Você está na página 1de 2

TEMA: Outros Temas da ALASS / Saúde do Trabalhador; Saúde Mental

TÍTULO DA COMUNICAÇÃO: Quando se cuida do que não é seu: A


Experência de Cuidado do Trabalhador de Limpeza em um Centro de
Tratamento do Câncer Pediátrico

AUTORES:

Cinthia Mendonça Cavalcante, Professora do Departamento de Psicologia,


Área de Saúde Coletiva, Universidade Federal do Ceará, Brasil.

Maria Juliana Vieira Lima, Discente do Curso de Psicologia da Universidade


Federal do Ceará, Brasil.

CONTATO:

Cinthia Mendonça Cavalcante – fcinthia@hotmail.com; fcinthiac@gmail.com;


55 85 88719791; 55 85 97008780; 55 85 30329412; 55 85 33667725.

RESUMO

O objetivo desse estudo foi compreender a experiência de cuidado do


trabalhador de limpeza diante do contato com usuários de um centro de
tratamento oncológico infantil. Nessa perspectiva, compreende-se o cuidado
como aspecto fundamental e característica básica do trabalho em um hospital.
Este, aqui, concebido como o encontro entre a pessoa que sofre e aquele que
é encarregado de proporcionar conforto físico e psíquico. No entanto, é
importante ressaltar que mesmo aqueles não envolvidos diretamente com o
cuidado técnico e profissional, lidam com o sofrimento, a doença, a morte em
um centro de cuidado oncológico. Apesar de não haver acordo entre os autores
no que tange a considerar os profissionais de limpeza como pertencentes, ou
não, à equipe de cuidados, há consonância quando se afirma que,
independente de que lugar o profissional ocupa na instituição e na equipe, ele
se relaciona com o usuário, afeta-se e envolve-se com os mesmos. Ademais, a
atuação em hospital de pediatria oncológica é considerada fonte de grande
estresse e sofrimento para os profissionais que a vivenciam. Assim, os
profissionais de limpeza, apesar de não atuarem focalmente no cuidado, são
envolvidos por essa ação que permeia o âmbito hospitalar. A partir desse
cenário, foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, da qual
participaram 06 (seis) trabalhadores do serviço de limpeza de um Centro
Pediátrico de Câncer. A metodologia de investigação caracterizou-se pela
utilização de entrevistas semiestruturadas.  O método utilizado para a análise
das falas, geradas pelas entrevistas, foi a hermenêutica fenomenológica de
Paul Ricoeur. As principais unidades de sentindo, encontradas a partir dos
significados originários das experiências dos trabalhadores diante dos serviços
efetivados, foram: cuidado e formação de vínculos, o estabelecimento das
relações de vínculo; e as estratégias de enfrentamento/autocuidado utilizadas
pelos trabalhadores. Percebeu-se que há estabelecimento de vínculo entre
esses atores através de trocas afetivas significativas. Ao vincularem com os
usuários e ofertarem cuidado, os profissionais de limpeza exercem atos
terapêuticos e tornam-se figuras importantes nos tratamentos dos usuários e
seus acompanhantes. Percebeu-se também que os profissionais de limpeza
têm atuado como suporte para esses usuários e isso tem contribuído para a
reestruturação do self nos momentos de crise e/ou de vulnerabilidade. No
entanto, o vínculo que gera sentimentos de satisfação e auto realização
também promove dores e sofrimentos decorrentes dos óbitos e pioras no
estado de saúde dos pacientes. Nesse contexto, a partir das vivências de
sofrimento, os trabalhadores mostraram que desenvolvem estratégias de
enfrentamento e autocuidado na tentativa de elaborar e significar seus
sentimentos e experiências. A contribuição deste estudo aponta para a
necessidade de perceber e legitimar as relações existentes entre os
profissionais de limpeza e os usuários como significativas e de cuidado, de
forma especial no que tange às potencialidades que esses vínculos
proporcionam ao cuidado em saúde. Ressalta-se a importância de
desenvolvimentos de estratégias de cuidado a esses cuidadores. Essa
realidade leva à reflexão da necessidade de haver espaços de escuta e
acolhimento das demandas de sofrimento desses trabalhadores/cuidadores.

 
Palavras-chave: Trabalhadores de limpeza, Vínculo, Cuidado, Câncer,
crianças.

Você também pode gostar