Você está na página 1de 5

In: MORIN, Edgard. Ciência com consciência.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,


2005, p. 95-105

A idéia de progresso do conhecimento

Tendo que tratar o tema "Problemas ligados ao progresso do conhecimento", parece-


me evidente que o primeiro obstáculo é o da problemática das noções de progresso e
de conhecimento. Quer dizer: a noção de progresso que utilizamos é verdadeiramente
progressista? O conhecimento de que falamos é verdadeiramente conhecente? É
verdadeiramente conhecido? Quer dizer: sabemos sobre o que falamos quando
falamos sobre conhecimento? Isso me obriga a uma breve introdução, a uma breve
tentativa de reflexão sobre a idéia de progresso, em primeiro lugar.
Fazer progredir a idéia de progresso: o progresso é noção aparentemente evidente;
sendo por natureza cumulativa e linear, traduz-se de forma simultaneamente
quantitativa (crescimento) e qualitativa (isto é, por um "melhor"). Vivemos durante
dezenas de anos com a evidência de que o crescimento econômico, por exemplo, traz
ao desenvolvimento social e humano aumento da qualidade de vida e de que tudo isso
constitui o progresso. Mas começamos a perceber que pode haver dissociação entre
quantidade de bens, de produtos, por exemplo, e qualidade de vida; vemos,
igualmente, que, a partir de certo limiar, o crescimento pode produzir mais prejuízos
do que bem-estar e que os subprodutos tendem a tornar-se os produtos principais.
Portanto, a palavra progresso não é tão clara quanto parece.
Em segundo lugar, estamos habituados a associar à idéia de progresso à de
racionalidade, ordem e organização; o que deve progredir, para nós, é a ordem e não a
desordem; a organização e não a desorganização. Em outras palavras, se o universo se
decompõe, se a vida morre e a humanidade se afunda no caos, é evidente que a idéia
de progresso deve dar lugar à de regressão. Aqui se nos apresenta, há mais de um
século, surpreendente problema físico que tendemos a negligenciar em nosso universo
humano e social. Esse problema foi levantado pelo segundo princípio da
termodinâmica, que é um princípio de degradação da energia quando essa se
transforma em calor. Ora, todo trabalho produz calor e, assim, a energia tende,
irreversivelmente, a degradar-se. O calor não é apenas degradação, como pareceu a
Carnot e Clausius; manifesta-se também, em sua própria natureza, como agitação,
dispersão molecular e, segundo os trabalhos estatísticos de Botzmann, como
desordem; isso significa que, no universo físico, há um princípio de agitação, de
dispersão, de degradação, de desordem e, eventualmente, de desorganização. Nosso
universo provoca importante questão pelo fato de, supostamente, ter sido produzido,
de acordo com a hipótese hoje em dia admitida, por uma deflagração, isto é, por um
fenômeno calorífico de agitação e de dispersão; é desinte-grando-se, dispersando-se,
contudo, que ele se organiza, fragmentária e localmente, mas com produção de
núcleos, átomos, astros, moléculas. Em outras palavras, observamos no universo
físico duplo jogo, estando seu progresso na organização e na ordem ao mesmo tempo
associado de forma perturbadora a ininterrupto processo de degradação e de disper-
são. De resto, sabemos que mesmo aquilo que é mais organizado — os nossos astros,
os nossos sóis que podem viver milhares de milhões de anos — vai morrer por
explosão ou extinção; assim, nosso Sol morreu provavelmente três ou quatro vezes e
reconstituiu-se por gravitação. Sabemos também que a vida, fenômeno progressivo e
multiprogressivo, com sua evolução selvagem nos reinos animal e vegetal, conhece a
morte, isto é, todos os seres vivos morrem num dado momento e não só os indivíduos,
mas também as espécies: a história da vida é uma hecatombe de espécies. Assim,
também nesse campo, o progresso é acompanhado por seu contrário. Isso significa
que o progresso não representa a dimensão total da sua realidade, sendo um aspecto
devir, mas não o único. O progresso unilateral, como o de especialização, pode
traduzir insuficiências que sabemos mortais. Assim, por exemplo, espécies animais
que conseguiram excelente adaptação a determinado meio tornaram-se, quando esse
meio se transformou, incapazes de sobreviver e desapareceram. Podemos dizer
também — é uma idéia que já enunciei — que os subprodutos regressivos ou
destrutivos de um progresso podem, em dado momento, tornar-se os produtos
principais e aniquilar o progresso. E, se assim é, se o progresso é sempre
acompanhado por seu contrário em relação totalmente misteriosa, por que nos
recusamos a considerar essa complexidade do progresso quando consideramos as
sociedades humanas e a história social? Por que temos visão alternativa, ora eufórica,
acreditando no progresso automático, mdefinido, natural e mecânico, ora pessimista,
não vendo senão decadência e degradação? (E, de resto, quanto mais velhos nos
tornamos mais tendemos a perceber que tudo se degrada)
Há também que dizer que, no universo físico, biológico, sociológico e antropológico,
há uma problemática complexa do progresso. Complexidade significa que a idéia de
progresso, aqui empregada, comporta incerteza, comporta sua negação e sua
degradação potencial e, ao mesmo tempo, a luta contra essa degradação. Em outras
palavras, há que fazer um progresso na idéia de progresso, que deve deixar de ser
noção linear, simples, segura e irreversível para tornar-se complexa e problemática A
noção de progresso deve comportar autocrítica e reflexividade.

Conhecer o conhecimento

Agora, duas palavras sobre o problema do conhecimento. O poeta Eliot dizia "que
conhecimento perdemos na Informação e que sabedoria perdemos no Conhecimento?",
querendo dizer com isso que o Conhecimento não é harmonia e comporta diferentes
níveis que se podem combater e contradizer. Conhecer comporta "informação", ou
seja, possibilidade de responder a incertezas, mas o conhecimento não se reduz a
informações; ele precisa de estruturas teóricas para dar sentido às informações;
percebemos, então, que, se tivermos muitas informações e estruturas mentais
insuficientes, o excesso de informação mergulha-nos numa "nuvem de
desconhecimento", o que acontece freqüentemente, por exemplo, quando escutamos
rádio ou lemos jornais. Muitas vezes a concepção de mundo do cidadão do século 17
opôs-se à do homem moderno; aquele tinha limitado estoque de informações sobre o
mundo, a vida, o homem; tinha fortes possibilidades de articular essas informações,
segundo teorias teológicas, racionalistas, céticas; tinha fortes possibilidades reflexivas
porque dispunha de tempo para reler e meditar. No século 20, o cidadão ou
pretendente a tal categoria depara incrível número de informações que não pode
conhecer e nem sequer controlar; suas possibilidades de articulação são
fragmentárias ou esotéricas, ou seja, dependem de competências especializadas; sua
possibilidade de reflexão é pequena, porque já não tem tempo nem vontade de refletir.
Portanto, levanta-se uma questão: o excesso de informações obscurece o
conhecimento; o excesso de teoria, entretanto, também o obscurece. O que é a má
teoria? A má doutrina? É aquela que se fecha sobre si mesma porque julga que possui
a realidade ou a verdade. A teoria fechada tudo prevê antecipadamente. A leitura de
certos jornais de partidos bem exemplifica esse fato: os acontecimentos confirmam
sempre a linha política do jornal e, quando não a confirmam, não são mencionados.
Em outras palavras, a teoria que tudo sabe detesta a realidade que a contradiz e o
conhecimento que a contesta. Assim, temos no Conhecimento a mesma ambigüidade,
a mesma complexidade presente na idéia de progresso.
Além disso, há outro problema: os conhecimentos e o Conhecimento não se
identificam. O progresso dos conhecimentos especializados que não se podem
comunicar uns com os outros provoca a regressão do conhecimento geral; as idéias
gerais que restam são absolutamente ocas e abstratas; temos, portanto, que escolher
entre idéias especializadas, operacionais e precisas, mas que não nos informam sobre
o sentido de nossas vidas, e idéias absolutamente gerais, que já não mantêm,
entretanto, nenhum contato com o real. Assim, o progresso dos conhecimentos
provoca o desmembramento do conhecimento, a destruição do conhecimento-
sabedoria, ou seja, do conhecimento que alimente nossa vida e contribua para nosso
aperfeiçoamento.
O conhecimento unidimensional, se cega outras dimensões da realidade, pode
causar cegueira. Em outras palavras, uma visão da sociedade que observasse na
sociedade apenas os fenômenos econômicos, por exemplo, seria unidimensional,
esquecendo outros problemas sociais, de classe, de Estado, psicológicos e
individuais. Por outro lado, há diferentes ordens de conhecimentos (filosóficos,
poéticos, científicos) ou um só Conhecimento, uma só ordem verdadeira? Durante
séculos, a ordem verdadeira do Conhecimento era a Teologia; hoje, chama-se Ciência;
é por isso que toda vontade de monopolizar a Verdade pretende deter a "verdadeira"
ciência

O problema do conhecimento cientifico

É indubitável que o conhecimento científico realizou, a partir do século 17 e ao


longo dos séculos 18,19 e 20, progressos extraordinários, mesmo sem falar — não
estou produzindo um catálogo — dos progressos mais recentes em matéria de
microfísica, astrofísica ou biologia, com as descobertas da genética, da biologia
molecular e da etologia Esses progressos são, evidentemente, verificados por
aplicações técnicas, desde a energia atômica até as manipulações genéticas. Assim,
sabemos com certeza crescente a composição física e química do nosso universo, as
leis de interação que o regem; conhecemos nosso lugar neste universo físico —
estamos no terceiro planeta de um pequeno astro numa galáxia de periferia —,
conhecemos cada vez melhor a organização do nosso Sol, sabemos situar-nos cada vez
com mais precisão na evolução que levou um ramo dos primatas — mediante evolução
muito diversificante — a produzir diferentes espécies horniní-deas e, finalmente, a do
homo dito sapiens; mas, ao mesmo tempo que adquirimos essas certezas, perdemos
outras antigas, pseudocertezas e ganhamos uma incerteza fundamental: deixamos de
julgar-nos o centro de um universo fixo e eterno, que não sabemos de onde vem, para
onde vai, nem por que nasceu; sabemos agora que a vida se organiza em função de
um código genético que se encontra no ácido desoxMbonu-cléico. Mas onde surgiu
essa informação codificada? Como se produziu? Qual é o sentido da evolução, se
existe algum? Qual é o sentido de nossa existência? E qual é a natureza desse espírito
com que pensamos tudo isso? Em outras palavras, correlativo ao progresso dos
conhecimentos, há o progresso da incerteza e, diria mesmo, da ignorância Os
fenômenos progressivos/regressivos, ou seja, que fazem progredir simultaneamente o
conhecimento e a ignorância, constituem progressos reais; quero dizer que, a meu ver,
reconhecer uma ignorância e uma incerteza constitui progresso. Mas sabemos
também que, na Ciência, as conseqüências dos progressos de conhecimentos não são
necessariamente progressivas. Esse, de resto, é um dos pontos há muito
estabelecidos, uma vez que se diz: a Ciência progride como conhecimento, mas suas
conseqüências podem ser atrozes, mortais (bomba atômica). Gostaria de lembrar aqui
que as potencialidades negativas ou destrutivas não se encontram unicamente no
exterior do conhecimento científico, ou seja, na Política, no Estado, na Sociedade;
encontram-se também no interior. Assim, durante muito tempo, o método
fundamental da Ciência foi o experimental, que consistia em tomar um objeto ou um
ser e colocá-lo em condições artificiais para tentar controlar as variações nele
provocadas. Ora, a experimentação, que serviu para alimentar os progressos do
conhecimento, provocou o desenvolvimento da manipulação, ou seja, das disposições
destinadas à experimentação, e essa manipulação, de subproduto da Ciência, pôde
tornar-se o produto principal no universo das aplicações técnicas, onde, finalmente, se
experimenta para manipular (em vez de manipular para experimentar). Em outras
palavras, as potencialidades manipuladoras de que acusamos os Estados foram
produzidas pelo desenvolvimento do próprio conhecimento científico, ou seja, o
conhecimento científico tem caráter tragicamente ambivalente: progressivo/regressivo.
Falei da especialização e quero dizer que ela comporta progresso, efetivamente,
porque o progresso está na especialização do trabalho, que permite o desenvolvimento
dos conhecimentos; mas produz também regressão, no sentido de que conhecimentos
fragmentários e não comunicantes que progridem significam, ao mesmo tempo, o
progresso de um conhecimento mutilado; e um conhecimento mutilado conduz
sempre a uma prática mutuante. Podemos dizer que o progresso do conhecimento
científico é inseparável dos progressos da quantificação: é incontestável. Mas isso se
toma regressão quando há o que Sorokin chama de quantofrenia, ou seja, visão
unicamente quantitativa de que toda concepção de qualidades desaparece. Sabemos,
como acabo de dizer, que a experimentação constitui progresso, mas, ao mesmo
tempo — além do problema da manipulação recém-mencionado —, a experimentação
pode conduzir à regressão do conhecimento na medida em que crê conhecer um
objeto abstraindo-o de seu ambiente. Descobrimos cada vez mais que, com relação
aos seres vivos superiores, a observação é superior à experimentação. Como vocês
sabem, pratica-se a experimentação com os animais, nomeadamente com os macacos
e os chimpanzés nos laboratórios; assim, era em animais isolados, fechados em
gaiolas, que se aplicavam testes; testes, entretanto, incapazes de revelar aptidões e
qualidades que se manifestam na vida social, afetiva e prática dos chimpanzés em
Uberdade. Fez-se progresso quando se abandonou a experimentação para estudar os
chimpanzés em sua sociedade e no seu ambiente naturais. A paciente observação de
uma ex-datilógrafa, Janette Lawick-Godal, autora de conhecido livro sobre os
chimpanzés, foi mais útil ao conhecimento científico, revelando complexidade de
comportamento e de inteligência imperceptíveis ao método experimental, do que este
último.
Outro exemplo: pode dizer-se que a formalização das teorias científicas constitui
incontestável progresso, sobretudo porque permite a dessubstancialização do
universo, ou seja, deixa-se de considerar o universo constituído por substâncias fixas
e estáveis, atribuindo-se, em seu lugar, relações; mas, ao mesmo tempo, se a
formalização se torna o único modo de conhecimento, ela provoca regressão, porque
conduz a um mundo desencarnado, já constituído apenas por idealidades
matemáticas. E, por espantoso paradoxo, observamos cientistas regressarem
ingenuamente ao platonismo, ou seja, consideram realidade única as equações que se
aplicam ao real, mas, nunca, não o real a que elas se aplicam.
A redução e a simplificação foram métodos heurísticos. Assim, por exemplo, foi
preciso simplificar, ou seja, pôr entre parênteses o problema do sujeito para ver
apenas o objeto; foi preciso isolar o objeto estudado tanto do sujeito que o concebe
quanto de seu ambiente. Há que reconhecer que essa simplificação, essa disjunção,
essa redução conduziram a progressos fabulosos, uma vez que a obsessão do
elementar e da lei simples conduziram à descoberta da molécula e, posteriormente, do
átomo e da partícula A procura de uma grande lei do universo conduziu à genial teoria
de Newton e, depois, à não menos genial teoria de Einstein. Hoje, entretanto, parece
que essa simplificação atinge um limite: a partícula não é a entidade simples, não há
uma fórmula única que detenha a chave do universo; chegamos, assim, aos problemas
fundamentais da incerteza, como no caso da microfísica e da cosmologia Por outro
lado, podemos, por método e provisoriamente, isolar um objeto do seu ambiente; mas
não é menos importante, por método também, considerar objetos e, sobretudo, seres
vivos sistemas abertos que só podem ser definidos ecologicamente, ou seja, em suas
interações com o ambiente, que faz parte deles tanto quanto eles fazem parte do
ambiente. Isso significa que os efeitos conjugados da sobreespecialização, da redução
e da simplificação, que trouxeram progressos científicos incontestáveis, hoje levam ao
desmembramento do conhecimento científico em impérios isolados entre si (Física,
Biologia, Antropologia), que só podem ser conectados de forma mutiladora, pela
redução do mais complexo ao mais simples, e conduzem à incomunicabilidade uma
disciplina com outra, que os poucos esforços interdisciplinares não conseguem
superar. Hoje, vela-se tudo aquilo que se encontra entre as disciplinas, que é apenas o
real, a ponto de não conseguirmos conceber que os seres que somos, vocês e eu, são
seres humanos, espirituais, biológicos e físicos; apesar de termos certeza disso, não
conseguimos fazer essa articulação que demanda o espaço entre as disciplinas. E
alguns cientistas julgam, ingenuamente, que não existe o que seus instrumentos não
podem apreender. Nesse sentido, os biólogos afirmam: "Nós estudamos moléculas,
mas nada sabemos sobre a vida, portanto a vida é noção puramente ideal." Da mesma
forma, julgou-se que o homem não existia; como se pensava que só existiam as
sociedades ou as estruturas, podia-se economizar o conceito de homem. Mas por que
economizar mais o conceito de homem do que o de rato ou de pulga?
O extraordinário é que nos damos conta de que o corte entre ciência e filosofia que
se operou a partir do século 17 com a dissociação formulada por Descartes entre o eu
pensante, o Ego cogitans, e a coisa material, a Res extensa, cria um problema trágico
na ciência: a ciência não se conhece; não dispõe da capacidade auto-reflexiva. Esse
drama concerne também à filosofia, que, deixando de ser empiricamente alimentada,
sofreu a agonia da Naturphilosophie e o fracasso da Lebensphilosophie; há tanta
extralucidez em Husserl quando diagnosticava a crise do conhecimento científico
como há ilusão metafísica, evasão estratosférica na idéia de "ego transcendental".
Assim, a filosofia é impotente para fecundar a ciência que é, por sua vez, impotente
para conceber-se.
O que quero dizer agora, para concluir, é que temos de compreender que os
progressos do Conhecimento não podem ser identificados com a eliminação da
ignorância. Estamos numa nuvem de desconhecimento e de incerteza, produzida pelo
conhecimento; podemos dizer que a produção dessa nuvem é um dos elementos do
progresso, desde que o reconheçamos. Em outras palavras, conhecer é negociar,
trabalhar, discutir, debater-se com o desconhecido que se reconstitui
incessantemente, porque toda solução produz nova questão. Assim, portanto, devo
deter-me nesta conclusão provisória o progresso da ciência é idéia que comporta em si
incerteza, conflito e jogo. Não se pode conceber absoluta ou alternativamente
Progresso e Regressão, Conhecimento e Ignorância E, sobretudo, para que haja novo e
decisivo progresso no conhecimento, temos de superar esse tipo de alternativa e
conceber em complexidade as noções de progresso e de conhecimento.

Você também pode gostar