ser, da

22

Nova149.indd 22 22/02/16 12:22


nuevamerica

identidade, individual ou coletiva, cuja construção
nº149 jan-mar 2016

de coragem, justiça, esperança e compromisso


é uma das atividades fundamentais dos indivíduos com o “nunca mais”, para favorecer o exercício da
e das sociedades de hoje. cidadania plena intercultural desde um “giro des-
colonial”. De acordo com Maldonado Torres (2008,
Memória e história se interpenetram e, segundo o p. 66), este giro descolonial em sua expressão mais
mesmo autor, a história representa a conquista por básica busca colocar no centro do debate a questão
um grupo social de seu passado coletivo, mas tam- da colonização como componente constitutivo
bém, um instrumento e uma mediação de poder. da modernidade, e a descolonização como um
conjunto de enfoques e de diversas estratégias e
Neste sentido, memória e história são dimensões formas críticas e transformadoras que promovem
importantes de serem levadas em consideração uma mudança radical nas formas hegemônicas
em relação com a luta e a conquista dos direitos atuais do poder, do ser e do conhecer.
humanos e da cidadania e os processos históricos,
sociais, econômicos, políticos e culturais em que Para concluir, considero que, no momento presen-
eles se desenvolvem. Com frequência, os jovens te, a promoção de uma educação descolonizadora e
perdem essa noção de processo histórico e do intercultural deve incluir também outros enfoques
significado da conquista dos direitos e associam a que se inter-relacionam, tais como, antipatriarcal,
vigência dos direitos ao momento presente, como antirracista, antissexista, com diversidade epistê-
se os diferentes direitos atualmente existentes fos- mica - pluriversidade - e pluralismo religioso.
sem uma questão natural, dada e pacífica, tendo
pouca consciência do significado e da importância
dos sujeitos sociais e de todas as lutas travadas
para essa construção, que de fato ainda continua.
1 Projeto educativo de valorização da cultura afro-brasileira,
fruto de uma parceria entre o Canal Futura, a Petrobras, o Cidan
Descolonizar a história e o poder significa descons- -Centro de Informação e Documentação do Artista Negro-, o
truir a “cultura do silêncio” e da impunidade presen- MEC, a Fundação Palmares, a TV Globo e a Seppir - Secretaria
de políticas de promoção da igualdade racial. O projeto teve seu
tes na maioria de nossos países latino-americanos e início em 2004.
caribenhos, formando para a mudança, a participa-
ção, a transformação e a construção de sociedades
verdadeiramente democráticas, humanas, justas e
solidárias. Nesse sentido, contar outras histórias ou
histórias outras significa apoiar, valorizar e visibilizar g
a produção e o fazer história dos sujeitos subalterni- BOLIVIA. Ley de la Educación. Avelino Siñani y Elizardo
zados e colonizados. Apropriar-se de suas próprias Pérez. La Paz: U.P.S., 2010.
leituras do passado e do presente como uma forma CANDAU, V. M. Educação escolar: entre o “sequestro” e a
de luta contra as diversas formas de dominação e “reinvenção”? Revista Novamerica, nº 145, jan-mar 2015.
Rio de Janeiro.
negação a que foram submetidos. São diferentes
________ e FERNANDES de OLIVEIRA, L. Pedagogia De-
concepções e práticas historiográficas, na maior colonial e Educação Antirracista e Intercultural no Brasil.
parte feitas desde “o reverso da história” ou desde Educação em Revista vol. 16, nº 1. Belo Horizonte, abr. 2010.
lugares outros, comprometidas com as lutas e as- FANON, F. Pele negra máscaras brancas. Salvador: EDU-
pirações dos excluídos, oprimidos, colonizados e FBA, 2008.
condenados da terra, que habitam a zona do não ser. LE GOFF, J. História e Memória. Campinas: UNICAMP, 1992.
MALDONADO TORRES, N. La descolonización y el giro
No Brasil, a Lei 10.639 de 2003 e a Lei 11.645 de des-colonial. Revista Tabula Rasa, nº 9: 61-72, jul-dic
2008. Bogotá.
2008, que exigem a inclusão no currículo escolar do
QUIJANO, A. Colonialidad del poder, eurocentrismo y Amé-
estudo da história e cultura afro-brasileira e indíge- rica Latina. In: LANDER, E. La colonialidad del saber: euro-
na respectivamente, são contribuições importantes centrismo y ciencias sociales. Buenos Aires: Clacso, 2000.
na linha da descolonização da história e do poder SANTOS, B.S. Una epistemología del Sur. México: Siglo
e da interculturalidade. XXI, 2009.
WALSH, C. Interculturalidad crítica/pedagogia de-colonial.
Essas visões exigem também manter sempre viva In: Memorias del Seminário Internacional Diversidad,
interculturalidad y construcción de ciudad. Bogotá: Uni-
a memória dos horrores das dominações, colo- versidad Pedagógica Nacional, 2007.
nizações, ditaduras, autoritarismos, perseguição
política, tortura, escravidão, genocídio, desapare- g
cimentos, e reler a história para mobilizar energias

23

Nova149.indd 23 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

g PRÁCTICAS EDUCATIVAS DESCOLONIZADORAS EN LA ESCUELA


Cecilia Villalva García
yolvicecy@yahoo.com.mx • México

E l Centro Educativo Pedro Poveda


- Dondé, que atiende a niños/as y
adolescentes en situación de pobreza
lugios 3 para alumnos y alumnas.
Terapia grupal para adolescentes con
muchas manifestaciones violentas
formación, se generan espacios de
equidad, de oportunidades y de par-
ticipación. Apunta a la democratiza-
y alta marginalidad de la Ciudad y para padres y/o madres de esas ción del conocimiento llevado a cabo
de León, Guanajuato. México, tiene chicas y chicos. desde la Asamblea de aula, dirigido
por objeto ofrecer una educación hacia un proceso comunitario que
integral e inclusiva de acuerdo a los Se comprende la ciencia en la vida co- genera identidad.
intereses, sueños y problemáticas de tidiana, se resuelven las matemáticas
la población y su entorno. observando el “tequio”4 en nuestros Como dice Rafael Ziadah: “…dejad-
pueblos originarios y la explotación me hablar mi lengua árabe antes de
El trabajo se realiza a través de la en el sistema capitalista. Se analiza que sea ocupada también, dejadme
Metodología de Proyectos de Inves- la realidad de los 43 desaparecidos hablar mi lengua materna antes de
tigación desde el aprendizaje opera- de Ayotzinapa, jóvenes estudiantes que colonicen su memoria”6.
torio1, enriquecido con la propuesta y pobres como es la característica de
de la Enseñanza para la compren- las y los niños y adolescentes de este
sión2; parte de las necesidades de la Centro. Aprendemos a analizar la
población, su entorno, culturas de situación, preparamos carteles que
procedencia. Por ello un proyecto incluyen experiencias de violación g
como “Conocemos las maravillas del de derechos en nuestros entornos
maíz” (2015) detona el aprendizaje, familiares y escolares, marchamos y
moviliza prácticas cotidianas, genera manifestamos a la sociedad nuestro
comprensiones culturales, lanza a la desacuerdo contra la impunidad 1 Hidalgo Guzmán, J. Luis. “Didáctica
explicitación de prácticas realizadas ante la desaparición de los jóvenes y Mínima” Ayuda docente y construcción de
conocimientos. 3ª Edición Casa de la Cultura
por los abuelos y abuelas, integra a otras injusticias. del Maestro Mexicano, México, 2001.
la comunidad en el proceso de cons- 2 Blythe, Tina. “Enseñanza para la
trucción de los conocimientos, de los Con algunos artilugios aprenden a comprensión”. Buenos Aires, Paidós, 2008.
aprendizajes y de las experiencias. organizar las propias rebeldías, por- 3 Estrategia lúdica para generar experiencias
que la educación decolonial además de aprendizaje liberador.
La problemática de violencia que se de que nos toma en cuenta para 4 Es una práctica de cooperación o trabajo
vive en el entorno ha sido objeto de su diseño, traza caminos para leer colectivo en México y proviene de los pueblos
originarios.
análisis, de trabajo y reflexión a tra- críticamente el mundo e interviene
5 Walsh, Catherine. Lo pedagógico y lo
vés de un proyecto de investigación; para la reivindicación de la sociedad.5 decolonial entretejiendo caminos, pg 17.
detona la necesidad de participar 6 Ziadah, Rafael. Las tonalidades de la ira.
en taller para docentes, para padres Es una educación comunitaria y de
y madres de familia, diversos arti- consensos, en procesos de trans-

24

Nova149.indd 24 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

A autora aborda o tema da educação descolonizadora partindo da teoria do pensador,

ativista e jornalista uruguaio Raúl Zibechi. Começa se aproximando dos movimentos sociais

que se formam a partir do sofrimento da “experiência de porão”, e destaca a sua capacidade

de resiliência ao apresentar, como alternativa ao modelo neoliberal, outro mundo possível.

A proposta educativa descolonizadora é, segundo a autora, “parteira” desse mundo possível,

o qual é concebido desde “os de baixo”, desde a “experiência de porão” já mencionada.

Para terminar, dá a conhecer sete aspectos que são prioritários do poder político

transformador da educação descolonizadora.

Educación María del Rosario Alves Esteves

descolonizadora: Postgrado en Educación Especial para DI.


(IMS), Postgrado en Dirección de Centros

“transformar,
(IMS), Postgrado en Gestión de Centros
Educativos (UCUDAL.). Docente en Educación
pública y privada. Coordinadora de
proyectos sociales para la Infancia

transformándose”
y la adolescencia • Uruguay
rosario.alves@gmail.com

Foto Internet

25

Nova149.indd 25 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

A “Descolonizar” es un
bordar el tema de la “Edu- En las márgenes construyen,
cación descolonizadora” desde su lugar de vida, una
en un artículo plantea la proceso, un movimiento nueva manera de relacionarse
inquietud de reducirlo a unos para realizarlo junto con para transformar desde “la zona
pocos conceptos o a tratarlo del no ser” (Fanon) todo aquello
desde un lugar opuesto a este otros, es un cambio de que los coloca en condiciones
enfoque. “Descolonizar” es un lentes, es un proceso de de inferioridad. Su construcción
proceso, un movimiento que es heterogénea, está ligada
se realiza junto con otros, es un transformación donde los al territorio y está en proceso
cambio de lentes, es un proceso primeros transformados permanente de formación y
de transformación en el que los deformación. Son movimientos
primeros transformados son las son las mismas personas distintos a los existentes en la
mismas personas y grupos a y grupos a través de sus época industrial, ya que estos
través de sus prácticas, acciones demandaban al Estado o a la
y objetivos. No hay un punto prácticas, acciones y patronal el cumplimiento de al-
de llegada, un objetivo final, objetivos. No hay un punto gunos derechos. Hoy son sujetos
un resultado, porque el mundo que resuelven sus problemas
nuevo, el otro mundo posible, de llegada, un objetivo a través de la ayuda mutua: la
no es más que un tránsito per- final, un resultado, colaboración, la solidaridad, la
manente. Este enfoque tiene reciprocidad y la creatividad. Su
su origen en los movimientos porque el mundo nuevo, organización tiende a la auto-
sociales. Su antecedente más el otro mundo posible no nomía, con espacios de poder,
próximo es la Educación Popular de producción, de educación e
y se desarrolla especialmente allí es más que un tránsito incluso de sanidad. Así son, por
donde los movimientos tienen permanente. ejemplo, los Movimientos Sin
su origen y su vida. Tierra, Zapatistas, Indígenas, etc.

Para abordar este tema, me En estos movimientos la dimen-


acercaré a la dinámica interna sión relacional es la que sostiene
de estos movimientos a fin de comprender el sus prácticas en el camino de la transformación
porqué de una Educación descolonizadora y el hacia otro mundo posible. Un tejido de afinidades,
poder transformador de la misma en la realidad afectos, conocimientos. Se articulan no de forma
heterogénea reconocida como significativa en estable, de acuerdo a la situación. Permanecen en
los procesos de cambio. En este artículo seguiré lo cotidiano, generan y buscan la vida de sus co-
el pensamiento elaborado por el uruguayo Raúl munidades. Pueden llegar a frenar procesos macros
Zibechi. Pensador, activista y periodista, nacido en de colonización, como ha sido la privatización del
la mitad del siglo XX, mantiene una fuerte relación agua en Bolivia. El origen de estos movimientos,
con muchos de los movimientos que se desarrollan dice Zibechi, se produce por la “Experiencia de
en el contexto latinoamericano. Su pensamiento sótano”, es decir, estas poblaciones viven más allá
ocupa los primeros lugares en la vinculación entre del capitalismo, por ubicarse en el sótano de las so-
aquellos, la educación y los procesos políticos de ciedades. Sótano es el lugar de una vivienda donde
transformación profunda que se suscitan. se deja, se abandona todo lo que ya no sirve, y se
accede a ese lugar como espacio de memoria de
Una aproximación a la realidad un tiempo ya pasado. Es un lugar oscuro, muchas
de los movimientos sociales veces húmedo, en donde los objetos incluso sufren
populares en América Latina su deterioro. Las personas pasan de sujetos a obje-
tos y en términos del capitalismo son considerados
Las márgenes de las ciudades son el lugar en “descartables”. El haber vivido esa experiencia de
donde se aloja la población expulsada por el sótano y el haber generado nuevas posibilidades
neoliberalismo, ideología dominante de la nueva de vida desde ella, nos permite afirmar que son
colonización que vivimos actualmente. Esta le colectivos con una fuerte resiliencia, que vuelven
otorga poder al capital y al consumo y, así, dicha a la vida no para identificarse con el sistema, sino
población queda catalogada como los “sin tierra”, para presentar una propuesta alternativa. Los mo-
“sin trabajo”, “sin techo”. vimientos o microsociedades tienen una manera

26

Nova149.indd 26 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

Foto João Ripper


distinta de gestionar los conflictos, de ejercer el po- La educación descolonizadora:
der; proceden de forma horizontal. Muy diferente a una decisión política de transformación
lo que hoy culturalmente se entiende por gestionar.
Actualmente nos reconocemos en un “cambio de
Ante el caos y la crisis por los que pasan las socie- época”. Las ideologías surgidas en este período
dades, estos espacios pueden ser inspiradores de de la historia de la humanidad han dejado de ser,
algo nuevo, de otro mundo posible. en sus marcos globales, referentes para las trans-
formaciones profundas. La religión configuradora
¿Cómo sería esta transformación? En primer lugar, de cultura ha dejado de serlo; múltiples maneras
es necesario reconocer la realidad diversa y hete- de vivir lo trascendente ponen en contacto a la
rogénea en la que vivimos. Transformar la totalidad humanidad con su vida interior y dan sentido a
de los componentes de un sistema, de una ideo- la existencia. Al mismo tiempo, dominan hoy la
logía dominante, daría lugar a otro totalitarismo. incertidumbre, el valor de lo pequeño, las relacio-
Por eso es necesario, no un mundo distinto, sino nes cercanas. Se comienza a manifestar un cambio.
otro mundo posible que asuma los movimientos Galeano lo describe de esta manera: “Este mundo
heterogéneos de la realidad dinámica. está embarazado de otro mundo posible, diferente
y difícil de parir pero que ya está latiendo.” Es justa-
Quienes quieran sumarse a la construcción de otro mente la propuesta educativa descolonizadora
mundo posible solamente tienen que iniciar el pro- la que puede ser “partera” en este ayudar a parir a
ceso, el camino. De esta manera, lo que prima es la ese nuevo mundo desde “los de abajo”, desde las
decisión política de la transformación, de cambiar “experiencias de sótano”, desde la “zona del no ser”.
el individualismo por la ayuda mutua, el consumo
de lo superfluo por el consumo de lo necesario, el La vida, las personas y las relaciones son sujeto
egoísmo por la solidaridad. educativo, con una intencionalidad puesta en el

27

Nova149.indd 27 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

ser, en el hacer, en el convivir


La escuela tradicional, Incidencia política

y en la reflexión que aportan de la educación


a ese proceso de transformar la que gestiona descolonizadora
transformándose.
el Estado como
Esta dinámica de transformar
Las escuelas indígenas son el institución educativa, transformándose, sentido y
antecedente más claro de cons-
trucción de una propuesta al-
sostiene el sistema y horizonte de la educación des-
colonizadora, hace referencia a
ternativa de educación. En la reproduce saberes que su incidencia política. “¿De qué
historia de los movimientos, un
ejemplo es la escuela Warisata
permiten mantener la sirve la revolución si el pueblo
triunfante se limita a reproducir
de Bolivia, en la que los indios ideología neoliberal en el orden colonial, una sociedad
excluidos de la educación a
comienzos del siglo XX y, asal-
la organización de los de dominantes y dominados?”,
cuestiona Zibechi.
tados en sus tierras, deciden estados, la multiplicación La educación que promueven
fortalecer las autoridades tradi- del capital de unos pocos los movimientos busca “no vol-
cionales y generar procesos de ver a repetir la vieja historia: ocu-
alfabetización para defender en y la configuración de las par el lugar material y simbólico
los juzgados el derecho a sus culturas por el mercado: del colonizador, reproduciendo
propiedades. así el sistema que combate”.
cuanto más consumo,
Para los movimientos, la escuela incluso productos Raúl Zibechi subraya siete as-
tradicional, la que gestiona el pectos prioritarios en lo que
Estado como institución edu- educativos, más parte respecta al poder político trans-
cativa, sostiene el sistema y soy de la sociedad. formador de la educación des-
reproduce saberes que permiten colonizadora, partiendo de la
mantener la ideología neoliberal dimensión subjetiva de las per-
en la organización de los esta- sonas y las comunidades:
dos, la multiplicación del capital de unos pocos
y la configuración de las culturas por el mercado: Autonomía y dignidad. Creación de espacios
cuanto más consumo, incluso productos educati- propios, infranqueables al control del colonizador,
vos, más parte soy de la sociedad. Reaccionan a la en los que es posible vivir ese otro mundo posible.
educación como obtención de resultados medibles
como son los sistemas de evaluación de calidad.
Esta es una educación colonizada que necesita de
una descolonización. La descolonización apuesta
a procesos que se dan en la vida diaria, que
priorizan las personas y sus vínculos. De aquí se
desprende que el clima social inserto en las relacio-
nes sea lo que produce cambios, transformaciones
en las personas y en los grupos. Descolonizar la
educación es desplazar el centro que está en el
docente que enseña, hacia los procesos que se
promueven para suscitar preguntas que per-
miten la construcción del saber. La educación en
este marco es un vínculo, un clima afectivo que
impulsa a aprender. La pregunta ordena el acto
educativo. Las instalaciones no son las que definen
si se prioriza o no la educación. Una caminata, la
presencia de un animal, una decisión a tomar por
Foto Alexandre Firmino

un grupo, la cocina, la manera de sentarnos en una


reunión, la vida misma produce aprendizaje. Con-
duce al fin fundamental: encontrarse a sí mismo,
llegar al fondo de lo que somos y ser felices.

28

Nova149.indd 28 22/02/16 12:22


nuevamerica

Poder propio/poder estatal. Instituciones pen-
nº149 jan-mar 2016

Producir conocimientos en comunidad. Tal cual


sadas como respuesta a las necesidades. Tanto la lo indica la expresión. Las asambleas son espacios
alimentación como la educación son distintas a las de construcción. Reflexionan sus prácticas y cons-
del estado colonizador. El reconocimiento de hom- truyen saberes que no aspiran a un reconocimiento
bres y mujeres que representan a las comunidades académico, sino a la continuidad de los mismos y
y que, obedeciendo al poder que se les confiere, a su recreación en comunidad, siempre que sirvan
organizan esos espacios. para responder a la realidad heterogénea de la
comunidad.
Familia y reproducción. Busca superar el patriar-
cado, la organización jerárquica y estadocéntrica. Estos aspectos podrían llegar a constituir un mo-
La población no se cuenta por individuo sino por delo de Educación descolonizadora, pero si los
familia. Todos y todas tienen su lugar en la vida tomáramos por tal, dejarían de constituirlo, ya que
cotidiana, en las asambleas, en el trabajo de la dicho modelo busca responder a la heterogeneidad
tierra. La mujer vive su protagonismo superando de situaciones, por lo que no es posible la institu-
la concepción de un puesto importante porque cionalización.
la cocina, la asamblea, la organización son sujeto
político de transformación. La familia es el núcleo La Educación descolonizadora que se desarrolla
fundamental para el cambio, de la reproducción en permanente movimiento llena de sentido la
familiar a la reproducción colectiva. Se entiende cotidianidad educativa de los movimientos sociales
que la familia es el espacio de reproducción de ac- y desafía al pensamiento educativo institucional.
titudes, aspectos, movimientos descolonizadores. No basta con apuntar hacia una educación trans-
Es el lugar del cuidado, del cultivo de relaciones, en formadora, sino que urge entrar en el movimiento
donde se aprende a gestionar, a resolver conflictos. de una educación que produzca transformación,
Es el espacio íntimo de la seguridad en donde no transformándose. Es necesario mantenerse en
se va a ser traicionado. Las personas se construyen esta dinámica, más allá de las incertidumbres que
en reciprocidad y en hermanamiento. se vivan. Y esto solo será posible con un tejido de
relaciones fraternas, con vínculos de tipo familiar y
Vanguardia o comunidad. Este aspecto apunta gracias a la decisión política de incidir en un cambio
a ubicar el poder no en los partidos políticos que que será proceso, desde y en la heterogeneidad, en
son parte de la colonización, sino en el valor de la el que las personas y sus necesidades marquen el
comunidad y en el servicio a las necesidades identi- tipo de decisiones a tomar.
ficadas por esta; mandar obedeciendo, creación del
poder desde abajo; la política
cotidiana, la identidad y los
procesos de los pueblos

Identidad. Los que viven en si- g


tuación de dominados, buscan
La Educación en los movimientos sociales. Raúl Zibechi
expresar su ser, nombrándose, www.cipamericas.org
identificando su manera de Autonomía y emancipaciones. América Latina en movi-
hacer y de vivir, sus saberes miento. Raúl Zibechi. Colección Transformación Global.
y sus conocimientos. Es así 2007.
parte de lo que el movimiento Entrevista a Raúl Zibechi. José Luis Casadevante. 2012.
enseña en sus prácticas coti- Descolonizar el pensamiento crítico y las prácticas
dianas. Identificarse personal emancipadoras. Raúl Zibechi. Ediciones “Desde Abajo”
Bogotá 2015.
y colectivamente, nombrarse y
relacionarse desde lo que se es, g
la familia a la que se pertenece,
el tipo de producción que se
trabaja, etc. Las relaciones son
múltiples pero son parte del
convivir y del producir.

29

Nova149.indd 29 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

g COMUNIDADES QUILOMBOLAS E SUAS LUTAS


POR UMA ESCOLA “OUTRA” Ediléia Carvalho
Integrante da equipe Novamerica. Doutoranda em Educação pela PUC-Rio • Brasil
edileia.rj@hotmail.com

N o Brasil, diversos atores sociais têm


pleiteado e assumido em seus dis-
cursos e em suas pautas políticas uma
Diferentes pesquisas1 denunciam o
silenciamento das lutas permanentes
dos quilombos, a invisibilidade dos
de uma tomada de posição política que
reflete o esforço dos povos excluídos
para visualizar, construir e aplicar um
educação pautada no reconhecimento seus conhecimentos e da pedagogia projeto onde as aspirações e os critérios
do direito às diferenças. Tais lutas têm dos seus territórios nas práticas das culturais próprios são o próprio funda-
impactado as políticas públicas à escolas em áreas quilombolas. Além mento (WALSH, 2012).
medida que estes grupos passam a in- disso, afirmam que seus currículos
terrogar a escola ao se afirmarem como representam uma força epistemoló- Acreditamos que as experiências de
sujeitos sociais, culturais, históricos, gica contrária ao movimento dialético educação quilombola, protagonizada
políticos e de políticas. Sujeitos “Ou- da resistência quilombola. Trata-se no âmbito da luta política dessas co-
tros”, de práticas “Outras” e de saberes de um racismo que tende a desle- munidades, indicam caminhos e pos-
“Outros” (WALSH, 2012). gitimar todo projeto de educação sibilidades para a viabilidade de uma
que propunha uma “diversalidade educação “Outra”, contra-hegemônica.
Neste cenário se situa a trajetória de epistêmica”, tal como sinaliza Oliveira Concebemos esta como o anúncio de
luta e resistência vivenciada pelas co- (2012, p. 285). uma experiência educacional decolo-
munidades quilombolas. O contexto nial no cenário brasileiro.
de luta dessas comunidades por uma Todo esse silenciamento tem sido o
educação diferenciada não se encon- fio condutor da luta das comunidades g
tra à parte da luta pelo território. Sua quilombolas pelo reconhecimento de
cosmovisão compreende que esses suas especificidades e lutas históricas
1 Ver Maroun (2013); Carvalho (2014); Barata
dois espaços se relacionam o tempo no campo da educação. Ao se afirma- (2013); Soares (2008).
todo. Nesse sentido, apresentam rem sujeitos de saberes próprios, de
outras referências epistemológicas outros processos de aprendizagem,
e organizações do pensamento. É de formação, de conscientização polí- CANDAU, Vera Maria & RUSSO, Kelly. In-
terculturalidade e Educação na América
a partir da perspectiva do território tica e cultural, passam a resistir a esse
Latina: uma construção plural, original e
que se percebem enquanto grupos modelo educacional hegemônico complexa. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v.
formadores deste; identificam as predominante. Isso ocorre justamen- 10, n. 29, p. 151-169, jan./abr. 2010.
apropriações desiguais e inequâni- te porque eles se afirmam por meio
ESCOBAR, Arturo. Sentipensar com la
mes no/do território, de onde emerge de suas diferenças. Protagonizam tierra: Nuevas lecturas sobre desarrollo,
conflitos e injustiças invisibilizadas lutas que apontam não apenas um território y diferencia. Medellín: Ediciones
pelas relações de poder (ESCOBAR, processo de resistência, mas também UNAULA, 2015.
2015). uma “aposta de (re)construção” de um OLIVEIRA, Luiz Fernandes. História da
sentido “coletivo de pertencimento e África e dos africanos na escola: as pers-
A educação escolar predominante é de ser” (WALSH, 2012, p. 68). pectivas para a formação dos professores
uma instituição construída e perpetua- de história quando a diferença se torna
da na lógica de relações desiguais de Nessa direção, compreendem que uma obrigatoriedade curricular. Tese (Douto-
poder e fundamentada numa estrutura “escola quilombola” se fundamenta rado). Programa de Pós-Graduação em
que recebe marcas de um passado que num processo de construção coletiva, Educação. Pontifícia Universidade Católica
deixou heranças racistas, elitistas e algo que seja pensado pela própria do Rio de Janeiro- PUC-RIO, 2010.
excludentes. Um lugar onde as alte- comunidade, ainda que em parceria WALSH, Catherine. Etnoeducación e
ridades são negadas, na medida em com a escola. Nessa perspectiva, há interculturalidad en perspectiva decolo-
que exerce a função de moldar/ajustar um deslocamento da ideia de um pro- nial. Ponencia presentada en el Cuarto
nessa/para essa lógica ocidental e jeto político pedagógico da escola que Seminario Internacional Etnoeducacion
eurocêntrica, deslegitimando dessa venha a contemplar a comunidade, e Interculturalidad. Perspectivas Afrodes-
cendientes CEDET, Lima, Perú, 2011.
forma a história, as vozes, os saberes e para a escola incorporada ao projeto
culturas de grupos sociais subalterniza- político da comunidade. É a escola WALSH, Catherine. Interculturalidad crítica
dos (CANDAU & RUSSO, 2010). pensada de/desde baixo, pelos sujeitos y (de) colonialidad: Ensayos desde Abya
Yala. Quito: Ediciones Abya-yala, 2012.
e não apenas para os sujeitos. Trata-se

30

Nova149.indd 30 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

Os autores contam como foi sua experiência docente, no âmbito universitário, ao apresentar a

seus alunos a visão da educação descolonizadora, assim como a necessidade de que aquela

fosse descolonizada para dar lugar a um projeto alternativo de sociedade, com orientação

anticapitalista, e visando ao Bem Viver. Começam esmiuçando a teoria da “colonialidade do

poder” e desenvolvendo a necessidade de: abrir um novo debate em torno do poder, abrir

olhares desde uma totalidade social, considerar a historicidade e incluir a intersecionalidade

na estruturação da classificação social para dar lugar à descolonização social e educativa.

Dania López Notas sobre


la descolonialidad
Profesora de la UNAM • México

Boris Marañón
Profesor de la UNAM • México
maranonboris@gmail.com de la educación
desde una
experiencia docente
Foto Revista Novamerica México

31

Nova149.indd 31 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

Una experiencia docente Esta sostenía que había una señalado dualismo cartesiano; y

dentro de los espejos [2] el modelo newtoniano, en el


de la colonialidad/ sola historia universal, la cual hay simetría entre pasado y
modernidad europea, en tanto proyecto futuro; y que la ciencia, derivada
del estudio de la mecánica ce-
Esta contribución busca plan- “civilizatorio”, y que todo leste, estaba definida como la
tear la necesaria Descoloniali- el resto del mundo debía búsqueda de las leyes naturales
dad de la educación como parte universales que se mantenían
de un proyecto alternativo de mirarse en tal espejo en todo tiempo y espacio.
sociedad de orientación antica- y emprender acciones
pitalista y hacia el Buen Vivir, a Este enfoque, además, despoliti-
partir de la experiencia docente para alcanzar tal punto zaba la vida social, la misma que
de casi un lustro con estudiantxs de llegada. Este mismo se se explicaba por las acciones in-
de licenciatura en la Facultad dividuales. Por el contrario, la CP
de Ciencias Políticas y Sociales
presentaba como lo más establecía un análisis político e
de la UNAM. Los estudiantes acabado de la historia histórico de la realidad y el cam-
bio social, con el fin de aflojar
procedían de diversas carreras
y afirmaban que recibían una
humana y como aquello las ataduras del eurocentrismo,
formación alejada del pensa- que podía sintetizarse en la una narrativa universalista y
colonial elaborada por el pen-
miento crítico. Desde nuestro
punto de vista era evidente
conjunción del Progreso- samiento dominante a partir
que sus visiones de la realidad Desarrollo, la ciencia y de la experiencia europea. Esta
sostenía que había una sola
social estaban influenciadas
por el pensamiento dominante,
la tecnología, el Estado- historia universal, la europea,
siendo así, eurocéntricas. Nación, la democracia en tanto proyecto “civilizatorio”,

Su conocimiento de la teoría
representativa. y que todo el resto del mundo
debía mirarse en tal espejo
de la Colonialidad del Poder y emprender acciones para
(CP) era nulo, razón por la cual alcanzar tal punto de llegada.
tratamos de exponerla a lo largo Este mismo se presentaba como
de cada curso planteando la necesidad de, por un lo más acabado de la historia humana y como
lado, develar la forma en que la educación hege- aquello que podía sintetizarse en la conjunción
mónica eurocéntrica ha contribuido y contribuye del Progreso-Desarrollo, la ciencia y la tecnología,
a ocultar y mantener relaciones de dominación y el Estado-Nación, la democracia representativa, la
explotación mediante un supuesto conocimiento economía de mercado, la empresa y el trabajo asa-
universal, objetivo y neutral; y por otro, recuperar lariado, el patriarcalismo y la naturaleza dominada.
y construir formas alternativas que parten de los
movimientos sociales populares que buscan la Factores de cambio:
reivindicación de otras formas de conocimiento y un espejo con múltiples rostros
modos de vida.
Enfatizábamos que la CP desarrollaba una mirada
Sosteníamos en la clase que las estructuras del de la realidad y el cambio social que ubicaba la
saber dominante en la colonialidad-modernidad se centralidad de las relaciones de poder, de la acción
basaban en el Eurocentrismo, es decir, en una ma- social como agente de cambio, develando los fac-
nera particular de producir conocimiento, caracte- tores que explicaban las relaciones de mando-obe-
rizado por el dualismo radical, el evolucionismo1, la diencia. Esto implicaba:
primacía de la razón instrumental, la ahistoricidad
y la naturalización de los hechos sociales, la cual 1 ubicar nuevamente el asunto del poder en los
se hizo mundialmente hegemónica colonizando debates sobre el cambio social, entendido este
y sobreponiéndose a todas las demás estructuras como la malla de relaciones de dominación, ex-
del saber y ubicándose como un conocimiento plotación y conflicto que atraviesan los distintos
universal (Quijano, 2014; Lander, 2000; Walsh, ámbitos básicos de la existencia social: trabajo,
2007). Comentábamos que la visión clásica de la autoridad colectiva, intersubjetividad, sexo y
ciencia fue constituida sobre dos premisas: [1] el ya naturaleza.

32

Nova149.indd 32 22/02/16 12:22


nuevamerica

Foto Revista Novamerica México
nº149 jan-mar 2016

2 intentar una mirada desde la totalidad social. En discontinuo y contradictorio; la heterogeneidad


la CP es este el que articula esa totalidad. Si bien histórica estructural alude a esta totalidad. En
la educación se adscribe principalmente al eje el capitalismo es la relación capital/trabajo, la
de la intersubjetividad (formas de producción que articula de manera subordinada a las otras
y control de conocimiento, imaginario social y formas de control del trabajo (esclavitud, reci-
memoria histórica), no puede abordarse sin con- procidad, servidumbre y pequeña producción
siderar las interrelaciones con los otros ámbitos, mercantil simple).
pues se incurriría en determinismos y/o reduc-
cionismos que no ayudan a la comprensión de 4 Incluir la interseccionalidad en la estructuración
la realidad social, de la clasificación social, esto es, el lugar que
ocupa y el rol que cada persona desempeña en
3 considerar la historicidad, ya que ella da cuenta una sociedad, y los criterios que fundamenta
de la existencia de ciertas regularidades que tales asignaciones, sosteniendo que las clases
explican la vida social. Sin embargo, esas regula- tienen color y sexo. En lugar de centrar la cla-
ridades son entendidas como una construcción sificación social desde un criterio únicamente
social, son creadas por la acción del ser humano, económico –la clase–, como se enfatiza en el
lo que implica que la realidad social es transitoria enfoque marxista, la CP sostiene que la raza es
y por tanto puede ser transformada, de mane- el criterio básico de clasificación social al que
ra que no se naturalizan los hechos sociales. deben asociarse el sexo y la clase. La constitución
Frente a la mirada dualista-evolucionista del de Europa y la expansión del colonialismo euro-
eurocentrismo, de un devenir histórico unili- peo llevaron a la elaboración de la perspectiva
neal, ascendente y homogéneo, en el que hay eurocéntrica de conocimiento a partir del siglo
una sucesión inevitable de etapas históricas y XVIII, y con esta, a la construcción teórica de la
la tendencia hacia la homogeneización social, idea de raza como naturalización de las relacio-
se habla de una totalidad histórica, una articu- nes coloniales de dominación entre europeos y
lación y una coexistencia de múltiples historias no-europeos; eso significó una nueva manera
(tiempos-espacios) en la que una de ellas esta- de legitimar las ya antiguas ideas y prácticas de
blece su hegemonía sobre las otras, formando relaciones de superioridad/inferioridad entre
un conjunto necesariamente heterogéneo, dominantes y dominados y, paradojalmente,

33

Nova149.indd 33 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

mientras que en Europa con Enfatizábamos en hegemónica partía de un conoci-


la Ilustración se pugnaba por miento disciplinar que compar-


la libertad y la igualdad social nuestra clase que timentalizaba la vida social, que
como valores supremos de la el Eurocentrismo se separaba lo bueno y lo bello de
modernidad, el colonialismo lo verdadero, que en su supuesta
se justificaba a partir de la raza tornó en el modo de objetividad y neutralidad cosifi-
y se legitimaban las relaciones control y producción de caba a la naturaleza y a lxs otros,
de dominación/explotación y que resultaba, además, ajeno a
que los europeos ejercían subjetividad, sobre todo las realidades concretas.
sobre los no europeos: “ne- de conocimiento, que
gros”, “indios”, “mestizos”. Así, Reacciones
la modernidad hablaba de contribuyó a legitimar de los alumnos
igualdad, mientras que desde tanto el sistema de
la colonialidad se legitimaba A medida que en la clase se desa-
la desigualdad. En ese sentido dominación sustentado rrollaba el enfoque de la CP, en-
se habla de la modernidad/ en la idea de ‘raza’, tre lxs estudiantes surgieron dos
colonialidad. reacciones significativas. Una era
como el sistema de comentar de manera enérgica la
Enfatizábamos en nuestra clase explotación capitalista. enorme frustración que habían
que el Eurocentrismo se tornó en sentido al darse cuenta, luego de
el modo de control y producción su ingreso a la facultad, de que
de subjetividad, sobre todo de su búsqueda de conocer teorías
conocimiento, que contribuyó a legitimar tanto el críticas no había encontrado una respuesta estimu-
sistema de dominación sustentado en la idea de lante, pues la mayoría de materias que cursaban
‘raza’, como el sistema de explotación capitalista, y era impartida desde las teorías dominantes. Y la
también las instituciones hegemónicas asociadas otra, que al conocer los planteamientos básicos
a los distintos ámbitos de existencia social: el Es- de la CP, se abría la posibilidad de reinterpretar la
tado nación como autoridad colectiva, el trabajo realidad social de un modo otro y de orientar la
asalariado como única forma legítima de trabajo y búsqueda de la transformación societal a partir
el conocimiento positivista en el caso de la inter- de prácticas y conocimientos invisibilizados por
subjetividad desde una narrativa universalista y el pensamiento hegemónico, incorporando la
colonial a partir de la experiencia europea. propuesta del Buen Vivir, vivir en reciprocidad y
complementariedad entre humanos y con lo no
Constatábamos que la educación hegemónica ten- humano, en una crítica radical al Progreso-Desarro-
día a ocultar las relaciones de poder y a naturalizar llo capitalista y a la colonialidad-modernidad. Esto
desigualdades, pues no había espacio para una se orientaba a la Descolonialidad de la subjetividad
educación crítica y propositiva, ya que la educación y de la educación.

1 El dualismo refiere a las múltiples separaciones de la realidad


social: razón-sujeto/objeto, salvaje-civilizado, rural-urbano, g
atrasado-avanzado, tradicional-moderno, inferior-superior,
según se haya alcanzado o no la modernidad europea, ya que Lander, Edgardo (2000). “Ciencias sociales: saberes colonia-
dicha experiencia se constituye en la meta a la que hay que les y eurocéntricos”, E. Lander (compilador) La colonialidad
aspirar a partir de un transitar evolutivo; de manera que el del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas
evolucionismo alude a que cada sociedad, teniendo como espejo Latinoamericanas, Buenos Aires: CLACSO.
a Europa-Estados Unidos, debe transitar de lo tradicional a lo
moderno, del “subdesarrollo” al “desarrollo”. Quijano, Aníbal (2014). Quijano, Aníbal, Cuestiones y
horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la co-
lonialidad/descolonialidad del poder (selección y prólogo a
cargo de Danilo de Assis Climaco), Buenos Aires: CLACSO.
Walsh, Catherine (2007). “Interculturalidad, colonialidad
y educación”, Revista Educación y Pedagogía, XIX (48),
Medellín: Universidad de Antioquía, mayo-agosto.

34

Nova149.indd 34 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

El autor explica brevemente el origen del término “decolonial” que da nombre a un grupo

de intelectuales latinoamericanos, de diversas áreas, y cuyas investigaciones tienen estrecha

relación con el área educativa. Dicho grupo coloca en debate la geopolítica del conocimiento

y trabaja con las siguientes categorías de análisis: la relación modernidad/colonialidad,

el racismo epistémico, la diferencia colonial, la transmodernidad, la interculturalidad crítica

y la pedagogía decolonial.

Luiz Fernandes de Oliveira

Doutor em Educação pela PUC/Rio,


O que é uma
educação
Professor do Programa de Pós-Graduação
em Educação, Contextos Contemporâneos
e Demandas Populares – PPGEDUC/UFRRJ e
da Licenciatura em Educação do Campo da

decolonial?
UFRRJ. Membro do Grupo de Pesquisa em
Políticas Públicas, Movimentos Sociais
e Culturas (GPMC) • Brasil
axeluiz@gmail.com

Foto João Ripper

35

Nova149.indd 35 22/02/16 12:22


novamerica nº149 jan-mar 2016

J O termo decolonial deriva


á tem pouco mais de 10 anos Para responder estas perguntas,
que um grupo de intelec- precisamos em primeiro lugar
tuais latino-americanos, de de uma perspectiva descrever uma breve síntese dos
diversas áreas de conhecimento, teórica que estes principais conceitos que estes in-
vem sendo lido e estudado no telectuais formulam. Em seguida,
Brasil e dialogando com diversas autores expressam, descrever como suas formulações
pesquisas, principalmente na área fazendo referência se afinam com a questão da dife-
de educação. São os chamados rença nos debates educacionais
intelectuais decoloniais, a saber: às possibilidades brasileiros.
o filósofo argentino Enrique Dus- de um pensamento
sel, o sociólogo peruano Aníbal O termo decolonial deriva de
Quijano, o semiólogo e teórico crítico a partir dos uma perspectiva teórica que es-
cultural argentino-norteamerica- subalternizados pela tes autores expressam, fazendo
no Walter Mignolo, o sociólogo referência às possibilidades de
porto-riquenho Ramón Grosfo- modernidade capitalista um pensamento crítico a partir
guel, a linguista norte-americana e, na esteira dessa dos subalternizados pela moder-
radicada no Equador Catherine nidade capitalista e, na esteira
Walsh, o filósofo porto-riquenho perspectiva, a tentativa dessa perspectiva, a tentativa de
Nelson Maldonado-Torres, o an- de construção de um construção de um projeto teóri-
tropólogo colombiano Arturo co voltado para o repensamento
Escobar, dentre outros. projeto teórico voltado crítico e transdisciplinar, caracte-
para o repensamento rizando-se também como força
Mas o que esses intelectuais política para se contrapor às ten-
produzem? Quais conceitos e crítico e transdisciplinar. dências acadêmicas dominantes
formulações estão presentes em de perspectiva eurocêntrica de
seus livros e artigos? E por que construção do conhecimento
estão penetrando nos estudos educacionais brasi- histórico e social. A caracterização desses inte-
leiros, em particular, quando se destaca a questão lectuais com o termo decoloniais, é mais uma das
das diferenças no campo educacional? expressões dadas por alguns pesquisadores que
Foto Alexandre Firmino

36

Nova149.indd 36 22/02/16 12:22


nuevamerica

os estudam no Brasil. Na verdade, é um conjunto
nº149 jan-mar 2016

Os principais conceitos

de autores denominado por Arturo Escobar (2003) e as conexões com a educação


como grupo de pesquisadores da perspectiva teó-
rica “Modernidade/Colonialidade” (MC). O primeiro conceito da perspectiva teórica Mo-
dernidade/Colonialidade se refere ao mito de
Uma das principais proposições epistemológicas fundação da modernidade.
do grupo MC é o questionamento da geopolítica
do conhecimento, entendida como a estratégia A modernidade foi uma invenção das classes
modular da modernidade. Esta estratégia, de um dominantes europeias a partir do contato com a
lado, afirmou suas teorias, seus conhecimentos América. A modernidade não foi fruto de uma au-
e seus paradigmas como verdades universais e, toemancipação interna europeia que saiu de uma
de outro, invisibilizou e silenciou os sujeitos que imaturidade por um esforço autóctone da razão
produzem “outros” conhecimentos e histórias. Para que proporcionou à humanidade um pretenso
vários desses autores foi este o processo que cons- novo desenvolvimento humano. Foi necessário,
tituiu a modernidade, cujas raízes se encontram na segundo Dussel (2009), afirmar uma razão universal
colonialidade. Implícita nesta ideia está o fato de a partir da Europa e estabelecer uma conquista
que a colonialidade é constitutiva da modernidade, epistêmica na qual o etnocentrismo europeu
e esta não pode ser entendida sem levar em conta representou o único que pôde pretender uma
os nexos com a herança colonial e as diferenças identificação com a “universalidade-mundialida-
étnicas que o poder moderno/colonial produziu. de”. A modernidade foi inventada a partir de uma
violência colonial. Em outros termos, conquistada a
Assim, o postulado principal do grupo é que “a colo- América, as classes dominantes europeias inventa-
nialidade é constitutiva da modernidade, e não de- ram que somente sua razão era universal, negando
rivada” (Mignolo, 2005, p. 75). Ou seja, modernidade a razão do outro não europeu.
e colonialidade são as duas faces da mesma moeda.
Graças à colonialidade, a Europa pode produzir as O segundo conceito tem intrínsecas ligações com
ciências humanas com um modelo único, universal o primeiro, denominado colonialidade. Esta implica
e objetivo na produção de conhecimentos, além na classificação e reclassificação da população do
de deserdar todas as epistemologias da periferia planeta, em uma estrutura funcional para articular
do ocidente. As principais categorias de análise do e administrar essas classificações, na definição de
grupo se constituem nos conceitos e noções sobre espaços para esses objetivos e em uma perspectiva
o mito de fundação da modernidade, a coloniali- epistemológica para conformar um significado de
dade, o racismo epistêmico, a diferença colonial, uma matriz de poder na qual canalizar uma nova
a transmodernidade, a interculturalidade critica e produção de conhecimento. Colonialidade repre-
pedagogia decolonial. senta, apesar do fim do colonialismo, “um padrão
de poder que emergiu como resultado do colonia-
Escobar (2002), alerta que o programa de investi- lismo moderno, porém, ao invés de estar limitado
gação MC deve ser entendido como uma maneira a uma relação formal de poder entre os povos ou
diferente de pensamento em relação às grandes nações, refere-se à forma como o trabalho, o conhe-
narrativas produzidas pela modernidade europeia cimento, a autoridade e as relações intersubjetivas
como a cristandade, o liberalismo e o marxismo. se articulam entre sí através do mercado capitalista
Castro-Gómez (2005), por outro lado, esclarece mundial e da ideia de raça”. (Maldonado-Torres,
que as questões que o grupo levanta se inserem 2007, p. 131). A colonialidade sobrevive até hoje
num contexto discursivo mais amplo, conhecido “nos manuais de aprendizagem, nos critérios para
na academia europeia e norte-americana como a os trabalhos acadêmicos, na cultura, no senso co-
teoria pós-colonial. Entretanto, reitera que essas mum, na autoimagem dos povos, nas aspirações
questões não são simples recepções das teorias dos sujeitos, e em tantos outros aspectos de nossa
pós-coloniais, como se fossem sucursais latino-a- experiência moderna” (idem).
mericanas. São, ao contrário, uma especificidade
latino-americana que estabelece um diálogo com a O terceiro conceito é o de racismo epistêmico. Se
teoria pós-colonial e se situa em outra perspectiva, a colonialidade operou a inferioridade de grupos
porém fora do eixo moderno/colonial. humanos não europeus do ponto de vista da

37

Nova149.indd 37 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

produção da divisão racial do trabalho, do salário, colonial. A interculturalidade crítica é vista como

da produção cultural e dos conhecimentos, foi ne- processo e como projeto político. Caracteriza-se
cessário operar também a negação de faculdades como ferramenta dos sujeitos subalternizados e
cognitivas nos sujeitos racializados. Neste sentido, dos movimentos sociais.
o racismo epistêmico não admite nenhuma outra
epistemologia como espaço de produção de pen- Para Catherine Walsh (2005), a interculturalidade
samento crítico nem científico. Isto é, a operação crítica significa a “(re)construção de um pensa-
teórica que, por meio da tradição de pensamento mento crítico-outro - um pensamento crítico de/
e pensadores ocidentais, privilegiou a afirmação de desde outro modo -, precisamente por três razões
estes serem os únicos legítimos para a produção de principais: primeiro porque está vivido e pensado
conhecimentos e como os únicos com capacidade desde a experiência vivida da colonialidade (...);
de acesso à universalidade e à verdade. segundo, porque reflete um pensamento não
baseado nos legados eurocêntricos ou da moderni-
O quarto conceito se refere a diferença colonial. In- dade e, em terceiro, porque tem sua origem no sul,
troduzido por Mignolo (2003), a diferença colonial dando assim uma volta à geopolítica dominante do
significa pensar a partir das ruínas, das experiên- conhecimento que tem tido seu centro no norte
cias e das margens criadas pela colonialidade na global” (p. 25).
estruturação do mundo moderno/colonial, como
forma de fazê-los intervir em um novo horizonte A interculturalidade crítica não é compreendida
epistemológico. A perspectiva da diferença colonial somente como um conceito ou termo novo para
requer um olhar sobre enfoques epistemológicos referir-se ao simples contato entre o ocidente e
e sobre as subjetividades subalternizadas. Supõe outras civilizações, mas como algo inserido numa
o interesse por outras produções de conhecimen- configuração conceitual que propõe um giro epis-
to distintas da modernidade ocidental. O que se têmico, capaz de produzir novos conhecimentos e
produz fora da modernidade epistemológica eu- uma outra compreensão simbólica do mundo, sem
rocêntrica, por sujeitos subalternizados, pode ser perder de vista a colonialidade. Essa interculturali-
identificado como diferença colonial. dade representa a construção de um novo espaço
epistemológico que promove a interação entre os
O quinto conceito é a transmodernidade. Fomulado conhecimentos subalternizados e os ocidentais,
por Dussel (2005), este conceito refere-se à propos- questionando a hegemonia destes e a invisibiliza-
ta, na perspectiva de uma filoso- ção daqueles.
fia da liberação, de realização de
um processo de integração, que Este conceito se conecta com as
inclui a “Modernidade/Alterida- Pedagogia decolonial é questões educacionais através
de” mundial (Dussel, 2005, p. 66).
Por outro lado, carrega a ideia de
expressar o colonialismo da denominada Pedagogia de-
colonial. Pedagogia decolonial
um projeto teórico denominado que construiu a é expressar o colonialismo que
“diversalidade global” ou “razão
humana pluriversal” que não re-
desumanização dirigida construiu a desumanização di-
rigida aos subalternizados pela
presenta pensar a diferença den- aos subalternizados modernidade europeia e pensar
tro do universal, mas a diversali-
dade do pensamento enquanto
pela modernidade na possibilidade de crítica teórica
a geopolítica do conhecimento.
projeto universal, pois, segundo europeia e pensar na Esta perspectiva é pensada a
Mignolo (2003), “o pensamento
é, ao mesmo tempo, universal e
possibilidade de crítica partir da ideia de uma prática
política contraposta a geopolí-
local: o pensamento é universal teórica a geopolítica tica hegemônica monocultural
no sentido muito simples de
que é um componente de certas
do conhecimento. Esta e monoracional, pois trata-se de
visibilizar, enfrentar e transfor-
espécies de organismos vivos e perspectiva é pensada mar as estruturas e instituições
é local no sentido de que não
a partir da ideia de que têm como horizonte de suas
existe pensamento no vácuo” práticas e relações sociais a lógica
(p. 287). uma prática política epistêmica ocidental, a racializa-
contraposta a geopolítica ção do mundo e a manutenção
Por fim, temos a interculturali- da colonialidade. Enfim, para
dade crítica e a pedagogia de- hegemônica monocultural. iniciar um diálogo intercultural

38

Nova149.indd 38 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

espaços educativos formais, mas também as orga-


nizações dos movimentos sociais. DEcolonizar na


educação é construir outras pedagogias além da
hegemônica. DEScolonizar é apenas denunciar as
amarras coloniais e não constituir outras formas de
pensar e produzir conhecimento.

Neste sentido, podemos compreender a entrada


destas perspectivas teóricas no campo da educação
brasileira nos últimos anos, já que, muito do que se
tem produzido academicamente sobre as relações
entre educação, gênero, raça, diferenças culturais
etc, se aproximam de uma perspectiva além das for-
mulações teóricas eurocentradas. Uma perspectiva
de educação decolonial requer pensar a partir dos
sujeitos subalternizados pela colonialidade, como
índios, negros, mulheres, homossexuais e outr@s
marcadores das diferenças contrapostas às lógicas
educativas hegemônicas.

g
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. La poscolonialidad explicada
a los niños. Bogotá: Editorial Universidad Javeriana, 2005.
DUSSEL, Enrique. Europa, modernidade e eurocentrismo.
In: LANDER, Edgardo. (Org). A colonialidade do saber: euro-
centrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas.
Buenos Aires: Clacso, 2005, p. 55-70.
____. Meditações anti-cartesianas sobre a origem do
anti-discurso filosófico da modernidade. In: SANTOS,
Boaventura de Sousa e MENESES, Maria Paula. (Orgs.).
Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009,
Foto João Ripper

p. 283-335.
ESCOBAR, Arturo. Mundos y conocimientos de otro modo.
Disponível em www.decoloniality.net/files/escobar-tabu-
la-rasa.pdf , 2003. Acesso 01 de agosto 2007.
MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre la colonialidad del
ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CAS-
TRO-GÓMEZ, Santiago e GROSFOGUEL, Ramón. (Orgs.). El
“autêntico” tem que haver uma visibilização das giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica
causas do não diálogo, e isto passa, necessaria- más allá del capitalismo global. Bogotá: Universidad Jave-
riana-Instituto Pensar/Universidad Central-IESCO/Siglo del
mente, pela crítica à colonialidade e a explicitação Hombre Editores, 2007, p. 127-167.
da diferença colonial. MIGNOLO, Walter. Histórias Globais projetos Locais. Colo-
nialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo
Decolonizar, significaria então, no campo da Horizonte: Ed. UFMG, 2003.
educação, uma práxis baseada numa insurgência ____. A colonialidade de cabo a rabo: o hemisfério ociden-
educativa propositiva, portanto não somente tal no horizonte conceitual da modernidade. In: LANDER,
Edgardo. (Org). A colonialidade do saber: eurocentrismo
denunciativa - por isso o termo “DE” e não “DES” e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos
- onde o termo insurgir representa a criação e a Aires: 2005, p. 71-103.
construção de novas condições sociais, políticas WALSH, Catherine. Introducion - (Re) pensamiento crítico y
e culturais e de pensamento. Em outros termos, a (de) colonialidad. In: WALSH, Catherine. (Orgs.). Pensamien-
to crítico y matriz (de)colonial. Reflexiones latinoamericanas.
construção de uma noção e visão pedagógica que Quito: Ediciones Abya-yala, 2005, p. 13-35.
se projeta muito além dos processos de ensino e de
transmissão de saber, uma pedagogia concebida g
como política cultural, envolvendo não apenas os

39

Nova149.indd 39 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

g EDUCACIÓN DESCOLONIZADORA: UN CAMINO


DE EDUCACIÓN PROPIA
Lucrecia Noemí Marcelli
Profesora en Ciencias Jurídicas, Políticas y Sociales con Especialización en Pedagogía de la
Alternancia. Pos titulación en Investigación Educativa con Enfoque Etnográfico • Argentina
recreandoutopias@yahoo.com.ar

G racias a más de 500 años de bús-


quedas de una educación desco-
lonizadora, de seres, comunidades y
pero también en su utopía: ser una
educación que no coloniza.
Agrícola Fortaleza Campesina. Nadie
sabía mucho de educación descolo-
nizadora, de paradigma biocéntrico,
culturas que han latido, y continúan Toda vez que un proceso se vea orien- de desarrollos conceptuales sobre
latiendo por educar a sus miembros tado por los valores de “equilibrio”, salud integral de los ecosistemas,
en libertad, es que hoy podemos “éxito”, “producción”, “capitalización”, de nuevas formas de organizar el
contar con un riquísimo camino en “legalidad”, estaremos delante de una currículum, pero todos sabíamos que
este sentido. educación que busca la dominación queríamos dejar atrás las experiencias
de algunos sobre otros, el descono- educativas que tuvieran fronteras, en
Es desafiante expresar una vivencia cimiento o desvalorización, o bien la las que unos convidaran saber a otros.
no colonizadora utilizando las herra- falsa idea de “incompletud” de unos, Todos estábamos proyectándonos
mientas del colonialismo: formación que da supuestos derechos a otros de por el amor. Así, en 2008, surge la
académica, intelectualización de los querer “enseñar el camino de cómo formación en agroecología en el nivel
horizontes, ciencia, verdad, justicia y desarrollarse, completarse”. medio; la construcción del edificio
credo. Está presente en este profundo para la formación; en 2013 se crea el
acto de “dar la palabra a lo vivido”, De acuerdo con Galindo, descoloni- nivel superior que forma a los futuros
el desafío de ser un nuevo modo de zación es el reencuentro con nuestros Técnicos en Agroecología y a los Pro-
expresar. propios sistemas de vida, sujetos con fesores para la educación secundaria
identidad, costumbres, tradiciones; en Agronomía. Este año se construyó
En los primeros antecedentes de esta silenciados por el proceso histórico el proyecto comunicacional para dar
educación descolonizadora, nos de colonización española, por el comienzo a la radio comunitaria.
encontramos con el largo camino rea- proceso de colonialismo de la época Currículum y radio dando lugar a la
lizado por las comunidades indígenas, republicana. propia identidad.
que aparecen bajo la denominación
de Educación Intercultural. A comien- Desde el sentirse comunidad, desde el Esta vivencia de educación emancipa-
zos del siglo XXI, aparece el trayecto deseo de brindar lo mejor a sus hijos, toria, con la voz de todos, con sentido
recorrido por las comunidades cam- las comunidades campesinas de Ge- de justicia, con la identidad del sueño
pesinas y en los últimos 50 años, neral San Martín, Chaco, guiadas por compartido, da testimonio de una
podemos dar cuenta de comunidades el derecho a una salud integral y por el educación descolonizadora.
urbanas que también se plantean otra derecho a la tierra, buscaron crear una
educación posible, la cual es llamada escuela que les fuera propia, no ajena, g
de “educación de la resistencia”, y en la que los reconociera. Así, después de
actualidad, la formación superior que 10 años de lucha, familias, docentes,
genera sus pasos hacia una educación técnicos, instituciones que apoyaban,
que busca concretarse en lo curricular iniciaron la Escuela de la Familia

40

Nova149.indd 40 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

A Bolívia tem incorporado experiências educativas de descolonização, despatriarcalização e


plurilinguismo com o suporte da Lei Avelino Siñani-Elizardo Pérez. A criação do modelo

Educativo Sociocomunitário Produtivo tem permitido a reivindicação de cosmovisões das

diversas nacionalidades que fazem parte da Bolívia e da concepção do Bem Viver. Tem-se

construído uma educação que busca dinamizar o inter-aprendizado comunitário, deixando

assim, de lado, todo tipo de hierarquização, de dominação e de exaltação de uns em

detrimento dos outros. No entanto, o grande desafio para continuar construindo essa

educação descolonizadora é desconstruir, em cada um de nós e na coletividade, essa cultura

patriarcal e colonizadora que assimilamos desde que nascemos.

Construyendo
alternativas a partir Rina López Villarroel

de la educación
Directora del Centro
de Educación Permanente
Jaihuayco, CEPJA, Bolívia.
rinalopez@cepja.org

descolonizadora
Foto Rina López

41

Nova149.indd 41 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

E Estamos recreando
n Bolivia se están gene- “Son fines y funciones esenciales
rando experiencias trans- del Estado,
formadoras a partir de la una educación propia 1. Constituir una sociedad justa y
concreción del modelo Educativo a partir de nuestras armoniosa, cimentada en la des-
Socio-comunitario Productivo colonización, sin discriminación
que estamos construyendo las cosmovisiones de ni explotación, con plena justicia
maestras y los maestros desde sociedad y de vivir social, para consolidar las identi-
la educación regular, alternativa, dades plurinacionales.”
especial y permanente. bien. En algunos casos
estamos reconstruyendo, También en el Art. 78. “I. La edu-
El proceso que se ha desarrollado cación es unitaria, pública, uni-
en los últimos años, en el ámbito recuperando usos, versal, democrática, participativa,
educativo, es una alternativa, costumbres y comunitaria, descolonizadora y de
otra forma de hacer educación calidad.”
boliviana. Estamos recreando concepciones de
una educación propia a partir de educación de las Si bien en la CPE no aparece el
nuestras cosmovisiones de socie- término de despatriarcalización,
dad y de vivir bien. En algunos diferentes nacionalidades en la Ley 070 Avelino Siñani-Eli-
casos estamos reconstruyendo, y que nunca habían sido zardo Pérez sí figura.
recuperando usos, costumbres “La educación se fundamenta en
y concepciones de educación de valoradas ni reconocidas. las siguientes bases:
las diferentes nacionalidades y 1. Es descolonizadora, liberadora,
que nunca habían sido valoradas revolucionaria, anti-imperialista,
ni reconocidas. despatriarcalizadora y transfor-
madora de las estructuras económicas y sociales;
La forma de hacer educación desde las cosmo- orientada a la reafirmación cultural de las nacio-
visiones propias está orientada a construir una nes y pueblos indígenas originarios campesinos,
sociedad descolonizadora, despatriarcalizadora, las comunidades interculturales y afrobolivianas
intercultural, democrática, más digna, más justa, en la construcción del Estado Plurinacional y el
comunitaria, participativa, plurilingüe, desde todo Vivir Bien.”(Art. 3. inciso)
el sistema educativo, como se señala en la Ley
Avelino Siñani-Elizardo Pérez. Asimismo, en el art. 4, inciso 1, al referirse a los
fines de la educación se afirma: “Contribuir a la
Bolivia ha incorporado en sus leyes de manera ex- consolidación de la educación descolonizadora, para
plícita la descolonización y la despatriarcalización. garantizar un Estado Plurinacional y una sociedad del
La claridad en la concepción de educación es una vivir bien con justicia social, productiva y soberana.
alternativa antihegemónica. Alternativa
para implementar una educación plural
que responda a la diversidad de nacio-
nalidades que conforman el país y así
romper con la idea de una educación
hecha de la misma manera para todos
y todas.

Tanto en la Constitución Política del Es-


tado Plurinacional (CPE), como en la Ley
Educativa 070 Avelino Siñani-Elizardo
Pérez, se explicitan los conceptos de
descolonización y despatriarcalización,
por lo que es de carácter obligatorio
para su implementación como política
de Estado.
Foto Rina López

En la Constitución Política del Estado


Plurinacional, en el Art. 9, se indica:

42

Nova149.indd 42 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

o a algunas personas, dándoles mayor


valor, en detrimento de otros.

Entonces, poner en práctica la educa-


ción descolonizadora supone trabajar
desde todas las instancias educativas
en la erradicación de toda forma de
dominación, de discriminación, de ra-
cismo, de machismo, de jerarquización
y explotación. Es un proceso básico de
liberación, emancipación y de construir
igualdades en derechos y dignidad.

Foto Rina López


La educación boliviana se considera
colonizadora no solo por los conteni-
dos que responden a intereses de otros
contextos, sino porque nos enseñaba
También en el mismo artículo, inciso 4, se señala: a ser sumisos, a obedecer sin reclamar
“Promover una sociedad despatriarcalizadora, ci- el ejercicio de nuestros derechos. También porque
mentada en la equidad de género, la no diferencia reforzaba que las culturas originarias campesinas
de roles, la no violencia y la vigencia plena de los eran inferiores a la cultura hegemónica dominante.
derechos humanos”
Con la educación descolonizadora tratamos de
A partir de lo que está escrito en las leyes, queda construir una educación propia, que dinamice el
clara la concepción amplia de la educación y bien inter-aprendizaje comunitario, que recupere sa-
definido su horizonte de transformar la sociedad beres, conocimientos culturales y espirituales de
para el vivir bien con justicia social, con vigencia cada nacionalidad y que desarrolle una formación
plena de los derechos humanos, erradicando esa técnica, tecnológica y productiva en equilibrio con
sociedad colonizadora y patriarcal. la madre tierra.

Por lo tanto, en Bolivia la educación descoloniza- Construcción de alternativas


dora y despatriarcalizadora no solo debe ser un desde la educación descolonizadora
tema de reflexión y análisis, sino además un desafío
para su implementación y su puesta en práctica en En Bolivia se está intentando construir pequeñas
todos los ámbitos. La descolonización y la despa- alternativas desde la educación, por medio del
triarcalización se relacionan, puesto que no habría modelo Educativo Socio-comunitario Productivo,
la primera sin la segunda, y viceversa. que valora los saberes, conocimientos y experien-
cias que se han aprendido en la vida y no solo en
La Educación descolonizadora espacios académicos. Con este reconocimiento se
implica la erradicación de toda forma está cuestionando el conocimiento “científico” en
de dominación y jerarquización su comprensión clásica, es decir, como aquel pro-
ducido en un espacio cerrado, en las universidades
A lo largo de nuestra historia boliviana, la educa- o en los laboratorios.
ción ha servido en muchos momentos para reforzar
una sociedad jerarquizante. Hemos aprendido a Otra alternativa que se va generando es el diá-
reproducir las desigualdades, la superioridad de logo de saberes en los procesos educativos con
unos y la inferioridad de otros. En las direcciones de comunidades, con organizaciones sociales, hasta
instancias educativas hay más autoridades varones, el reconocimiento formal por parte del Estado y la
siendo que la mayoría de las mujeres son maestras. creación del Sistema Plurinacional de Certificación
Lo mismo sucede en las universidades, hay más de Competencias, (SPCC) que certifica y reconoce
docentes varones que mujeres. los saberes de los productores de papa, de leche,
piña, palmito, miel, cacao, banano; y asimismo re-
Cuando hablamos de educación descolonizadora conoce a quienes producen arte y educación, como
estamos queriendo transformar esas jerarquías que los payasos, las educadoras infantiles, etc. Con esto
la sociedad ha atribuido a algunos grupos sociales se está cuestionando el saber único y se está afir-

43

Nova149.indd 43 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

mando que lo que se aprende en Es difícil ir construyendo llevamos dentro un colonizador


la vida también es conocimiento. y un descolonizador, un patriarca


una educación y una matriarca. Todos hemos na-
En ese sentido, no se trata de llevar descolonizadora cido en esta cultura y nos hemos
conocimiento al pueblo, sino de construido al interior. Es verdad
“rescatar” los conocimientos del debido a todo lo que que cambiaron las leyes, pero eso
pueblo para seguir aprendiendo. hemos aprendido e no implica que nosotros, como
En la concepción antigua la escue- personas y comunidad, hayamos
la, la academia, las universidades interiorizado a lo largo cambiado al día siguiente. Aquí el
eran concebidas como un sistema de nuestra historia gran desafío para todas y todos,
de creación de conocimientos. de manera colectiva e individual,
Ahora se dice que la creación de una educación el gran cambio dependerá de cada
de conocimiento se da en otros única para todas las uno de nosotros como personas y
espacios. como pueblo.
nacionalidades, pero
A partir de la Ley Avelino Siña- desde Bolivia estamos Es difícil ir construyendo una edu-
ni-Elizardo Pérez los docentes cación descolonizadora debido a
tienen la posibilidad de crear, de contribuyendo a mirar todo lo que hemos aprendido e
inventar tomando en cuenta los y a construir de manera interiorizado a lo largo de nuestra
lineamientos del modelo Educati- historia de una educación única
vo Socio-comunitario Productivo. plural y diversa la para todas las nacionalidades,
Los maestros y las maestras tienen educación. pero desde Bolivia estamos con-
la posibilidad de crear estrategias, tribuyendo a mirar y a construir
materiales adecuados a la realidad de manera plural y diversa la
de cada región. Tenemos que pro- educación, con un horizonte claro;
ducir y crear para contribuir al vivir bien. estamos contribuyendo a transformar a la sociedad
para conducirla al vivir bien.
Desafíos de una educación
descolonizadora Debemos reconocer que existen avances aunque
algunos no son tan visibles para la mayoría de la
Entonces, hacer una educación descolonizadora es población. La educación no es la misma que hace
construir una sociedad justa y armoniosa sin dis- unos años atrás y hay un camino hacia la educación
criminación ni exclusión, con plena justicia social, descolonizadora y despatriarcalizadora.
para vivir bien respetan-
do nuestras identidades
plurales. Aunque a veces
descolonizar la educación
puede convertirse en un
slogansino, comprende-
mos muy bien que todos
y todas podemos coloni-
zar y descolonizar. Este es
el gran desafío.

En este sentido, la edu-


cación descolonizadora
y despatriarcalizadora
implica la lucha contra
un sistema inequitativo
y jerarquizante que por
muchos años se ha conso-
Foto Rina López

lidado. Por ello, debemos


comprender que todos
y cada uno de nosotros

44

Nova149.indd 44 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

g COLONIALIDADE EPISTÊMICA E EDUCAÇÃO


INSURGENTE NO ZAPATISMO
Cheron Zanini Moretti
Professora do Departamento de Educação e do Programa de Pós-Graduação em
Educação, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) • Brasil
cheron@unisc.br

P ode-se considerar que um dos mo-


vimentos mais interessantes surgi-
dos no contexto do neoliberalismo, no
considerar que a separação entre
história e educação seria o triunfo do
fatalismo, tanto sobre as possibilida-
a promotora da educação têm de
realizar um movimento permanente
de pesquisa, atuando sob o consenti-
final do século XX, sem dúvidas, foi o des educativas insurgentes, quanto mento coletivo, na medida em que a
movimento indígena e camponês que sobre a história contada desde baixo. comunidade reconhece - e reconhece
reivindicou a resistência como sendo a si própria – (n)o seu trabalho rea-
uma de suas heranças ancestrais. Da Podemos aprender com a experiência lizado; que a educação insurgente
palavra que aprenderam a soletrar, zapatista que a resistência epistêmica zapatista pressupõe participação
fizeram-na “ação”. Se pensarmos que é condição necessária para poder das comunidades e contemplação de
a práxis educativa existente no con- descompor processos internos de suas características regionais e locais,
texto das experiências de resistências dominação. Ao invés de rejeitarem a também, porque o promotor e a pro-
zapatistas implica relacioná-la a um modernidade para buscar um “retor- motora possuem raízes comunitárias.
projeto de libertação, podemos con- no” ao tradicional, ao originário como
siderar que esses “homens e mulheres se fosse possível negar as marcas Existe, ainda, no conjunto de suas
de milho” representam a outra face de violência do sistema-mundo, os resistências, um potencial “descolo-
do projeto de modernidade, aquela zapatistas redefinem seu projeto de nizador”. Os mecanismos de partici-
que permanece inconclusa. Porém, libertação no exercício de sua própria pação nos municípios autônomos,
ao invés de completar esse projeto, autonomia. Em suas práticas coti- a prática cotidiana de seu autogo-
o zapatismo denuncia o inacabado dianas existe uma educação que diz verno, a autonomia como condição
movimento de descolonização da respeito ao conjunto de alternativas para um ensino pluri-intercultural e
América Latina. As suas múltiplas que são produzidas no âmbito das crítico, a construção de outra justiça,
resistências são respostas concretas experiências de opressão -o lugar das um sistema próprio de saúde, a legi-
às contradições dessa modernidade ausências- e da libertação- o lugar timação da práxis pedagógica dos
eurocêntrica, uma vez que partem de das emergências. Assim, apoiada promotores e das promotoras como
lugares epistêmicos definidos como na imposição da autoproclamada sendo um processo permanente,
subalternos. superioridade do colonizador - justi- apresentam a educação insurgente
ficada pela sistemática violência da como sendo mais ampla que um sis-
As experiências de resistências zapa- chamada “missão civilizatória”, assim tema específico: ela mesma se educa
tistas em seus territórios autônomos como na negação da identidade ra- no movimento cotidiano da luta. O
possuem referentes profundamente cial e étnica do colonizado e, também, inacabado movimento de descolo-
históricos. E, esse referente parece no abandono forçado de culturas nização da América Latina exige da
possuir uma centralidade na susten- próprias, a construção de uma edu- educação compreensão histórica das
tação da educação rebelde e autôno- cação insurgente está desafiada a feridas abertas pelo “colonialismo
ma. “Existe um impacto da história se mover no campo da educação epistêmico”.
da Conquista e da Colonização [...]. política através das demandas dos
Dizem que nesta região a história é povos indígenas. g
fundamental para a luta, diferente
da versão, do ponto de vista, do con- As experiências, especialmente, do 1 Anotações do diário de campo. Caracol III,
quistador, mas também sobre a vida Sistema Educativo Rebelde Autôno- La Garrucha, 15 de agosto de 2013.

de nossos antepassados para que não mo Zapatista (SERAZ) demonstram


nos engane o mau governo”1 (“Israel”, que a educação deve acontecer a
2013). Ou seja, as reflexões de “Israel”, partir da realidade e dos interesses
promotor de educação, nos permite dos indígenas; que o promotor e

45

Nova149.indd 45 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

Neste artigo é apresentada uma experiência escolar que é desenvolvida há 30 anos na cidade

de Cusco (Peru) com crianças do ensino básico ao ensino médio. Pukllasunchis (brincaremos) é

uma escola que recebe, por princípio, crianças oriundas de diversas famílias e contextos, pois é

do seu interesse trabalhar com as relações, as sensibilidades e as incompreensões. E seu

currículo contempla, além do ensino do quéchua, atividades que não acontecem nas escolas

convencionais, como oficinas produtivas e criativas, os “rimanakuy” e as kuskas (juntos).

Escuela y currículo Cecilia Eguiluz Duffy

intercultural: una Licenciada en Educación.


Educadora de la Asociación
Pukllasunchis. Dirije el Intituto de

experiencia educativa
Formación Superior Pedagógica
Pukllasunchis, Cusco • Perú
cecilia_eguiluz@yahoo.com

en los andes peruanos


Foto Acervo da autora

46

Nova149.indd 46 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

E Pukllasunchis, que
n educación, como en otras culturales, que llegan cada día de
disciplinas, hemos recurri- todos los rincones de la ciudad a
do a ciertos vocablos para significa “jugaremos” estudiar con nosotros.
expresar un conjunto de saberes en quechua, inició su
vinculados a la misma. “Currícu- Pukllasunchis, que significa “ju-
lo” es uno de ellos, lo usamos funcionamiento hace garemos” en quechua, inició su
frecuentemente y quizá por ello 30 años, abriendo aulas funcionamiento hace 30 años,
ha perdido su brillo, su fuerza abriendo aulas de inicial y pri-
movilizadora, reduciéndose a de inicial y primaria en maria en locales alquilados y
una cuestión de procedimiento. locales alquilados y enseñando quechua a niños
y niñas castellano-hablantes,
El currículo, para nosotros, guía enseñando quechua a como distintivo singular de su
la planificación educativa, la niños y niñas castellano- propuesta curricular. En esa
orientación de la escuela; marca época, ninguna escuela en el
el sendero, coloca los hitos por hablantes, como país lo hacía. Hoy, 750 chicos y
el que uno debe transitar. Nos distintivo singular de chicas, desde inicial a secundaria,
plantea secuencias, etapas, pro- recorren diariamente sus aulas,
cesos, imágenes de lo deseable y su propuesta curricular. pasadizos, caminos de tierra y
hacia ello caminamos confiados En esa época, ninguna piedra, y sus parcelas con cultivos
en que sabrá llevarnos a buen diversos que cada grado debe
puerto. escuela en el país lo mantener siguiendo la sabiduría
hacía. Hoy, 750 chicos de las comunidades agricultoras.
¿Qué tiene que tener un currícu- Y es que Pukllasunchis es una pro-
lo para orientar una propuesta y chicas, desde inicial puesta plasmada en su paisaje,
intercultural? ¿Qué imágenes a secundaria, recorren en la forma como se desarrollan
debe sugerir para abrir una actividades y hasta en su gestión
nueva comprensión del mundo, diariamente sus aulas. administrativa: en Puklla cada
desde el sur, desde lo local? Una familia aporta entre el 10 al 15%
comprensión del mundo que nos de su ingreso mensual para la
permita repensar lo que somos, educación de sus hijos. Por eso
que nos permita descubrirnos desde nuestras pro- vienen de todas partes.
pias sensibilidades. Estas son preguntas que nos
hacemos permanentemente en Pukllasunchis, un Reunir a chicos de familias de diversos contextos no
colegio asentado en la ciudad de Cusco, que acoge es casualidad, es un principio. Nos interesa trabajar
a chicos y chicas de diferentes sectores sociales y sobre las relaciones, sensibilidades e incompren-
Fotos Acervo da autora

47

Nova149.indd 47 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

Fotos Acervo da autora

siones. Es por esto que nuestro currículo considera cuando sucede, uno se enferma. Este es un saber
actividades que no se encuentran en otras escuelas vivo, presente, cotidiano que no se encuentra en
regulares: los talleres productivos y creativos, en los textos escolares, sino en la memoria de la gente.
donde los chicos y chicas aprenden ciertos oficios, No se trata de poner en tela de juicio su veracidad,
se vinculan con actividades culturalmente significa- sino de comprender que la expresión corresponde
tivas como plantas medicinales, telar, cerámica, etc.; a un contexto cultural que concede al viento, como
los “rimanakuy” (hablaremos) que aludem a reunio- a otras entidades de la naturaleza, cualidades hu-
nes destinadas a conversar entre todos, chicos, chi- manas. Es desde esta comprensión que los consejos
cas y profes sobre la organización de cuidado tienen sentido.
escolar y sobre cómo resolver
nuestros conflictos en colectivo; Actividades como estas, sumadas
las kuskas (juntos) que son acti- Es por esto que nuestro a la sensibilidad cultural que debe
vidades que convocan a todo el
colegio alrededor de temas de
currículo considera tener todo maestro para propo-
ner un tratamiento reflexivo de
la cultura andina y proponen la actividades que no se los cursos (uno que no aborde
recuperación de una memoria
encuentran en otras conceptos, nociones ni conteni-
colectiva compartida que está dos curriculares como universa-
viva en el medio y en nuestros escuelas regulares: los les, sino ubicados en una historia
abuelos, pero que se visibiliza talleres productivos y un lugar), son piedras angulares
poco en espacios escolares, en de nuestra propuesta curricular.
el currículo. y creativos, en donde En épocas de crisis, ante un mun-
los chicos y chicas do que requiere ser repensado
Hemos desarrollado Kuskas desde nuevos paradigmas, los
dedicadas a la tierra, al viento aprenden ciertos valores de respeto, solidaridad
(wayra) en las que hemos ex- oficios, se vinculan con y reciprocidad que orientaron a
plorado diversos relatos que nuestros ancestros pueden ofre-
las familias cusqueñas guardan actividades culturalmente cernos nuevos modos de plantear
como prescripciones para una significativas como los imperativos de desarrollo y de
buena producción o para man- nuestras necesidades humanas
tener la buena salud: el viento “te plantas medicinales, telar, para garantizar la vida y nuestra
agarra” –dicen, por ejemplo– y cerámica, etc. convivencia.

48

Nova149.indd 48 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

Los autores afirman ser posible relacionar la pedagogía de Paulo Freire con la perspectiva

decolonial, puesto que algunos autores lo consideran un antecedente del debate en torno a la

decolonialidad en América Latina, debido a su pedagogía humanista-libertadora y al lugar

que ocupa geopolítica y discursivamente: el del sujeto oprimido, subalternizado, que debe

luchar contra la lógica opresiva de la colonialidad.

Ivanilde Apoluceno de Oliveira


O pensamento
de Paulo Freire:
Pós-doutora em educação pela PUC-RIO.
Doutora em educação pela PUC-SP e UNAM-UAM-
Iztapalapa, México. Pesquisadora do Programa de

contribuições
Pós-Graduação em Educação e coordenadora do Núcleo
de Educação Popular Paulo Freire da Universidade do Estado
do Pará (UEPA) • Brasil • nildeapoluceno@uol.com.br

e perspectivas
João Colares da Mota Neto
Professor, pesquisador e pedagogo da UEPA. Doutor em
Educação pela Universidade Federal do Pará, com

descolonizadoras
doutorado sanduíche na Universidad Pedagógica
Nacional, Colômbia. Pesquisador do Núcleo de
Educação Popular Paulo Freire • Brasil
joaocolares@hotmail.com
Foto João Ripper

49

Nova149.indd 49 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

O O pensamento de Paulo
pensamento de Paulo coloniais), embora ainda pouco
Freire, em todo o mun- explorada, nos últimos anos co-
do, merecidamente, tem Freire, em todo o mundo, meçou a ser mais desenvolvida,
sido objeto de múltiplos estu- merecidamente, tem sido especialmente por um conjunto
dos e reflexões, em várias áreas de intelectuais críticos do Sul
do conhecimento, com diversos objeto de múltiplos estudos global, em sua busca sequiosa
focos temáticos e em diálogo e reflexões, em várias áreas por referências epistemológicas
com um amplo conjunto de cor- não eurocêntricas e contra-he-
rentes e perspectivas teóricas. do conhecimento, com gemônicas.
Isto se deve ao fato de que suas diversos focos temáticos e
ideias, embora claras e radicais, Para Restrepo e Rojas (2010),
apresentam-se como não dog- em diálogo com um amplo por exemplo, a pedagogia de
máticas, profundamente dialé- conjunto de correntes e Paulo Freire é um importante
ticas e abertas à interlocução antecedente do debate da de-
com outros saberes. perspectivas teóricas. Isto colonialidade na América Latina.
se deve ao fato de que suas Apesar de ressalvarem que o
Neste sentido, o próprio Freire trabalho de Freire não tem sido
(2014) insistia na necessidade ideias, embora claras e reconhecido de maneira explíci-
de que seus estudiosos não o radicais, apresentam-se ta na constituição das categorias
dogmatizassem, e sim o reinven- do programa de investigação
tassem, sem perder de vista, em como não dogmáticas, da modernidade/colonialidade
todo caso, a substantividade de profundamente dialéticas e latino-americano, dizem que a
suas ideias, isso é, sem distorcê- inflexão decolonial encontra-se
-lo, sem descaracterizá-lo, sem abertas à interlocução com na obra de Paulo Freire a partir
ignorar os núcleos centrais de outros saberes. de uma apelação que o pedago-
seu pensamento. go brasileiro faz à exterioridade
da modernidade: o oprimido,
Defendemos neste artigo que em seus próprios termos, ou a
um dos núcleos centrais de seu pensamento é a diferença colonial, na linguagem de Walter Mignolo.
crítica contundente à vigência do colonialismo na Afirmam que esta diferença constitui o lugar privi-
sociedade, na cultura e na educação e, dialetica- legiado, epistêmico e politicamente, “no sólo para
mente, o anúncio de uma educação descoloniza- realizar un tipo de crítica que es imposible desde
dora, popular, libertadora. el interior de la modernidad, sino que también es
desde la diferencia colonial que se articulan las
A relação entre o pensamento de Freire e as pers- intervenciones de desmantelamiento de la colo-
pectivas descolonizadoras (pós-coloniais ou de- nialidad” (p. 57).
Foto Internet

50

Nova149.indd 50 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

descolonizadora, fundamentada em uma utopia


ético-política de libertação da opressão via cons-


trução do socialismo democrático1.

A concepção decolonial em Paulo Freire

Com efeito, um aspecto fundamental do pensa-


mento decolonial está relacionado ao locus enun-
tiationis ocupado pelo sujeito que produz a teoria,
que elabora o discurso, que reivindica posições
críticas da colonialidade e do colonialismo. Este
lugar está marcado pela exterioridade de sujeitos,
grupos e populações periféricos, não porque estes
estejam fora da modernidade/colonialidade, mas
precisamente porque foram subalternizados por

Foto Alexandre Firmino


ela. Estando, portanto, em uma posição exterior,
tais sujeitos/grupos/populações podem revelar a
colonialidade escondida pela retórica salvacionista
da modernidade e mobilizar a articulação de forças/
ideias decoloniais.

O conceito de decolonialidade Consideramos que as ideias de Paulo Freire são


uma importante contribuição ao pensamento
Da mesma forma, neste ensaio partimos do reco- decolonial porque ele foi capaz de pensar uma
nhecimento da relação entre as ideias de Paulo pedagogia a partir deste lugar subalterno, a partir
Freire e a chamada perspectiva/concepção/in- da dominação vivida e da resistência empreendida
flexão decolonial. O conceito de decolonialidade, pelos oprimidos. No entanto, Freire não apenas
vale dizer, foi desenvolvido a partir dos anos 1990 pensou a partir do lugar do oprimido, como ele
no interior do programa de investigação da mo- próprio vivenciou, como educador terceiro-mun-
dernidade/colonialidade latino-americano, que dista, em sua corporalidade e em sua posição de
reúne nomes como Enrique Dussel, Aníbal Quijano, solidariedade de classe, a negação da modernida-
Walter Mignolo, dentre outros. de/colonialidade.

Decolonialidade, na esteira destes autores, designa Deste modo, entendemos que biografia de Paulo
o questionamento radical e a busca de superação Freire o conduziu a pensar a pedagogia a partir dos
das mais distintas formas de opressão perpetradas subalternos; que o oprimido não é o sujeito para
contra as classes e os grupos subalternos pelo quem fala Paulo Freire, mas com quem fala; que ele
conjunto de agentes, relações e mecanismos de mesmo, nas lutas político-educacionais que viven-
controle, discriminação e negação da modernida- ciou no Brasil, em outros países da América Latina,
de/colonialidade. De outra forma, decolonialidade nos Estados Unidos, na Europa e na África, ocupou
refere-se ao esforço por “transgredir, deslocar e discursiva e geopoliticamente o lugar do oprimido;
incidir na negação ontológica, epistêmica e cos- e que, portanto, isso marca fundamentalmente sua
mogônico-espiritual que foi - e é - estratégia, fim obra como um testemunho crítico da modernidade/
e resultado do poder da colonialidade”, de acordo colonialidade, logo, como um pensador decolonial.
com Walsh (2009, p. 27).
Para além deste traço biográfico, Freire, desde os
Neste sentido, defendemos que o pensamento de seus primeiros trabalhos, apresenta preocupações,
Paulo Freire engendra, a partir de sua pedagogia constrói conceitos e discute questões as quais hoje
humanista-libertadora, uma concepção decolonial, podemos chamar de “decoloniais”. Tomando como
articulada em face de sua posição de educador base o estudo de Mota Neto (2015), consideramos
terceiro-mundista, cujo lugar de enunciação é que o eixo fundamental de sua concepção deco-
o ocupado pelos oprimidos do sistema-mundo; lonial está relacionado à crítica de seis fenômenos
posição que o leva, em toda sua obra, a denunciar moderno-coloniais: i) crítica à inexperiência de-
o colonialismo e a colonialidade, e a criar, expe- mocrática da sociedade brasileira, herdeira de um
rimentando, uma proposta político-pedagógica regime colonial ou semicolonial; ii) crítica à desu-

51

Nova149.indd 51 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

manização/massificação/coisifi-
Não só crítico do ria popular e a história local,

cação do ser humano; iii) crítica à oferecendo possibilidades de


teoria antidialógica da opressão colonialismo, Freire construir conhecimento a par-
e, em especial, à invasão cultural;
iv) crítica ao problema da depen-
também se engajou na tir de cosmovisões ancestrais,
anteriores ao processo coloni-
dência nas relações imperialistas construção de propostas zador; d) empodera as classes
e neocoloniais entre o Primeiro
e o Terceiro Mundo; v) crítica à
político-pedagógicas e os grupos populares, devido
ao seu viés conscientizador e
educação e aos sistemas de en- descolonizadoras, tanto no mobilizador; e) engendra um
sino coloniais; vi) crítica à razão
Brasil quanto em outros diálogo intercultural que viabili-
determinista da modernidade e za a restauração da humanidade
à pós-modernidade neoliberal. países da América Latina dos sujeitos e do mundo; f )
e da África, sem deixar de enfatiza a participação cidadã
No conjunto, em seus quarenta e democrática, criando uma
anos de produção intelectual, mencionar sua atuação fissura na cultura do silêncio e
Freire denunciou distintos as- nos Estados Unidos e na na colonialidade do poder.
pectos do colonialismo e da
colonialidade: a educação ban- Europa. Finalizando
cária, a cultura do silêncio, a
invasão cultural, a violência, a Por essas e outras razões, de-
desumanização, o patriarcado, fendemos que o pensamento
o racismo, o latifúndio, o autoritarismo político, de Paulo Freire constitui uma fonte fundamental
o assistencialismo, a situação de dependência para a constituição de uma pedagogia decolonial
dos países periféricos em relação aos centrais e o na América Latina, na medida em que capacita
cientificismo. os grupos subalternos para a luta contra a lógica
opressiva da modernidade/colonialidade, tendo
Estas questões, como se pode perceber, alcançam como horizonte a formação de um ser humano e
questões pedagógicas, sociológicas, antropoló- de uma sociedade livres, amorosos, justos e soli-
gicas, políticas, éticas e epistemológicas. Desse dários.
modo, a crítica de Freire à vigência do colonia-
lismo é não só radical, como também bastante
abrangente, dimensionando um pensamento 1 Este é um dos argumentos centrais da tese Educação Popular
e Pensamento Decolonial Latino-Americano em Paulo Freire
dialético e heterárquico, capaz de analisar a força e Orlando Fals Borda, de João Colares da Mota Neto (2015),
do colonialismo nas relações entre subjetividade e na qual se fundamentou a construção deste artigo.
objetividade, cultura e economia, política e ética,
ciência e senso comum.

Não só crítico do colonialismo, Freire também g


se engajou na construção de propostas político-
FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo:
-pedagógicas descolonizadoras, tanto no Brasil Paz e Terra, 2014.
quanto em outros países da América Latina e da ______. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 6ed.
África, sem deixar de mencionar sua atuação nos Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
Estados Unidos e na Europa, considerando também MOTA NETO, João Colares da. Educação Popular e Pen-
existir um Terceiro Mundo no interior do Primeiro samento Decolonial Latino-Americano em Paulo Freire
e Orlando Fals Borda. 2015. 368f. Tese (Doutorado em
(FREIRE, 1982). Educação) – Universidade Federal do Pará, Belém, 2015.
RESTREPO, Eduardo; ROJAS, Axel. Inflexión decolonial: fuen-
A pedagogia do oprimido que defendeu e praticou tes, conceptos y cuestionamientos. Popayán: Universidad
marca uma ruptura em relação às pedagogias colo- del Cauca, 2010.
nizadoras, por um conjunto de motivos: a) supera WALSH, Catherine. Interculturalidade, crítica e pedagogia
o colonialismo epistemológico segundo o qual decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In: CANDAU, Vera
Maria (Org.). Educação intercultural na América Latina:
a razão está sempre no educador, representante entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro:
da ciência hegemônica, e nunca no educando; 7Letras, 2009.
b) define as classes populares como sujeitos da
história, da educação e da investigação, superando g
a dicotomia sujeito e objeto; c) valoriza a sabedo-

52

Nova149.indd 52 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

g PEDAGOGÍA, COLONIALISMO Y PSICOPOLÍTICA.


EL CASO MAPUCHE EN CHILE
Sergio Caniuqueo Huircapan
Historiador Mapuche. Centro Interdisciplinario de Estudios Interculturales e Indígenas,
Pontificia Universidad Católica de Chile. Proyecto CONICYT/FONDAP • Chile
sergiocaniuqueo@gmail.com

L a pedagogía es un producto cul-


tural adecuado a las transfor-
maciones históricas de un pueblo,
Las sociedades estatales, incaicas
e hispanas, no lograron someter ni
seducir al mundo mapuche con sus
psique del sujeto mediante el reco-
nocimiento a la diferencia, institu-
cionalizando a la cultura como nueva
desarrolla los aspectos epistémicos pedagogías. La sociedad mapuche forma de dominación colonial. Así,
y ontológicos de una sociedad a desarrolló conocimientos y saberes la impronta zapatista: “Es necesario
partir de estructuras, en las cuales la diferenciados, a nivel comunidad hacer un mundo nuevo. Un mundo
información, conocimiento y saber como de estructuras mayores, com- donde quepan muchos mundos, don-
se distribuyen en agentes y espacios, plementándolos a partir de una de quepan todos los mundos”, puede
estableciendo procesos de veracidad, división social del trabajo. La historia ser tomada por el mercado para ex-
fiabilidad, legitimación, transmisión muestra cómo los mapuches se des- presar “United Colors of Benetton”. La
y construcción de contenidos. La plazaban por diversas fronteras indí- capacidad del mercado de subjetivar
pedagogía es un sistema amplio en genas e hispanas, viviendo diversas ha permeado al Estado. La cultura
el que aprendizaje y enseñanza han experiencias. Estas fronteras hispanas pasa a ser un bien de consumo y ge-
sido definidos bajo estructuras de no fueron limitantes para adquirir nera el reconocimiento al subalterno,
poder para proyectar una sociedad nuevos conocimientos –incluso en el con una escuela basada en criterios
determinada, bajo socializaciones siglo XVIII existió la escuela de natura- comerciales, en donde un niño es un
específicas. les para los hijos de líderes indígenas. usuario, un cliente del sistema escolar
que consume su cultura desprovisto
La sociedad mapuche construyó La invasión del estado chileno al país de un sentido crítico, pero articulado
sistemas pedagógicos que se fueron mapuche construyó un antagonismo al mercado.
adecuando a sus transformaciones hacia las pedagogías mapuches
históricas. Así, los familiares de los/ e instaló una dictadura del cono- Sin embargo, hay esperanza en
las niños/as, por línea paterna, eran cimiento, con lo cual estableció la aquellas pedagogías mapuches, hoy
los primeros educadores, y cada con- imposibilidad de diálogo y estructuró marginales, que pueden decir qué
tenido era la síntesis de las relaciones a la escuela como un mecanismo tipo de niños mapuches socializados
sociales y la síntesis de estas con la ideológico de la subordinación colo- quieren para un nuevo proyecto
naturaleza en un nicho ecológico. nial que instalaba el sentimiento de de sociedad, en espacios urbanos y
La información (entendida como la inferioridad en el mapuche. Esto no rurales. Las pedagogías mapuches
construcción de datos), el conoci- impidió que los sujetos mapuches, enfrentan la necesidad de revitalizar y
miento (como una forma significativa en situación de subordinación y construir nuevos contenidos, agentes
de integrar datos para ser utilizados minimizada por las condiciones so- y espacios, con nuevos diálogos de
en la vida práctica), el saber (como ciales y materiales que la sostenían, saberes y horizontes utópicos para
acción reflexiva y base para cons- socializasen con su cultura. una modernidad alternativa.
truir nuevos conocimientos), se iban
desarrollando desde una perspectiva En estos últimos años, la escuela
territorial, de acuerdo a los hitos que ha pasado de su función disciplinar
vivía cada comunidad y a su interac- colonial, a ser la administradora de
ción con otras comunidades. La visión los subjetivismos, agenciando la g
de mundo respondía a un consenso identidad a partir de la educación
de información, conocimientos y intercultural. De la biopolítica como
saberes, existiendo cosmovisiones control social del sujeto, ha pasado
fundadas en el diálogo de saberes. a la psicopolítica, un control de la

53

Nova149.indd 53 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

O presente texto apresenta uma das práticas autônomas impulsionadas pelo movimento

social liderado pelo Exército Zapatista de Liberação Nacional, na cidade de Chiapas, México.

Trata-se da escolha de promotores de educação saídos da comunidade maia para serem

educadores comunitários, ou seja, para serem instrumentos de criação de escolas alternativas

ao sistema oficial da educação pública, com a finalidade de construírem uma escola onde se

implante uma nova política cultural que afirme a diversidade. Onde também sejam (re)

valorizados os conhecimentos gerais, práticos e éticos que são prioritários para dar vigor à

identidade maia e do campesinado e onde se possa dar forma a uma cidadania pluriétnica. O

projeto de apropriação indígena da escola oficial é um legítimo processo de decolonialidade.

Educación zapatista, Bruno Baronnet

autonomía y Sociólogo. Profesor e


investigador en la Universidad
Veracruzana, Xalapa • México

descolonización en los
brunobaronnet.wordpress.com

pueblos mayas de Chiapas


Foto Internet

54

Nova149.indd 54 22/02/16 12:22


nuevamerica

Autonomía política en
nº149 jan-mar 2016

Lacandona, los miembros de los


la gestión educativa El zapatismo ilustra pueblos del movimiento indio


la complejidad de las y campesino chiapaneco son
los actores sociales reconocidos
En el contexto de las prácticas
autonómicas impulsadas por el
lógicas entrecruzadas como más aptos y legítimos para
movimiento social encabeza- de afirmación identitaria determinar los conocimientos
do por el Ejército Zapatista de
Liberación Nacional (EZLN), las
múltiple, pues los valores pertinentes a estudiar en varios
cientos de escuelas rebeldes.
promotoras y los promotores del EZLN se transmiten
de educación (nopeswanej o
promotoretik en lengua tseltal)
a las escuelas como Las autonomías políticas en la
gestión educativa les permiten
son elegidos en varios cientos de elementos provenientes incidir de manera decisiva en los
comunidades mayas de Chiapas
para desempeñar el cargo de
de las luchas de procesos pedagógicos, al influir
en la producción endógena de
educadores comunitarios. De liberación campesina los conocimientos que circulan
manera paulatina, poco después
(tema agrario), de la en las escuelas. Esta última se
encuentra estrechamente ligada
de su creación en 1994, los Mu-
nicipios Autónomos Rebeldes emancipación cultural al tipo de gestión administrativa
Zapatistas han impulsado y (tema étnico y de género) y pedagógica basado en las es-
tructuras y mecanismos locales
consolidado redes propias de
escuelas alternativas al sistema y nacional (tema del del ejercicio del autogobierno
oficial de educación pública, poder político). zapatista (Baronnet, 2012). Aho-
ra bien, el marco de autonomía
ante la necesidad y la preocupa-
ción de los pueblos originarios educativa permite a las bases
por el acceso real, la utilidad y la sociales del EZLN apropiarse
pertinencia cultural de la educa- de la escuela como espacio
ción primaria. comunitario de transmisión de
conocimientos social, política y culturalmente
Algo que está en juego en el fortalecimiento de las diferenciados, de acuerdo a la identidad tseltal,
autonomías políticas es la posibilidad de garanti- campesina y zapatista de los actores implicados en
zar y potenciar el autodesarrollo sostenible de los su desarrollo. La autonomía aparece en este sentido
pueblos en el marco de un Estado plural capaz de como una condición orgánica para fundamentar un
poner la educación en manos de las entidades plan de estudio regional y flexible en el cual estén
autónomas, sin por lo tanto renunciar a su coor- yuxtapuestos y combinados los conocimientos
dinación estatal. De esta manera, sería oportuno diferenciados.
que los objetivos de aprendizaje y los programas
educativos en México, así como los libros de texto El zapatismo y la afirmación
y los materiales didácticos pudieran expresar los de las identidades
puntos de vista y las maneras de ver el mundo
que los pueblos originarios pueden aportar en la El zapatismo ilustra la complejidad de las lógicas
reconstrucción de un proyecto de transformación entrecruzadas de afirmación identitaria múltiple,
general hacia un estado plurinacional capaz de pues los valores del EZLN se transmiten a las escue-
descolonizar la sociedad. las como elementos provenientes de las luchas de
liberación campesina (tema agrario), de la emanci-
Desde una óptica decolonial, las prácticas de polí- pación cultural (tema étnico y de género) y nacional
tica educativa que se siguen construyendo en las (tema del poder político). Ponen de relieve rasgos
comunidades autónomas zapatistas son la expre- identitarios distintos pero que tienen en común la
sión de una redefinición de los roles atribuidos a reivindicación del acceso legítimo a recursos mate-
los actores individuales y colectivos. Estas generan riales y simbólicos capitalizables en las luchas por
la invención social de prácticas alternativas de or- el control de su orientación político-cultural. Los y
ganización de los servicios educativos locales, de las actores de las escuelas zapatistas son militantes
acuerdo a los derechos políticos, las identidades revolucionarios que contribuyen a su manera al
y las estrategias de los pueblos originarios. En los ideal liberador de la opresión cultural y económica
territorios zapatistas de las Cañadas de la Selva a la cual están sujetas las comunidades. Ellos y ellas

55

Nova149.indd 55 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

construyen desde una posición Siendo una estrategia comunidad y en la región. Esta

de clase dominada, una política experiencia ilustra la capacidad


cultural implementada de y a identitaria colectiva del movimiento político y cul-
favor de la diferencia cultural, que forma parte de una tural zapatista de apropiarse de
fomentando la igualdad social manera innovadora del derecho
dentro y más allá de la diversi- política cultural regional, de los pueblos indígenas a una
dad cultural. los pueblos mayas y autonomía educativa, de acuer-
do a sus propias estrategias
La escuela se encuentra en zapatistas plantean la sociales. Se trata de un modo
medio de múltiples estrategias autonomía educativa alternativo de integración a “un
identitarias reveladoras de as- mundo en el cual quepan todos
piraciones de afirmación étnica como vía para (re)valorizar los mundos” según la famosa
y de politización. Los pueblos los conocimientos fórmula del EZLN, puesto que
oprimidos, explotados y dis- la cuestión ideologizada del
criminados que reclaman sus generales, prácticos interculturalismo tiene que ver
derechos culturales y colectivos y éticos que estiman con proyectos divergentes de
lo hacen para garantizar sus sociedad nacional.
derechos humanos y para lograr útiles, prioritarios y
un mínimo de poder en la polis, pertinentes para vigorizar De acuerdo con el sociólogo
que les permita participar en Norbert Elias (1998: 105), sien-
condiciones de igualdad en la su identidad. do síntomas de una defensa
gobernanza democrática de sus ideológica, las denominadas
países (Stavenhagen, 2006: 221). “relaciones raciales” son, en el
Siendo una estrategia identitaria fondo, relaciones entre estable-
colectiva que forma parte de una política cultural cidos y marginados; es decir, entre grupos sociales
regional, los pueblos mayas y zapatistas plantean que se diferencian ante todo por su posición de
la autonomía educativa como vía para (re)valorizar poder asimétrica. Con su posición de outsiders o de
los conocimientos generales, prácticos y éticos marginados, los pueblos mayas organizados en los
que estiman útiles, prioritarios y pertinentes para Municipios Autónomos disputan con otros grupos
vigorizar su identidad y afianzar su dignidad al sociales mucho más poderosos -predominante-
ser miembros de un pueblo tseltal y mexicano, mente mestizos- el control político y la ejecución
de familia campesina y militantes activos, en la de los planes de desarrollo social en sus territorios.
Foto Internet

56

Nova149.indd 56 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

Foto Internet
De esta forma, intervienen en la agenda educativa salones de clases, las comunidades zapatistas
local cuestionando la política nacional imperante contribuyen a fortalecer prácticas de militancia
que no tolera la flexibilización de la organización ciudadana culturalmente diferenciada. Ellas son
escolar a escala regional y de sus programas edu- regeneradoras del vínculo social y político, no solo
cativos. Al revitalizar en la práctica el recurso de la a nivel comunitario sino regional, y con un notorio
lengua y la cultura étnica dentro de sus modestos eco nacional e internacional.
Foto Internet

57

Nova149.indd 57 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

La cuestión de la reafirmación de
A fin de cuentas, Pedagogías críticas

las identidades étnicas en Chia- y decolonialidad


pas está ligada a las relaciones el proceso de lucha por
de dominación económica y a
las dinámicas de luchas por la
formar y consolidar una Las pedagogías críticas en los
procesos de descolonización
tierra y la dignidad. Destaca el escuela propia se puede del pensamiento y el imagina-
activismo cultural, o mejor di-
cho los efectos de la ciudadanía
explicar a partir de la rio colectivo encuentran en la
educación autónoma zapatista
pluriétnica, en la medida que reapropiación indígena tanto una ilustración como
prevalece una intensa moviliza-
de la escuela oficial, para una inspiración potente de
ción social de los actores comu- innovaciones en las escuelas y
nitarios en torno a la cuestión ponerla al servicio de las los talleres educativos en otras
educativa local. Mucho más que aspiraciones políticas regiones de pueblos originarios
una demanda étnica discursiva, en lucha, por ejemplo, ahora
el activismo cultural cotidiano y socioculturales de las en el municipio purépecha de
en la educación zapatista repre- comunidades. Cherán en Michoacán. El movi-
senta la puesta en acción de for- miento zapatista genera proce-
mas de participación ciudadana sos de decolonialidad en México
de corte pluriétnico, definida y el mundo influenciando en la
por la aspiración de defender praxis diversas expresiones de
su identidad cultural y una organización social di- insumisión y de dignidad en las relaciones estruc-
ferenciada dentro de la organización institucional turantes entre las maneras de encarar el pasado,
de un Estado de tipo plurinacional, encargado de mirar el presente y preparar el futuro. Es decir,
proteger las diferencias en el derecho positivo. Al como proyecto decolonial se pretende establecer
buscar incidir en la transformación del Estado, “el juntos “una comprensión críticamente-consciente
objetivo político del zapatismo es la construcción del pasado y presente que abre y plantea interro-
de una ciudadanía pluriétnica y es en este contexto gantes, perspectivas y caminos por andar” (Walsh,
que la autonomía indígena puede contribuir a la re- 2012: 212), con y desde la rebeldía zapatista y de
forma democrática del Estado, la cual sigue siendo los pueblos que transforman nuestras sociedades,
una tarea pendiente” (Harvey, 2007: 11). en una pluralidad radicalmente enriquecedora en
términos de experiencias de educación intercultu-
A fin de cuentas, el proceso de lucha por formar y ral crítica.
consolidar una escuela propia se puede explicar a
partir de la reapropiación indígena de la escuela
oficial, para ponerla al servicio de las aspiraciones
políticas y socioculturales de las comunidades.
g
Además, bajo el aparente rechazo de contenidos
escolares “que no sirven” y la incorporación de otros Baronnet, Bruno. (2012). Autonomía y educación indígena.
“que sí sirven”, aparecen maneras particulares de Las escuelas zapatistas de la Selva Lacandona de Chiapas,
México. Quito: Ediciones Abya-Yala.
pensar y organizar la escuela. A través de la autori-
Elias, Norbert. (1998). Ensayo teórico sobre las relaciones
dad de la asamblea, de las familias y de la atribución entre establecidos y marginados. En Vera Weiler (comp.),
de nuevos cargos educativos, se reconfiguran a la La civilización de los padres y otros ensayos. Bogotá: Edi-
vez la organización escolar, las funciones docen- torial Norma.
tes y las opciones pedagógicas empleadas. Esta Harvey, Neil. (2007). La difícil construcción de la ciudadanía
pluriétnica: el zapatismo en el contexto latinoamericano.
reconfiguración es un resultado del ejercicio de las En Liminar 5 (1), 9-23. CESMECA-UNICACH, San Cristóbal
autonomías políticas en la producción y circulación de Las Casas.
de conocimientos. El cuestionamiento profundo a Stavenhagen, Rodolfo. (2006). La presión desde abajo: de-
la política de educación del Estado-nación surge rechos humanos y multiculturalismo. En Daniel Gutiérrez
asimismo de las ventajas que conceden las auto- (comp.), Multiculturalismo: desafíos y perspectivas. México:
Siglo XXI, UNAM, El Colegio de México.
nomías para una revalorización cultural incipiente
Walsh, Catherine. (2012). Interculturalidad crítica y (de)
y la apropiación social de la escuela, procesos que colonialidad. Ensayos desde Abya Yala. Quito: Abya-Yala,
parecen consolidarse con lentitud tras el corto Serie Pensamiento decolonial.
lapso de tiempo transcurrido desde su surgimien-
to en los territorios donde “manda el pueblo y el g
gobierno obedece”.

58

Nova149.indd 58 22/02/16 12:22


nuevamerica

nº149 jan-mar 2016

g OS ORIXÁS (DEUSES) DO PANTEÃO IORUBÁ:


UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA DECOLONIAL
Eliane Almeida de Souza e Cruz
Mestra em Relações Étnico-Racial (CEFET/RJ), pós-graduada em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro/
FFP. Pós-Graduação: Raça, Etnia e Educação (UFF) e Saberes e Práticas na Educação Básica (CESPEB/UFRJ) • Brasil
hexlili@bol.com.br

A nossa interferência pedagógica


começa quando lançamos as se-
guintes perguntas ao corpo discente:
eles: Exu-Herme-Mercúrio, Oxum-
-Afrodite-Vênus, Xangô-Zeus-Júpiter
e Ogum-Ares-Marte. Salientamos aqui
as relações culturais são complexas
e estão imbricadas com a relação de
poder, e compreender que tais relações
Por que os deuses Gregos e Romanos que, essa escolha se deu pelo motivo de de poder (social, político e econômico)
são visibilizados nos livros de História que no final da proposta de atividade, estão vinculadas numa subordinação
e nas discussões e apresentações exibiríamos no filme Besouro, no qual e numa hierarquização racial, im-
(propagandas) no cotidiano? Por que os deuses/Orixás aparecem na trama postas numa sociedade que possui
os Orixás (deuses) do panteão Iorubá da história. Só passar o filme sem antes uma estigmatização indelével racial
são invisibilizados? fazer uma reflexão sobre os arquétipos e historicamente constituída. Assim, a
de cada um desses deuses/Orixás, pode Educação Decolonial é objetivada em
Essa ação pedagógica tem o objetivo contribuir para um reforço de precon- promover uma educação antirracista e
de trazer à tona o campo teórico deno- ceito e de demonização dos mesmos, na construção de um currículo intercul-
minado Pensamento Decolonial, que função esta que não é desta comuni- tural; onde a escola deverá fazer não
se caracteriza por um olhar teórico/ cação, e sim mostrar as semelhantes somente estas ações em momento de
epistêmico que enfoca e viabiliza as características efemérides, mas em todo o processo
lutas dos subalternizados contra o da relação ensino-aprendizagem,
pensamento hegemônico, a partir de O constructo cultural frente às religiões que afete na seleção do currículo, na
suas práticas sociais, epistêmicas e de matrizes africanas ainda presente organização social escolar (classe,
políticas; de Pensamento-Outro, pois no nosso cotidiano, nos mostra o raça e gênero), na linguagem (visual
parte do princípio e de uma categoria quanto a nossa sociedade ainda se e discursiva), na prática pedagógica,
que serve como força motriz a ques- mantém numa “demonização” dos no papel do profissional de educação
tionar a negação histórica dos não deuses/orixás do panteão Iorubá. O e, fundamentalmente, na comunidade
europeus, e aqui, nessa atividade, uma que propusssemos nessa prática foi escolar, no seu desdobramento para o
das cosmovisões da matriz africana de uma educação baseada na Inter- diálogo com esse outro, o diferente, na
Iorubá; além do Pensamento de Fron- culturalidade, ou seja, num constante sociedade.
teira que possui o propósito de tornar diálogo entre conhecer, reconhecer
visíveis outras lógicas, estratégias e e respeitar às diferenças culturais e g
formas de pensar. históricas, ou seja, que a Alteridade se
torne um elemento permanente do sa- CANDAU, Vera Maria. (Org.) Educação
Assim, iniciamos a nossa atividade, so- ber, onde novas maneiras de explicitar Intercultural e Cotidiana Escolar. Rio de
licitamos que os/as alunos/as fizessem diferentemente os saberes que foram Janeiro: 7Letras, 2006.
uma busca em livros de História (En- silenciados e invisibilizados. _____. Educação intercultural na Amé-
sino Fundamental e Médio) qualquer rica latina: entre concepções, tensões e
propostas. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009.
conteúdo que tivesse referência aos Assim, concordamos com CANDAU
deuses (Orixás) do Panteão Iorubá, a (2006), existe um arcabouço epistê- CANDAU, Vera Maria; RUSSO, Kelly. In-
terculturalidade e Educação na América
saber: Exu, Oxum, Xangô e Ogum. Após mico que se baseia na Colonialidade,
Latina: uma construção plural, original e
essa busca, fizemos o mesmo com os e que se reflete constantemente nos complexa. In: CANDAU, Vera Maria (Org.).
deuses da Grécia: Hermes, Afrodite, currículos, conteúdos escolares e ações Diferenças culturais e educação: cons-
Zeus e Ares; e os de Roma: Mercúrio, pedagógicas, consequentemente, truindo caminhos. Rio de Janeiro: 7Letras,
Vênus, Júpiter e Marte. Os primeiros para a quebra desses paradigmas é 2011, pp. 59-78.
deuses/Orixás tivemos que buscar necessário desconstruir preconceitos, OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; CANDAU,
informações na Internet (textos, sítios promover a interação das experiên- Vera Maria. Pedagogia decolonial e
específicos e Blogs). Após a pesquisa, cias sistemáticas com o outro, das educação antirracista no Brasil. In; CAN-
DAU, Vera Maria. Diferenças Culturais e
confeccionamos cartazes com as diferentes maneiras de viver e de se Educação: Construindo Caminhos. Rio de
comparações dos arquétipos entre expressar no mundo. Entender que Janeiro: 7 Letras, 201, p. 79-109.

59

Nova149.indd 59 22/02/16 12:22


novamericag
nº149 jan-mar 2016

LIBROS
g
g

LIVROS
g
g

LA REVUELTA DE LAS PERIFERIAS MOVIMIENTOS MULTICULTURALISMO, INTERCULTURALIDAD


REGIONALES Y AUTONOMÍAS POLÍTICAS EN BOLIVIA Y EDUCACIÓN: CONTRIBUCIONES DESDE AMÉRICA
Y ECUADOR LATINA
g

El libro analiza los contextos históricos y políticos en los Vivimos en sociedades en que diversos grupos sociocul-
que emergieron los nuevos movimientos regionales de turales invaden los escenarios públicos. Las tensiones, los
Guayaquil y de Santa Cruz, su naturaleza social, cultural y conflictos, las tentativas de diálogo y de negociación se
g

política, y explica el alcance y sentido de sus demandas de multiplican. La afirmación de las diferencias étnicas, de
transformación del Estado desde el discurso autonómico. El género, de orientación sexual, de carácter religioso, entre
trabajo asume que los dos movimientos operaron desde una otras, se manifiesta de diversos modos y por medio de
fractura territorial -se trata de un clivaje centro/periferia- que expresiones plurales. Las problemáticas que suscitan son
g

arrastra el proceso histórico de formación de los estados muchas y son principalmente los movimientos sociales los
nacionales en Ecuador y Bolivia. que las visibilizan, al denunciar injusticias, desigualdades
Mosaico

Autor: Felipe Burbano de Lara • Bolivia, CLACSO, 2014 y discriminaciones, reivindicando la igualdad de acceso a
bienes y servicios y el reconocimiento político y cultural. Es
g

516 p. ISBN: 9789978674314


este el horizonte de preocupaciones en que se sitúa esta
PESQUISA PARTICIPATIVA, EMANCIPAÇÃO publicación.
E (DES)COLONIALIDADE Autor: Susana Sacavino y Vera Maria Candau • Colombia,
g

No livro se encontram elementos de metodologia e epis- Ediciones Desde Abajo, 2015, 168 p.
temologia e também resultados de pesquisas que trazem ISBN 978-958-8926-09-4
subsídios para as práticas pedagógicas identificadas com a
g

educação popular. Na base da opção teórico-metodológica PAULO FREIRE: GÊNESE DA EDUCAÇÃO


está a perspectiva de situar o conhecimento no âmbito das INTERCULTURAL NO BRASIL
relações de poder que se configuram desde as heranças O livro está estruturado em três partes. Na primeira, a autora
coloniais que constituíram os países latino-americanos e aborda a concepção de educação popular de Paulo Freire
g

caribenhos. O pressuposto freiriano de que a humanização e com ênfase nas reflexões sobre a prática dos Círculos de
a desumanização são possibilidades reais em cada momento Cultura. Na segunda, aborda Paulo Freire e os princípios
da história e da vida individual e coletiva integra essa base. da educação intercultural no Brasil e principalmente como
g

Autor: Telmo Adams e Danilo Streck • Curitiba, Brasil, Editora o autor se posiciona originalmente sobre as diferenças, a
CRV, 2014, 152 p. ISBN: 9788580428940 questão de gênero, o colonialismo e africanidade, assim
como as temáticas do multiculturalismo/interculturalidade.
Na terceira e última parte do livro, a autora faz considerações
g

DESCOLONIZAR EL PENSAMIENTO CRÍTICO


Y LAS PRÁCTICAS EMANCIPATORIAS e aproximações teóricas entre a obra de Paulo Freire e a
educação intercultural.
La única salida para que los colonizados no repitan la terrible
historia que los coloca en el lugar del colono, es la creación Autor: Ivanilde Apoluceno de Oliveira • Curitiba, Brasil,
g

de algo nuevo, del mundo nuevo. Es el camino en el que los Editora CRV, 2015, 120 p. ISBN: 9788544404164
dominados pueden dejar de referenciarse en el dominante.
En ese camino pueden superar la inferiorización en la que los INTERCULTURALIDAD, DESCOLONIZACIÓN DEL
g

instaló el colonialismo, creando algo nuevo: clínicas, escue- ESTADO Y DEL CONOCIMIENTO
las, caracoles, músicas y danzas; hacer ese mundo otro con El vicepresidente en ejercicio de Bolivia, Álvaro García Line-
sus propias manos, poniendo en juego su imaginación y sus ra, junto con otros pensadores, analiza las tensiones en la
sueños con modos diferentes de hacer. En ese movimiento transformación de una democracia liberal a una democracia
g

colectivo de caminar, también tendremos las condiciones comunitaria en el seno de un estado que se autodenomi-
para descolonizar el pensamiento crítico. na plurinacional. La diferencia colonial y el giro para un
Autor: Raúl Zibechi • Colombia, Ediciones Desde Abajo, 2015, posicionamiento intercultural del pensamiento crítico son
g

351 p. ISBN: 9789585882614 necesarios para desprenderse de las formas solidificadas y


para acceder a una reflexión crítica y fronteriza que asuma
categorías del pensamiento precolombino y las ponga en
diálogo con las formas eurocéntricas pensadas como únicas
g

categorías de toda civilización posible. 


Autor: Catherine Walsh; Álvaro García Linera; Walter Mignolo
• Argentina, Ediciones Del Signo, 2014 (2ª. Edición), 90 p.
g

ISBN: 9789873784064

60

Nova149.indd 60 22/02/16 12:22


nuevamerica

g
nº149 jan-mar 2016

g
HEGEMONIA E ESTRATÉGIA SOCIALISTA expresadas en una nueva racionalidad liberadora y solidaria:
Esta obra repensa a relação entre democracia e socialismo por un lado, la razón histórica de la modernidad, con sus
ao abordar o descompasso entre a revolução democrática promesas de libertad, igualdad social y bienestar, y por otro,
la razón “india” prehispánica, asociada a la reciprocidad, la

g
de fins do séc. XVIII e o imaginário político jacobino que aí
surge e que predominaria no marxismo no séc. XX. Como solidaridad social y el trabajo colectivo.
alternativa ao monismo jacobino, a categoria hegemonia Boris Marañón Pimentel (coord.) • México, UNAM, Instituto
é reativada e revela uma lógica política na qual os atores de Investigaciones Económicas, 2013, 267 p. Disponible

g
coletivos se constituem pelo antagonismo, ao invés de en: http://pt.scribd.com/doc/272886115/Boris-Maranon-
uma identidade essencial ou privilégio epistemológico. A Pimentel-Buen-Vivir-y-Descolonialidad-2014#scribd
expansão subversiva da revolução democrática presume
que a diversidade de antagonismos excede uma ordem INTER/MULTICULTURALIDADE: RELAÇÕES ÉTNICO-

g
concebida em termos de determinação econômica ou de RACIAIS E FRONTEIRAS DA EXCLUSÃO
um consenso dialógico intersubjetivo. A exclusão é vista não apenas como produto das relações
Autor: Ernesto Laclau e Chantal Mouffe • Brasil, Editora Entre- econômicas, mas também como resultado das relações

g
meios, 2015, 288 p. ISBN: 8584990089 étnico-raciais, o que, no contexto dos estudos latino-a-
mericanos, vem sendo denominado de colonialidade, um
EJERCICIOS DECOLONIZANTES EN ESTE padrão de dominação e subalternização produzido em torno

g
SUR (SUBJETIVIDAD, CIUDADANÍA, das categorias de raça/etnia, por meio do qual os modos
INTERCULTURALIDAD, TEMPORALIDAD) de ser, viver, conhecer e conviver dos povos indígenas e
Ejercicios decolonizantes en este sur no tiene como eje un afro-brasileiros vêm sistematicamente sendo vistos como
área, ni un campo disciplinar, ni un ámbito específico de inferiores e primitivos, contribuindo para a sua exclusão

g
indagación, sino que lo que organiza y da sentido al texto social. Resultado de diferentes pesquisas de docentes de
es el escenario geopolítico desde donde se tematiza: ‘este universidades estrangeiras e brasileiras, todos os autores

Mosaico
sur’, que, claro está, remite a una confusa cardinalidad, a desta coletânea têm uma trajetória de pesquisa vinculada

g
saber, ¿se trata del este o del sur? Tanto el este como el sur aos estudos de grupos humanos que carregam as marcas
connotan menor valía que el oeste y el norte, emparentados da exclusão.
estos últimos con el pensamiento hegemónico del que estos Autor: Adir Casaro Nascimento e José Licínio Backes (orgs.)
trabajos se desprenden. En el caso que nos ocupa este sur • Brasil, Editora Mercado de Letras, 2015, 264 p. ISBN:

g
se sitúa en la norpatagonia argentina y es interés del texto 9788575913819
que se ofrece a los lectores presentar la problematización de
cuatro temáticas: subjetividad, ciudadanía, interculturalidad DESCOLONIZAÇÃO E EDUCAÇÃO: DIÁLOGOS E

g
y temporalidad, precedidas por un trabajo que refiere al PROPOSIÇÕES METODOLÓGICAS
encuentro con la decolonialidad en la región. O livro pretende compartilhar alguns dos frutos colhidos
Autor: María Eugenia Borsani (Comp.) • Argentina, Ediciones durante a trajetória do grupo de pesquisa do Programa Des-

g
Del Signo, 2015, 149 p. ISBN: 9789873784156 colonização e Educação (PRODESE). É um livro dedicado aos
educadores que precisam acreditar na vida, e na maturidade
DES/DECOLONIZAR LA UNIVERSIDAD que a acompanha, a partir dos seus solos de origem, do que
Los autores que colaboran en este volumen se pronuncian somos como povo com características pluriculturais. As

g
críticamente ante el funcionamiento de las universidades frutas que caem lentamente (parafraseando o Mestre João
latinoamericanas las que, diseñadas sobre los modelos que Grande) já anunciam o ciclo da vida. Se assumimos o com-
caracterizan el pensamiento de la modernidad, organizan y promisso de sermos educadores, que seja reconhecendo o
g
orientan la producción de conocimiento. Desde el lugar de mistério que nos transforma em sementes, anunciando e
enunciación des/decolonial que esta Colección propicia, el promovendo um futuro pleno.
estado actual de la universidad en América Latina reclama Autor: Narcimária Correia do Patrocínio Luz (org.) • Curitiba,
ser puesta en análisis dada su incidencia en el control del Brasil, EDITORA CRV, 2013, 246 p. ISBN: 9788580426663
g

saber y, correlativamente, en la formación de las subjeti-


vidades. Más allá de ejercer reflexión crítica, todos ellos EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E DIFERENÇAS: OLHARES
adelantan algunas respuestas –afirmadas en experiencias (DES)COLONIZADOS E TERRITORIALIDADES
g

directas– que posibilitan pensar que una universidad otra MÚLTIPLAS


es posible.  A obra apresenta uma provocação: não existe uma maneira
Autor: Zulma Palermo (comp.) • Argentina, Ediciones Del única de recortar o real por meio do olhar, há múltiplas pers-
Signo, 2015, 164 p. ISBN: 9789873784163 pectivas e diversas interpretações para pensar a educação
g

no contexto das diferenças. Desse modo, ler a escola, um


BUEN VIVIR Y DESCOLONIALIDAD. CRÍTICA AL “mundo”, é compreender que vivemos num espaço/lugar
DESARROLLO Y RACIONALIDAD INSTRUMENTALES configurado por multiplicidades, pluralidades e multiterri-
g

Este libro indaga sobre la emergencia de un nuevo horizonte torialidades. Os textos resultam de uma postura reflexiva-
de sentido histórico caracterizado por una subjetividad investigativa dos autores/pesquisadores e anunciam um
basada en la reciprocidad y por una nueva racionalidad horizonte: a inclusão dos muitos sujeitos que ainda vivem
expropriados de um direito fundamental: expressar, no
g

liberadora (de la explotación y dominación) y solidaria


(entre las personas y con la Naturaleza), expresada en cada cotidiano, suas formas de ser/estar no mundo.
acción social personal y colectiva. El Buen Vivir, propuesta Autor: Mariana Martins de Meireles - Mille Caroline
surgida en América Latina, articula dos herencias culturales, Rodrigues Fernandes (orgs.) • Curitiba, Brasil, EDITORA CRV,
g

2015, 388 p. ISBN: 978854440569-7

61

Nova149.indd 61 22/02/16 12:22


novamericag
nº149 jan-mar 2016

SITIOS
g
g

SITES
g
g

http://www.territorioindigenaygobernanza.com/index. http://www.cult.ufba.br/wordpress/
html O Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT)
Este portal quiere ser un espacio donde las organizacio- desenvolve pesquisas, atividades de extensão e formação,
nes indígenas y las instituciones que colaboran con ellas, como cursos e eventos, e publica livros periodicamente. As
g

encuentren información sobre los territorios indígenas pesquisas estão divididas em duas principais linhas: cultura
en América Latina, materiales referidos a la gobernanza e desenvolvimento e cultura e identidade. As atividades de
territorial, documentos legales y técnicos sobre la temáti- extensão e formação acontecem periódica ou eventual-
g

ca, material audiovisual e información específica sobre los mente e são voltadas para o público interno e externo. As
países que han priorizado por ahora la Iniciativa: Bolivia, publicações são fruto das pesquisas e atividades do Centro
Perú, Ecuador, Colombia, Nicaragua, Panamá - Colombia. e são publicados em parceria com a Edufba
g

http://www.fondoindigena.org/drupal/es/ http://www.clacso.org.ar/criticayemancipacion/
El Fondo para el Desarrollo de los Pueblos Indígenas de Revista electrónica latinoamericana de Ciencias Sociales
Mosaico

América Latina y El Caribe - Fondo Indígena - es el único dirigida por Pablo Gentili, que tiende a dar visibilidad al tra-
g

organismo multilateral de cooperación internacional espe- bajo realizado por jóvenes investigadores latinoamericanos
cializado en la promoción del autodesarrollo y el reconoci- y caribeños, y busca dar a conocer el trabajo de discusión,
miento de los derechos de los Pueblos Indígenas, creado en reflexión y producción que llevan a cabo los Grupos de
1992 durante la celebración de la II Cumbre Iberoamericana Trabajo de CLACSO - Argentina.
g

de Jefes de Estado y de Gobierno, en Madrid, España. De


esta forma, el Fondo Indígena es uno de los Programas de http://avancso.org.gt/
Cooperación Iberoamericana - Bolivia. AVANCSO es un centro de investigación en Ciencias Sociales
g

que inició sus actividades en 1986, luego de la apertura polí-


http://www.ceapedi.com.ar/ tica que condujo a la instauración de un gobierno civil electo.
El Centro de Estudios y Actualización en Pensamiento Polí- Desde su fundación, se ha mantenido fiel a su mandato de
tico, Decolonialidad e Interculturalidad - CEAPEDI propone realizar investigación socialmente útil y relevante para los
g

abrir un espacio de permanente exploración conceptual sectores populares, tanto en términos de las organizaciones
orientado a indagar los planteos provenientes de lo que sociales como de quienes tienen a su cargo el diseño de
se ha denominado “Giro/pensamiento decolonial”. Esta políticas públicas. Los temas de investigación a lo largo de
g

novedosa perspectiva, también llamada “pensamiento los años han respondido a la lectura de país que se hace en
otro”, “epistemología fronteriza” lleva a una muy significativa el instituto, pero ha permanecido como interés básico el es-
incidencia en el campo del Pensamiento Político/ Filosofía tudio de la relación entre el Estado y la sociedad - Guatemala.
y Teoría Política y en el de la Crítica Cultural y Estudios Cul-
g

turales, entre otros. - Argentina. http://www.contramare.net/site/pt/


modernitycoloniality-decoloniality/
http://www.paulofreire.org/ O Proyeto Modernidade/Colonialidade (M/C) nasceu com
g

O Instituto Paulo Freire (IPF) desenvolve projetos de as- o novo século de um coletivo de pensamento critico
sessoria, consultoria, pesquisas, formação (presencial e a composto por acadêmicos e ativistas da América Latina.
distância) inicial e educação continuada, orientado pelas Nessa época, uma série de reuniões nos Estados Unidos e
dimensões socioambiental e intertranscultural, constituin- na América Latina, centrada em torno da teoria de Análise
g

do três áreas de atuação: Educação de Adultos, Educação dos Sistemas-Mundo de Immanuel Wallerstein, formulada
Cidadã e Educação Popular. Suas ações fundamentam-se no meio do século 20, contou com a pesquisa interdiscipli-
nos princípios da horizontalidade e do trabalho coletivo, nar de nomes como Walter Mignolo, Enrique Dussel, Aníbal
g

utilizando metodologia essencialmente dialógica, inclusiva, Quijano, María Lugones, Edgardo Lander, Catherine Walsh,
respeitosa da diversidade, das diferenças e das semelhanças Arturo Escobar, Fernando Coronil e muitos mais.
entre as culturas e os povos, fundada no incentivo à auto-
-organização e à autodeterminação.
g
g
g

62

Nova149.indd 62 22/02/16 12:22


nuevamerica nº149 jan-mar 2016

P EL Í C U L A S

g
g
F I L M ES

g
g
EL AULA VACÍA a leer. Convencerla se hace imposible hasta que un día en-
Directores latinos retratan en 11 cortos el impacto causado cuentra una carta que Ximena esconde como el único tesoro

g
por la evasión escolar en América Latina. Oriundos de siete que le dejó su padre al abandonarla, muchos años atrás. Así,
países, los narradores examinan las razones por las cuales ambas mujeres emprenden un aprendizaje en el que los
casi la mitad de los estudiantes de la enseñanza secundaria roles de profesora y alumna se invierten permanentemente.
no se gradúa. Un caleidoscopio de historias sobre la pobreza, Dirección: Moisés Sepúlveda

g
la violencia, la incomprensión, el desajuste generacional, Género: Ficción • Chile - 2013, 73 min.
la fuerza de la naturaleza y los factores que privan a los
adolescentes de su derecho a estudiar. LA LLAMADA

g
Dirección: Gael García Bernal, Flavia Castro, Mariana Aurora recibe la llamada del rector del colegio de su hijo Nico
Chenillo, Pablo Fendrik, Carlos Gaviria, Tatiana Huezo, de 14 años para avisarle sobre la decisión de expulsarle en

Mosaico
Lucrecia Martel, Nicolás Pereda, Eryk Rocha, Pablo Stoll, el último día de clases. En su intento por llegar a la escuela
Daniel y Diego Veja.

g
de Nicolás, ella tendrá que afrontar sus obligaciones como
Género: Ficción • México/Argentina/Brasil/Colombia/ publicista, hija, hermana y madre divorciada. Mientras tanto
El Salvador - 2014, 111 min. Nico se debate con los conflictos de ir creciendo. Una ciudad
caótica y un sistema educativo obsoleto atrapan a madre e

g
LA PATOTA hijo en un mundo cada vez más impersonal. 
Paulina renunció a una carrera brillante como abogada para Dirección: David Nieto Wenzell
dedicarse a la enseñanza en una región carente de Argenti- Género: Ficción • Ecuador, Argentina, Alemania - 2012, 76

g
na. Para ello, tuvo que sacrificar su noviazgo y la confianza min.
de su padre. Frente a un ambiente hostil, ella se aferra a su
misión educativa, única garantía de un compromiso político QUANDO SINTO QUE JÁ SEI
real. A poco de llegar, es agredida violentamente por un Custeado por meio de financiamento coletivo, o filme regis-

g
grupo de jóvenes, y luego descubre que, parte de ellos, tra práticas inovadoras na educação brasileira. Os diretores
son sus alumnos. A pesar del trauma y de no comprender investigaram iniciativas em oito cidades brasileiras e colhe-
el entorno, Paulina intenta mantenerse fiel a su ideal social. ram depoimentos de pais, alunos, educadores e profissionais.

g
Mejor película en la Semana de la Crítica de Cannes 2015.
Direção: Antonio Sagrado, Raul Perez e Anderson Lima.
Dirección: Santiago Mitre Gênero: Documentário • Brasil - 2014, 78 min.
Género: Drama • Argentina/Brasil/Francia - 2015, 103 min. Disponível em: http://revistaeducacao.uol.com.br/tex-
tos/blog-redacao/10-filmes-para-repensar-a-educa- g
TUDO QUE APRENDEMOS JUNTOS cao-338763-1.asp
Laerte é um músico promissor que sofre uma crise em plena
audição para uma vaga na Osesp. Ele perde a chance de LA EDUCACIÓN PROHIBIDA
g

trabalhar na maior orquestra sinfônica da América Latina


La película cuestiona la escolarización moderna y propone
e, frustrado, vai dar aulas na favela de Heliópolis. Na escola,
un nuevo modelo educativo. Crítica el sistema “Prusiano”
cercado por pobreza e violência, redescobre a música de
que tiene su origen en el padrón militar de educación de la
forma tão apaixonada que acaba por contagiar os jovens
g

Prusia del siglo XVIII. Las escuelas son vistas como si fueran
estudantes. Inspirado na história real da formação da Or-
fábricas y cárceles, con portones, rejas y muros; horarios de
questra Sinfônica de Heliópolis, o filme conta a emocionante
entrada y de salida, uniforme obligatorio, intervalos y tim-
saga de um músico e seus alunos, que tiveram suas vidas
bres para indicar el comienzo y el fin de las clases. El sistema
g

transformadas pela arte.


educacional vigente acaba reflejando verdaderas estructuras
Direção: Sérgio Machado políticas dictatoriales que producen ciudadanos para servir
Gênero: Ficção • Brasil - 2015, 102 min. al sistema; cualquier metodología educacional que busque
g

algo diferente será “prohibida”.


LAS ANALFABETAS
Dirección: Germán Doin
Ximena es una mujer madura que aprendió a vivir sola para Género: Documental • Argentina - 2012, 145 min.
ocultar su analfabetismo. Jackeline, una joven profesora que
g

Disponible en: https://www.youtube.com/watch?v=-


se ofrece para leerle los diarios y que luego intenta enseñarle 1Y9OqSJKCc
g

63

Nova149.indd 63 22/02/16 12:22


novamerica
nº149 jan-mar 2016

Diretora
Susana Beatriz Sacavino
Conselho Editorial Coordenação Editorial Projeto Gráfico,
Argentina - Antonia L. de Nardelli e Supervisão Gráfica Programação Visual e Capa
Brasil - Vera Maria F. Candau Adélia M.ª Nehme Simão e Koff Rodolpho Oliva
Chile - Rosa Catalán Revisão e Pesquisa Logomarca da Capa
México - Ángeles Enríquez Rincón Adélia M.ª Nehme Simão e Koff Néstor Sacavino
Peru - Flor Sobrino Cecilia Botana Impressão - Gráfica ZIT
República Dominicana - Isabel Guillermo Mosaico e Resumos NOVAMERICA
Uruguai - Rosario Alves Cecilia Botana Rua 19 de Fevereiro, 160, Botafogo
Comitê Técnico Secretaria e Tradução Rio de Janeiro, Brasil CEP: 22280-030
Ana Waleska P. Mendonça Cecilia Botana
Tel./Fax: (021) 2542-6244/2295-8033
Susana Beatriz Sacavino novamerica@novamerica.org.br
Vera Maria F. Candau Administração www.novamerica.org.br
Jayme da Silva Corrêa Filho ISSN 0325-6960
A direção da revista não se responsabiliza
pelas opiniões disseminadas nos artigos.
Publicação indexada em CLASE

Puede suscribirse o adquirirla en

Argentina • Dora Mabel Quinteros Perú • Flor Sobrino Venezuela • Ivonne Marín
Av. Santa Fe 4990, 8ºC (1425) Ciudad Av. Brasil 1392 - Dpto. 301- B De Platanal a Desamparados, Edif. Platanal
Autónoma de Buenos Aires Pueblo Libre, Lima 21  37, piso 1, ap. 1 A, La Candelaria, Caracas
honat2@gmail.com Tel:  0051-1- 4 33 43 99 Tel: 58/212/562 42 4
florgsv3@yahoo.es ivonneirene@yahoo.es
Brasil • Cecilia Botana
Rua 19 de Fevereiro, 160, Botafogo
República Dominicana Espanha e outros países da Europa
Rio de Janeiro - RJ Cep: 22.280-030 • Guadalupe de la Concha
Tel/Fax: 021 2295-8033/2542-6244
• Carmen Elena Cruz Pérez
Calle B#31, María Auxiliadora Calle Sánchez Perrier nº 5, casa 1 1º-C
revista@novamerica.org.br (41009) Sevilla, España
Santo Domingo - República Dominicana
Chile • Rosa Catalán Carmene16@gmail.com guada_poveda@terra.com.br
Vergara, 174 - Santiago • María del Carmen López
Centro Cultural Poveda
rosicatalan@hotmail.com Calle Paseo Zorrilla 346, 4º B - Valladolid
Pina 210 A - Ciudad Nueva
(47008) España
Guatemala • Blanca Fuentes Santo Domingo D.N.
lmcarmen@telefonica.net
6ª Calle 2-42 zona 1 Tel: /809/6895689 - 6854635
01001 Guatemala info@centropoveda.org Pagos de subscripciones en España por
Tel: /502/232 3388 Fax: 323 5261 depósito bancario: Caja España - Cta.
blancafuentes@live.com Uruguay • María Felisa Gómez corriente nº 2096 0106 95 2041969804
Acevedo Días, 1280 - 11.200 - Montevideo Titular: María del Carmen López
México • Ángeles Enríquez Rincón Tel: 24086973
Mexicali 608, Fracc. Valtierra, mfgomeziba@hotmail.com
Col. Sn Felipe de Jesús, • Rosario Alves
C.P.37250, León, Guanajuato. Pascual Costa 3265 ap. 810 Parque Posadas
Tel. (477) 7724 109 11.700 - Montevideo
angeleserincon@yahoo.com Tel: /2/ 3360027 rosal2@adinet.com.uy

Apoio

Indización en IRESIE, base de datos


especializada en educación iberoamericana.
http://www.iisue.unam.mx/iresie
http://iresie.unam.mx

64

Nova149.indd 64 22/02/16 12:22


Caro leitor/Estimado lector
Nuevo lanzamiento de
Ediciones Desde Abajo Em 2016, a Revista En 2016, la Revista
Novamerica vai abordar Nuevamerica continuará
outros temas, provocando abordando temas que
reflexão e debate. provocan reflexión y debate.
Com sua assinatura Con su suscripción
atualizada, você receberá actualizada, usted recibirá
as seguintes edições: las siguientes ediciones:

V
Número 150
ivimos en sociedades en que diversos
grupos socioculturales invaden
los escenarios públicos. Las tensiones, los
Memória justiça e verdade
conflictos, las tentativas de diálogo y de Memoria, justicia y verdad
negociación se multiplican. La afirmación
de las diferencias étnicas, de género, de
orientación sexual, de carácter religioso,
entre otras, se manifiesta de diversos modos
Número 151
y por medio de expresiones plurales. Las
problemáticas que suscitan son muchas Mulher: realidades e perspectivas
y son principalmente los movimientos Mujer: realidades y perspectivas
sociales los que las visibilizan, al denunciar
injusticias, desigualdades y discriminaciones,
reivindicando la igualdad de acceso a
bienes y servicios y el reconocimiento Número 152
político e cultural. Es este el horizonte
de preocupaciones en que se sitúa esta Patrimônio cultural imaterial e identidade
publicación.
Patrimonio cultural inmaterial e identidad

Adquiéralo en: Mantenha também atualizado o seu e mail


Actualice también su e-mail
http://www.desdeabajo.info/fondo-editorial/item/27541-multiculturalismo-
interculturalidad-y-educacion-contribuciones-desde-america-latina.html
revista@novamerica.org.br

Nova149Capas2&3.indd 2 20/02/16 12:47 Nova149Capas2&3.indd 3 20/02/16 12:47


Caro leitor/Estimado lector
Nuevo lanzamiento de
Ediciones Desde Abajo Em 2016, a Revista En 2016, la Revista
Novamerica vai abordar Nuevamerica continuará
outros temas, provocando abordando temas que
reflexão e debate. provocan reflexión y debate.
Com sua assinatura Con su suscripción
atualizada, você receberá actualizada, usted recibirá
as seguintes edições: las siguientes ediciones:

V
Número 150
ivimos en sociedades en que diversos
grupos socioculturales invaden
los escenarios públicos. Las tensiones, los
Memória justiça e verdade
conflictos, las tentativas de diálogo y de Memoria, justicia y verdad
negociación se multiplican. La afirmación
de las diferencias étnicas, de género, de
orientación sexual, de carácter religioso,
entre otras, se manifiesta de diversos modos
Número 151
y por medio de expresiones plurales. Las
problemáticas que suscitan son muchas Mulher: realidades e perspectivas
y son principalmente los movimientos Mujer: realidades y perspectivas
sociales los que las visibilizan, al denunciar
injusticias, desigualdades y discriminaciones,
reivindicando la igualdad de acceso a
bienes y servicios y el reconocimiento Número 152
político e cultural. Es este el horizonte
de preocupaciones en que se sitúa esta Patrimônio cultural imaterial e identidade
publicación.
Patrimonio cultural inmaterial e identidad

Adquiéralo en: Mantenha também atualizado o seu e mail


Actualice también su e-mail
http://www.desdeabajo.info/fondo-editorial/item/27541-multiculturalismo-
interculturalidad-y-educacion-contribuciones-desde-america-latina.html
revista@novamerica.org.br

Nova149Capas2&3.indd 2 20/02/16 12:47 Nova149Capas2&3.indd 3 20/02/16 12:47


Nº 149 - ISSN 0325-6960 NOVAMERICA - Rua Dezenove de Fevereiro, 160 - Botafogo CEP: 22280-030 Tel/Fax: (55) (021) 2542-6244 E-mail: novamerica@novamerica.org.br Rio de Janeiro - RJ - Brasil

Nova149Capas1&4.indd 1
Nº 149
jan-mar 2016
LA REVISTA DE LA PÁTRIA GRANDE

22/02/16 12:45

Você também pode gostar