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Sri Ramanasramam
Tiruvannamalai
Sri Ramanasramam
Tiruvannamalai
1982
2002
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Sumário
Prefácio .................................................................................................................................... 3
Introdução ................................................................................................................................ 4
Parte I ....................................................................................................................................... 8
1º Mais Mahatmas autênticos ................................................................................................. 8
2º Frank encontra seu primeiro mestre ................................................................................... 8
3º Frank visita o Maharshi ........................................................................................................ 9
4º Segunda visita de Frank ao Maharshi ................................................................................ 10
5º A valentia e a sensação de segurança Geradas pelo contato com o mestre ..................... 10
6º Os ensinamentos do Mahatma na versão de Frank .......................................................... 11
Parte II .................................................................................................................................... 13
Mais Ensinamentos de Mahatma ........................................................................................... 13
8º Religião .............................................................................................................................. 13
10º Realização ........................................................................................................................ 14
11º Pecados ........................................................................................................................... 15
12º Adoração .......................................................................................................................... 15
Parte III ................................................................................................................................... 17
O Maharshi ............................................................................................................................. 17
1º Como aconteceu o chamado ............................................................................................. 17
2º Como ele passava o tempo na caverna ............................................................................. 17
3º Uma versão hindu de gideão e seu velo ............................................................................ 17
4º O Mahatma que Causou a quebra do silêncio de doze Anos do Maharshi ....................... 18
5ª O aprendizado de Sastri ..................................................................................................... 18
6º Clarividência e dons psíquicos de sastri ............................................................................. 19
7º Como Maharshi responde aos curiosos ............................................................................. 19
Prefácio
O Editor
Introdução
Eu não gosto de ficar entre o leitor atento e esta interessante peça de litera-
tura religiosa. Mas, embora fraco como sou, farei o melhor que puder, já que
fui convidado a fazê-lo. Esta é uma descrição comovente e instrutiva, feita
por um jovem (ansioso na busca de Mahatmas a fim de obter Iluminação), de
sua visita a Mahatma Sri Ramana Maharshi e de suas experiências com este
Santo vivo do Sul da Índia, que é conhecido e reverenciado por ter alcançado
a meta da religião Vedanta, e que é um manancial de força espiritual para a
humanidade, nestes dias de materialismo desenfreado.
Sua descrição é concisa e vívida e, em minha opinião, não necessitaria de pre-
fácio ou introdução. Quão intensa é a vibração no corpo e quão elevado e re-
vigorado fica o espírito na presença do Mestre, o homem pode apenas sentir,
mas não expressar. O ensinamento do Mestre é exatamente aquilo de que ne-
cessitamos nesta época em que o homem tem vida curta, fraqueza no corpo,
debilidade no espírito, e tem sua atenção totalmente voltada para as coisas
materiais – aparentes e temporais – em lugar de preferir as espirituais – reais e
eternas. Todo o ensinamento do Mahatma Sri Ramana Maharshi gira em torno
de um único eixo: “Conhece-te a ti mesmo, então conhecerás tudo e nada
mais terás a aprender”.
Ele advoga um processo muito simples de pesquisa, isto é, “Quem sou eu?”
Um pensamento constante e puro no Atman – destituído de forma, nome e
atributos – leva o pensador para a fonte de todos os pensamentos – o Coração,
onde o pesquisador e o pesquisado se fundem, ou de certo modo se perdem na
pesquisa, que é Mukti, liberação ou Autorrealização. Esta é verdadeira reali-
zação de Atman – Deus interior e exterior.
O autor deste atraente livrinho parece ter obtido informações sobre Sri Rama-
na Maharshi de várias fontes e em épocas diferentes. Uma palavra ou duas
sobre como foi que o Sr. Frank H. Humphreyes teve chance de ouvir falar de
“nosso” Maharshi, de visitá-lo e de ser incluído no rol de seus admiradores,
pode interessar ao leitor.
F.H. Humphreys veio à Índia como Superintendente Assistente de Polícia em
janeiro de 1911. Quando checou a Bombaim estava tão doente que teve que
ser levado para o hospital, onde permaneceu até meados de março. Chegou a
Vellore no dia 18 desse mês. Quando cheguei naquele dia para ensinar-lhe
télugo, a primeira coisa que me perguntou foi: “Munshi!, você conhece astro-
logia?” Respondi que não. A próxima pergunta foi: “Você poderia me arranjar
uma tradução em inglês de algum livro de astrologia?” Eu concordei com seu
pedido conseguindo uma cópia do George Union Club, Vellore.
Na manhã do dia seguinte, 19 de março, quando me devolvia o livro, pergun-
tou-me: “Você conhece algum Mahatma por aqui?” Eu fingi não conhecer ne-
nhum sábio e neguei ter qualquer conhecimento de tais grandes homens. Na
manhã do terceiro dia, dia 20, ele aproximou-se de mim com uma veemente
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e inquiridora pergunta: “Munshi! Você disse ontem que não conhecia nenhum
Mahatma. Eu vi seu Guru esta manhã em meu sonho. Ele sentou-se ao meu
lado e me disse algo que eu não entendi, assim como ele não entendeu o que
eu lhe disse. O primeiro homem de Vellore que eu encontrei em Bombay foi
você.” Quando questionei como poderia ter me visto em Bombay, sendo que
eu nunca havia viajado além de Guntakal, ele respondeu que, quando estava
internado com febre alta no hospital em Bombay, a fim de aliviar-se da dor
durante algum tempo, concentrara e direcionara sua mente (atenção) para
Vellore e, em seu corpo astral, o primeiro homem que encontrou fui eu. Eu o
deixei, dizendo que não sabia nada sobre o corpo astral ou qualquer outro
corpo exceto o físico. Contudo, a curiosidade tentou-me a testá-lo e, naquela
tarde, levei para ele um pacote com fotografias de grandes homens inclusive
as de nosso Maharshi e de Ganapathi Muni. Silenciosamente coloquei o pacote
diante dele, sobre sua mesa, e fui tranquilamente para o Sr. L. Clift, outro
agente da polícia a quem eu estava então ensinando. Quando retornei para o
Sr. Humphreys uma hora mais tarde, ele me recebeu com as palavras: “Aqui
está o retrato de seu Guru. Ele não é seu preceptor? Diga-me.” Assim dizendo,
apontou para mim a fotografia de nosso Ganapathi Sastri, que havia separado
dentre as outras. Este ato seu surpreendeu-me. Eu fora pego e não podia me
esconder ou esconder o meu mestre.
Eu considerava (e ainda considero) Ganapathi Sastri como meu Guru. Em 1906
ele me ensinou a concentrar-me e me orientou para direcionar e fixar minha
atenção em Paramatma, conhecido como Sri Ramana, um nome muito querido
para meu coração. A instrução de Sastri não é diferente da do nosso Maharshi.
O Sr. Humphreys adoeceu novamente e foi aconselhado por um médico a ir
para Ootacomund, o que ele fez a 1º de abril de 1911. Enquanto estava lá,
escreveu-me a respeito de seu encontro com uma pessoa estranha, vestida
pobremente mas bem constituída, com olhos brilhantes, cabelo emaranhado e
uma longa barba. O senhor com quem o Sr. Humphreys estava morando na
colina disse-lhe que, embora já vivesse ali há muitos anos, nunca havia visto
aquele homem estranho. O Sr. Humphreys perguntou-me quem poderia ser
aquele homem e eu simplesmente respondi que, a julgar pela descrição que
ele fez, eu achava que devia ser um Siddha. Sua segunda carta desde aquela
estância na montanha foi um pedido para que lhe ensinasse Hatapranayama.
Considerando o estado frágil de sua saúde, não achei conveniente falar-lhe
sobre a retenção voluntária e forçada da respiração mas, simplesmente disse-
lhe que o pensamento puro e constante em Paramatma em nosso coração pro-
vocaria a Kumbakam natura, ou absorção de mente no coração – o último es-
tágio e estado que os sábios desejam ardentemente.
Sua terceira pergunta foi: “O fato de comer carne será uma ajuda ou um im-
pedimento para o progresso da meditação?” Em resposta escrevi-lhe umas
cinco ou seis páginas sobre “Ahimsa paramo Dharma” explicando que não pra-
ticar violência ou não matar é a maior das virtudes e concluí a carta com es-
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S. Narasimhayya
Madanapalle, 2-3-1925
Parte I
1º Mais Mahatmas autênticos
POR
FELICIA R. SCATCHERD
(“FELIX RUDOLPH”)
Cerca de três meses atrás, encontrei em meu sonho um grande homem. Falei
sobre isto com meu professor de télugo. O professor trouxe-me alguns retra-
tos. Eu reconheci de imediato o homem entre todos os outros. Na última sex-
ta-feira, esse homem estava passando por Vellore para ir a uma Conferência
Teosófica, em Tiruvannamalai. Ele não pertence à Sociedade Teosófica. Todos
os Mestres trabalham para o bem comum. Quando o trem chegou, eu logo o
reconheci. Ele tinha cerca de 1,77 de altura e era bem constituído, com uma
testa grande e nariz aquilino – bem apessoado em todos os sentidos. Ele des-
ceu do trem e nós sentamos juntos na sala de espera. É impossível descrever
como é estar na presença de um Mestre. Eu não sabia se ele era um Mestre,
mas sentar em sua presença, embora ele dificilmente dissesse uma palavra e
não falasse inglês, era sentir-se mais e mais emocionado – sentir novas im-
pressões tocando-nos mentalmente. Era uma experiência extraordinária. Sou-
be mais tarde que ele era o primeiro letrado de sânscrito na Índia, e isto sig-
nifica algo aqui, onde o sânscrito é o idioma das Escrituras e todo estudante
da sabedoria o aprende. Ele conhece as ciências até pelo avesso, e sabe mui-
tos idiomas. Você se lembra como os Apóstolos de repente “falaram em lín-
guas”. Bem, existem pessoas aqui que conhecem este homem toda sua vida, e
eles sabem que até certo dia ele não falava uma palavra em tâmil, que é uma
língua muito difícil. Quinze dias depois, ele foi capaz de dar uma longa pales-
tre em puro tâmil e ler e escrever essa língua tão bem como qualquer dos pro-
fessores.
Perguntei-lhe como havia conseguido essa façanha e ele respondeu: “Pela
meditação.”
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Fui de motocicleta e subi até a caverna. O Maharshi sorriu quando me viu mas
não ficou nem um pouco surpreso. Antes de sentar, Ele me perguntou sobre
um assunto de caráter íntimo do qual tinha conhecimento, mostrando assim
que havia me reconhecido. Todos quantos vêm a Ele são como um livro aber-
to, e um simples olhar Seu basta para revelar seu conteúdo. “Você ainda não
comeu e está com fome – disse ele”. Admiti que estava certo, e Ele imedia-
tamente pediu a um chela que me trouxesse comida – arroz, manteiga, frutas,
etc., que eu comi com os dedos, pois os nativos não usam colheres. Embora
tenha treinado comer dessa maneira faltava-me destreza. Por isso Ele me deu
uma colher feita de casca de coco, sorrindo e falando de quando em quando.
Não posso imaginar nada mais bonito que Seu sorriso. Bebi leite de coco,
branco como o leite de vaca e delicioso, ao qual Ele havia adicionado açúcar.
Quando terminei eu estava ainda com fome e, sabendo disso, Ele pediu que
trouxessem mais. Ele sabia tudo e, quando outros queriam me forçar a comer
frutas depois que já estava satisfeito, Ele os deteve de imediato. Tive que
pedir desculpas pelo meu modo de beber. Ele disse apenas: “Não tem impor-
tância”. Os hindus são muito estritos sobre isso. Nunca sorvem nem bebem
tocando a vasilha com os lábios, mas despejam o líquido diretamente na boca.
Beste modo muitos podem beber da mesma xícara sem medo de infecção. En-
quanto eu estava ainda comendo, Ele relatava minha história passada para os
demais, e com grande precisão também. Entretanto, so me vira uma vez an-
tes, e havia visto muitas centenas de pessoas nesse intervalo. Ele simplesmen-
te consultava nosso interior da mesma forma que nós consultaríamos uma en-
ciclopédia. Fiquei umas três horas escutando seus ensinamentos. (Tinham lhe
mostrado um livro que me fora dado pela Sra. R.W. Nankivell, para pedir Sua
opinião sobre ele. Elogiou-o, e falou citando trechos dele.)
Eu ouvi que numa ocasião, quando um chela fez uma pergunta, Ele pegou um
livro, apontou para uma passagem nele, e disse: “Aqui está sua resposta”.
Mais tarde eu estava com sede, pois havia sido uma caminhada quente, mas
eu não o disse em palavras. Todavia, Ele percebeu e disse a um chela que me
trouxesse limonada.
Afinal tive que partir, então curvei-me, como nós fazemos, e sai da caverna
para colocar minhas botas. Ele saiu também, e disse que eu podia voltar para
vê-lo novamente.
ta, porem ele tentou me morder três ou quatro vezes. Eu não senti nenhum
medo, nem fiquei de qualquer forma contrariado. Ouvi exclamações de susto
mas só percebi que existira algum perigo quando já estava a meio caminho de
descida da montanha.
Uma mordida de cachorro não é brincadeira neste país não só por causa da
selvageria dos cães e por estarem seus dentes cheios de germes devido à car-
ne putrefata que eles comem, mas também porque as feridas não saram bem
no calor e pela prevalência da hidrofobia.
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Parte II
Mais Ensinamentos de Mahatma
7º Realização
8º Religião
9º Deus
saber que elas são DEUS; ao invés de imaginar que a “existência” seja a única
coisa possível, perceber que a existência é só a criação da mente (pois se não
houver existência a mente não poderia ver nada) e que a não existência é
consequência necessária se você postula a existência. O conhecimento das
coisas só mostra a existência de um órgão de conhecimento. Não existe ne-
nhum som para o surdo, nem o que ver para os cegos, e a mente é somente
um órgão de concepção ou de apreciação de certos aspectos de DEUS.
DEUS é infinito, portanto, existência e não existência são apenas partes com-
ponentes d’Ele. Não quero dizer que DEUS seja formado de partes definidas. É
difícil fazer-se compreender quando se fala de DEUS... O verdadeiro conheci-
mento vem de dentro e não de fora. E verdadeiro conhecimento não é “sa-
ber” mas “ver”.
10º Realização
Realização nada mais é do que ver DEUS literalmente. Você deve ler tudo que
eu escrevo literalmente. Nosso maior erro é imaginar DEUS agindo simbolica-
mente e alegoricamente, e não de maneira prática e literal.
Tome um pedaço de vidro, pinte nele cores e formas, e coloque-o numa lan-
terna mágica; acenda uma luz branca, e as cores e formas pintadas no vidro
serão reproduzidas na tela. Se a luz não fosse acesa, você não veria as cores
do slide na tela.
Como se formam as cores? Decompondo-se a luz branca ao passar através de
um prisma. O mesmo acontece com o caráter de um homem. É visto quando a
Luz da Vida (DEUS) está brilhando através dele, isto é, através das suas ações.
Se o homem está adormecido ou morto, você não vê seu caráter. Só quando a
Luz da Vida está animando o caráter, e fazendo-o agir de mil modos diferen-
tes, em resposta ao seu contato com este mundo multifacetado, você pode
perceber o caráter do homem. Se a luz branca não tivesse sido decomposta e
posta em figuras e formas em nosso slide da lanterna mágica, nós nunca terí-
amos sabido que havia um pedaço de vidro diante da luz, pois a luz teria atra-
vessado livremente a lanterna. De certo modo aquela luz branca foi adultera-
da e privada de um pouco de sua nitidez ao ser forçada a brilhar através das
cores no vidro. O mesmo acontece com o homem comum. Sua mente é como a
tela. Nele brilha a luz, atenuada e mudada porque ele permitiu que o mundo
mutável ficasse diante da Luz (DEUS) em lugar de ver a própria Luz (DEUS), e
sua mente reflete os efeitos que vê, do mesmo modo que a tela reflete as
cores sobre o vidro. Tire o prisma e as cores desaparecerão, reabsorvidas na
luz branca de onde vieram. Tire as cores do slide e a luz brilhará claramente
através da lanterna. Tiremos de nossa visão o mundo de efeitos que vemos, e
olhemos só as causas, e então veremos a Luz (DEUS). Um Mestre em medita-
ção, embora mantenha os olhos e ouvidos abertos, fixa sua atenção tão fir-
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memente em “Aquele que Vê”, que ele nem vê nem ouve, nem tem qualquer
consciência física em absoluto – nem mesmo mental, mas só espiritual.
Nós precisamos afastar o mundo, que causa nossas dúvidas, que anuvia nossa
mente, e a luz de DEUS brilhará claramente. Como pode ser afastado o mun-
do? Quando, por exemplo, ao ver um homem, você diz: “Isto é DEUS animando
um corpo”, corpo que responde, mais ou menos perfeitamente, às diretrizes
de DEUS, como um navio responde mais ou menos perfeitamente ao seu leme.
11º Pecados
O que são pecados? Por que, por exemplo, um homem bebe demais? Porque
odeia a idéia de estar limitado – limitado pela incapacidade para beber tanto
quanto deseja. Ele está lutando pela liberdade a cada pecado que comete.
Esta luta pela liberdade é a primeira ação instintiva de DEUS na mente de um
homem. Porque DEUS sabe que ele não é limitado. Beber demasiado não traz
liberdade ao homem, entretanto ele não sabe que em realidade está buscando
liberdade. Quando se apercebe disso, ele começa a buscar o melhor caminho
para obter a liberdade. Mas o homem só ganha essa liberdade quando percebe
que nunca esteve limitado. O eu, eu, eu que se sente tão limitado é em reali-
dade o Espírito Ilimitado. Eu estou limitado porque não sei nada que não seja
percebido por um dos meus sentidos. Entretanto, eu sou o tempo todo aquele
que sente em toda pessoa, em toda mente. Estes corpos e mente são só os
instrumentos do “Eu”, o Espírito Ilimitado. O que quero eu com os instrumen-
tos quando eu sou os próprios instrumentos, como as cores são a Luz Branca?
Jesus, o homem, estava totalmente inconsciente quando fez Seus milagres, e
falou Suas palavras maravilhosas. Era a Luz Branca, a Vida, Quem é a causa e
o efeito, agindo em perfeito concerto. “Eu e Meu Pai somos Um”... (Ele disse
também: “Meu Pai é maior que eu” ). Desista da idéia de “eu” e “Meu”. Pode
o corpo possuir qualquer coisa? Pode a mente possuir qualquer coisa? Ferra-
mentas inanimadas são ambos, a menos que a Luz de DEUS esteja brilhando
através deles. Estas coisas que nós vemos e sentimos são só as cores separadas
do Espírito Ilimitado.
12º Adoração
Qual é a melhor forma de adorar a DEUS? Ora, não tentando adorá-LO, mas
entregando todo seu ser a Ele, e mostrando que todo pensamento, toda ação,
são apenas a ação da Vida Una (DEUS) – mais ou menos perfeita na medida em
que as ações forem inconsciente ou conscientes. DEUS trabalha com perfeição
em nossas ações virtuosas inconscientes. Um Mestre, quando ensina, está lon-
ge de pensar sobre instruir; entretanto, sentir uma dúvida ou uma dificuldade
em sua presença é invocar de imediato, antes mesmo que possas expressar
tua dúvida, as palavras maravilhosas que esclarecerão essa dúvida. As pala-
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vras nunca falham e o Mestre, com seu coração fixo em DEUS, sabendo perfei-
tamente que nenhuma ação é pessoal, sem fazer nenhuma reivindicação de
ter originado o pensamento ou de ter sido o meio de dissipar uma dúvida, sem
nunca dizer “eu” ou “meu”, vendo só DEUS em todo pensamento e ação, se-
jam eles teus ou seus, não se surpreende nem sente qualquer prazer especial
em ter dissipado tua dúvida. Ele nunca deseja sentir prazer. Ele diz:
- Quem é que sente prazer? Ora, DEUS.
- Que é prazer? Ora, a apreciação – instintiva ou não – de DEUS.
- Que é o tal “Eu”? É DEUS.
- DEUS é prazer. Se eu desejar perpétuo prazer, devo esquecer de mim mes-
mo, e ser aquilo que é o próprio prazer, ou seja, DEUS.
Um Mestre sacrifica todo seu ser, afunda-o como uma idéia artificial no Ocea-
no de DEUS Que É, e Que é, literalmente, o Material e a Causa de tudo, e se
torna a corporificação da felicidade. De igual modo, ele afasta todo desejo
pessoal, até o desejo de virtude. Ele nega serem suas próprias ações e as atri-
bui a DEUS, até que se torna a corporificação daquela virtude pessoal que
“um dia” desejou, e todo aquele que se aproxima dele será abençoado. Ele é
a corporificação de todas as virtudes. Assim são a verdadeira adoração e seus
resultados.
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Parte III
O Maharshi
Os fatos recolhidos a seu respeito são esparsos e escassos, mas cheios de inte-
resse por causa de sua rara simplicidade.
Fui bastante afortunado por obter duas fotografias do Maharshi, sentado em
posturas diferentes, em meditação profunda. Uma delas acompanha minhas
breves anotações. Nada adianta escrever-me pedindo detalhes adicionais. Eu
estou publicando tudo que me é permitido tornar conhecido.
Um chela que conheço contou-me esta história: Quando o Maharshi tinha de-
zesseis anos teve o verdadeiro Despertar. Mas continuou a viver com Seu ir-
mão até a crise, que ocorreu a 29 de agosto de 1896. Nesse dia, vendo o
Maharshi sentado de pernas cruzadas e entregue à meditação, o irmão mais
velho o reprovou, insinuando que aquele que deseja viver como um sadhu não
tem direito à vida do lar. O Maharshi saiu de casa deixando um bilhete. Partiu
em obediência ao Chamado vindo de Arunachala. Viveu no Templo de Aruna-
chaleswara e outros lugares antes de escolher viver na caverna onde Frank O
viu. Ele tem cerca de trinta e nove anos, e viveu na caverna durante muitos
anos.
Após os dois primeiros anos ele refugiou-se no silêncio. Durante anos não disse
uma palavra. Não havia nenhum fanatismo nisso, exceto uma falta de disposi-
ção para se envolver em conversas. Ele voltou a falar e ensinar nos últimos
seis anos. Ele fala as línguas da Índia Meridional e a inglesa. Conhece a parte
mais importante das Escrituras hindus de cor, e está bem familiarizado com a
História Cristã e dos Tempos Bíblicos. Poucos sabem seu nome ou qualquer
outra coisa sobre ele além da história de como deixou seu lar, que ele mesmo
tem contado a seus chelas, e que ele é brâmane por nascimento. Sua persona-
lidade é a coisa mais extraordinária sobre ele, e estranhas histórias são con-
tadas por testemunhas dignas de crédito. Por exemplo:
5ª O aprendizado de Sastri
Quando as pessoas fazem perguntas por mera curiosidade ele pode permane-
cer uns momentos em concentração, e dizer: “Não recebi autorização de
DEUS para responder esta pergunta”. Ou ele pode replicar: “Você diz, eu, eu
quero saber. Diga-me quem é esse eu? Conheça primeiro esse eu, e então vo-
cê saberá tudo”.
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Mas no caso daqueles que buscam iluminação espiritual. Ele fica mais disposto
a debater qualquer ponto para fortalecer a compreensão. Com ambos era in-
variavelmente o mesmo. A menos que já estivesse no embalo de responder
perguntas, elas não serão respondidas imediatamente mas colocadas primeiro
em meditação.
F. R. S.