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a. 168
n. 437
out./dez.
2007
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO
DIRETORIA — (2006-2007)
Presidente: Arno Wehling
o
1 Vice-Presidente: João Hermes Pereira de Araújo
o
2 Vice-Presidente: Victorino Coutinho Chermont de Miranda
o
3 Vice-Presidente: Victorino Coutinho Chermont de Miranda
o
1 Secretária: Cybelle Moreira de Ipanema
o
2 Secretário: Elysio Custódio Gonçalves de Oliveira Belchior
Tesoureiro: Fernando Tasso Fragoso Pires
Orador: José Arthur Rios
CONSELHO FISCAL
Membros efetivos: Maria Cecília Ribas Carneiro, José Pedro Pinto Esposel e Jonas de Morais Correia
Neto
Membros suplentes: Joaquim Victorino Portella Ferreira Alves e Pedro Carlos da Silva Telles
COMISSÕES PERMANENTES
Admissão de sócios: José Arthur Rios, Alberto Venancio Filho, Carlos Wehrs, Francisco Luiz
Teixeira Vinhosa e João Hermes Pereira de Araújo
Ciências Sociais: Lêda Boechat Rodrigues, Maria da Conceição de Moraes Coutinho Beltrão, Helio
Jaguaribe de Mattos, Cândido Antônio Mendes de Almeida e Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
Estatuto: Affonso Arinos de Mello Franco, Alberto Venancio Filho, Victorino Coutinho Chermont
de Miranda e Elysio Custódio Gonçalves de Oliveira Belchior
Geografia: Max Justo Guedes, Lucinda Coutinho de Mello Coelho, Jonas de Morais Correia Neto,
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão e Miridan Britto Falci
História: João Hermes Pereira de Araújo, Maria Cecília Ribas Carneiro, Eduardo Silva, Pe.
Fernando Bastos de Ávila e Guilherme de Andréa Frota
Patrimônio: Affonso Celso Villela de Carvalho, Claudio Moreira Bento, Joaquim Victorino
Portella Ferreira Alves, Victorino Coutinho Chermont de Miranda e Fernando Tasso Fragoso Pires
CONSELHO CONSULTIVO
Membros nomeados: Augusto Carlos da Silva Telles, Luiz de Castro Souza, Lêda Boechat
Rodrigues, Frieda Wolff, Evaristo de Moraes Filho, Max Justo Guedes e Hélio Leoncio Martins
CEPHAS (Comissão de Estudos e Pesquisas Históricas) – Secretário: Arivaldo Silveira Fontes
Editor do Noticiário: Victorino Coutinho Chermont de Miranda
DIRETORIAS ADJUNTAS
Arquivo: Carlos Wehrs
Biblioteca: Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha
Museu: Vera Lucia Bottrel Tostes
Secretaria Adjunta: Arivaldo Silveira Fontes
Coordenadoria de Cursos: Maria de Lourdes Viana Lyra
Patrimônio: Guilherme de Andréa Frota
Projetos Especiais: Maria da Conceição de Moraes Coutinho Beltrão
Informática e Disseminação da Informação: Esther Caldas Bertoletti
Relações Externas: João Maurício Ottoni Wanderley de Araújo Pinho
Iconografia: Pedro Karp Vasquez
REVISTA
DO
INSTITUTO HISTÓRICO
E
GEOGRÁFICO BRASILEIRO
Hoc facit, ut longos durent bene gesta per annos.
Et possint serâ posteritate frui.
Correspondência:
Rev. IHGB - Av. Augusto Severo, 8-10º andar - Glória - CEP: 20021-040 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Fone/fax. (21) 2509-5107 / 2252-4430 / 2224-7338
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Tiragem: 700 exemplares
Impresso no Brasil - Printed in Brazil
I—INÉDITOS
Imagens de Euclides da Cunha entre o público e privado 11
Icléia Thiesen
A Construção de uma lei: O Diretório dos Índios 29
Mauro Cezar Coelho
À sombra das chancelarias: a preparação do Congresso
Luso-Brasileiro de História (Lisboa, 1940) 49
Lucia Maria Paschoal Guimarães
Emílio Joaquim da Silva Maia. Um intelectual no Império do Brasil. 67
Lúcia Garcia
A etnografia como um campo de saber na fundação do Instituto
Histórico e Geográfico do Brasil 155
Kaori Kodama
II—DISCURSOS
Discurso de recepção à sócia Lilia Moritz Schwarcz 183
Alberto da Costa e Silva
Discurso de posse 187
Lilia Moritz Schwarcz
Discurso de recepção ao sócio Pe. José Carlos Brandi Aleixo 223
Affonso Arinos de Mello Franco
Discurso de posse 233
Pe. José Carlos Brandi Aleixo
Discurso de recepção ao sócio Jean Pierre Blay 247
Prof. Guilherme de Andréa Frota
Discurso de posse 251
Jean Pierre Blay
III—COMUNICAÇÕES
A Princesa Leopoldina de Bragança e Boubon de Ducal de
Sax-Coburg 275
Carlos Wehrs
O nome do Brasil: usos do passado e política da língua 291
Paulo Knauss
A Jangada: Júlio Verne e a Amazônia 305
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
Abolicionismo e visões de liberdade 319
Cláudia Regina Andrade dos Santos
IV—DOCUMENTOS
Exposição do Pe. Antonio Vaz Pereira acerca da degradação do 335
Índios do Aldeamento de São Lourenço e de São Pedro.
Queixas contra os Padres José dos Reis e Manoel de Andrade
da Companhia de Jesus. 1757
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - Arq. 1,3,8 p. 188 a 191v.
Marcia Amantino
V—NOTICIÁRIO
a — Atos do Presidente (Editais e Portaria) 347
b — Museu 357
c — Arquivo 357
VIII—ESTATÍSTICAS 443
IX—CADASTRO SOCIAL
a — Por classe 445
b — Por ordem alfabética 477
c — Relação de presidentes e endereços de Institutos Históricos 492
Temos assim onze longos trabalhos dos quais somente quatro foram rea-
lizados por nossos sócios cumprindo a observação da CAPES de que a Revis-
ta não deverá ser endógena.
Introdução
estiver entre nós. O entrevistado teme, no entanto, que isso não venha a se
realizar, no futuro, considerando a vida bastante atribulada dos familiares.
Feito o contato telefônico, tive a sorte de poder encontrá-lo quatro dias
depois no Rio de Janeiro, num ambiente bastante acolhedor, em casa de sua
irmã, situada na Praia Vermelha, na localidade conhecida dos cariocas como
Caminho do Bem-te-vi2. Em nossa primeira conversa telefônica, Joel
procurou saber de quais aspectos trataríamos, mostrou-se satisfeito com o
tema que eu me propus a estudar e, desde logo, tratou de dar-me muitas
informações, que seriam posteriormente repetidas no momento da
entrevista3. No dia proposto, com sua costumeira delicadeza, esperou-me no
ponto marcado e, ainda no passeio a caminho da casa de sua irmã, sem que eu
pudesse pegar o gravador, iniciou sua fala, como que adivinhando o que eu
iria perguntar. Minhas primeiras questões – refletidas num roteiro preliminar
– dirigiam-se a ele mesmo, sua vida, sua formação e o primeiro contato com a
vida e a obra de Euclides da Cunha.
Enquanto falava por si mesmo eu lamentava não estar anotando, nem
gravando, mas logo fui tranqüilizada por ele, que se propunha a repetir tudo
uma hora depois, quando terminamos nosso passeio entre os micos, gatos e
pássaros do lugar. Iniciamos então nossa primeira entrevista4, que durou duas
horas, às vezes docemente interrompida por suas duas netas, filhas de Denise,
que não se continham em beijos e abraços ofertados ao avô, como se
soubessem que logo ele estaria de volta a Friburgo, onde reside, voltando a
ficar longe delas.
Joel, nascido no dia de Natal e por essa razão chamado pelos familiares
e pelos mais íntimos de Noel, é um entusiasta quando se trata de Euclides da
Cunha, sua vida e sua obra. Formado em administração e advogado frustrado,
para minha surpresa tomou conhecimento de que se casara com a neta de
7 Este livro, que se propõe a responder o que os autores chamam de insultos, calúnias e difa-
mações, contidos no livro Anna de Assis: história de um trágico amor, reúne fragmentos
romanceados de cartas, à guisa de diário, fotos, transcrição de trechos de documentos e de
recortes de jornais, partes dos depoimentos de Ana, Dilermando e seu irmão Dinorah de
Assis, extraídos do processo-crime, intercalados com comentários e argumentos defenden-
do a imagem de Euclides da Cunha.
encontrado. Segundo relatou, naquela época ainda não tinha domínio sobre o
assunto.
Eu abri [o processo]. Então, quando comecei a folhear, levei um
choque, pelos documentos que estavam apensados nesse processo do
Euclides da Cunha Filho, pelas cartas, etc, que estavam ali e não tive
coragem de chegar perto da Eliethe e contar o que eu vi. Porque,
afinal de contas, é a família dela, são os parentes dela que estavam ali
envolvidos, era um tio - porque o Quidinho era tio dela, filho do
Euclides8. Tinha a avó, a Ana, se a Eliethe é neta do Euclides da
Cunha, ela também é neta da Ana da Cunha, hoje Ana de Assis. Então,
eu senti uma emoção quando li aquilo. E me arrependo até hoje de
não ter tirado cópia desse processo. Porque toda essa história triste,
dolorosa, veja bem, é triste para a família Assis, e é triste para a
família Cunha. Isso já estava sepultado, enterrado, o Brasil todo não
lembrava mais nada disso. Oitenta anos depois uma descendente dos
Assis, do Dilermando com a Ana de Assis, levanta essa sepultura outra
vez, expondo, também por inépcia, a mãe Ana, o pai dela, o
Dilermando.
Como pode ser observado, o longo silêncio quebrado após a
publicação da referida obra constituiu, para a família Cunha, uma ofensa à
memória desse personagem, até então guardada e preservada pelo
esquecimento. O caráter seletivo da memória fica aqui evidenciado.
As razões do arrependimento, como se sabe, estão ligadas à
impossibilidade, até agora, de comprovar a “hipótese da armadilha” em que
Euclides teria caído, naquele 15 de agosto de 1909. Documentos constantes
do referido processo – desaparecido há mais de 40 anos no Arquivo Nacional
– poderiam, segundo Joel, elucidar o caso. O acontecimento trágico voltou a
ser mencionado inúmeras vezes durante a entrevista, uma forte recorrência,
por ser um ponto de honra da memória familiar, que afeta a imagem pública
do escritor, constituindo um desafio permanente e doloroso para a família
Cunha. O público e o privado tornam-se, nesse aspecto, indiscerníveis.
Durante toda a entrevista Joel assinalou e “corrigiu” os aspectos divulgados
sobre a vida e a obra de Euclides que considera equivocados, tendo ainda
8 Euclides da Cunha Filho morre em 1916, sete anos após a morte de seu pai, ao
tentar vingá-lo. É abatido por Dilermando de Assis no Cartório da 1ª Vara de
Órfãos. In: Tostes, J.B.; Brandão, A. Águas de Amargura, p.163.
10 Ver http://www.euclidesdacunha.com.br
Considerações finais
Muitas são as questões que perpassam o processo de pesquisa, que
utiliza a história oral como metodologia, começando pela própria aceitação
do método, além dos aspectos éticos e conceituais. Para além de toda a
polêmica, das restrições e dos preconceitos que ainda hoje se levantam contra
a história oral, entendemos que a aceitação de alguns pressupostos poderia
minimizar as limitações apontadas por muitos pesquisadores em relação a
essa metodologia, entre os quais a importância de ouvir sujeitos como
portadores de discursos singulares, cujas memórias refletem experiências
compartilhadas de vida e trabalho, levando-se em conta as múltiplas formas
com que cada qual lida com esse gênero específico de discurso, sem as
exigências da “verdade histórica” sempre relativa e relativizada.
Nesse aspecto, versões do passado, sob o filtro do olhar individual, são
colhidas em entrevistas que constituem cada uma de per si a própria
expressão da diferença. Além disso, é imperioso vencer os preconceitos
enraizados no fazer científico, que desvalorizam os documentos orais, sob o
pretexto de não responderem à neutralidade e à objetividade da ciência. Nesse
sentido, nosso interesse pode estar voltado para a história oral não apenas
como uma fonte de informação factual, mas também para os caminhos
reveladores, por meio dos quais essa informação factual transforma-se em
memórias e em história contada. Isto porque, como afirma Alessandro
Portelli, “as histórias, com seus erros, mentiras e lendas, são também fatos
históricos e precisam ser analisados como tais” (1998, p. 11).
Em termos conceituais trata-se, ainda, de entender a memória não
como reservatório de dados a serem resgatados, mas como um processo de
reconstrução individual, ainda que socialmente elaborada. Como sujeitos
ativos da história, pesquisadores e narradores são a razão de ser da história
oral. Valorizar o discurso do outro é também buscar novos elos e outros nexos
entre o passado e o presente, sendo certo que lembrar o passado é crucial para
nosso sentido de identidade como sujeitos individuais e coletivos.
A narrativa de Joel sobre o perfil do homem Euclides ou, como prefere
dizer, de Euclides-homem, realça seu empenho em cultivar a amizade, os
cuidados com a educação dos filhos e a manutenção da família, além da forma
honrosa com que se dirigia ao pai, seu maior conselheiro e a quem evitou
contrariar, sempre que possível. Assegura que nosso herói jamais foi tímido,
como dizem alguns, mas sim discreto e retraído. A fragilidade da saúde se
devia ao trabalho desenvolvido pelos rincões do Brasil, sob as condições as
mais adversas, que Euclides aceitava e, muitas vezes, buscava, não apenas
pela necessidade de suprir a família com recursos, mas pelo alegado dever
para com a pátria e sua vocação nômade.
Ressalta sua admiração pelo homem, mais do que pelo legado que o
mundo herdou. Para seus descendentes Euclides foi antes de tudo pai
extremado, filho amoroso e marido dedicado, a sua maneira. O que o
euclidianismo pode fazer por Euclides da Cunha? Respondeu-me sem pensar:
“manter a integridade da obra, que caiu em domínio público, competência do
Estado, que não cumpre esse papel.”
Qualquer que tenha sido a verdade dos fatos que culminaram com a
chamada Tragédia da Piedade, é provável que o mundo jamais venha a
conhecê-la, e a seus desdobramentos, tal como de fato se passaram,
considerando que os personagens desse enredo levaram consigo as
informações que poderiam contribuir para a versão da armadilha, alegada
pela família Cunha, contrária à da legítima defesa, segundo a família Assis.
Referências Bibliográficas
produzir o seu próprio sustento. Insistia, também, que se deixasse claro para
os índios ser intenção de Sua Majestade – ao promover aldeamentos e sugerir
que trabalhassem – garantir a sua liberdade e equipará-los aos seus demais
vassalos. Ordenava, ainda, o ensino da língua portuguesa, de modo a
prescindirem de intermediários no contato com o monarca.8
O padre Antonio Machado reportou, posteriormente, que após
contatar os índios Gamela procedeu da seguinte maneira: tendo sido recebido
festivamente pelos índios, com bolos, batatas e amendoins e os presenteado
com facas, espelhos e anzóis, ordenou aos soldados sob seu comando que
jogassem suas armas no rio e pediu aos índios que fizessem o mesmo – no que
foi atendido; depois, passou cartas de vassalagem aos Principais.9
Insinuam-se nas recomendações de Mendonça Furtado três
preocupações presentes na política indigenista formulada pela metrópole:
primeiramente, o estabelecimento das populações indígenas em unidades
populacionais fixas, de forma a proteger o território colonial, através da
ocupação efetiva; em seguida, a sua incorporação ao modelo de civilização
europeu, pautado no trabalho – especialmente o agrícola – percebido não
mais, somente, como instrumento de exploração de riquezas, mas como
mecanismo de desenvolvimento de valores ocidentais, especialmente a idéia
da poupança e do enriquecimento; por fim, a introdução e o fortalecimento da
autoridade metropolitana, através do ensino da língua portuguesa.
Importa reter, por ora, o quanto essa primeira intervenção de
Mendonça Furtado, voltada para o estabelecimento de núcleos populacionais
e elaboração de estratégias de civilização, está informada pelas projeções
metropolitanas – consubstanciadas nas “Instruções” secretas recebidas em
Portugal. Em respeito a elas, ordenava a introdução das práticas que entendia
serem necessárias para a sua consecução, especialmente as que resultariam na
cia inédita do governador e capitão-general do Estado do Grão-Pará e Maranhão,
Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Rio de Janeiro: IHGB, 1963. 3 v., v. 1, p.
31. Doravante, a obra será referenciada pela sigla MCM-IHGB, acompanhada da
indicação do volume e da página.
8 Francisco X. de M. Furtado [Instrução passada ao Padre Antonio Machado, em
14/8/1751]. AHU, 33, 3080.
9 Antonio Machado, padre [Carta escrita em 1751]. Arquivo Público do Pará, códice
279, documento 017 – doravante o arquivo em questão será identificado pela sigla
APEP e a seqüência de números corresponderá ao códice e ao documento, respecti-
vamente.
14 Idem [Instrução que levou o Capitão-mor João Batista de Oliveira quando foi esta-
belecer a nova Vila de São José de Macapá, em 18/12/1751]. MCM-IHGB, v. 1, p.
115.
15 Sobre essa questão ver FALCON, Francisco José Calazans. A época pombalina:
política econômica e monarquia ilustrada. São Paulo: Ática, 1993 e SILVA, Ana
Cristina Nogueira da. & HESPANHA, António Manuel. A identidade portuguesa.
In: MATTOSO, José (org.). História de Portugal – O Antigo Regime. v. 4. Lisboa]:
Estampa, 1993, p. 19-37 e, sobretudo, as obra de Banha de Andrade: ANDRADE,
Antonio Alberto Banha de. Vernei e a filosofia portuguesa no 2º centenário do apa-
recimento do Verdadeiro Método de Estudar. Braga: Livraria Cruz, 1946 e
ANDRADE, Antonio Alberto Banha de. Vernei e a cultura do seu tempo. Coimbra:
Universidade de Coimbra, 1966.
43 Idem [Instrução passa ao tenente Diogo António de Castro para estabelecer a vila de
Borba, a Nova, antiga Aldeia de Trocano, em 6/1/1756]. MCM-IHGB, v. 3, p.
895-900.
44 Idem [Carta a Sebastião J. C. Melo, em 12/10/1756]. MCM-IHGB, v. 3, p. 942.
Abstract:
Resumo:
The article examines the Brazilian
O artigo examina o envolvimento brasileiro nas
participation in the Portuguese Centennial
Comemorações Centenárias de Portugal de
Commemorations of 1940, in special, the
1940, em especial, os antecedentes do Congresso
antecedents of the Luso-Brazilian Congress of
Luso-Brasileiro de História, convocado com o
History, which would congregate historians
objetivo de reunir historiadores das duas
of the both edges of the Atlantic to exam
margens do Atlântico para a discussão de temas
common subjects. It demonstrates how
comuns. Demonstra como o governo de Getúlio
Getúlio Vargas government intervened with
Vargas interferiu na programação da jornada
the academic programming of the jouney,
acadêmica, por meio da ação do Itamaraty,
through the Itamaraty action, finishing for
acabando por restringir a presença de
restricting the presence of Brazilian
intelectuais brasileiros no evento.
intellectuals in the event.
7 Ver, Fernando Rosas, O Estado Novo nos anos trinta: 1928-1938. Lisboa: Editorial
Estampa, 1986. _____, “Salazar e o Salazarismo: Um caso de longevidade”. In: Sa-
lazar e o Salazarismo. Lisboa: Publicações D. Quixote, 1989.
9 Júlio Dantas, “Crônica”. Anais das Bibliotecas e Arquivos, Lisboa, vol. XIV, 1939,
p.7.
Lucia Maria Paschoal Guimarães
14 Lucia Maria P. Guimarães. “Echoes of the ‘politics of the spirit’ at the Brazilian
Historical and Geographical Institute”. E-Journal of Portuguese History, 4 (2):3,
winter, 2006.
15 Idem. Titulares brasileiros em 1937: Conde de Afonso Celso, Max Fleiüss, Afonso
d’Escragnole Taunay, Arthur Guimarães de Araújo Jorge, Francisco José de Olivei-
ra Vianna, Gustavo Barroso, Afrânio Peixoto, Manuel Cícero Peregrino da Silva,
Pedro Calmon e Rodolfo Garcia. Cf. Boletim da Academia Portuguesa de História,
Lisboa: APH, 10 e 20 anos, 1937-1938.
16 Ver, entre outros, Ofícios de Afonso Dornelas, Secretário geral da Academia Portu-
guesa da História sobre a colaboração acadêmica relativa aos Centenários. Arquivo
do IHGB. Lata 344. Pasta 50.
17 Manoel Cícero. “Ofício dirigido por (...) ao presidente da Comissão dos Centenári-
os, em 1 de dezembro de 1938”. Congresso Luso-Brasileiro. Arquivo do IHGB, lata
569, pasta 34.
18 Julio Dantas. “Oficio dirigido por (...) ao presidente do IHGB, em 21 de dezembro
de 1938”. Congresso Luso-Brasileiro. Arquivo do IHGB, lata 569, pasta 34.
19 Afrânio Peixoto. “Nossa foi a restauração.” Revista dos Centenários. Lisboa, 1:
13-14, janeiro de 1939.
QUADRO Nº 1
CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE HISTÓRIA: PLANO INICIAL DO
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1ª SEÇÃO 2ª SEÇÃO
DO DESCOBRIMENTO À OCUPAÇÃO DA COSTA O CICLO DO OURO E DOS DIAMANTES
31 Julio Dantas. Ofício nº 792, dirigido por (...) ao Secretário-geral do Ministério dos
Negócios Estrangeiros, datado de Lisboa, 21 de março de 1939. Arquivo Histórico
Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Maço 955, nº 392, ano de
1939.
35 ___. Ofício dirigido por (...) ao presidente do Conselho Antonio de Oliveira Sala-
zar, datado do Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 1939. Arquivo Histórico Diplomático
MNE. Maço 955, nº 394, ano de 1939.
36 Para efetivar a transação e preparar o imóvel para ser inaugurado nos Centenários, o
governo português adiantou a importância de 5.000 contos, que esperava reaver por
meio das subscrições abertas junto à colônia no Brasil. Ver, Revista dos Centenári-
os. Lisboa, 6:25, junho de 1939.
37 Por conta das comemorações, outro pleito de Lisboa seria atendido: o Conselho de
Imigração e Colonização aprovou um texto pelo qual se consideravam os portugue-
ses excluídos de qualquer restrição numérica, quanto à sua entrada no Brasil. A notí-
cia foi recebida com grande entusiasmo nas margens do Tejo. Cf. Revista dos Cen-
tenários. Lisboa,
embarcar para Portugal ainda naquele mês, de modo a chegarem a tempo para
o início dos trabalhos, naquela altura, já adiados para 11 de novembro de
1940.
As designações por certo passaram pelo crivo das autoridades
competentes. Afrânio Peixoto, sintomaticamente, não figurava na relação
endereçada à chancelaria. Das notabilidades convidadas por Júlio Dantas
foram mantidos os presidentes do Instituto Histórico e da Academia
Brasileira de Letras, respectivamente, José Carlos de Macedo Soares e Celso
Vieira. A esses nomes seguiam-se os de Pedro Calmon (diretor da Faculdade
de Direito, sócio do IHGB e da Academia Portuguesa da História); de Emilio
Souza Docca (militar e sócio do IHGB); de Didio Iratim Afonso da Costa
(militar e diretor do Arquivo da Marinha e historiador militar); de Gustavo
Barroso (diretor do Museu Histórico, membro do ABL e do IHGB); de
Oswaldo Orico (membro da ABL e diretor do Departamento) e de Eugênio de
Castro (militar, sócio do IHGB e autor de trabalhos sobre historia da
navegação), sendo que os três últimos já estavam em Lisboa, por força da
Exposição. O rol não incluía o professor Guy de Holanda, que lá também se
encontrava, assessorando Gustavo Barroso.
O ato da designação, no entanto, só veio a ser expedido em 23 de
outubro, às vésperas do Congresso. O Itamaraty ainda tentou corrigir o
imbróglio, acenando com uma possível presença de Oswaldo Aranha na
solenidade de abertura46, o que levou os dirigentes de Lisboa a protelarem,
mais uma vez, o início do evento. Porém, como já era de se esperar, o ministro
não saiu do Brasil, nem tampouco os recém-nomeados. A desculpa desta feita
recaiu sobre a anormalidade da situação internacional.
O Congresso Luso-Brasileiro de História foi inaugurado, finalmente,
em 19 de novembro de 1940. A representação brasileira restringia-se a apenas
quatro membros, para tristeza de Júlio Dantas, que idealizara uma jornada
monumental, contando com a presença de uma plêiade de renomados
intelectuais, inclusive seus velhos companheiros do lado de cá do Atlântico.
Desapontado, ele não perdoou as artimanhas do Itamaraty. Deu-lhes o troco,
por assim dizer. No seu discurso de saudação aos congressistas, fez questão
46 Cf. Martinho Nobre de Mello. Telegrama dirigido por (...) ao presidente do Conse-
lho Antonio de Oliveira Salazar, datado do Rio de Janeiro, 3/10/1940. Arquivo His-
tórico-Diplomático MNE. Centenários. Processo 52, 114, 1940.
47 Ver Osvaldo Orico. À sombra dos Jerônimos. Diário de uma viagem ao Portugal de
oito séculos. Lisboa: Imprensa Portugal-Brasil, 1940, p. 180.
É este um nome que não ouvistes repetir nem nas lutas ardentes dos comícios
públicos, nem nos certames arrebatados da imprensa política; (...) Foi o de um
cidadão que não se encontrava no parlamento (...) nenhum mais que ele tivera no
berço e na infância diante dos olhos o exemplo do ardor e do interesse pelas
questões políticas, [...]
Joaquim Manoel de Macedo sobre
Emílio Joaquim da Silva Maia. 1859.
Resumo:
Este trabalho recupera a trajetória intelectual de Emílio Joaquim da Silva Maia, sócio fundador do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Os Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil, de autoria de Silva Maia, encontrados no arquivo
histórico do IHGB, ainda inéditos, são analisados em seu conjunto e inseridos no contexto de
consolidação do Estado Imperial.
Tal esforço de investigação justifica-se pelo fato de que Emílio Joaquim da Silva Maia havia sido
abordado pela historiografia, até então, somente por sua contribuição às Ciências Naturais,
conservando-se inédita sua produção historiográfica.
O texto original deste estudo foi apresentado na forma de dissertação de Mestrado, em setembro de
2003, ao Programa de Pós-Graduação em História Política da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. A Banca Examinadora composta pela Profa. Dra. Lília Schwarcz, Profa. Dra. Lúcia Maria
Paschoal Guimarães e Profa. Lúcia Maria Bastos Pereira das Neves (orientadora), aprovou o
referido trabalho com distinção e louvor, indicando-o para publicação.
Palavras-chave:
Silva Maia, Emílio Joaquim da Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro Brasil – História
*
1 Lúcia Maria Cruz Garcia é doutoranda em História Política do Programa de Pós-Graduação
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em História Política pela mesma Uni-
versidade. Assessora da Secretaria Municipal das Culturas e pesquisadora da Comissão D.
João VI, encarregada pela Prefeitura do Rio de Janeiro para as comemorações do bicentená-
rio da chegada de d. João e da família real portuguesa à cidade (2006 - ). Professora Substituta
do Departamento de História da UERJ (2005). Coordenadora de Editoração da Fundação Bi-
blioteca Nacional (2004-2005). Responsável por diversos projetos de publicação de obras e
manuscritos raros. Dentre outras investigações, colaborou na pesquisa que deu origem ao li-
vro “A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis – do Terremoto de Lisboa a Independência do
Brasil”, de autoria de Lília Moritz Schwarcz, com Paulo César de Azevedo e Angela Mar-
ques da Costa (São Paulo: Companhia das Letras, 2002). Em co-autoria com Lília Moritz
Schwarcz produziu o livro Registros escravos: documentos oitocentistas na Biblioteca Naci-
onal (Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2006).
2 FEIO, José Lacerda de Araújo. O Museu Nacional e o Dr. Emílio Joaquim da Sil-
va Maia. Rio de Janeiro: Universidade do Brasil, Museu Nacional, 1960, e Lorelai
Brilhante Kury. “Ciência e Nação: Romantismo e história natural na obra de E. J.
da Silva Maia”. In: História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro, 1998,
v. 2, p. 267-91.
3 REMOND, René. “Introduction”. In: S. Bernstein & P. Milza (dir.). Axes e Mét-
hodes de l’Histoire Politique. Paris: PUF, 1998. p. XI-XVIII.
4 BERNSTEIN, Serge. “A Cultura Política”. In: Jean Pierre Rioux & Jean François
Sirinelli. Para uma História Cultural. Lisboa: Estampa, 1998. p. 349-363.
5 GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas, Sinais. Morfologia e História. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 1989.
Senhores,
Se algumas vezes as Dedicatórias são de tributo e obrigação, eu
cumpro um dever sagrado com a que agora vos faço, em que não cabe
lisonja nem obséquio. Dedicando-vos estas Memórias, escritas por
meu Pai, tenho em vistas duas coisas: acobertá-la com o vosso nome,
porque ela necessita do mais alto apoio e cumprir, como já disse, uma
obrigação contraída desde que me associei aos vossos trabalhos. Bem
sei que um episódio da história moderna de Portugal não tem para o
Instituto Histórico do Brasil aquele interesse, que poderia excitar
outro assunto mais conexo com a nossa particular situação; mas,
acaso é menos interessante para nós uma questão em que se trata da
legitimidade e dos direitos de uma Princesa Brasileira a um Trono,
que legava o Fundador do nosso Império? Não espereis achar na
obra, que vos dedico, grande cópia de luzes, nem a perfeição de uma
história completa, porque ela apenas contém a relação dos
16 Isto se verifica também em relação aos Estudos Históricos sobre Portugal e Bra-
sil, analisados no capítulo 3.
[...] não ocultarei, que fui levado pela idéia de pagar um tributo à
memória de meu Pai, publicando o seu escrito, tal qual ele compôs, sem a
menor alteração, porque nisso mesmo quis dar uma prova de todo o meu
respeito e amor filial; mas em grande parte tive em vista o interesse da
história moderna de Portugal, tão conexo com a nossa situação política
pelos laços que nos ligam àquele povo nosso progenitor, como também
pela feliz casualidade, de serem regidos os dois Estados (Brasil e
Portugal) por dois filhos do inclito Fundador do nosso Império.
[...] Tenho também outro interesse, que se pode chamar pessoal, e é
que acompanhei a meu Pai em toda essa desgraçada emigração, e
ainda que Brasileiro, fui um dos voluntários Acadêmicos, que com
outros muitos também Brasileiros levamos a Cruz até o Calvário [...]
Não restam dúvidas a respeito do posicionamento político de Emílio
Maia e seu pai em favor dos Constitucionalistas e de D.Pedro I, que lutavam
contra as forças absolutistas personificadas na figura de D. Miguel. Essa
postura fica muito clara no prefácio de Joaquim José às suas Memorias
Historicas, Políticas e Philosophicas da Revolução do Porto, como veremos
a seguir:
Os acontecimentos extraordinários, que nestes últimos anos tem ocorrido
em Portugal são de tal transcendência, que a sua Historia serviu de útil
lição moral para todos os povos. Vê-se os simultâneos combates da
liberdade contra o absolutismo, e do absolutismo contra a liberdade e,
como enfim, uma cavilosa política externa, apoiada pela hipocrisia
religiosa interna, acaba de suplantar a fidelidade, a razão e a justiça,
reduzindo aquele, outrora feliz e hoje desgraçado país, a um teatro de
horrores e misérias! Uma história filosófica destes sucessos seria o
melhor mestre, que instruiria em particular os Portugueses, para se
dirigirem com acerto no presente, reflexionando com atenção sobre o
pretérito! [...]
Deste modo julguei que resultaria ao público algum proveito da
publicação desta obra, pelo menos excitarei penas mais doutas,
fornecendo-lhes material para melhor escreverem este interessante
episódio da História portuguesa e fazer conhecer ao Brasil, qual é a
cavilosa política do absolutismo17 para se pôr em guarda contra seus
ocultos tramas.
18 NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das & MACHADO, Humberto F.. O Império
do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 121-132.
Ciências e das Letras e chegou mesmo a afirmar que sua profissão era
estranha a negócios políticos19. Podemos dizer que tal declaração não foi
ingênua, mas intencional, afinal, seu pai fora engajado politicamente e
criticado de modo contundente em virtude das idéias reproduzidas em
periódicos dos quais era editor. Emílio Maia, ao retornar ao Brasil, realizou
de modo consciente, a nosso ver, um “divórcio” com a atividade política que
outrora desempenhara talvez para preservar-se junto às elites e à opinião
pública. Motivo de apenas ter publicado as Memórias ... deixadas por seu pai
em 1841, durante o Segundo Reinado, acalmados os tumultos regenciais.
Esse afastamento de Emílio Maia da política, de um engajamento mais direto,
é uma idéia com a qual corrobora a memória que a seu respeito foi produzida
pelo IHGB e por algumas instituições científicas das quais foi membro.
Mais afeito às Ciências e às Letras, Emílio Joaquim da Silva Maia
casou-se com Anna Rita da Silva Maia, com quem teve seis filhos: Joaquim
Emílio da Silva Maia, Emílio Joaquim da Silva Maia, Antonio Emílio da
Silva Maia, Emília Cândida da Silva Maia, Anna Emília da Silva Maia e
Sebastião Emílio da Silva Maia. Em 1859, na ocasião do falecimento do Dr.
Maia, o primogênito Joaquim Emílio tinha vinte e dois anos de idade e o mais
jovem, Sebastião Emílio, oito.
As informações sobre a vida familiar e sobre os bens contidos no
inventário post mortem do Dr. Emílio Maia20, encontradas no Arquivo
Nacional, foram fundamentais, pois, através delas, pudemos alcançar a
extensão de suas posses, os nomes de seus herdeiros e os valores que
permeavam sua relação familiar. Até então nenhuma outra fonte nos havia
possibilitado conhecer tanto (ainda que tão pouco) sobre sua vida.
Encontramos nos arquivos do IHGB cinco decalques de Boulanger
feitos em junho de 1842, que retratam fisicamente o Dr. Maia, na ocasião com
trinta e quatro anos, sua esposa D. Anna Rita e três de seus filhos, dois
meninos e uma menina, que não aparecem identificados. O casal e seus filhos
estão bem trajados; Emílio Maia porta uma imponente casaca e D. Anna Rita,
de cabelos cuidadosamente cacheados, usa um rico vestido, brincos e colar, à
moda das senhoras da Corte. É interessante ressaltar que a casaca se tornou
De Simoni afirmou que Dr. Emílio Maia foi um dos médicos mais
conceituados entre o povo desta cidade, um dos acadêmicos mais ativos, um
dos professores catedráticos mais zelosos, e que como tal, fez na carreira da
sua vida social e científica serviços muito notáveis; quer à Humanidade,
quer ao Estado [...] 36.
Evaristo Nunes Pires37 também dedicou um elogio póstumo a Emílio
Joaquim da Silva Maia. Pires o recordou como intelectual, o mérito que
obteve junto às Sociedades Científicas do século XIX e o legado deixado às
Letras no Brasil. Conta ainda que, um ano após formar-se, Silva Maia recebeu
o título de membro da Sociedade de Ciências Naturais da França em sessão
presidida por Geoffrey de Saint Hilaire; bem como, pouco depois, merecera
um brinde de S.M. o rei de Nápoles, como agradecimento pela generosa
oferta de uma pequena, porém importante, coleção ornitológica.
Nunes enumera as instituições literárias e científicas das quais Emílio
Maia foi colaborador e sócio, ressaltando ter sido fundador do Gymnasio
Brasileiro, em 1858, e da Academia Philosophica, associação literária que
funcionou na Corte do Rio de Janeiro durante um quatriênio composta, em
sua maioria, por discípulos do Dr. Maia. Além disso, lembra também de seu
trabalho na elaboração de biografias de figuras ilustres, fato que foi recordado
por Januário da Cunha Barbosa no discurso inaugural do IHGB, ao dizer que
Maia havia coligido elementos para o importante monumento literário da
biografia de brasileiros célebres. Cabe acrescentar que Silva Maia produziu
as biografias do Dr. José Pinto de Azevedo, Dr. Manoel Joaquim Henriques
de Paiva – médico e farmacêutico da Bahia – e de José Bonifácio de Andrada
e Silva, de quem, segundo Evaristo Nunes, era íntimo amigo.
Sobre as honrarias recebidas em vida, Nunes recorda a ocasião em que
Dr. Maia foi condecorado pela Rainha de Portugal com o hábito da Ordem de
Nossa Senhora da Conceição da Vila Viçosa, e de quando foi condecorado
pelo Imperador do Brasil com a Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tratavam-se de tradicionais ordens militares intensamente usadas pelos
monarcas como remuneração dos mais variados serviços. Essas distinções
acentuavam a hierarquia entre os nobres numa época de inflação de honras e
de crescentes apelos à igualdade perante a lei.
40 Id.Ibidem. p. 15.
41 Id.Ibidem.
42 NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das e MACHADO, Humberto. O Império do
Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 260.
43 SCHWARCZ, Lília M. As barbas do Imperador. D. Pedro II, um monarca nos
trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 150-151.
Citando somente a seção zoológica, diremos que foi por esta ocasião que
ela pela primeira vez obteve grande número de raridades e novidades.
Tais foram entre outras muitas, o magnífico exemplar do tamanduá
bandeira (myrmecophaga jubata L.) oferecido por Sua Majestade o Sr. D.
Pedro II; as preciosas peles de macacos brasileiros (brachirus incognitus
nobis) do Alto Amazonas, desconhecido na Europa [...] e as espécies
também do Pará (callithrix amicta epersonata) bastante raras ainda que
descritas por Spix; as importantes e belas peles de pássaros, o útil
guaxaro de Caripi (Steatornis caripensis Humb.), o célebre condor
(vultur gryphus L.), o curioso urubu do Egito (percnopteres
leucocephalius Gm.), e as que vieram dos sertões do Pará, o araçari
mulato (pteroglossus ulocomus Gould) pouco vulgar nas coleções
européias, e o admirável uiramemby (cephalopterus ornatus Geoff), que
em todo o mundo só o Museu de Paris tinha um exemplar em 1834 [...]
59 MAIA, Emílio Joaquim da Silva. Ensaio sobre os perigos a que estão sujeitos os
meninos quando não são amamentados por suas próprias mães. Apresentado na
Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, na sessão de 18 de junho de 1834. Rio de
Janeiro: Impresso na Tipografia de R. Ogier, 1834.
60 Id. ibid. p. 8. Silva Maia era um admirador de Rousseau, devendo-se lembrar que
todos os seus filhos e filhas possuíam o nome de Emílio/Emília. Não sendo este
nome comum à época, à guisa de hipótese, poderíamos sugerir ser uma homena-
gem à obra Emílio, desse autor.
61 MAIA, Emílio Joaquim da Silva. “Discurso do Sr. Dr. Maia” In: Anais de Medici-
na Brasiliense. Jornal da Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro redi-
gido pelo Dr. Francisco de Paula Candido. 1o ano, nº. 1. Rio de Janeiro: Tipogra-
fia Imparcial de Paula Brito, 1845. p. 461-467.
62 Ibdem. p. 463.
63 Ibdem. p. 464-5.
nossos estadistas pelas idéias ótimas que contém a este respeito65. A crítica
andradina dizia respeito à irracionalidade dos métodos do trabalho escravo,
idéia que – pelo menos no papel – era defendida por Silva Maia. É digno de
nota o fato de que o discurso de Silva Maia a respeito da escravidão, nesse
elogio a José Bonifácio, apresentava alguns paradoxos com relação à sua
prática cotidiana e, até mesmo, em relação ao seu discurso médico-sanitarista.
Lembremos que Silva Maia manteve até sua morte um escravo doméstico em
idade produtiva, o que nos faz pensar que esta valorização da liberdade
individual como impulso ao progresso defendida inicialmente por Bonifácio
e reconhecida por Silva Maia possuía limites. Por outro lado, outra
ambigüidade pode ser verificada em seu trabalho médico em defesa do
aleitamento materno, quando demonstrou preconceito ao referir-se às amas
de leite como negras mercenárias, brutas e infectadas de moléstias: escravas
de vida mercenária.
Já que os elogios no Império nada mais eram do que troca de favores,
cabia ao autor enaltecer as ações e o pensamento do homenageado, mesmo
que para isso fosse necessário revelar suas próprias incongruências.
Através da análise do Elogio histórico, verificamos ainda que José
Bonifácio publicara, em 1815, um estudo acerca da necessidade do plantio de
novos bosques em Portugal66. Esse trabalho refletia-se na preocupação
explicitada por Silva Maia, vinte anos mais tarde, no Brasil, num texto sobre
os malefícios causados pelo corte das matas. Coincidência ou não, o fato foi
que, em 1835, Silva Maia publicou Males que tem produzido no Brasil o
corte das matas e os meios de os remediar67. No estudo, Emílio Joaquim
65 MAIA, Emílio Joaquim da Silva. Op. cit. p. 27. A representação de autoria de José
Bonifácio, mencionada por Silva Maia, intitula-se Representação à Assembléia
Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil, sobre a Escravatura. Rio de
Janeiro: Reimpresso da Typographia de J.E.S. Cabral, 1840. Tal documento pode
ser consultado na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional do Rio de Janei-
ro.
66 SILVA, José Bonifácio de Andrada e. Memória sobre a necessidade e utilidade do
plantio de novos bosques em Portugal, particularmente de pinhais nos areais de
Beira Mar; seu método de sementeira, costeamento e administração. Lisboa: Na
Typographia da Academia Real das Ciências, 1815.
67 MAIA, Emílio Joaquim da Silva. Discurso sobre os males que tem produzido no
Brasil o corte das matas e sobre os meios de os remediar. Lido na sessão pública da
Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, em 30 de junho de 1835. Rio de Janeiro:
Tipografia Fluminense de Brito e Cia. 1835.
afirma que a insalubridade que grassava sobre o Império era reflexo da ação
destruidora do homem e um modo eficiente de remediar esse mal seria
conscientizar a população sobre a importância vital da natureza, de sua
preservação e de uma exploração racional.
Transitando entre a Medicina, as Ciências Naturais e Humanas,
encontrava-se Silva Maia. A diversidade de temas por ele tratados revela uma
postura inquieta diante da ordem de coisas estabelecida na primeira metade
do século XIX. Era preciso sanear o país, cuidar de sua natureza, civilizar a
população a partir dos moldes europeus, construir uma memória sobre os
grandes homens e registrar para as gerações futuras, a contribuição dos
mesmos para o engrandecimento da nação. Aliás, esse era um conceito que
ainda estava por adquirir contornos mais definidos. Era preciso moldar a
personalidade do Estado-nação no Brasil e, para tanto, as instituições
científicas, em especial o Imperial Colégio Pedro II e o IHGB, teriam um
papel fundamental.
Tratamos até agora da inserção de Silva Maia em algumas destas
instituições, entendendo-o como um ator político desse processo, herdeiro da
tradição ilustrada que, com seu pragmatismo, contribuía através da ação
intelectual para promover o progresso e o desenvolvimento do país.
Contudo, não analisamos ainda seu legado historiográfico, bem como
sua atuação como membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro. A seguir, tentaremos entender seu projeto de nação e,
principalmente, por que a memória produzida a seu respeito obliterou a
produção de seus Estudos Históricos. Silva Maia é sempre lembrado por sua
atuação como Diretor do Museu Nacional, como professor do Imperial
Colégio Pedro II, enfim, como estudioso da Natureza. Qual seria a razão do
silêncio em torno de sua produção historiográfica? Por que seus Estudos
Históricos permaneceram inéditos? É justamente esta lacuna que esperamos
preencher, analisando o modo como compreendeu a História de Portugal e do
Brasil.
Madeira, da primeira Ilha dos Açores, da Ilha de São Miguel, das Ilhas do
arquipélago de Cabo Verde, entre outras.
Numa crítica à historiografia da época, afirma que a tese de terem sido
os portugueses os primeiros a lançarem-se na expansão marítima estava
sendo negada por escritores alemães, franceses e outros que queriam
reivindicar a primazia dos empreendimentos marítimos baseando-se em
falsas informações colhidas de antigos manuscritos deixados por
estrangeiros, deturpando datas e nomes. Maia conclui informando que as
pesquisas do Visconde de Santarém afirmavam que nação alguma poderia
disputar com portugueses a prioridade das navegações.
Procedendo a novas críticas, Silva Maia ataca Varnhagen e sua
História Geral do Brasil.
É convicção nossa, que muito se afasta do caminho da justa razão, e
do estreito dever que, como o laborioso Varnhagen na sua história
geral do Brasil, tendo de escrever sobre o desenvolvimento da
civilização brasileira, ao falar da inesperada vista do Monte Pascoal,
não se ocupar mais ou menos longamente das inúmeras pesquisas
náuticas e arriscadíssimas viagens, anteriormente efetuadas pelos
Portugueses, sem as quais não se realizaria então este maravilhoso
aparecimento.79
Varnhagen, ao descrever o “achamento” do Brasil, não se preocupou
em detalhar a evolução dos instrumentos náuticos e os estudos realizados
pelos navegantes para a execução da empreitada. Apenas descreveu sua
interpretação dos fatos.
Da existência de uma grande terra na extensão que lhe coubera em
partilha em Tordesilhas, só teve Portugal conhecimento seis anos
depois do Tratado, em 1500. Prosseguindo no empenho de encontrar
a Índia, dobrando a extrema meridional da África, viu resolvido esse
problema com a chegada de Vasco da Gama a Calicut, em 1598; com
a qual se comprovou a possibilidade de cortar o Egito, pelos mares da
Índia, o comércio da especiaria, dando-lhe outro rumo. A fim de
assegurar este comércio em favor de Portugal, por meio do
estabelecimento de algumas feitorias, partiu da Foz do Tejo, aos 9 de
março de 1500, uma esquadra de treze embarcações , armadas
79 Id. ibid.
80 VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil: antes de sua se-
paração e independência de Portugal. São Paulo: Melhoramentos, 1975. 1o volu-
me, p. 67-8.
81 Id. Ibid.
82 O fato de Silva Maia possuir um inédito, e fazer questão de explicitar tal aspecto,
aponta para uma característica sua e da maior parte dos intelectuais do século XIX,
de colecionar documentos e originais, no intuito de garantir a erudição necessária
para sua permanência nos círculos freqüentados pela elite culta e ilustrada. Por ou-
tro lado, Silva Maia, como sabemos, pertencia a instituições científicas e de saber
que, em meados do século XIX, quando se conformava uma identidade para a na-
ção, pretendiam coligir todos os registros que pudessem contribuir para a forma-
ção da memória nacional. Prova disto é que, consultando as Revistas do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, percebemos uma série de doações de fontes pri-
márias feitas por Emílio Joaquim da Silva Maia para o IHGB. Entre essas doações,
destacamos uma Memória sobre a Capitania de Minas Gerais (1848), o manuscrito
intitulado “Conceitos joco-sérios em cartas”, por Simão Pereira de Sá, e diversos
manuscritos de Manoel Joaquim Henriques de Paiva, preso nas primeiras décadas
do século XIX, por seu papel colaboracionista junto às invasões francesas a Portu-
gal, doados em 1854.
83 MAIA, Emílio Joaquim da Silva. Estudo quarto. Glória Literária Portuguesa.
Portugueses em países estrangeiros. Decadência portuguesa. Revolução de 1640.
D. Affonso VI e D. João V. IHGB. Manuscrito.
88 Id. Ibid.
de que seus estudos devem ser entendidos como versão, numa tentativa de se
criar uma História oficial repleta de feitos prodigiosos.
Silva Maia conta que, a partir de um folheto encontrado por ele na
antiga Biblioteca Imperial e Pública da Corte (atual Biblioteca Nacional) que
trazia no frontispício Recife 1647, officina situada no Largo do Machado,
comprovou a existência de uma oficina tipográfica em Pernambuco no século
XVII, período da dominação holandesa. Segundo o médico, a tradução do
título desse curioso escrito era Bolsa de dinheiro brasileira, obra que indica
como foi utilizado o dinheiro dos acionistas da Companhia das Índias
Ocidentais. O folheto teria sido comprado em Amsterdã por preço alto,
juntamente com outros impressos em língua batava que se ocupavam de
assuntos brasileiros, porém apenas um teria sido impresso no Brasil.
A fim de reforçar sua assertiva, afirma que a obra intitulada Biografias
de alguns poetas pernambucanos, de autoria de Antonio Joaquim de Melo,
conta que em 1706 (ou pouco antes) abriu-se pela primeira vez na cidade do
Recife uma pequena tipografia que começou por imprimir letras de câmbio e
breves orações devotas.
Uma outra criação destacada é a instalação da Real Bibliotheca no Rio
de Janeiro logo após a vinda da família real para o Rio de Janeiro. Contudo, é
preciso desfazer um equívoco cometido pelo autor que assegura que as
Bibliotecas da Coroa e do Infantado partiram de Portugal juntamente com a
esquadra que transportava o Príncipe Regente e a Real Família em novembro
de 1807. De fato, a Real Bibliotheca era composta pelas coleções
pertencentes à Coroa e ao Infantado, contudo, com base em pesquisa
realizada por Lilia Moritz Schwarcz90, ela não partiu juntamente com a Corte
em 1807. Veio sim, a expressiva Livraria do Conde da Barca, Antonio de
Araújo e Azevedo.
A Real Bibliotheca, como comprovam os documentos encontrados no
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, chegou ao Rio de Janeiro aos poucos.
Foram necessárias três viagens: a primeira leva de caixotes chegou em
princípios de 1810; a segunda, em março de 1811, acompanhada do
bibliotecário Luís Joaquim dos Santos Marrocos; a última leva, em setembro
91 MAIA, Emílio Joaquim da Silva. Estudo oitavo. O Brasil recebe benefícios consi-
deráveis. Progresso material no Rio de Janeiro; alteração física de sua atmosfera;
estabelecimento de tribunais e outras muitas criações úteis. Outros importantes
melhoramentos nas províncias da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Pau-
lo, Santa Catarina e Goiás. IHGB. Manuscrito.
fim, para reforçar suas assertivas, recorre a Auguste de Saint Hilaire que
defendia a mesma opinião. Desse modo, diz Saint Hilaire:
Nem todos os Ministros que governaram na América com D. João VI
foram privados de talentos, mas nenhum deles tinha bastante
conhecimento do Brasil, para dar remédio às feridas provenientes do
sistema colonial e para reunir as suas diversas partes inteiramente
divididas, e lhes dar um centro comum de ação e de vida. 93
No estudo décimo segundo, Silva Maia trata das seguintes matérias: O
Brasil encontra compensações aos erros do governo. Grandes sofrimentos
dos dois reinos, Portugal e Algarves, seus males agravavam-se
consideravelmente; eles vêem-se assolados pela guerra e atormentados por
muitas arbitrariedades e enormes abusos. O Brasil todavia recebe dois
grandes benefícios pelo tratado de 1810.
Dr. Maia inicia constatando que, embora evidente que a política
administrativa em terras brasileiras fosse a mesma adotada em Portugal,
durante a permanência da Corte no Brasil o povo brasileiro cheio de
contentamento e alegria pela estada em seu seio da família real, não se
achava na posição de reparar em não ter havido mudança de política. A
população sentia-se em condições mais dignas, com os benefícios
provenientes do progresso material, com o saneamento das ruas e demais
melhorias no espaço urbano. Por outro lado, a abertura dos portos foi medida
importante que colocou por terra o monopólio comercial, apagando um traço
importante nas relações de exploração colonial mantidas entre Portugal e
Brasil. Essas medidas tinham um papel compensatório e encobriam os efeitos
da má administração da renda pública aos olhos da população.
Se o Brasil ainda encontrava compensações aos erros do governo
joanino, Portugal e Algarves eram governados por uma regência que, por sua
vez, não possuía poderes executivos, que cabiam ao imperante, àquele tempo
habitando o Rio de Janeiro. Seu território foi invadido por três vezes pelos
exércitos franceses, o que levou os dois reinos portugueses à beira do abismo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
FONTES
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro:
- Fontes Manuscritas:
Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil
1) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Primeiro (servindo de introdução). Reflexões Filosóficas sobre o andamento das
sociedades civis, progresso humanitário, grande fim do Evangelho. S.L. S.D.
2) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Segundo. Serviços do Infante D. Henrique; novas descobertas dos portugueses; glória
e opulência dos Reinados de D. João II e D. Manuel. Viagens de Portugal à Índia
tanto por terra como por mar. S.L. S.D.
3) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Terceiro. Os Famosos Affonso d’Albuquerque, D. João de Castro, D. Luiz de Athaíde
e outros invictos capitães; resultado dos feitos portugueses nos séculos XV e XVI.
Começo de sua decadência, etc. S.L.S.D.
4) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Quarto. Glória Literária portuguesa. Portugueses professores em países estrangeiros.
Decadência portuguesa. Revolução de 1640. D. Afonso VI e D. João V. S.L.S.D.
5) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Quinto. Serviços do Marquês de Pombal. Os ilustres Brasileiros Dr. José Francisco
Leal e o Barão de Goyana. “Discursos Político-Morais” e “Júbilo da América”.
S.L.S.D.
6) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Sexto. Vinda a Família Real Portuguesa para o Brasil. Vantagens desta grandiosa
resolução. Opinião de D. Luiz da Cunha e de outros pensadores nacionais e
estrangeiros acerca da residência da Corte Portuguesa na América. Judicioso
vaticínio de um escritor inglês sobre o Brasil sua grandeza e importância. S.L.S.D.
7) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Sétimo. Embarque, séquito e viagem da família real portuguesa. Arribada à Bahia.
Estado do Brasil no tempo de colônia. Desembarque no Rio de Janeiro. Primeiro
Ministério Português que funcionou no Brasil. S.L.S.D.
8) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Oitavo. O Brasil recebe benefícios consideráveis. Progresso material no Rio de
Janeiro; alteração física de sua atmosfera; estabelecimento de tribunais e outras
muitas criações úteis. Outros importantes melhoramentos nas províncias da Bahia,
Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Santa Catarina e Goiás. S.L.S.D.
9) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Nono. O Brasil principia a ser explorado com gosto e eficiência. Naturalistas
brasileiros desde 1780 a 1820. S.L.S.D.
10) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Décimo. Vida e feitos de Paulo Fernandes Viana. S.L.S.D.
11) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Décimo primeiro. Causas provocadoras da Revolução Portuguesa de 1820. Má
política adotada pelo novo governo no Rio de Janeiro. Abusos em todos os ramos da
administração brasileira. Opinião de Auguste de Saint-Hilaire acerca dos ministros
de D.João VI. S.L.S.D.
12) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Décimo Segundo. O Brasil encontra compensação aos erros do governo. Grandes
sofrimentos dos dois Reinos Portugal e Algarves. O Brasil recebe dois grandes
benefícios pelo Tratado de 1810. S.L.S.D.
13) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Décimo Terceiro. Lojas Maçônicas. Um agente secreto no Rio de Janeiro. Curioso
fato do fanatismo político português. S.L.S.D.
14) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Décimo Quarto. Índole e caráter de D. João VI. Motivo dos desastres na noite de 21 de
abril de 1821. S.L.S.D.
15) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Décimo Quinto. Causas próprias da Revolução Portuguesa. Hipólito José da Costa
Pereira. Perseguição de muitos portugueses. Aclamação do sistema constitucional.
S.L.S.D.
16) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Décimo Sexto. Reflexões históricas. Recebimento no Brasil da notícia da
Constituição Portuguesa. Conduta do governo fluminense por esta ocasião.
Rivalidade entre portugueses e brasileiros. S.L.S.D.
17) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Décimo Sétimo. O Conde de Palma. Lojas maçônicas da Bahia. Conde de Palmela e o
Marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes. Bela ação do Capitão de Artilharia
Boaventura Ferraz e do Capitão do Estado Maior Ignácio Gabriel Monteiro de
Barros. Preparatórios da resolução baiana do dia 10 de fevereiro e quais seus
propugnadores. S.L.S.D.
18) Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia. Estudos Históricos sobre Portugal e Brasil. Estudo
Décimo Oitavo. Relação dos sucessos efetuados na Bahia no dia 10 de fevereiro de
1821. S.L.S.D. Dl. 345.17
1) Quadro Sinóptico do Reino Animal onde se adota o método natural de Cuvier com as
preciosas modificações conforme o estado atual da Ciência, organizados para
facilitar o estudo da Zoologia no internato e externato do Colégio Pedro II. 1858.
IHGB 735.23
2) Resumo das apostilas do Prof. de Zoologia Filosófica do Colégio Pedro II Dr. Emílio
Joaquim da Silva Maia. Rio de Janeiro, 6 de novembro de 1906. 31 p. Lata 489 doc. 9
3) Parecer do Dr. Emílio Joaquim da Silva Maia sobre manuscrito do Dr. Manuel
Joaquim Henriques de Paiva, farmacêutico, falecido na Bahia (matéria médica,
química, botânica). S/d. Lata 341 pasta 19.
4) Notícia acerca da obra “Discursos políticos morais” escrita em 1758 pelo fluminense
Joaquim Feliciano de Souza Nunes e queimada em Lisboa por ordem do Marquês de
Pombal. Rio de Janeiro, 3 de julho de 1857. Lata 7 doc. 24.
5) História da Revolução efetuada na Bahia no dia 10 de fevereiro de 1821, pelo Dr.
Emílio Joaquim da Silva Maia. 1852. Lata 26 doc. 11
6) Elogio Histórico a José Bonifácio de Andrada e Silva pelo Dr. Emílio Joaquim da
Silva Maia.
a
11) Emílio Joaquim da Silva Maia. Eleito membro da 2 Comissão de História. 1857.
RIHGB:20:35,1857.
Fontes Impressas:
1) Emílio Joaquim da Silva Maia. Discurso sobre as Sociedades Científicas e de
Beneficência que tem sido estabelecidas na América. Recitado na Sociedade Literária
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Tipografia Imparcial de Brito, 1836. BN/SOR
69,2,11 n.4 . Ex-Líbris Col. Thereza Cristina.
2) Emílio Joaquim da Silva Maia. Discurso sobre os males que tem produzido no Brasil o
corte das matas e sobre os meios de os remediar; lido na sessão pública da Sociedade
de Medicina do Rio de Janeiro em 30 de junho de 1835. Rio de Janeiro: Tipografia
Fluminense de Brito e Cia. 1835. Ex-líbris da coleção Thereza Cristina. BN/SOR
69,2,11 n.2
3) Emílio Joaquim da Silva Maia. Ensaio sobre os perigos a que estão sujeitos os
meninos quando não amamentados por suas próprias mães. Apresentado na
Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro na seção de 18 de junho de 1834. Rio de
Janeiro: Impresso na Tipografia de R. Ogier, 1834. Ex-líbris da coleção Thereza
Cristina. BN/SOR 69,2,11 n.1
4) Emílio Joaquim da Silva Maia. Memória sobre o tabaco: lida nas sessões da
Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro de 6 e 18 de dezembro de 1834. Rio de
Janeiro: Tipografia Imperial de Seignot Plancher, 1835. Ex-líbris da coleção Thereza
Cristina. BN/SOR 69,2,11 n.3
5) Emílio Joaquim da Silva Maia. Elogio histórico ao ilustre José Bonifácio de Andrada
e Silva. Rio de Janeiro: Tipografia Imparcial F.de P. Brito, 1838. Ex-líbris da coleção
Thereza Cristina. BN/SOR 69,2,11 n.5
Arquivo Nacional
1) Inventário post mortem de Emílio Joaquim da Silva Maia
12) Emílio Joaquim da Silva Maia. “Conceitos joco-sérios em cartas” por Simão Pereira
95
de Sá, manuscrito doado por...RIHGB:20:116,1857.
13) Emílio Joaquim da Silva Maia. “História da legislação portuguesa”, manuscrito doado
por...RIHGB 20:116,1857.
14) Emílio Joaquim da Silva Maia. “Relação dos fatos mais notáveis acontecidos na Corte
do Reino e Portugal, desde que o Sr. Rei D. José I, de saudosa memória, foi atacado da
última enfermidade até a morte do Marquês de Pombal”, manuscrito doado
por...RIHGB:20:2116,1857.
BIBLIOGRAFIA
AGUIAR, Manuel Pinto de. A abertura dos portos, Cairu e os ingleses. Salvador: Livraria
Progresso, 1960.
Almanak Administrativo Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro para o ano de 1844. Rio
de Janeiro: Eduardo e Henrique Laemmert, 1844.
Anais do seminário internacional D. João VI: um rei aclamado na América. Rio de
Janeiro, MHN, 2000.
ARAÚJO, Valdei Lopes de. A Experiência do Tempo. Modernidade e historicização no
Império do Brasil (1813-1845). Rio de Janeiro: Programa de Pós-Graduação
em História Social da Cultura, PUC-RJ, 2003 (mimeo).
95 Esta prática do Dr. Silva Maia em doar documentos históricos às instituições como o
IHGB, nos remete à missão do Instituto Histórico de coletar documentos sobre a
História Pátria, a fim de salvaguardar a memória nacional.
1.Ensaio sobre os perigos a que estão sujeitos os meninos quando não são
amamentados por suas próprias mães. (1833)
2. Memória sobre o tabaco, onde se mostram a história, usos e todas as
aplicações médicas desta utilíssima planta. (1835)
3.Relatório da comissão especial sobre a epidemia de febre catarral que
grassou nos primeiros meses de 1836. (1836)
4.Parecer sobre a memória do Dr. Francisco José de Araújo Oliveira
relativamente à paralisia.s/d
MEDICINA 5.Parecer sobre a obra de Kirckof sobre a cólera morbus.
6.Higiene pública – arrasamento do Morro do Castelo.
7.Matéria Médica Brasileira.
8.Utilidade e necessidade do uso da Ginástica. (1839-1840)
9.Elephantiase dos gregos, em resposta a uns artigos do Sr. Simoni,
acerca da experiência feita no infeliz Machado com mordedura de cobra
cascavel.
10.Discurso do Sr. Dr. Maia na Academia Imperial de Medicina acerca
do uso pernicioso da prática homeopática no Brasil (1845).
1.Elogio histórico do Conselheiro José Bonifácio de Andrada e Silva.
(1846)
2.Elogio Histórico do Dr. José Pinto de Azevedo.
3.Oração recitada na presença de SS. MM. o Imperador e a Imperatriz em
12-12-1842, na sessão de distribuição de prêmios do Colégio Pedro
LITERATURA
II.(1842)
4.Discurso – sessão do Instituto Histórico comemorativa ao infausto
passamento do Príncipe D. Afonso, primogênito de SS.MM. II. (1847
5.Exposição dos sucessos políticos de 1821 na Província da Bahia.
Memória lida no IHGB em 6-8 e 10-2-1852.
1. Discurso sobre os males que tem produzido no Brasil o corte das matas e
sobre os meios de os remediar.
2.Discurso sobre as Sociedades Científicas e de Beneficência que tem sido
estabelecidas na América. (1836)
3. Estatutos da Sociedade Vellosiana com Freire Allemão e G.S. Capanema.
4. Museu Nacional (1848)
5. Quadros sinópticos do Reino Animal onde se adota o método natural de
Cuvier, com as precisas modificações, conforme o atual estado da Ciência
para facilitar o estudo da Zoologia no Colégio Pedro II. (1858)
6. Memória sobre os beija-flores, onde se refere aos usos e hábitos de muitas
espécies brasileiras. (1851)
CIÊNCIAS 7. Notícias Zoológicas: I – Grande desproporção entre indivíduos da mesma
NATURAIS espécie de ave e II – Cobra coral engolindo outra.
8. Memória sobre os usos e costumes de alguns beija-flores brasileiros.
9. Trabalho sobre a ponta do osso de um peixe encontrada no costado de um
navio.
10. Espécie nova e curiosa de um pássaro brasileiro – Tamnophilus
aquaticus.
12. Esboço histórico do Museu Nacional.
13. Duas novas espécies de beija-flores – Trochilus vandelii e Ornismya
ludovicii.
14. Algumas idéias sobre a Geografia Zoológica.
15. Duas espécies novas de beija-flores: Ornismya theresiae e januariae.
1. Reflexões Filosóficas sobre o andamento das sociedades civis,
progresso humanitário, grande fim do Evangelho.
2. Serviços do Infante D. Henrique; novas descobertas dos portugueses;
glória e opulência dos Reinados de D. João II e D. Manuel. Viagens de
Portugal à Índia tanto por terra como por mar.
3. Os famosos Affonso d’Albuquerque, D. João de Castro, D. Luiz Athaíde e
outros invictos capitães; resultado dos feitos portugueses nos séculos XV e
ESTUDOS XVI. Começo de sua decadência.
HISTÓRICOS 4. Glória Literária Portuguesa. Portugueses professores em países
SOBRE estrangeiros. Decadência portuguesa. Revolução de 1640. D. Afonso VI e D.
PORTUGAL E João V.
BRASIL 5. Serviços do Marquês de Pombal. Os ilustres brasileiros Dr. José
Francisco Leal e o Barão de Goyana.“Discursos Político- Morais” e
“Júbilo da América”.
6. Vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil. Vantagens desta
grandiosa resolução. Opinião de D. Luiz da Cunha e de outros pensadores
nacionais e estrangeiros acerca da residência da Corte Portuguesa na
América. Judicioso vaticínio de um escritor inglês sobre o Brasil sua
grandeza e importância.
96 Ib. idem. P. 38
Kaori Kodama1
RESUMO: Abstract:
Pretende-se discutir neste artigo o surgimento da This article is meant to discuss the creation of
seção de etnografia dentro do Instituto Histórico the Ethnography’s section in the Institute of
e Geográfico do Brasil, em fins da década de History and Geography of Brazil in the late
1840, seção que nasceria acoplada à arqueologia, 1840’s. Ethnography was grouped together
buscando satisfazer ao interesse da instituição de with Archaeology in this new section whose
criar subsídios para seu projeto de uma escrita da purpose in the Institute was to assist the
História do Brasil. Abordaremos o surgimento project of writing the History of Brazil. We
do campo de “estudos etnográficos” bem como a have come to grips with the emergency of the
transformação do índio em novo objeto de field of ethnographical studies, as well as with
conhecimento no Instituto, através das suas the transformation of the Indian in a new
relações com diversos conhecimentos que em subject of knowledge by considering other
momentos anteriores eram referentes aos índios, fields of knowledge referred to the Indian
como a História Natural e o conhecimento sobre before, like Natural History and the
o espaço. Ao lado da importância do projeto cognizance of space. The creation of this field
literário indianista, apresenta-se a criação deste of study is a result not only from the
campo de estudos no IHGB como um dos passos importance of the literary movement of the
da cientificização do conhecimento histórico em Indianism in Brazil, but also from a step in the
curso durante meados do século XIX. process of “scientifization” on historical
studies on the mid-nineteenth century.
Palavras-chave: Etnografia; Indianismo; Keywords: Ethnography; Indianism;
Historiografia do Brasil Império. Historiography of Brazil-Empire.
9 V. LUSTOSA, Isabel, Insultos impressos, São Paulo: Companhia das Letras, 2000,
p. 50.
“exame da história de uma raça, que ainda se achava mui distante da aurora da
civilização”. O caminho através do qual o marechal acreditava consistir
primordialmente o estudo sobre os índios brasileiros era o do estudo de suas
línguas:
A sciencia da linguistica que agora começa a cultivar-se, é a que ha de
mostrar-nos a origem das tribus e nações; nem esperemos que os
homens que não possuem monumentos de seculos mais ou menos
remotos, nos digam se se reputam autochthones, ou se vieram de
terras longinquas estabelecer-se nos lugares em que ora se acham.24
A partir das filiações, “das linguas mãis e irmãs”, é que se poderia
estabelecer “a historia da origem, separação e emigração das diversas tribus
encontradas em o littoral e nos sertões aquem dos Andes, e nos valles do
Amazonas”.25 O estudo das línguas, assim, deveria claramente auxiliar na
explicação das origens dos índios brasileiros, a partir de suas relações com
outros povos antigos.
Um dos pressupostos presentes na arqueologia do Instituto era o de
encontrar os elos perdidos, que vinculassem a história da povoação do
continente à história de povos mencionados pela Bíblia. Teorias citadas por
Cunha Matos, como a que diz que migrações teriam sido feitas por povos
vindos da Ásia a partir do estreito de Bering, já eram difundidas no século
XVIII26, e a própria sistematização geológica realizada por Cuvier, no início
do século XIX, que propunha a compreensão das idades dos fósseis através
do estudo do conjunto estratigráfico, não supunha a contradição com a teoria
diluviana e de dispersão dos povos.27
Assim, se a etnografia pertencia ao estudo da primeira época da
história do Brasil, deve-se considerar que, por ela se ligar às origens da
povoação do continente americano em um passado sem registros escritos, ela
se vincularia aos estudos de natureza não-textual, arqueológicos. O que
significa dizer que, para além dos registros existentes sobre os indígenas, de
escritores dos tempos coloniais e de viajantes, era necessário buscar as fontes
de outra natureza para sondar este passado recuado. A história desta primeira
época deveria assim se pautar na antigüidade do continente americano, cujas
evidências deixadas por antigas civilizações de outras partes da América
sinalizavam para a necessidade de investigar o próprio passado remoto das
terras brasileiras.
Na referência aos estudos da “história da natureza” para a investigação
do passado indígena, torna-se significativa a menção feita a Alexander Von
Humboldt. Suas Vues des Cordillères et monumens des peuples indigènes de
l’Amérique podem nos servir de modelo para retomar a questão da
importância dos dados materiais, como testemunhas diretas de um passado
americano e brasileiro, e que apareceriam então como uma reivindicação não
apenas do marechal, mas dos outros consócios do Instituto Histórico.28
Os vestígios da antigüidade da América pareciam também estar
espalhados pelo território do Brasil. Contava o marechal que ouvira relatos de
se haver “encontrado no sertão da província de Pernambuco a ruína de uma
obra que parecia fortificação, alguma cousa semelhante às que existem nas
chapadas do Ohio dos Estados Unidos da América”. Acrescentava que
Humboldt e os naturalistas portugueses davam notícia de figuras esculpidas
em vários rochedos ao norte do Amazonas pelos índios antecessores, remotos
daqueles que agora ali habitavam, e indagava-se a respeito da origem de
outros vestígios antigos, como “as figuras existentes a pouca distancia da
estrada velha da aldeia do Carretão para a vila do Pilar da província de Goiás,
em a porção da serra chamada Morro das Figuras”. As marcas destes
mistérios impeliam à busca de inseri-las em algum lugar do passado distante,
mas ainda reconhecível, ou então a desmistificá-las. Já se configurava em
lenda a passagem do apóstolo São Tomé nos sertões do Brasil, que teria
deixado gravada sua mensagem nas pedras da Serra das Letras, e “a quem
dedicaram uma capela que aí existe, e recebe o nome de S. Tomé das Letras”.
Certo ou não de que as tais letras não seriam talvez mais do que “dendrites
formados na grez”, o importante era esclarecer tais incógnitas, insistia o
marechal.
A forma de abordar o estudo sobre os índios sugerida nos
apontamentos de Cunha Matos era sobretudo a busca por uma “origem” dos
povos do continente americano. A questão das origens, no entanto, possuía
uma longa discussão. Um relato sobre os índios Guaicuru, feito por um
comandante do Presídio de Coimbra em 1795, e publicado n´O Patriota,
buscava descrevê-los aventando a possível origem tártara ou númida
daqueles homens.29
A associação entre a origem dos indígenas americanos e a de outros
povos antigos era bastante presente ainda durante a primeira metade do
século XIX. As conjecturas de Cunha Matos e do autor da “História dos
índios cavaleiros” trazem uma perspectiva que já remontava séculos sobre a
ascendência judaica, cartaginesa, tártara, e ainda de outros povos, dos
indígenas americanos. Sérgio Buarque de Holanda já havia notado a presença
de idéias sobre a ascendência israelita dos ameríndios presentes no Tratado
Único y Singular Del Origen de los Índios, de Diogo Andrés Rocha, autor de
fins do século XVII, e também no Diálogo das Grandezas do Brasil.30 A
teoria das migrações seria majoritariamente presente entre os debatedores
sobre a origem dos povos americanos no Instituto Histórico por volta da
década de 1840. E as idéias de um autor como Lapeyrère, sobre o não
universalismo do dilúvio31, que traçariam posteriormente as teorias
“poligenistas” sobre os povos americanos, permaneceriam bem distantes da
maior parte das interpretações encontradas durante o 2º Reinado no Brasil.
No contexto europeu, seria somente no século XVIII que se abriria o
espaço filosófico e metodológico para uma ampliação da investigação sobre a
origem dos povos indígenas, para além da tradição bíblica, inquirindo o
35 Tal postura de Thomsen levaria, segundo o autor, a lançar as bases para um estudo
da pré-história independente dos textos antigos. As palavras de Thomsen seriam: Il
me paraît évident qu’à une haute période toute l’Europe du Nord était peuplée par
des races très semblables et primitives. Qu’elles correspondent aux sauvages
nord-américains me semble à divers égards certain. Ils étaient portés à la guerre,
vivaient dans les forêts, ne possédaint pas de métal ou feu. Cf. SCHNAPP, Alain,
op. cit., 364-5.
36 Pensa-se na idéia de testemunhas diretas do passado estabelecidas pela tradição an-
tiquária, que se punha em contraponto à história clássica e à exegese dos textos anti-
gos. Momigliano, “L’histoire ancienne et l’Antiquaire”, in: MOMIGLIANO,
Arnaldo. Problèmes d’historiographie ancienne et moderne, Paris: Gallimard,
1983.
37 GUIMARÃES, Manoel Salgado. “Reinventando a tradição: sobre Antiquariado e
Escrita da História”, in: Humanas, Porto Alegre, v. 23, n.1/2, p.111-143, 2000.
mais alto e os mais baixos. É neste sentido que Varnhagen pretendia que a
coleta dos vocabulários fosse a princípio a mais restrita, contemplando
apenas os “objetos frisantes”, que não pudessem dar lugar a equívocos,
retirando inclusive aspectos que seriam úteis “para avaliar o grau de barbárie
dos povos”.42 Na verdade, aqui Varnhagen não extrapola a prática mais geral
da etnologia que seguiria correntemente até a segunda metade do século
dezenove. A etnologia buscava, por um lado, o acúmulo da rede de
informações a respeito dos povos nativos, a partir de informantes
conscienciosos. Por outro, ela estabelecia uma diferenciação e hierarquização
do trabalho efetuado por tais informantes e do dos pesquisadores, fossem
estes antropólogos ou naturalistas.43 Aquela separação e hierarquização iriam
indicar ainda uma concepção mais geral da pesquisa etnológica realizada
então: a orientação por uma perspectiva de trabalho onde a participação do
observador poderia ser controlada nos termos de uma pura objetividade
descritiva, e cujas informações serviriam para um intuito classificador.
Assim, as especificidades de cada povo estudado não deveriam indicar mais
do que o seu lugar dentro de uma escala geral cuja direção e ponto mais alto
eram dados pela civilização européia.
O que nos parece de suma importância frisar é que, ao insistir em um
método, Varnhagen expunha a necessidade de legitimar a etnografia por um
procedimento científico colocado em proximidade ao conhecimento
histórico. Porém, o que é resguardado como convicção expressa no
historiador, e que se repercutiria no direcionamento na divisão das seções do
Instituto, é que a etnografia – o conhecimento dos povos sem história – não
deveria se confundir com o próprio domínio da história. Dizia, portanto,
Varnhagen:
Convém que todos estejamos persuadidos que o nosso passado, o
actual império mesmo, interessará tanto mais outras nações
civilisadas e instruídas, quanto mais longe podermos fazer remontar
não as fontes da nossa história, mas os mythos de seus tempos
heróicos, mas as inspirações de sua poesia.44
A partir desta afirmação pode-se ter uma clara idéia do lugar que para
Varnhagen deveria ocupar os estudos sobre os índios dentro do Instituto. Os
assuntos da “etnografia”, embora precisassem de um método tanto mais
próximo da filologia, deveriam ser separados dos estudos históricos, no que
diz respeito ao seu estatuto, pois eles importavam para as matérias de
natureza hierarquicamente distintas: os estudos de um passado indígena
interessavam aos mitos e fábulas; pertencendo já a história ao discurso mais
estritamente científico.
Neste seu esforço de distinção e ao mesmo tempo de hierarquização,
Varnhagen não deixava de se posicionar e construir sua própria identidade
como historiador. E tal atitude seria repetida em outras ocasiões, como
quando ele buscara tratar da história de Diogo Álvares, o Caramuru,
afastando-o do emaranhado mítico e buscando esclarecer seu devido lugar na
história dos fatos. Nesta maneira de Varnhagen afirmar-se como historiador,
atribuindo a si a tarefa de distinguir as lendas da verdade dos fatos históricos,
estava incutida a forma própria com que no século dezenove concebeu o
campo disciplinar da história45.
A criação de um espaço oficialmente definido para o estudo dos
assuntos indígenas dentro do Instituto tendeu assim a pôr em maior relevância
a distinção, e ao mesmo tempo a relação, entre aquele campo de estudos e a
história. A seção de etnografia e arqueologia oficializada no IHGB em 1851
refletiria o próprio movimento de criação de um espaço discursivo sobre os
índios e o passado remoto, no contexto da busca de uma história de cunho
“nacional”.
Mas se a seção de etnografia implicava uma relação importante que
se procurava delinear entre os índios brasileiros e a História Pátria, os
textos que tratavam do objeto indígena no Instituto não deixavam de criar
por si outras falas. Um exemplo intrigante é o retrato de Cunhambebe
retirado da obra de André Thevet, e impresso em 1850, na sua Revista
Trimensal. Dizia a legenda que justificava aquela estampa:
fluidez de uma prosa que, sendo clara e precisa, revela a alegria apaixonada
da escrita. Tudo parece simples e nascer nas páginas sem esforço. Mas o
volume e a riqueza das notas ¾ que mais parecem os nós e o intricado dos
fios no avesso de um bordado ¾ não permitem que nos iludamos. Para
refazer os ambientes físico e mental do Segundo Reinado, cercar de paisagem
e pôr vida e cor nos sucessivos retratos de D. Pedro II e o que deles
permaneceu, entre verdade e mito, na memória coletiva, Lília Moritz
Schwarcz leu tudo que sobre o assunto estava ao seu alcance e, não satisfeita,
parece dizer-nos que, se mais houvesse, mais leria. E mais veria, pois viu o
que havia por ver, comparando os retratos a óleo com os textos dos
contemporâneos e com as fotografias, e estas com as caricaturas, e as
caricaturas com as intrigas da Corte, os boatos de rua e os versos de cordel,
sem que lhe escapassem ao olhar as imagens do Imperador nas porcelanas,
nos cristais, nos camafeus, nos leques e nas alfaias.
Mais complexo ainda é o travejamento que sustenta A longa viagem da
biblioteca dos reis, que tem por companhia O livro dos livros da Real
Biblioteca. O primeiro, Lília Moritz Schwarcz produziu com Paulo César de
Azevedo e Ângela Marques da Costa; o segundo, com Paulo César de
Azevedo; e, em ambos, e também em As barbas do Imperador ¾ no qual três
dos dezenove capítulos foram escritos em co-autoria ¾, contou com a
colaboração de um grupo de jovens pesquisadores. Na verdade, Lília Moritz
Schwarcz não sussurra ao nosso ouvido o seu segredo: diz-nos em volta alta
que trabalha e sabe trabalhar em equipe, com a consciência de que as
parcerias, mais do que somam, multiplicam. No entanto, nada nesses livros
revela o esforço de muitas mãos. Neles, há unidade não só de concepção e
propósito, mas também de estilo, porque a idéia condutora, a orientação de
pesquisa e a redação final são dela.
Lília Moritz Schwarcz não esconde tampouco o seu gosto pelo visual,
pela imagem. Detém-se, encantada, diante de cada objeto e lhe busca a razão
e a história, do mesmo modo que ambiciona ler melhor o passado pelo que
dele ficou num desenho, numa aquarela, numa fotografia, numa gravura,
numa escultura, num quadro. Ver para entender ¾ seria a epígrafe mais
própria ao seu último livro, Registros escravos: Repertório das fontes
oitocentistas pertencentes ao acervo da Biblioteca Nacional, organizado em
colaboração com Lúcia Garcia. Nele faz-se um inventário descritivo e crítico
das fontes sobre os escravos no Brasil existentes na nossa maior biblioteca,
com destaque para a iconografia. Fico a sonhar que seja esse apenas o início
de um trabalho maior, no qual se recolha a grande quantidade de imagens,
desenhadas, pintadas e impressas, produzidas em nosso país ou tendo ele na
lembrança, sobre os africanos e seus primeiros descendentes crioulos. Essa
riqueza iconográfica, que nos ajuda até mesmo a reconstituir as paisagens
humanas das várias Áfricas de onde vieram os negros para o Brasil, contrasta
com a penúria de relatos autobiográficos de escravos e ex-escravos e, em
certa medida, a compensa. Tenho a nossa situação por inversa da
prevalecente nos Estados Unidos, onde são parcas as imagens de escravos
que continuavam a vestir-se e a comportar-se como africanos, mas são quase
incontáveis os testemunhos e os livros de memória dos que sofreram a
escravidão, complementados pelos numerosos diários de senhores de
escravos, nos quais se descreve, muitas vezes com minúcia, o dia-a-dia
daqueles de quem se tinham por donos.
Quero crer que o século XIX de Lília Moritz Schwarcz
começa em 1755, com o terremoto de Lisboa, e imagino que termine com a
morte de Machado de Assis. Por esses demorados anos, ela passeia com o
desembaraço de quem, na rua, está em casa. Sabe como se passam a ferro as
casacas e se apertam os espartilhos; identifica os pregões matutinos; conhece
os autores dos sueltos e dos pasquins; e estenderia a mão para o tabuleiro da
vendedora de laranjas, se não soubesse, inconformada, ser impossível retirar
a fruta, redonda e palpável, de uma gravura colorida ou da página de um livro.
Todos sofremos a angústia de Proust: por mais bela e perfeita, a recordação
não substitui o tempo perdido. Mas o historiador conhece um impasse ainda
maior: o de tentar refazer o tempo dos outros, um passado que não foi
pessoalmente o seu. É nessa tarefa impossível que reside, contudo, o fascínio
do ofício.
Não lhe basta evocar o passado. Cabe-lhe desenhá-lo com
palavras e encher os espaços vazios com simulações de volumes, cores e
movimento, de modo a desatar a imaginação do leitor e conceder-lhe uma
impressão de intimidade com um tempo que se foi e do qual nossos sentidos
só conhecem algumas sobras. O que lhe pedem é imite a vida. E que empreste
a essa imitação ordem, coerência e rumo, a partir do fragmentário, do
incompleto, do contraditório e do escasso. E isso fez com maestria e
encantamento Lília Moritz Schwarcz, e não só em As barbas do Imperador e
A longa viagem da biblioteca dos reis, mas também em O espetáculo das
raças, ao descrever e analisar criticamente as confluências e os desencontros
11 Encontra-se no prelo livro sobre o tema (O sol do Brasil. São Paulo, Companhia
das Letras, 2008). Também em 2008 deverão ser realizadas duas exposições acer-
ca da obra de Nicolas-Antoine Taunay: uma no Museu de Belas-Artes do Rio de
Janeiro (entre maio e junho) e outra na Pinacoteca do Estado de São Paulo (entre
julho e agosto).
12 Fazem parte da equipe, também, Lúcia Garcia (minha colega, colaboradora e
co-autora há mais de sete anos) e Paola Hehl. Incluem-se ainda na Comissão Ágata
Messina e Paulo Bastos.
brasileira é feita desse contraste tenso entre um modelo comum (que nos une
de certa maneira ao concerto das nações), mas uma realidade que por
definição é sempre particular. Penso aqui em diálogo, mais uma vez, o que
implica não só a idéia da harmonia, mas antes a constatação da ambivalência
e de muita tensão.
O tema que selecionei é, pois, um tributo ao trabalho conjunto, mas
também ao trabalho feita a partir de pistas e camadas. É nas camadas deixadas
pelos historiadores do IHGB que me movimento, para repensar minhas
próprias pegadas. O assunto é também ‘melancólico’, e levará a perceber que
o destino dos integrantes dessa “colônia francesa” não foi tão glorioso ou
pautado por objetivos grandiloqüentes; ao contrário, mostrou-se frágil; como
são pragmáticas, muitas vezes, as decisões do dia-a-dia. Por fim, o assunto
permite retomar uma reflexão constante de nossa historiografia que sempre
teve que se haver com o debate que se estabelece entre modelos de “fora” e
modelos de “dentro” e ainda mais quando se sabe que o “fora” pode ser dentro
e o “dentro” é também fora.13
Em questão está a idéia da tradução e do ajuste e a noção de que a
memória seleciona e altera. Como veremos, nossos artistas estavam diante de
um difícil exercício de adaptação. Esses eram trópicos difíceis quando não
improváveis.
Uma bela coincidência
De um lado, imagine-se uma série de artistas formados na Academia
de Arte Francesa, no mais estrito estilo neoclássico, vinculados às lides do
Estado napoleônico e inesperadamente desempregados. De outro, uma Corte
européia estacionada nos trópicos desde 1808; transmigrada por conta da
eminência da invasão dos exércitos de Junot a Lisboa; distante, portanto, da
metrópole e carente de uma representação oficial. Foi, dessa maneira, e a
partir da conjunção de duas situações aparentemente distintas que se
conformou aquela, que é conhecida no Brasil como a Missão Artística
Francesa de 1816. A coincidência de interesses fez com que a bibliografia
colocasse na iniciativa palaciana a intenção do projeto como se fosse uma
colônia francesa não era tão coesa como procurava se apresentar. Não se sabe
ao certo a data de tais missivas, mas o que, sim, se sabe é que Nicolas oferece
seus serviços como progenitor dos filhos de d. João e de d. Carlota e ainda tem
tempo de brincar com seus sessenta anos feitos e sua idade (60 anos), dizendo
que não oferecia qualquer perigo às princesas.
“Senhor,
Dois amores tomaram conta de todas as faculdades de minha alma.
Um, me leva a desejar ser o testemunho feliz dos atos diários de sua
Augusta e Divina Presença. Outro, me deixa escravo da Pintura e
me mantém atado ao meu cavalete, onde o meu nobre trabalho me
deixa digno da sua honrosa proteção. Vossa Majestade, cujos
talentos e sabedoria souberam conciliar os interesses de
importância muito maior, pode na sua bondade realizar todos os
desejos de meu coração ao me permitir dedicar-me ao seu serviço e
àquele de sua augusta família, seja na qualidade de professor de
desenho dos príncipes ou das princesas, a quem os meus cabelos
brancos me permitem chegar perto; seja ao me dar o cargo de
conservador dos seus quadros, estátuas etc., etc., etc. Com a idade
de 60 anos, pai de uma família numerosa, achei-me no meu país,
vítima de uma revolução cuja agitação crescente eliminou a minha
modesta fortuna.
Assustado sobretudo pela última invasão de Paris, todas as minhas
esperanças se dirigem ao asilo que Vossa Majestade escolheu para si
mesma na sabedoria de suas concepções (...) Taunay, Peintre,
membre de l’ Institut Royal de France.” 15
A simpatia e a subserviência presentes no estilo da carta, assim como a
tentativa de jogar tudo para a esfera pessoal, quem sabe possam ajudar a
iluminar um pouco os impasses da situação que, como vimos, andava
bastante tensa. Taunay, em primeiro lugar, apresentava-se como pintor, e é
sob essa condição que pedia a proteção de d. João. Não há como saber se a
carta é anterior à vinda do pintor, ou se, ao contrário, foi entregue
pessoalmente – e em mãos — já no Rio de Janeiro, quando Nicolas procurava
garantir seu emprego. O fato é que nelas, o velho artista avaliava não existir
qualquer perigo em seu possível emprego ou em sua antiga filiação política.
Um “passado irreprovável”; eis a expressão utilizada por Nicolas, que
procurava jogar seu pedido para a ordem da intimidade e desvincular-se de
qualquer laço com a política francesa, a qual, com certeza, desagradaria ao
monarca português.
Isolado na França, por conta de sua proximidade com as lides de
Napoleão, Taunay traçava, ainda, um paralelo com a situação vivenciada pelo
príncipe de Portugal: também uma espécie de exilado em seu domínio
americano. D. João, que residia há oito anos no Rio de Janeiro, já se habituara
aos trópicos e a viver longe da guerra européia. Experimentava uma situação
transitória, negada pela estadia que se prolongava; muito mais do que
esperariam – e gostariam – seus súditos da metrópole. Já estamos em 1816, e
o príncipe, auxiliado por seus ministros de Estado, recriara na colônia,
elevada à condição de Reino Unido em 1815, as grandes estruturas da
metrópole.
É preciso pensar, assim, na incompatibilidade entre o que a
correspondência de Taunay deixa transparecer e o que parte da nossa
historiografia nacional legou. Se nos fiarmos na carta enviada por Nicolas ao
regente português, parece que o artista teria vindo sozinho e por iniciativa
própria; no máximo acompanhado de sua família. Além do mais, e ao que
tudo indica, pagou do próprio bolso para viajar até o Brasil. Tal versão em
nada combina com o episódio largamente divulgado em nossos compêndios
de história, que descrevem as virtudes e a proeminência do governo de d.
João, que teria expressamente encomendado uma “Missão artística” em
1816; responsável pela entrada de um grupo de artistas franceses, que
aportava com o objetivo de fundar uma Academia de Artes no Brasil. Aí
estariam pintores, escultores, gravadores, arquitetos e entre eles se incluiria
Nicolas Taunay; ex-pensionista da Academia Francesa em Roma, assíduo
freqüentador dos Salons, membro do Instituto de França e um dos pintores
oficiais do Império durante o apogeu do período napoleônico.
Não se quer dizer que os artistas não tenham chegado juntos. Também
não há como negar que o grupo foi amparado pelo príncipe no momento em
que aportou no Rio de Janeiro, em 1816. Mas temos elementos para
desconfiar das concepções que dão à “Missão” um objetivo direto, que por
certo não tinha, mas trataria de alcançar.
Por outro lado, há que se perguntar por que d. João contrataria pintores
franceses para representar o Brasil; justamente artistas outrora acostumados a
trabalhar com seu ex-inimigo: Napoleão Bonaparte. Afinal, na assim
chamada “missão” estavam Lebreton (o líder do grupo e também ex-diretor
do Louvre e do Instituto de França, recentemente deposto), Debret (primo de
David – o pintor oficial do Império – e seu colega de ateliê), Grandjean de
Montigny (arquiteto do irmão mais novo de Napoleão), entre outros.16 O
grupo era, portanto, bastante “armado” e afinado com uma posição política
que, apesar dessas alturas não meter mais medo em ninguém, bem que
poderia desagradar o regente.
Outra dúvida óbvia: por que não contratar pintores italianos, ingleses,
holandeses ou até mesmo portugueses – igualmente à disposição? Se os
franceses eram os mais estimados nesse mercado das artes, alguns pintores
portugueses poderiam ter aportado junto com a corte assim como fizeram
músicos e artistas de teatro da metrópole. E ainda, por que o regente gastaria
sua verba com autores pouco habituados aos trópicos? Taunay, por exemplo,
sempre lamentou sua dificuldade em lidar com o novo ambiente. Dizia não
entender a escravidão (apesar dele próprio ter adquirido três escravos);
insistia que não conseguia captar a luz do país – o sol do Brasil –; ou mesmo
que o céu do Rio de Janeiro era impossível de retratar. Enfim, Nicolas
“reclamava do Brasil”.
Ao que tudo indica o grupo se autoconvidou; ou melhor essa foi uma
iniciativa dos artistas franceses, apoiada pela corte portuguesa residente em
Paris e que só se tornaria oficial quando, efetivamente, chegou ao Brasil.
Afinal, a situação dos participantes do grupo não era das mais fáceis:
Lebreton perdera o emprego no Louvre e no Instituto, onde ocupava o
importante cargo de presidente da classe de Literatura e membro da classe de
Belas-Artes; Debret vira seu primo ser exilado na Bélgica, perdera seu cargo
no ateliê de David e vira seu único filho falecer; Montigny fora demitido de
sua posição como arquiteto na corte da Westfália, onde reinava o histriônico
irmão mais novo de Napoleão e se Taunay não fora afastado de seu posto no
Institut de France, sofria com a situação – vira seus clientes sumir clientes,
consumira seu patrimônio e temia ser demitido de seu lugar na Instituição,
onde era vice-presidente da classe de Belas-Artes.
17 Ofício n, 21, 3 de outubro de 1815, Arquivo Nacional Torre do Tombo. Vide, tam-
bém, Dias, Elaine. Op.cit: 28 e Dias, Elaine. “Correspondências entre Joachim Le
Breton e a corte portuguesa na Europa. O nascimento da missão artística de 1816”.
In Anais do Museu Paulista. História e cultura material volume 14, número 2, São
Paulo, Universidade de São Paulo, jul.-dez. 2006 e Ofício, no. 30, 9 de dezembro de
1815, ANTT. In Dias, Elaine: 31-2.
18 Humboldt, Alexandre de. Essai politique sur lê royame de La Nouvelle-Espagne.
Paris, Chez F. Schoell, 1811: 1818-9.
20 Brasil. Coleção das leis do Brasil. 1816-17. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,
1890, p.77. AN
21 Ver Bittencourt, José Neves. “Território largo e profundo. Os acervos dos museus
do Rio de Janeiro como representação do Estado Imperial”. Niterói, Instituto de
Ciências Humanas e Filosofia, Universidade, Federal Fluminense, 1997, tese de
doutorado. E Bittencourt, José Neves. “Da Europa possível ao Brasil aceitável. A
construção do imaginário nacional na conjuntura e formação do Estado Imperial:
1808-1850”. Niterói. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Curso de pós-gra-
duação em História, Universidade Federal Fluminense, 1988, dissertação de mes-
trado, 1988: 33-36.
22 Neves, op.cit:119.
composta por simpatizantes de Bonaparte não seria recebida com bons olhos,
apesar do perfil moderado de seus membros. E se o primeiro acolhimento
pareceu caloroso, o tempo faria esfriar as reações e jogaria os mestres no
ostracismo; situação que ficaria ainda mais conturbada com a volta de d. João
VI a Portugal, que levou consigo uma parte da Corte, em 1821. O primeiro a
retornar seria o gravador Pradier em 1818 – alegando falta de material e de
condições para exercer sua prática –, seguido de Nicolas Taunay em 1821 e
finalmente de Debret em 1831. Só Montigny e Auguste ficariam nos trópicos
e por aqui morreriam.
Nicolas Antoine Taunay: o David das pequenas obras ou natureza
combina com nacionalidade
Vale a pena, porém, entender essa “tradução” dos artistas
napoleônicos, em solo americano, a partir da trajetória de um pintor em
particular. Voltemos assim ao ano de 1815, momento em que Nicolas
Antoine Taunay, artista da academia francesa redige uma petição ao príncipe
d. João, separando-se, nesse contexto, do grupo de artistas franceses, ao qual
estaria, no futuro próximo, bem vinculado.
Como vimos, a correspondência trocada entre o pintor e a
realeza portuguesa não pára por aí 24. Taunay escreve ainda uma vez a d. João
e o mesmo tom, de respeito e súplica, é repetido na carta endereçada à
princesa Carlota Joaquina. Aí está a demonstração de humildade e
cumplicidade de um artista até então vinculado às lides napoleônicas da
Academia francesa – momentaneamente transformada em Instituto – e que
nesse momento nega ou omite a existência de qualquer missão artística
francesa.
Não obstante, diferente do que deixam transparecer as duas
cartas, Taunay não viria sozinho. Se, ao que tudo indica pagou do próprio
bolso para chegar até o Brasil, o fato é que, no final das contas, acompanharia
o grupo de artistas franceses que, tendo chegado ao Brasil em 1816, tinha
como projeto criar uma iconografia oficial – a um só tempo européia na
civilização e tropical em sua natureza – e conformar uma Academia
brasileira. Como vimos, composta majoritariamente de artistas associados ao
Império de Napoleão, a missão era constituída de uma série de artistas e
24 Mello Junior, Donato. “Nicolau Antonio Taunay e a Missão Artística Francesa de
1816” . In: RIHGB, v. 327, 1980, p. 14.
era na condição de protegido que merecia sua posição. Taunay parte para a
Itália, onde permaneceria por três anos, até o fim de 1787.
Chegando em Roma, Taunay logo se depara com o sucesso e a
influência que David exercia naquele momento. A partir de então tem início a
sua relação um tanto ambivalente com o artista: sem se submeter à tirania do
pintor – que impôs a volta à Antigüidade, a cópia das obras de Rafael e a
supremacia das telas históricas – Taunay não passaria impune à voga
neoclássica ditada por David e seu grupo. De toda maneira, aproveitou a
estada em Roma para visitar monumentos e galerias, observando e copiando,
conforme as regras da Escola que agora freqüentava. Também enviava a cada
ano uma pintura de sua autoria, mas segundo registros da escola, não passara
dos “segundos prêmios”. Por essas e por outras é que o diretor pressionava o
conde, dizendo que talvez fosse hora do “Sr. Taunay partir”. Dizia mais; que
só os pintores de história tinham direito a permanecer quatro anos, e que esse
não era o caso de Taunay.
Em 1787, ainda na Itália, expôs pela primeira vez no Salon
Oficial, concorrendo mais tarde nas exposições de 1789, 1791, 1793. Os
numerosos quadros apresentados lhe garantiram a reputação de consumado
paisagista das pequenas telas; sua grande especialidade. A crítica lhe era na
maior parte favorável, no entanto, diante da nova orientação – que David e
sua escola começavam impor –, ninguém parecia prestar atenção ao que não
fosse grego ou romano.27 Começava então o triunfo absoluto dos davidianos;
triunfo esse que a Revolução consagraria. Além do mais, para infelicidade de
nosso pintor, nesse contexto, a paisagem e a pintura de gênero (praticadas por
Taunay) eram tidas como inferiores, sobretudo quando comparadas às
mitológicas ou históricas. Mas o fato é que Taunay manifestava apreciar as
cores da Itália; cores que exportaria para todas as suas telas.
E se Nicolas Taunay relutou em acompanhar cegamente a nova
tendência, não podia deixar de dar-lhe alguma atenção, para não incorrer no
desagrado dos apaixonados pela pintura de David ou contar com perseguição
interna.28 Mas a Academia vivia uma situação de desmantelo e a conturbação
que antecedeu à Revolução chegava perto da escola de Roma, também.
Por sua vez, depois de ter viajado pela Itália – por Nápoles, Sicília,
Florença, Piza, Siena, Bolonha – o pintor voltava a Paris para encontrar o
irmão e a noiva, que, por ser proveniente de uma família abastada, garantiria
mais segurança para esse artista que até no contrato de casamento assinava
“pintor do rei e de sua Academia”.
E, mesmo apresentando um certo ecletismo de estilos e gêneros,
Taunay começava a ganhar renome na capital francesa e no mundo das artes.
No salão de 1789, por exemplo, apesar dos jornais se dedicarem mais ao feito
político da queda da Bastilha, existem notas sobre as obras do artista; mais
especialmente acerca dos quadros Henrique IV e Missa Campal.29
Em 1791, as telas de Taunay figuraram na exposição da Academia
Real, que passara a ser denominada de “Central” ao invés de “Real” – e não
contava mais com a direção de d’Angeviller, que, receoso, emigrara para a
Rússia. A discórdia também chegava ao mundo das artes, com a batalha
encetada pelo grupo de David contra a Academia. Mesmo assim, Taunay
concorreu com sete telas, que atendiam aos gêneros em voga, tendo recebido
vários prêmios. Tentava manter-se a meio do caminho; sem acompanhar as
ordens davidianas, fazia concessões e produzia telas mais históricas. Mas tal
guinada não foi suficiente para livrá-lo da má vontade dos contemporâneos,
que o vinculavam a d’Angeviller e ao desacreditado gênero da paisagem.
Apesar de tudo, em 1792, junto com David, Taunay faz parte de uma
comissão de artistas eleitos em 1791, com o fim de distribuir prêmios
concedidos pela Assembléia Nacional. Taunay se mantinha, pois, no meio-fio
e ainda recebia três mil francos como recompensa por seu trabalho: um
grande prêmio para um mero pintor de paisagens que não retratava
atenienses, troianos ou cartagineses.
No entanto, ao mesmo tempo em que começava o período do Terror,
aumentava a “ditadura das artes” de David. Onipotente, passou a perseguir
artistas que não eram de seu círculo, como é o caso de seu ex-amigo Hubert
Robert, a quem fez encarcerar por “atentado de civismo”.
A 10 de agosto de 1793, em pleno período do Terror, dá-se a
inauguração da “Comuna Geral das Artes” e, como sabemos, a própria
estrutura da Academia começava a mudar com os novos rumos da revolução.
Era a arte que se punha à disposição da política e mostrava suas amarras:
29 Bittencourt, op.cit: 1967:30.
30 Para um ótimo apanhado das obras de Taunay, ver o catálogo elaborado por Clau-
dine Lebrun Jouve. Nicolas-Antoine Taunay. Paris, Arthena, 2003.
31 Taunay, 1956:158.
mobilizava Taunay, nesse momento, não era sua licença de seis anos, mas a
possibilidade de voltar a Paris.33
Mesmo longe, enviou um quadro para participar do salão de 1819.
Nele o motivo bíblico – A pregação de São João Batista – era idealizado em
meio à paisagem brasileira. O tema era clássico, mas a decoração trazia a
novidade dos trópicos. A crítica não foi, porém, das mais favoráveis dessa
vez. Taunay, que, ao que tudo indica se vira e forçado a abandonar o quadro
por falta de cores – artigo que escasseava e era de má qualidade no Rio de
Janeiro –, foi considerado “pouco tropical” pela crítica favorável à voga
romântica nesse contexto; e por demais exótico pelos colegas do Instituto
que, justamente temiam o papel dos românticos como Delacroix. A tela lhe
valeu, porém, a Legião de Honra, ofertada pelo próprio Luiz XVIII. Aí estava
um ticket de volta para a pátria francesa. Por sinal, Nicolas não perdia o
contato com a França e com o Instituto para quem ofertou, em 10 de maio de
1818, três quadros sobre o Rio de Janeiro. Nas telas, o Brasil figurava por
meio de sua vegetação ou até no motivo bíblico. Mas se apresentava artificial.
Era a ambivalência de Taunay que aqui não se considerava um artista
brasileiro, como Debret, que assumia uma espécie de posto não oficial de
pintor da corte, e na França, por mais que quisesse, não era entendido como
tal. Nicolas andava mesmo entre dois mundos, sem pertencer de fato a
nenhum.
Diferente de outros artistas do grupo — como, por exemplo, Jean
Baptista Debret –, Taunay não parecia interessado em documentar a Corte
brasileira. Se esse tivesse sido seu objetivo, sua atividade poderia ser
considerada como um grande e retumbante fracasso. Bem que o viajante
Jacques Arago tentou alertar Taunay acerca da falta de clientes para as suas
telas de paisagem: “Eu perguntei muitas vezes ao pintor M. Taunay por que
ele fazia nos seus quadros um dia mais risonho que o outro, e por que ele
colocava o tabaco sobre o nariz: vinte retratos de uma proximidade marcante
foram recusados por essa razão”.34 Taunay parecia mais interessado, pois, nas
suas próprias idiossincrasias e em ajustar suas lentes, adaptando a formação
que tinha, como pintor neoclássico, à realidade que, de fato, encontrou.
seu ateliê numerosos quadros, uns acabados e outros por acabar, quando, em
princípio de março viu-se obrigado a recolher-se ao leito; vindo a falecer em
20 de março, à rua Vaugirard, nº 35.36
Faleceria com os pincéis na mão e mantendo coerência com os
princípios do neoclassicismo que sempre praticou. Charles Blanc, crítico de
arte e admirador da obra de Taunay, o teria chamado, em um discurso
póstumo, de “David dos pequenos quadros”. Elogio de época, o apelido
demonstra mais: os vínculos com um modelo que aliou a pintura pictórica
com a representação do próprio Estado; seja no Brasil, seja na pátria francesa.
Sobre o mal-entendido: modelos e cópias
A produção de Taunay é imensa, uma vez que o artista pintou por mais
de sessenta anos. Não é exagero supor que tenha legado mais de setecentos
quadros. Segundo levantamento de Afonso Taunay37, a distribuição das obras
conhecidas – 576 – seria a seguinte: paisagens e cenas brasileiras – 35;
quadros napoleônicos e revolucionários – 50; quadros históricos – 35;
quadros sobre assuntos literários – 22; cenas bíblicas – 44; cenas mitológicas
– 17; cenas antigas – 12; cenas orientais – 8; cenas militares – 41; cenas
italianas – 37; cenas feirais – 41; cenas campestres e pastoris – 45; quadros
anedóticos – 71; vistas da Itália – 29; Vistas da França e da Suíça – 30;
marinhas – 25; retratos – 22; diversos – 12. Isso sem contar os desenhos e
guaches também produzidos pelo pintor.
Durante sua permanência no Rio, realizou vários quadros, — temas
anedóticos, bíblicos, mitológicos, históricos, retratos infantis, além de muitas
paisagens e vários quadros que lhe foram encomendados por particulares. Em
função da variedade de assuntos tratados, Taunay pode ser definido tanto
como paisagista, quanto como pintor de história, de batalhas e de gênero. No
entanto, e a despeito desse perfil versátil, Taunay ficou lembrado, sobretudo,
como um pintor de paisagem e de história. Nele, a grandiosidade da
Revolução Francesa combinou com a pujança da natureza americana; única
maneira de conciliar tais valores com a realidade que aqui encontrou, quando
desembarcou junto com a Missão. O neoclassicismo se introduzia no Brasil e,
na falta de material, técnicos e profissionais acabava por resignificar tudo: os
auxiliares eram escravos, mármores e granitos eram substituídos por
36 Após sua morte, sua mulher retornaria ao Brasil, onde já se encontravam os filhos.
37 Taunay, op.cit. 197.
38 Naves, Rodrigo. A forma difícil. Ensaios sobre arte brasileira. São Paulo, Ática,
1996.
39 Lévi-Strauss, Claude. Tristes trópicos. São Paulo, Companhia das Letras, 2000.
40 Paralelo com a frase do belo livro de Naves, Rodrigo. A forma difícil, Ática, 1996.
vizinhança e pela história, levou-o a lecionar, por dez anos, no Instituto Rio
Branco – estabelecimento de ensino responsável, no Ministério das Relações
Exteriores, por formar gerações de diplomatas que representam uma elite
incontestável do funcionalismo público brasileiro.
Na docência, o padre Aleixo também se cingiu à obediência estrita ao
carisma de sua ordem, quando, pela urgência apostólica de empenhar-se no
campo educativo, muitos jesuítas se tornam estáveis nas universidades e nos
colégios, não obstante a vocação à mobilidade missionária.
Como diplomata de carreira, devo recordar o estudo publicado por
José Carlos Aleixo na Revista Brasileira de Estudos Políticos, consolidando
trabalhos anteriores, sobre os “Fundamentos e linhas gerais da política
externa do Brasil”, no qual o autor assim estabelece as linhas mestras da nossa
política externa: “A chancelaria brasileira procura evitar os extremos de
fórmulas gerais e acabadas, e os casuísmos inconsistentes. Afirma a possível
compatibilização dos interesses das nações. Dentro dos princípios gerais,
busca acordos concretos, viáveis e mutuamente benéficos para as partes.
Advoga o respeito pleno à individualidade dos parceiros e a compreensão de
suas realidades específicas. Nega, na análise de problemas alheios, qualquer
pretensão de juiz ou mestre. Rejeita a visão política internacional como um
jogo de poder. Não preconiza formas abstratas de equilíbrio, constituição de
blocos, confrontações ou reducionismo ideológicos”. Dessa forma, o
professor Aleixo salienta a perspectiva moral que tem fundamentado, ao
longo da história, a concepção, o planejamento e a implementação da política
externa posta em prática pelo Brasil – postura não habitual na luta pelo poder
político, econômico e militar habitualmente travada no mundo. Mas, também
com conhecimento de causa, posso apontar o exemplo mais completo de
visão ética da política internacional que pude testemunhar em minha longa
trajetória profissional: o da diplomacia da Santa Sé, que não promove e
protege os interesses de um Estado, e sim os da humanidade como um todo;
nem apenas a comunidade católica no mundo, porém os direitos humanos em
geral.
Cumpre salientar, aqui, certa afinidade entre a vocação laica dos
diplomatas e aquela, religiosa, da Companhia de Jesus. Como diplomatas,
devemos estar sempre prontos a servir onde nossa presença seja necessária
para expor e defender os interesses do país que nos envia, assim como a
universalidade dos jesuítas os torna disponíveis a serem mandados a qualquer
parte do mundo onde sua atividade resulte na maior glória de Deus, no serviço
mais completo do próximo, no bem comum mais universal. Um apóstolo
como Francisco Xavier foi missionário do papa no oriente, mas acumulava
com essa missão a de embaixador do rei de Portugal. Deixo a terceiros a
ousadia de concluírem que os diplomatas são os jesuítas do serviço público.
Mas uns e outros, por definição, devem propugnar e trabalhar pela paz que
Jesus legou à humanidade como o seu maior dom.
José Carlos Aleixo, no curso de profícua atividade como historiador,
tem-se detido particularmente no tema da integração continental, partindo do
Congresso Anfictiônico do Panamá, reunido em 1826. Ao Congresso
compareceram representantes da Colômbia, México, Peru e América Central.
A Grã-Colômbia, naquele tempo, incluía as atuais repúblicas da Colômbia,
Panamá, Venezuela e Equador, e a América Central englobava Costa Rica, El
Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua de hoje. O Brasil dele não
chegou a participar, embora haja designado um representante, e o mesmo se
passou com os Estados Unidos.
Eram compreensíveis as desconfianças que opunham, na ocasião,
Simón Bolívar ao Império encabeçado por D. Pedro I, filho da rainha
espanhola Carlota Joaquina, contra cujo pai, o monarca absolutista Fernando
VII, se levantara em armas o Libertador. Em carta de 1825 para Santander, na
Colômbia, citada por Aleixo em sua Visão e atuação internacional de Simón
Bolívar, este afirma ter sabido que “os espanhóis se haviam posto de acordo
com aquele príncipe (D. Pedro) para ligar seus interesses sob os auspícios da
legitimidade”. Bolívar temia os vínculos monárquicos familiares da Santa
Aliança com o imperador do Brasil. Mas, nos últimos anos de vida, tal atitude
se havia modificado. Em 1827, ele ponderou a Sucre, então presidente da
Bolívia: “Aconselho-lhe que, por todos os meios decorosos, trate de obter e
conservar boa harmonia com o governo brasileiro. A política o exige, e o
exigem os interesses, da Bolívia em particular, e da América em geral. Nada
nos importa sua forma de governo, o que nos importa é sua amizade e esta
será mais estável quanto mais concentrado seja seu sistema.”
Pouco antes da morte, em 1830, Simón Bolívar diria ao ministro
brasileiro em Bogotá: “A missão de que vindes encarregado por parte de Sua
Majestade o imperador do Brasil, junto ao governo da Colômbia, me enche de
satisfação, porque ela será um vínculo de amizade entre ambas as nações. O
Império do Brasil, recentemente criado por seu ilustre monarca, é uma das
4 CAMPOS, Raul Adalberto de. Op cit. p. 156; Diário Oficial. Rio de Janeiro,
19-01-1910, p. 491
5 Coleção de Tratados, Convenções, Contratos e Atos públicos celebrados entre a
Coroa de Portugal e as mais potências desde 1640 até ao presente. Lisboa –
Imprensa nacional. 1856. 8 volumes – 4º vol. p. 35 e 37. Ver também: CORTESÃO,
11 Coleção das Leis do Império do Brasil de 1826. Parte primeira. Rio de Janeiro,
Tipografia Nacional, 1880, p. 6 e 7.
12 CALMON, Pedro. História do Brasil, Rio de Janeiro, José Olympio, 1971, 3ª ed.
vol. V. O Império e a ordem Liberal, p. 1987-9. O autor, particularmente na nota nº
12, cita numerosos trabalhos relevantes sobre o tema; FERREIRA REIS, Arthur
Cezar. “Primeiras Manifestações Panamericanistas do Brasil”. Revista do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, vol. 215: 168-182, abr. jun. 1952;
ALEIXO, José Carlos Brandi. Brasil y el Congreso Anfictiónico de Panamá de
1826. São Paulo. Parlamento Latino Americano. 2001, p. 23-24; 45, nota 43.
13 ESCUDERO GUZMAN, Julio. “Las Actas extraviadas del Congreso de Panamá de
1826". Anales de la Facultad de Ciencias Jurídicas y Sociales de la Universidad de
Chile, vol. X (nos 37 a 40, en-dic. de 1944, p. 65-67); ”El Canciller Aranha y el Dr.
Calmón fueron recibidos en Fac. de Derecho". El Diario Ilustrado. Santiago de
Chile, 19-11-1941, p. 11.
3) Século XX
Nos começos deste século, o Brasil se encontrava em um período
particularmente feliz de sua história. A encantadora cidade do Rio de Janeiro
estava saneada, graças ao serviço competente do singular médico Osvaldo
Cruz (1872-1917).14 A República, proclamada em 1889, consolidava-se.
Suas fronteiras estavam já estabelecidas ou em processo de rápida definição
devido, particularmente, ao prodigioso labor do Chanceler Barão do Rio
Branco. Favorável à nomeação de Cardeais do Brasil e da América de Língua
Castelhana, suas gestões contribuíram para que, em 1905, o arcebispo do Rio
de Janeiro, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1850,
Pesqueira – 1930, Rio de Janeiro), recebesse a púrpura.
Neste contexto aconteceram no Rio de Janeiro dois históricos eventos:
de 6 a 16 de agosto de 1905, o Terceiro Congresso Científico
Latino-Americano (precedido pelos de Buenos Aires em 1898 e de
Montevidéu em 1901);15 e, de 23 de julho a 27 de agosto de 1906, a Terceira
Conferência Internacional Americana. Sobretudo neste último encontro
houve notável presença de Cuba, Panamá e dos cinco países da América
Central.
Nas Delegações dos países visitantes havia vários nomes de pessoas
que já eram ou seriam em breve famosas. São exemplos: o grande poeta da
Nicarágua Rubén Darío; o ex-Presidente da Costa Rica Ascensión Esquivel;
14 “Uma capital renovada pela arte urbanística e pelos serviços de saúde pública
hospedava, nesse momento [1906], aos representantes estrangeiros, antes temerosos
da febre amarela e da varíola, que faziam do Rio de Janeiro um espantalho. A
política externa e a política interna se ajustavam agora e uma vivia do prestígio da
outra”. LINS, Alvaro. Rio Branco. Biografia. São Paulo, Alfa-Omega, 1996, p. 338.
15 BUENO, Clodoaldo. Política Externa da primeira República. Os anos do apogeu
de 1902 a 1918. São Paulo. Paz e Terra, cap. VIII. Falando por si mesmo, p. 347-52.
19 DARÍO, Rubén. Fontoura Xavier. In: Algo de Rubén Darío sobre Brasil. Rio de
Janeiro. Embaixada da Nicarágua, 1960, p. 23-6. Organização do Embaixador
Justino Sansón Balladares. O texto em português encontra-se em: 1) Presença do
Brasil na obra de Rubén Darío. Brasília, Embaixada de Nicarágua, 1985, p. 25-30.
Organização do Embaixador Ernesto Gutierrez. 2) FONTOURA XAVIER, Antônio
da. Opalas. Rio de Janeiro, Gráfica Sauer, 1928, 4ª ed. p. 199-209. 3) Semblanzas II,
850.
20 DARÍO, Rubén. Graça Aranha. Artigo escrito em Paris, em outubro de 1911. La
Nación, Buenos Aires, 27-10-1911 p. 6. Dispersos de Rubén Darío. Recogidos de
Periódicos de Buenos Aires. Edición, compilación y notas de Pedro Luis Barcia.
Universidad Nacional de La Plata, 1977, p. 245. Graça Aranha recebeu, antes de
viajar a Cuba, destinação diferente.
21 DARÍO, Rubén. Fontoura Xavier. In: Algo de Rubén Darío sobre Brasil. Op. cit. p.
23 e 33.
22 DARÍO, Rubén. Balada de la bella niña del Brasil. In: 1) Elegâncias, Paris,
diciembre de 1911. Acompanham a poesia uma dedicatória de Rubén Darío a Anna
Margarida e uma fotografia dela (ver: ELLlSON, Fred P. “Rubén Darío and Brazil”,
In: HISPANIA, 1964, vol. XLVII, nº 1, p.28 e 35); 2) Revista Americana, Rio de
Janeiro. VIII, abr.mai.jun.1912, p. 641-2; 3) Obras Completas. Buenos Aires.
Anaconda, 1952, p. 201; 4) Algo de Rubén Darío sobre Brasil – Rio de Janeiro,
Embaixada da Nicarágua, 1960 p. 47-48. Org. do Emb. Justino Sanson Balladares;
5) Em português, em: Presença do Brasil na obra de Rubén Dario, Brasília,
Embaixada de Nicarágua, 1985 p. 12-13. Org. do Embaixador Ernesto Gutierrez.
...
Jean-Pierre Blay
13 Na América do Sul havia, nos anos vinte, três hipódromos com pista de gramado:
Santiago e Viña del Mar no Chile e Santa Beatriz no Peru. O hipódromo da Gávea é
dotado de uma dupla pista, gramado e areia.
14 A tribuna dos sócios tem vestibulo, sala de restaurante, salão das Rosas, espaço
para apostas... quando a tribuna popular é afastada de todas essas comodidades.
15 É a tese defendida por Jeffrey Needell, que relaciona a criação dos clubes ao dese-
jo de estabelecimento de um convívio social da elite.
diretoria do Flamengo passa, não pela assimilação do clube por empatia, mas
por adesão de novos sócios recrutados por cartas-circulares, onde o clube
pede aos titulares de uma carta para matricular esposa e crianças. As
atividades fisicas beneficiam-se então de um ensino, adaptadas a uma
sociabilidade familiar31. Assim, a prática esportiva passa de uma freqüência
dominical a cotidiana, criando ruptura nos hábitos dos sócios que exigiam um
novo lugar para praticar todos os esportes. Em 1922, nasceu o projeto de sede
social na Gávea, que marca inicialmente a paisagem, e depois ganha uma
dimensão de “lugar de memória”, quando as lembranças transmitidas pelos
sócios fundadores e outros testemunhos do tempos pioneiros desaparecem
das conversas. Na Gávea, uma nova vivência esportiva transforma a cultura
do clube. Aliás, há o clube e há o time; porque se a existência do clube, no
caso do Botafogo e do Vasco de Gama, também se deve ao remo, no
Flamengo o crescimento deve tudo ao futebol.
Efetivamente, o surgimento do futebol não se opera na mesmas
condições em toda a cidade. Assim, no caso do Fluminense Football Club,
trata-se de um projeto pessoal. Oscar Cox e sua turma de amigos fundam o
clube depois daquele existir como time. Eles encontraram a maior dificuldade
para solicitar adversários. A cultura do futebol, tanto em práticas quanto em
representações, era mais visível na comunidade inglesa, de forma que Cox
procurou o Rio Cricket Club, que sediou a primeira partida deste esporte
coletivo em Niterói, a 1º de agosto de 190132. O jogo era ainda confidencial e
os times deveriam resolver, depois de reunir 22 jogadores, o problema do
campo. O Paysandu Cricket Club no Rio serviu para receber o segundo jogo.
A freqüência de encontros motivou a criação do clube, a 21 de julho de 1902,
a fim de dar uma identidade e decidir sobre os símbolos indispensáveis ao
reconhecimento imediato: nome, cor da camisa.
A composição do time de 1902 apóia-se em “dirigentes-jogadores”,
que buscam financiar a locação de um terreno situado no bairro de Botafogo,
na rua Dona Mariana. Finalmente, quatro anos depois, o estádio de
Laranjeiras é o maior do Estado do Rio de Janeiro. Os primeiros encontros
internacionais são programados na presença do presidente da República,
31 Em 1917 era possível praticar: pingue-pongue, patinação, natação, ginástica sue-
ca, escotismo. Uma enfermaria é construída para atender tanto as crianças como os
atletas.
32 O placar foi um empate de 1 a 1. cit. in M. Filho, O negro no futebol brasileiro, Pe-
trópolis, Firmo, 1994.
japonês Geo Amori, que inaugura, em 1930, sua segunda academia de judô (a
primeira foi em São Paulo), na Associação Cristã de Moços, na capital
federal. Em 1936, Agenor “Sinhozinho” Sampaio oferece um modelo mais
brasileiro cujo sucesso é imediato junto à juventude de Ipanema, que
freqüenta, na avenida Vieira Souto, sua sala de Capoeira e pratica o
halterofilismo.
Nos anos quarenta, modela-se a academia atual, onde predomina a
ginástica, em razão de um público inicialmente feminino. A proximidade da
praia e as possibilidades de flerte juvenil não são estrangeiras à necessidade
de imponência física dos jovens que reclamam práticas onde a afirmação da
força seja capaz de traduzir uma certa virilidade. A extensão do número dos
praticantes e os progressos na formação dos professores de educação física
provocam outras evoluções: o recuo dos mestres estrangeiros e a emergência
de um estilo brasileiro baseado mais no estetismo do que na performance
esportiva.
Marcelo Benjamin de Viveiro entra nessa tendência quando abre, em
1946, o Ginásio Força e Saúde, onde propõe um método de reforço corporal
por meio de levantamento de peso, buscando a melhoria plástica e não a
obtenção de recordes de halterofilia48. A revista Força e Saúde difundirá esta
técnica, e os resultados obtidos, depois de treinar leitores totalmente
convertidos ao culturalismo não competitivo. Nísio Dourado, proprietário do
Ginásio Apolo, escolhe um nome para a sua academia totalmente adequado a
este novo público49. Paulo Ernesto Ribeiro e os irmãos Ronaldo e Leônidas
Santana entram no mercado da forma inaugurando o Ginásio de Pesos e
Halteres, em Copacabana50. Mas, na efervescência da demanda social, a
multiplicação dos ginásios traz, a este bairro, a concorrência de Augusto
Cordeiro, que junta a prática do judô ao preparo físico51. Esta
complementação procede de uma reflexão pedagógica instaurada por Enid
Sauer, que leciona aulas de ginástica feminina em várias academias
cariocas52. Quanto à sua colega, Yara Jardim Vaz, ela moderniza o ensino da
ginástica rítmica na sua academia do Leblon53.
Cada vez mais diversificadas em termos de práticas e, pois, abertas à
mistura de sexos e de gerações, esse tipo de instituição aumenta sua rede na
direção dos bairros periféricos (São Cristóvão, Cascadura, Marechal
Hermes...) e nas cidades médias (Niterói, Vitória...).
A presença de especialistas japoneses lança uma verdadeira voga do
judô, permitindo ao Brasil formar seus mestres que, por sua vez, fundam
clubes particulares.Yoshinasa Nagashima ensina desde 1950 na Associação
Atlética Banco do Brasil. Takesshi Ueda funda a Academia de Judô
Ren-Sei-Kan, em 1952. Shunji Hinata abre a Academia Japonesa de Judô na
rua Siqueira Campos, em 1958, e Fumio Miva instala a dele em Niterói, um
ano depois. Se efetivamente o início da década é marcado pelos asiáticos, os
cariocas vêm contestar a superioridade deles a partir de 1954. Georges Mehdi
(de origem francesa) conquista o público de Copacabana, o que obriga
Rudolph Hermany a tentar um espaço em Ipanema54, tendo a concorrência,
em 1956, do Judô Clube Haroldo Brito. Em 1960, Lirton Monassa e
Almerídio de Barros, professores na Escola de Educação Física e Desportes
(na UFRJ), oferecem uma outra modalidade do esporte de luta com o Kobu
Kan da praia de Botafogo, instituíção pioneira na difusão do caratê. Enfim,
William Felippe, formado também em educação fisica na UFRJ, abre em
1963, a Academia Shidokan, na rua Clóvis Beviláqua, na Tijuca.
A partir dos anos setenta, as academias existentes evoluíam
incorporando inovações às atividades físicas básicas. Na dança se enxerta a
aeróbica, na luta, a capoeira, na ginástica, a hidroginástica. Todas as técnicas
de fitness vindas, em sua maioria, dos Estados Unidos, encontram um público
sempre em busca de novidade. Esse crescimento procurou se ajustar às
exigências de uma freguesia bem informada e aos modismos de exercícios
físicos, sobretudo daqueles de conservação plástica localizada (tipo
52 Enid Sauer faz parte da primeira promoção da Escolha Nacional de Educação Fí-
sica e Desportes da Universidade do Brasil (hoje UFRJ) Ele trabalha também na
Associação dos Servidores Civis, para servir à democratização da E.F.
53 Rua Rita Ludolf (inaugurada em 1949).
54 A falta de lugar adequado obriga os promotores do esporte a investir em edifícios
desativados, como o antigo cinema Paz (praça N.S. da Paz, Ipanema), onde Eilthel
Seixas abre uma academia de ginástica e halterofilia.
JPB
.....
III—COMUNICAÇÕES
Origens remotas
Se fôssemos procurar as origens da Casa Ducal de Saxe-Coburg,
teríamos de voltar ao século XI, ao Castelo-Tronco, que ficava junto a Halle,
nas margens do rio Saale, afluente do Elba. Não sendo esse o nosso propósito
neste trabalho, e sim o de analisar as ligações matrimoniais desta linhagem a
partir do século XIX, começamos com a morte do Duque de
Saxe-Coburg-Saalfeld, em 1806. Nessa época estavam as finanças desta casa
ducal arruinadas, não apenas pelos desmandos dos últimos reinantes,
Cristiano Ernesto (morto em 1745) e Francisco Josias (falecido em 1764),
que reinaram em comum. O filho deste último, Ernesto Frederico
(1764-1800) e seu sucessor Francisco Frederico Antônio, que reinou de 1800
a 1806, consumiram as economias ducais. Mas não só eles. As freqüentes
pilhagens, praticadas pelas tropas de Napoleão, com seus movimentos de
vai-e-vem por aquelas paragens e as batalhas perdidas de Jena e Auerstädt
naquele fatídico ano de 1806, agravaram a calamitosa situação, que somente
a Batalha de Leipzig, sete anos depois, pôde desfazer. O completo
restabelecimento, entretanto, só aconteceu, pouco a pouco, depois de
realizado o Congresso de Viena. Assim, o quase morganático casamento do
Duque Fernando com a Princesa Antônia de Kohary, se não se justifica, ao
menos se explica.
Os Oitocentos
O que em séculos anteriores fora quase apanágio da Casa de
Habsburgo, incrementado sobretudo nos últimos tempos pelo todo-poderoso
Metternich (1773-1859), passou a ser, em grande parte, atributo da Casa
Ducal de Saxe-Coburg que, durante os Oitocentos, soube estar presente
praticamente em todas as famílias reais da Europa. Saxe-Coburg,
eminentemente de religião protestante, passou, todavia, a contar, desde os
esponsais do Duque Fernando de Saxe-Coburg com a Princesa Antônia de
Kohary, com um ramo católico, vindo de encontro às outras dinastias deste
credo, e ampliando consideravelmente possibilidades de casamento com as
famílias católicas nobres daquela época.
Primeiramente, no ramo protestante, queremos lembrar o Príncipe
Eduardo, Duque de Kent, quarto filho do Rei George III da Inglaterra que, em
1818, desposou a Princesa Vitória Maria Luisa de Saxe-Coburg, e desta união
nasceu, em 1819, Vitória, a celebrada Rainha Vitória, que reinou durante 64
anos e chegou a imprimir seu nome a toda uma era, da chamada ‘Idade
Contemporânea’. A Rainha Vitória, por sua vez, contraiu núpcias, em 1840,
com o Príncipe Alberto de Saxe-Coburg-Gotha.
Alguns anos antes o Príncipe George Cristiano Frederico,
terceiro filho do Duque Francisco de Saxe-Coburg, nascido em 1790, fora
eleito Rei dos Belgas pelo Congresso Nacional, em 1831, com o título de Rei
Leopoldo I. Este, como é sabido, teve numerosos descendentes, passando por
Leopoldo II, de cujo irmão Philippe descenderam os reis Alberto I, Leopoldo
III e Balduino I, já em nossos dias.
Também a Rainha Vitória teve numerosa prole, e o sangue dos
Saxe-Coburg espalhou-se em outras casas reinantes da Europa. Assim, seus
filhos Vitória, desposando Frederico III, foi Imperatriz da Alemanha;
Eduardo VII, Rei da Inglaterra, pai de George V e avô do Príncipe de Gales
(que reinou sob o nome de Eduardo VIII de janeiro a dezembro de 1936) e de
seu irmão George VI, que desapareceu em 1952, que foi o pai da atual Rainha
Elizabeth II. A Rainha Vitória foi também mãe da Princesa Alice (que
desposou o Duque de Hessen); do Príncipe Alfredo, que era Duque de
Edinburgh e Duque de Coburg (que casou com Maria da Rússia, filha do Czar
Alexandre II) e, ainda, do Príncipe Leopoldo, Duque de Albany, todos eles
com sangue de Saxe-Coburg nas veias.
reconhecendo-o como Czar. Teve de abdicar em 1918 por ter perdido a guerra
ao lado dos Impérios Centrais.
Outro filho de Augusto Luís Vitor e Maria Clementina de Orléans foi
Luis Augusto Maria Eudes, Duque de Saxe-Coburg-Gotha, que desposou D.
Leopoldina de Bragança e Bourbon, do Brasil.
O último grande casamento entre príncipes, realizado em Coburg,
ocorreu no século passado, em 1932: a Princesa Sibila, filha do Duque Carlos
Eduardo, então regente do ducado, contraiu matrimônio com o Príncipe
Gustavo Adolfo, da Suécia, e nasceu-lhes, em 1946, o Príncipe Carlos
Gustavo, depois rei daquele país escandinavo.
contasse com um membro dos Coburgos como futuro dirigente da nação brasileira (in
R. IHGB,v 424 p. 111, Carta de 2.7.1866 de visc. do Itaúna a D. Pedro II).
**
4 Em carta datada de 18.6.1866 o visc. de Itaúna, que sua família nas viagens pela
Europa, já comentava que a água em Viena era má, e que eram freqüentes ali os casos
de tifo (R. IHGB n° 424, ps. 107/108, em carta a D.Pedro II).
eram eles esperados por uma guarda de honra e entre as pessoas gradas
presentes destacavam-se o viúvo com os seus dois filhos mais velhos D.
Pedro Augusto e D. Augusto Leopoldo; o duque reinante Ernesto II e sua
consorte, a Duquesa Alexandrina de Baden; e, também o Príncipe Alfredo,
segundo filho da Rainha Vitória, Duque de Coburgo, velho conhecido dos
nossos monarcas, por ter estado duas vezes no Rio de Janeiro, uma vez antes
de ter-se iniciado e, novamente, depois de encerrada a Questão Christie.
Durante a segunda viagem empreendida à Europa pelos
imperantes brasileiros só compareceu a Coburgo a Imperatriz (12.9.1876),
tendo permanecido em Bad Gastein (Áustria) o Imperador, e de lá seguiram
viagem.
Em 1887, quando em 1° de outubro o Casal Imperial retornou
a Coburgo – o luto há muito passara – foi ele recebido na estação de trem com
banda de música, executando o Hino Nacional Brasileiro. Era já noite, e no
dia seguinte, pela manhã seguiram mais uma vez para a igreja de Santo
Agostinho. Houve missa e logo após colocaram-se coroas de flores sobre a
tumba da Princesa e também sobre a do Príncipe Augusto, seu sogro, falecido
em 1881, que também já ali repousava, mas noutra cripta.
* * *
D. Leopoldina, já no segundo ano de casamento, dava à luz, no Rio de
Janeiro, o seu primogênito D. Pedro Augusto, em 19.3.1866. Dois meses
depois partiam ela e o Duque de Saxe em viagem e só retornaram em
2.9.1867, estando ela grávida no 6° mês, e em 6.12. nascia-lhes D. Augusto
Leopoldo. Em 21.5.1869, veio o terceiro filho, D. José Fernando, e o quarto
filho nasceu-lhes em Viena, em 15.9.1870, Dom Luis Gastão.
Sua irmã Isabel até então não engravidara; era problema conjugal e
nacional, que a mantinha preocupada. Percorrera as estações de águas ditas
‘virtuosas, como Caxambú, em Minas e de Luchon, na Suíça, sem obter o
resultado almejado. Somente após a morte de D. Leopoldina conseguira
engravidar, e em 28.7.1874 dera à luz sua primogênita, mas que não viveu.
No ano seguinte, em 15.10.1875, novamente sob os cuidados do obstetra
francês, prof. Depaul, trazido expressamente ao Brasil, nasceu Pedro, que
sobreviveu, embora com seqüela do parto operatório.
2 - Capela subterrânea
3 -Criptas
R.I.P.
BIBLIOGRAFIA ESSENCIAL
Paulo Knauss1
América do Sul. A história fez com que o nome América tenha sido
consagrado para nos referirmos genericamente ao hemisfério ocidental de
três partes. Com o tempo, porém, o nome do hemisfério foi seqüestrado para
designar ao mesmo tempo um único país: os Estados Unidos da América –
originando uma confusão incômoda na hora de definir a gente e os ideais
americanos como continentais ou nacionais.
Por sua vez, a construção do domínio colonial português nas terras do
Novo Mundo procurou sempre afirmar uma toponímia de marca religiosa que
não sobreviveu ao tempo. É assim que a América portuguesa foi chamada de
terra de Santa Cruz, traduzindo um uso político da toponímia, em geral,
associado pela historiografia desde Jaime Cortesão, com a política de sigilo
ibérica. Apesar das intenções portuguesas, o interesse na exploração colonial
terminou caracterizando a toponímia da terra do novo continente pelos seus
produtos coloniais, dando evidência às riquezas do Novo Mundo. O Brasil,
antes de ser só Brasil, foi, assim, também, Terra dos Papagaios e Terra do
Pau-brasil, identificando as práticas de nomear a terra de navegantes e
cartógrafos envolvidos com o comércio colonial e a defesa da liberdade dos
mares, colaborando para derrubar, ao longo do século XVI, a pretensão
ibérica exclusivista expressa no tratado de Tordesilhas de 1494. Foi assim
que os franceses se destacaram no processo de nomear a terra do Brasil.
Pode-se concluir, portanto, que o nome da terra, naquela altura, foi envolvido
na disputa colonial e na rivalidade entre os estados europeus colonizadores. 5
O nome do Brasil, então, historicamente foi um fato das relações
internacionais, muito antes da querela ortográfica da primeira metade do
século XX.
No mesmo ano do Descobrimento da América aparece, na cidade
espanhola de Salamanca, a primeira Gramática da Língua Castelhana, de
Antonio de Nebrija (1441-1522). Trata-se da segunda gramática de língua
vulgar da Europa, depois do italiano. Consta, em 1493, do prólogo de
Antonio de Nebrija: “Siempre la lengua fué compañera del império”.6 Desse
modo, o autor castelhano repetia de outro modo um argumento anterior de
REFORMAS ORTOGRÁFICAS
Mas é no contexto da afirmação republicana em Portugal que se
desenvolveu a reforma ortográfica da língua portuguesa. Alexandre Miranda
de Almeida caracteriza como a Academia Brasileira aprovou um projeto
polêmico de reforma ortográfica, em 1907, que não conseguiu se impor nem
mesmo nos meios acadêmicos.11 O controle ortográfico da língua
colocava-se como resposta ao reconhecimento da mestiçagem do povo e do
impacto da imigração, bem como à evidência do analfabetismo e do domínio
da oralidade no país e suas conseqüências sobre o domínio da expressão. A
promoção do projeto definiu os termos do debate dominado pelo tom
nacionalista brasileiro. Opuseram-se os defensores de um padrão fonético da
ortografia e os defensores de um padrão etimológico, representados,
respectivamente, por Medeiros e Albuquerque e Salvador de Mendonça,
entre outros. A complexidade da questão levou alguns a tomar uma posição
deliberadamente ambígua, como José Veríssimo, ao defender um critério
diferente diante de algumas situações. Silvio Romero defendia uma solução
arbitrária, ao propor a obra de Alexandre Herculano como referência geral.
De todo modo, o debate opunha “a voz do povo” à história das palavras, tal
como caracteriza Alexandre Miranda de Almeida. Assim, a primeira vertente
implicava assumir os particularismos brasileiros, enquanto a segunda
significava preservar uma herança anterior portuguesa e latina. Observe-se
que a primeira vertente tinha o inconveniente de não resolver o problema dos
regionalismos brasileiros, enquanto a segunda assumia os laços com
Portugal.
Segundo pesquisa de Alessandra El Far, o projeto de reforma
ortográfica brasileira de 1907, constituído de 12 regras, visava facilitar e fixar
a língua escrita no Brasil.12 Sua proposta, contudo, decorreu, em grande
medida, da confusão reinante no país em termos de ortografia. A questão era
fundamental no momento em que o ofício de escrever se definia como
profissional e não mais como diletante.
USOS DO PASSADO
Nas páginas da edição recolhida em 1902 de Os Sertões, diferentes
soluções ortográficas eram adotadas para a mesma palavra ao longo da obra.
O nome do Brasil, por exemplo, ora era escrito com S, ora com Z. Isto no
mesmo livro.
Essa duplicidade de fórmula traduzia a oposição dos dois partidos,
pois o Z respeitava a lógica fonética da palavra, enquanto o S intervocálico
respeitava a origem latina da palavra. Mas na mesma obra, a caráter aleatório
da escrita do nome do Brasil revelava um domínio inconsistente do
vernáculo.
A dificuldade do uso do nome do Brasil se tornava ainda maior uma
vez que o principal dicionário usado na época, no início do século XX em
suas primeiras edições, não continha o verbete brasileiro. Essa ausência do
dicionário de Cândido Figueiredo, cuja primeira edição remonta a 1899,
impressiona ainda mais, ao se considerar que o dicionarista português
desenvolveu vínculos fortes com Brasil ao escrever regularmente para o
Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro. Por meio de sua coluna, o
intelectual lusitano felicitou a iniciativa de 1907 da Academia Brasileira de
promover uma reforma ortográfica, ainda que tenha discordado ao final do
projeto aprovado.
Nas edições de época do dicionário, Cândido Figueiredo “Brasil” é
definido como “[...] uma planta leguminosa de onde se retira o pau-brasil”,
sem constar o país. “Brasil”, como nome próprio, vai aparecer apenas
caracterizar algo do Brasil, como no caso: “[...] o português que residiu no
Brasil e que regressou trazendo mais ou menos haveres”. No dicionário
aparece ainda o uso do termo “brasileirismo”, apontado como “expressão
própria dos Brasileiros”. A relcão entre língua e nação é anotada, porém, no
verbete “Português”: “Habitante de Portugal. Língua falada pelos
portugueses”. Contudo, é o próprio Cândido Figueiredo que anota em uma
passagem de seu livro Ortografia Nacional, de 1908, que: “O Brasil é a única
nação civilizada no mundo que não sabe escrever o próprio nome...”. 13
Medeiros e Albuquerque, mesmo sendo representante de outro partido
ortográfico, também deixou anotação semelhante em seus escritos: “O
problema é urgente... que até a palavra Brasil que figura em moedas, selos,
notas do Tesouro e documentos oficiais ora com s, ora com z, podendo dizer
que o Brasil é a única nação civilizada que não sabe escrever o próprio
nome.”14 Afonso Celso, em artigo publicado no Jornal do Commercio, em 21
de novembro de 1922, defendeu uma tomada de posição do poder público
sobre o tema. Apresenta como os documentos oficiais do Estado sempre
trataram o nome do país com Z. A exceção, foi a Casa da Moeda, submetida
ao Ministério da Fazenda, que adotou desde 1820 em notas e bilhetes a grafia
com S e foi acompanhada por norma do Ministério da Marinha. A própria
Academia Brasileira sempre se tratou com Z. Afonso Celso chamava a
atenção para o fato de que o problema atingia vários outros lugares do Brasil
como Manaus, Curitiba, Niterói, que eram cidades cuja grafia do nome
variava. Nesse sentido, o escritor concluía defendendo uma decisão por parte
do Poder Legislativo. 15
A questão do S ou do Z foi tratada, ainda, num texto inacabado do
Visconde de Taunay, publicado pela Academia Brasileira de Letras em
1910.16 O trabalho do famoso romancista brasileiro do fim do século XIX
procura traçar as marcas do debate no século XIX no âmbito do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro – a instituição acadêmica central do tempo
do Império do Brasil. O texto tem por base um outro trabalho de Joaquim
Caetano da Silva, apresentado em sessão do IHGB de 1863 e publicado na
revista do instituto em 1866. O tema foi tratado também já no primeiro
número da revista, em 1839, por José Silvestre Rebello, em que consta a
informação de que o vocábulo teria sido usado pela primeira vez em
documento oficial do governo português como o nome da terra da América
portuguesa no Alvará de 1530 de Martim Afonso de Souza. Mas esses
estudos não evitaram que o próprio IHGB não sofresse do dilema do nome do
Brasil, pois na sua origem se denominava brasileiro com S, para depois
assumir o Z. De todo modo, na ausência de dicionários antigos portugueses, o
Visconde de Taunay se apóia na referência de dicionários franceses, em que
se identificam três diferentes radicais. Além disso, faz referências à
14 Idem.
15 CELSO, Affonso. A graphia do nome da pátria. Revista da Academia Brasileira de
Letras. Rio de Janeiro, n. 10, p. 304-308, 1924.
16 O vocábulo Brazil deve ser escrito com s ou z? (parecer do Visconde de Taunay).
Revista da Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, n. 2, p. 301-310, 1910.
A escolha da Amazônia
A razão pela qual o escritor Jules Verne – o criador do romance
geográfico – retornou à Amazônia está, sem dúvida, associada a seu interesse
de estudar, sob o ponto de vista geográfico, todas as regiões do globo
terrestre, em especial aquelas que, por serem pouco exploradas, possuíam um
belo aspecto misterioso capaz de atrair não só a sua admiração, mas
principalmente a dos seus leitores. Aliás, seu interesse pelas viagens
exploratórias estava associado a sua devoção pela natureza, em particular
características exóticas que envolviam a floresta amazônica, assim como a
liberdade que dominava a vida nessas regiões longe da civilização.
O longo período de sete anos, que decorreu entre os romances Le
Chancellor (1874) e La jangada – huit cents lieues sur l’Amazone (1881),
deve estar associado ao seu grande interesse em concluir a sua pesquisa sobre
Amazônia, o grande personagem do romance La jangada, onde o drama e a
desaventura do brasileiro João da Costa que, com 22 anos na cidade de Vila
Rica, hoje Ouro Preto, em Minas Gerais, foi acusado de furto, foi o motivo ou
recurso pedagógico usado por Verne para tornar mais atraente o seu romance,
5 Verne, Júlio. A Jangada, edição Planeta, 2003, São Paulo, p. 54. A afirmação de
Benito, verdadeira na época em que as novas descobertas não haviam sido feitas, não
pode ser considerada exata hoje em dia. O Nilo e o Mississipi-Missouri, segundo os
últimos levantamentos, parecem ter um curso superior ao do Amazonas, em extensão.
6 Verne, Júlio. A Jangada, edição Planeta, 2003, São Paulo, p. 57 e 58.
Racismo científico
As afirmações de racismo são hoje totalmente inaceitáveis, mas no
século XIX o mundo intelectual foi influenciado por um escritor e aristocrata
francês Joseph Arthur, Conde de Gobineau (1816-1882), um dos fundadores
7 Verne, Júlio. A Jangada, edição Planeta, 2003, São Paulo, p. 58 a 60.
8 RIAUDEL, Michel. Posfácio in A Jangada, Planeta, 2003, São Paulo, p. 354-370.
9 VERNE, Jules. La Jangada, édition avec les illustrations de l’époque de l’auteur, Jean
de Bonnot, 1979, p. 42-43.
das teorias racistas. Sua obra mais (tristemente) célebre é o ensaio Essai sur
l’inégalité des races humaines (1853-1855), no qual, além de descrever as
diferentes raças humanas, anunciava o perigo da miscigenação. Aliás, esse
ensaio imaginava a existência de “raças puras” no futuro. Mesmo atribuindo a
cada uma das raças uma característica própria, Gobineau colocou a “raça”
germânica, em particular a escandinávia, acima das outras. As teorias
gobineaunianas, ao mesmo tempo racistas e profundamente
antidemocráticas, foram adotadas e defendidas pelos nazistas, que
desenvolveram um ódio particular aos judeus. A maior parte das doutrinas
racistas que surgiram no fim do século XIX e início do século XX teve como
base a obra de Gobineau.
Na realidade, Júlio Verne, ao defender a expansão colonizadora que
levaria a ciência e tecnologia ao mundo, adotou uma posição moderadamente
racista, embora fosse um antiescravagista sistemático em toda sua obra.
Talvez na sua crença nas promessas trazidas pelo conhecimento científico
fizesse acreditar na importância do expansionismo ocidental como uma
continuidade do processo surgido no período das luzes, durante o qual se
acumularam enormes informações biográficas, botânicas, geológicas e
culturais. Esse é o motivo pelo qual o romance prima pela consolidação e
expansão da fase imperialista eurocentrista, segundo a qual cabia o homem
branco em geral a expansão e o domínio do mundo, em virtude da sua
superioridade sobre os não brancos ou selvagens.
Na realidade, caberia ao europeu levar e difundir a sua civilização pelo
planeta na maior parte habitado por selvagens. Nesta época, os índios e os
negros eram apresentados em geral como seres subservientes que aceitavam
docilmente o domínio dos brancos.
Nesta época na Inglaterra, o escritor inglês W. P. Andrew, em sua obra
Our scientific frontier (1880), defendia a idéia de “uma cruzada tecnológica
britânica”, cuja meta seria expandir entre os selvagens o grande poder e/ou
processo civilizatório inglês. O branco europeu constituiria o agente
civilizador globalizador. Como quase todos os intelectuais, dessa visão
compartilhava indiretamente também Júlio Verne quando afirmava:
A guerra, como se sabe, foi durante muito tempo o mais seguro e
rápido veículo de civilização.
Com efeito, essa visão ideológica – a inferioridade do negro e do índio
– foi adotada como uma verdade científica e permaneceu aceita pela maioria
A globalização
A intensificação da miscigenação, ao longo do tempo, inicialmente
circunscrita às regiões bem delimitadas, como no caso das povoações
amazônicas, mostrou que as previsões dos seguidores das doutrinas racistas
estavam totalmente equivocadas. Com a globalização, a miscigenação não se
limita a determinadas regiões: ela hoje, além de mais ampla, é também
cultural.
15 Phileas Fogg foi inspirado nas primeiras voltas ao mundo de um certo William Percy
Fogg em 1869-1871, ou George Francis Train em 1870.
BIBLIOGRAFIA
Dekiss, Jean-Paul. Jules Verne, un humain planétaire, Textuel, Paris.
1
Cláudia Regina Andrade dos Santos
25 Para se analisar essa informação sobre o projeto da herdeira do trono brasileiro para o
pós-abolição, seria preciso recuperar um pouco da história dessa carta-documento.
Antes de ser fonte para o historiador, o documento é, ele mesmo, um acontecimento
histórico produzido num determinado contexto. Nesse sentido, seria interessante, por
exemplo, comparar essa carta de Isabel a outras de suas correspondências, saber se
existiu troca de correspondência entre o Visconde de Santa Victória e a Princesa e em
quais outras situações. É inevitável também procurar identificar o papel do Visconde
de Santa Victória nesse contexto e se dedicar a compreender tanto a trajetória desse
que “demonstra amor devotado pelo Brasil” quanto o contexto da doação de “mais de
2/3 da venda de seus bens” ao projeto dedicado à instalação de ex-escravos “em terras
suas próprias”.
Pode ser interessante levantar uma última questão sobre o projeto dos
abolicionistas e da Princesa e o seu aspecto aparentemente revolucionário. É
possível imaginar, de fato, que se a reforma do sistema fundiário tivesse sido
realizada nesse contexto, teria gerado ótimas conseqüências no sentido de
produzir uma sociedade pós-escravista menos desigual e uma economia
menos dependente da exportação. Principalmente, ela teria propiciado a
emergência de uma outra interpretação sobre a visão de liberdade dos
ex-escravos, impossibilitando que a população dos libertos e de seus
descendentes fosse vista como “problema social”. Além disso, o teor
revolucionário do projeto nos parece mais nítido quando pensamos na
enorme reação que ele provocou, não só no contexto abolicionista mas
durante todo o século XX, fazendo da luta pela reforma agrária um
“acontecimento de longa duração” da história brasileira. Basta lembrar que
esse projeto está ainda na ordem do dia e para ser realizado a longo prazo!
Esse caráter revolucionário do projeto parece se confirmar quando pensamos
nos adjetivos utilizados pelos seus opositores para designar os abolicionistas
(comunista e anarquista) e também quando levamos em consideração os
argumentos utilizados pelos abolicionistas em prol do projeto de democracia
rural, já que eles são extremamente radicais no que diz respeito às duras
críticas ao sistema fundiário brasileiro e aos detentores do monopólio da
terra.
No entanto, as medidas propostas para reformar esse sistema, no
contexto abolicionista, estavam completamente de acordo com as regras de
um Estado liberal: adoção de um imposto territorial e desapropriação de
terras com indenização. Além disso, cumpre enfatizar que em outras partes do
mundo a reforma agrária nem sempre foi uma bandeira “de esquerda”. Como
exemplo, os Estados Unidos e o Japão que se serviram da reforma agrária
para propiciar um desenvolvimento nos moldes capitalistas.
Mais do que refletir sobre o suposto caráter revolucionário do projeto
abolicionista, seria interessante, portanto, refletir sobre o extremo
conservadorismo das elites brasileiras, que durante mais de um século
resistiram à adoção de uma medida inteiramente de acordo com as regras
liberais, qual seja, um imposto sobre as terras!
Márcia Amantino1
Resumo: Abstract
A segunda metade do século XVIII assistiu, The second half of the 18th century has
tanto nas colônias como na metrópole experienced in the colonies as much as in the
Portugal, an increasing of the complaints
portuguesa, a um gradativo aumento das queixas
about the Society of Jesus. Such complaints
sobre o poder da Ordem dos Jesuítas. Estas were based on the ability that inacians had to
queixas se baseavam, entre outras coisas, na get the land and the control the Indian labor.
capacidade que os inacianos possuíam de As a result, they had favorable economic and
obterem terras e controlarem a mão-de-obra political conditions creating a side power
indígena. Como resultado disto, possuíam around the area that led the colons upset. The
condições econômicas e políticas favoráveis, transcripted document is an example of a limit
criando nas localidades um poder paralelo que situation outlined by conflicts among Indians,
colons and Jesuits interests. The last group
desagradava aos colonos. O documento
mentioned had one of the biggest lands in
transcrito é um exemplo de uma situação-limite Macaé.
marcada por conflitos de interesses entre os
indígenas, os colonos e os jesuítas, proprietários
de uma das maiores fazendas na área de Macaé..
***
Desde o século XVI a Companhia de Jesus havia conseguido amealhar
uma considerável fortuna através das doações recebidas, dos imóveis
alugados, das terras arrendadas, das fazendas produtoras de riquezas, da
venda de produtos e da cobrança por serviços prestados.3 Além disso, a ordem
inaciana, ainda no século XVIII, era responsável por parcela considerável da
população indígena. Eram eles que definiam para quem iriam alugar seus
índios aldeados e por quanto. Em muitas regiões eles controlavam quase
todas as terras e a mão-de-obra disponível. 4
Toda esta riqueza e poder geraram inúmeros conflitos ao longo do
período colonial. Por várias vezes, os Jesuítas entraram em disputas com a
população ou com as autoridades locais. Algumas vezes, ganharam as
batalhas, mas em outras acabaram sendo expulsos das regiões. Mas sempre
conseguiam voltar. Pelo menos, até a expulsão definitiva ordenada por
Pombal em 1759. Todavia, cada vez mais pessoas questionavam o poder
temporal da Ordem e sugeriam medidas para diminuí-lo ou eliminá-lo. 5
9 MELLO, José Antonio Gonsalves de. Dom Filipe Camarão: Capitão Mor dos Índi-
os da Costa do Nordeste do Brasil. Recife: Universidade do recife, 1954; NEVES,
Juliana Brainer et al. Tipos sociais na conquista do Sertão das Capitanias do Norte
do Estado do Brasil, séculos XVII e XVIII. In: Mneme – Revista de Humanidades.
V. 5, n. 12, out./nov. 2004.
10 MATTOS, Hebe. Marcas da escravidão: biografia, racialização e memória do ca-
tiveiro na História do Brasil. Tese de professor titular em História do Brasil. Nite-
rói: UFF, 2004.
“com infâmia alguma”. Além disso, proibia-se que tais vassalos ou descendentes
fossem tratados por “caboclos”.
12 Carta de Thomé Joaquim Costa Corte Real ao Governador da Capitania do Rio de
Janeiro, José Antonio Freire de Andrade, em 31.1.1758. IHGB, Arq. 1,3,8. p. 186v.
aldeias, dizendo que o não podem fazer sem ordem de Vossa Majestade,
também não largaram as terras dos Índios antes as estão desfrutando, e como
senhores cobrando os foros dos moradores a quem tem arrendado.
Se não valera ao Suplicante a grande prudência do seu Reverendo
Prelado, já estaria em Angola, pela queixa que dele fizeram os ditos Padres
Provinciais com o falso pretexto de que ele interpretara a Lei de Vossa
Majestade a favor dos Índios.
Tem o Suplicante sua residência no Rio de Macaé e na barra dele se
acha o Padre José dos Reis da mesma Companhia, feitor de uma fazenda em
que está fabricando um engenho de açúcar para o seu Colégio em terras dos
Índios, o qual tem obrado contra os moradores e os Índios absurdos seguintes:
Preparou uma caixa de guerra e armou coisa de cinqüenta homens entre
Índios e Pretos, a quem apelidou Henriques e Camarões, com armas de fogo,
chuços e lanças mandou à casa de Manoel Rodrigues pobre serrador e
tomou-lhe o seu tabuado, dizendo confiscava por ter serrado nos Sertões que
pertencem ao seu Colégio, sendo falso. Da mesma sorte mandou buscar
amarrado a Luiz Vieira, pardo forro, para o castigar por outro tanto tabuado
que lhe tomou, e o fizera se o pobre homem lhe não passara arrendamento
para serrar nas terras que estão devolutas. Dando-se ali umas pancadas de
noite em um homem chamado o Bananeira, marchou o dito Padre Reis no
centro dos seus Henriques e Camarões dizendo em vozes altas, matem a quem
acharem. Por causa da seca faltando água na Povoação da Barra e porque os
moradores a iam buscar em canoas pelo rio acima, os impediu o dito Padre,
fazendo-os estalar a sede com o falso pretexto de irem serrar sem sua licença
nos ditos matos. Contra o dito Manoel Rodrigues mandou segunda vez os
seus armados, e lhe tomou por força todo o dinheiro que o dito tinha feito o
seu tabuado, que vendeu nesta Cidade.
Alugando uns bois ao Castelhano Francisco Dias e morrendo dois dos
alugados pelo dito Padre Reis, obrigou não só a que o Castelhano lhe pagasse
os aluguéis, mas também os bois que morreram.
Com o mesmo poder queimou as casas de vivenda de José Francisco,
sitas nas terras de uso público, dizendo ali não queria moradores. O mesmo
fez a João de Oliveira homem pobre carregado de filhos, reduzindo a cinzas
quanto tinha dentro. Sabendo que tinham ferido a um velho chamado
Silvestre Martins, por ser sogro de seu compadre João Martins, marchou o
dito Padre no centro dos seus Henriques e Camarões, com escândalo grande
do Povo, dizia vamos a fazer em postas a quem agravou meu compadre.
Assim também pelos seus armados mandou arrancar as plantas de Vicente de
Araújo por aparecer um boi ferido do Colégio, e suspeitaram o feriram os
escravos do dito. Estando o dito Padre revestido para dizer missa em dia de
preceito, soube que ali se achava para o ouvir um Francisco Pereira, homem
branco, o mandou tirar da Igreja com armas e o deitou pela ladeira abaixo
decomposto. Da mesma sorte tirou em outra ocasião debaixo do Altar Mor
ao filho do Capitão-Mor daquela aldeia, e o assustou em um carro
publicamente, e o dito Capitão Mor morreu de paixão. Em véspera do
Espírito Santo desceu o dito Padre a som de uma caixa de guerra no centro dos
seus Henriques e Camarões tocando a degolar contra o povo a favor de seu
compadre Manoel de Mello por ter este dado muita pancada em um Mascate
chamado Antonio Luiz que se opôs à Santa Unção, e haveria muitas mortes se
o Missionário Suplicante se não achasse naquele lugar.
Queixando-se no dia seguinte, que ali chegou o Povo ao Padre Luiz
Alves Visitador da Companhia destas grandes absolutas do Padre, respondeu
que não seria Padre da Companhia se assim o não fizesse; e que entendessem
que eles eram Donatários de Macaé. Queimou também a casa de residência
que ali nas terras da República tinha o Padre Missionário do Gentio com
quanto dentro tinha. Assim também queimou as casas de Francisco da Silva
homem branco, e lhe deu muita pancada o qual se veio queixar a esta Cidade.
Também queimou as casas da Índia Maria, mulher do Capitão, sem lhe valer
pedir a dita a deixasse tirar uma imagem de Santo Cristo que tinha dentro. A
Domingos Rodrigues mandou queimar as casas em que vivia também à
margem do rio, dizendo que ali não queria povoadores. Os Índios que o dito
Padre Reis tem açoitadomuaaderovinciais pública e rigorosamente são:
Maria Velha, mulher do Capitão Mor, seu filho João, Antonia, Adriana,
Francisca, Apolinário e Raphael. Ao Capitão Mor presente Thomé de Souza
mandou pegar de dia publicamente por seus negros e dar-lhe muita pancada.
Os escravos do Colégio, em quem o dito Padre tem dado público
castigos e extraordinários, são os seguintes: Ao Preto Gonçalo mandou dar
cinqüenta açoites em cada canto da povoação daquela fazenda com um
pregão que dizia: Justiça que manda fazer o Reverendo Padre Jose dos Reis
Superior desta fazenda a este homem por falar no seu crédito e logo lhe faria
beber um molho de sal, pimenta e vinagre, tocando a sua caixa de guerra entre
seus Henriques e Camarões. A Ignez, mulher de Paulino, em outro dia santo
A-ATOS DO PRESIDENTE
EDITAL Nº 01/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação regimental, declara aberta uma vaga no quadro de sócios
titulares, em virtude do falecimento do sócio Carlos de Meira Mattos.
Rio de Janeiro, 26 de janeiro de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
EDITAL Nº 02/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação regimental, declara aberta uma vaga no quadro de sócios
titulares, em virtude do falecimento do sócio Roberto Luiz Assumpção de
Araújo.
Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 2007. Ass.: Arno Wehling
(Presidente)
EDITAL Nº 03/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação regimental, declara aberta uma vaga no quadro de sócios
titulares, em virtude do falecimento do sócio Mons. Maurílio César de Lima.
Rio de Janeiro, 04 de abril de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
EDITAL Nº 04/07
Ficam convidados os Sócios Eméritos, Titulares e Correspondentes
Brasileiros a se reunirem em Assembléia Geral Ordinária no dia 13 de junho,
em primeira convocação às 12 horas e em segunda convocação às 14 horas,
com o quorum previsto no art. 20 do Estatuto, com a seguinte ordem do dia:
• Prestação de Contas 2006;
• Previsão orçamentária 2007;
• Assuntos Gerais
Rio de Janeiro, 14 de maio de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
EDITAL Nº 05/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação regimental, declara aberta uma vaga no quadro de sócios
titulares, em virtude do falecimento do sócio Aristides Pinto Coelho.
Rio de Janeiro, 3 de julho de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
EDITAL Nº 06/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação regimental, declara aberta uma vaga no quadro de sócios
honorários brasileiros, em virtude do falecimento do sócio Mons. Arlindo
Rubert.
Rio de Janeiro, 4 de julho de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
EDITAL Nº 07/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação regimental, declara aberta uma vaga no quadro de sócios
honorários brasileiros, em virtude do falecimento do sócio Ubiratan Borges
de Macedo.
Rio de Janeiro, 23 de julho de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
EDITAL Nº 08/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação regimental, declara aberta uma vaga no quadro de sócios
honorários brasileiros, em virtude do falecimento do sócio Antônio Jorge
Corrêa.
Rio de Janeiro, 6 de agosto de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
EDITAL Nº 09/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação estatutária, declara que ficam abertas para apresentação, nos
prazos abaixo, de propostas de candidatos às seguintes vagas,
observando-se os procedimentos estabelecidos no art. 2o do Estatuto.
a) 1 (uma) vaga de sócio correspondente brasileiro – 30 dias
b) 1 (uma) vaga de sócio correspondente português – 60 dias
Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
EDITAL Nº 10/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação estatutária, declara que fica aberto por 30 (trinta) dias o prazo
para apresentação de propostas de candidatos a 4 (quatro) vagas de sócios
honorários brasileiros, observando-se os procedimentos estabelecidos no
art. 2o do Estatuto.
Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
EDITAL Nº 11/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação estatutária, declara que fica aberto por 30 (trinta) dias o prazo
para apresentação de propostas de candidatos a 3 (três) vagas de sócios
titulares, observando-se os procedimentos estabelecidos no art. 2o do
Estatuto.
Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
EDITAL Nº 12/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação regimental, declara aberta uma vaga no quadro de sócios
titulares, em virtude do falecimento do sócio Newton Lins Buarque Sucupira.
Rio de Janeiro, 3 de setembro de 2007. Ass.: Arno Wehling
(Presidente)
EDITAL Nº 13/07
Ficam convidados os Sócios Eméritos, Titulares e Correspondentes
Brasileiros a se reunirem em Assembléia Geral Extraordinária no dia 17 de
outubro, em primeira convocação às 12 horas e em segunda convocação às
14 horas, com o quorum previsto no § 2o do artigo 20 do Estatuto, com a
seguinte pauta:
Eleição de novos membros do Quadro Social nas categorias:
Sócio Emérito 1 vaga
Sócios Titulares 3 vagas
Sócios Honorários Brasileiros 4 vagas
Sócio Correspondente Brasileiro 1 vaga
Sócio Correspondente Português 1 vaga
Rio de Janeiro, 27 de setembro de 2007.: Ass.: Arno Wehling
(Presidente)
EDITAL Nº 14/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por
determinação estatutária, declara aberta a vaga no quadro de sócios
eméritos em decorrência do falecimento do sócio benemérito Mário Antônio
Barata.
Rio de Janeiro, 27 de setembro de 2007. Ass.: Arno Wehling
(Presidente)
EDITAL No 15/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso de
suas atribuições e considerando a eleição para preenchimento dos cargos de
Diretoria, Conselho Fiscal e Comissões Permanentes, para o biênio
2008/2009,
Resolve, ad referendum do Conselho Consultivo:
EDITAL Nº 16/07
Ficam convidados os Sócios Eméritos, Titulares e Correspondentes
Brasileiros a se reunirem em Assembléia Geral Extraordinária no dia 12 de
dezembro, em primeira convocação às 14 horas e em segunda convocação às
16 horas, com o quorum previsto no § 2o do artigo 20 do Estatuto, com a
seguinte pauta:
Eleição de Diretoria, Conselho Fiscal e Comissões Permanentes,
para o biênio 2008/2009.
Rio de Janeiro, 23 de novembro de 2007. Ass.: Arno Wehling
(Presidente)
PORTARIA 01/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de acordo
com o Estatuto e com as atribuições que o mesmo lhe confere,
RESOLVE:
Admitir no quadro de funcionários desta entidade, Thales Rocha
Gonçalves como Auxiliar de Escritório, com os proventos iniciais de R$
400,00 (quatrocentos reais), no horário de 09:00 às 18:00 horas, de segunda
a sexta-feira, sendo reservado o horário de 12:00 às 13:00 horas, para
refeição e descanso.
Rio de Janeiro, 11 de janeiro de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
PORTARIA 03/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de acordo
com o Estatuto e com as atribuições que o mesmo lhe confere,
RESOLVE:
Acrescentar à Comissão da Revista – Editores, a sócia honorária
brasileira Mary Lucy Murray Del Priore.
Rio de Janeiro, 13 de Junho de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
PORTARIA 04/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
das suas atribuições, resolve elogiar o funcionário Jeferson dos Santos
Teixeira (Gerente administrativo) por sua extrema dedicação, do início do
planejamento às últimas fases do Curso “1808 – A transformação do Brasil:
de Colônia a Reino e Império”, atividade integrante da programação do
Instituto para as comemorações do Bicentenário da Chegada da Corte
Portuguesa ao Brasil, em 2008 e desenvolvido no período de 22 de maio a 13
de junho de 2007.
Sua competência, nos setores que lhe são afetos, com destaque para a
agilização da ampliação do espaço aos inscritos no Curso, cabe enfatizar.
Esta Portaria deverá ser incorporada aos assentamentos do
funcionário como justiça a seu trabalho e estímulo em sua carreira.
Rio de Janeiro, 04 de julho de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
PORTARIA 05/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
das suas atribuições, resolve elogiar a funcionária Tupiara Machareth
Ávila Dias (Secretária) por sua extrema dedicação, do início do
planejamento às últimas fases do Curso “1808 – A transformação do Brasil:
de Colônia a Reino e Império”, atividade integrante da programação do
Instituto para as comemorações do Bicentenário da Chegada da Corte
Portuguesa ao Brasil, em 2008 e desenvolvida no período de 22 de maio a 13
de junho de 2007.
Sua competência, inteira disponibilidade e qualidades de trato em
relação aos conferencistas e alunos/participantes são credenciais a
evidenciar.
Esta Portaria deverá ser incorporada aos assentamentos da
funcionária como justiça a seu trabalho e estímulo em sua carreira.
Rio de Janeiro, 04 de julho de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
PORTARIA 06/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
das suas atribuições, resolve elogiar o funcionário Anderson Pereira da
Silva (Auxiliar de Escritório), pela competência e dedicação demonstradas
durante a realização do Curso “1808 – A transformação do Brasil: de
Colônia a Reino e Império”, atividade integrante da programação do
Instituto para as comemorações do Bicentenário da Chegada da Corte
Portuguesa ao Brasil, em 2008, e desenvolvida no período de 22 de maio a 13
de junho de 2007.
Esta Portaria deverá ser incorporada aos assentamentos do
funcionário como justiça a seu trabalho e estímulo em sua carreira.
Rio de Janeiro, 04 de julho de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
PORTARIA 07/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
das suas atribuições, resolve elogiar o funcionário Thales Rocha Gonçalves
(Auxiliar de Escritório), pela competência e dedicação demonstradas
PORTARIA 09/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
das suas atribuições, resolve elogiar o funcionário Givonildo Luiz da Silva
(Auxiliar de Serviços Gerais), pela competência e dedicação demonstradas
durante a realização do Curso “1808 – A transformação do Brasil: de
Colônia a Reino e Império”, atividade integrante da programação do
Instituto para as comemorações do Bicentenário da Chegada da Corte
Portuguesa ao Brasil, em 2008, e desenvolvida no período de 22 de maio a 13
de junho de 2007.
Esta Portaria deverá ser incorporada aos assentamentos do
funcionário como justiça a seu trabalho e estímulo em sua carreira.
Rio de Janeiro, 04 de julho de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
PORTARIA Nº 10/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso de
suas atribuições,
RESOLVE:
Acrescentar à Comissão do Segundo Centenário da Transferência da
Corte Portuguesa para o Brasil, constituída através da Portaria no 21/06 de
16 de agosto de 2006, a sócia honorária brasileira Marilda Corrêa Ciribelli.
Rio de Janeiro, 12 de setembro de 2007. Ass.: Arno Wehling
(Presidente)
PORTARIA Nº 11/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso de
suas atribuições,
RESOLVE:
Nomear para a 2ª vice-presidência do Instituto, em substituição ao
sócio benemérito Mario Antonio Barata, cumulativamente com a 3ª
Vice-Presidência, o sócio titular Victorino Chermont de Miranda.
Rio de Janeiro, 20 de setembro de 2007. Ass.: Arno Wehling
(Presidente)
PORTARIA Nº 12/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso de
suas atribuições,
RESOLVE:
Nomear para compor a Comissão de História do Instituto, em
substituição ao sócio titular Maurílio César de Lima, o sócio titular
Guilherme de Andréa Frota.
Rio de Janeiro, 26 de setembro de 2007. Ass.: Arno Wehling
(Presidente)
PORTARIA Nº 14/07
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso de
suas atribuições,
RESOLVE:
Extinguir, nos termos do Art 1º das Disposições Gerais e Transitórias
do Estatuto, a vaga de sócio benemérito de Mário Antônio Barata, falecido
em 14 de setembro de 2007.
Rio de Janeiro, 27 de setembro de 2007. Ass.: Arno Wehling
(Presidente)
PORTARIA 16/08
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de acordo
com o Estatuto e com as atribuições que o mesmo lhe confere,
RESOLVE:
Admitir no quadro de funcionários desta entidade, Carlos Eduardo
Silveira dos Santos como Assistente Administrativo, com os proventos
iniciais de R$ 1.200,00 (hum mil e duzentos reais), no horário de 09:00 às
18:00 horas, de segunda a sexta-feira, sendo reservado o horário de 13:00 às
14:00 horas, para refeição e descanso.
Rio de Janeiro, 11 de Junho de 2007. Ass.: Arno Wehling (Presidente)
C-ARQUIVO
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO
ARQUIVO
B – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS:
1 – Documentação escrita:
1.1 - Arquivo General Osório – ACP 17
1.1.1 - Série: Documentos oficiais
- Descrição
1.2 - Arquivo Epitácio Pessoa
- Digitação da parte descrita.
- Nº de caixas: 07
2– Reprodução:
2.1 – Solicitante: Renata Santos
Finalidade: Livro “Uma historia da Gravura no Brasil” (1808 – 1853)
Material solicitado: a) Apólice – 1852
b) Bilhete de Loteria – 1846
2.2 – Solicitante: Revista Pesquisa Fapesp
Material solicitado: 2 páginas do manuscrito “Por uma historia da
vacina no Brasil”, de Joaquim Norberto de Sousa Silva.
Finalidade: Ilustração de reportagem sobre o manuscrito.
2.3 – Solicitante: Revista de Historia da Biblioteca Nacional
Material solicitado: 5 reproduções
2.4 – Solicitante: Priscila Serejo Martins
Material solicitado: 2 reproduções
2.5 – Solicitante: Tereza Malatian
Material solicitado: 1 reprodução
2.6 – Solicitante: Ileana Pradilha
Material solicitado: 2 reproduções para o projeto de restauro da Igreja
Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé.
2.7 – Solicitante: Patrícia Bueno
Material solicitado: Origens históricas da colônia do Sacramento.
2.8 – Solicitante: Artur Vitória Silva
Material solicitado: 2 documentos do Arquivo General Osório.
2.9 – Solicitante: Carlos A. L. Filgueras
Material solicitado: Esboço de uma universidade no Brasil de José
Bonifácio de Andrade Silva
2.10 – Solicitante: TV Globo – Globonews - Projeto 200 anos – Viagem da
Corte Portuguesa ao Brasil.
Material solicitado: Representação feita ao Príncipe Regente D. João
por D. Rodrigo de Sousa Coutinho aconselhado a mudança da
metrópole para os domínios ultramarinos. 1807
3– Trabalhos em andamento:
C – ACERVO - ENRIQUECIMENTO:
Doações:
1 – Eleições presidenciais - 2006 – Propaganda eleitoral
Nº de documentos: 2 impressos
Doador: Victorino Coutinho Chermont de Miranda, vice-presidente do
IHGB.
2 – Autobiografia de Stefan Zweig.
Manuscrito em alemão
Doador: Henrique La Saigne de Botton.
3 –Resumo da biografia de Adalzira Cavalcanti de Albuquerque Bittencourt
Ferreira – publicada na Revista Genealógica Brasileira
Doador: Francisco José Andrade Ramalho
4 – Carta de Azeredo a Pinheiro – s.l,s.d com cópia Xerox.
Carta :Irene Bernardes
5 – a) documentos relacionados a Joaquim Silvério dos Reis, que se
encontram na Seção de Obras Raras e Manuscritos da Biblioteca Pública
Benedito Leite. 1 CD e relação dos referidos documentos (cópia Xerox).
b) Artigo de José Ribeiro do Amaral – Tiradentes – 21 de abril.
Apresentação do artigo por Luis de Melo (cópia Xerox).
c) Artigo de Arnaldo Ferreira. Ironias do Destino. (O Imparcial, São Luis
- MA. 1.9.1957,p.4 – cópia Xerox).
d) Dados biográficos de José Ribeiro do Amaral, Jerônimo de Viveiros e
Arnaldo Ferreira, extraídos da Antologia da Academia Maranhense de
Letras.
Doador: Luis de Melo
Transferência:
1 – Cédula de propaganda eleitoral. Para vereador Newton Guerra.
Encaminhado pela biblioteca do IHGB, Maura Macedo Corrêa e Castro.
LEILÃO
- Campanha eleitoral (calendário,modelo de cédula eleitoral, cartaz) – 19
docs.
- Cardápios – 3
- Documentos sonoros: 9 discos (campanha eleitoral).
COMODATO
A – ATIVIDADES DESENVOLVIDAS:
a) Digitação de planilhas de descrição
b) Pesquisa
c) Acompanhamento das reproduções fotográficas
d) Registro no livro de entrada do acervo
e) Confecção de envelopes, caixas, pastas para acondicionamento
B – TRATAMENTO ARQUÍVISTICO:
a) Acondicionamento e notação – 290
b) Digitação de planilhas – 41
c) Digitação de peças do arquivo Augusto de Malta – 81
C - REPRODUÇÃO:
a) Supremo Tribunal Federal – Secretaria de Documentação
Material solicitado: Foto de Luís José de Carvalho Melo.
b) Priscila Serejo
Material Solicitado: 7 imagens
d) Revista de Historia
Material solicitado: 2 imagens: de Max Fleiuss e do IHGB
Finalidade: Ilustrar artigo da sócia honorária do IHGB, Lucia Maria
Paschoal Guimarães.
h) Pindorama Filmes
Material solicitado: 6 imagens
Finalidades: Programa educativo “Um pé de quê?” exibido no Canal
Futura.
i) Revista de História
Material solicitado: 19 imagens
j) Wiebke Ibsen
Material Solicitado: 1 imagem
l) Ileana Pradilha
Material solicitado: 5 imagens para o projeto de restauro da Igreja Nossa
Senhora do Carmo da Antiga Sé.
D – ACERVO – ENRIQUECIMENTO
Adquirido por compra:
a) Farp
- 24 retratos de diversos fotógrafos.
b) Leilão
- 2 fotos
Comodato
- Candomblé da Bahia (13 pranchas)
- Desenho original de Luís Jardim
Comodante: Victorino Coutinho Chermont de Miranda
Doações
1 – Calendário Histórico Sorocabano
Doador: Adilson César – sócio correspondente do IHGB.
2 – José Américo de Almeida ( 3 fotos)
Doador: Francisco José Andrade Ramalho.
3 – O Imperador Viajante – D. Pedro II redescobre o Brasil – 6 desenhos a
lápis.
Doador: Victorino Coutinho Chermont de Miranda
Exmo. Sr.
Prof. Dr. Arno Wehling
DD. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
Demais ilustres membros da Mesa
Confrades prezados
Distintos convidados
Senhor Presidente
Caros confrades
Convidados
Obrigada
Senhor Presidente.
Permita que, nesta despedida, envoque essas figuras que nos deixaram
suas vozes aparentemente contraditórias. Prefiro lembrá-las numa espécie de
diálogo dos mortos, idéia cara a Luciano como a Fenelon, - braço dado
quando na Eternidade o sacerdote conversa com o cético, o general com o
poeta, o cientista com o filósofo, vozes dissonantes mas uníssonas na
esperança de todos nós, na promessa da ressurreição.
Teles que falou e fez executar em plenário “o novo hino de Goiás”. A sócia
Cybele de Ipanema fez a apresentação do comunicador. Bacharel em direito
(1966) pela Universidade Católica de Goiás, exerceu o magistério secundário
e superior em nossos estabelecimentos goianos. Foi presidente do IHG/GO
por 12 anos consecutivos e também presidente da Academia Goiana de Letras
(por 10 anos). É doutor “Honoris Causa” pela Universidade Católica de
Goiás. Publicou inúmeras obras e artigos diversos. Fez doação a nossa
biblioteca dos livros; 1) “Eu te vejo”, Goiânia, 2005; 2) “Hino oficial de
Goiás” (com texto e CD); 3) “Ser goiano, poesia, 2001; 4) “Dicionário do
escritor goiano”,Goiânia, 2006. Sobre o novo hino, oficializado pela lei
13907 de 21 de setembro de 2001, pelo governo estadual, em substituição ao
antigo hino, nascido com a lei 650 de 30 de julho de 1919. foi composto por
Custódio Fernandes Góes, que era professor do Instituto Nacional de Música,
hoje Escola de Música da UFRJ. O hino foi organizado pelo professor
Antônio Custódio de Abreu. Junto com o sócio correspondente brasileiro
José Mendonça Teles vieram diversas personalidades daquele Estado:
Gilberto Mendonça Teles, Tânia Mendonça (representando a Secretaria de
Cultura de Goiás) a Aidenor Airis, presidente do IHG/GO. Ao final da
palestra houve uma alocução do novo presidente do IHG/GO. Nada mais
havendo a tratar foi a sessão encerrada, lavrando a ata respectiva e todos os
presentes se dirigiram ao 13°, para que fosse servido o tradicional cafezinho.
Presenças: 17 sócios (um do IHGB/PA) e 10 convidados.
Sócios: Cybele de Ipanema, Mario Barata, Aniello Ângelo Avela,
Ondemar Dias, Arivaldo Fontes, Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha,
Tasso Fragoso Pires, João Hermes de Araujo, Maria Cecília Ribas Carneiro,
Maria de Lourdes Viana Lyra, Melquíades Pinto Paiva, Mary Del Priore,
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Davis Ribeiro de Sena, José Mendonça
Teles, Aidenor Aires (pres. Do IHG/GO) e Miranda Neto (do IHG/PA).
março de 1846. Diz Boaventura que o Parque Histórico Castro Alves é irmão
do Parque de Canudos. Lembra que próximo do estilo grandiloquente de
Euclides da Cunha está o entusiasmo e o calor baiano de Castro Alves. Ao
final da sessão o Prof°. Paulo Cavalcanti ofereceu livro de sua autoria
“Negócios de Trapaças. Caminhos e descaminhos na América Portuguesa
(1700-1750), cujo lançamento será amanhã. Nada mais havendo a tratar, foi
encerrada a sessão, lavrada a Ata respectiva e todos se dirigiram ao terraço,
onde foi servido lanche e lançado o livro do sócio Edivaldo Machado
Boaventura, “Castro Alves, um parque para o poeta”, Empresa Gráfica da
Bahia, Salvador, 2006. Doação de um exemplar do livro para a biblioteca do
Instituto.
Presenças: 15 sócios e 19 convidados.
Sócios: Arno Wehling, Cybele de Ipanema, Arivaldo Fontes, Maria de
Lourdes Viana Lyra, Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha, Melquíades
Pinto Paiva, Davis Ribeiro de Sena, Miridan Britto Knox Falci, Edivaldo
Boaventura, Carlos Wehlrs, Maria Beltrão, Mary Del Priore, Pedro C. da
Silva Telles, Roberto Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cecília Ribas
Carneiro.
Prestes: opção pelo marxismo”, Rio, 2006, versou sobre “A Revolta Comunista de 1935
no Rio de Janeiro. Partindo do movimento tenentista dos anos 1920 o comunicador
dissertou sobre a figura de um dos tenentes, que se tornou figura máxima do movimento
comunista brasileiro. Seu valor sob todos os títulos meritórios esclarece pontos
desconhecidos da vida do revolucionário Prestes.
Doação de Livros: 1) Diários de Viagens ao Rio de Janeiro, 1842-1867, Rio,
2006, pelo convidado Pedro Corrêa do Lago; 2) O Rei Ausente, SP, 2004, pela
convidada Ana Paula Torres Megiani.
Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a presente sessão e
convidados os presentes a se dirigirem ao 12° andar, onde seria servido um
Porto de honra, por ocasião do lançamento do livro do sócio emérito Augusto
da Silva Telles, “O Vale do Paraíba e a arquitetura do café”
Presença: 12 sócios e 13 convidados
Sócios: Arno Wehling, Tasso Fragoso, Cybelle de Ipanema, Davis
Ribeiro de Sena, Arivaldo Fontes, Miridan Falci, Maria de Lourdes Viana
Lyra, Roberto de Cavalcanti Albuquerque, Vasco Mariz, Ronaldo Rogério de
Freitas Mourão, Jonas Correia Neto, Mary Del Priore.
vocação política e que era, ao mesmo tempo, um político com paixão pela
ciência e um homem de ciência com um temperamento empreendedor,
começou por discorrer sobre a sua atuação na vida pública da capital
paraense, onde fora vereador, deputado provincial e intendente, tendo
fundado, em 1890, o jornal “O Democrata”. Lembrou depois, sua atividade
científica, destacando-lhe a participação nos trabalhos de fundação do Museu
Goeldi , a descoberta de “lipidosinoma marajoense”, o levantamento
cartográfico do rio Capicu e os estudos sobre o solo, a fauna, a flora e os
falares regionais. Dentre estes, destacou “Marajó: estudos sobre o seu solo,
seus animais e suas plantas” (18904), que lhe abriu as portas do IHGB,
“Glossário paraense ou coleção de vocábulos peculiáres à Amazônia” (1895)
e “Nheengatu ou Tupi boreal”, editado postumamente pela Biblioteca
Nacional. Recordou, por fim, haver sido ele o introdutor em 1895, da criação
de búfalos em Marajó, que importara da Itália para sua fazenda Dunas, em
iniciativa pioneira reconhecida pela Comissão Nacional da Pecuária de Leite,
do Ministério da Agricultura, e concluiu lembrando que Arthur Cezar
Ferreira Reis definira Vicente como “uma das maiores figuras da inteligência
criadora paraense”. Houve intervenções dos sócios Tasso Fragoso, Venâncio
Filho, Maria de Lourdes Lyra, Esther Bertoletti e dos convidados Ruas
Santos e Luis Ewbank. A terceira comunicação coube ao convidado
Hariberto Miranda Jordão com o título “O dia 13 de mio e a imprensa”. Ele é
advogado e membro efetivo do Instituto dos Advogados do Brasil. Sobre o
dia 13 de maio lembrou que é o dia natalício de D. joão VI, nascido em 1767 e
que foi coroado rei do Reino Unido de Portugal e Algraves, a 6 de fevereiro
de 1816. também se comemorou naquela data a fundação da Imprensa Régia
em 1908 e por fim a abolição da escravatura. Recorda que o Brasil foi o
último país das Américas a ter imprensa, como foi o último a libertar os
escravos. Sabendo o dia em que apareceu o “A idade de ouro do Brazil” (no
dia 14 de maio de 1811), cujo exemplar conhecido se encontra no IHGB.
Intervenções dos sócios Tasso Fragoso, Venancio Filho, Maria de Lourdes
Lyra, Esther Bertoletti e dos convidados Ruas Santos e Luis Ewbank. Nada
mais a tratar, foi a sessão encerrada e lavrada a respectiva Ata. Todos os
presentes se dirigiram ao 13° andar, onde foi servido o tradicional cafezinho.
Presenças: 11 sócios e 15 visitantes
Sócios: Cybelle de Ipanema, Arivaldo Fontes, Tasso Fragoso Pires,
Maria de Lourdes Viana Lyra, Maria da Conceição Beltrão, Esther Bertoletti,
Maria Cecília Ribas Carneiro, Ondemar Dias, Vasco Mariz, Alberto
Menciona sua formação, de aluno dos jesuítas, sua vida pessoal, o casamento,
a família. Era um homem de fé, alicerçada no cristianismo. Rememora o
orador sua trajetória na educação no Brasil, encerrando com opiniões sobre
Newton Sucupira, por exemplo, de Paulo Alcântara Gomes, reitor da UFRJ, e
de Cândido Mendes de Almeida que o definiu: “humanista de nosso tempo”.
Conclui que ele forma na galeria dos grandes educadores brasileiros, como
Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Paulo Freire. A fala do presidente Arno
Wehling, como último orador, incidiu sobre a presença de Newton Sucupira
no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, para cuja 1ª vice-presidência o
convidou em sua primeira gestão, levando em conta tratar-se, ele próprio, de
alguém vinculado à Universidade. Discorreu sobre sua participação discreta,
porém objetiva, nas sessões. Comentou publicações de Newton Sucupira,
como o Tobias Barreto, onde se revelou, também, crítico. Corroborando seus
antecessores, definiu ser ele “o Pai da Pós-graduação”. Ao final, resumiu o
homenageado, como homem de ação que marcou sua época: “agiu bem,
pensou bem, fez bem”. Concedeu a palavra ao plenário. Não havendo quem o
fizesse, agradeceu a presença da profª Maria Judith e outros familiares de
Newton Sucupira, dos sócios e freqüentadores e encerrou a sessão.
Presenças: 16 sócios e 16 convidados. Total: 32.
Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Victorino
Chermont de Miranda, Melquíades de Paiva Pinto, Maria de Loures Viana
Lyra, Edivaldo M. Boaventura, Davis R. Sena, José Arthur Rios, Fernando
Tasso Fragoso Pires, Marilda Corrêa Ciribelli, Elysio de Oliveira Belchior,
Carlos Wehrs, Vasco Mariz, Arivaldo Silveira Fontes, Maria da Conceição
M. C. Beltrão, Esther Caldas Bertoletti e Cybelle Moreira de Ipanema.
Ass.: Cybelle Moreira de Ipanema (1ª secretária)
Moreira de Ipanema. A sessão foi iniciada pela leitura das Atas das sessões de
sete e vinte e um de novembro, ambas aprovadas. O presidente deu a palavra
ao sócio emérito Vasco Mariz, para fazer a apresentação de seu livro e de
Lucien Provençal, La Ravardière e a França Equinocial que seria lançado, às
dezessete horas, no terraço, assunto que diz, não ser muito simpático aos
franceses. Relembra outros livros na linha, como Relações históricas
França-Brasil no período colonial, de vários autores, como ele mesmo, João
Hermes Pereira de Araújo, Luis Paulo Macedo Carvalho e Paulo Knauss, ao
lado do Villegagnon e a França Antártica, com Lucien Provençal, de boa
aceitação (venda deste, de mais de cinco mil exemplares). Quanto aos
franceses no Maranhão, foi tratado, em 1962, por Mario Martins Meireles,
que é interessante, porém remanceado. Havia pouca documentação, porém
suas próprias pesquisas e do co-autor, na França, junto a entidades
protestantes e outras, resultaram válidas. Inclui uma carta de Maria de
Médici, na partida de La Ravardière, exigindo, uma vez fundada a colônia no
Brasil, o retorno de todos os protestantes. Era o período das guerras religiosas
na Europa. Recordou a “noite de São Bartolomeu”, em mil quinhentos e
setenta e dois, com a matança de dois mil protestantes. No início do
empreendimento, governava a França, Henrique IV, protestante, convertido,
o de “Paris vale uma missa”, assassinado por um fanático. O orador
minudencia a expedição ao Maranhão e a fundação da colônia, na ilha,
batizada de São Luís, em homenagem a Luís XIII. Relata as ações de Daniel
de la Touche, senhor de la Ravardière, e companheiros. O governador geral
Gaspar de Souza abandonou Salvador e se estabeleceu em Recife, para
atender à luta no Maranhão – campanha de luso-brasileiros e indígenas.
Chefes: Jerônimo de Albuquerque (o maior), Diogo de Campus Moreno e
Alexandre de Moura. Os franceses se retiraram em mil seiscentos e quinze. O
presidente agradeceu ao orador e passou-lhe o Certificado de Participação na
CEPHAS, prática já rotineira nessa Comissão. A palavra seguinte foi do sócio
honorário brasileiro, Melquíades Pinto Paiva que falou sobre
“Associativismo científico no Brasil Imperial: a Sociedade Palestra
Scientifica”. A primeira fora a Sociedade Velosiana (homenagem a frei José
Mariano da Conceição Veloso), com inspiração de Francisco Freire Alemão,
fundador, nascida no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, reunindo-se
no Museu Nacional. O orador é autor de livro sobre ela. Fazia parte de seus
quadros Guilherme Schuch de Capanema. Não sendo amigos, este aliciava
membros para a criação de outra. A nova Sociedade, com o nome de Palestra
Scientifica, teve curta existência: de junho de mil oitocentos e cinqüenta e
seis a setembro de mil oitocentos e cinqüenta e sete. Havia também ligação
com o IHGB, por vários de seus membros. O imperador deu-lhe apoio
ostensivo. Foram votados Estatutos, sendo seu Quadro formado de ilustres
cientistas, intelectuais, políticos, militares, religiosos. São exibidas
transparências e sumariadas as biografias dos integrantes. Para o orador, a
LIVROS RECEBIDOS
___ . O Rio Grande do Norte sob o olhar dos bispos de Olinda. Natal : F. F.
Marinho, 2006. 159 p.
A PASTORAL de Santa Rita Durão. Estabelecimento de texto e posfácio de
Ronald Polito. Rio de Janeiro : Fundação Casa de Rui Barbosa, 2007. 48 p.
PLÁCIDO, Delson. Na margem esquerda : entrevista com Moacir Félix. Rio
de Janeiro : Diagrama, 2003. 96 p.
VIANA, Oduvaldo. Herança de ódio. Rio de Janeiro : Edições Casa de Rui
Barbosa, 2007. 577 p.
ABREU, Casimiro de. Correspondência completa. Reunida, organizada e
comentada por Mário Alves de Oliveira. Rio de Janeiro : Academia
Brasileira de Letras, 2007. 271 p.
AMÓS, Nascimento (Org.). Brasil : perspectivas internacionais. Piracicaba :
Ed. UNIMEP, 2002. 355 p.
ANDRADE, José Cardoso de. Vieira Fazenda : registro da festa de São
Roque em Paquetá no ano do centenário da Abertura dos Portos. Rio de
Janeiro : [s.n.], 2007. 36 p.
ASSIS Brasil : um diplomata da República. Rio de Janeiro : Centro de
História e Documentação Diplomática, 2006. 2 v.
AZEVEDO, Francisca L. Nogueira de. Carlota Joaquina na corte do Brasil.
Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 2003. 397 p.
___ . Malandros desconsolados : o diário da primeira greve geral no Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro : Relume Dumará, 2005. 227 p.
CABRERA BECERRA, Gabriel. Las nuevas tribus y los indígenas de la
Amazonia : historia de una presencia protestante. Bogotá : G. Cabrera
Becerra, 2007. 223 p.
FRAGA, Myriam (Org.). Calasans Neto. Salvador : Odebrecht, 2007. 384 p.
HAASE FILHO, Pedro (Org.). Lendas gaúchas : 35 histórias com origem no
imaginário popular rio-grandense. Porto Alegre : RBS Publicações, 2007.
196 p.
HENTSCHKE, Jens R. Positivism gaúcho-style : Júlio de Castilhos’s
dictatorship and its impact on state and nation-building in Vargas’s era.
Berlin : VWF, 2004. ix,137 p.
___ . Reconstructing the Brazilian nation : public schooling in the Vargas
era. Baden-Baden : Nomos, 2007. 518 p.
Sala de Leitura
MICROFILMAGE
.......................................................................... 02
M
Museu
A — POR CLASSES
Presidentes Honorários
End.: Ala Sen. Ruy Carneiro - Gab. 3 - Anexo
1 José Sarney 02-10-1985 II-B - Senado - Federal - Brasília - DF -
70165-900
End.: Jornal Gazeta de Alagoas - Av. Aristeu
2 Fernando Collor de de Andrade, 355 - Farol - Maceió - AL -
13-12-1991
Mello
57051-090 - Fone.: (82) 3218-7700
Sócios Eméritos
02 - Beneméritos
End.:Rua Sebastião Lacerda,
31/507-Laranjeiras - Rio de
1 Luiz de Castro Souza 26-06-1963
Janeiro-RJ-22240-110- Fone.:(21)
2557-3425
End.: Rua Sambaíba,
166/104-Leblon-Rio de
2 Max Justo Guedes 15-12-1967 Janeiro-RJ-22450-140-Fone.: (21)
2274-0374
Lar da União
18 Frieda Wolff 02-10-1985 End.: Rua Santa Alexandina, 464/401 -
Rio Comprido - Rio de Janeiro - RJ -
20261-232 - Fone.: (21) 2293-7226
Sócios Titulares
End.: Rua Senador Eusébio,
1 Pedro Jacinto de 30/204-Flamengo-Rio de
11-12-1974
Mallet Joubin Janeiro-RJ-22250-020 - Fone.: (21)
2552-7460
End.: Rua Soares Cabral,
59/603-Laranjeiras-Rio de
2 Arno Wehling 15-12-1976 Janeiro-RJ-22240-070 - Fone.: (21)
2553-5677
Departament of Geography
6 Hilgard O'Reilly End.: 4 G E O 1 - University of
29-07-1987
Sternberg California-Berkelrey-California-94720-
USA
Yale University
17 Stuart B. Schwartz 24-11-1993 End.: Po Box 208324 - New Haven, CT
06520 - USA - Fone.: 203-4321375 -
Fax.: 203-4327587
End.: Druivenlaan 6
20 Marianne L. Wiesebron 08-06-1994 -Westmalle-Belgica-2390-Fone.:
Fax.:0032-3-311-6175
End.: R. Guarderas,
21 Jorge Salvador Lara 14-12-1994
434-Quito-Equador-Fone.:240-131
Departament of History
26 Anthony John End.: The Johns Hopkins
16-12-1998 University-Baltimore-Maryland
Russell-Wood
21218-USA- Fone.: 001.410.516-7584 -
Fax.: 001.410.516-7586
Faculdade de Letras
16 José Marques 13-08-1997 End.: Via Panorâmica, s/nº
-Porto-Portugal-150 - Fone.:- Fax.:
00351-2-609-1610
Pres. do IPHAN
2006 End.: SBN - Quadra 2 - Edf. Central - 6º
3 Luiz Fernando de
and. - 70040-904 - Brasília - DF - Fone.:
Almeida
(61) 3326-7111
ÁVILA, Fernando Bastos de, S.J. (Pe.) - Honorário brasileiro – Pág. 473
BANDEIRA, Luiz Alberto Dias Lima de Vianna Moniz - Correspondente brasileiro – Pág. 453
PINHO, João Maurício Ottoni Wanderley de Araújo - Honorário brasileiro – Pág. 472
INSTITUTO DO CEARÁ
José Augusto Bezerra
Rua Barão do Rio Branco, 1594 - 60025-061 - Fortaleza - CE
a) Foram eleitos
Correspondente brasileiro:
Geraldo Mártires Coelho
Correspondente português:
Miguel Maria Santos Corrêa Monteiro
Honorários brasileiros:
Antônio Izaias da Costa Abreu
Dora Monteiro e Silva de Alcântara
Isabel Lustosa
Pedro Aranha Corrêa do Lago
b) Foram transferidos
c) Faleceram
d) Propostas e pareceres
PROPOSTA
Propomos como sócio emérito o sócio titular Affonso Arinos de Mello
Franco, que ingressou no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em
1971. Além dos trabalhos publicados e de sua atuação na vida pública, o
embaixador Affonso Arinos de Mello Franco tem participado muito
positivamente das atividades do Instituto, credenciando-se assim ao
reconhecimento da Casa, expresso na ascensão ao quadro de Eméritos. Rio de
Janeiro, 17 de setembro de 2007. Assinam: Arno Wehling, Esther Caldas
Bertoletti, Douglas Apratto Tenório, Elysio Custódio de Oliveira Belchior,
Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão,
Victorino Coutinho Chermont de Miranda, Miridan Britto Falci, Edivaldo
Machado Boaventura, Arivaldo Silveira Fontes, Vasco Mariz, Maria da
Conceição de M. Coutinho Beltrão, Luiz de Castro Souza, Hélio Leôncio
Martins, Guilherme de Andréa Frota, Vera Bottrel Tostes e Jonas de Morais
Correia Neto.
PROPOSTA
Para uma das vagas de sócio honorário, propomos o nome do
desembargador Antonio Izaias da Costa Abreu, do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio de Janeiro, Coordenador do Grupo de Altos Estudos da
Memória Judiciária. De grande atuação na área da Judicatura, participante de
Congressos, membro de entidades culturais, tem publicado, entre outros,
trabalhos sobre o estado do Rio de Janeiro (Municípios e topônimos
fluminenses, 1994) e o Poder Judiciário, como por exemplo, Palácios e
fóruns do estado do Rio de Janeiro, (2006), e O Judiciário fluminense,
PROPOSTA
Propomos para titular o sócio honorário Candido Antonio Mendes de
Almeida, residente nesta cidadã.
Cientista político de fama internacional, doutor honoris causa pela
Universidade de Paris III – Sorbonne Nouvelle, autor de extensa produção
bibliográfica (listada em nosso site), reitor da Universidade Cândido Mendes,
presidente do Fórum de Reitores do Rio de Janeiro e do Instituto do
Pluralismo Cultural, secretário-geral da Academia da Latinidade, membro da
Academia Brasileira de Letras e da Académie des Sciences d’Outremer,
ingressou no Instituto, em 1997, na chamada Eleição dos Grandes Nomes.
Ao longo desse período tem sido dedicado parceiro do Instituto em
iniciativas como o VI Congresso das Academias Iberoamericanas de História
e em seminários como os de Vieira e do marquês do Paraná.
Por tais fatos, e pela significação de sua presença na vida cultural
brasileira, indicam-no os signatários a um lugar no quadro titular desta Casa.
Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2007. Assinam: Arno Wehling, Esther
Caldas Bertoletti, Douglas Apratto Tenório, Elysio Custódio de Oliveira
PARECER
A comissão de Ciências Sociais, tendo presente a indicação
do sócio honorário Candido Antonio Mendes de Almeida para o Quadro de
Titulares, opina favoravelmente ao seu encaminhamento à Assembléia Geral,
tendo em vista os altos títulos de sua biografia e de sua atuação na vida
cultural, no Brasil e no Exterior.
Sublinha, ainda, por dever de justiça, o apoio que o mesmo tem dado
ao Instituto na realização de seu programa de atividades. Rio de Janeiro, 10 de
outubro de 2007. Assinam: Leda Boechat Rodrigues, Victorino Chermont de
Miranda e Maria da Conceição de M. C. Beltrão.
PROPOSTA
Propomos para sócia honorária brasileira, na forma do art. 6º, inciso I,
do Estatuto, a arquiteta Dora Monteiro e Silva de Alcântara, residente nesta
cidade.
Professora titular, aposentada, de História da Arte I e II da
Universidade Santa Ursula e de Arquitetura Brasileira I e II, da Faculdade de
Arquitetura de Barra do Piraí, desempenhou, ao longo de sua vida
PROPOSTA
Propomos a pesquisadora Isabel Lustosa para sócia honorária do
Quadro Social do Instituto. Dedicada, em especial, a estudos de imprensa,
publicou Insultos impressos: a guerra dos jornalistas na Independência
(2000). Responsável pela organização de Congressos e Seminários, pela
Fundação Casa de Rui Barbosa, onde é funcionária do importante setor de
pesquisa, como “Imprensa, História e Literatura” (2003), com especialistas
nacionais e estangeiros, e “1º Seminário internacional sobre imprensa, humor
e caricatura (2006). Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2007. Assinam: Arno
Wehling, Esther Caldas Bertoletti, Douglas Apratto Tenório, Elysio Custódio
de Oliveira Belchior, Luiz de Castro Souza, Lygia da Fonseca Fernandes da
PROPOSTA
Propomos a sócia honorária Maria de Lourdes Viana Lyra para
promoção à categoria de sócia titular. Pertence ao Quando Social desde o ano
de 2003 e tem dado contribuição às atividades do Instituto, na seleção de
palestrantes para as reuniões semanais da CEPHAS, na Comissão da Revista
e, este ano, responsável pelo Curso “1808 – A transformação do Brasil: de
Colônia a Reino e Império”, na programação do Instituto para as
comemorações dos Duzentos Anos da Chegada da Corte, o qual atingiu à
cifra de cerca de 300 participantes, com muita repercussão. Rio de Janeiro, 17
de setembro de 2007. Assinam: Arno Wehling, Esther Caldas Bertoletti,
Douglas Apratto Tenório, Elysio Custódio de Oliveira Belchior, Luiz de
Castro Souza, Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha, Miridan Britto Falci,
Guilherme de Andréa Frota, Victorino Coutinho Chermont de Miranda,
Hélio Leôncio Martins, Fernando Tasso Fragoso Pires, Edivaldo Machado
Boaventura, Arivaldo Silveira Fontes, Vasco Mariz, Maria da Conceição de
M. Coutinho Beltrão, Vera Bottrel Tostes e Jonas de Morais Correia Neto.
PROPOSTA
Para uma das vagas de sócio titular, propomos o nome da sócia
honorária Marilda Corrêa Ciribelli, eleita em 7 de junho de 1989.
Sua participação nos estudos históricos, em ações em entidades
acadêmicas e profissionais, tem se alargado, a par do enriquecimento na
produção bibliográfica, como o Mulheres singulares e plurais, aqui lançado
(2006).
Recomenda-se pelo que pode dar de contribuição aos trabalhos, do
Instituto, recentemente tendo sido incorporada à Comissão dos Duzentos
Anos. Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2007. Assinam: Arno Wehling,
Esther Caldas Bertoletti, Douglas Apratto Tenório, Elysio Custódio de
Oliveira Belchior, Luiz de Castro Souza, Lygia da Fonseca Fernandes da
Cunha, Miridan Britto Falci, Guilherme de Andréa Frota, Victorino Coutinho
Chermont de Miranda, Hélio Leôncio Martins, Fernando Tasso Fragoso
Pires, Edivaldo Machado Boaventura, Arivaldo Silveira Fontes, Vasco
Mariz, Maria da Conceição de M. Coutinho Beltrão, Vera Bottrel Tostes e
Jonas de Morais Correia Neto.
PROPOSTA
Propomos para uma das vagas de sócio honorário brasileiro, Pedro
Aranha Corrêa do Lago, nascido no Rio de Janeiro em 1958, bacharel em
Economia, pela UFRJ, e com mestrado pela PUC/RJ, em 1980 e 1983,
respectivamente.
Em anexo, seu currículo, onde se podem destacar as seguintes
atividades e funções exercidas: Representante da casa de leilões de arte
Sotheby’s, em São Paulo; Livreiro-antiquário, proprietário da Livraria
Eméritos – 1
Titulares – 1
Correspondentes brasileiros – 3
Correspondentes estrangeiros – 1
Honorários brasileiros – 2
Honorário estrangeiros – 19