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MATERIAIS
Propriedades ópticas
Antonio dos Reis de Faria Neto
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Em algumas aplicações da engenharia, precisamos prever o comportamento dos
materiais (como a luz visível, por exemplo) quando expostos à radiação eletro-
magnética, para que possamos trabalhar a sua resposta. Isso só será possível se
tivermos conhecimento dos mecanismos responsáveis pelo comportamento e a
resposta do material à radiação, ou seja, suas propriedades ópticas.
Uma das principais aplicações de materiais cujas propriedades ópticas preci-
samos entender encontra-se na comunicação, mais precisamente na aplicação de
fibras ópticas. Uma propriedade fundamental para entender a eficiência desse
material é o índice de refração.
Neste capítulo, você vai estudar as propriedades ópticas e relacioná-las à
estrutura dos materiais. Vai conferir como podemos prever o comportamento
dos materiais quando modificações forem feitas em sua estrutura. Por fim, vai
conhecer aplicações nos mais variados tipos de materiais.
(1)
onde:
(2)
Propriedades ópticas 3
Espaços
vazios
∆E ∆E
Energia
Energia
Fóton emitido
Espaços
preenchidos
Fóton absorvido
A B
Figura 4. (a) Absorção da energia emitida por um metal, representação do ganho energético
de um elétron. (b) Reemissão de energia (fóton) quando o elétron deixa uma banda mais
energética e passa para uma de menor energia.
6 Propriedades ópticas
(3)
(4)
Quando a luz atravessa um meio com alto índice de refração para outro com
baixo índice, existe um valor crítico para o ângulo de refração, denominado
φc, que, se ultrapassado, causará reflexão interna total da luz. Esse ângulo φc
é definido para φ' (refração) = 90° (SMITH; HASHEMI, 2012). A Figura 6 mostra
um exemplo para o valor crítico do ângulo na refração.
Figura 6. Ângulo crítico φc para reflexão interna total da luz passando de um meio com alto
índice de refração n para outro com baixo índice de refração n’.
Fonte: Smith e Hashemi (2012, p. 583).
Figura 7. Prisma que recebe um feixe de luz branca e transmite esse feixe, transformando-o
no espectro de cores que lembram um arco-íris.
Fonte: Pixabay.com/BlenderTimer.
incidência normal da luz (isto é, φi = 90°), a fração de luz refletida R (refle-
tividade) por uma única superfície pode ser determinada pela Equação 5:
(5)
(6)
Meio n
Ar (real) 1,0003
Água 1,33
Óleo 1,46
Diamante 2,41
Luminescência, fotoluminescência e
catodoluminescência
A radiação visível (luz visível) pode ser produzida por meio de dois fenômenos:
incandescência ou luminescência. A incandescência acontece, por exemplo,
nas antigas lâmpadas incandescentes e na resistência do chuveiro, em que a
emissão da luz ocorre por causa do aquecimento de um filamento de metal.
Ocorre, também, no aquecimento de brasas.
Já a luminescência ocorre nas lâmpadas fluorescentes, que substituíram
as incandescentes. Nesse processo, a luz é emitida quando os fótons são
absorvidos e depois reemitidos, fazendo com que os elétrons decaiam nas
bandas de energia, passando de um estado mais energético para um menos
energético, emitindo luz visível ou quase visível. A energia absorvida excita
os elétrons do material luminescente da banda de valência para a banda
de condução. Os elétrons excitados no fenômeno da luminescência descem
para níveis energéticos mais baixos. Se a emissão ocorrer dentro de 10-8
segundos após a excitação, a luminescência é chamada fluorescência e, se a
emissão ocorrer depois de 10-8 segundos, ela é denominada fosforescência
(CALLISTER, 2020; SMITH; HASHEMI, 2012).
A luminescência é produzida pelo fósforo, que tem a capacidade de ab-
sorver radiação de pequeno comprimento de onda e alta energia e, espon-
taneamente, emitir radiação luminosa de longo comprimento de onda e
baixa energia. O espectro da emissão é controlado pela adição de impurezas
chamadas ativadores. Os processos de luminescência são classificados de
acordo com a fonte de energia para a excitação dos elétrons. Dois tipos
importantes industrialmente são fotoluminescência e catodoluminescência
(CALLISTER, 2020; SMITH; HASHEMI, 2012).
Na lâmpada fluorescente comum, a fotoluminescência converte a radia-
ção ultravioleta de um arco de vapor de mercúrio com baixa pressão em luz
visível empregando um fósforo de halofosfato. Já na catodoluminescência,
a luminescência é produzida por um cátodo energizado que gera um feixe
de elétrons de bombardeio com alta energia. As aplicações desse fenômeno
incluem o microscópio eletrônico, o osciloscópio de raios catódicos e a tela
do televisor em cores. Podemos encontrá-lo, também, nos avisos de saída de
emergência, nas pulseiras de festas (quimiluminescência) e nos vagalumes
(bioluminescência) (CALLISTER, 2020; SMITH; HASHEMI, 2012).
Nesta seção, estudamos as propriedades ópticas dos materiais metálicos
e dos materiais não metálicos. Vimos como a interação da luz com a estrutura
desses materiais pode produzir propriedades interessantes, como a lumi-
Propriedades ópticas 11
70
60
Rubi
50
40
0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
Comprimento de onda, (mm)
Figura 8. Comparação da cor gerada para uma pedra de rubi e uma de safira quando um feixe
de luz visível interage com a estrutura desses materiais.
Fonte: Callister (2020, p. 765).
Referências
CALLISTER, W. D. Fundamentos da ciência e engenharia de materiais: uma abordagem
integrada. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2020.
KNIGHT, R. D. Física: uma abordagem estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. v. 2.
SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. Porto
Alegre: AMGH, 2012.
Leituras recomendadas
AMAZONAS, J. R. A. Projeto de sistemas de comunicações ópticas. Barueri: Manole, 2005.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. 10. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2018. v. 4.
SERWAY, R. A.; JEWETT JR., J. W. Princípios de física. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2014. v. 4.
TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2009. v. 2.