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CIÊNCIA DOS

MATERIAIS
Estrutura dos
materiais
poliméricos
Elaine Cristina Marques Esper

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

> Definir os termos polímeros, plásticos, macromoléculas e monômeros.


> Classificar os polímeros.
> Apresentar os principais polímeros utilizados na indústria.

Introdução
Os polímeros fazem parte da nossa vida. Antes de mais nada, eles nos constituem:
nossa pele, nosso cabelo, nossas cartilagens e o colágeno que compõem nossos
ossos são formados por polímeros. Já como material sintético, os polímeros
passaram a fazer parte da nossa vida apenas no século XX, em parte pela busca
por aproveitar os resíduos oriundos da extração do petróleo e em parte pela
busca por materiais que fossem mais leves e baratos que aqueles naturalmente
disponíveis. Com a evolução dos conhecimentos científicos e a partir de muita
pesquisa impulsionada pelas grandes guerras, os polímeros foram sendo desen-
volvidos e ocupam nos dias de hoje um lugar importante em nossas vidas. Mas
o que de fato é um polímero?
Neste capítulo, você entenderá o que é um polímero, como é obtido, quais são
os diversos tipos de polímeros e as diferenças entre eles. Além disso, verá quais
são os principais polímeros utilizados na indústria.
2 Estrutura dos materiais poliméricos

Definições importantes em materiais


poliméricos
Um plástico é um polímero, mas nem todo polímero é um plástico. Para
entender por que essa frase é verdadeira, é necessário compreender o que é
um polímero e o que é um plástico. Primeiramente, utilizamos o conceito de
polímero no meio acadêmico e o conceito de plástico no mundo industrial.
Dessa forma, você pode achar que o que interessa mesmo é o termo “plástico”.
Porém, outros polímeros que não são plásticos também são importantes no
meio industrial e recebem outras denominações, como resinas e elastômeros
ou borracha. Além disso, temos os polímeros naturais, como o amido, a celu-
lose e a quitina, que são aplicados principalmente na indústria alimentícia.

A palavra polímero é formada pelos radicais gregos poli e mero,


que significam muitos e monômeros, respectivamente. Assim, um
polímero é uma macromolécula, ou seja, uma molécula muito grande de elevada
massa molecular, formada pela associação de muitos monômeros (SHACKELFORD,
2008).

Uma analogia para tentar ilustrar a formação de uma macromolécula é


imaginar um colar de pérolas, em que o colar representaria a macromolé-
cula polimérica (Figura 1). Basicamente, para fazer esse colar precisamos
de pérolas, que são nossos monômeros, e de um cordão ou elo entre essas
pérolas. Da mesma maneira, um polímero precisa que seus monômeros es-
tejam ligados para ser formado. Esses elos são estabelecidos por meio das
ligações covalentes que ocorrem entre os átomos que formam os monômeros,
a partir de uma reação de polimerização (NUNES; LOPES, 2014).
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Figura 1. Representação de um monômero e seu respectivo polímero.


Fonte: Adaptada de AnnaKovalchuk/Pixabay.com.

Em termos de importância industrial, os materiais poliméricos surgiram nos


primeiros 20 anos do século XX, a partir da busca de aplicações que aproveitas-
sem os resíduos do processamento do petróleo. Até que os processos estivessem
devidamente estudados e consolidados e compensassem industrialmente, já
estávamos no mundo pós-Segunda Guerra Mundial, num cenário que exigia alta
produtividade e muito desenvolvimento. Seu uso foi iniciado em vários produtos
desenvolvidos em larga escala, posteriormente passando a se concentrar no
setor de embalagens para as mais diversas indústrias (SMITH; HASHEMI, 2012).
Embora os polímeros tenham ganhado fama após esse período de evo-
lução científica e tecnológica, os polímeros naturais existem muito antes do
próprio ser humano. A celulose e a lignina, que compõem os troncos, raízes e
galhos das plantas, são materiais poliméricos. O amido, largamente presente
na batata, mandioca e outros tubérculos, é um tipo de polímero, bem como
todas as proteínas que originam nossas próprias células e até mesmo o látex
extraído da seringueira (COSTA et al., 2003).

A partir de um processo acidental de vulcanização, o látex passou a


ganhar resistência na indústria, sendo então aplicado na fabricação
de pneus. Em 1840, Charles Goodyear nos Estados Unidos e Thomas Hancock na
Inglaterra publicaram as primeiras patentes sobre esse processo, que emprega,
além do látex, enxofre, e forma uma estrutura de caráter mais rígido para o
material (COSTA et al., 2003).
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Logicamente, nos primórdios do uso de polímeros naturais, eles eram


aplicados sem que houvesse preocupação com suas propriedades. No entanto,
a partir do momento que surgiram os primeiros produtos poliméricos, suas
propriedades passaram a ser um item de estudo. Em ciência dos materiais, é
sempre necessário considerar que estrutura, propriedades, aplicações e pro-
cessamento são parâmetros intrinsecamente relacionados e interligados. Pois
assim também ocorreu com o desenvolvimento dos polímeros. Considerando
que o desenvolvimento dos polímeros floresceu com os estudos de química
teórica a respeito da natureza do átomo e das ligações químicas, podemos
afirmar que os polímeros são uma aplicação desses estudos.
Nos anos 1920, o químico alemão Hermann Staudinger resolveu estudar
os compostos orgânicos grandes, chamados de macromoléculas, focando em
processos como a policondensação na obtenção de polímeros. Já o químico
norte-americano Wallace H. Carothers estudou a poliadição, e até a década
de 1960 diversas pesquisas e aplicações foram realizadas em torno dos
polímeros (HAGE JR., 1998).
Assim, consideramos que os polímeros são macromoléculas obtidas por
reações de polimerização de policondensação ou de poliadição oriundas da
ligação entre monômeros. O monômero mais simples que dá origem a uma
série de polímeros diferentes é o eteno, também conhecido como etileno. Já
o polímero oriundo da polimerização por adição do etileno é o polietileno,
conforme ilustrado na Figura 1 (SMITH; HASHEMI, 2012).

Figura 2. Representação da reação de polimerização do etileno que dá origem ao polietileno.


Fonte: Smith e Hashemi (2012, p. 334).

Observe que na reação de poliadição a dupla ligação presente no composto


etileno é quebrada e seus elétrons formam duas ligações simples com outras
moléculas de etileno, conectando-se a elas para dar origem ao polímero. A
ligação dupla inicial também se transforma numa ligação simples. Durante as
etapas da reação, forma-se uma molécula de etileno ativada que está pronta
para romper as duplas ligações de outras moléculas de etileno e se ligar a
elas covalentemente, como mostrado na Figura 3 (SMITH; HASHEMI, 2012).
Estrutura dos materiais poliméricos 5

Elétron livre disponível para Ligação meio covalente


ligação covalente ou elétron livre

H H
HH
CC C C
HH
H H
Ligação Ligação
covalente covalente
simples simples
A B

Figura 3. Representação da estrutura de ligação de uma molécula de etileno ativada: (a)


elétrons que fazem parte da ligação e que estão livres para se ligarem a outros; (b) ligações
simbolizadas por traços.
Fonte: Adaptada de Smith e Hashemi (2012).

Outros tipos de polímeros sintetizados por poliadição são PE, PVC, PS,
PP, teflon, etc. É importante ressaltar que a polimerização por adição é uma
reação que dá origem a polímeros de elevada massa molecular, que é atingida
logo no início do processo de polimerização. Ademais, o comprimento médio
da cadeia polimérica não varia significativamente durante a polimerização e
a velocidade de reação é relativamente alta.
Existem diversos tipos de polietilenos formados a partir do controle dos
parâmetros de síntese, como temperatura, meio reacional, tipo de catalisa-
dores utilizados, etc. Os polietilenos podem ser divididos nos seguintes tipos
(COUTINHO; MELLO; SANTA MARIA, 2003):

„ polietileno de baixa densidade (PEBD, ou LDPE na sigla em inglês);


„ polietileno de alta densidade (PEAD, ou HDPE na sigla em inglês);
„ polietileno linear de baixa densidade (PELBD, ou LLDPE na sigla em
inglês);
„ polietileno de ultra-alto peso molecular (PEUAPM, ou UHMWPE na
sigla em inglês);
„ polietileno de ultrabaixa densidade (PEUBD, ou ULDPE na sigla em inglês).

A diferença entre eles fica por conta de características como tamanho


da cadeia, se existe ou não ramificação, cristalinidade da estrutura e outros
parâmetros. Essas estruturas diferentes acarretam propriedades diferentes
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e, consequentemente, aplicações distintas. Veja na Figura 4 as diferenças


estruturais entre PEBD e PELBD.

Figura 4. Representação das diferenças estruturais entre PELBD e PEBD.


Fonte: Adaptada de Coutinho, Mello e Santa Maria (2003).

Agora observe no Quadro 1 algumas propriedades distintas entre esses


dois polímeros e o PEAD.

Quadro 1. Comparação entre as principais propriedades do PEAD, PEBD e


PELBD

Propriedade PEBD PELBD PEAD

Temperatura de fusão (°C) 110 120-130 > 130

Densidade 0,92 0,92-0,94 0,94-0,97

Resistência à tração (MPa) 24 37 43

Fonte: Adaptado de Coutinho, Mello e Santa Maria (2003).

Outra propriedade importante que define os polímeros é a massa molecular


média, ou peso molecular médio. A massa molecular, como você deve saber, é o
somatório das massas atômicas dos átomos que formam uma molécula. Como
um polímero não possui um único tipo de molécula, é preciso caracterizá-lo por
meio dessa propriedade, que nada mais é do que um tratamento estatístico
das massas moleculares presentes numa amostra polimérica. Para que você
tenha uma ideia, polímeros de alta massa molecular podem chegar a um peso
molecular médio de 250.000 g/mol (NUNES; LOPES, 2014).
Para obter polímeros por reações de condensação, é necessário o uso de
dois monômeros com duas funções orgânicas presentes, que reagem entre
si até que a cadeia polimérica fique maior. Poliésteres como polietileno
Estrutura dos materiais poliméricos 7

tereftalato (PET) e poliamidas como náilon são bons exemplos de polímeros


policondensados (SMITH; HASHEMI, 2012). A Figura 5 apresenta as reações
químicas que ocorrem na obtenção de PET.

O O
CH3
O
HO
OH
O
OH O
HO
H3C O
O O
Dimetiltereftalato Etileno glicol bis-(2-hidroxietil)-tereftalato Metil álcool

COOH O
OH
O
O
HO
COOH O

Ácido tereftálico Metil álcool bis-(2-hidroxietil)-tereftalato

O O O
Calor HO
OH O
O
O O
HO OH
n O O n
O (n-1)
bis-(2-hidroxietil)-tereftalato Polietileno tereftalato (PET) Etileno glicol

Figura 5. Representação das reações para obtenção de PET.


Fonte: Adaptada de Cgomeslp (2019).

Observe na Figura 5 que o PET é obtido em duas etapas: a pré-polimerização


e a policondensação em si. Na primeira etapa, pode-se utilizar monômeros
de dimetiltereftalato e etileno glicol ou ácido tereftálico e metilálcol para
produzir o bis-(2-hidroxietil)-tereftalato, que é um monômero que possui duas
funções álcool e duas funções éster. A reação química de policondensação
ocorre entre a função álcool de um monômero e a função éster do outro
monômero. Como o monômero tem duas funções em cada extremidade da
molécula, a reação pode ocorrer nessas duas extremidades, de modo que o
polímero possa ser sintetizado.
A reação de polimerização por condensação ocorre por meio da formação
de cadeias menores no início da síntese. Assim, para se obter polímeros de
elevada massa molecular, é necessário um tempo de síntese elevado. Além
disso, a velocidade de reação é baixa e o comprimento médio da cadeia po-
limérica aumenta gradualmente ao longo da reação (SMITH; HASHEMI, 2012).
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Um dos aspectos mais interessantes na formação de um polímero, quer


por reação de condensação ou de adição, é que suas moléculas apresentam
uma cadeia muito longa que forma uma estrutura tipo “espaguete”, sem or-
ganização espacial. Isso confere flexibilidade aos polímeros. Sua resistência
mecânica e sua rigidez são obviamente menores que as dos materiais com
arranjo cristalino, como os sólidos iônicos e os metais. A dureza também é
baixa, já que existe um distanciamento entre os átomos que participam da
ligação covalente (SHACKELFORD, 2008).
A essa altura você ainda deve estar se perguntando qual é afinal a diferença
entre polímeros e plásticos? Bem, agora que você já entendeu o que é um
polímero e como ele é sintetizado, está na hora de entender as diferentes
classificações entre polímeros.

Classificação dos polímeros


Podemos classificar os polímeros de diversas formas, tudo depende de qual
é o interesse dessa classificação. Vejamos um exemplo bem interessante
sobre isso. Uma classificação muito presente e importante está relacionada
com a origem de cada polímero, em que ele pode ser natural (celulose, amido,
quitina, lignina, etc.) ou sintético (PP, PS, PE, náilon, etc.). O termo sintético se
tornou convencional, enquanto uma classe de polímeros de origem “natural”
se estabeleceu com a alcunha de bioplásticos, ou seja, plásticos sintetizados
a partir de fontes renováveis, como PE verde oriundo da cana-de-açúcar, ou
com destino final ligado à biodegradação, como o PLA e o PBS (JONES, 2020).
São os novos sintéticos naturais! Essa nova classificação surge exatamente
pelo momento histórico que vivemos, caracterizado pela preocupação com a
sustentabilidade, considerando o tripé sociedade, economia e meio ambiente.

Em termos de estrutura e propriedades, o polietileno verde é igual


ao polietileno convencional obtido pela polimerização do etileno.
Entretanto, é produzido a partir da fermentação do caldo da cana-de-açúcar,
que dá origem a etanol, que é então desidratado, dando origem ao etileno, que
pode então ser polimerizado (JONES, 2020).

Outras formas de classificação são possíveis. Nunes e Lopes (2014) apre-


sentam uma extensa forma classificatória que leva em conta principalmente a
origem do polímero, a estrutura das cadeias poliméricas, o método de síntese
e suas respectivas propriedades, como demonstrado nas Figuras 6a e 6b.
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Figura 6. Classificação dos polímeros: (a) com base na sua origem e estrutura; (b) com base
no método de síntese e nas propriedades.
Fonte: Adaptada de Nunes e Lopes (2014).
(Continua)
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A

Figura 6. Continuação

Entre essas diversas classificações, observe que a terminologia plástico


surge na classificação baseada no comportamento mecânico, sendo con-
siderado um plástico um polímero que sofre deformação ao receber uma
força de tração. Quanto menos essa deformação chega a inviabilizar o uso
do material, ou seja, quanto mais um plástico suporta a aplicação de uma
força de tração sem se romper, mais plástico ele é (SHACKELFORD, 2008). É
Estrutura dos materiais poliméricos 11

importante entender esse plástico também quanto à propriedade térmica.


Assim, um plástico é um termoplástico quando pode ser fundido e refundido
várias vezes, dando origem a outros produtos. Do ponto de vista da reciclagem,
isso é crucial e representa a possibilidade de se reutilizar esse material. Dessa
forma, podemos afirmar que, entre todas as classificações, as que se referem
ao comportamento mecânico e à fusibilidade são as mais importantes.
Considerando o comportamento mecânico, observe na Figura 7 as dife-
renças de comportamento de fibras, termoplásticos e elastômeros quando
submetidos a tração. É possível perceber a variação de tensão máxima que os
diferentes polímeros suportam e suas respectivas deformações (CALLISTER
JR.; RETHWISCH, 2021).

Figura 7. Curvas de tensão-deformação comuns aos materiais poliméricos.


Fonte: Adaptada de TOTO86 (2008).

Quanto à fusibilidade, os polímeros podem ser termoplásticos ou ter-


mofixos. Os termoplásticos são aqueles que sofrem fusão após a primeira
conformação, permitindo reciclagem por fusão. Já os termofixos são aqueles
que não sofrem fusão após a primeira conformação e, ao serem aquecidos,
sofrem degradação (CALLISTER JR.; RETHWISCH, 2021).

Um exemplo bem comum e que certamente você já viu é o que acon-


tece com o cabo da panela de pressão depois de entrar em contato
com o fogo ao longo de tempo. Com o passar dos anos, o cabo vai se esfarelando,
já que as cadeias de baquelite que compõem esse produto sofrem degradação.
Como teste, tente fundir uma cola de epóxi após moldada. Você perceberá que
ela não se fundirá, mas sofrerá essa mesma degradação por esfarelamento.
Isso ocorre porque o epóxi, assim como a baquelite, é um polímero termofixo.
12 Estrutura dos materiais poliméricos

Alguns autores apontam que os plásticos de engenharia são os polímeros


que podem ser aplicados no setor como engrenagens e peças estruturais,
permitindo a substituição de materiais clássicos como os metais. Dessa forma,
termoplásticos e termofixos são os únicos que poderiam ser chamados de
plásticos de engenharia, embora outros autores encarem a questão de outra
forma (MANO, 1991).
Agora que você já viu que as classificações dos polímeros são inúmeras,
falta entender onde cada polímero é utilizado. Assim, na próxima seção
estudaremos os principais polímeros aplicados industrialmente.

Principais polímeros industriais


Grande parte das mudanças tecnológicas do último século envolveram o
uso ou a aplicação direta dos polímeros como materiais alternativos, desde
a descoberta da baquelite e seu uso em aplicações importantes como o
telefone, passando pela descoberta do náilon e dos poliésteres aplicados
na confecção de roupas, o desenvolvimento das embalagens de PE, PP e PET,
a aplicação de inúmeros tipos de polímeros na indústria automobilística,
chegando nos últimos tempos ao desenvolvimento de polímeros com pro-
priedades e aplicações únicas (SHACKELFORD, 2008). Enfim, é difícil falar de
uma mudança tecnológica que não tenha sido promovida ou não tenha sido
aplicada com o uso de polímeros.
Não podemos esquecer que o grande desafio atual é garantir a recicla-
gem dos polímeros — apesar de seu baixo valor agregado — a fim de reduzir
o impacto ambiental já causado pelo descarte desse tipo de material. De
fato, esse é hoje um dos principais temas de pesquisa na área de polímeros
(JONES, 2020).
Em termos industriais, pode-se afirmar que o primórdio da aplicação
dos polímeros ocorreu em 1844, com o registro da patente do processo de
vulcanização da borracha natural, como mencionado anteriormente. Depois,
em meados do século XX, vieram os processos de nitretação da celulose
e fabricação de viscose a partir da celulose, sem esquecer da síntese da
baquelite em 1907 (NUNES; LOPES, 2014).
Somente a partir dos anos 1930 é que teve início a síntese de polímeros
como polietileno e polipropileno, a partir do desenvolvimento de catalisadores
adequados à reação de poliadição. O Quadro 2 traz uma lista com as datas
de início de comercialização de alguns polímeros.
Quadro 2. Início da comercialização de alguns polímeros sintéticos

Ano Polímero Sigla Fabricante Estrutura Aplicações

1927 Poli(cloreto de vinila) PVC B.P. Goodrich Tubos, cabos elétricos, mangueiras, forros,
janelas, couro sintético

1930 Poliestireno PS I.G. Farben/Dow Embalagens, isopor, isolamento térmico

1936 Poli(metilmetacrilato) PMMA Rohm and Haas Fibra óptica, lentes ópticas, substituição
do vidro em janelas

1936 Náilon 6,6 PA 6,6 DuPont Fibras têxteis, cordas de instrumentos


musicais, moldes

(Continua)
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14

(Continuação)

Ano Polímero Sigla Fabricante Estrutura Aplicações

1939 Polietileno de baixa PEBD ICI Recipientes, embalagens, brinquedos,


densidade sacos plásticos

1946 Poli(tetra-flúor PTFE DuPont Panelas antiaderentes, veda-rosca,


etileno)/teflon próteses, retardantes de chama

a
Estrutura dos materiais poliméricos

1948 Copolímero ABS Rohm and Filamentos para impressora 3D, peças de
acrilonitrila- Haas/I.G. Farben LEGO, estrutura de computadores
butadieno-estireno

1954 Poliuretano PU Bayer/DuPont Verniz, espumas, calçados

1954 Polietileno de alta PEAD Hoechst Embalagens, sacolas de supermercado,


densidade tubulação

(Continua)
(Continuação)

Ano Polímero Sigla Fabricante Estrutura Aplicações

1954 Poli(tereftalato de PET ICI Garrafas, filamentos e filmes


etileno)

1957 Polipropileno PP Philips Petrol. Embalagens, filmes, filamentos

1958 Policarbonato PC GE/Bayer Faróis e janelas de automóveis, porta


de micro-ondas, óculos e capacetes de
segurança

Fonte: Adaptado de Hage Jr. (1998) e Smith e Hashemi (2012).


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16 Estrutura dos materiais poliméricos

Do ponto de vista de aplicação dos polímeros, podemos dividi-los em


(MANO, 1991):

„ polímeros de uso geral —PP, PS, PE, PVC, PMMA, PVA, ABS, EVA, epóxi,
poliésteres, poliuretano, etc.;
„ polímeros de engenharia —PE de ultra-alta densidade, POM, PET, PBT,
PC PA, PVDF, PTFE, PA, PAI, PEI, PEK, PAS, PPS, etc.

É necessário ressaltar que cerca de três quartos da produção mundial


de polímeros estão voltados para os polímeros de uso geral que compõem
o que chamamos de commodities, e que são facilmente identificáveis, em
especial em embalagens que contêm os símbolos de reciclagem exibidos na
Figura 8 (LOKENSGARD, 2013).

Figura 8. Símbolos de reciclagem dos polímeros.


Fonte: Coltro, Gasparino e Queiroz (2008, p. 120).

A aplicação dos polímeros de engenharia só aumentará com o desenvolvi-


mento de novos materiais mais resistentes em termos mecânicos e térmicos e
com estabilidade à luz UV, retardamento de chama, entre outras propriedades
em grande demanda nas indústrias automobilística e aeroespacial. De modo
geral, fica claro que os polímeros representam materiais importantes para a
nossa existência atual e para o nosso desenvolvimento tecnológico.

Referências
CALLISTER JR., W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução.
10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2021.
CGOMESLP. Imagem PET2. [San Francisco], Wikimedia, 2019. Disponível em: https://
commons.wikimedia.org/wiki/File:ImagemPET2.png. Acesso em: 30 jun. 2022.
Estrutura dos materiais poliméricos 17

COLTRO, L.; GASPARINO, B. F.; QUEIROZ, G. C. Reciclagem de materiais plásticos: a


importância da identificação correta. Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 18, n. 2, p.
119-125, 2008.
COSTA, H. M. et al. Aspectos históricos da vulcanização. Polímeros: Ciência e Tecnologia,
v. 13, n. 2, p. 125-129, 2003.
COUTINHO, F. M. B.; MELLO, I. L.; SANTA MARIA, L. C. Polietileno: principais tipos, pro-
priedades e aplicações. Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 13, n. 1, p. 1-13, 2003.
HAGE JR., E. Aspectos históricos sobre o desenvolvimento da ciência e da tecnologia
de polímeros. Polímeros: Ciência e Tecnologia, v. 8, n. 2, p. 6-9, 1998.
JONES, F. A promessa dos bioplásticos. Revista Pesquisa FAPESP, ed. 290, p. 73-76, abr.
2020.
LOKENSGARD, E. Plásticos industriais: teoria e aplicações. São Paulo: Cengage Learning,
2013.
MANO, E. B. Polímeros como materiais de engenharia. São Paulo: Blucher, 1991.
NUNES, E. C. D.; LOPES, F. R. S. Polímeros: conceitos, estrutura molecular, classificação
e propriedades. São Paulo: Érica, 2014.
SHACKELFORD, J. F. Ciência dos materiais. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2012.
TOTO86. Courbe. [San Francisco], Wikimedia, 2008. Disponível em: https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Courbe.JPG. Acesso em: 30 jun. 2022.

Leituras recomendadas
ABIPLAST. Perfil 2020: as indústrias de transformação e reciclagem de plástico no Brasil.
São Paulo: ABIPLAST, 2020. Disponível em: http://www.abiplast.org.br/wp-content/
uploads/2021/08/Perfil2020_abiplast.pdf. Acesso em: 30 jun. 2022
HEINRICH BÖLL STIFTUNG. Atlas do plástico: fatos e números sobre o mundo dos
polímeros sintéticos. Rio de Janeiro: Heinrich Böll Stiftung, 2020. Disponível em: ht-
tps://br.boell.org/sites/default/files/2020-11/Atlas%20do%20Pl%C3%A1stico%20-%20
vers%C3%A3o%20digital%20-%2030%20de%20novembro%20de%202020.pdf. Acesso
em: 30 jun. 2022.
HEMAIS, C. A. Polímeros e a indústria automobilística. Polímeros: Ciência e Tecnologia,
v. 13, n. 2, p. 107-114, 2003. Disponível em: http://www.polimeros.periodikos.com.br/
article/10.1590/S0104-14282003000200008/pdf/polimeros-13-2-107.pdf. Acesso em:
30 jun. 2022.

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