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R IHGB

a. 171
n. 449
out./dez.
2010
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO
DIRETORIA – (2009-2010)
Presidente: Arno Wehling
1º Vice-Presidente: Victorino Coutinho Chermont de Miranda
2º Vice-Presidente: Max Justo Guedes
3º Vice-Presidente: Affonso Arinos de Mello Franco
1ª Secretária: Cybelle Moreira de Ipanema
2º Secretário: Elysio de Oliveira Belchior
Tesoureiro: Fernando Tasso Fragoso Pires
Orador: José Arthur Rios
CONSELHO FISCAL
Membros efetivos: Antônio Gomes da Costa, Marilda Corrêa Ciribelli e Jo-
nas de Morais Correia Neto.
Membros suplentes: Pedro Carlos da Silva Telles e Marcos Guimarães Sanches.

CONSELHO CONSULTIVO
Membros nomeados: Augusto Carlos da Silva Telles, Luiz de Castro Souza,
Lêda Boechat Rodrigues, Evaristo de Moraes Filho, Hé-
lio Leoncio Martins, João Hermes Pereira de Araujo, José
Pedro Pinto Esposel, Miridan Britto Falci e Vasco Mariz

DIRETORIAS ADJUNTAS
Arquivo: Jaime Antunes da Silva
Biblioteca: Claudio Aguiar
Museu: Vera Lucia Bottrel Tostes
Coordenadoria de Cursos: Mary del Priore
Patrimônio: Guilherme de Andréa Frota
Projetos Especiais: Maria da Conceição de Moraes Coutinho Beltrão
Informática e Disseminação da Informação: Esther Caldas Bertoletti
Relações Externas: João Maurício Ottoni Wanderley de Araújo Pinho
Iconografia: D. João de Orléans de Bragança e Pedro Karp Vasquez
Coordenação da CEPHAS: Maria de Lourdes Viana Lyra e Lucia Maria Paschoal
Guimarães.
Editoria do Noticiário: Victorino Coutinho Chermont de Miranda

COMISSÕES PERMANENTES
ADMISSÃO DE SÓCIOS: CIÊNCIAS SOCIAIS: ESTATUTO:
José Arthur Rios, Alberto Ve- Lêda Boechat Rodrigues, Maria Affonso Arinos de Mello Fran-
nancio Filho, Carlos Wehrs, Al- da Conceição de Moraes Couti- co, Alberto Venancio Filho,
berto da Costa e Silva e Fernan- nho Beltrão, Helio Jaguaribe de Victorino Coutinho Chermont
do Tasso Fragoso Pires. Mattos, Cândido Antônio Men- de Miranda, Célio Borja e João
des de Almeida e Antônio Celso Maurício A. Pinto.
Alves Pereira.

GEOGRAFIA: HISTÓRIA: PATRIMÔNIO:


Max Justo Guedes, Jonas de João Hermes Pereira de Araújo, Affonso Celso Villela de Car-
Morais Correia Neto, Ronaldo Maria de Lourdes Viana Lyra, valho, Claudio Moreira Bento,
Rogério de Freitas Mourão e Eduardo Silva, Elysio Custódio Victorino Coutinho Chermont
Miridan Britto Falci. G. de Oliveira Belchior e Gui- de Miranda e Fernando Tasso
lherme de Andréa Frota. Fragoso Pires.
REVISTA
DO
INSTITUTO HISTÓRICO
E
GEOGRÁFICO BRASILEIRO
Hoc facit, ut longos durent bene gesta per annos.
Et possint sera posteritate frui.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171, n. 449, pp. 11-522, out./dez. 2010.


Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ano 171, n. 449, 2010

Indexada por/Indexed by
Historical Abstract: America, History and Life – Ulrich’s International Periodicals Directory –
Handbook of Latin American Studies (HLAS) – Sumários Correntes Brasileiros

Correspondência:
Rev. IHGB – Av. Augusto Severo, 8-10º andar – Glória – CEP: 20021-040 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Fone/fax. (21) 2509-5107 / 2252-4430 / 2224-7338
e-mail: presidencia@ihgb.org.br home page: www.ihgb.org.br
© Copright by IHGB
Tiragem: 700 exemplares
Impresso no Brasil – Printed in Brazil
Revisora: Sandra Pássaro
Secretária da Revista: Tupiara Machareth

Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. - Ano 1-4 (jan./dez.,1839)-.


Rio de Janeiro: o Instituto, 1839-
v. : il. ; 23 cm

Trimestral
Título varia ligeiramente
ISSN 0101-4366
N. 408: Anais do Simpósio Momentos Fundadores da Formação Nacional
N. 427: Inventário analítico da documentação colonial portuguesa na África, Ásia e Oceania
integrante do acervo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro / coord. Regina Maria Martins
Pereira Wanderley
N. 432: Colóquio Luso-Brasileiro de História. O Rio de Janeiro Colonial. 22 a 26 de maio de
2006.
N. 436: Curso - 1808 - Transformação do Brasil: de Colônia a Reino e Império

1. Brasil - História. 2. História. 3. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro - Discursos, en-


saios, conferências. I. Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Ficha catalográfica preparada pela bibliotecária Célia da Costa
Conselho Editorial
Arno Wehling – UFRJ, UGF e UNIRIO – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Antonio Manuel Dias Farinha – U L – Lisboa – Portugal
Carlos Wehrs – IHGB – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Eduardo Silva – FCRB – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Elysio de Oliveira Belchior – CNC – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Humberto Carlos Baquero Moreno – UP, UPT, Porto, Portugal
João Hermes Pereira de Araújo – Ministério das Relações Exteriores e IHGB – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
José Murilo de Carvalho – UFRJ – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Vasco Mariz – Ministério das Relações Exteriores, CNC e IHGB – Rio de Janeiro – RJ – Brasil

Comissão da Revista: Editores


Eduardo Silva – FCRB – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Esther Caldas Bertoletti – MinC – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Lucia Maria Paschoal Guimarães – UERJ – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Maria de Lourdes Viana Lyra – UFRJ – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Mary Del Priore – UNIVERSO – Niterói – RJ– Brasil

Conselho Consultivo
Amado Cervo – UnB – Brasília – DF – Brasil
Aniello Angelo Avella – Universidade de Roma Tor Vergata – Roma – Itália
Antonio Manuel Botelho Hespanha – UNL – Lisboa – Portugal
Edivaldo Machado Boaventura – UFBA e UNIFACS – Salvador – BA
Fernando Camargo – UPF – Passo Fundo – RS – Brasil
Geraldo Mártires Coelho – UFPA – Belém – PA
José Octavio Arruda Mello – UFPB – João Pessoa – PB
José Marques – UP – Porto – Portugal
Junia Ferreira Furtado – UFMG – Belo Horizonte – MG – Brasil
Leslie Bethell – Universidade Oxford – Oxford – Inglaterra
Márcia Elisa de Campos Graf – UFPR– Curitiba – PR
Marcus Joaquim Maciel de Carvalho – UFPE – Recife – PE
Maria Beatriz Nizza da Silva – USP – São Paulo – SP
Maria Luiza Marcilio – USP – São Paulo – SP
Nestor Goulart Reis Filho – USP – São Paulo – SP – Brasil
Renato Pinto Venâncio – UFOP – Ouro Preto – MG – Brasil
Stuart Schwartz – Universidade de Yale – Inglaterra
Victor Tau Anzoategui – UBA e CONICET – Buenos Aires – Argentina
SUMÁRIO
Carta ao Leitor 11
Lucia Maria Paschoal Guimarães
I – CELEBRAÇÕES ACADÊMICAS
I. 1 – Sessões solenes ou comemorativas
Abertura do Ano Social
Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações
comerciais do Brasil: da Abertura dos Portos à Rodada de Doha 15
Marcílio Marques Moreira
Recordando Rio Branco
O Barão do Rio Branco: missão em Berlim – 1901/1902 59
Luiz Felipe de Seixas Corrêa
Visita do presidente do IBRAM
Política Nacional de Museus 77
José Nascimento Junior
Cinquentenário da fundação de Brasília
A questão da revisão histórica: o caso Juscelino Kubitschek 93
Cláudio Bojunga
Centenário de falecimento de Joaquim Nabuco – I
Joaquim Nabuco 109
Alberto Venancio Filho
Centenário de falecimento de Joaquim Nabuco – II
Massangana: uma glosa 187
Evaldo Cabral de Melo

I. 2 – Sessões de posse
Discurso de posse da Diretoria para o biênio 2010-2011 207
Arno Wehling
Discurso de recepção ao sócio honorário
Paulo Knauss de Mendonça 215
Vasco Mariz
Conferência de posse:
A interpretação do Brasil na escultura pública:
arte, memória e história 219
Paulo Knauss de Mendonça
Discurso de recepção ao sócio honorário
Carlos Eduardo de Almeida Barata 233
Victorino Chermont de Miranda
Conferência de posse:
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808) 239
Carlos Eduardo de Almeida Barata

I. 3 – Sessões de Magna
Fala do Presidente 265
Arno Wehling
Relatório de Atividades 271
Cybelle Moreira de Ipnema
Elogio dos sócios falecidos 281
José Arthur Rios

II – ATAS E DELIBERAÇÕES SOCIAIS


II. 1 – Atas das assembleias gerais, ordinárias
e extraordinárias 293
II. 2 – Atas de reuniões de Diretoria 298
II. 3 – Atas de sessões ordinárias, extraordinárias
e Magna 200
II. 4 – Documentos e pareceres das Comissões Permanentes
4.1 – Propostas para eleicão e admissão de sócios 317
4.1 – Pareceres das Comissões
a – Comissão de Admissão de Sócios 328
b – Comissão de História 329
II. 5 – Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas
Históricas – CEPHAS 331
III – INFORMES ADMINISTRATIVOS
III. 1 – Atos do Presidente
Editais e Portarias 411
III. 2 – Relatórios setoriais
Biblioteca 425
Arquivo 427
Iconografia 431
Hemeroteca 433
Mapoteca 436
Museu 437
III. 3 – Publicações Recebidas
Livros recebidos 442
Periódicos recebidos 459
III. 4 – Estatísticas
Sala de Leitura 466
Visitas ao Museu 466
Acesso ao Site 466
IV – QUADRO SOCIAL
IV. 1 – Cadastro Social
a – Por classe 467
b – Por ordem alfabética 501
c – Relação de presidentes e endereços
de Institutos Históricos estaduais 513
IV. 2 – Movimentação no quadro social
Eleições 516
Transferências 516
Falecimentos 516
IV. 3 – Vagas no quadro social em 31/12/2010 516

• Normas de publicação 519


Guide for authors 521
Carta ao Leitor

A R.IHGB dedica o último número de cada ano ao registro da vida


acadêmica e demais atividades institucionais do Instituto Histórico. A
configuração introduzida em 2008, na gestão da sócia Miridan Britto Fal-
ci, procura harmonizar o modelo consagrado de revista acadêmica com a
observância aos dispositivos regimentais do IHGB. Diga-se de passagem,
tal prática não constitui propriamente uma novidade, já que recupera de
certo modo as mudanças introduzidas na organização do periódico, por
volta de 1864, quando passou a ser editado em dois volumes, o primei-
ro consagrado apenas à impressão de documentos inéditos, enquanto o
segundo ficava reservado à produção dos associados e ao registro das
atividades da “Casa”.

As matérias do número 449, que corresponde ao trimestre outubro/


dezembro de 2010, concentram-se em quatro grandes segmentos – “cele-
brações acadêmicas”; “atas e deliberações”; “informes administrativos” e
“quadro social”. A divisão busca oferecer um balanço da performance do
Instituto no exercício que ora se finda.

No primeiro segmento, agregam-se as conferências pronunciadas em


eventos que tiveram lugar no Instituto, a começar pela sessão de abertura
do ano social de 2010, com Marcílio Marques Moreira, discorrendo sobre
a problemática “Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações
comerciais do Brasil: da abertura dos portos à rodada de Doha”. Outras
exposições se sucederam. O sócio Luiz Felipe Seixas Corrêa jogou luz
sobre a missão do barão do Rio Branco em Berlim (1901-1902), aspecto
pouco explorado da trajetória do barão, inclusive por seus biógrafos. O
antropólogo José Nascimento Júnior, presidente do Instituto Brasileiro
de Museus (IBRAM), teceu reflexões sobre a “Política Nacional de Mu-
seus” na visita que realizou ao Instituto, em 12 de maio de 2010. Por sua
vez, Cláudio Bojunga discutiu “A questão da revisão histórica: o caso de
Juscelino Kubitschek”, em evento comemorativo do quinquagésimo ani-
versário da fundação de Brasília. Outra efeméride que recebeu especial
atenção foi a passagem do centenário do falecimento de Joaquim Nabuco,
solenizado em sessão conjunta do Instituto Histórico com a Academia
Brasileira de Letras, iniciativa pioneira que contou com as presenças de
Alberto Venancio Filho e de Evaldo Cabral de Melo. Vale lembrar que
além desse evento, o IHGB promoveu um curso sobre a vida e a obra de
Joaquim Nabuco, ministrado por diversos especialistas, material que será
reunido em uma futura publicação.

Também no âmbito das celebrações acadêmicas, cabe destacar o pro-


nunciamento do Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
por ocasião da posse da Diretoria, para o biênio 2010-2011. Do mes-
mo modo, as intervenções na sessão magna de aniversário do Instituto
Histórico, cujos registros compreendem, além da fala do Presidente, o
“Relatório” do último exercício, apresentado pela Primeira Secretária e o
“Elogio” dos sócios falecidos, pelo Orador do IHGB, um tributo da Casa
à memória dos que partiram. Por outro lado, comemorando a chegada de
novos filiados à corporação, a R. IHGB publica os discursos de posse dos
sócios, o professor Paulo Knauss de Mendonça e o genealogista Carlos
Eduardo de Almeida Barata, recepcionados, respectivamente, por Vasco
Mariz e Victorino Chermont de Miranda. As quatro contribuições cons-
tituem material da maior importância, para aqueles que se dedicam ao
exame de tendências e linhagens da nossa historiografia contemporânea,
como se poderá constatar.

Sob o título “Atas e deliberações sociais”, encontram-se divulgadas


as decisões tomadas em assembleias gerais, em reuniões ordinárias e ex-
traordinárias, bem como os pareceres das comissões de trabalho perma-
nentes do Instituto. Nesse rol de documentos institucionais, salientam-se
as atas das sessões da Comissão de Estudos e Pesquisas Históricas (CE-
PHAS), o fórum semanal de debates do IHGB, frequentado por estudio-
sos de todos os quadrantes, que abordam os resultados de suas pesquisas e
trabalhos mais recentes, um bom termômetro para se avaliar o dinamismo
do Instituto Histórico.

Na parte relativa aos “Informes Administrativos”, o leitor encontra o


inventário dos atos e portarias baixados pela presidência, além de relató-
rios setoriais da Biblioteca, Arquivo, Iconografia, Hemeroteca, Mapoteca
e Museu, publicações recebidas, e estatísticas de visitas ao Museu, à Sala
de Leitura e acesso ao site. Preparado pelos funcionários do IHGB, esse
alentado conjunto de informações atesta o vigor do Instituto, bem como
o papel relevante que vem cumprindo há cento e setenta e dois anos no
campo da pesquisa e da produção do conhecimento histórico.

Completa o número uma notícia sobre o “Quadro Social”. A R.


IHGB apresenta o cadastro de sócios por classe e ordem alfabética, a
relação dos Institutos Históricos estaduais e a movimentação no corpo de
associados, por eleição, transferência ou falecimento, bem como as vagas
existentes em 31 de dezembro de 2010.

Boa Leitura!
Lucia Maria Paschoal Guimarães
Diretora da Revista
Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

I – CELEBRAÇÕES ACADÊMICAS
I. 1 – Sessões solenes ou comemorativas

Abertura do Ano Social

Momentos marcantes e temas recorrentes


nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha1
Marcílio Marques Moreira2

Ao percorrer momentos marcantes e temas recorrentes nas relações


comerciais do Brasil, não trarei fatos novos ou interpretações inéditas
– faltar-me-iam credenciais para isso –, mas obedecerei à lição de San
Tiago Dantas, de que
o sentido de um fato artístico ou histórico é sempre o estado atual de
um laborioso e permanente processo de trocas entre ele e o espírito
que o considera: este elaborando a significação e a eficácia exemplar
do que examina; aquele operando, por sua vez, sobre a realidade, pela
fulguração momentânea que lança sobre a obscuridade da existên-
cia.3

Dada a intricada complexidade, a Vielseitigkeit weberiana das re-


lações comerciais, não me limitarei a analisar a trajetória das políticas
comerciais, na medida em que a realidade do desenvolvimento dos vín-
culos comerciais do país terá sido sempre o resultado da convergência de
diversos fatores, de que a política comercial é apenas um, cujo impacto
pode variar segundo as circunstâncias de cada época. Dentro desses pa-
râmetros, estou consciente de que esta exposição, ao repelir toda forma
de interpretação unidimensional, deve ser entendida mais como um con-
vite à reflexão e estímulo ao aprofundamento das promissoras pesquisas
que vem revelando novas dimensões de nossa realidade econômica desde
1 – Conferência pronunciada em 24 de março de 2010.
2 – Diplomata e cientista político.
3 – San Tiago Dantas, 1948:11-12.

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Marcílio Marques Moreira

meados do século XVIII, do que uma apresentação de conclusões defi-


nitivas. O que não significa, é claro, deixar de emitir opiniões quando
parecerem convincentes.

Para contextualizar as circunstâncias do primeiro momento marcante


a comentar – os eventos de 1807/1808 – impõe-se recordar as profundas
transformações por que passou a Europa na segunda metade do século
XVIII e, ainda mais de perto, as que passou a Europa na segunda metade
do século XVIII e, ainda mais de perto, as que tiveram lugar em Portugal
e no Brasil no início do século XIX, desembocando na transmigração da
Corte portuguesa para o Rio de Janeiro. Há que inserir-se a Abertura dos
Portos nesse processo que teve entre outros pontos culminantes aquela
transmigração4 e a criação, em 1815, do Reino Unido de Portugal, Brasil
e Algarves, etapas cruciais da transformação do Brasil de objeto do pacto
colonial em nação politicamente independente e economicamente autô-
noma.

Apesar de Portugal e o Brasil se situarem na periferia geográfica e


política dos acontecimentos em curso, o “Império Português” não poderia
descolar-se dos movimentos que arrebatavam então ideias, mobilizavam
políticas, dinamizavam economias. Robert Southey, ao concluir sua His-
tória do Brasil, referindo-se ao biênio 1807/1808, lembra que havia “che-
gado a hora em que a América do Sul iria sentir o efeito das profundas
mudanças que estavam ocorrendo na Europa”. E considera que a transfe-
rência da sede da Monarquia portuguesa para o Rio de Janeiro “encerra
os anais coloniais do Brasil”.5

Começando por onde Southey terminou, há que enfocar os elemen-


tos que acabaram mudando os destinos das colônias ibero-americanas e,
especialmente, o do Brasil, analisando os fios condutores e as manifesta-
ções paradigmáticas dessas mudanças. Não se trata de buscar cadeias de
“causa e efeito”, que tenham determinado, “necessariamente”, os even-

4 – Estou utilizando esta expressão tal como adotada em Ronaldo Vainfas e Lúcia Bastos
Pereira das Neves, 2008: 426-430.
5 – A tradução dos trechos citados é minha. Ver Robert Southey, 1819, v. 3: 694-695.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

tos, mas sim examinar o conjunto de mentalidades, reformas e contextos


dentro do qual se inserem, atento à advertência de Lucien Febvre, que,
na abertura, em 1954, do encontro internacional sobre o Novo Mundo e a
Europa, explicitou sua repulsa a todo tipo de determinismo ou “necessa-
rismo”, geográfico ou histórico: “L´Histoire n’oblige pas”.6

No campo das ideias, há que sublinhar a forte influência em Portugal


e, em não menor medida no Brasil, da cultura da Ilustração,7 que marcou
o século XVIII europeu com sua tendência racionalista, secularizadora e
progressista. Influenciou os protagonistas da Independência Americana e
os da Revolução Francesa e “levou a importantes reformas na administra-
ção dos assuntos coloniais” na América Latina.8

Kenneth Maxwell, em obra emblematicamente intitulada Pombal:


o paradoxo do Iluminismo, mostrou que Ilustração, racionalidade e pro-
gresso podiam significar tanto extensão de liberdades individuais, como
supõe a tradição histórica anglo-americana, quanto seu inverso, o fortale-
cimento do poder estatal, alegadamente necessário à luta contra o atraso.
Foi o caso de Pombal, ministro todo-poderoso de D. José I de 1750 a
1777, que exerceu despotismo esclarecido e modernizador, em política,
e mercantilismo tardio, em economia.9 Maxwell chamou a atenção para
a influência posterior do Abbé Mably e de Raynal, que divulgaram entre
nós a trajetória dos recém-independentes Estados Unidos. Raynal comen-
tou, também, a própria história do Brasil, tecendo comentários críticos à
política colonial portuguesa e à descabida influência política e econômica
britânica, e recomendando a abertura dos portos brasileiros ao comércio
de todas as nações.10

6 – “A História não obriga.” Lucien Febvre, 1955: 12.


7 – Ver Maria Odila Leite da Silva Dias, 2005: 39-126.
8 – Kenneth Maxwell, 2003:65
9 – Kenneth Maxwell, 1995: 158-161. Sobre a controvertida figura de Pombal, que, após
cruel declínio até a morte em 1782, iria ressuscitar na lenda que transfigurou “o torvo dés-
pota em corifeu da liberdade”, ver também J. Lucio de Azevedo, 1922. A citação acima é
da última página, 390.
10 – Kenneth Maxwell, 1973: 82 e 2003:111, Mably. 1785; Guillaume-Thomas Raynal,
1780, especialmente tomo 2, livro 9: Etablissements des Portugais dans Le Brésil. Guer-
�����
res qu’ils y ont soutenues. Productions & richesses de cette colonie, p. 357-467. O tomo 4

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Marcílio Marques Moreira

No campo econômico, transição não menos profunda ocorreu no sé-


culo XVIII: o declínio do mercantilismo, política comercial predominante
desde o fim da Idade Média e que tivera os Estados nascido das ruínas do
Império Romano ao mesmo tempo como sujeitos e objetos, e utilizara os
fatores econômicos em benefício da unificação e do fortalecimento des-
ses Estados.11 Foi combatido primeiro pelos fisiocratas que, ao contrário
dos mercantilistas, consideravam a agricultura como o fator mais estraté-
gico do crescimento e preferiam a competição à intervenção do Estado.12
Seguiu-se-lhe a crítica desferida pelo liberalismo econômico, sobretudo
pela voz de seu principal arauto Adam Smith, que enfatizava as virtudes
do laissez-faire, sem deslembrar os problemas do bem-estar das massas.13
Já se podia vislumbrar então uma das dicotomias que perpassará nossa
história: a tensão, a encruzilhada, entre maior intervenção do Estado, em
nosso caso à feição pombalina-patrimonialista, e o mercado mais livre,
com espaço para a ação de empreendedores criativos.

Na política mercantilista, as colônias haviam constituído “instru-


mento fundamental na construção da autossuficiência econômica das
metrópoles europeias e, consequentemente, no reforço e consolidação da
supremacia política sobre as potências rivais”.14 É natural, pois, que a
crise do mercantilismo tenha coincidido com a crise do colonialismo, do
antigo “pacto colonial”.

Enquanto evoluía a teoria econômica, profundas transformações


marcaram novo tempo para a realidade econômica. O historiador, ao fo-
calizar o final do século XVIII e o início do XIX, não terá dificuldade em

é dedicado à América do Norte e inclui a descrição do processo de Independência das 13


colônias que vieram a constituir os Estados Unidos da América. Sobre a relevância e influ-
ência da obra de Raynal, ver Fernando A. Novais, 2005: 151. Novais esclarece, também,
que a monumental obra de Raynal foi trabalho coletivo, contando com a participação de
vários enciclopedistas e, em especial, de Diderot. Ver também W. Guerrier, 1886.
11 – Eli F. Heckscher, 1935. Ver especialmente v. 1: 20-22.
12 – Joseph J. Spengler, “Mercantilist and Physiocratic Growth Theory” in Bert Hoselitz,
1960:3 a 64.
13 – J.M.Letiche “Adam Smith and David Ricardo on Economic Growth” in ibid, 1960:
71
14 – José Luís Cardoso, 2001: 67. Ver Novais, 2005.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

identificar “as relevantes mudanças em curso em um período que parece


ter sido crucial no reposicionamento do equilíbrio da produção e dos ter-
mos de intercâmbio”.15 A “Revolução Industrial”, induzida pela evolução
científico-tecnológica e pelas novas formas de organização econômica
do incipiente capitalismo moderno, exerceu papel transformador na eco-
nomia e na sociedade, além de inovar métodos de produção industrial e
substituir a força animal, eólica e hídrica pela energia mecânica, com a
utilização do vapor e, mais tarde, da eletricidade.

Entre os avanços há que registrar o enorme progresso na produção de


têxteis em algodão, o que viria a estimular a demanda por nossa produ-
ção algodoeira, especialmente ao cair a oferta quando das guerras envol-
vendo Grã-Bretanha, França, Espanha e os recém-independentes Estados
Unidos, assim como da rebelião dos escravos contra os colonizadores
franceses na parte oeste da ilha de São Domingos em 1791/1792, que
desembocaria na independência do Haiti em 1804.16 Arnold Toynbee, por
sua vez, chama a atenção para dois fenômenos tão relevantes quanto as
transformações na indústria manufatureira: uma revolução agrícola e uma
forte aceleração demográfica.17

Mas não eram só os velhos equilíbrios econômicos que se encon-


travam em mutação. Os eixos geopolíticos estavam encontrando novas
equações: a consolidação do Império Britânico como a potência marítima
por excelência e a ascensão da França pós-revolucionária, napoleônica,
como a mais forte e dinâmica potência continental. Embora fosse na Grã-
Bretanha que ocorreriam as transformações econômicas mais profundas,
politicamente ela representaria a face conservadora, enquanto à França
caberia o papel de difundir na Europa, paradoxalmente à força, os ideais
revolucionários de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ao lado dos no-
vos conceitos de ciência e inovação tecnológica, comungados por ambas
as potências.
15 – Felipe Fernández-Armesto, 1995: 367.
16 – Armelle Enders et al., 2008: 200.
17 – Sobre a Revolução Industrial ver Arnold Toynbee, 1884. Utilizei a edição da Beacon
Press, de 1956, na sua sexta reimpressão, de 1964: 58 e 60-63. O prefácio dessa edição é
de seu sobrinho, o mais conhecido historiador Arnold J. Toynbee.

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Marcílio Marques Moreira

Entre os políticos e intelectuais luso-brasileiros da época, uma se-


quencia de estudiosos e estadistas soube perceber a extensão e profundi-
dade das transformações em curso. Superaram o periferismo geográfico
e cultural do mundo luso-brasileiro e lograram sintonizar-se com os de-
safios do tempo em que viviam, a eles respondendo criativamente. Como
nos ensinou San Tiago, ao desenhar o perfil de Cairu, eles nos deixaram
“fecunda lição da sua vida e da sua carreira”,
a de que o destino individual só se realiza plenamente quando o ho-
mem logra, pela mobilização de suas energias e faculdades, entrar em
equação com a sua época, e exprimir, na peripécia de sua própria vida,
a trama dos problemas em que se debate a sociedade a que perten-
ce.18

Lembrando que a história não é linear, é possível detectar um fio


condutor que nos conduzirá de D. Luís da Cunha (1662-1740), precursor
da Ilustração portuguesa, com papel relevante na “definição dos contor-
nos geopolíticos e ideológicos do mundo português”,19 aos construtores
da nossa Independência. Autor de famoso Testamento político,20 coube a
D. Luís a sugestão a D. José do nome de Pombal para ministro do Reino
e a redação de carta-testamento com sugestões para Portugal superar o
atraso em que se encontrava ancorado, frente às demais potências euro-
peias em ebulição modernizadora.

Para Maxwell, Pombal foi a “figura-chave” e Luís da Cunha “o mais


proeminente pensador”, de “uma importante corrente de pensamento
mais específica a Portugal”, que se desenvolveu paralelamente ao surto
filosófico iluminista:
O debate enfocava a localização de Portugal no sistema internacional
e confrontava diretamente os limites e as opções dentro dos quais um
pequeno país como Portugal, parte do mundo ibérico, mas indepen-

18 – San Tiago Dantas, 2002: 24.


19 – Carlos Guilherme Mota, 2005, v. 1: 38 e Kenneth Maxwell, 2003:94.
20 – D. Luís da Cunha, 1820. A indicação para ministro do Reino de Sebastião José de
Carvalho e Mello, futuro Marquês de Pombal, “cujo gênio paciente especulativo e ainda
que sem vício, um pouco difuso, se acorda com o da Nação”, está na p. 10. A referência a
“uma Droga a que chamam de moda” nas pp. 58 e 61.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

dente da Espanha, teria de viver. Central a essas discussões era o


problema de reter e explorar os consideráveis ativos ultramarinos que
Portugal controlava na Ásia, África e, sobretudo, o Brasil...

Ao tornar-se o condutor da política defendida por essa corrente, Pom-


bal levou em conta as peculiaridades de Portugal no sistema Atlântico,
mas teve de enfrentar o impacto sobre o empresariado português do boom
do ouro brasileiro, de 1700 a 1760. No conflito que então se desenvolveu,
Pombal privilegiou decisivamente os grandes mercadores portugueses e
brasileiros, no lugar dos pequenos comerciantes, que considerava meros
agentes comissionados dos estrangeiros. Em decreto de 1773, Pombal
extinguiu a distinção entre “velhos” e “novos” cristãos, o que terá contri-
buído para a “autoestima” da burguesia comercial de Lisboa”, na medida
em que os termos cristão novo, mercador e homem de negócio eram na
época quase-sinônimos.21 A autoestima reforçada se estendeu aos merca-
dores no Brasil, cuja situação econômica e social estava se consolidando
a tal ponto que Pombal teve que adotar comportamento conciliador em
relação “aos poderosos interesses brasileiros”. Segundo Maxwell:

O problema fundamental para Portugal [...] derivava da lógica do sis-


tema Atlântico baseado no Brasil, nos contornos da qual Pombal havia
operado. Na análise final, o Brasil se tornaria inevitavelmente o par-
ceiro dominante no império lusófono.22

Ao mencionar a época pombalina, é forçoso lembrar as profundas


consequências, no quadro político e no ideário contemporâneo, do terre-
moto de 1º de novembro de 1755 e o tsunami e incêndio que a ele se se-
guiram, causando destruição sem precedentes a Lisboa. Pombal seques-
trou o evento a seu favor e o transformou em alavanca de sua despótica
política modernizadora – econômica, social, administrativa e urbana.23
21 – A. Charles R. Boxer, 1969:333.
22 – Kenneth Maxwell, 2003:73 a 76.
23 – Marquês de Pombal, Discurso político sobre as vantagens que o reino de Portugal
pode alcançar da sua desgraça por ocasião do memorável terremoto de 1º de novembro
de 1755, apud Lilia Moritz Schwarcz, 2002: 96. O terremoto teve enorme repercussão em
toda a Europa. Voltaire lhe dedicou o “Poema sobre o desastre de Lisboa”, que também
inspirou seu Candide. O evento teria induzido nova etapa do pensamento de Voltaire,

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):15-58, out./dez. 2010 21


Marcílio Marques Moreira

De Pombal, a linha seguiria para o Padre Luiz Antonio Verney, autor


do Verdadeiro modo de estudar (1746) e inspirador das reformas educa-
cionais pombalinas, entre as quais se distingue a reforma da Universidade
de Coimbra em 1772,24 de que se beneficiariam crescentes levas de bra-
sileiros que ali foram estudar e dele para José da Silva Lisboa, o futuro
Visconde de Cairu (1756-1835). Desde os Princípios de economia polí-
tica para servir de introducção à tentativa econômica, de 1804, 28 anos
apenas após a Riqueza das Nações, e graças a muitas outras obras que
publicaria a seguir, entre as quais os Princípios de Direito Mercantil, de
1815, impor-se-ia tanto como o mais importante intérprete luso-brasileiro
da ainda recente disciplina de economia política quanto como pioneiro de
nossa literatura jurídica.25

Entre os estadistas portugueses, merece registro D. Rodrigo de Sou-


sa Coutinho. Exerceu durante 17 anos funções diplomáticas em Turim
e ocupou, de 1796 a 1801, a pasta da Marinha e Domínios Ultramari-
nos. Acompanhara de perto a Revolução Francesa e foi um dos primeiros
leitores portugueses da Riqueza das nações.26 De 1801 a 1803, presidiu

afastando-o do otimismo e levando-o a uma reflexão mais pessimista sobre a extensão do


mal no mundo. Kant também dedicou reflexão ao terremoto, e Goethe, em suas memó-
rias (Goethe, Aus Meinem Leben: Dichtung und Wahrheit, v. 10 de GoethesWerke, Basel:
Verlag Birkhäuser, 1944), menciona a profunda impressão que o atingiu aos seis anos,
incutindo-lhe dúvidas sobre a bondade divina. Ver também Bronislaw Baczko, 2008: 62-
65 e Kenneth Maxwell, 2002: 20-45.
24 – Sobre o impacto da reforma na formação dos estudantes brasileiros, ver Maria Odila
Leite da Silva Dias, 2005: 40. Nas páginas 53-54, referência a Verney. Sobre Pombal, ver
também Miguel Real, 2005. Ainda sobre Verney, ver Real, 2005: 56 e 102, e Maxwell,
1995:12-14, 96-97, 100, 102 e 159.
25 – José da Silva Lisboa, Princípios da economia política, 1798-1804. A edição da Pon-
getti de 1956, no Rio de Janeiro, traz introdução de Alceu de Amoroso Lima e comen-
tários do professor L. Nogueira de Paula. Já os Princípios de direito mercantil e leis de
marinha, 1815, tiveram edição fac-similar publicada em 1963 pelo Ministério da Justiça
e Negócios Interiores com introdução de Alfredo Lamy Filho. Nessa introdução, Lamy
cita Tullio Ascarelli (Ensaios e pareceres, p. 408), segundo o qual “L’opera del Visconte
di Cairú col qual puó iniziarsi la scienza del diritto commerciale in Brasile [...] nella su
modernità, frutto a sua volta della larga esperienza internazionale del suo autore, puó
vantaggiosamente paragonarsi alle opere europee dello stesso periodo”.
26 – José Luís Cardoso, 2001: 65-109. Ver também Ana Rose Cloclet da Silva, 2006,
especialmente p. 176 e seguintes, sob o título “Políticas reformistas no contexto revolu-
cionário: o pensamento de D. Rodrigo de Sousa Coutinho”.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

o Real Erário e, de 1808 a 1812, foi o ministro de D. João de maior


destaque, liderando processo de reforma e modernização da economia
e da sociedade luso-brasileira. Previu futuro promissor para o “Império
luso-brasileiro” e defendeu reformas científicas e medidas práticas para
incentivar a economia, o que lhe valeu o julgamento de que “a nenhum
outro português mais do que a D. Rodrigo deve o Brasil tantos cuidados
e iniciativas úteis”.27

Entre os brasileiros, Manoel Ferreira da Camara Bethencourt e Sá,


mineiro,28 e José Bonifácio de Andrada e Silva, paulista,29 depois de se
formarem em Coimbra em direito e mineralogia, empreenderam expedi-
ção de quase uma década para estudar química e mineralogia em Paris,
depois em Freiberg, na Alemanha, visitando ainda as minas da Saxônia,
Boemia e Hungria, Catherineburgo, Rússia, Dinamarca, Suécia, Noruega,
Escócia e País de Gales.

Manoel Ferreira da Câmara, tornar-se-ia, no início do século XIX,


Intendente-geral das Minas e dos Diamantes do Serro Frio, sendo um dos
pioneiros na introdução e desenvolvimento da siderurgia no Brasil. Seu
companheiro em Coimbra e na expedição “científica” pela Europa, José
Bonifácio, viria, por sua vez, a ministrar a cátedra de metalurgia na Uni-
versidade de Coimbra e exerceu a intendência geral das Minas e Metais
do Reino. Foi membro ativo e, de 1812 a 1819, secretário perpétuo da
Academia Real das Ciências de Lisboa, “núcleo intelectual privilegiado
do reformismo ilustrado pós-pombalino”. 30

José Bonifácio, em sua notável, embora curta, atuação política no


Brasil, exerceu, a partir de 1821, papel crucial no processo da Indepen-
dência, e, como ministro do Império e dos Estrangeiros, prestou contri-
buição decisiva à consolidação do ainda contestado Império, à garantia
da soberania nacional, à unidade política e à integridade territorial do

27 – Marcos Carneiro de Mendonça, 1933: 18.


28 – Marcos Carneiro de Mendonça, 1933.
29 – José Bonifácio de Andrada e Silva, 1963.
30 – “Introdução” de Miriam Dohlnikoff a José Bonifácio de Andrada e Silva, 1998: 15.
Para a caracterização da Academia Real, ver Cloclet da Silva, 2006: 225.

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Brasil.31 Seu ambicioso projeto civilizatório para o Brasil, lastreado em fé


liberal e modernizadora, propunha amplo esforço “para promover a civi-
lização geral dos índios”, para eliminar o tráfico negreiro, e para melhorar
e fiscalizar “o tratamento dos miseráveis cativos”.32 Essa posição, como
nos lembra Alberto Costa e Silva, o distingue como o mais consistente,
talvez o único, antiescravagista convicto entre os estadistas e polemistas
de então.

Entrementes, consolidara-se na Europa a ascensão de Napoleão. O


bloqueio continental e a resposta britânica empurraram Portugal para o
angustiante dilema entre o dominador dos mares e o conquistador con-
tinental. D. João, apesar de repetidas tentativas para escapar dessa com-
pressão bifrontal por meio de cada vez menos convincentes juras de neu-
tralidade, ideia que já em 1795 D. Rodrigo caracterizara como “pueril”,
acabou obrigado – mas “a História não obriga” – a tomar, em 1807, a
audaciosa decisão de se deslocar com toda a Corte para o Brasil,33 onde
chegaria nos primeiros dias de 1808. Como exemplo do que estava ocor-
rendo alhures, bastaria mencionar que foi nesse ano que Goethe publicou
a primeira parte do Fausto, que, na feliz caracterização de San Tiago, é “a
lenda primordial da alma moderna”.34

À dúvida sobre se a transmigração representara atabalhoada fuga de


última hora ou bem pensado passo de estratégia já há tempos concebida,
Oliveira Lima sentenciou que “é muito mais justo considerar a traslada-
ção da Corte para o Rio de Janeiro como uma inteligente e feliz manobra
política do que uma deserção cobarde”.35
31 – José Honório Rodrigues, 1963, v. 2: 6. Ver também Tobias Monteiro, v. 1, p. 447 e
seguintes.
32 – José Bonifácio de Andrada e Silva, 1963, v.2: 45-82: “Representação à Assembleia
Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil sobre a Escravatura”, 1823.
33 – O alerta de D. Rodrigo foi feito através de Ofício, de 14 de outubro de 1795, da
legação de Portugal em Turim, reproduzido em Cloclet da Silva, 2006: 177. “O grande
meio de salvar-se nos perigos consiste em ousar fixá-los com olhos abertos e afrontá-los.
É pueril a ideia de neutralidade que no momento atual não existe nem pode existir. Só
como ato de humildade evangélica, e não como sistema político, é que uma tal resolução
se pode considerar.”
34 – San Tiago Dantas, 1948: 32.
35 – Oliveira Lima, 1908: 37.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

O “indeciso” Príncipe Regente com aquela decisão não só salvaguar-


dou para a Casa de Bragança a Coroa de Portugal, senão também protegeu
suas colônias, em especial o Brasil, da ambição das três grandes potências
que as poderiam cobiçar: a Grã-Bretanha, que, em troca da segurança que
provera à transferência, colheu significativos benefícios econômicos, mas
teve afastada qualquer ambição colonial de natureza territorial; a Fran-
ça, que poderia ver-se tentada a desafiar a Inglaterra atacando a América
Portuguesa; e a tradicional rival Espanha, infiltrada, através de Carlota
Joaquina – que aliás se opôs tenazmente à transferência –, na própria
intimidade da Corte portuguesa.

Baseado no estudo minucioso de documentos ingleses, Kenneth Li-


ght e José Luís Cardoso, que se valeu também do testemunho da mulher
de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, concluíram que a travessia do Atlân-
tico, “decisiva viragem na história portuguesa e brasileira”, foi menos
tumultuada do que costuma ser descrita, já que “todas as embarcações
chegaram a seu destino.”36

Na tarde de 22 de janeiro de 1808, a nau Capitânea Príncipe Real


entrou na baía de São Salvador e na tarde do dia seguinte, a família real
baixou à terra.37 Apenas cinco dias passados em ambiente novo e des-
conhecido, D. João mais uma vez mostrou que, embora inconstante, era
capaz de tomar decisões tempestivas de enorme alcance. Assinou em 28
de janeiro a Carta Régia da Abertura dos Portos, revogando “todas as
leis, cartas-régias ou outras ordens que até aqui proibiam neste Estado do
Brasil o recíproco comércio e navegação entre os meus vassalos e estran-
geiros”. Ambos poderiam, a partir daquele dia,

exportar para os portos que bem lhes parecer a beneficio do comércio


e agricultura, que tanto desejo promover, todos e quaisquer gêneros e
produções coloniais, à exceção do pau-brasil, [...] transportados por
navios estrangeiros das potências que se conservam em paz e harmo-
nia com minha Real Coroa, ou em navios de meus vassalos.38

36 – Kenneth Light, 2008:109 e José Luís Cardoso, 2008:10.


37 – José Luís Cardoso, 2008: 148-149.
38 – Ver Paulo Bonavides e Roberto Amaral, 2002: 410-411. A restrição a navios de po-

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Essa decisão, embora “menos dramática do que a transferência da


Corte [...], não traria – nas palavras de Rubens Ricupero – consequências
menos graves do que ela”. A medida “destruiria de uma só penada um
sistema consolidado em séculos e em torno do qual se haviam criado
interesses poderosos”.39 Foi um complemento natural da transferência
da Corte portuguesa para o Brasil, sacramentando verdadeira “inversão
colonial”.

A Abertura dos Portos significou divisor de águas entre o regime


mercantilista do “exclusivo colonial” e o regime de comércio livre, entre
a tendência de o país se abrir ao mundo e a de fechar-se em si mesmo,
uma das dicotomias – maior inserção na economia mundial ou introver-
são autárquica e protecionista – que reencontraremos no percurso que
nos propusemos a trilhar.

No momento da chegada de D. João a Salvador os armazéns do porto


se encontravam abarrotados, especialmente com açúcar da safra recente,
em consequência da suspensão de saídas de navios estrangeiros, em obe-
diência às instruções, datadas de 7 de outubro, para fechar os portos a na-
vios da Inglaterra. Em carta de 27 de janeiro, o Conde da Ponte, implora
ao Príncipe Regente

que se levante o embargo sobre a saída livre dos navios, fazendo-se


público na Praça comerciante que são nossos inimigos França e Es-
panha e nossa aliada a Grã-Bretanha e que debaixo desta hipótese se
permita navegarem livremente para Portos que, ou as notícias públicas
ou particulares de seus correspondentes, lhes indicarem mais vantajo-
sos às suas especulações.40

Na ocasião, José da Silva Lisboa exercia as funções de deputado e


secretário da Mesa de Inspeção da Agricultura e Comércio da Bahia. Ten-

tências “amigas” foi superada pelo decreto de 18 de junho de 1814, que rezava que, cerra-
das “as hostilidades contra a França [...], não se impeça mais [...] a entrada dos navios de
quaisquer nações”. Bonavides e Amaral, 2002: 453.
39 – Rubens Ricupero, 2007: 22.
40 – Carta do Conde da Ponte ao Príncipe Regente, em 27 de janeiro de 1808, apud Pinto
de Aguiar, 1960: 107-108.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

do estabelecido boas relações com o futuro Marquês de Aguiar quando


este era governador (1788 a 1801), foi capaz de prover lastro teórico e
clareza conceitual ao decreto do Príncipe Regente.41

As condições materiais e as ideais capazes de induzir D. João a agir


em atenção ao apelo do Conde da Ponte estavam claramente postas. Mui-
tos analistas sustentaram a inevitabilidade da decisão, dada a pressão das
circunstâncias e dos interesses ingleses (não obstante a ausência na Bahia
de qualquer representante britânico e do anglófilo D. Rodrigo), e minimi-
zaram o papel de Silva Lisboa no surpreendentemente rápido desfecho.
Após examinar várias versões da controvérsia que permeou a historiogra-
fia do evento, Ricupero expressou equilibrada avaliação.

A Abertura dos Portos, como outros momentos culminantes, foi a


confluência de forças profundas, de longo prazo, com fatos desenca-
deadores e seres humanos aptos a tirar a lição desses fatos e dar-lhe
expressão por meio de ações. O catalisador foi a invasão francesa e o
traslado da Corte, mas o resultado dessa conjunção poderia ter assu-
mido formas muito diferentes.42

Em sermão proferido em 22 de janeiro de 1815 para comemorar os


sete anos da chegada do Príncipe Regente à Bahia, Ignácio José de Ma-
cedo usou arquitetura conceitual análoga: “Quando as circunstâncias são
tão poderosas que não querem ceder à Política dos Soberanos, é neces-
sário que a Política dos Soberanos saiba ceder com arte ao império das
circunstâncias.”

A economia que esteve presente em três episódios extraordinários de


nossa História – na instalação da sede da monarquia portuguesa no Rio de
Janeiro, na Abertura dos Portos e na Independência do Brasil43 – teve sua
relevância explicitada no Decreto de 23 de fevereiro de 1808 que criou a
cadeira e aula pública de economia política, a primeira no mundo luso-
brasileiro, e designou para ministrá-la José da Silva Lisboa. É ilustrativo

41 – Rubens Ricupero, 2007: 23.


42 – Rubens Ricupero, 2007: 24.
43 – Antonio Penalves Rocha, 2001: 152.

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o texto: “Sendo absolutamente necessário o estudo da ciência econômica


na presente conjuntura em que o Brasil oferece a melhor ocasião de se
porem em prática muitos de seus princípios [...].” E insiste na importância
do ensino da ciência econômica, “sem a qual se caminha às cegas”.44

Esta reflexão coincide com o comentário de Marieta Pinheiro de


Carvalho, de que, no século XVIII e nas primeiras décadas do XIX, “as
mudanças na ordem do pensamento foram acompanhadas por transfor-
mações materiais que alteraram as formas de viver e o ambiente social”.45
Essa interação entre teoria e realidade não reflete determinismos, mas
antes se aproxima do conceito que Max Weber, ao repelir o materialismo
histórico marxista, tomou emprestado a um romance de Goethe. Refiro-
me ao conceito de “afinidade eletiva”, que Weber “usava frequentemente
para expressar o aspecto dual das ideias, isto é, que elas foram criadas
ou escolhidas pelo indivíduo (‘eletiva’) e que elas correspondem a seus
interesses materiais (‘afinidade’)”.46

D. João VI prosseguiu no Rio de Janeiro o processo pelo qual procu-


rou habilitar o Brasil a migrar de Colônia para sede e protagonista prin-
cipal do “Império luso-brasileiro”. Para entendimento da nova era, vale
registrar:

• Revogação, por Alvará de 1º de abril de 1808, da proibição im-


posta à instalação de manufaturas nas Colônias pelo Alvará de
1785. Um ano mais tarde, outro Alvará, de 28 de abril de 1809,
concederia favores fiscais “aos introdutores de novas máquinas
para as fábricas”. Com esses atos, o Regente D. João revogou
decisão de D. Maria, que procurara afastar o Brasil da “Revo-
lução Industrial” em curso na Europa. É verdade que, apesar
da proibição real, há registros de que várias atividades indus-
triais haviam surgido no Brasil, à medida que, a partir do século
XVIII, o mercado interno brasileiro foi se fortalecendo. Ao tem-

44 – Decreto Régio de 23 de fevereiro de 1808 em Antonio Penalves Rocha, 2001: 205.


45 – Marieta Pinheiro de Carvalho, 2008: 30 e 31.
46 – Reinhard Bendix, 1960: 85.

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po da transferência da Coroa, o mercado doméstico já rivalizava,


se não superava, a economia de exportação.

• D. João procurou, também, estimular a produção agrícola e,


para tanto, não só fez criar, em 1808, um jardim de aclimata-
ção, o Real Horto, futuro Real Jardim Botânico, se não, também,
pelo Alvará, de 7 de julho de 1810, quis dar “continuados tes-
temunhos da singular Atenção, com que Contemplo, e Prezo a
Agricultura, como huma das principais fontes da População e da
Riqueza Pública, que Desejo Augmentar cada vez mais, ainda
que com detrimento das Minhas Rendas” ao instituir um sistema
de incentivos fiscais para os “introductores e cultivadores” de
quaisquer plantas que “possão formar para o futuro artigos con-
sideráveis de consumo, exportação e Commercio”.47

• Criação, em 13 de maio de 1808, da Impressão Régia com o


maquinário transportado na Medusa. A Impressão Régia se pro-
punha a divulgar tanto decisões e documentos oficiais quanto
livros doutrinários ou práticos (os primeiros foram da lavra de
Cairu) e, também, veio a imprimir dois periódicos, A Gazeta do
Rio, desde 1808, e, mais tarde, O Patriota. A proibição de es-
tabelecimento de gráficas na Colônia fizera parte de arraigado
menosprezo pela, ou até medo da, educação, em contraste com o
colonizador espanhol que desde cedo procurou fundar universi-
dades nas colônias americanas e permitiu que ali se instalassem
gráficas.

• Fundação do Banco do Brasil, por Alvará de 12 de outubro de


1808, que ordena “que nesta Capital se estabeleça um Banco
Público”, “para animar o comércio, promovendo os interesses
Reais e Públicos, na forma que nele se declara”.48 Foi um passo
crítico para intensificação da atividade econômica, na medida
47 – Rosa Nepomuceno. 2008 e J.B. Rodrigues 1894:3 a 5.
48 – O Alvará, assinado pelo Príncipe e referendado por D. Fernando José de Portugal,
vem acompanhado dos “Estatutos para o Banco Público”. Ver Bonavides e Amaral, 2002:
425-431.

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em que um sistema financeiro funcional é pressuposto indispen-


sável a qualquer economia moderna.

• Revogação, pelo Alvará de 5 de maio de 1810, da proibição que


havia sido imposta na época de Pombal pelo Alvará Real de
1757, de se cobrar juros acima de 5%. Por justificativa, o Alvará
invoca os princípios de direito natural e a promoção da prospe-
ridade nacional. Esta medida se enquadra na mesma direção da
criação do “Banco Nacional”.

O Tratado de Amizade, Commercio e Navegação assinado em 19 de


fevereiro de 1810, há quase exatos 200 anos, entre o Príncipe Regente e
Sua Majestade Britânica,49 e cuja troca de ratificações se deu em Londres
em 4 de julho do mesmo ano, deu continuidade a série secular de tratados
entre as duas Coroas e refletiu a preeminência inglesa, militar, política e
econômica, difícil de contornar naquele momento.

Controvertido desde sua assinatura, o novo acordo, além de cláusu-


las consideradas humilhantes para nós, como a concessão de jurisdição
extraterritorial aos comerciantes ingleses e as restrições ao tráfico negrei-
ro (pelo Tratado simultâneo de Amizade e Aliança), o Tratado tem sido
acusado de ter inibido o processo de industrialização iniciado a partir da
Abertura dos Portos e da revogação do Alvará que proibia a indústria ma-
nufatureira no Brasil. Outros fatores parecem, entretanto, ter contribuído
para estancar o impulso industrial e, também, para explicar o baixo cres-
cimento da economia brasileira a partir de 1820 até ao menos 187050.

Nathaniel Leff, em um dos mais bem avaliados estudos sobre o de-


sempenho da economia brasileira no século XIX, exclui alguns dos mo-
tivos que tradicionalmente vinham sendo aventados, tais como “imperia-
lismo do livre comércio”, simbolizado nos Tratados do Comércio com
49 – Tratado de Amizade, Commercio e Navegação, 1810.
50 – O PIB é estimado ter crescido de 2,9 bilhões de dólares (de 1990) para quase 7 bi-
lhões, de 1820 a 1870 isto ter mais do que dobrando, mas como no período a população
também teria subido de 4,5 milhões para 9,8 milhões, a renda per capita se expandiu
apenas de 646 dólares para 743 dólares, acréscimo insignificante. Ver Angus Maddison,
2001:193 a 195.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

a Grã-Bretanha, ou “política interna de dominação por uma oligarquia


de latifundiários”. Em contraste, aponta, como mais plausíveis, “baixos
níveis educacionais”, “medíocres – e caros – meios de transporte” e a “in-
capacidade do setor agrícola interno de conseguir aumentos de produtivi-
dade”, provavelmente tolhido pelo regime de trabalho escravo. Enfatiza
ainda e atribui peso relevante à acentuada queda econômica do Nordeste,
fruto, por sua vez, do declínio de seus principais produtos de exportação.
O Nordeste enfraquecido não só gerou crescente desigualdade em relação
ao mais dinâmico Sudeste, turbinado pela crescente prosperidade do café,
senão também puxou para baixo o crescimento médio do país como um
todo.51

Alan Manchester argumenta que, tendo-se o Príncipe Regente entre-


gue, pela força das circunstâncias, à proteção britânica, os representantes
da Coroa britânica consideravam que “a Inglaterra tinha se credenciado
a estabelecer com o Brasil a relação de soberano e sujeito”.52 Em rela-
ção aos tratados em si, Manchester opina que D. Rodrigo, simpatizante
natural da Inglaterra, ao negociá-los, “foi guiado por sua preocupação
com Portugal, enquanto a atenção da Inglaterra foi dirigida sobretudo ao
Brasil”.53 Concorda que os tratados acabaram “sufocando as indústrias
nascentes surgidas desde 1808”, mas afirma que, em contrapartida, “o
influxo de capital e de empresas britânicas” teria estimulado a atividade
econômica. Após chamar a atenção para o papel positivo exercido pelos
comerciantes ingleses no Rio de Janeiro, conclui, com humor: “em 1808,
a colônia emancipou-se, economicamente, da mãe-pátria decadente; em
1810, adquiriu uma madrasta rica”. 54

José Jobson de Andrade Arruda argui que a abertura dos portos fora,
na realidade, antecedida por uma abertura informal em especial do porto
do Rio de Janeiro, operado pelo contrabando, “às escâncaras e sob as
vistas de autoridades desleixadas e mesmo coniventes”, nas palavras de
51 – Nathaniel Leff, 1991:vol II, pp. 1,3,8,9,10,81,87,97,141. Sobre a escravidão como “ele-
mento antieconômico” no século XIX, ver também Francisco Iglesias, 1958:197,198.
52 – Ver Alan K. Manchester, 1933: 68.
53 – Alan K. Manchester, 1933: 92.
54 – Alan K. Manchester, 1933: 94-95.

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Marcílio Marques Moreira

Caio Prado Jr.55 Os números são eloquentes: de 1791 a 1807, os navios


estrangeiros no Rio passaram de 9, em 1791, para 70 em 1800, e uma mé-
dia superior a 50 por ano até 1808, quando voltou a 70. Como resultado,
as exportações de produtos industriais portugueses para o Rio regrediram
de 5.500 contos de réis em 1800 para cerca de 1 mil em 1807 e 500 em
1808,56 isto, portanto, antes da abertura formal dos portos aos navios e
produtos ingleses.

Com a chegada da Corte ao Brasil, o comércio, tanto de exportação


como de importação se expandiu no Rio, que também recebeu investi-
mentos e casas comerciais inglesas e, após 1814, francesas, que vieram
dar vida nova não só ao comércio de grosso trato e ao movimento por-
tuário, senão também ao varejo. Nas palavras de Gastão Cruls, “melhor
ainda do que as suas exportações, ingleses e franceses vieram instalar-se
no Rio e outras cidades do Brasil, dando feição nova e mais adiantada ao
Comércio, até ali de todo entregue ao ramerrão português”.57

Em contraste à opinião de Manchester, o Corpo de Comércio de Lis-


boa considerou, em janeiro de 1822, que “os dois principais males que en-
fraqueciam o comércio português” eram “os Tratados de 1810 e a ‘devia-
ção’ do comércio do Brasil depois da abertura dos portos”.58 Expressava
assim “a insatisfação reinol” com as condições econômicas em Portugal,
“afetadas pela abertura dos portos brasileiros e os efeitos do tratado de
1810”.59 Uma vez afastada, em 1814, a ameaça francesa a Portugal, até
então aceita como justificativa para a permanência da Corte no Brasil,
esta era crescentemente ressentida em Lisboa, como se os povos da me-
trópole tivessem sido “reduzidos à humilhante qualidade de colônia”.60

55 – Caio Prado Jr. 1961, pp. 228-229.


56 –José Jobson de Andrade Arruda 2008:116 a 119.
57 – Gastão Cruls, 1952, v. 2: 245.
58 – Antonio Penalves Rocha, 2001: 174.
59 – Cloclet da Silva, 2006: 259.
60 – “Proposta autografada sobre o regresso da Corte para Portugal e providências conve-
nientes para prevenir a revolução e tomar a iniciativa na reforma política”, por Silvestre
Pinheiro Ferreira, RIHGB, t. 47, parte I, 1884, p. 2, apud Cloclet da Silva, 2006: 248, e
Silvestre Pinheiro Ferreira, 1976: 20 e 21. Silvestre Pinheiro Ferreira, funcionário da
Corte, migrou para o Rio em 1809 e foi conselheiro de D. João VI no tema do regresso da

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

A elevação do Brasil à condição de Reino, junto a Portugal e Algar-


ves, que, segundo observador contemporâneo, se propunha a “identificar
em uma só família os Portugueses de ambos os hemisférios” e extinguir
“de uma só vez a indiscreta rivalidade, que ainda se deixava perceber nas
classes ignorantes do povo, entre Portugueses Americanos e Portugueses
Europeus”. Embora bem recebida no Brasil – inclusive pelos negocian-
tes reinóis aqui radicados –, por ter “dado princípio à época mais útil e
mais brilhante do Brasil”, a medida não teve acolhimento semelhante em
Portugal, não só porque a rivalidade apontada era mais ampla do que o su-
punha o autor, senão, também, porque os interesses divergentes tendiam
a se aprofundar.61

O processo joanino de modernização, no período 1808 a 1821, ape-


sar das restrições estipuladas no Tratado de Aliança e Amizade, concluído
na mesma data do sobre Comércio e Navegação, ocorreu simultaneamen-
te à intensificação do tráfico negreiro, que se tornou mais lucrativo do que
nunca (segundo Alberto Costa e Silva, o aumento da população escrava
nos 13 anos entre 1808 e 1821 foi maior do que o de qualquer outro perí-
odo da história luso-brasileira). O indiscriminado extermínio de popula-
ções indígenas também recrudesceu.

Segundo a bibliografia tradicional, a queda da extração do ouro e


dos diamantes, a partir de 1760, teria provocado séria crise econômica no
Sudeste e Sul da colônia, até que se completasse o processo de transição
econômica da economia aurífera à cafeeira.62 Interpretação historiográfi-
ca mais recente, entretanto, entende que a “mineração nunca se restringiu
às veias auríferas e à coleta de diamantes”, pois fora “também baseada
em diversos tipos de minerais”, enquanto, gradativamente, fortalecia-se
o processo de alargamento e diversificação do mercado interno.63 Vasto

Corte para Portugal; exerceu o Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Guerra a partir
de fevereiro de 1821, regressando a Portugal em 26 de abril desse ano com a Corte, após
pedir demissão do Ministério. Ver José Esteves Pereira, 1974: 19-22.
61 Paulo José Miguel de Brito, 1829: XI.
62 – Eulália Maria Lahmeyer Lobo, 1978:v I, 35 e Roberto Simonsen, 1939:213 e 219.
63 – Eduardo França Paiva, “Minas depois da mineração”, capítulo VIII de Keila Grin-
berg e Ricardo Salles, 2009:295.

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patrimônio documental, até há pouco inexplorado, “coloca[m] em xeque


definitivamente a visão de um fausto aurífero seguido de decadência eco-
nômica [...]” e põe[m] por terra a ideia da “suposta fraqueza de um mer-
cado interno”. A América Portuguesa deixa de ser mero “apêndice de um
‘comércio triangular’ para auferir lucros à metrópole”, na opinião abali-
zada de José Newton Coelho Meneses.64 Nesse contexto, evidencia-se a
transformação do sul da capitania de Minas Gerais “no principal núcleo
produtor e abastecedor do mercado carioca”.65 Tal evolução fez surgir “ao
sul das Gerais um verdadeiro complexo agropecuário”,66 simultaneamen-
te à consolidação da economia fluminense, não só nos marcos do mercado
atlântico, senão também no dos mercados domésticos.67 Em vez da pro-
palada “crise econômica generalizada”, teria havido, isto sim, “intenso
rearranjo econômico e social”.68

Por sua vez, os avanços na mecanização do beneficiamento do algo-


dão e de sua tecelagem, um dos progressos tecnológicos da Revolução
Industrial, incrementaram a demanda por algodão e, em consequência,
o cultivo do produto no Brasil. Sua exportação passou a representar im-
portante riqueza no comércio da colônia e no próprio comércio exterior
de Portugal, que passou a reexportar o produto para a Inglaterra. Teve
seu melhor momento por ocasião do “Embargo Act” dos Estados Uni-
dos (1807-1808, na presidência Thomas Jefferson), da guerra dos Esta-
dos Unidos com a Inglaterra de 1812-1814 e do bloqueio continental de
Napoleão, até 1814.69

O algodão reexportado para a Inglaterra, adicionado à exportação


de vinhos, foi capaz de inverter a balança do comércio da Grã-Bretanha

64 – José Newton Coelho Meneses, Introdução ao Capítulo “Economia: diversificação,


dinâmica evolutiva e mercado interno” in Maria Efigênia Lage de Resende e Luiz Carlos
Villalta, 2007:273 e 274.
65 – Alcir Lenharo, 1979: 24. Ver também Cloclet da Silva, 2006: 221.
66 – É surpreendente a percuciência de Leroy-Beaulieu, que já em 1886 comentava que
“foi feliz para o progresso agrícola desta rica região [Minas Gerais] que os metais precio-
sos lá tenham sido encontrados após a agricultura e o comércio ter-se já estabelecido”.
67 – João Fragoso e Manolo Florentino, 2001: 78-80.
68 – Eduardo França Paiva, 2009:276.
69 – Roberto Simonsen, 1939: 301.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

com Portugal, tornando-a, por alguns anos, superavitária para Portugal.


Em 1791, o saldo a favor de Portugal beirou 252 mil libras e, segundo
Manchester, “ouro inglês foi embarcado via Portugal para o Brasil” para
saldá-la.70 As crescentes exportações de panos de algodão e linho de Por-
tugal para o Brasil, por sua vez, permitiram ao Reino atingir sucessivos
superávits comerciais com a colônia por 16 anos, desde 1792, quando
D. João tornou-se Regente, até 1808, quando chegou ao Brasil com sua
Corte.

Entrementes, João Alberto Castello Branco transportara, em 1770, as


primeiras mudas de café do Pará para o Rio de Janeiro, de onde se espa-
lharam para o Vale do Paraíba e sul de Minas e, em 1809, para Campinas,
tornando-se produto relevante na pauta de exportação a partir de 1816.

O Rio de Janeiro, que crescera nas primeiras seis décadas do século


XVIII como entreposto de minérios, sobretudo do ouro, e fora elevado a
capital da colônia em 1763, firmar-se-ia, no final do século XVIII e início
do XIX, como a principal âncora mercantil não só do comércio atlânti-
co – a partir de 1808, já no novo eixo Brasil-Inglaterra, além do trian-
gular África-Rio-Ásia, – senão também da dinâmica mercantil interna à
América portuguesa, estimulada pela política joanina de integração. Sua
posição exportadora, por sua vez, veio a ser reforçada com a crescente
exportação do café, que se somou a – e acabou superando – tradicionais
produtos, como o açúcar, couros, tabaco e anil, isto sem falar no ouro
amoedado.

De 1796 e 1811, a tendência geral (com exceção de 1806 e 1807)


foi de consideráveis déficits para o Rio de Janeiro. Parcela substancial
desses déficits, entretanto, deriva da não consideração, como exportação,
do envio de ouro e prata do Rio para o Reino, mas sim como pagamento
de déficits. E a parcela restante era mais do que compensada pelas reex-
portações do Rio para outros mercados da colônia, especialmente para
os portos de Santos e Rio Grande, além das direcionadas para Buenos
Aires e para a troca por escravos com Angola e Benguela. Uma parte dos
70 – Manchester, 1933: 52.

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escravos comprados na África era revendida para Santos, Rio Grande e


Minas Gerais, “com o preço per capita de africanos do Rio para (aquelas)
capitanias alcançando o dobro do despendido na compra dos mesmos na
África”.71

As frequentes transações triangulares entre Ásia, Rio e África eram


“altamente lucrativas para o capital mercantil carioca”, que não só comer-
cializava esses produtos, aí incluídos os escravos, mas também financiava
as respectivas transações e seu transporte, para isso mantendo entrepostos
em Angola e Benguela. Os valores envolvidos nessas operações comer-
ciais e financeiras, de importação e reexportação, parecem ter excedido
o da exportação de produtos do chamado “complexo agroexportador” e
foram responsáveis, em grande medida, pela hegemonia do capital co-
mercial do Rio de Janeiro na economia colonial, consolidando a cidade
como “o principal parceiro comercial do Reino no interior do império
português nesta época”.72

Essas lucrativas transações, aliás uma das principais vocações da ci-


dade, eram operadas pela poderosa comunidade de mercadores atlânticos
sediados no Rio de Janeiro, muitos dos quais voltados para a atuação mo-
nopolística e simultânea em diversos setores de negócios. Inexistindo, en-
tão, bancos ou outras instituições financeiras, tanto na colônia quanto na
metrópole,73 os próprios empresários arcavam, e também lucravam, com
o financiamento dos negócios do gênero, inclusive do tráfico negreiro.

A “fragilidade relativa do capital mercantil metropolitano”74 abriu


espaço para o surgimento de “poderosas comunidades mercantis nos tró-
picos”, constituindo-se o Rio de Janeiro, na passagem do século XVIII

71 – João Fragoso e Manolo Florentino, 2002: 328-335.


72 – João Fragoso e Manolo Florentino, 2002: 325.
73 – Pinto de Aguiar, 1960:5.
74 – Paul Leroy-Beaulieu, 1886:56, expande essa explicação, comentando que a pequena
dimensão e a impotência da metrópole (“la petitesse et impuissance du Portugal”) em re-
lação à colônia fizeram com que a colonização portuguesa, em termos relativos, não fosse
demasiado opressora. Para ele “a liberdade foi o berço da colonização”, o que coincide
com a interpretação mais recente da centralidade dos empreendedores livres e do mercado
doméstico.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

para o XIX, em “eixo de verdadeira rede de agentes intercontinentais”.75


Mesmo Eulália Lobo, que havia apontado o declínio do comércio do Rio
em meados do século XVIII e enfatizado o caráter agrário-exportador da
colônia lusa na América, conclui:

Apesar das condições desfavoráveis para o desenvolvimento de uma


burguesia mercantil numa sociedade de plantação tropical, os nego-
ciantes do Rio de Janeiro tinham constituído em fins do século XVIII
um forte grupo de pressão, individualizado e independente dos gran-
des fazendeiros, capaz de fornecer crédito ao Rei e aos proprietários
rurais e que se fazia representar na Câmara Municipal e diretamente
junto ao Rei e aos órgãos de cúpula da administração da metrópole.76

Sérgio Buarque de Holanda advertiu, em 1973, que “a avassaladora


preeminência dos proprietários rurais no início do século XIX não passa
de um mito”, ressaltando que as elites do Primeiro Reinado vinham me-
nos da aristocracia agrária e mais da classe dos “negociantes ou filhos e
genros de negociantes que, em todo caso, deveram ao trato mercantil a
sua riqueza e prestígio.”77

Riva Gorenstein, a partir da premonição de Buarque de Holanda e


sob orientação de Maria Odila da Silva Dias, aprofundou as pesquisas
sobre o processo de mobilidade social no meio urbano do Rio nas pri-
meiras décadas do século XIX, processo que se “contrapõe à visão, que
a historiografia tradicional nos apresenta, de uma sociedade colonial ri-
gidamente estratificada e profundamente marcada pelo predomínio eco-
nômico, social e político dos senhores de terras”. Em sua análise, Riva
considera exagerada, embora justificável, a importância que se costuma-
va atribuir “ao papel desempenhado pela aristocracia agrária no nosso
desenvolvimento”.78

75 – João Fragoso e Manolo Florentino, 2002: 338 e 339.


76 – Eulália Lobo, 1978: 56.
77 – Sergio Buarque de Holanda, Sobre a doença infantil da historiografia brasileira, O
Estado de S. Paulo, 24 de junho de 1973, apud Riva Gorenstein, 1992: 129 e 130.
78 – Riva Gorenstein, 1992: 129 e 130.

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E é claro que a presença da Corte no Rio de Janeiro viria reforçar a


economia da região e a comunidade dos homens de negócio da cidade.
Segundo ponderou Ana Rosa Cloclet,

no plano do deslocamento externo das relações comerciais para o eixo


Brasil-Inglaterra e no da constituição de uma dinâmica mercantil in-
terna à América portuguesa, o reenfoque da política econômica levada
a cabo pelo Ministério Linhares [D. Rodrigo], com base na nova con-
figuração política gestada a partir de 1808, acabou por acirrar a contra-
posição de interesses entre a elite proprietária e mercantil favorecida
pela política joanina e a burguesia mercantil e industrial do Reino,
paulatinamente preterida em seus direitos e reivindicações.79

O acirramento entre os grupos mercantis do Reino e da América lusa


revela-se, também, no relatório do Corpo de Comércio de Lisboa a favor
da tendência do Vintismo de procurar reverter a inversão ocorrida com a
transferência da Corte para o Brasil e, para isso, “recolonizar” a América
portuguesa. Os já fragilizados grupos mercantis da metrópole sentiram-se
marginalizados em comparação tanto com aqueles já anteriormente esta-
belecidos no Brasil, quanto com os que acompanharam a Corte joanina,
a quem, no dizer de Isabel Lustosa e Théo Lobarinhas Piñeiro, não havia
faltado “apoio ... e boa acolhida da gente do Brasil.”80

O Rio de Janeiro que, de certa maneira, replicava fórmulas da “po-


lítica colonial do mercantilismo ilustrado, pelo qual um e outro se apro-
priavam dos ganhos monopolísticos na reexportação de produtos que
compravam”,81 experimentou período de notável expansão e desenvol-
vimento a partir da chegada da Corte, situação que viria a aquecer res-
sentimentos tanto em Portugal quanto em outras províncias da colônia,
especialmente as do Norte e Nordeste.

A evolução em curso coincidiu com a expansão de uma elite comer-


cial que passou a exercer papel crescente no Rio de Janeiro no século
XVIII, dando “origem à primazia do capital mercantil na sociedade colo-
79 – Cloclet da Silva, 2006: 222.
80 – Lustosa e Piñeiro, 2008: 22.
81 – Fernando A. Novais, 2005: 293.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

nial”, acentuada no início do século XIX.82 João Fragoso e Manolo Flo-


rentino caracterizam o período como de “colonial tardio”, noção utilizada
por Dauril Alden83 e Stuart Schwartz:84

por “colonial tardio” entende-se aqui uma época marcada não tanto
por uma recuperação econômica, mas principalmente um período de
consolidação de novas formas de acumulação econômica do Sudeste-
Sul escravista, formas essas coincidentes com o domínio do capital
mercantil e, pois, com a hegemonia de uma nova elite econômica [...]
constituída pela comunidade de comerciantes de grosso trato residen-
tes na praça mercantil do Rio de Janeiro.85

Para Antonio Carlos Sampaio, os homens de negócio dessa elite


mercantil dos séculos XVIII e XIX, que tendiam, crescentemente, a au-
todenominar-se “homens de negócio da praça do Rio de Janeiro”, passa-
riam a constituir-se em “contrapeso à influência da já enraizada nobreza
da terra”.86

Ao comentar a manifestação em 1746 dos homens de negócios da


praça do Rio de Janeiro contra os esforços da aristocracia agrária que,
por se julgar herdeira dos que conquistaram a terra, defendia para si a ex-
clusividade de cargos de vereadores e juízes e honrarias adjacentes, Fra-
goso observa que, “as ponderações dos negociantes tinham respaldo nas
transformações econômicas e sociais pelas quais passava a capitania. A
aceleração mercantil cada vez mais imprimia o ritmo à vida da cidade”.87
E, nas palavras de Sampaio, “todos esses movimentos apontam para a
existência em meados do século XVIII de uma comunidade já claramente
articulada”.88

82 – Antonio Carlos Jucá de Sampaio, 2007: 227.


83 – Dauril Alden, 1987: 284-343.
84 – Stuart B. Schwartz, 1975: 133, onde afirma que “scholars are generally agreed that
the period after 1750 marked a new era in Brazilian history”.
85 – João Fragoso e Manolo Florentino, 2001: 84 e 85.
86 – Sampaio, 2007: 228 e 231.
87 – João Fragoso, 2007: 35 e 37.
88 – Sampaio, 2007: 263.

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Os negociantes, sobretudo os de grosso trato, perseguiram trajetó-


ria viabilizada pela mobilidade social existente e lograram escalar um
processo de “enobrecimento” social e político correspondente a seu cres-
cente poderio econômico, por meio de métodos variados: casamentos,
investimentos em bens agrários, pertencimento a irmandades religiosas e
beneficentes, generosas doações ou financiamentos ao Erário Real. Isso
não significava que eles desejassem “em nenhuma hipótese subverter a
ordem social, mas sim ocupar as suas posições mais elevadas”.89

Essas transformações se aceleraram na medida em que o Rio de Ja-


neiro tornou-se “ponto nevrálgico do império lusitano”, de 1808 até 1822,
acumulando a posição de centro dos negócios e do poder.90 Simultanea-
mente a essa centralidade do Rio de Janeiro na navegação e comércio no
Atlântico Sul, consolidou-se “a figura do empreendedor” que, ao longo
dos três séculos antecedentes já havia exercido papel relevante na “for-
mação econômica do Brasil colonial”.91 E, embora o mercado doméstico
estivesse crescendo mais rápido do que o mercado metropolitano e, pro-
vavelmente, do comércio exterior, a convivência dos mercados externo e
interno veio demonstrar-se não só compatível, como também mutuamen-
te enriquecedor.

A dicotomia entre consumo doméstico e economia exportadora é até


hoje objeto de leituras e ênfases opostas. Tem-se reforçado, entretanto,
a tendência de não mais considerar o “modelo latifundiário agroexpor-
tador” como eixo quase exclusivo da economia colonial. Com exceção
de alguns poucos períodos, nossa economia tem-se inclinado mais à in-
troversão, tendência que se acentuou no período da política de “indus-
trialização substitutiva de importação”, chegando a gerar um preconceito
antiexportador, associado à ideia de que só deveríamos exportar “exce-
dentes” ou produtos de “alto valor agregado”.

89 – Introdução a João Luis Ribeiro Fragoso et al., 2007: 27 e 28.


90 – João Fragoso, 2007. A expressão “ponto nevrálgico do império lusitano” é de Sam-
paio, 2007: 227.
91 – A. Jorge Caldeira, 2009. pp. 18, 19, 22.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

Voltando ao início da década dos anos 20 do século XIX, a notícia,


veiculada em 7 de março de 1821, do iminente regresso a Portugal de D.
João VI, causou inquietação entre os comerciantes do Rio, preocupados
com o enfraquecimento econômico da cidade, uma vez perdida a condi-
ção de sede do Reino Unido. Enviaram ao Senado da Câmara representa-
ção para que fosse sustada a partida real e denunciando as consequências
que adviriam da “reversão da inversão colonial”:
O Decreto de 7 do corrente veio abismar-nos em mágoa e em cui-
dados. Por ele vemos que Sua Majestade transplanta novamente sua
Corte para Portugal, e por consequência que fica o Brasil governado
outra vez como colônia, na total dependência da Corte na Europa... 92

A Independência e a escolha da Monarquia como forma de gover-


no voltaram a levantar a discussão sobre se aquelas decisões teriam sido
consequências “inevitáveis” do Vintismo revolucionário e do regresso do
monarca a Portugal. Entretanto, em vez de relação causa e efeito, parece
ter prevalecido processo mais complexo. Para José Murilo de Carvalho,
“a presença da corte portuguesa no Rio [não] tornou a monarquia um
resultado necessário no Brasil”. A Monarquia e a própria Independência
foram “uma opção”.93

Proclamada a Independência, D. Pedro instou o comércio a abster-


se de transacionar com negociantes do Reino de Portugal, em face “dos
riscos e perigos em que se expõem, pela continuação de suas relações
comerciais com os negociantes do Reino de Portugal, [e a abandonar] por
esse modo o estreito círculo de transações antigas inteiramente opostas à
vastidão do seu comércio”.94

Houve quem defendesse, por sua vez, que os Tratados de 1810 não
precisariam mais ser respeitados, eis que acordados com Portugal, de que
o Brasil se separara. Mas não seria realista supor que a Grã-Bretanha ga-
rante de fato a integridade do Brasil e que, com plenos poderes concedi-

92 – Mathias, 1994: 42.


93 – José Murilo de Carvalho, 1982: 382 e 397, apud Schultz, 2008: 31. Ver, também,
Carvalho Souza, 1998: 185-205, “A esfera da decisão”.
94 – Mathias. 1993:58.

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dos por D. João VI, negociou o reconhecimento da Independência não só


pela Grã-Bretanha, senão também, por Portugal, estaria disposto a abrir
mão de suas relações privilegiadas com o Brasil que, do ponto de vista
econômico, passaram a ser mais relevantes do que as com a metrópole
lusitana.

Charles Stuart, diplomata britânico, Chargé d´affaires em Madrid,


em 1808, depois ministro em Lisboa e membro do conselho da Regência
e, de 1815 a 1824, embaixador na França, fora escolhido, por George
Canning, secretário de assuntos externos da Grã-Bretanha, para concluir
conversações iniciadas informalmente em 1823 em Londres entre Por-
tugal e o Brasil, visando ao reconhecimento de nossa Independência por
parte de Portugal e da Grã-Bretanha. Embarcou em março de 1825 com
destino ao Rio de Janeiro, passando antes em Lisboa, aonde conseguiu
não só convencer D. João VI da irreversibilidade da Independência bra-
sileira, como também de lhe dar plenos poderes para negociar no Brasil,
tanto em nome de D. João VI quanto do Rei Jorge IV.95

Alcançando um entendimento no Rio de Janeiro, após 13 reuniões


com os negociadores brasileiros, Stuart assinou o Tratado pelo qual D.
João reconhecia a Independência brasileira e D. Pedro como seu Impe-
rador, mediante vultosa compensação financeira e o compromisso brasi-
leiro de respeitar a integridade de qualquer outra colônia portuguesa, em
especial Luanda e Benguela, que alguns mercadores brasileiros ambicio-
navam incorporar ao Brasil, para consolidar sua já citada primazia no
Atlântico Sul, em especial no tráfico negreiro.

A Grã-Bretanha, por sua vez, exigiu a novação, sem modificações


essenciais, do Tratado de 1810, no que foi atendida pelo Tratado de 1827
que manteve o teto de 15% ad valorem para as tarifas de importação de
produtos ingleses e a jurisdição especial para seus súditos no Brasil, situ-
ação que perdurou até 1844, quando foi decretada a tarifa Alves Branco,
que estabeleceu tarifa aduaneira de 30% para a maioria dos produtos im-

95 – Leslie Bethell, 2010:13 a 17.

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portados.96 Embora a Grã-Bretanha tenha logrado, também, a reafirmação


formal do compromisso de o Brasil coibir, gradualmente, o tráfico negrei-
ro, na prática, esta parte do entendimento não vingou. De fato o tráfico só
seria extinto em 1850-1851, como resultado de crescente pressão naval
inglesa, da saturação do mercado pela maciça importação de escravos nos
anos anteriores e por efetiva ação brasileira, liderada por Paulino Soares
de Souza e transformada em política pública pela Lei Eusébio de Queiroz,
aprovada pela Câmara, em 17 de julho de 1850, pelo Senado, em 13 de
agosto, e transformada em lei em 4 de setembro.97

Aos Tratados de Comércio com a Inglaterra é atribuída a inibição,


até 1844, do nascente processo de industrialização, matéria entretanto
controvertida. Em recente estudo, Beauclair lembra que, apesar dos Tra-
tados, “algumas fábricas foram realmente criadas”, após revogação do
interdito às manufaturas no Brasil.98 No insuspeito testemunho de Celso
Furtado, “seria um erro [...] supor que aos privilégios concedidos à In-
glaterra cabe a principal responsabilidade pelo fato de que o Brasil não se
haja transformado numa nação moderna já na primeira metade do século
dezenove, a exemplo do ocorrido nos EUA”.99 E explica: “não parece ter
fundamento a crítica corrente que se faz a esses acordos, segundo a qual
eles impossibilitaram a industrialização do Brasil, retirando das mãos do
governo o instrumento do protecionismo”100, isto porque a taxa de câmbio
que se desvalorizou em período de gastos e dívidas governamentais cres-
centes passou a constituir-se em barreira mais poderosa do que o nível da
tarifa aduaneira, sem falar no alto custo do transporte marítimo, ao menos
até a introdução maciça da navegação a vapor.

Mas não foi só o setor industrial que pouco cresceu, ao menos até a
década dos 80 do século XIX. O crescimento per capita do país até as
últimas décadas foi medíocre, para o que, além do rápido crescimento
da população desacompanhado de ganhos de produtividade, contribuiu,
96 – Nícia Villela Luz, 1975: 24,25.
97 – Leslie Bethell, 1970:327 a 365.
98 – Geraldo Beauclair, 1992:18 apud José Jobson de Andrade Arruda, 2008:109.
99 – Celso Furtado, 2007:144,150.
100 1– Ibid: 158.

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Marcílio Marques Moreira

como já vimos, a decadência econômica do Nordeste. Este fenômeno,


por sua vez, refletiu a continuada queda na venda dos principais produtos
de exportação, açúcar e algodão, ocorrida apesar das boas condições de
demanda e preços desses produtos até 1870.

Se observarmos a participação daqueles dois produtos nas receitas


totais da exportação brasileira, segundo o Anuário Estatístico do IBGE,
1939-1940, pp. 1374-8, veremos que o algodão caiu de 25,8% no biênio
1821-23 para 16,6% no biênio 1871-73 e, mais drasticamente ainda, para
apenas 2,9% no biênio 28,9%, enquanto o açúcar despencou, nos mesmos
períodos de 23,1% para 12,3%, atingindo apenas 0,3% em 1912-14. En-
quanto isso, observada a mesma sequência, o café subiu sua participação
de 18,7% para 50,3%, e no período posterior para 60,4%, radical inversão
na composição de nossas vendas ao exterior. Essa mudança, que ocorreu
no momento em que a indústria têxtil acentuava sua expansão na segunda
metade do século XIX, expandiu a renda regional fluminense e paulista,
atraindo os cotonifícios – inicialmente localizados no Nordeste, pela pro-
ximidade da matéria-prima – para o Sudeste, perto do que se tornou seu
principal mercado consumidor.101

O dinamismo do café brasileiro provocou, por sua vez, forte valo-


rização cambial de nossa moeda, o que retirou ao açúcar e ao algodão a
competitividade com que tinham podido contar no mercado internacional
e tornou onerosa sua exportação. Essa situação em que a variação da taxa
de câmbio modifica radicalmente a produtividade e rentabilidade com-
parativa de um produto ou um setor, em detrimento da competitividade
e retorno de outro, passaria a ser fenômeno recorrente, com impacto na
composição de nossas exportações.

Atento à advertência de San Tiago sobre o permanente processo de


troca de ideias entre o passado e o presente, é eloquente a intensa contro-
vérsia que se reacendeu recentemente em que a apreciação considerada

���1– Nathaniel H. Leff, 1991: vol II, 8,9.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

excessiva do Real é denunciada, hoje, como indutora da desindustrializa-


ção, comoditização e especialização regressiva da economia brasileira, o
que confirma a judiciosa observação de Fishlow:

Um entendimento das características históricas do processo brasileiro


de industrialização não é um exercício inútil. Em poucos países a
interpretação do passado tão bem define e discrimina entre as opções
da política no presente.102

Atendo-me, apenas, a matérias divulgadas nos últimos 40 dias – con-


fesso o abandono abrupto da “longue durée” –, a Carta eletrônica IEDI
Nº 403 – “Indústria e Desenvolvimento”, de 17 de fevereiro último, argui
que, em contraste com os países cuja média das taxas de crescimento
anual foi igual ou superior a 5% entre 1970 e 2007, em especial China e
Coreia do Sul,
O Brasil tem passado por mudança de perfil produtivo distinta, com
redução na participação da atividade manufatureira em sua estrutura
produtiva. Se na média do período 1972/1980, respondia por 30% do
valor adicionado (VA) total, em 2007 respondia por 23,7%, 6,3 pontos
percentuais a menos. Ou seja, ocorreu uma desindustrialização relati-
va na economia brasileira.103

A carta do IEDI conclui que “isso remete à premência de se am-


pliar a infraestrutura para a produção, aprimorar o sistema tributário e
perseguir meios para que a taxa de câmbio não se perpetue em patamar
sobrevalorizado”.104

David Kupfer, por sua vez, dedicou, em 3 de março, artigo a “O in-


cômodo das commodities”, em que avalia ser o fenômeno mais marcante
“nas exportações do que na produção doméstica”, o que revela “a forma
passiva de ajustamento com que a economia brasileira vem reagindo ao
novo quadro internacional que se desenha no mundo pós-crise”.105

102 1– Albert Fishlow “Origins and consequences of Import Substitution in Brazil”, apud
Pedro Malan et al., 1977:8.
103 1– Carta IEDI nº 403, 2010:1.
104 1– Carta IEDI nº 403, 2010:8.
105 1– David Kupfer, VALOR, 3.03.2010:A15.

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Liana Verdini em matéria de 2 de março, dedicada à “Ameaça à in-


dustrialização”, em vez de culpar a apreciação do Real, denuncia outro
fator decisivo, a falta de inovação, remetendo à opinião de Rafael Luc-
chesi de que “o nosso modelo de industrialização foi via substituição de
importações e não criamos a cultura da inovação”, carência essa agravada
por “problema sério na estrutura educacional do país” responsável por
grave “deficiência na formação de mão de obra”106.

Cândido Mendes, em “O dia do ‘fico’ ”, louva a exigência à Vale


por uma produção privilegiada, em vez da “velha exportação colonial
do minério brasileiro”, lembrança sem nexo ao ciclo de ouro do século
XVIII, apelando para a história sem contexto e deixando claro que nem o
“ressentimento colonial”, nem o apego à tese da deterioração secular dos
termos de intercâmbio das matérias-primas foram ainda superados entre
nós.107

O Ministro da Fazenda, Guido Mantega, por sua vez, tem-se referido


frequentemente aos esforços do governo para atenuar a taxa de câmbio
“excessivamente valorizada”, mas confessa que a situação “não é a me-
lhor dos mundos”. Isto porque, uma vez mantido o câmbio flutuante, a
estabilização das taxas de câmbio exigiria uma até agora inexistente coo-
peração global, haja vista o câmbio chinês artificialmente subapreciado,
aliás um dos principais fatores dos fortes desequilíbrios financeiros glo-
bais que ainda ameaçam o panorama econômico mundial,108 e que passou
a figurar com um dos principais elementos a aquecer, hoje, o contencioso
Estados Unidos-China.

Retornando á linha histórica, após essa digressão sobre câmbio e


desindustrialização, há que registrar outros momentos marcantes, entre
eles a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República que, ao
mesmo tempo em que refletiram, também vieram consolidar, importantes
mutações estruturais da economia e da sociedade, sendo paradigmático o

106 1– Liana Verdini, Jornal do Commercio, 2.03.2010:A-2.


107 1– Cândido Mendes, O Globo, 5.03.2010:7.
108 1– Caderno de Economia, Jornal do Brasil, 6 de março de 2010:A17.

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intenso, embora curto, período Ruy Barbosa no Ministério da Fazenda.


San Tiago, com argúcia, identificou Ruy “como ideólogo de uma reforma
social” [...] “iniciada difusamente nos últimos decênios da monarquia”
[...]: “a ascensão da classe média”. 109

“A década de 1880 a 1890 [revela, no dizer do Roberto Simonsen]


o primeiro surto industrial do Brasil.”110 Na gestão Ruy Barbosa, esse
surto seria turbinado por notável expansão monetária na forma de moeda
fiduciária, isto é, de papel-moeda, assumindo este relevância crescente
em relação ao ouro, prata e cobre.111 Essa política de estímulo acelerou o
surgimento ou crescimento de inúmeras empresas, como as da indústria
têxtil e de melhoramentos urbanos, “notável expansão do crédito e dos
negócios bursáteis” e amplo acesso ao incipiente mercado de capitais.112
O processo acabou levando à depreciação da taxa de câmbio, movimento
favorável ao setor exportador e ao apoio à industrialização, pelo encare-
cimento de manufaturas importadas. A desvalorização cambial, embora
possa ter beneficiado os exportadores, desagradou a outros setores, entre
os quais os devedores e importadores, trazendo de novo ao debate o nível
do câmbio, assim como controvérsia entre, de um lado, políticas mone-
tária e fiscal frouxas e suas consequências inflacionárias e, de outro, po-
líticas austeras com resultados alegadamente contracionistas para o nível
de atividade econômica a curto prazo, mas mais sustentáveis a médio e
longo prazo. Vista de outro ângulo, é a discussão entre o curto-prazismo
que se quer pragmático versus políticas de visão mais estratégica.

Curioso livro aparecido à época, O Câmbio ou o Brasil, critica tan-


to “o phenomeno da alta do câmbio que é muito traiçoeiro”, o que teria
iludido o governo que precedeu à Proclamação da República, quanto a

109 1– Francisco Clementino San Tiago Dantas, 2002:28.


110 1– Roberto C. Simonsen, 1973:16.
111 1– Amaro Cavalcanti, relator, no Senado, de projeto de lei sobre Reforma Monetária,
chama a atenção para “o muito que já devemos à moeda de papel”, defende que “o bom
emprego do papel evita o seu excesso, e deste somente é que poderá provir a sua deprecia-
ção” e alerta que a condição imprescindível para isto é “o restabelecimento da confiança
geral”. Veja Amaro Cavalcanti, 1891: IV e V.
112 1– Gustavo Henrique Barroso Franco, 1983:122.

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desvalorização que se seguiu à política monetária de Ruy Barbosa, de-


nunciada como “essa espécie de fera chamada baixa de câmbio, que, ao
mesmo tempo, lhe suga as entranhas e desacredita sua pátria”.113

Pela velocidade explosiva e a maneira atabalhoada pelo qual avan-


çou, o surto de prosperidade, iniciado com Ruy Barbosa e acentuado
pelos seus sucessores,114 acabou desembocando em “exuberância irra-
cional” e no subsequente craque de 1891-92: o Encilhamento, expressão
emprestada ao turfe, outra obsessão da época. Embora muitas empresas
tenham sobrevivido ao terremoto financeiro, algumas até hoje, a reação às
pesadas perdas incorridas foi tão intensa que acabou induzindo, em 1895,
a uma legislação restritiva tão rígida, que inibiu por muito tempo o de-
senvolvimento do mercado de capitais e, consequentemente, prejudicou o
processo autóctone de industrialização, ao coibir-lhe, na prática, o acesso
ao saudável financiamento pelo mercado de capitais.115

Outro divisor de águas foi simbolizado pela remoção de Joaquim


Nabuco, de Ministro Plenipotenciário em Londres para a Embaixada em
Washington, a primeira representação diplomática do gênero criada pelo
Brasil. Foi uma resposta à crescente musculatura econômica dos Estados
Unidos já apontada em ofício de 2 de fevereiro de 1900 ao Ministro das
Relações Exteriores, pelo antecessor de Nabuco em Washington, Joaquim
Francisco de Assis Brasil:
Comercialmente, este é o nosso melhor freguês, no sentido de que é
o que nos compra mais, vendendo-nos menos; é o que menos direitos
exige dos nossos produtos; é enfim, o que maior perspectiva oferece
de aumento de consumo delas.116

É interessante notar que, se o fator com maior peso no primeiro dos


dois últimos episódios foi de natureza interna, no segundo, foi de nature-
za externa: o deslocamento do centro de gravidade da economia mundial,

113 1– José Duarte Rodrigues, 1898: 222,259 e 260.


114 1– J.P. Calógeras. 1910:241: “Ruy Barbosa deslanchou a tempestade, mas seus suces-
sores imediatos a transformaram num cliclone”.
115 1– Ney Carvalho, 2003:193, 194.
116 1– Assis Brasil, 2006:vI, p. 255.

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da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

da Inglaterra para os Estados Unidos, protagonista mundial de crescente


relevância.

Se abrirmos outro parêntese para os dias de hoje, a turbulência re-


cente na economia mundial, além do quase-desmanche do desregrado sis-
tema financeiro após o estouro do mercado sub-prime norte-americano,
é reflexo de outro deslocamento de natureza análoga, um século mais
tarde: a espetacular entrada no cenário global da China, verdadeira fábri-
ca do mundo e a simbiose espúria China-Estados Unidos, este insaciável
consumidor de produtos chineses fornecidos a preços decrescentes e fi-
nanciados pela própria China, por intermédio de suas enormes reservas
lastreadas por poupança doméstica de até 50% do PIB e, em forte medida,
aplicadas em títulos norte-americanos.

Voltando a enfocar marcos relevantes de nossa trajetória comercial,


vale mencionar a intensificação do processo de industrialização nas déca-
das 40 e 50 do século passado. A ambição de avançar para estágio mais
robusto de industrialização remonta a meados do século XVIII, mas por
muito tempo foi inviabilizada por restrição legal, falta de proteção adu-
aneira, competição predatória, carências próprias ou contextos globais
adversos. Só viemos a alcançá-lo, mais concretamente, em meados do sé-
culo XX, à época da Segunda Guerra Mundial e das décadas seguintes.

A batalha pela a criação e financiamento da usina siderúrgica de Vol-


ta Redonda na década dos 40, a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos
em 1951-52, a fundação do BNDES em 1952 e a da Petrobras, em 1953,
foram marcos decisivos desse processo. Haveria muitos protagonistas a
reconhecer, mas só teremos oportunidade de relembrar alguns, como Ary
Torres e Roberto Simonsen, que desde a Missão Cooke, em 1942, insis-
tiam que “nós queremos é indústria pesada, mesmo, valha ou não valha
agora. Nós queremos para agora e para o futuro”.117 É Edmundo Macedo
Soares, líder decisivo na implantação dessa conquista. Interessante regis-
trar que as instruções recebidas por Morris Cooke já continham a ideia de
substituição de importações, ao defender “a produção local de produtos
117 1– Miguel Ozório de Almeida. 2009:9.

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essenciais antes importados dos Estados Unidos” e propor-se a “lançar as


fundações para o fortalecimento de longo prazo da economia industrial
do Brasil como um todo”.118

Aprofundou-se à época a dicotomia indústria versus agricultura, ten-


dendo os defensores daquela a menosprezar o moderno e eficiente agro-
negócio como se fosse mero herdeiro do modelo colonial agroexportador.
Só mais tarde ficou evidenciado que indústria e agricultura não se con-
tradizem, antes se completam e que aquele menosprezo se deveu a uma
desleitura tanto do chamado “modelo colonial” quanto da realidade atual.
Os defensores da indústria e da agricultura também divergiam quanto ao
papel do Estado na economia: aqueles privilegiando intervencionismo es-
tatal, enquanto estes, sem desdenhar o papel imprescindível de um Estado
eficaz como regulador e árbitro em última instância, preferiam a livre
iniciativa como mecanismo propulsor de maior dinamismo e inovação e
concediam ênfase à produtividade e à austeridade fiscal e monetária. Esse
debate acalorado teve como protagonistas principais Roberto Simonsen,
presidente da FIESP e da Confederação Nacional da Indústria, deputado
federal e senador, e Eugênio Gudin, que em 1945 presidiu a Comissão de
Planejamento Econômico, de que foi relator Roberto Simonsen,119 e que
mais tarde assumiria o Ministério da Fazenda.

A época testemunhou, também, a renovação da diplomacia comer-


cial brasileira com a relevante participação dos quadros funcionais do
Itamaraty, já com sua aprimorada preparação acadêmica em economia,
e uma visão moderna do contexto internacional. Entre os diplomatas-
economistas é de justiça registrar, como exemplos exponenciais, Dias
Carneiro, Roberto Campos e Miguel Ozório, que por várias décadas não
só foram instrumentais na reengenharia da diplomacia comercial brasi-
leira, senão também, da própria modernização institucional da economia,
haja vista, por exemplo, o papel que desempenharam na implantação do
BNDES.

118 1– Pedro S.Malan et al. 1977:27,28.


119 1– Eugênio Gudin. 1945:7 a 135.

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Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
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O processo se inseriu em movimento que refletia, de um lado, novas


aspirações nacionais e, de outro, concepção internacional renovada do
fenômeno do desenvolvimento. As ideias-mestras começaram a surgir
no início da Segunda Guerra Mundial, em 1940, quando cabeças privile-
giadas, como Keynes, anteviram a necessidade de, sem defender o status
quo, contrapor-se, na teoria e na prática, à Nova Ordem Econômica, então
alardeada pelo Nazismo, em especial pelo Ministro da Economia e Presi-
dente do Reichsbank, Walter Funk.120

As formulações renovadoras, a partir dessa primeva reflexão de Key-


nes, viriam a cristalizar-se nas reuniões de Bretton Woods em 1944, com
a criação do Fundo Monetário Internacional e do Banco Internacional de
Reconstrução e Desenvolvimento. Embora nascido de compromisso en-
tre várias ideias divergentes e apesar dos abalos sofridos com os chama-
dos Nixon “shocks”, no início da década dos setenta, além dos problemas
posteriores, como os choques do petróleo, dos juros e da dívida dos países
emergentes, o arcabouço de Bretton Woods não deixou de representar ad-
mirável construção conceitual, especialmente se comparado com o vácuo
estrutural e suas consequências trágicas, que sucederam ao Tratado de
Versailles.

Voltou a acentuar-se, então, a dicotomia entre duas vertentes da po-


lítica econômica brasileira, uma com viés mais introvertido, outra mais
inclinada a privilegiar a melhor inserção do país na economia mundial.
Sobre essa encruzilhada, manifestou-se Miguel Ozório: o “Brasil tinha
consciência de que, com uma economia aberta ao comércio internacio-
nal, teria maiores probabilidades de crescimento do que com uma eco-
nomia fechada na qual se tivesse que inventar o fósforo, a pólvora e a
bússola novamente”.121 Embora não se tenha chegado, a não ser na retó-
rica, a concepções extremadas e excludentes, registrou-se contínua ten-
são, que se estende até hoje, com alternância entre uma e outra vertente,
tensão resolvida as mais das vezes, mas nem sempre, por critérios mais

120 1– John Maynard Keynes. 1980:1 a 15.


121 1– Miguel Ozório de Almeida. 2009:119.

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pragmáticos do que ideológicos, antes racionais e práticos do que dogmá-


ticos ou fundamentalistas.

Exemplos da tensão anteriormente referida entre presença do Esta-


do na economia e livre iniciativa foram o caráter estatal de Volta Re-
donda e da Petrobras, adotado após rejeitadas as alternativas de parceria,
no primeiro e no segundo governo Vargas,122 pela U.S. Steel, após longa
negociação, e pela Esso, após demarchas conduzidas pelo Embaixador
brasileiro em Washington, procurando interessar aquelas companhias em
investimentos siderúrgicos e petrolíferos, de caráter privado ou misto,
que, pela implantação de usina de aço e de refinaria, não se restringissem
a mera exploração do minério ou do petróleo.

Outra característica na trajetória de nossas relações com o exterior,


sua oscilação entre momentos de maior abertura e outros de fechamento,
decorreu frequentemente da abundância ou da escassez de divisas, quer
em função de circunstâncias exógenas, quer de comportamentos domés-
ticos.

A bicentenária história de nossa dívida externa, na medida em que


acabamos assumindo passivos portugueses ao negociar o reconhecimento
da Independência, reflete esses momentos de maior ou menor liquidez ex-
terna. Exemplos recentes foram a abundância de petrodólares na década
dos 70 do século passado, que nos induziu a endividar-nos pesadamente
após a crise do petróleo de 1973, e a liquidez oceânica e prosperidade
global do quinquênio 2003-2007, que permitiu que acumulássemos alto
nível de reservas. O mesmo havia ocorrido no imediato pós-Segunda
Guerra Mundial em função das divisas acumuladas que não pudemos uti-
lizar durante o período bélico. Seguiu-se-lhe importação tão forte, sobre-
tudo de bens de consumo duráveis, de automóveis a geladeiras, que ra-
pidamente se esgotaram as divisas livremente conversíveis (as europeias
eram inconversíveis ou de conversibilidade limitada), o que se constituiu
em fator de indução à industrialização local desses produtos, tanto por
empresários nacionais quanto por investidores estrangeiros, para quem

122 1– Gerson Moura. 1980:151, 153, 154.

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o surto de importação confirmara suficiente demanda doméstica. As em-


presas estrangeiras, ao resolverem instalar-se aqui, conseguiram pular por
cima – e também se beneficiar – das barreiras constituídas por proibições
quantitativas, altas tarifas e câmbio desvalorizado.

Pode observar-se, portanto, uma alternância em nosso comércio ex-


terior entre sístoles e diástoles, à maneira do ciclo cardíaco. Dos ciclos
mais recentes é interessante registrar a diástole induzida pela exaustão do
modelo de substituição de importações a partir de 1960, que veio propi-
ciar iniciativas de liberalização importantes, como a começada em 1967,
mas revertida no final da década, e, em especial, a abertura comercial
iniciada no período Sarney-Mailson, em 1988-1989, acentuada no Go-
verno Collor, 1990-1992, e continuada até 1994, com apenas pequenos
retrocessos e avanços desde então. Nesse período 1988-1994, a maioria
das barreiras não-tarifárias foi abolida como as proibições de importação
da lista do Anexo C e as licenças de importação. A tarifa média nominal,
por sua vez, caiu de 57,5% em 1998, para 11,2%, em 1994. Foi-nos pos-
sível, assim, abrir mão do recurso ao artigo 18b do GATT, que admitia
restrições às importações quando justificadas por problemas de balanço
de pagamentos.123

Como lembrou Marcelo Paiva Abreu, ao contrário da época em que


a inflação acabava minimizando ou escondendo problemas de ajustes de
taxa cambial, a partir da estabilização do Plano Real “a política comercial
tornou-se vulnerável a pressões relacionadas, ou supostamente relaciona-
das ao nível da taxa de câmbio real”124, pressão essa que tem recrudescido
desde o início de 2008, com a exceção dos dois trimestres de crise mais
aguda (último de 2008 e primeiro de 2009).

Entretanto, persistem problemas mais graves, muitos de natureza es-


trutural, como a precária infraestrutura, material e humana, pesada carga
tributária, burocracia sufocante e sistema de educação disfuncional. Esses
fatores, além de outras consequências nefastas, provocam um acréscimo
de 30% ou mais – o chamado custo Brasil – aos nossos produtos indus-
123 1– Marcelo de Paiva Abreu, 2007:6, 167, 168.
124 1– Marcelo de Paiva Abreu, 2007:169.

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triais ou agrícolas, corroendo sua competitividade. Outra séria fragilida-


de de nossa economia decorre da insuficiente taxa de poupança domésti-
ca, que exigirá, se quisermos manter um nível mínimo de investimentos,
a persistência de recorrentes, se não crescentes déficits estruturais, e não
apenas conjunturais, da conta corrente de nosso balanço de pagamentos,
que este ano já deve alcançar 50 bilhões de dólares negativos.

Outro problema não menos grave é a frequente captura de políticas


públicas de comércio exterior por setores que reivindicam, e conseguem,
indevida proteção contra importações concorrentes, ou mais crédito sub-
sidiado, juros privilegiados e outras benesses de caráter setorial ou es-
pecífico para a exportação de seus produtos, muitas vezes ao arrepio do
interesse geral dos consumidores, dos contribuintes e do Bem Comum.

Paralelamente ao privilégio a interesses especiais, não tem faltado


preconceitos inspirados pela ortodoxia de princípios – a política que se-
guimos nas reuniões da UNCTAD desde1964, sob o guarda-chuva do
grupo dos 77 revelou essa tendência – por ideologias terceiro-mundistas,
pelo entusiasmo exagerado pelo comércio Sul-Sul, presumidamente mais
benéfico do que a melhor inserção na economia global, ou ainda por sim-
patias de ordem política, hipótese plausível, mas cuja verificação exigiria
maior transparência em relação às motivações e objetivos de nossa polí-
tica externa.

Uma combinação de desleitura da realidade da economia global, ali-


nhamento com posições do Sul “mais pobre” (como se a China estivesse
ao Sul e seus mais de 2 trilhões de dólares em reservas revelassem po-
breza) e a busca de um protagonismo às vezes incompatível com nossas
reais circunstâncias, fez-nos depositar todas as fichas na conclusão da
Rodada de Doha lançada na Reunião Ministerial da Organização Mundial
do Comércio, em 2001, mas que já se arrasta há 9 anos sem previsão, por
enquanto, de um final feliz. Investimos tudo nesse alvo, negligenciando
ou rejeitando alternativas regionais ou bilaterais, o que nos deixou falan-
do sozinhos em termos de política comercial.

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da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

Não quisemos engajar-nos seriamente na negociação de uma Área


de Livre Comércio das Américas – Alca, denunciando-a, a priori, como
mera tentativa de projeção de poder dos Estados Unidos, que acabaram
abandonando sua própria proposta, em favor de um leque de tratados bi-
laterais.

Entre os casos de negligência, sobressai o do Mercosul, associação


regional em séria crise de identidade. É difícil avaliar se, na ausência da
displicência de parte não só do Brasil, como de nossos parceiros, o projeto
de União Aduaneira e, o ainda mais ambicioso de um Mercado Comum,
teria tido chance de se firmar nas circunstâncias da economia mundial de
hoje e dos estágios de desenvolvimento econômico tão diferenciados dos
diversos parceiros.

Mas é importante frisar que o processo fundador foi virtuoso, especial-


mente, um dos seus eixos primevos, a reaproximação Brasil-Argentina, a
partir da ideia de Tancredo/Sarney em conjunto com Alfonsín, de utilizar
a proximidade geográfica entre os dois países para desarmar – literalmen-
te – o distanciamento histórico, nutrido de desconfianças, ressentimentos
e rivalidades e, com isso, alcançar dois objetivos de maior importância.
O primeiro, o de construir um apoio sólido para lastrear duas democracias
só há pouco restauradas após longos períodos de autoritarismo militar. E
o segundo, o de frear e dar um basta – o que exigiu discernimento e cora-
gem política admiráveis – à insana corrida armamentista-nuclear entre o
Brasil e a Argentina, substituindo-a por uma zona desnuclearizada de paz,
ativo de valor inestimável para a região. Esse pontapé inicial no sentido
de abandonar a mútua ambição de armar-se com artefatos nucleares foi
acolhido no art. 21, XXIII,a, da Constituição de 1988, e reafirmado em
inúmeros Tratados que acabamos subscrevendo, de Tlatelolco ao de Não
Proliferação. Recalcado em inconsciente enrustido, subsiste entretanto,
imaginário de um “Brasil Grande”, cuja “potência” exigiria a conquista
da “Bomba”, como “estimulante” de sua soberania. A ideia ressurge de
quando em vez, como parece estar ocorrendo agora, haja vista as declara-
ções e atitudes que recentemente vêm embalando nossa política externa.
Sem que se possa vislumbrar real ganho correspondente, ameaçam minar

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):15-58, out./dez. 2010 55


Marcílio Marques Moreira

o precioso patrimônio de confiança e credibilidade conquistado a duras


penas, uma vez ultrapassada nossa hesitação, de décadas, em aderir àque-
les Tratados. Tê-lo feito rendeu-nos relevantes benefícios, como melhor
acesso a supercomputadores e outros produtos de tecnologia de ponta
ou de uso dual, cuja aquisição nos era travada, mesmo quando voltados
para uso em pesquisa universitária, previsão do tempo ou contabilização
financeira.
No início dos anos 90, ao tempo de Collor e Menem, novo e sig-
nificativo avanço na construção do Mercosul, encurtando prazos de sua
implementação e buscando transitá-lo de União Aduaneira para Mercado
Comum, procurava lastrear os esforços dos dois países em estabilizar-
se financeiramente e criar modernas economias de mercado. Apesar de
esculpidos no Tratado de Assunção, de março de 1991, complementado
pelo Protocolo de Ouro Preto, de dezembro de 1993, os bons propósitos
provaram-se irrealistas. Após a crise brasileira de 1999 e a da Argenti-
na do começo deste Milênio, o Mercosul começou a fazer água e está
a exigir refundação, talvez como uma área de livre comércio, trocando
aprofundamento por mais viável alargamento, possivelmente abrangendo
toda a América do Sul.
Ao comentar momentos marcantes dos mais de 200 anos desde a
Abertura dos Portos, em 1807, pudemos identificar dicotomias ou en-
cruzilhadas se alternando, e tensionando o debate entre comportamentos
antagônicos: liberalização versus autarquia; intervenção estatal versus
livre iniciativa; centralização versus decentralização; câmbio superaque-
cido ou desvalorizado; globalização e multilateralismo versus abordagens
uni ou bilaterais; fatores exógenos versus exigências domésticas; impul-
so exportador ou mercado doméstico; poupança e investimento versus
consumo privado ou público; austeridade versus frouxidão de políticas
monetárias e fiscais. Da leitura dos eventos também transparece que so-
luções “puras”, do tipo “isto não é mais do que”, ou pontuais que privile-
giam o urgente versus o importante, de longo prazo, não costumam ser os
mais produtivos. Impõem-se as soluções realistas, capazes de equilibrar
necessidades com anseios e possibilidades, sem deslembrar-se de nossos
interesses nacionais permanentes.

56 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):15-58, out./dez. 2010


Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais do Brasil:
da Abertura dos Portos à Rodada de Doha

Nesse longo percurso, o Brasil tem-se revelado razoavelmente capaz


de administrar crises e evitar catástrofes, mas não tem mostrado a mesma
competência em aproveitar oportunidades, tanto em termos de desenvol-
vimento econômico sustentável, quanto em nossas relações comerciais
externas. Com amplas reservas, base industrial diversificada, agropecuá-
ria dinâmica, continuidade de políticas econômicas por já 20 anos, povo
trabalhador e abundantes recursos naturais, não corremos o risco de cair
em abismos. Não estamos, entretanto, sabendo avaliar os enormes de-
safios que se nos afrontam e as promissoras oportunidades que se nos
oferecem. A recente crise financeira global deveria ter-nos ensinado que
tão importante quanto enfrentá-la, o que fizemos com bastante eficácia,
seria proceder a uma reflexão profunda para reavaliar rumos e objetivos
a alcançar, a partir de uma visão renovada do futuro, consistente com as
profundas mutações em curso, de natureza demográfica, econômica, tec-
nológica e social, verdadeiros deslocamentos de dimensão tecnônica.

É de causar profunda preocupação o fato de que, nos debates eleito-


rais em curso, tem-se preferido cotejar desempenhos passados, vistos por
espelho retrovisor, a confrontar propostas para o futuro, iluminadas por
farol de milha.

No momento em que deveríamos estar concentrados na escolha de


alternativas que nos permitam evitar os riscos e aproveitar as oportuni-
dades do novo mundo, o mundo pós-crise – do conhecimento como eixo
propulsor, do meio ambiente, da competitividade acirrada, da inovação
turbinada e da consciência social ampliada – vale lembrar reflexão de
um longevo protagonista de nossa política econômica no século passado,
Souza Costa, que, ao retornar, em 1944, de Bretton Woods, comentava os
desafios que caberia ao Brasil enfrentar na encruzilhada que então se apro-
ximava, o mundo em reconstrução do pós-Segunda Guerra Mundial:

Sofremos [...] os efeitos da desvantagem de não termos ainda formado


opinião estratificada, segura e objetiva, acerca das soluções exigidas
pelos nossos próprios problemas, soluções estruturais, não fórmulas

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):15-58, out./dez. 2010 57


Marcílio Marques Moreira

oportunistas que custam ao futuro da Pátria muito mais do que os


enganosos beneficios.125

É indispensável que saibamos mitigar os riscos que nos assombram


e, ao mesmo tempo, aproveitar as novas veredas que se abrem, sem nos
deixar confundir por insuficiente entendimento do que realmente importa
ou por falta de coragem em persegui-lo. Urge tomar, com determinação,
as decisões, mesmo que difíceis e impopulares, que sejam capazes de nos
conduzir a um melhor porvir. Há que resistir à tentação tanto da soberba
que cega quanto da complacência que inibe.

Em vez de nos aterrorizarmos com o risco de despencar num des-


penhadeiro, devemos nos precaver contra uma ameaça mais insidiosa,
a de nos contentar com o “mais ou menos”, com “o melhor possível”.
Assusta-me a arrogância do “nunca antes nesse país” para exaltar avan-
ços, a alegação de que “sempre se fez”, para eximir-se de passos em falso,
ou ainda a denúncia de “heranças malditas” para justificar ineficiências.
Voltando a Lucien Febvre, a história “não obriga”, nem “justifica”. O pas-
sado é passado, deve ajudar-nos a entender o presente e a visualizar um
futuro que, sem repetir erros pretéritos, saiba identificar oportunidades
promissoras. Tanto a melhor compreensão da História quanto a tempes-
tiva percepção dos horizontes do amanhã devem alertar-nos contra arrai-
gado veio conformista com o que vem sendo chamado “subdesempenho
satisfatório” do Brasil126, contra nossa indiferença ética, contra as meias-
medidas que mais iludem do que esclarecem. Se não reagimos, arriscar-
nos-emos a acabar resvalando aos poucos, sem mesmo o perceber, para o
estéril pântano da mediocridade.

É uma ameaça insidiosa, não um destino! Para evitá-lo temos de


construir, sem vacilação nem demora, uma estratégia para o Brasil que,
sem deixar de ser realista, seja capaz de ajudar-nos na impostergável
construção de um futuro compatível com nossos sonhos mais promisso-
res e nossos valores mais nobres.
125 1– Artur de Souza Costa.1944:44.
126 1– Betânia Tanure, VALOR, 19/3/2010, Roberto Macedo, O Estado de S. Paulo,
15/3/2010, p. A2.

58 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):15-58, out./dez. 2010


O Barão do Rio Branco: missão em Berlim – 1901/1902

Recordando Rio Branco

O BARÃO DO RIO BRANCO:


MISSÃO EM BERLIM – 1901/19021
Luiz Felipe de Seixas Corrêa2

Quando assumi a Chefia da Embaixada do Brasil em Berlim em fins


de setembro de 2005, um dos primeiros eventos públicos de que parti-
cipei foi a cerimônia de comemoração dos 75 anos do Instituto Ibero-
Americano, entidade ligada à Fundação Cultural Prussiana, que abriga a
maior Biblioteca Ibero-Americana da Europa. Ao percorrer o Instituto, na
realidade desde a sua entrada, onde se ergue uma monumental estátua do
General San Martin, fui-me deparando com imagens de grandes líderes e
estadistas latino-americanos. Perguntei à Diretora, Dra. Barbara Goebel,
que igualmente acabava de assumir suas funções, se havia no acervo do
Instituto algum quadro, escultura ou busto de figuras de projeção na His-
tória do Brasil. Dias depois, a Dra. Goebel chamou-me para dizer que não
havia encontrado referencia brasileira alguma nos espaços do Instituto.
Propus-me então a obter, para doação ao Instituto, um busto do Barão do
Rio Branco, personagem que, conforme lhe expliquei para sua surpresa,
ocupa no Panteon brasileiro lugar análogo ao dos libertadores e heróis de
nossos países irmãos.

Graças ao empenho do Embaixador Jerônimo Moscardo de Souza,


Presidente da Fundação Alexandre de Gusmão do Itamaraty, foi possível
obter a doação de um pequeno busto que inaugurei meses antes da minha
partida com uma sessão solene, na qual se fez uma evocação do Barão
do Rio Branco, com ênfase no período em que foi Ministro do Brasil
em Berlim (1901-1902) e na sua visão das relações Brasil-Alemanha. O
evento contou com a participação do Professor Wolf Grabbendorff, um

1 – Conferência pronunciada, em 14 de abril de 2010.


2 – Sócio titular.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):59-75, out./dez. 2010 59


Luiz Felipe de Seixas Corrêa

dos grandes especialistas alemães em América Latina e em temas brasi-


leiros.

Quem percorrer hoje as magníficas instalações do Instituto, que fica


bem próximo à Filarmônica de Berlim, lá encontrará, sobre um pedestal,
o Busto do Barão, que voltou a ocupar, assim, um espaço condigno na
cidade onde exerceu a sua única chefia de Missão Diplomática.

Foram esta visita inicial ao Instituto e as subsequentes diligências


para o obtenção do Busto que me deram a ideia de fazer uma pesquisa
sobre a atuação do meu mais ilustre antecessor em Berlim.

Pus-me então a rever a literatura existente e a examinar a documenta-


ção do Arquivo Histórico do Itamaraty. Investiguei igualmente os papéis
do Arquivo Político do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.
À medida que avançava a pesquisa, fui-me deixando tentar pela ideia de
escrever uma monografia.

Desde os tempos de estudante, já com os olhos voltados para a car-


reira diplomática, devoto uma veneração muito especial ao Barão do Rio
Branco. Poucos estadistas e intelectuais brasileiros terão tido um senti-
mento tão profundo do Brasil quanto o Barão. Poucos terão aliado este
sentimento, esta visão de grandeza do Brasil, a um conhecimento pro-
fundo da História, uma invulgar capacidade de operação, de mobilização
de pessoas em torno de ideias e objetivos concretos. Poucos terão sido, ao
mesmo tempo, tão judiciosos, tão eficazes e tão astutos.

Rio Branco foi, sob todos os aspectos, um dos fundadores do Brasil.


Um dos personagens que melhor comprendeu a importância do contexto
externo para a formação e a afirmação do Brasil no mundo de transição
entre os séculos XIX e XX. De forma inteiramente original, mas coerente
com a tradição histórica, adiantou-se ao seu tempo, dominou a sua época,
encarnou a visão do passado e projetou o futuro do Brasil. Estabeleceu
matrizes de ação e de pensamento. Foi absolutamente real: viveu inten-
samente o seu tempo e as suas circunstâncias. Acabou transformando-se
num mito: através de sua imagem, reinventou-se e fortaleceu-se um Bra-

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O Barão do Rio Branco: missão em Berlim – 1901/1902

sil que, diante da ruptura formal entre a monarquia e a república, andava


inseguro sobre o seu passado, desconfiado do seu presente e temeroso do
futuro.

Fui leitor constante das livros escritos sobre a sua vida e a sua obra.
De minha parte, escrevera um pequeno trabalho sobre o Barão do Rio
Branco e a política do Brasil no Prata, assim como a introdução à edição
das “Efemérides” pelo Senado Federal em agosto de 1999.

Às voltas com o desafio de assegurar a representação do Brasil na


reunificada e potente Alemanha do século XXI, intrigava-me imaginar
como teria encontrado o Barão a aristocrática e arrogante Berlim do co-
meço do século XX, um espaço adequado para a sua ação e para a afirma-
ção da jovem e vacilante república brasileira. Nos espaços de tempo que
encontrava reli as biografias clássicas de Luiz Vianna Filho e de Álvaro
Lins, os textos de Euclides, Rubens Ricupero, as memórias do filho Raul
e muitos outros que tinha na minha coleção riobranquiana, em busca de
chaves que elucidassem o pensamento e a atuação do Barão nos 18 meses
(entre 15 de abril de 1901 e 11 de novembro de 1902) em que chefiou a
Legação do Brasil em Berlim.

Encontrei diversas referências importantes e alguns relatos valiosos.


Mas a maioria dos autores refere-se ao período berlinense do Barão como
um “intervalo”, um “interlúdio”, um “curto estágio”. Decerto foi curta
a missão do Barão em Berlim. Mas intrigava-me descobrir o que ele fi-
zera efetivamente no posto. Garças à gentileza do Embaixador Álvaro
da Costa Franco, que me remeteu sob forma eletrônica a documentação
existente no Arquivo Histórico do Itamaraty, li os ofícios trocados com
o Rio de Janeiro, assim como as cadernetas em que o Barão anotava os
fatos do seu dia a dia.

O passo seguinte foi o de pesquisar a documentação do Arquivo


Político do Ministério de Negócios Estrangeiros da Alemanha, que me
foi gentilmente aberto pela Direção. Selecionei as pastas que desejava
consultar e no dia aprazado em que encontrei o tempo necessário para

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):59-75, out./dez. 2010 61


Luiz Felipe de Seixas Corrêa

afastar-me da rotina, dirigi-me esperançoso, na companhia do tradutor/


intérprete da Embaixada, ao Arquivo. Fui conduzido a uma sala posta à
minha disposição pelo tempo que fosse necessário, onde já se encontra-
vam empilhados os maços solicitados.

Qual não foi minha surpresa ao verificar que os documentos – mag-


nificamente conservados diga-se de passagem – estavam grafados à mão,
em caracteres à primeira vista indecifráveis, não só para meus rudimen-
tares conhecimentos de alemão, mas também para o meu tradutor/intér-
prete. Foi então que descobri o famoso e hermético “sütterlin”, a escri-
ta da época, equivalente caligráfico do alemão gótico. Quase desisti da
empreitada. Mas diante da riqueza dos maços – que segundo consta não
haviam sido consultados por pesquisadores brasileiros – resolvi insistir.
Havendo-me sido permitido copiar tantos documentos quantos desejasse,
pus-me a examiná-los com paciência, em busca de nomes ou palavras
identificáveis que pudessem ter interesse. Em dois ou três meses de es-
paçadas visitas ao Arquivo mandei copiar quase três centenas de páginas
de despachos, memorandos internos, relatórios e recortes de jornais, estes
sim legíveis.

O acaso interveio então favoravelmente na forma de um colaborador


meu no posto, o Ministro Roberto Colin, descendente de terceira gera-
ção de famílias alemãs radicadas em Blumenau. Colin, instigado por sua
avó alemã, havia na sua juventude tomado aulas de “sütterlin” em Blu-
menau. Maior coincidência era impossível! Tomei-a como bom augúrio
e, com a inestimável colaboração do Colin, pude decifrar os textos que
acabei aproveitando na redação do livro que, graças à Fundação Alexan-
dre Gusmão, se acha ora publicado e que, graças à grande gentileza do
nosso Presidente Arno Wehling, ora tenho o privilégio de apresentar neste
Instituto Histórico, ao qual o Barão devotou sempre o maior respeito e
admiração.

O livro é breve. Devo confessar que pensava ficar em Berlim mais do


que os três anos que finalmente me foram reservados. Surpreendido com
a honrosa indicação para a Santa Sé, tratei de dar fim ao livro no tempo

62 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):59-75, out./dez. 2010


O Barão do Rio Branco: missão em Berlim – 1901/1902

que me restava ainda em Berlim. Guardo os documentos não aproveita-


dos para, quem sabe um dia, reabri-los e eventualmente complementar
este compêndio com uma ou outra achega.

Creio, porém, haver podido consignar no texto as linhas principais


da missão Rio Branco em Berlim. A um breve resumo da vida e da per-
sonalidade do Barão, seguem-se curtas apreciações sobre a Alemanha e o
Brasil na virada do século XIX para o século XX, sobre a presença alemã
no Brasil, sobre a importância política, econômica e cultural da Berlim
imperial. Recupera-se a missão de Rio Branco em Berlim não apenas
sob o ângulo de suas atividades pessoais, mas também sob a perspec-
tiva da sua atuação nas principais questões específicas com que teve de
lidar. O texto contém, finalmente, uma avaliação sobre a importância da
Alemanha na gestão de Rio Branco à frente do Ministério das Relações
Exteriores, vista, entre outros elementos, sob a ótica dos despachos dos
Plenipotenciários alemães no Rio de Janeiro.

Ao final dos alguns capítulos, acham-se fotografias referentes ao pe-


ríodo berlinense do Barão. Estão igualmente reproduzidos, tal como os
obtive no Arquivo alemão, alguns bilhetes manuscritos do Barão a inter-
locutores locais, a carta credencial por meio da qual o Presidente Campos
Salles o acreditou como Ministro Plenipotenciário junto ao Imperador
Guilherme II e outros documentos, que presumo estavam inéditos no Bra-
sil.

Mediante o exame da���������������������������������������������


documentação do Arquivo Político do Ministé-
rio do Exterior alemão, pude comprovar o prestígio de que o Barão desfru-
tava em Berlim, algo nada fácil e nada evidente para o Representante de
uma jovem e ainda provinciana República sul-americana na capital de um
Império, que se erguia afirmativamente no cenário internacional. O Barão
tinha acesso aos altos meios governamentais alemães, como comprovam
os seus frequentes encontros no Ministério do Exterior, no Gabinete do
Imperador e nos demais setores da administração. Convenientemente
instalado na Residência que alugou para a Legação, na Kurfürsterdam,
em frente à Igreja dedicada à memória do Imperador Guilherme I, hoje

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):59-75, out./dez. 2010 63


Luiz Felipe de Seixas Corrêa

mantida em ruínas como monumento ao horror da guerra, recebia condig-


namente e representava com sentido de medida um país que começava a
se afirmar no mundo.

Situando-se o período berlinense do Barão no tempo e no espaço de


sua vida, fica claro que sua convivência em Berlim com o ambiente efer-
vescente que precedeu a I Guerra Mundial certamente terá influenciado,
tanto o seu pensamento a respeito do esgotamento do modelo imperialista
europeu quanto sua propensão a privilegiar a parceria com a potência en-
tão emergente, os EUA, com vistas a encaminhar o Brasil – como o faria
adiante ao deixar Berlim e assumir o Ministério das Relações Exteriores
– por uma política exterior mais nitidamente sul e norte-americana.

Rio Branco chegou a Berlim, como se sabe, depois de uma trajetória


singular em que, havendo estudado Direito e exercido atividades de pro-
motor, professor e jornalista, exerceu também dois mandatos de Deputa-
do Federal. Sempre à sombra do pai que tanto admirava, o Visconde do
Rio Branco, uma das maiores lideranças políticas do Segundo Reinado.
Por motivos pessoais, preferiu afastar-se do Brasil, tendo sido nomeado
pelo Governo Imperial para as funções de Cônsul do Brasil em Liverpo-
ol em 1876. Confirmado no posto pela República proclamada em 1889,
viveria no Exterior 26 anos.

Um dos objetivos principais da jovem República brasileira consistia


em superar as desconfianças que por tanto tempo haviam mantido afasta-
dos o Império e as vizinhas repúblicas sul-americanas. A fixação defini-
tiva das fronteiras tornou-se prioritária. Só com dois países – o Paraguai
(1872) e a Venezuela (1859) – o Império fixara as fronteiras de modo
definitivo. A instâncias das autoridades dos Governos da República, Rio
Branco exerceria missões transitórias em Washington (1894-1898) e Ber-
na (1898-1901), onde se ocupou da defesa dos interesses do Brasil res-
pectivamente nas questões das Missões (limites com a Argentina) e Ama-
pá (limites com a Guiana Francesa), ambas submetidas a arbitramento
internacional.

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O Barão do Rio Branco: missão em Berlim – 1901/1902

Vencedor, tanto na questão com a Argentina quanto no diferendo


com a França, Rio Branco assumiu proporções heroicas no imaginário
brasileiro. Recebeu insistentes apelos para que retornasse ao país e se en-
volvesse na política. Resistiu. O Presidente Campos Salles ofereceu-lhe
então a Chefia da Legação do Brasil em Berlim, posto para o qual foi no-
meado por decreto de janeiro de 1901. Ao chegar à capital da Alemanha
em 15 de abril de 1901, tinha 56 anos de idade. Permaneceria no posto
até 11 de novembro de 1902, quando, nomeado Ministro das Relações
Exteriores pelo Presidente Rodrigues Alves, regressaria definitivamente
ao Brasil.

A Alemanha na virada do século XIX para o século XX buscava, na


célebre expressão do Príncipe von Bülow, ocupar o seu “lugar ao sol”. O
Brasil, por sua vez, superava a instabilidade, o autoritarismo militar e a
crise econômica que assinalaram os anos iniciais da jovem República e
entrava lentamente num período de transformações positivas.

Antes de assumir, o Presidente Campos Salles (1898-1901) viaja-


ra como Presidente-Eleito à Europa, onde concluiu um instrumento de
consolidação da dívida com a Casa Rothschild, conhecido como o “fun-
ding loan”, garantido pelas rendas da Alfândega do Rio de Janeiro. Por
ocasião dessa viagem, Campos Salles esteve na Alemanha, a convite da
Casa Krupp, fornecedora de equipamento militar para o Brasil desde
1871. Visitou as instalações da empresa e esteve em Hamburgo. De lá,
seguiu para Berlim, Dresden e Munique. Desta viagem pela Alemanha,
Campos Salles regressaria convencido da importância de contrabalançar
as relações tradicionalmente mantidas pelo Brasil com a Inglaterra e a
França com uma aproximação crescente com a Alemanha. O Imperador
Guilherme II despachou uma belonave ao Rio de Janeiro para a posse de
Campos Salles. E este, em 1901, enviaria a Berlim o mais prestigiado dos
diplomatas brasileiros, o Barão do Rio Branco.

Em 1900, já se contavam em mais de três centenas de milhares os


imigrantes alemães que se haviam estabelecido no sul do Brasil. Para-
lelamente à imigração, o comércio entre o Brasil e a Alemanha foi-se

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):59-75, out./dez. 2010 65


Luiz Felipe de Seixas Corrêa

intensificando pouco a pouco desde a assinatura em 1827 do Tratado de


Comércio entre as três cidades Hanseáticas (Hamburgo, Bremen e Lu-
beck) e o Império. Na virada do século, a Alemanha havia-se tornado
o segundo parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da Inglaterra. Em
1900, contavam-se já 150 estabelecimentos alemães no Brasil dedicados
à indústria, ao comércio do café e à importação de manufaturas.

Alemães construíam estradas e ferrovias; operavam linhas de na-


vegação fluvial e a vapor. Alemães instalaram as primeiras linhas tele-
gráficas no Brasil. Há registro de que empresas de colonização alemãs
haviam-se tornado proprietárias de cerca de 15 mil quilômetros quadra-
dos de terras no sul do Brasil.

O Barão chegou a Berlim com os filhos Raul, Amélia e Hortensia e


uma Governanta: a Baronesa Teresa von Berg, viúva de um nobre austrí-
aco. Tinha pouco conhecimento do idioma alemão. Buscaria entrosar-se
na aristocrática sociedade prussiana, mas sua personalidade não se ajusta-
va propriamente às demandas do mundanismo da corte berlinense. Havia
enviuvado: sua mulher, Marie Philomène Stevens, de nacionalidade bel-
ga, falecera prematuramente em 1898. Amélia viria a casar-se em Berlim
com um alemão, o Barão Gustaf von Werther, cuja aristocrática linhagem
revelar-se-ia tão elevada quanto na realidade era reduzida, para desencan-
to do Barão, sua fortuna familiar.

Rio Branco assumiu formalmente suas funções em Berlim no dia


seguinte à sua chegada, 16 de abril. A Legação era composta por um
Primeiro Secretário e um Adido Militar.

Entregou credenciais ao Kaiser Guilherme II às 12 horas do dia 28


de maio de 1901 no Neues Palais, em Friederichskron, junto a Potsdam.
Em seu discurso, Rio Branco, além das formalidades de praxe, ressaltou
as boas relações que, desde a sua independência em 1822, o Brasil vinha
mantendo, “inicialmente com os Estados alemães e em seguida com o
grande e poderoso Império fundado pelo augusto e glorioso avô de Vossa
Majestade”. Ressaltou igualmente a crescente prosperidade dos “antigos

66 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):59-75, out./dez. 2010


O Barão do Rio Branco: missão em Berlim – 1901/1902

centros de imigração germânica” no Brasil, assim como o crescimento do


comércio bilateral.

Em resposta, o Imperador expressou satisfação com o bom estado


das relações entre o Brasil e a Alemanha, fazendo votos para que se for-
talecessem ainda mais. Vaidoso, Rio Branco comentaria no ofício em que
relatou a solenidade: “O Imperador fez-me o favor de exprimir-se com
muita benevolência a meu respeito.”

Encerradas as alocuções formais, produziu-se uma conversa que, se-


gundo o relato de Rio Branco, versou sobre “o melhoramento da situação
interior e financeira (do Brasil); sobre o comércio bilateral (cujo incre-
mento o Imperador atribuia “em grande parte ao progresso das antigas
colônias de alemães que o Governo brasileiro fundou”); sobre os esforços
do Brasil para abrir navegação dos rios interiores; e outros. O Imperador
se referiu muito especialmente à presença do elemento germânico no Bra-
sil, “como fator de ordem e trabalho”, manifestando gratidão ao Governo
e aos brasileiros em geral “pelo modo por que tem tratado os alemães que
vão ao Brasil.

Rio Branco, por sua vez, reiterou a satisfação do Brasil com “a pros-
peridade de nossas colônias alemãs”.

Logo após a entrega de credenciais, Rio Branco viu-se às voltas com


um significativo episódio ligado à visita a Kiel de um encouraçado da
Marinha de Guerra do Brasil: o “Floriano”, que está relatado no livro com
certa minúcia. A missão do “Floriano” era “retribuir a visita que as belo-
naves alemãs em nome do Imperador haviam feito ao Brasil por ocasião
de sua posse em 15 de novembro de 1898”. O Imperador em pessoa se di-
rigiu a Kiel. No dia 12 de junho, ofereceu almoço à tripulação, condeco-
rou a alta oficialidade e subiu a bordo para uma visita ao navio de guerra
brasileiro. Após a visita, o Imperador trocou mensagens telegráficas com
o Presidente Campos Salles.

Chamou-me a atenção o fato de que o Barão, apesar da óbvia impor-


tância política do evento, não esteve presente a Kiel. Tampouco compa-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):59-75, out./dez. 2010 67


Luiz Felipe de Seixas Corrêa

receram representantes do Ministério do Exterior. Os arquivos revelam


que se produziu na ocasião uma série de desacertos e desencontros que
o Barão registrou minuciosamente em comunicações ao Rio de Janei-
ro e que se acham comprovadas igualmente nos documentos alemães.
Fica evidente que, tanto o Comandante do Navio quanto as autoridades
militares alemãs desejavam manter a visita do Imperador ao “Floriano”
inteiramente no plano militar, sem a participação de autoridades civis.
Após a partida do navio, em conversa com o Chefe do Gabinete Naval
do Imperador, o Barão ouviu que o Comandante e os oficiais brasileiros
haviam produzido excelente impressão e que o Imperador elogiou “a ex-
trema limpeza em que estava o navio”, concluindo que “o Floriano é um
excelente vaso de guerra, inteiramente moderno, de construção elegante e
arranjado com o gosto artístico que em tudo revelam os franceses”.

Aí talvez esteja a explicação deste episódio, em particular da inusita-


da subida do Imperador a bordo de um navio brasileiro e da preservação
do caráter estritamente militar da solenidade, com a ausência de repre-
sentantes diplomáticos brasileiros e alemães: o navio era francês! Rara
ocasião para que, afetando naturalidade e afagando o ego dos oficiais bra-
sileiros, pudesse Sua Majestade, àquela altura impulsionando ativamente
a indústria naval bélica alemã, inspecionar calmamente um navio de seus
antigos e futuros inimigos franceses!

Tal como comento no livro, o episódio do Floriano expôs o modo


de agir militar na Alemanha, revelando a separação que se fazia entre os
mundos da diplomacia e das armas, um dos fatores que viria anos mais
tarde a precipitar a catástrofe da Guerra de 1914-1918. Não deixa de reve-
lar também uma certa maneira de proceder por parte dos militares brasi-
leiros da época, à qual fica subjacente uma falta de apreço às autoridades
civis, os “casacas”, no caso representados pelo Ministro em Berlim.

Dos vários temas tratados pelo Barão em Berlim, tal como registra-
dos nos Arquivos alemão e brasileiro e dos quais me ocupei no livro, gos-
taria de relatar brevemente aqui apenas dois: o caso da dívida do Estado
de Minas Gerais e a questão do território do Acre. Em ambos os casos

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O Barão do Rio Branco: missão em Berlim – 1901/1902

ficam bem caracterizados alguns dos atributos que fizeram a reputação


do Barão: a firmeza de seu estilo negociador, sua eficiência como ope-
rador diplomático e sua capacidade de transformar vulnerabilidades em
trunfos.

O primeiro tema disse respeito à inadimplência do Governo de Mi-


nas Gerais com relação a títulos de dívida emitidos por bancos alemães
em 1889 para o financiamento da Estrada de Ferro Oeste de Minas. Ao
ser procurado por representante das instituições credoras, Rio Branco
ponderou ao Rio de Janeiro: “Pelo que tenho ouvido a outras pessoas do
comércio relacionadas com o Brasil, esta questão nos tem desacreditado
profundamente aqui. Deixá-la na situação atual, seria tornar impossíveis
novos empregos de capital alemão em empresas ou empréstimos brasi-
leiros. Parece-me, portanto, urgente que nos empenhemos em chegar a
um acordo satisfatório....” Não é difícil imaginar o constrangimento do
agente diplomático tendo que iniciar suas atividades com uma pendência
desagradável, que expunha desde logo as fragilidades da economia brasi-
leira e despertava reações adversas à credibilidade do país.

O assunto passaria logo ao plano das relações oficiais. O Barão rela-


taria mais adiante haver sido abordado em jantar social pelo Subsecretá-
rio de Estado Von Muhlberg, o qual lhe falou oficialmente “das queixas
dos possuidores de títulos do empréstimo feito em 1889 na Alemanha”.
Rio Branco disse que, embora não tivesse recebido informações do Brasil
a respeito do tema, “sabia particularmente que o empréstimo fora feito
à Companhia da Estrada de Ferro do Oeste e não ao Governo de Minas
Gerais ou ao Governo brasileiro”. Von Muhlberg, dado que “tinha instru-
ções para insistir na defesa dos interesses alemães”, manifestou que lhe
enviaria uma memória sobre a questão, com o pedido de que a transmi-
tisse ao Governo federal e “chamasse sua atenção sobre a conveniência
de um arranjo satisfatório que pusesse termo prontamente ao clamor dos
prejudicados”.

Em 3 de fevereiro, o Barão recebeu uma nota do Ministério do Exte-


rior, junto à qual se encontrava a memória antecipada pelo Subsecretário

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):59-75, out./dez. 2010 69


Luiz Felipe de Seixas Corrêa

Von Muhlberg. A memória foi enviada pontualmente ao Rio de Janeiro.


Em comunicação particular ao Ministro Olyntho de Magalhães, porém,
Rio Branco explicou que deixara de enviar a nota “porque não me agrada-
ram os termos em que está redigida e desejo pedir ao Senhor Von Muhl-
berg que os modifique”.

O motivo do desagrado do Barão era o seguinte: na nota original,


Von Muhlberg, após referir-se ao encontro que havia tido sobre o assun-
to com Rio Branco, solicitava: “ Eu ficaria muito reconhecido se Vossa
Excelência pudesse pedir a atenção de seu Governo sobre esta questão
e de lhe recomendar que dê aos interesses alemães a consideração que
merecem.”

Muitos agentes teriam recebido com naturalidade esta formulação.


O Barão do Rio Branco, porém, não a aceitou. Voltou a Von Muhlberg
no dia seguinte e disse-lhe ter achado “bastante duros” os têrmos da nota.
Argumentou que “não podia fazer semelhante recomendação, nem devia
(prestar-se) a ser o transmissor de documentos pouco agradáveis”.

Von Muhlberg acabou aceitando as ponderações postas sobre a mesa


com toda firmeza pelo Barão. A nota original foi restituída e dias depois
Rio Branco encaminharia a segunda versão, mais apropriada, a seu ver,
à dignidade do Governo brasileiro. O trecho questionado por Rio Bran-
co foi substituído por outro mais suave: “Eu ficaria muito reconhecido
se Vossa Excelência pudesse pedir a atenção de seu Governo sobre esta
questão e de lhe expressar a esperança do Governo imperial de que ele
não deixará de dar aos interesses alemães a consideração que merecem.”
Este episódio constitui demonstração da firmeza do estilo diplomático do
Barão e significativo exemplo de como as sutilezas diplomáticas podem
ser bem empregadas para resguardar sensibilidades governamentais!

O caso acabou encontrando alguma solução amistosa e pragmática,


pois não torna a aparecer na correspondência de Rio Branco com o Rio
de Janeiro nem nos maços do Arquivo do Ministério do Exterior alemão.

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O Barão do Rio Branco: missão em Berlim – 1901/1902

Em junho de 1902, Rio Branco defrontou-se em Berlim com outro


tema que teria grande incidência sobre sua futura atuação como ministro
das Relações Exteriores do Brasil: a questão do Acre.

Como se sabe, o Governo boliviano havia arrendado o Acre a uma


companhia privada, composta de acionistas norte-americanos, o “Bolivian
Syndicate”, que tencionava explorar as seringueiras nativas na região. O
Sindicato pretendia transformar-se em companhia internacional, de ma-
neira a assegurar o apoio das Potências europeias. Circulavam rumores de
que o Governo alemão, sondado a respeito por representantes do Sindica-
to, revelara-se disposto a considerar o assunto favoravelmente. O proble-
ma era grave, de vez que o território estava completamente povoado por
agricultores brasileiros que se dedicavam à extração da borracha.

Por sua conta, sem instruções precisas do Rio de Janeiro, mas em


estreito contato com Assis Brasil, Ministro em Washington, e com Joa-
quim Nabuco, em Londres, o Barão realizou diversas gestões junto ao
Secretário de Estado Richthoffen, para que o Governo alemão dissuadisse
possíveis interessados em participar do negócio. Agiu com firmeza, como
comprovam os documentos reproduzidos no livro, procurando convencer
o Ministro alemão da necessidade de evitar o envolvimento de sócios
europeus com “especuladores de Nova York” que, “logo depois de con-
seguirem seu intento, não deixariam de suplantar pelo peso dos seus capi-
tais o elemento europeu e de excluí-lo por fim”.

Rio Branco não se ateve apenas aos canais diplomáticos conven-


cionais. Demonstrando a tenacidade e a modernidade de seus métodos
de atuação, dirigiu-se diretamente também aos potenciais investidores.
Redigiu nota a banqueiros em Berlim, Hamburgo, Colônia e Frankfurt e à
imprensa alemã, na qual expôs as reais circunstâncias da questão do Acre,
assim como a falta de sustentação do Sindicato.

Os seguidos contatos mantidos pelo Barão com as autoridades ale-


mãs, tal como registrados nos arquivos e relatados no livro, obtiveram
os resultados esperados: nenhum banqueiro ou capitalista alemão com-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):59-75, out./dez. 2010 71


Luiz Felipe de Seixas Corrêa

prometeu-se com o Sindicato e o Governo alemão não se envolveu na


questão do Acre. A atividade do Barão em Berlim foi comprovadamente
efetiva. Memorando interno do Ministério do Exterior alemão, datado de
3 de novembro de 1902, poucos dias antes da partida definitiva do Barão
de volta ao Brasil, diz textualmente: “O Ministro do Brasil, Rio Branco,
foi hoje informado de que, segundo é do nosso conhecimento, o Deutsche
Bank não participará do Sindicato do Acre.”

Ao evitar o envolvimento de capitais alemães no Sindicato que pre-


tendia explorar o Acre, Rio Branco impediu que se configurasse um pe-
rigoso precedente e uma virtual anomalia na América do Sul: o controle
praticamente soberano de uma parte do território continental por uma
empresa privada norte-americana e europeia, que certamente se tornaria
muito poderosa. A importância dada por Rio Branco a esse tema durante
sua gestão em Berlim e a sensibilidade que adquiriu para seu potencial
de gravíssimos problemas de política externa certamente foram decisivas
para a urgência que atribuiu, logo que assumiu o Ministério, a uma solu-
ção para a questão do Acre, tal como viria a ser configurada no Tratado
de Petrópolis de 1903. A experiência adquirida em Berlim terá sido deter-
minante também para a estratégia extremamente sofisticada seguida pelo
Barão ao conduzir as negociações no plano bilateral simultaneamente
com a Bolívia e os EUA, atuando por canais laterais diretamente também
junto aos investidores.

Não estava, portanto, equivocado o Ministro alemão no Brasil, Von


Treutler, quando, ao relatar a Berlim, em ofício de 15 de novembro de
1903, a solução da crise, a assinatura do Tratado e o afastamento definiti-
vo do perigo de uma intervenção norte-americana, afirmou que o desfecho
positivo era devido unicamente a Rio Branco. Neste ofício, aliás, que se
acha reproduzido no livro, Treutler expressou uma apreciação altamente
positiva dos métodos de operação diplomática do Barão.

Rio Branco deixaria Berlim em 11 de novembro de 1902 para assu-


mir o Ministério das Relações Exteriores. Aceitou o cargo somente após
muito relutar. Em 29 de agosto, recebera telegrama de Rodrigues Alves,

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O Barão do Rio Branco: missão em Berlim – 1901/1902

em que o Presidente eleito insistia: “Nome V.Excia. será muito bem rece-
bido não podendo negar país sacrifício pedido.”

Na véspera, segundo anotação em seu Diário, fora assistir, com a


filha Hortênsia e a Baronesa von Berg, função de gala na Ópera Real por
ocasião da visita do Rei da Itália, Vitor Emanuel, ao Imperador Guilher-
me II. Parecia ainda pensar na permanência em Berlim. Acabaria, porém,
rendendo-se, havendo comunicado a Rodrigues Alves: “Farei o sacrifício
que Vossência julga necessário, contente de o fazer pelo muito que devo
à nossa terra e a Vossência.”

Tendo chegado ao Rio de Janeiro, no dia 1º de dezembro, o Barão


serviria a quatro presidentes: Rodrigues Alves até 1906, Afonso Pena e
Nilo Peçanha entre 1906 e 1910 e Hermes da Fonseca até a sua morte em
1912.

Durante sua gestão, Rio Branco manteve os laços que havia estabe-
lecido em Berlim. Preocupou-se em capacitar o Brasil para equilibrar
sua inserção incipiente no mundo e em particular sua relação europeia,
mediante a consolidação de vínculos sólidos com o Império alemão.

Mas não deixou de ser duro quando foi necessário atuar no episó-
dio da Canhoneira Panther, ocorrido em novembro de 1905. Naquela
ocasião, oficiais alemães da Panther desembarcaram em Santa Catarina,
sem autorização, em busca de um desertor. Rio Branco protestou energi-
camente, pediu a entrega do fugitivo no caso de ele ter sido preso pelos
oficiais alemães e ameaçou capturar a embarcação alemã. O incidente
foi finalmente resolvido de forma satisfatória. Em nota de 2 de janeiro
de 1906, o Ministro da Alemanha no Rio de Janeiro esclareceu que não
teria havido intenção de ofender a soberania territorial do Brasil e que os
culpados seriam submetidos a julgamento militar. Em nota do dia 6 se-
guinte, Rio Branco deu por encerrado o incidente, enfatizando ao mesmo
tempo o desagrado do Governo brasileiro com o procedimento adota-
do pelo Comandante ao passar por cima das autoridades do Governo de

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Luiz Felipe de Seixas Corrêa

Santa Catarina. O Comandante da Panther foi posteriormente demitido da


Marinha Imperial.

As relações com a Alemanha transcorreram positivamente depois do


incidente da Panther. Foi por influência de Rio Branco que grupos de
oficiais brasileiros foram enviados em três oportunidades (1906, 1908 e
1910) para treinamento no Exército Imperial alemão.

Durante toda permanência do Barão do Rio Branco no cargo de Mi-


nistro das Relações Exteriores, os arquivos alemães comprovam que a
Legação no Rio de Janeiro manteve com ele intensa relação. Em abril
de 1909, por ocasião das homenagens organizadas em todo o Brasil para
festejar o sexagésimo quarto aniversário do Barão, o Ministro alemão
no Rio de Janeiro, Reichenau, enviaria telegrama a Berlim propondo
que fosse dirigida mensagem de congratulações por parte do Imperador
Guilherme II. Os brasileiros, observa o Ministro, “são muito sensíveis a
demonstrações de apreço e seria útil registrar que a deferência....existe
também do nosso lado, sobretudo considerando.....as reiteradas declara-
ções de amor dos americanos. Por essa razão, seria recomendável dizer
algo amistoso sobre o Brasil.”

A mensagem do Imperador não seria enviada. Mas o Ministro foi


autorizado a dirigir ao Barão expressiva carta de felicitações. Reichenau,
registrou, com óbvio regozijo, as expressões que ouviu do Barão ao en-
tregar-lhe sua mensagem:

“Ele me agradeceu penhoradamente por essa manifestação do Gover-


no imperial. Já desde os tempos de sua ministrança em Berlim sabia que
o Senhor Chanceler do Reich abrigava desde a sua juventude sentimentos
de amizade pelo Brasil e pelos brasileiros. Durante sua permanência em
Berlim, da qual guarda as mais agradáveis lembranças, só teve experiên-
cias agradáveis e memoráveis... Pediu-me, na qualidade de Representante
da Alemanha no Brasil, que transmitisse a Sua Excelência o Príncipe Von
Bülow seus agradecimentos por seus honrosos votos e pela distinção que

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O Barão do Rio Branco: missão em Berlim – 1901/1902

lhe fazia e que fizesse chegar seus agradecimentos mais profundos a Sua
Majestade o Imperador pela generosa manifestação”.

Rio Branco morreu em 10 de fevereiro de 1912. Seu nome perma-


nece associado a um tipo ainda não totalmente ultrapassado de diploma-
cia – a de fixação de fronteiras e da posse de territórios. A ele atribui-se
a expressiva afirmação de que “território é poder”. Mas a sua obra foi
muito além da definição de nossos limites. Rio Branco tornou-se um dos
mitos mais enraizados na consciência popular brasileira. As razões desse
fenômeno não devem ser buscadas apenas na sua obra diplomática, mas
também – e talvez especialmente – em seu carisma pessoal e nos traços
mais marcantes de sua personalidade.

Em sua gestão no Ministério das Relações Exteriores, o Barão lançou


as bases das diretrizes de política externa que se mantiveram ao longo do
século XX, e continuam a orientar a “cultura” do Itamaraty. A Missão em
Berlim constituiu um momento significativo em sua trajetória de homem
público e diplomata. Na capital da Alemanha, além de ter podido obser-
var a atuação da ascendente e afirmativa diplomacia germânica, o Barão
aguçou seus talentos de operador diplomático, formando impressões di-
retas que o habilitariam posteriormente a orientar a inserção internacional
do Brasil nos anos em que esteve à frente do Itamaraty com um sentido
ainda mais preciso das transformações então em curso no mundo.

Berlim foi uma passagem breve, decerto, mas extremamente valiosa,


por um dos mais importantes e dinâmicos palcos da diplomacia europeia
e mundial. Uma preparação, um aprendizado, um momento singular na
vida e na carreira do grande brasileiro que foi José Maria da Silva Para-
nhos.

Tenho a esperança de que este pequeno livro, ao se somar modesta-


mente à extensa bibliografia existente sobre o Barão, possa contribuir com
um pequeno grão de areia para a construção de sua imagem – com todo o
valor que lhe é devido – na memória histórica permanente do Brasil.

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Política Nacional de Museus

Visita do presidente do IBRAM

Política Nacional de Museus1


José Nascimento Junior2

Boa tarde a todos, e a todas, queria agradecer o convite do IHGB


para estar aqui com vocês nesta tarde / noite, pra nós do Instituto Bra-
sileiro de Museus é uma honra poder estar nesta Mesa, falar nesta Casa,
da importância do IBRAM, estando no IBRAM, e fazendo exatamente 1
ano e 1 dia que a diretoria do IBRAM tomou posse. Então, nós estamos
quase fazendo uma efeméride aqui no Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, quase que uma comemoração a este 1 ano do Instituto Brasi-
leiro de Museus, a lei foi promulgada em janeiro de 2009, mas a posse da
diretoria, e a reposse, vamos dizer assim, a tomada de posse dos diretores
dos nossos museus foi exatamente no dia 11 de maio, em Brasília, com a
presença do Ministro da Cultura, do ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil
e a presença do presidente da República e do chanceler Celso Amorim
e do presidente do Congresso Nacional, José Sarney. Então, foi um mo-
mento festivo, importante, e nesse sentido, estar aqui neste momento aqui
no Rio, nesta casa de tradições tão importantes na discussão e reflexão da
história do nosso país, é um momento ímpar para fazer esta efeméride de
1 ano do IBRAM. Sem contar que há vários membros da nossa gestão,
diretores, que são membros também aqui, colaboradores do IHGB e hoje
aqui nesta tarde temos vários colaboradores do IBRAM aqui presentes, o
que também mostra o quanto é importante e quanto esses laços do IHGB
com a história dos museus, particularmente dos museus que nós gerencia-
mos, é umbilicalmente importante e construído historicamente. Eu queria
então, dizer, novamente expressar a emoção de estar neste momento aqui
e poder numa instituição tão nova, tão jovem, é um bebê de um ano, po-
der já ocupar essa posição aqui de poder se pronunciar no IHGB. Queria

1 – Conferência realizada em 12 de maio de 2010. Texto a partir de transcrição de grava-


ção.
2 – Antropólogo – Presidente do Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):77-91, out./dez. 2010 77


José Nascimento Junior

agradecer a generosidade da direção do IHGB, de nos receber, de propor


essa discussão aqui. Sei também que o IHGB está – o presidente Arno
já havia nos falado no Museu Imperial – mudando seus estatutos para
incorporar o IBRAM nas entidades colaboradoras com assento aqui no
IHGB. Queria agradecer em nome do IBRAM esta ação porque a história
que nos vincula, vinculará institucionalmente, o que também é importan-
te e nós colaboraremos dentro das nossas limitações, o que for possível
nós colaboraremos aqui com o IHGB nas reflexões e nas ações aqui desta
casa.

Bem, eu fiquei pensando quando o professor Arno e o dr. Victorino


Chermont me propuseram vir aqui a falar e quando eu pensei falar da po-
lítica de museus, é daqueles convites que a gente aceita e depois vê o ta-
manho da responsabilidade e o problema que a gente cria para si mesmo,
tal a responsabilidade de fazer uma fala, que primeiro, não seja enfado-
nha, segundo, que seja ilustrativa e terceiro, que seja da responsabilidade
que essa casa tem, da historia que essa casa tem. Eu não tenho nenhuma
das três pretensões, sei que serei enfadonho, sei que não farei uma fala
da dimensão que esta casa propõe, mas de qualquer forma o desafio está
dado para mim, foi colocado para mim, e eu assumi o desafio e vou tentar
cumprir da melhor forma possível a tradição que esta casa se coloca e a
responsabilidade que esta casa se coloca.

Eu queria começar, dizendo que, a minha formação acho que é im-


portante também me colocar num ambiente acadêmico como é o IHGB,
fazendo um pouco rapidamente a minha trajetória acadêmica. Eu sou for-
mado em Ciências Sociais e sou pós-graduado em Antropologia. Acho
que essa aqui talvez seja uma possibilidade, eu sempre fui um bom aluno
em História e Geografia e na Antropologia, eu consegui unir as duas coi-
sas. A discussão do tempo e do espaço, que aqui se juntam na História e
na Geografia, eu busquei também na minha formação em Antropologia,
que a essência da Antropologia, a Antropologia é uma encruzilhada entre
o tempo e o espaço. Esse é um caminho que nos une aqui também e sei
de vários antropólogos tem aqui nesta casa assento, representantes, como
é o professor Roberto DaMatta que tem aqui no IHGB uma participação

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Política Nacional de Museus

e uma colaboração importante. Tenho também na minha formação, como


cacoete, digamos, de formação, a busca das referências exatamente na
área de História e Geografia, podendo citar desde as acadêmicas como é
o professor Milton Santos na Geografia, como é o Professor Caio Prado
Júnior, na História. Então, para que a gente possa se situar entre outros,
e no campo da Antropologia, o professor Gilberto Velho, o próprio pro-
fessor Roberto da Matta, são para mim referências importantes na minha
formação, na minha construção acadêmica. Dito isso, por último, o meu
orientador, também uma pessoa importante no campo da Antropologia,
foi presidente da Associação Brasileira de Antropologia, o professor Ru-
ben George Oliven, que trabalha exatamente no campo da tradição, do
global, do local, e a minha dissertação de Mestrado foi exatamente no
campo da Antropologia da Política, tentando unir de novo duas áreas que
nem sempre são possíveis de se unir, a Antropologia e a Ciência Política,
nesse caso, estudando a política, o dr. Chermont me mostrava ali a expo-
sição de bottons que o IHGB tem das campanhas políticas, eu exatamente
me lembrava dos estudos que eu fiz de campanhas políticas, para pensar
a Política como um fenômeno cultural. O que também me deu uma for-
mação no campo da Antropologia diferenciada em relação à própria tra-
dição da Antropologia brasileira que é uma Antropologia do urbano, mas
também da etnografia indígena. Mas indo para o nosso tema principal, eu
busquei num primeiro momento trabalhar ou pensar primeiro as políticas
públicas, ou a política pública de museus à luz das referências teóricas
que nós trabalhamos na política de museus e depois as ações. Para que se
possa ver claro, ou que eu possa passar para vocês a nossa ação enquan-
to política pública, ela não está dissociada de uma reflexão conceitual e
teórica. O que nem sempre é comum no campo das políticas públicas,
dos gestores públicos, mas por conta do cacoete de toda a nossa equipe,
nós temos uma formação forte, acadêmica, todos, e isso nos faz sempre
buscar construir os conceitos em torno das ações de políticas públicas
que estamos exercendo. Isso, ora nos traz alguma dificuldade de compre-
ensão, ora, às vezes os fenômenos que estamos trabalhando no campo da
museologia, nem sempre são possíveis de enquadrar nos conceitos. En-
tão, como diria o professor Roberto Cardoso de Oliveira, “da dança dos

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José Nascimento Junior

conceitos”, ou seja, os conceitos estão sempre em movimento, então se há


alguns conceitos em movimento são os conceitos que a gente tem traba-
lhado dentro da política de museus. A criatividade nossa, pelo menos, tem
caminhado no próprio sentido da própria criatividade do campo museo-
lógico brasileiro. A cada novo fenômeno museológico, novas reflexões,
novas possibilidades e novas ações possíveis. Quando nós começamos a
trabalhar com museus ou pontos de memória, museus em favelas, mu-
seus comunitários, eu lembro como a imprensa nos perguntava, quando a
gente foi inaugurar, o Maurício não sei se esteve lá, mas a Vera Alencar
esteve, e a Mônica Xexeo que está aqui, a Vera nossa diretora dos Mu-
seus Castro Maya, a Mônica, nossa diretora aqui do Belas Artes, estavam
presentes lá no Museu da Maré e a imprensa nos perguntava... O que vão
mostrar neste Museu?

Muito numa visão tradicional de pensar exatamente as estruturas


mais pesadas, vamos dizer assim, da nossa tradição museológica e não
conseguiram enxergar naquele momento, naquele espaço, algo que tives-
se uma razão ou uma visão de história, de mostrar um caráter de patrimô-
nio museológico importante. É importante apontar isso, para se entender
que esses fenômenos novos são para nós, dentro da política de museus,
fenômenos que têm ajudado a também refletir a nossa rede de museus já
estabelecida, quer dizer que o novo que vem surgindo também ajuda a
avançar na reflexão sobre o que está e ao mesmo tempo o que está ajuda
a esses novos a pensar determinados fazeres, determinadas práticas para
que essas conexões sejam realizadas. Exemplo disso são colaborações
que já vêm existindo, como por exemplo, entre o Museu da República e
o Museu da Maré, exposições aqui e lá, buscando exatamente conexões
da ação desses museus e desses patrimônios. Então, nós temos trabalha-
do com um conceito de museu, um conceito de museu amplo, não é um
conceito do ponto de vista dos ditames que o ICOM coloca, porque o
ICOM coloca os museus como instituições permanentes. Nós temos uma
diferença em relação a isso, para nós os museus são processos, são insti-
tuições vivas, que podem como as pessoas crescer, nascer e morrer, inclu-
sive. Claro que não é desejável, ninguém deseja morrer, mas que isso é

80 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):77-91, out./dez. 2010


Política Nacional de Museus

possível que ocorra como qualquer instituição humana, construída pelos


homens. Há uma diferença em relação a isso e há também uma diferença
do ponto de vista de pensar os museus como ferramentas sociais e nisso
a ação relativa a essas comunidades populares é uma ação importante
porque é uma apropriação do que a gente chama de ferramenta museu,
para um diálogo social mais amplo. Lembro bem de algumas situações
relatadas, mesmo da reivindicação dessas comunidades ou mesmo do de-
sejo de memória dessas comunidades, no sentido de se igualar ao que eles
dizem às pessoas que estão no asfalto. Nós que estamos no morro e vocês
que estão no asfalto, nós também queremos, nós também temos desejo de
memória, nós também queremos ter as nossas instituições de memória e
isso se passa nessas comunidades como se passa nas comunidades qui-
lombolas, se passa nas comunidades indígenas, que nós temos hoje ações
nessa direção, sem deixar de cuidar e fazer uma reflexão dentro das nos-
sas instituições que são a base da ação do Instituto Brasileiro de Museus,
que são os 28 museus que estão sobre a nossa responsabilidade direta e
não preciso aqui citar quais são, porque esta casa e vocês sabem todos.
Aqui, a nossa rede aqui no Rio de Janeiro particularmente, é uma rede
importante, de referência nacional e internacional e que estas instituições
têm ajudado também a esta reflexão e a essa colaboração. Neste sentido,
nós rompemos com uma ideia de um museu dito tradicional, tanto para
nossas instituições quanto para as ações com as demais. Os museus nos-
sos, mais estabelecidos na nossa rede, têm trabalhado numa forma para
também ter a sua função social enquanto museu, ampliada. A ação do
Ministério e a ação do IBRAM têm, desde o período de Departamento
de Museus, procurado construir conceitos de ação que se ampliem no
sentido de ter uma interlocução cada vez maior com as comunidades do
seu entorno de referência ou do seu interesse. Claro que com diferenças
e com ênfases em relação a suas especificidades. Do ponto de vista mais
amplo, conceitual, eu diria que nós trabalhamos com uma ideia de museu
republicano, um museu res-pública, ou seja, um museu que tem um lugar
institucional claro, numa sociedade democrática e contemporânea, um
museu que trabalha com conceito republicano. Mesmo o Museu Imperial,
para fazer esta brincadeira, também trabalha com o conceito republicano

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José Nascimento Junior

de museu, ou seja, de termos uma ação dentro dos ditames de um estado


democrático, de um estado contemporâneo, de um estado aonde as insti-
tuições têm que ter a sua cidadania institucional garantida e a ação social
e a ação de preservação e de dar acesso aos bens culturais, o mais amplo
possível. Nós entendemos os museus como um núcleo básico da garantia
do direito à memória da população. Então, nesse sentido nós ao refletir
a própria ação da política de museus e olhar a rede de museus do Brasil,
que são mais de 2870, diz aqui a nossa coordenadora da Coordenação
do Sistema de Informações, a Rose Miranda, são 2.887, esses números
mudam a cada instante, presidente, porque ali é um setor que vem bus-
cando consolidar exatamente esse retrato da museologia brasileira, que
não se tinha até então. E se a gente olhar esses mais de 2.800 museus, nós
vamos ver que o Brasil ainda não passou do Tratado de Tordesilhas em
relação a sua concentração de instituições culturais de uma maneira geral
e especificamente na área de museus. Eu sei que essa casa inclusive há
alguns anos fez um Seminário sobre o Tratado de Tordesilhas e eu diria
que é tão atual esse tema quanto é a nossa composição cultural. Se a gente
olhar o retrato que está saindo do cadastro nacional de museus, vamos
ver que pouco passamos do Tratado de Tordesilhas no ponto de vista da
concentração das instituições culturais, ainda somos um país concentrado
no litoral e, claro, a região sul tem uma tradição diferenciada no ponto de
vista dos seus museus, que a sua colonização ali dá uma ênfase diferente,
o colono chega e depois de um tempo já estabelece um museu para contar
a sua saga vinda da Europa para cá, isso é uma tradição europeia muito
forte ali na região sul. Mas se a gente olhar o que vem, olhando o mapa do
Brasil, nós vemos que não passamos do Tratado das Tordesilhas e olhan-
do para o interior do Brasil é quase rarefeita a presença de instituições e
no caso dos museus, mais ainda. São apenas 1.100 municípios brasileiros
que têm museus, num total de 5.654 municípios. É importante que a gente
tenha esses números, que mostram o quanto ainda, se alguém questiona
qual seria a tarefa de um Instituto de Museus ou de uma política nacional
de museus, mostra que temos ainda uma tarefa hercúlea, no sentido de
interiorizar e exatamente buscar no contexto do direito à memória, do
direito à cultura desse país, a garantia desse direito em várias comuni-

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Política Nacional de Museus

dades. Se pensarmos que mais de 90% dos museus existentes no mundo


surgiram a partir de 1945, a partir da 2ª Guerra Mundial, que o evento da
2ª Guerra traz para humanidade também esta questão da memória e com
isso há um boom, uma ampliação da rede de museus no mundo como um
todo. Hoje nós temos 65 mil museus no mundo e nós temos aí a sexta
maior rede de museus no ponto de vista numérico, não no ponto de vista
da relação população / museu. Ai nós perdemos muito para alguns países
como a Áustria com 2.000 museus, Portugal com 1.500 museus, e fazen-
do comparativo de população com quantidade de museus, essa questão
ainda há muito o que fazer. Sem pensar nos Estados Unidos que têm 18
mil museus...

Se a gente pensar que a grandeza de uma nação também é a quanti-


dade de seus museus ou seu desejo a memória, nós ainda estamos engati-
nhando nesse sentido. Nós devemos ainda fazer e ter, numa política públi-
ca de museus, essa busca dessa institucionalização da memória por meio
dos museus, que é uma instituição que se torna cada vez mais importante,
mais contemporânea ao contrário do que normalmente se poderia pensar
que é um lugar de coisa velha, um museu, etc. como é uma mudança de
visão sobre isso, nós saltamos de 15 milhões de visitantes/ano no Brasil
para 33 milhões de visitantes/ano. Isso mostra que também a nossa so-
ciedade tem mudado a sua percepção sobre os museus, sobre a ação dos
museus e ao mesmo tempo, os museus têm mudado a sua ação para que
vá buscar estes novos públicos e dialogar com novos interesses. Isto é
importante a gente estar na véspera do início da Semana Nacional de Mu-
seus, o dia 18 de maio é o Dia Internacional dos Museus, e novamente nós
vamos ter uma grande semana com mais de 2.000 eventos, mais de 700
instituições participando, de todas as regiões do país, o que mostra uma
vitalidade. Se fôssemos distribuir estes eventos, um por dia, ficaríamos
mais de 3 anos com eventos em todos os museus, os mais diversos even-
tos. A criatividade dos museus em relação a suas ações tem se tornado
cada vez mais atenta a busca de público, desde concurso de beleza como
vimos no Pará ano passado, até ações de seminários, reflexões sobre o
tema da Semana de Museus, que este ano é um tema importante – Museus

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):77-91, out./dez. 2010 83


José Nascimento Junior

e Harmonia Social – que exatamente recai sobre o tema da violência, da


coesão social, da identidade, uma reflexão importante que a nossa socie-
dade junto com os demais museus do mundo inteiro, que é um tema dado
pelo ICOM, nós poderemos fazer esta reflexão.

Bem, eu estou misturando, acabei misturando duas vertentes da mi-


nha fala, uma mais conceitual e outra mais da própria política. Acho que
isso naturalmente está se construindo da melhor forma, para que de fato
um dos meus medos não ocorressem aqui, que era se tornar uma fala en-
fadonha ou sem interesse direto. Mas eu gostaria apenas de pontuar algu-
mas coisas importantes também sob o ponto de vista das políticas cultu-
rais, porque nós chegamos nesse momento das políticas de museus, mas
tem uma história das políticas culturais no Brasil e da própria política de
museus no Brasil. Como essa casa é uma casa da tradição, da reflexão
sobre História e Geografia e tendo aqui sido o primeiro patrono desta
casa, D. Pedro II, eu gostaria também de pontuar historicamente esta tra-
dição das políticas culturais no Brasil. Isso faz com que a gente entenda
como estamos e como esta trajetória de políticas de estado nos trazem
aqui uma reflexão de outra ordem. Eu costumava pontuar quatro itens,
quatro ciclos da política cultural, mas... a Rose está dando risadas porque
eu a cada momento vou mudando estas referências e, à luz das próprias
reflexões, a gente vai fazendo uma ação diferenciada. Mas eu pontuaria
sete ciclos das políticas culturais no nosso país, para que a gente tivesse
isso como referência para o momento que vivemos hoje e por que a polí-
tica de museus, por que o resultado do IBRAM, ou por que estes resulta-
dos atuais da política cultural. Nós temos um primeiro ciclo que é do 1º
Reinado. É fundamental refletir as políticas culturais a partir deste mo-
mento. A transferência da família real para o Brasil transladada de Portu-
gal para cá, uma série de instituições que dão, talvez, a marca principal do
que nós encontramos hoje de política cultural, mas é um momento fun-
dante das políticas culturais no Brasil, uma política de Estado. Temos
inúmeras instituições importantes que saem da matriz para a colônia, e
que isso depois vai levar com que essas instituições não saiam mais da-
qui, e que isso nos dê, inclusive, a nossa referência, a nossa fundação

84 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):77-91, out./dez. 2010


Política Nacional de Museus

enquanto estado brasileiro. Já desde então, neste momento, temos a pró-


pria Biblioteca Nacional, como uma referência já nesse momento. Nós
temos um segundo momento, eu não quero me alongar muito na descri-
ção de cada momento, mas o segundo momento é o 2º reinado, como D.
Pedro II como estadista, como o governante que mais tempo governou
nosso país, 49 anos, que é uma marca importantíssima nas políticas cul-
turais. Somando a cultura com a educação, que era uma preocupação do
imperador e talvez não tenha a [inaudível] brasileira, ainda feito justiça a
este papel de D. Pedro II como estadista, como fundante de uma série de
ações no campo da educação, no campo da cultura lacto sensu, na cultura
da sua relação com a fotografia, na cultura da sua relação com a ciência,
na cultura nesse sentido. Um terceiro ciclo, eu diria já um ciclo no perío-
do republicano importantíssimo, de política de estado que é o ciclo getu-
lista, eu diria que o presidente Getúlio Vargas tem aí um papel importante
no caso dos museus e da memória, sendo fundamental para a construção
e pensamento dos museus e a utilização inclusive dos museus para um
discurso do Estado, do que é o Brasil, do que é a sua história, do amálga-
ma do ser brasileiro importante. Há aí, um ciclo importante desse mo-
mento das políticas culturais do nosso país. Um quarto ciclo eu diria, que
há aí um salto grande, seria o ciclo do nosso presidente Juscelino Kubits-
chek, um ciclo bossa nova, um ciclo bossanovista, a música e a arquitetu-
ra, eu diria que está mais fundada. O caso de Brasília é um caso [inaudí-
vel] que a capital se trasladou, eu digo sempre, eu vivo em Brasília, não
sou brasiliense mas vivo em Brasília, o projeto político foi, mas o projeto
cultural ficou no Rio. Pelo bem do Rio de Janeiro ou pelo mal de Brasília,
porque hoje temos uma capital que não tem nada a dizer do Brasil, no
ponto de vista cultural ela não representa, não há nenhuma instituição que
represente o Brasil, um museu, algo que apresente um cartão de visita,
algo que represente o Brasil, nós não temos isso em Brasília. Um chefe de
estado, de um país estrangeiro que chegue a Brasília e saia do Brasil, por
Brasília de novo, ele não tem nada, não viu nada a não ser arquitetura.
Então, isso é muito pouco para um país como o nosso e para pensar as
demais capitais, se a gente pensar apenas em Washington, no Mall de
Museus, qual é o papel daqueles museus, o que estrategicamente o estado

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):77-91, out./dez. 2010 85


José Nascimento Junior

americano construiu ali para dizer da sua história no sentido amplo da


ciência a história mais, digamos no sentido hard, mais no campo da este-
reografia e das artes, nós não temos isso na nossa capital mesmo ela com-
pletando 50 anos a poucos dias atrás. Então, foi um projeto importante,
um projeto cultural da bossa nova, um projeto arquitetônico importante,
que eu diria até um momento de institucionalização do modernismo, ele
sai de um movimento para uma institucionalização, digamos mais forte,
do ponto de vista da relação dele com o estado. Ele tinha uma relação lá
no getulismo, mas eu diria que a expressão mais acabada de um ciclo
modernista está na construção de Brasília e na própria expressão da capi-
tal para o interior do país. Também é um movimento cultural a transferên-
cia da capital para o interior, mas isso não se refletiu, como eu disse ainda
não saímos do Tratado de Tordesilhas do ponto de vista da concentração
cultural do nosso país. Um quinto ciclo, eu diria que foi a ditadura militar,
acho que a ditadura militar tinha um projeto cultural dentro do seu proje-
to político, e fez com que isso se movimentasse nessa direção. Temos
inclusive alguns intelectuais, como o próprio Aloysio Magalhães e outros
intelectuais que colaboraram dentro deste projeto cultural da ditadura mi-
litar, mesmo envolvendo as suas contradições dentro deste projeto. Um
sexto ciclo é o do presidente Fernando Henrique Cardoso. Nós tínhamos
um lema no Ministério da Cultura que era... Cultura é um bom negócio...
a consolidação da própria Lei Rouanet, e todo um conjunto de ações que
levaram a construção de um olhar sobre a cultura naquele momento his-
tórico internacional e que se refletiu aqui também dentro do campo neoli-
beral que colocava a cultura com o estado como apenas fomentador de
ações culturais e não como um gestor destas ações. E agora, diria que
vivemos um sétimo ciclo, que diria ser um ciclo de construção de políti-
cas públicas de caráter democrático olhando o Estado como tendo um
papel na gestão das ações culturais não intervencionista, não dirigista,
mas com um papel na garantia dos direitos culturais da população. Sem-
pre costumo dizer que as estruturas de governo, elas se justificam desde
que garantam direitos. O Ministério da Saúde existe para garantir o direi-
to de saúde à população, o Ministério da Educação existe para garantir o
direito à educação, o Ministério da Cultura, ele só se justifica se ele garan-

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Política Nacional de Museus

tir o direito à cultura, porque senão ele não precisa existir do ponto de
vista da estrutura de Estado. Então, a importância atual é exatamente de
ter uma política capilar, uma política que abranja o país como um todo e
que a gente possa enxergar, nós como população, o Ministério da Cultura
como um espaço de garantia do direito à cultura, que são direitos huma-
nos de 4ª a 5ª geração. A cultura hoje é considerada um direito humano de
4ª ou 5ª geração e é importante a gente ter isso como referência para en-
tender a política de museus também dentro destes ciclos de construção.
Certamente se a gente for olhar por dentro destes ciclos que acabei de
citar, nós vamos ver todas as ações museológicas que tiveram aí, o Museu
Real lá atrás, os museus do período getulista, as ações museológicas as
mais diversas nestes períodos todos e agora temos a grata situação, diga-
mos assim, de gerenciar uma política lançada em 2003, foi a primeira
política setorial lançada pelo Ministério da Cultura. O ministro Gilberto
Gil assumiu em 2003 e em maio nós estávamos aqui no Museu Histórico
Nacional, no dia 16 de maio de 2003, vai fazer outra efeméride daqui al-
guns dias, lançando a Política Nacional de Museus. Várias pessoas que
estão aqui nesta plateia estiveram presentes e começamos então a estrutu-
rar um conjunto de ações ligadas ao setor que deu como resultado exata-
mente a criação do IBRAM. Normalmente, o estado, às vezes a estrutura
de gestão, eu sou novo, mas diria experimentado na gestão pública para
não usar outra temporalidade, normalmente as gestões pensam primeiro a
estrutura e depois as políticas, vamos ver que políticas estas estruturas
vão gerenciar. Nós fizemos exatamente o inverso, nós fortalecemos uma
política, construímos uma política que tem ações mais amplas possíveis,
umas mais aprofundadas e outras menos, reconhecemos isso, mas a abran-
gência e a carência que existia eram grandes. Nós tivemos que fomentar
muitas coisas, o caso da capacitação é algo importante de citar, nós capa-
citamos nas nossas ações de oficina mais de 25 mil pessoas durante esses
anos todos, encontramos três cursos de museologia no país em 2003, era
o curso aqui da UNIRIO, o da UFBA, na Bahia e o da CEBAV, que veio
logo depois. Eram três cursos no país e hoje temos 13 cursos de museolo-
gia no país, aproveitando a ação do Ministério de Educação e a ação da
nossa ação de capacitação, mostrando para os gestores o quanto era im-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):77-91, out./dez. 2010 87


José Nascimento Junior

portante ter profissionais capacitados na área de Museologia em todas as


regiões do país. Hoje nós temos cursos de Museologia de norte a sul do
país, o que para o conjunto de museus é importante. Não achamos que os
museus são só o campo dos museólogos, mas não há como pensar os mu-
seus sem os museólogos, como não há como pensar hospitais sem médi-
cos. A gente pensa, no hospital tem profissionais de várias áreas, mas um
médico ninguém prescinde dele. Nós também achamos que é importante
ter um profissional museólogo e estimulamos isso de uma maneira geral.
Também fizemos uma ação, porque não há política pública sem dinheiro
e sem priorização financeira, nós saímos de um patamar de 20 milhões de
financiamento/ano do orçamento do próprio Ministério da Cultura para
um patamar de 119 milhões/ano, um aumento de mais de 500% no orça-
mento do Ministério somados todos os mecanismos de financiamento
para a área de museus. É muito? Não. O aumento é substancial, mas o
valor relativo à tarefa é muito pouco, se fizer uma relação inclusive em
relação aos museus vinculados ao IBRAM, o Ministério da Cultura dá
condições importantes para o seu funcionamento: o caso do concurso que
acabou de ser realizado e que nós vamos nomear já um conjunto de pro-
fissionais a partir de junho, ingressarão nos nossos museus. Nós temos
um conjunto de funcionários importantes nos nossos museus, mas já,
como a Sara que estava aqui não sei se já foi embora, já no período de se
aposentarem. É o caso do Museu Imperial, que eu gosto de citar, ainda
hoje de manhã citei lá no Ministério Público, daqui a dois anos, 85% do
quadro do museu tem condição de se aposentar. Então, se a gente não
renovar este é só um exemplo, aqui está a Vera Alencar, a Mônica, todas
podem dizer as condições do museu em relação aos seus funcionários –
logo estes quadros, os museus vão fechar. E se o estado brasileiro decidiu
ter instituições culturais, ele tem que se relacionar com elas de uma ma-
neira que elas funcionem. Dessa forma estamos dando condições para
que elas possam servir, do ponto de vista de seu funcionamento, do ponto
de vista de sua estruturação de pessoal e ter um tempo de relação entre os
mais experientes, digamos assim, e os mais novos para haver uma troca
de experiências para que eles possam seguir adiante com as tarefas do
museu, o que é importante. Também uma ação importante, é a ação legis-

88 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):77-91, out./dez. 2010


Política Nacional de Museus

lativa, vamos assim dizer, ou de regulação ou institucionalização na área


de museus. A aprovação do estatuto de museus é paradigmática. Ele foi
inclusive sancionado um dia depois do IBRAM. São leis quase que geme-
lares, o IBRAM e o estatuto são números, 19.904 e 19.906, são quase
gemelares as duas leis, aprovadas na mesma noite, no mesmo dia 18 de
dezembro de 2008, o dia em que se comemora o Dia do Museólogo, o dia
em que foram aprovadas essas duas leis. São leis importantes que têm
dado uma referência para todos os museus, os grandes já tinham essas
referências só necessitando de uma força de lei, mas para os pequenos dos
pequenos municípios, tem sido utilizado um instrumento extremamente
importante de organização interna dos museus e de solicitação para os
gestores de situações e estruturação desses museus. Então, é uma lei re-
gulatória que hoje é uma referência não só para nós como para fora do
país, uma lei de referência para nossa área, o que tem sido bem utilizado.
E temos uma série de ações que poderíamos citar do ponto de vista do
fomento, desde editais e fomento como mais museus para municípios
com menos de 50 mil habitantes que não têm museus, editais de moder-
nização, para qualificação dos museus já existentes, potenciais de ação
que nós temos internacionais, como é o IBER Museus, um programa pro-
posto pelo Brasil, coordenado pelo Brasil, presidido pelo Brasil, um fun-
do hoje de 2 milhões de dólares que coordena uma ação museológica em
toda a Ibero América, ou seja presidido por nós, referenciado no nosso
trabalho, que é o trabalho hoje, visto pelos países de toda a Ibero América,
inclusive os Estados Unidos, como um trabalho de referência na área de
políticas públicas. Hoje a nossa museologia, a nossa ação nos museus não
deixa nada a desejar aos demais países no ponto de vista das políticas
públicas. Agora, os museus são também a expressão da nossa sociedade.
Há museus de primeiro mundo, digamos assim, e museus com dificulda-
des como há na nossa sociedade áreas, regiões com dificuldades e áreas
de bonanza, de extrema qualidade social. Então, os museus expressam o
que é o país, instituições que expressam exatamente o retrato do que é o
país. Nós temos buscado minimizar isso, minimizar essas ações, mas de
qualquer forma nós somos uma referência importante nessa área, a ponto
de nós recebermos e vamos receber aqui na cidade do Rio de Janeiro, em

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):77-91, out./dez. 2010 89


José Nascimento Junior

2013, a Conferência Geral do ICOM, que foi uma disputa importante,


uma disputa como receber uma Olimpíada, uma Copa do Mundo, vem
uma comissão do ICOM Internacional, da UNESCO, etc., avalia a pro-
posta brasileira. Depois há um julgamento disso, uma votação pelo pleno
dos países e nós disputamos com Milão e Moscou, disputamos em pé de
igualdade com esses países, mas em cima de uma proposta exatamente de
que hoje há uma política pública, de que hoje há museus de qualidade, e
mais, que hoje há uma museologia renovada, saindo da dicotomia da nova
ou velha museologia, mas uma museologia crítica, uma museologia reno-
vada, uma museologia que busca a reflexão sobre a sua ação. Então, sobre
esses aspectos é que nós ganhamos a conferência do ICOM 2003 e vamos
receber aqui 3 mil a 5 mil pessoas do mundo inteiro com o interesse exa-
tamente em conhecer a reflexão nossa, nesse campo e dialogar com nos-
sos parceiros.

Então, para encerrar, já ultrapassei razoavelmente estipulado pela


mesa, para encerrar dizendo que nós construímos, vamos dizer assim,
esta política dentro destes ditames, dentro desta lógica de construir ins-
trumentos de gestão, instrumentos de fomento e instrumentos de demo-
cratização da ação dos museus. Tem pilares importantes e nós certamente
deixaremos ao final deste ano, quando se encerra este ciclo de governo
do presidente Lula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma políti-
ca estruturada, um Instituto estruturado, não fragilizado, que poderíamos
deixar fragilizado, mas não, estamos aí com concursos, com ampliação
de orçamento, com a perspectiva da criação de um Fundo específico com
o novo Pró-Cultura, com instrumentos importantes de gestão da política
pública. E com isso poderemos avançar cada vez mais e quem vier geren-
ciar essa política a partir de 2011, possa também construir a partir desses
patamares, novas ações, renovações, novos olhares sobre isso. Isso me
deixa tranquilo, confortável, de que nós vamos entregar para o setor, para
o país e para a sociedade brasileira, uma estrutura que nós não encontra-
mos. Quisera eu poder ter estado aqui já com o Instituto como é o próprio
IPHAN com 74 anos de existência. Nós encontramos a área de museus,
carente de uma série de ações e se para um lado isso é ruim, para outro é
muito positivo, pois possibilitou nós construirmos todas essas ações sem

90 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):77-91, out./dez. 2010


Política Nacional de Museus

vícios ou com a cara do setor, dentro de uma perspectiva do setor, con-


temporânea, e uma perspectiva de futuro importante.

Então, é nessa direção que nós estamos trabalhando no Instituto de


museus, é nessa direção que nossos diretores estão trabalhando as suas
instituições, e é nessa direção que o setor tem trabalhado muito próximo
da gente no Conselho do Patrimônio Museológico, no Comitê Gestor do
Sistema Brasileiro de Museus, no sentido de construir as políticas e ga-
rantir essas políticas para além dos governos. Que ela seja uma política de
Estado, e não uma política de Governo. Isso é fundamental, a marca não
é uma marca de um governo e sim, uma política de conservação e preser-
vação de um patrimônio, como é o Patrimônio Museológico Brasileiro, é
uma política que tem que ser uma política de estado. Nós só estamos es-
tabelecendo aqui referências patamares, estruturas para que ela cada vez
mais possa se fortalecer e que a gente possa à luz de outros países que já
têm seus Institutos de museus, suas áreas estabelecidas construir de fato
esta política daqui para o futuro.

Então, queria agradecer novamente esta oportunidade de estar aqui


no IHGB, dizer que sendo convidado, eu voltarei aqui quantas vezes o
presidente achar que devemos estar aqui presente e que a nossa colabo-
ração aqui no IHGB, digo que desde nosso encontro no Museu Imperial,
nos colocamos à disposição para colaborar com o IHGB para ter o museu
daqui, novamente a pleno, no sentido de ser o mais antigo museu em ati-
vidade no país. Hoje, ainda recebi um e-mail do Raul [inaudível] dizendo
que o museu mais antigo do [que]IHGB é o de Pernambuco e aí começa
uma boa disputa. Eu sempre gosto destas disputas, pois todo mundo vai
crescendo à luz disso e vai se construindo à luz dessas ações. Mas do
ponto de vista do IBRAM nós estamos abertos a colaborar com o IHGB
em relação a seu próprio museu, com todo carinho e satisfação, dentro
dos limites que o IHGB nos colocar para a colaboração aqui dentro desta
instituição.

Muito obrigado pela audiência de vocês, por terem aguentado me


escutar este tempo todo.

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A questão da revisão histórica: o caso Juscelino Kubitschek

Cinquentenário da Fundação de Brasília

A questão da revisão histórica:


o caso Juscelino Kubitschek1
Cláudio Bojunga2

Escrevendo sobre a história recente, Eric Hobsbawn observou que


a interpretação do passado, ainda que devidamente registrado, muda à
luz de desenvolvimentos imprevisíveis da história subsequente. É uma
confirmação da frase paradoxal de Lucien Febvre de que só existe história
do presente.

O curto século XX – que começa em 1914 e termina em algum ponto


entre a Queda do Muro e a dissolução da União Soviética – ilustra bem
esse fenômeno.

Nos últimos decênios, assistimos à revalorização da democracia po-


lítica como valor universal; a expansão da transnacionalização comercial
e industrial e a cosmopolitização das culturas nacionais.

Essas tendências só poderiam revalorizar a trajetória histórica de


Juscelino Kubitschek, cuja presidência (1956-1960) foi marcada por uma
rara combinação na história brasileira: democracia política, desenvolvi-
mento econômico ímpar, floração cultural inigualável.

Curioso é que a revalorização póstuma foi feita também por seus


antigos detratores e inimigos.

Por ocasião da morte de JK, Carlos Lacerda foi certeiro ao declarar


à revista Veja que “a celebração oficiosa e tendenciosa do 21 de agosto
[a renúncia de Jânio] pelos militares visava provar perversamente que o
regime democrático era inviável em nosso país”. A morte de JK, declarou

1 – Conferência proferida em 25 de agosto de 2010.


2 – Jornalista e escritor.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):93-107, out./dez. 2010 93


Cláudio Bojunga

Lacerda, “lembrava ao Brasil o oposto: Juscelino fora a prova personifi-


cada de que a democracia era viável – e desejável”. Foi sua revisão.

Usei como epígrafe de meu livro (JK, o artista do impossível, editora


Objetiva – 2002) a frase de Jean Cocteau: “Não existem precursores, só
existem retardatários.” Isso explica o inescapável calvário dos visioná-
rios. O tempo os faz realistas: aí ganham os aplausos dos que não soube-
ram apreciá-lo antes.

Em seu tempo, JK foi vilipendiado pela direita e pela esquerda: nin-


guém prezava a democracia política naqueles anos. A direita prestava-lhe
um culto hipócrita, enquanto instigava os militares ao golpe – que veio
em 64, com a criação do “Estado Novo da UDN”. Regime do qual Afonso
Arinos, muito mais tarde, disse que “tinha os defeitos do Estado Novo
sem nenhuma de suas qualidades”. Foi a revisão do senador e ex-ministro
de Humberto Castelo Branco.

A tradição getulista era o castilhismo autoritário (a “ditadura repu-


blicana” dos positivistas). Getúlio Vargas chegou a dizer, nos anos trinta,
que as Constituições eram como as virgens – feitas para serem violadas. A
revisão democrática do segundo Getúlio (1950-54) não acabou bem.

Os caciques do PSD desconfiavam do Plano de Metas – um programa


de rápida industrialização destruiria as bases rurais do partido, relegando-
os ao sótão da história. Intuição correta.

A esquerda era hostil à abertura ao capital estrangeiro e não levava


a sério o que depreciava como “democracia burguesa”. Os mais ortodo-
xos continuavam fiéis à ditadura do proletariado de corte stalinista. Foi
preciso esperar os anos oitenta, quando os operários de Danzig exigiram
nos estaleiros participação política para que os comunistas deixassem de
considerar o estado de direito um luxo e atribuíssem à democracia o esta-
tuto de “valor universal”.

Os economistas e financistas ortodoxos, como Eugenio Gudin, clas-


sificavam de irresponsável a industrialização em marcha forçada e a cons-

94 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):93-107, out./dez. 2010


A questão da revisão histórica: o caso Juscelino Kubitschek

trução de Brasília. A banda de música da UDN lançou sobre os ombros


de JK a responsabilidade histórica pela praga inflacionária, que assolou o
país até o Plano Real.

Ora, todo economista sério sabe que os 30% anuais do último ano
da construção de Brasília nada têm a ver com a hiperinflação de 25% ao
mês dos anos 80. Mas o mito escolar persiste, apesar de J.K. Galbraith ter
considerado correta a opção de JK em recusar os critérios rígidos do FMI
– com quem o então presidente rompeu. Atitude aplaudida na época por
Prestes e que seria, hoje, recomendada pelo Prêmio Nobel de Economia
Joseph Stieglitz.

Mais ainda: o renomado historiador de Harvard e conselheiro do


presidente Kennedy, Arthur Schlesinger (1917-2007), fez uma divertida
revisão da hipócrita ortodoxia monetarista da época:

“A intransigência de Washington na pureza fiscal”, escreveu ele, “era


uma atitude pouco coerente numa nação [os EUA] que financiara
grande parte do seu desenvolvimento pela inflação; pelo papel-moeda
sem lastro e apólices vendidas no estrangeiro, em seguida declara-
das sem valor. Se os critérios do FMI tivessem prevalecido, nosso
desenvolvimento seria muito lento. Ao pregarmos a ortodoxia fiscal às
nações em desenvolvimento, ficávamos na posição da prostituta que,
tendo-se aposentado com suas economias, passa a acreditar na virtude
pública e pede o fechamento dos bordéis.”

Houve também a acusação de entreguismo. Numa entrevista que


concedeu ao autor, em 1990, Celso Furtado considerou a abertura eco-
nômica de JK de “seletiva e inteligente”. Roberto Campos diz em suas
memórias (Lanterna na Popa, Topbooks 2001) que a vantagem de JK
sobre Getúlio na questão foi substituir a prática do empréstimo (em que
o devedor fica na dependência do credor) pelo investimento externo (em
que o risco é do investidor estrangeiro).

Afinal, a pecha da corrupção: JK foi submetido a investigações


exaustivas (e humilhantes) pelo regime militar (defendido por Sobral
Pinto) e nada se achou que maculasse sua honra. O general Geisel admite

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):93-107, out./dez. 2010 95


Cláudio Bojunga

isso na obra de Elio Gasperi sobre o regime militar. Seu sucessor, João
Baptista Figueiredo, confessou a Said Farah, seu assessor de imprensa,
admirar o espírito empreendedor de JK e acabou aceitando a construção
do memorial JK em Brasília. Em 1993, JK foi eleito patrono dos forman-
dos da Escola Superior de Guerra. Foi a revisão da ESG.

JK assumiu a presidência num país dilacerado pelo suicídio de Var-


gas, com as Forças Armadas divididas. Enfrentou dois levantes militares,
ameaças de golpe, greves estudantis e protestos de agricultores. Respon-
deu com anistia e negociação.

O ex-presidente declarou a Maria Vitória Benevides:


“A glória do meu governo foi manter o regime democrático apesar de
tudo, apesar de todos os esforços para derrubá-lo. Em 40 anos de vida
republicana, fui o único governo civil que começou e terminou no dia
marcado pela Constituição.”

Mas só hoje, quando a democracia política ganhou finalmente a


lealdade de todos tornando-se valor consensual – voltamos a valorizar
devidamente a trajetória democrática de JK. Foram precisos 21 anos de
ditadura para produzir essa revisão.

Só agora, quando os estados da federação promovem leilões frenéti-


cos para ver quem consegue atrair montadoras asiáticas, as pessoas per-
cebem que essas fábricas, demonizadas nos anos 50, criaram empregos
em padrões trabalhistas modernos, transferiram tecnologia, atualizaram
os sindicatos.

Por isso, o embaixador Walter Moreira Salles disse em entrevista ao


autor que JK é “o fundador da São Paulo moderna”. E foi essa São Paulo
que transformou o retirante Luís Inácio Lula da Silva em metalúrgico
e líder sindical moderno – o primeiro operário a ocupar a presidência,
começando e terminando seu mandato no dia previsto pela Constituição.
Lula disse aos jornais, antes de sua eleição, considerar Juscelino o melhor
presidente que o Brasil teve.

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A questão da revisão histórica: o caso Juscelino Kubitschek

Como avaliar o Plano de Metas – esmiuçado no estudo definitivo


de Celso Lafer? Foi um esforço sistemático de planejamento destinado
a transformar o Brasil do café num país industrializado. Lafer destaca
a “imaginação administrativa” de JK – a criação de uma administração
paralela, com grupos executivos e de ação, para contornar os emperra-
mentos e sinecuras do funcionalismo esclerosado.

A inflação se acelerou com a criação da primeira infraestrutura mo-


derna e uma nova capital, mas não se traduziu em redução do salário real.
Em 1959, o salário mínimo atualizado foi de 185,90 dólares. No auge do
período militar (quando Médici dizia que o Brasil ia bem, mas o brasileiro
ia mal) ele não passava de 147,50. Fala-se muito do “milagre econômico”
dos militares. Miserável milagre – que coincidiu com o abastardamento
do Congresso, a mutilação do Supremo, a supressão do habeas corpus, a
castração da cidadania, a arbitrariedade, os desaparecimentos, a censura e
a tortura. O milagre de chumbo.

Já a marca dos dourados anos JK foi um exuberante florescimento


cultural, presente na ficção mágica de Guimarães Rosa; nos versos geo-
métricos de João Cabral; nas epifanias de Clarice Lispector; nos acordes
de João Gilberto e nas duplas prodigiosas que se multiplicaram em todos
os setores: Tom e Vinícius, Pelé e Garrincha, Haroldo e Gullar, Oscar e
Lúcio, Nelson e Glauber.

Há quem negue a relação entre os ares daquele tempo – o que os ale-


mães chamam de “zeitgeist” – e a explosão de criatividade, sob a alega-
ção simplória de que um presidente que amava serestas e prazeres interio-
ranos seria incompatível com bossa nova, concretismo e cinema novo.

Por esse raciocínio alvar, Shakespeare só pode ser um elisabetano


se a célebre rainha adorasse O “Rei Lear”; ou Thomas Hardy ser um vi-
toriano se a rainha Vitoria fosse fã de “Judas Obscuro”. Ingenuidade. A
irradiação do poder sobre a produção artística está na atmosfera que ele
alimenta: confiante, entusiasmada, esperançosa, livre para inventar – na
certeza de que tudo é possível (até mesmo o que se tinha como impos-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):93-107, out./dez. 2010 97


Cláudio Bojunga

sível). A suspeita encorajada de cima de que somos originais, talvez até


mesmo inéditos.

JK sempre estimulou esse clima e incentivou a imaginação. Moder-


nização, para ele, não podia ser apenas material. O provinciano de Dia-
mantina sempre acalentou o sonho da atualização. Tanto na “semaninha
de arte moderna”, que o então prefeito de BH promoveu, em 1942, em
pleno Estado Novo (quando Oswald de Andrade armou para valer) quan-
to na criação da transgressora Pampulha que construiu com Oscar e Por-
tinari, dois comunistas.

Juscelino sempre se cercou de escritores e artistas: Murilo Rubião,


Portinari, Autran Dourado, Augusto Frederico Schmidt. Deu uma escola
de arte a Guignard, uma cidade a Lúcio Costa e Niemeyer, convidou Tom
e Vinícius para compor a Sinfonia de Brasília, ajudou o cinema através de
Paschoal Carlos Magno.

Guimarães Rosa o chamou de “o poeta da obra pública”. José Lins


do Rego aplaudiu a Pampulha. Glauber Rocha, em entrevista ao Cahiers
de Cinema, disse: “Somos todos filhos de Brasília.” Cacá Diegues confes-
sou ter saudade do “tempo em que o Brasil estava à nossa frente” – e que
“JK substituiu o vício da dor pela pedagogia do prazer.” Bela frase.

Nelson Rodrigues, como sempre, matou o assunto: “Amigos o que


importa é o que Juscelino fez do homem brasileiro. Deu-lhe uma nova e
violenta dimensão interior. Sacudiu dentro de nós insuspeitadas possibili-
dades. A partir de Juscelino, surge um novo brasileiro.” Foi essa “nova e
violenta dimensão” sua contribuição à cultura.

Segundo o historiador José Murilo Carvalho, “restauramos a demo-


cracia que ele sustentou, mas não recuperamos a alegria e o otimismo
daqueles anos. Perdemos a inocência e olhamos com apreensão o futuro,
sem qualquer segurança quanto a nossa capacidade de vencer os obstácu-
los que nos separam da utopia da modernidade.”

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A questão da revisão histórica: o caso Juscelino Kubitschek

A memória de Juscelino, de repente, resgata a presença do sonho;


o zelo pelo Império da Lei; a repulsa ao autoritarismo, a recusa da arro-
gância, o culto da jovialidade e da alegria de viver. Deu certo antes. Por
isso sua memória é reavaliada e revalorizada. Não é nostalgia, saudade
do passado, apenas desejo de retomar o futuro. Saudades do futuro. Como
escreveu Oscar Wilde, “progresso é realização de utopias”.

Brasília Revisitada
Brasília no seu cinquentenário é objeto de revisões e reavaliações.
Esbarra na mesma relutância, nas mesmas resistências que rondam a ima-
gem histórica de seu criador: ser afinal identificada – não como a “ilha da
fantasia” dos colunistas – mas como sinalização da ascensão desse Brasil
continental do terceiro milênio que está surgindo sob nossos olhos.

Em depoimento a Aspásia Camargo, do Cepedoc, o marechal Cor-


deiro de Farias, prócer do Regime Militar de 64, afirmou a propósito de
JK e de Brasília: “Foi um grande homem, sem dúvida.” E sobre a nova
capital: “Que maluquice maravilhosa! A unidade do Brasil nasceu ali.
Hoje dou a mão à palmatória.”

Pouco antes de nos deixar, o senador Afonso Arinos escreveu:


“Vi Brasília e não acreditava que fosse dar certo. Hoje, sinto o signifi-
cado dessa coisa que, acredito, nem o próprio Juscelino sentia. Brasí-
lia é impressionante e está operando no Brasil uma verdadeira muta-
ção... Se tivesse que voltar a escrever história, ia escrever a história do
futuro (...) de Mato Grosso do Sul, de Rondônia, daquelas migrações
enormes que vão para o Norte, enfim, de uma espécie de crescimento
e de transformação interna (...) O Brasil está se tornando um Império,
não no sentido de um Império colonial, mas uma nação-império. E
este império nasce em Brasília. A cidade, por enquanto, ainda é uma
espécie de estação orbital: chegam todos os dias os foguetes de terno
e gravata, mas isso vai se transformar.”

Os aproveitadores são justamente esses foguetes de terno e gravata


provenientes de diferentes estados. Dos quase 600 congressistas apenas
uns dez deles são naturais do Distrito Federal. São eles que contaminam

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Cláudio Bojunga

a utopia com a rapacidade, o fisiologismo, a política do favor e a ausência


de espírito republicano. Seria mais apropriado inverter a acusação: o ve-
lho Brasil, sim, estragou Brasília, não o contrário.

Bem, nos primeiros tempos, martelava-se o desconforto de trocar o


civilizado Rio pela desolação empoeirada. Uma piada da época dizia que
aquelas duas moças do Bruno Giorgi que arrancam os cabelos eram as
duas filhas de Juscelino, desesperadas com a mudança.

Semelhante ao desespero da senhora Abigail Adams, a primeira pri-


meira-dama a morar na Casa Branca, em 1800, na precária nova capital
americana. Pior foi no dia da posse de Andrew Jackson, em 1829, quando
caçadores de índios bêbados de uísque de milho quebraram a Casa Bran-
ca, obrigando o novo presidente a dormir num hotel.

Isso não aconteceu em Brasília. A desgraça nela foi de ordem polí-


tica: três anos precariamente democráticos marcados por uma renúncia
presidencial e um levante militar resolvido por um improvisado parla-
mentarismo. Em seguida, a capital recém-nascida é entregue durante vin-
te anos a uma ditadura militar.

A esperança de inaugurar a modernidade, ser a capital da esperança


(na fórmula de André Malraux), feneceu nas mãos da sociedade velha
minada pelo autoritarismo, na especulação imobiliária, na tradição hie-
rárquica e elitista da nossa história.

Os autoritários se aproveitaram do cenário ainda lunar, sem esquinas


ou pedestres. Conta-se que o Marechal Castelo Branco teria dito: “Vou
transformar um erro tático num acerto estratégico.”

O urbanista Harry J. Colle, que trabalhou com Oscar, anotou com


melancolia a degradação: “Sem humor, sem grupos de pressão, sem con-
senso, Brasília desenvolveu uma dependência rígida em relação ao Esta-
do, símbolo onipresente de toda e qualquer iniciativa.”

Um jovem poeta da capital lamentou assim a artificialidade e o ex-


cesso de vazios daqueles anos:

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A questão da revisão histórica: o caso Juscelino Kubitschek

“Moro numa cidade onde as ruas são eixos, as pessoas são cargos, os
lugares são satélites, as praças são do Poder, os carros são todos pre-
tos, o pingente anda de grande circular e as pessoas ainda cismam em
me dizer que isso é o sonho de Dom Bosco.”

No velho Brasil julgamos os 50 anos de Brasília do alto dos mais de


500 anos de nossa história – a julgamos com severidade e a contempla-
mos com desdém, sabendo que estamos praticando anacronismos, como
o críitico pós-moderno James Holston (The Modernist City, an anthropo-
logical critique of Brasilia. University of Chicago Press, 1989).

O pós-modernismo concentra seus ataques ao DNA de Brasília. Ver-


beram o desejo onipotente dos modernistas de remover tudo o que havia
surgido antes; a ilusão deles de reformar as pessoas por intermédio do
planejamento urbano e da arquitetura funcional ou voluntariosa; sobretu-
do o fato de Brasília traduzir a obsessão de Le Corbusier com a higiene
social – com seus blocos de prédios envidraçados separados por manchas
verdes ligadas por autoestradas.

A precedência atribuída ao automóvel teria provocado a descentra-


lização e abolido a rua humanizada. Todos teriam um carro. O brasiliense
se tornaria um ser de cabeça, tronco e rodas.

Num modelo urbano desses não haveria lugar onde fosse possível
esbarrar nos outros, passear o cachorro, jogar conversa fora, ter encontros
inesperados – seu espaço servia apenas para se contemplar prédios dis-
tantes como esculturas.

Holston sentencia: a cidade que fora concebida como símbolo de


uma nova era, como um projeto voluntarista de intenções igualitárias,
uma configuração urbana como instrumento de mudança social, passou a
encarnar a crise da utopia e do salvacionismo modernista.

Sob a retórica nacionalista do projeto da nova capital, diz ele, sob as


referências simbolistas que a filiavam a experiências históricas (como as
cidades antigas), seu figurino reproduzia os Manifestos dos Congressos

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Cláudio Bojunga

Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM) que, entre 1928 e 1960,


havia sido o grande fórum internacional de arquitetura contemporânea.

Brasília ilustrava os objetivos do mais importante deles – o da Carta


de Atenas, de 1941, em que o planejamento apontava para novas formas
de associação coletiva e novos hábitos pessoais da vida cotidiana.

O “preço pago” teria sido a “descontextualização”, única forma de


satisfazer, em termos europeus, os sindicalistas catalães, os coletivistas
russos e os fascistas italianos. Essa mesma operação teria facilitado “a
aceitação de sua proposta urbanística no Brasil por grupos discordantes
de filiação política”.

Gilberto Freyre reagiu contra isso em “Brasis, Brasil, Brasília”


(1968). Embora favorável em tese à nova capital, criticou a decisão de
considerá-la como um puro problema de arquitetura e urbanismo resul-
tando num conjunto cenográfico sem raízes históricas – voltado para o
futuro, sim, mas desprezando experiências especificamente brasileiras.
Repudiando, por exemplo, tudo o que fosse rural como um arcaísmo a
ser descartado. Freyre lamentou a ausência de antropólogos e ecologistas
no projeto da nova capital, gente capaz de levar em conta não apenas o
sonho, mas também os homens e o passado.

As críticas de Holston são mais datadas: do imediato pós-guerra fria


quando o mundo viveu o desencanto das utopias milenaristas em que ha-
via o pressuposto de que a sociedade moderna seria predeterminada pelo
modelo de gestão adotado e pela planificação. O Estado seria o grande
agente da engenharia social responsável pelo homem novo. Pouca gente
ainda acredita nisso hoje.

É exagero creditar a exclusão social brasileira ao urbanismo de Bra-


sília quando se sabe que a Barra da Tijuca (com um plano urbanístico do
mesmo Lúcio Costa) – também marcada por carros onipresentes, pela
cultura dos shoppings e os condomínios fechados – é adorada por seus
moradores. Afinal, eles não suprimiram a democracia do túnel Barra-

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A questão da revisão histórica: o caso Juscelino Kubitschek

Lagoa para lá. Além disso, muito antes de Brasília, Los Angeles havia
“matado” as ruas e esquinas. É impossível flanar em Los Angeles sem
rodas.

O arquiteto Ítalo Campofiorito, que trabalhou com Niemeyer na


construção de Brasília, defende que a utopia se sobrepôs aos projetos de
desenvolvimento e modernização econômica, não nos países europeus
onde foi gerada, mas na Rússia subdesenvolvida e no Terceiro Mundo,
onde nasceu a primeira cidade modernista:
“Nem os sonhos de Marx, nem os de Le Corbusier se realizaram no
mundo avançado. Tudo se passou como se lá, onde a ciência, a tec-
nologia e o desenvolvimento eram puro sonho, nada parecesse mais
possível, nada fosse mais natural, do que a utopia.”

Os vícios de origem históricos trazidos do litoral não desaparecem


da noite para o dia. O comentário sobre a favelização é de Carlos Cas-
tello, o grande cronista político brasileiro, por ocasião do trigésimo ani-
versário da capital:
“Execrada por muitas pessoas, sobretudo no Rio de Janeiro, mas ama-
da por mais de 70% dos que nela vivem e se declaram satisfeitas com
sua residência na terra, Brasília completou seus 30 anos oficiais como
cidade e capital do país. Como disse Oscar Niemeyer, seu arquiteto,
‘a cidade está pronta, florida, cheia de vegetação’, e quem vive nela
se habituou e acredita que ela ‘é monumental, humana e acolhedora’.
É uma visão distinta dos que apontam a decadência da capital eviden-
ciada pelas populações carentes que enchem suas incessantes favelas.
Nisso Brasília vai apenas acompanhando o modelo da miséria brasi-
leira, com suas grandes cidades invadidas por migrantes cuja pobreza
impede que se esqueça que a maior parte do país vive miseravelmente.
Nisso Brasília não se distingue, vai ficando igual às outras cidades, ao
Rio, a São Paulo, ao Recife, o que a identifica também ao velho Brasil
e impede a prevalência do novo que ela tentou representar.”

Um argumento frágil insiste em reduzir Brasília a um desejo de fuga


de JK dos ataques de uma imprensa hostil e das manifestações de rua.
Subjacente a essa alegação está a ideia de que tudo teria sido uma impro-
visação – e não fruto do amadurecimento, com teimava Juscelino.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):93-107, out./dez. 2010 103


Cláudio Bojunga

É sabido que a transferência da capital para o interior do país foi so-


nhada pelos Inconfidentes, por Hipólito José da Costa e pela Confedera-
ção do Equador, depois de haver sido cogitada pelo Marquês de Pombal.
Foi também desejo do Patriarca José Bonifácio e de Varnhagen, no Impé-
rio, quando o historiador fez uma penosa viagem de cavalo a Goiás. Os
republicanos de 89 retomaram o mito da capital interiorana para escapar
da turbulência e da irreverência do Rio de Janeiro.

A transferência foi projeto da Carta Republicana de 1891 seguida


no ano seguinte pela demarcação do território da futura capital pela co-
missão do engenheiro e astrônomo Luiz Cruls. Houve campanhas mu-
dancistas em Luiziânia; a mudança foi tema das Constituintes de 1934
e 1946, ano em que foi constituída a Comissão da Localização da Nova
Capital liderada pelo general Poli Coelho, que confirmou as escolhas da
Comissão Cruls.

Em 1953, Getúlio Vargas criou uma nova comissão, chefiada pelo


general Caiado de Castro, sucedido um ano após a morte de Vargas pelo
general José Pessoa, que fixou o sítio definitivo.

No caso de JK, suas motivações profundas estavam enraizadas na


construção de Belo Horizonte, projetada por Aarão Reis apenas cinco
anos antes de seu nascimento [1902]. Ela viera reunir e resgatar as mui-
tas minas dispersas e decadentes, na trilha dos projetos reformadores das
grandes capitais europeias: cidades em que o espaço urbano fora remo-
delado na busca da modernidade industrial e da disciplina social, como a
Paris de Haussman, a Viena de Sitte e Wagner e a Amsterdã de Berlage.
O mesmo ímpeto inspirou as reformas de Lauro Müller/ Pereira Passos
no Rio.

Helena Bomeny mostrou em “Guardiães da Razão: modernistas mi-


neiros” (1994) que a estrada que ligaria Belo Horizonte a Brasília deveria
unir dois tempos modernistas e uma origem comum. Belo Horizonte ar-
bitrara e conciliara no plano estadual as diferenças regionais, refazendo
a rede viária até então toda voltada para o mar. Brasília desempenharia o

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A questão da revisão histórica: o caso Juscelino Kubitschek

mesmo papel em nível nacional, encarnando a utopia da sociedade nova


a partir das origens do planejamento arquitetônico da modernidade. Sua
arquitetura seria um eco da Pampulha em nível nacional.

Mas foi o povo quem fez Brasília. A saga dos candangos se asseme-
lhou mais à dos construtores anônimos das catedrais medievais do que à
dos escravos egípcios forçados a erguer pirâmides. Testemunhos histó-
ricos – em contraste com o ceticismo das classes médias do litoral e de
certos jornais da época – confirmam que os candangos foram entusiastas
do sonho de erguer orgulhosamente com suas mãos uma capital no vazio
do Planalto Central.

Foram eles os principais traídos pelos que se dedicam à política para


enriquecer, abastardando uma aventura heroica em um festim de preda-
dores. Os que tudo fizeram para transformar a cidade do amanhã na fic-
çãocientífica de ontem.

JK morreu há 35 anos. É o suficiente para se ter uma perspectiva


histórica sobre o estadista. Cinquenta anos para uma cidade é pouco. Os
vinte anos vividos em regime democrático ainda não foram suficientes
para que a capital se contextualizasse. Mas a interiorização, com Brasília
em seu epicentro, produziu efeitos espetaculares em termos de integração
e expansão econômica. Brasília representa a “fronteira” no sentido ame-
ricano da palavra.

O cerrado é o cenário da expansão de grãos. Na safra nacional de


oleosas e leguminosas de 2010 (prevista para cerca de 146 milhões de
toneladas), o Centro-Oeste contribuirá com mais de 50 milhões de tone-
ladas. Os corredores de exportação usam sua malha hídrica: pela hidrovia
Araguaia/Tocantins são escoados 50% de toda produção de soja do Bra-
sil. O rebanho bovino do país é o maior do mundo: mais de 200 milhões
de cabeças foram contabilizadas em 2009. Um rebanho maior do que o
chinês e o indiano.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – a Embrapa – cal-


cula em 340 milhões de toneladas anuais o potencial da produção anual

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Cláudio Bojunga

de grãos do eixo geográfico formado pelo novo oeste do Maranhão, To-


cantins, Pará, Sudeste do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia.

Reservas de gás importantes foram localizadas no Maranhão. Projeto


hidroviário permitirá a navegação fluvial de Goiás a Buenos Aires e deve
se transformar na grande via de transporte do Mercosul. Há projetos de
ligação bioceânica para facilitar o acesso de produtos brasileiros aos mer-
cados asiáticos e de interligação de matrizes energéticas. A rádio Ama-
zonas está instalando mais de 180 estações de radiofonia em quase dois
milhões de km2, beneficiando 70 mil pessoas. O Sistema de Vigilância da
Amazônia (Sivam) instala radares para controlar os voos clandestinos e
supervisionar as fronteiras.

Assim se expande o império interior mencionado por Afonso Arinos.


Sua estação orbital é Brasília. Brasília é incontornável, irreversível. O
tempo, o efeito cumulativo das rotinas democráticas e republicanas, o
aprimoramento da educação pública e da cidadania, enfim, o revigora-
mento da sociedade civil brasileira criará os anticorpos para recuperá-la
das vicissitudes por que passou na primeira infância.

A Ciência Política ensina que um povo educado e civicamente cons-


ciente é fácil de ser governado e impossível de ser tiranizado. Tornar o
brasileiro educado e moralmente responsável pode ser o milagre do Ter-
ceiro Milênio.

Os novos meios de comunicação eletrônicos (a internet, o twitter, os


blogs, as redes sociais) ajudarão na tarefa, suprindo até mesmo a inexis-
tência de grandes manifestações físicas

Em Brasília, a vitória da campanha pela “lei da ficha limpa” resultou


de milhares de assinaturas e protestos virtuais que sacudiram a tradicional
inércia dos congressistas nesse tópico.

Brasília, e não Washington, foi declarada Patrimônio Cultural da Hu-


manidade pela Unesco. O parecer favorável de Léon Pressouyre, profes-
sor de Arqueologia da Universidade de Paris, afastou a objeção de que o

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A questão da revisão histórica: o caso Juscelino Kubitschek

tombamento de uma cidade contemporânea poderia ser confundido com a


consagração prematura de determinado estilo arquitetônico. Explicou que
a questão era outra: proteger uma obra singular, moderna, a única cidade
construída no século XX a partir do nada – ex nihilo – para ser a capital
de um país, constituindo assim magnífico exemplo histórico.

Em uma de suas viagens ao Brasil, o psicanalista britânico W. Bion


disse:
“A construção da nova capital brasileira é o triunfo de uma nova ver-
dade. E esse triunfo sobre seus oponentes ocorreu, não porque Brasília
os convenceu a ver uma luz, mas porque seus adversários vão morren-
do e a nova geração que cresce se familiariza com a nova verdade.”

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Joaquim Nabuco

Centenário de falecimento de Joaquim Nabuco – I

JOAQUIM NABUCO1
Alberto Venancio Filho2

O centenário da morte de Joaquim Nabuco oferece oportunidade


para o estudo de vários ângulos de sua destacada atuação e de sua excep-
cional personalidade. Entre estes ângulos se situa a posição de acadêmi-
co, membro da Academia Brasileira de Letras.

Esta trajetória constitui objeto do presente estudo, com respaldo de


uma documentação nem sempre abundante.

Com a Proclamação da República é cortada a carreira política de


Joaquim Nabuco com o abandono da vida pública. O afastamento é total,
pois logo não atende aos apelos dos conterrâneos para se candidatar ao
Congresso Republicano, nem na adesão ostensiva a movimentos monar-
quistas.

Encontrava-se Joaquim Nabuco recém-casado, residindo em Pa-


quetá no dia 15 de novembro, quando um amigo de barca veio anunciar
a Proclamação da República. “A queda do Império” diria Nabuco em
“Minha Formação”, “pusera fim à minha carreira... A causa monárquica
devia ser o meu último contato com a política...”.

E escreveria:
“Em 1889 a 1890 estou todo sob a impressão do 15 de novembro
seguindo-se ao 13 de maio. Em 1891 minha maior impressão é a mor-
te do Imperador. De 1892 a 1893 há um intervalo: a religião afasta
tudo mais, é o período da volta misteriosa, indefinível da fé, para mim
uma verdadeira pomba do dilúvio universal, trazendo o rumo da vida
renascente. De 1893 a 1895 sofro o abalo da Revolta, da morte de Sal-

1 – Conferência proferida na sessão conjunta do IHGB/ABL em 22 de setembro de


2010.
2 – Sócio titular do IHGB e Membro da ABL.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):109-185, out./dez. 2010 109


Alberto Venancio Filho

danha de que saíram meus dois livros “Balmaceda” e a “Intervenção”.


Desde 1893, porém, o assunto que devia ser a grande devoção literária
da minha vida, a Vida de meu pai, tinha-se já se apossado de mim e
devia seguidamente durante seis anos ocupar-me até absorver-me.”

E diria posteriormente:

“Eu já começo a ver a sombra do número nove. Já disse que os noves


são novas fases da minha vida. É curioso lembrar 49 o nascimento,
59 o internato (a separação da casa), 69 o Recife, 79 o Parlamento, a
Abolição em 88. O casamento e a queda da monarquia 89, 99, que será
um nove sem mais nada, um zero nove.”

Em fins de 1890 parte para Londres, com o propósito de exercer a


advocacia e fará com o mesmo propósito uma segunda viagem. Mas essa
atividade de advogado lhe está vedada, pois as empresas dependem do
governo, e dele está afastado.

Em Londres publica “Agradecimento aos Pernambucanos” com res-


posta ao apelo para se candidatar ao Congresso e na volta colabora no
Jornal do Brasil recém-fundado por Rodolfo Dantas, seu grande amigo,
mas logo em seguida deixa o periódico. Ao regressar da segunda viagem
a Londres se ocupa de trabalhos literários e uma atividade frustrada, o
exercício da advocacia.

Em sua casa se reúnem monarquistas, e lá é redigido em 1896 o Ma-


nifesto da Nação Brasileira, assinado entre outros por Lafayete, Andrade
Figueira e Assis Figueiredo, mas Nabuco se conserva alheio aos movi-
mentos monarquistas. Ao apelo de Jaceguay pela Adesão à República,
Nabuco responde em contrário com “O Dever dos Monarquistas”.

No refúgio de Paquetá, na mansão da Rua Marquês de Olinda e em


Petrópolis, se dedica a leituras e cogita dos futuros livros em gestação; na
residência da Rua Marquês de Olinda, tendo como vizinhos João Alfredo
e Soares Brandão, egressos da Monarquia, o grupo se reúne à noite para
as conversas chamadas Noites de São Petersburgo, referência ao livro de
Joseph Maistre.

110 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):109-185, out./dez. 2010


Joaquim Nabuco

Em 1893 começou a organizar o arquivo do pai, o Senador Nabuco


de Araújo, a fim de escrever-lhe a biografia; a redação começa em 1894 e
conclui em 1896 e a biografia é publicada em 1897.

No ano de fundação da Revista Brasileira (1895), precursora da Aca-


demia, Joaquim Nabuco estava assim num período de verdadeiro ostra-
cismo, “dez anos de retraimento forçado”.

No ano de fundação da Academia, Joaquim Nabuco era admitido


como sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e se empossa
na sessão de 25 de outubro de 1896.

É curioso o tom saudosista do discurso, ao comentar os três motivos


que fizeram aceitar a admissão. O primeiro motivo foi o pesar que ficara
dos trabalhos de pesquisa, ao escrever a vida do senador Nabuco.

Após compulsar os vários materiais acumulados durante quarenta


anos, diria:
“a abundância de documentos a respeito dele, não me fez senão ainda
mais lastimar a perda dos arquivos de tantos homens nossos, arquivos
que desapareceram de todo. Onde estão os papéis dos Andradas, de
Feijó, de Olinda, de Vasconcelos, de Paraná e tantos outros, de quase
todos os vultos de nossa história parlamentar? Ainda um filho, em que
exista a preocupação do nome paterno, poderá por exceção, conservar
os trabalhos e os documentos que ilustra aquele nome; na segunda
geração, porém, espalham-se, perdem-se, vendidos em algum leilão
obscuro, queimados ou varridos como inúteis.”

Sugeriu que se

“criassem lugares de conservadores da História Nacional, e que ho-


mens como o Sr. Capistrano de Abreu, por exemplo, e outros que
pertencem ao vosso quadro, tivessem a missão de colher os espólios
políticos ou literários de valor para o país e que se achassem o perigo
de ser destruídos. O Instituto me parece o abrigo mais tranquilo e mais
seguro a que se possa confiar tão precioso depósito”.

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Alberto Venancio Filho

O segundo motivo era ainda mais revelador: “um motivo de piedade


nacional”.

“Nossa história está atravessando uma crise que se pode resolver,


quem sabe, por sua mutilação definitiva. Uma escola religiosa (se re-
feria ao positivismo) – se se pode dar com propriedade o nome de
religião a uma crença que suprime Deus –, mais política em todo caso
do que religiosa, pretende reduzir a história nacional a três nomes:
Tiradentes, José Bonifácio e Benjamim Constant” e abstraindo-se de
fazer um Brasil datar suas tradições somente da Independência. “To-
marei porém a trindade em si.”

“Não discuto o papel de Benjamim Constant, a quem aliás, incon-


dicionalmente, pertence o título que lhe deu a Constituição de 24 de
fevereiro de fundador da República. Não hoje, e sim dentro de vinte
ou cinquenta anos, é que se poderá julgar a sua iniciativa, o 15 de
novembro, do ponto de vista da humanidade, que é o da civilização
geral do mundo.”

E acrescenta:

“Reconheço o direito que tem tanto Tiradentes, como José Bonifácio


a mais plena glorificação dos brasileiros; não creio, todavia, que Tira-
dentes resuma em si todo o ingente esforço pela Independência brasi-
leira, a ponto de absorver, para não falar dos outros, a glória dos heróis
pernambucanos de 1817; e não acredito também que o concurso de
José Bonifácio pese mais nas balanças da história do que o de Pedro
I, cuja figura pretendem encobrir a dele, triste e ingrato papel mais de
uma vez ele mesmo repeliu por lealdade patriótica”.

E continua:

“A ideia é que entre Tiradentes e José Bonifácio de um lado e Ben-


jamin Constant do outro, isto é entre a Independência e a República,
estende-se um longo deserto de quase setenta anos, a que posso dar o
nome de deserto do esquecimento.”

Digo somente aquilo que está em vossas consciências, senhores, não é


um deserto esse espaço de mais de meio século.

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Joaquim Nabuco

Tanto o primeiro como o segundo reinado assinalam constante pro-


gresso material, intelectual e moral do nosso país.

Não, senhores, não há de se dizer que foi uma época perdida para o
desenvolvimento nacional essa de dois reinados em que cresceram
as nossas instituições parlamentares, com a força, a estabilidade e a
florescência próprias do crescimento natural”.

E concluiria o tópico: “Não conheço mais belo episódio da instituição


humana, do que esse que se pode escrever com duas datas, 7 de setem-
bro de 1822 e 13 de maio de 1888. Não compreendo maior elogio para
uma dinastia, do que poder afirmar que ela se preocupou mais com a
dignidade dos seus concidadãos do que com a segurança do trono.”

De Dom Pedro II diria:

“Há, porém, uma qualidade que ninguém se atreveu a negar ao Im-


perador: o seu ardente e quase exclusivo amor por este país. O Brasil
teve para ele a força de um verdadeiro ideal de vida, isto é, a fascina-
ção que a ciência tem para o sábio, a bandeira para o soldado, a cruz
para o missionário.”

E ao finalizar:

“Entrando para o vosso número não faço, senhores, senão conformar-


me à vontade que o Imperador, se vivesse, me teria manifestado do
exílio. Foi este o meu terceiro motivo.”

Na sessão de 15 de dezembro de 1898 pronuncia no Instituto elo-


gio dos sócios falecidos Garcez Palha, Couto Magalhães, João Mendes
de Almeida, o Padre Belarmino de Souza, e entre eles Pereira da Silva,
membro fundador da Academia.

Ao analisar-lhe a obra, aponta que:

“essa nova fase da independência foi também a que mais fascinou a


Pereira Silva, que se fez seu historiador e que por isso recebeu do seu
tempo o título de historiador nacional. Com efeito, depois da morte de
Varnhagen é ele quem arrecada essa grande herança jacente.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):109-185, out./dez. 2010 113


Alberto Venancio Filho

Dessa obra pode-se dizer que não há outro igual: quem não quiser
recorrer a ela terá que possuir uma verdadeira biblioteca, porque nin-
guém mais escreveu a narração seguida de acontecimentos desde a
independência até o fim, quase da monarquia. Ele era somente um
vulgarizador, mas um vulgarizador convicto; o que queria era ser lido
pelo maior número; que a massa tivesse a mesma impressão que ele,
as mesmas imagens que recebia ao manusear rapidamente o passa-
do.”

Concluía:

“Sua vida foi assim utilíssima; que a massa tivesse a mesma impressão
que ele; ele distribuiu o pão de história aos milhares; são poucos os
que sabem mais do que ele nos ensinou; ele é o mestre das primeiras
letras da nossa história constitucional. E quando teremos outro? Não
será decerto tão cedo e até lá ele ficará sem competidor.”

Na admissão do Instituto surge a Revista Brasileira da Academia


Brasileira de Letras na nova fase de José Veríssimo, que definia a carac-
terística da Revista naquele momento histórico:

“Este período é em nossa vida nacional de reorganização política e


social. A Revista Brasileira não lhe pode ficar alheia e estranha. As
questões constitucionais, jurídicas, econômicas, políticas e sociais,
que nos ocupam e preocupam a todos, terão um lugar nas suas pági-
nas republicanas, mas profundamente liberal, aceita e admite todas as
controvérsias que não se achem em completo antagonismo com a ins-
piração da sua direção. Em Política, em Filosofia, em Arte não perten-
ce a nenhum partido, a nenhum sistema, a nenhuma escola. Pretende
simplesmente ser uma tribuna onde todos que tenham alguma coisa
que dizer e saibam dizê-lo, possam livremente manifestar-se.”

Nessa nova fase da Revista surge um novo ambiente de convivência


e se forma um grupo de intelectuais e com eles Nabuco passa a conviver
diariamente. O programa: “Em política, em filosofia, em arte, não perten-
cer a nenhum partido, a nenhum sistema e nenhuma escola”, possibilitou
que pessoas de convivências políticas mais diversas puderam conviver na
Revista Brasileira e mais tarde fundar a Academia Brasileira de Letras.

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Joaquim Nabuco

Nabuco pertenceu ao grupo da Revista Brasileira “cujo agasalho


nunca me faltou”, na qual publicou os primeiros capítulos do livro Um
Estadista do Império. Mas para colaborar na Revista, indagava a José
Veríssimo: “Até me alistar na sua Revista precisarei ver primeiro o que o
senhor chama sua inspiração republicana.”

Na Revista iria predominar o puro aspecto literário e o espírito de


tolerância que nela deveria se prolongar na Academia, como expressou
Graça Aranha.
“A Revista Brasileira teve o dom da tolerância e da concórdia. Nas
suas páginas e nas suas salas uma verdadeira confraternidade espiritu-
al entre os homens os mais divergentes floresceu docemente. Era um
encanto encontrarem-se ali monarquistas militantes como o Barão de
Loreto, Taunay, Joaquim Nabuco, Eduardo Prado, republicanos des-
temidos como Lúcio de Mendonça, socialistas como o dono da casa,
anarquistas como o que foi por algum tempo sectário de Kropotkine
e Elysée Réclus. A política não turbava aquele remanso literário. O
que aí interessava era a literatura, e a esta Machado de Assis dava o
mais expressivo cunho. Parece que nunca houve no Brasil até hoje um
salão intelectual como o da Revista Brasileira. Ouvir Taunay contar,
ou melhor, vê-lo ‘representar’ uma anedota pessoal, escutar o sussurro
titubeante de Machado de Assis dissecando voluptuosamente um epi-
sódio da vida, encher-se da sonora harmonia de Nabuco, acompanhar
os paradoxos de Araripe Júnior, assistir às ‘demolições’ de José Verís-
simo, deliciar-se na música secreta e exaltada de Raimundo Correia,
viver enfim naquele ambiente de entusiasmo sentimental e aí fundir
a fé na cultura imorredoura com a esperança na glória, jamais houve
neste país maior gozo espiritual para um jovem brasileiro.”

Os depoimentos a respeito desse momento são unânimes:

“A redação da Revista Brasileira era na Travessa do Ouvidor, centro


de reunião de uma grande e ilustre roda literária. Machado de Assis,
Taunay, Joaquim Nabuco então no Rio, Silva Ramos, Lúcio de Men-
donça, Graça Aranha, José Veríssimo, Inglês de Souza, João Ribei-
ro, Sousa Bandeira lá se encontravam sempre à tarde. Conversava-se
muito e tomava-se chá. Taunay e Nabuco se consolavam das suas de-
cepções políticas, os outros eram quase todos mais moços, cheios de

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Alberto Venancio Filho

aspirações, e Machado de Assis, sempre constante na sua dedicação às


letras, se comprazia de ter encontrado, pela primeira vez na sua vida,
um grupo.”

No comentário de Rodrigo Otávio:

“Todas as tardes, na ampla sala da Revista, à Rua Nova do Ouvidor,


hoje Sachet, se reunia, sob o pretexto de uma generosa xícara de chá,
um seleto grupo de colaboradores dela, do qual faziam assídua parte
Machado, Nabuco e Taunay. Estes dois últimos, homens do Império,
na bancarrota de sua assinalada situação política, dentro da nostalgia
das honras evaporadas, foi para as letras que se haviam voltado; e, no
convívio dos moços escritores do tempo, buscaram um derivativo para
sua decepção. E outros, novos e ardentes, participavam dessa compa-
nhia amável, a que presidia a graça perene de Machado.”

Do grupo da Revista Brasileira, diria Antônio Sales, um dos partici-


pantes que não ingressou na Academia:

“Veríssimo, espírito céptico e mais do que isso libertário, oferecia com


Aranha e Lúcio de Mendonça um contraste vivo com as mentalidades
tradicionalistas e religiosas de Taunay e Nabuco. A palestra ganhava
em interesse quando aparecia Inglês de Souza, profundo e discreto,
analisando questões do dia, ou relembrando com Taunay e Nabuco
figuras e episódios do antigo regime.”

Coelho Neto, quando da doação do Petit Trianon em 1923, escreveu


um artigo

“A Consagração da Academia” e relatou o retrospecto histórico da


instituição. Comparava as instalações precárias da Revista Brasilei-
ra com o brilho dos participantes: “o negrume do recinto contrastava
com o brilho da palestra que ali se tratava. Se as ideias fulgissem e as
imagens relumbrassem, certo não haveria em toda a cidade casa mais
iluminada do que aquela”. E se referiu aos conceitos diamantinos de
Machado de Assis, ao esplendor dos períodos de Nabuco, a cintilação
do espírito de Lúcio e dos paradoxos relampejantes de Paula Ney.

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Joaquim Nabuco

E Rodrigo Otávio apontou a presença dos dois grandes amigos, Na-


buco e Taunay:

“Durante esse período de ostracismo, que durou dez anos, compôs Na-
buco o melhor de sua produção literária. E, como não era então mais
que um homem de letras, ia todas as tardes para a rodinha do salão da
Revista. Também Taunay. Os dois, decaídos de sua brilhante posição
política, curtiam as amarguras de um ostracismo que podia ser defini-
tivo. Desfeito o círculo de seus antigos companheiros, lembraram-se
de que eram escritores e o grupo da Revista, que era o da fina flor de
nossa gente de letras, os acolheu com carinho. Eram dois tempera-
mentos profundamente distintos. Nabuco mostrava certa tristeza na
expressão, certa reserva na sua atitude melancólica, mas não perdeu a
altivez do porte, superior, dominador, e o sorriso, quase permanente,
que lhe aflorava aos lábios.

Taunay, ao contrário, era um desalentado. Toda sua expressão era de


desconsolo manifesto e perene. Sentia-se-lhe a saudade da situação
desfeita e ele mantinha sagrado o culto do Império. É preciso, en-
tretanto, notar que Nabuco era robusto e são; Taunay estava doente.
Ruía-lhe o organismo o mal tremendo da diabetes e ele, conhecedor
do seu estado, amando a vida e tendo elementos para a fazer valer,
tinha nisso um novo motivo de desconsolo. Entre os dois, se Nabuco
era mais eloquente e vivaz na conversa, com sua voz cheia e harmo-
niosa, Taunay era talvez mais interessante, na sua pequena vozinha,
suavíssima, porém, monótona, pela variedade dos temas que versava,
casos de guerra, histórias de viagens pelo interior do país, episódios
governamentais e mesmo anedotas picantes, que Nabuco jamais seria
capaz de contar. E o destino dos dois foi diverso. Nabuco deixou-se
irresistivelmente levar pela tendência democrática de seu espírito e
veio ainda a representar na vida pública do Brasil papel de notável e
benemérito relevo; Taunay, depauperado pela enfermidade, foi defi-
nhando aos poucos.”

Graça Aranha destacava a presença de Nabuco e Taunay no grupo da


Revista Brasileira:

“A Academia, oriunda de um pacto entre espíritos amigos, hauriu nes-


ta inspiração original a força intrínseca de que se mantém, e se vai

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):109-185, out./dez. 2010 117


Alberto Venancio Filho

transmitindo às gerações que se sucedem. Joaquim Nabuco foi para os


seus confrades um desses admiráveis “amigos” da Academia. Todos
se sentiam desvanecidos da convivência desse homem extraordinário,
que terminara as pugnas políticas em uma tão ofuscante auréola que o
isolara das contingências da nova sociedade em formação no país. Em
plena madureza, ainda moço, era venerado como um veterano herói.
Tais eram a marcha acelerada em que ia o Brasil e a distância senhoril
em que ficara Nabuco. Foi ele quem explicou a Academia à Nação
e que lhe traçou o caminho a prosseguir. Na sua vida precária, sem
pouso certo, sem meios, perseguida pela ironia, atacada pelo despeito,
a Academia encontrou a sua resistência moral em Machado de Assis
e Joaquim Nabuco, o par glorioso que ela pusera à sua frente, e cuja
assistência justificaria diante do público a sua aparição no nosso caos
literário.”

Joaquim Nabuco foi assíduo colaborador da Revista e o aparecimen-


to das primeiras páginas do livro Um Estadista do Império, é saudado por
Machado de Assis: “lamenta o crítico sagaz ter-se interrompido a carreira
política de Joaquim Nabuco e por isso não se poder gravar no túmulo do
senador Nabuco palavras semelhantes às que foram escritas na sepultura
de Chatham, “o pai de Mr. Pitt”.

Machado a Azeredo:
“Na sala da Revista, Rua Nova do Ouvidor, 31, costumamos reunir-
nos alguns, entre 4 e 5 da tarde, para uma xícara de chá e conversação:
os mais assíduos são o Graça Aranha, o Nabuco, o Araripe Júnior, o
Taunay, o João Ribeiro, o Antônio Sales, e ultimamente o Tasso Fra-
goso. O José Veríssimo é da casa...”.

O nome de Nabuco constou sempre da lista dos futuros membros


da Academia. Fundador da cadeira número 27 é eleito secretário-geral,
exercendo o cargo até ausentar-se do país em missão no exterior e sendo
substituído transitoriamente. Acompanhou então com interesse as ativi-
dades da Casa, sempre presente quando da eleição do novo confrade.

A diretoria é eleita em 4 de janeiro: presidente Machado de Assis,


secretário-geral Joaquim Nabuco e tesoureiro Inglês de Sousa. Em ou-

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Joaquim Nabuco

tra sessão são eleitos Silva Ramos primeiro-secretário e Rodrigo Otávio


segundo-secretário.

A inauguração da Academia estava prevista para o dia 3 de maio.


Dificuldade de local adiaram a cerimônia para o dia 20 de julho.

A sessão inaugural da Academia realizou-se na sala do Pedagogium,


na Rua do Passeio, nº 82, prédio já demolido. O Pedagogium era um
centro de aperfeiçoamento de professores, dirigido por Manuel Bonfim, e
fora cedido, a pedido de Medeiros e Albuquerque, também acadêmico.

Machado de Assis comenta a sessão inaugural:

“Fez-se ontem a inauguração no Pedagogium e correu bem. Nem


todos os membros aqui residentes compareceram à sessão, e grande
parte, como sabe, reside no estrangeiro. A sessão inaugural constou
de quatro palavras minhas abrindo a sessão, do relatório dos traba-
lhos preliminares redigido pelo Rodrigo Otávio, e de um discurso de
Joaquim Nabuco. Ambos houveram-se como era de esperar dos seus
talentos”. Mais tarde Machado diria do discurso de Nabuco “que há
muitas idéias. Posso divergir de um outro conceito, mas a forma lite-
rária é primorosa.”

Nesta sessão Machado de Assis definiu de forma concisa e objetiva


a Academia.

Declarava que assumindo o cargo de Presidente, pela consagração


da idade: “Se não sou mais velho dos nossos colegas, estou entre os mais
velhos.” E dizia ser simbólico da instituição, confiar na idade funções que
mais de um espírito exerceria melhor. Apontava: “Não é preciso definir
esta Instituição. Iniciada por um moço, aceita e completada por moços, a
Academia nasce com alma nova, naturalmente ambiciosa.” Com a cau-
tela de sempre Machado de Assis não apontava quem era o moço, mas
evidentemente se tratava de Lúcio de Mendonça, que tivera a ideia da
criação. Em seguida dava uma definição lapidar no clima conturbado do
início da República: “O nosso desejo é conservar no meio da federação

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Alberto Venancio Filho

política, a unidade literária. Tal obra exige, não só compreensão pública,


mas ainda a nossa constância.”

Estava aí definido o espírito em que nascia a Academia, numa época


de movimentos monarquistas e de outro lado exacerbações republicanas.
Daí provinha a necessidade da unidade literária, evitando o receio de que
o regime federativo que a Constituição de 1891 implantara pudesse que-
brar a unidade nacional.

Mais adiante: “A Academia Francesa, pela qual esta modelou, sobre-


viveu aos acontecimentos de toda casta, as escolas literárias e as trans-
formações civis. A vossa há de ter as mesmas funções de estabilidade e
progresso.” Eis outro sentido lapidar que Machado de Assis definiu para
caracterizar a nova instituição, as funções de estabilidade mas ao mesmo
tempo de progresso.

Falando da ideia dos patronos: “Declarava que o batismo das cadei-


ras com o nome dos patronos é indício de que a tradição era o seu primei-
ro voto da Casa. Cabe-vos fazer com que ele perdure.

E concluía: “Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade


iniciais, para que eles os transmitam aos seus, a vossa obra seja contada
entre as sólidas e importantes páginas de nossa vida brasileira.”

Na sessão de encerramento do primeiro ano acadêmico em 7 de de-


zembro de 1897, expunha o programa para o ano seguinte como obriga-
ção regimental:
“Como a nossa ambição nestes meses de início é moderada e sim-
ples, convém que as promessas não sejam largas. Tudo irá devagar e
com o tempo. Dentro do país achamos boa vontade e animação, que a
imprensa tem nos agasalhado com palavras amigas, mas a vida desta
primeira hora foi modesta, quase obscura.”

Talvez respondendo a certas objeções que devem ter surgido em re-


lação à Academia, declarava:

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Joaquim Nabuco

“Nascida entre graves cuidados de ordem pública, a Academia Brasi-


leira de Letras tem de ser o que são as associações análogas: uma torre
de marfim onde se acolhem espíritos literários, com a única preocupa-
ção literária, de onde estendendo os olhos para todos os lados, vejam
claro e quieto”. Novamente nesse momento de indefinição Machado
quis novamente definir o verdadeiro intuito e finalidade de institui-
ção.

Indicava as tarefas a cumprir no próximo ano, andamento ao anuário


bibliográfico, coligir os dados biográficos e literários, como subsídio
para o dicionário biográfico nacional, e se for possível alguns ele-
mentos do vocabulário crítico dos brasilianismos entrados na língua
portuguesa. E comentava: “São obras de fôlego, cuja importância não
é preciso encarecer a vossos olhos. Pedem diuturnidade paciência. A
constância, se alguma vez faltou a homens nossos, é virtude que não
pode morar longe desta Casa literária.”

Declarava em seguida, que:

“a Academia, trabalhando pelo conhecimento desses fenômenos, bus-


cará ser com o tempo, a guarda de nossa língua. Caber-lhe-á então
defendê-la daquilo que não venha das formas legítimas – o novo e
seus escritores não confundindo a moda que perece com o moderno
que vivifica.”

E conclui: “As investigações a que nós vamos propor, esse recolher


de leitura, não será um ofício brilhante e ruidoso, mas é útil e a utilidade
é um título, ainda nas academias”.

O discurso de Joaquim Nabuco na sessão inaugural é mais extenso e


pode ser analisado sob dois aspectos: o primeiro, em relação às atividades
da instituição, e outro, mais amplo, referente à função de escritor.

Lembra a permanência da instituição:


“A primeira condição de perpetuidade é a verossimilhança, e o que
tentamos hoje é altamente inverossímil. Para realizar o inverossímil
o meio heroico é sempre a fé; a homens de letras que se prestam a
formar uma Academia não se pode pedir fé; só se deve esperar deles a

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Alberto Venancio Filho

boa fé. A questão é se ela bastará para garantir a estabilidade de uma


companhia exposta como esta a tantas causas de desânimo, de disper-
são e de indiferentismo. Se a Academia florescer, os críticos deste fim
de século terão razão em ver nisso um milagre; terá sido com efeito
um extraordinário enxerto, uma verdadeira maravilha de cruzamento
literário.”

Examina a escolha dos membros, feita pelos próprios em número


de quarenta, com o símile da Academia Francesa, escolha quase força-
da, pois tinha a medida do prestígio simbólico das grandes tradições. E
acrescentava: “Não tomamos à França todo o sistema decimal? Podíamos
bem tomar-lhe o metro acadêmico.” E com cautela diria: “Nós somos
quarenta, mas não aspiramos a ser os Quarenta.”

A própria escolha não poderia ser evitada:


“Nenhum de nós lembrou o próprio nome, todos fomos chamados e
chamamos a quem nos chamou. Houve uma boa razão para nos reu-
nirmos ao convite do Sr. Lúcio de Mendonça; é que exceto essa, só
havia outra forma de apresentação, era a oficial. Esta não seria de certo
a mais inspirada, e não poderia ser tão ampla a nomeação por decre-
to, enquanto uma eleição pública havia de ressentir-se da cor local.
De qualquer modo que se formasse a série dos primitivos, a origem
seria imperfeita; resultariam iguais injustiças. Não temos de que nos
afligir: todas as Academias nasceram assim. Quem nos lançará em
rosto o nosso nascimento, se fizermos alguma coisa; se justificarmos
a nossa existência; criando para nós mesmos uma função necessária e
desempenhando-a?”

Mas aponta:

“nós, os primeiros, seremos os únicos acadêmicos que não tiveram


mérito em sê-lo, quase todos entramos por indicação singular, pou-
cos foram eleitos pela Academia ainda incompleta, e nessas escolhas,
cada um de nós, como que teve em vista corrigir a sua elevação isola-
da, completar a distinção que recebera; só dora em diante, depois de
termos uma regra, tradição e emulação em torno de nós, o interesse, a
fiscalização da opinião, a consagração é que a escolha poderá parecer

122 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):109-185, out./dez. 2010


Joaquim Nabuco

um plebiscito literário. Nós de fato constituímos um primeiro eleito-


rado”.

E assinala à proporção de ausentes

“a Europa sempre exerceu sobre a imaginação dos nossos homens


de letras, uma atração perigosa. Houve, talvez, tempo em que Maga-
lhães, Gonçalves Dias, Porto Alegre, Odorico Mendes, João Francis-
co Lisboa, Salles Torres Homem, Maciel Monteiro, Gomes de Souza,
Varnhagem, Joaquim Caetano, Pereira da Silva poderiam ter formado
uma Academia Brasileira em Paris. Isso vinha lá de trás e continua
hoje com a mesma força. Bem poucos homens de letras que recusa-
riam a qualquer tempo um desterro para longe do país. Como quer que
seja, foi preciso contar com essa migração certa do talento nacional,
com esse tributo que ele pagou sempre a Paris”.

E quanto à proporção de velhos e jovens:

“Havia também que atender à representação igual dos antigos e os


modernos. Uma censura não nos hão de fazer, sermos um gabinete de
antiqualhas. A Academia está dividida ao meio, entre os que vão e os
que vêm chegando; os velhos, aliás sem velhice, e os novos; os dois
séculos estão bem acentuados, e se algum predomina é o que entra;
o século XX tem mais representação entre nós do que o século XIX.
Quanto a mim, já tomei o meu partido. . . Uma vez me pronunciei
entre os dois e como o fiz no livro de uma jovem senhora do nosso pa-
triciado, perdir-lhe-ia licença para reproduzir, creio que nos mesmos
termos, essa minha última profissão de fé. “Nascido, dizia eu, em uma
época de transição, prefiro em tudo, arte, política, religião, ligar-me ao
passado que ameaça ruína do que ao futuro que ainda não tem forma.
Eu não sou o poeta do quadro de Gleyre, vendo a barca das ilusões
perdidas, dourada pelo crepúsculo da tarde, e abismado no seu próprio
isolamento.”

E tratava do tema de tradição na escolha dos patronos:

“As Academias, como tantas outras, precisam de antiguidade. Uma


Academia nova é como religião sem mistérios, falta-lhe solenidade. A
nossa principal função não poderá ser preenchida senão muito tempo

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Alberto Venancio Filho

depois de nós, na terceira ou quarta dinastia de nossos sucessores.


Não tendo antiguidade, tivemos que imitá-la e escolhemos nossos an-
tepassados. Escolhemo-los por motivo, cada um de nós, pessoal, sem
querermos, eu acredito, significar que o patrono na sua cadeira seja o
maior vulto das nossas letras.”

E em seguida:

“A lista das nossas escolhas há de ser analisada como um curioso do-


cumento autobiográfico; está aí o sentido da minha. Entretanto, como
nenhum de nós preocupou-se de escolher a maior figura de nossas
letras, pode ser que algumas delas não figurem nesse quadro. Teremos
meio de reparar essa falta com homenagens especiais.”

E apontava nomes que deveria preencher as cinco cadeiras restan-


tes:

“Alexandre de Gusmão, Antônio José, Santa Rita Durão, São Carlos,


Monte-Alverne, José da Silva Lisboa, Porto-Alegre, Sales Torres-Ho-
mem, José Bonifácio, o avô e o neto”, este escolhido por Medeiros e
Albuquerque, “Antônio Carlos, J. J. da Rocha, Odorico Mendes, Fer-
reira de Menezes.”

O artigo 23 do Regimento determinava que

“cada acadêmico escolhesse para a sua Cadeira o nome de um vulto


da literatura nacional”. No comentário de Rodrigo Otávio no relató-
rio do primeiro ano, “reunindo assim, sob o mesmo teto, a veneração
respeitosa pelos homens ilustres que engrandeceram a nossa histó-
ria literária, num esforço fecundo dos que presentemente procuram
engrandecê-lo ainda mais”.

A proposta deixava a critério do novo acadêmico a escolha do patro-


no. Nabuco era de opinião que os patronos deveriam ser escolhidos por
motivo pessoal, sem querer significar que o patrono devesse ser o maior
vulto de nossas letras. Assim, escolheu a figura de Maciel Monteiro por
pernambucanismo.

124 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):109-185, out./dez. 2010


Joaquim Nabuco

E menciona a escolha controvertida: “Foi assim, pelo menos, que eu


escolhi a Maciel Monteiro. Nesse misto de médico poeta, de orador, de
diplomata, de dandy que vem a morrer de amor, elegi o pernambucano.”

No comentário de Graça Aranha, Nabuco quis honrar o pernambuca-


no, que enaltecera em outro discurso:

“O molde desses senhores de engenho que no século XVII como no


século XVIII e no começo deste século davam quanto possuíam, terra,
escravos, sangue, filhos, para as lutas em que o amor próprio pernam-
bucano estava empenhado: teria ficado e ter-se-ia, talvez podido fixar
como um traço permanente da raça essa nuance que encontrareis em
Maciel Monteiro, em Boa Vista, em Nunes Machado, nos Cavalcanti,
no Marquez de Recife, em Feitosa, como entre o povo, essa mistura de
cavalheirismo e refinamento, a mesma no poeta ou no orador, no mili-
tar ou no administrador, no tribuno ou no jornalista, no morgado ou no
sertanejo. . . Não há, porém, sociedade que possa resistir à destruição
constante de toda a sua flor, à cessão a outras paragens de tudo em que
ela se revê com orgulho e amor. Como constituir um povo escolhido
se é a escolha mesmo do que ele tem de melhor que lhe é constante-
mente roubado? A combinação, o matiz, do antigo pernambucano, a
sua fórmula mereciam ser conservadas; alguns de seus traços, são de
uma delicadeza rara, de uma fidalguia incomparável. . . Estudai Nu-
nes Machado, ou Feitosa, ou Suassuna, ou Sebastião do Rego, tantos
outros, qualquer e não vos consolareis como eu. Como produzir essa
cristalização perfeita.”

José Veríssimo criticou a escolha de Maciel Monteiro:

“Não foi senão um trovador de salão, caro às damas que se picavam de


aristocracia e de espírito, um poeta retardatário que ainda compunha
glosas, versejava em álbuns de senhores e improvisava com facilidade
– gênero de talento muito prezado dos nossos avôs, mas hoje justa-
mente desacreditado.”

Wanderley do Pinho lembra que “Nabuco parecia insinuar ser o Barão


de Itamaracá o seu paradigma ao escolhê-lo para patrono da cadeira que
ocupava na Academia Brasileira”. E apontava as semelhanças: “Ambos
de Pernambuco, ambos poetas e escritores, ambos parlamentares, diplo-

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Alberto Venancio Filho

matas, ousados nas modas.” Recordava, também, o platônico entusiasta


que foi de Maciel Monteiro, diante das atrizes, com a réplica anos depois
de Joaquim Nabuco”, em sua calorosa solicitude à Sarah Bernhardt”.

No volume “Poesias”, de Maciel Monteiro, publicadas em 1962 pela


Comissão de Literatura do Conselho Estadual de Cultura de São Paulo,
José Aderaldo Castelo faz um estudo profundo da obra poética, demons-
trando ele ter sido um poeta de transição, misturando tratamento temático
tradicionalista com romântico, mas com ênfase na exaltação da mulher
como no famoso soneto Formosa, com o famoso verso inicial “formosa
qual pincel em tela fina”. O estudo confirma que se Maciel Monteiro não
foi um dos grandes poetas de seu tempo, como conclui José Aderaldo
Castelo mas

“torna-se em face do momento de definição do romantismo brasileiro,


um dos mais nacionais dos primeiros poetas, e além disso, indepen-
dentemente em face do Gonçalves Magalhães, Porto Alegre, Sales
Torres-Homem e outros, além de Gonçalves Dias”.

Para Eduardo Portella a escolha do patrono recaiu

“na personalidade prismática do seu conterrâneo Maciel Monteiro


(1804-1868); encarnação fidedigna da mitologia romântica, precoce-
mente cindida entre o trabalho e o lazer, a cumplicidade e a recusa,
que o dandismo literário por ele cultivado conseguiu representar, nos
termos do protocolo burguês então vigente”.

A devoção de Nabuco por Maciel Monteiro permaneceu, pois em


1905 indagava de Arthur Orlando:

“Diga-me. Não se poderá ler a obra literária de Maciel Monteiro co-


ligida? Pernambuco devia-lhe bem isso se o atual Governador (Se-
gismundo Gonçalves), há de ser simpático à idéia. Nela poderiam ser
incluídos os discursos. E a correspondência onde estará? Dos tempos
da diplomacia não haveria nada a apurar em Lisboa?”

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Joaquim Nabuco

E no discurso expõe a teoria dos expoentes:


“Algumas das nossas individualidades mais salientes dos estudos mo-
rais e políticos, do jornalismo e na ciência, deixaram de ser lembradas
. . . A literatura quer que as ciências ainda mais altas, lhe dê a parte que
lhe pertence em todo domínio da forma. Outros nomes, estes literá-
rios, estão ausentes, alguns, porém renunciaram às letras. Devo dizer
que compreendendo a omissão destes, a uma Academia importa mais
elevar o culto das letras, o valor do esforço, do que realçar o talento e
a obra do escritor.”

“Apontando para a diversidade de figuras, ao percorrerdes a nossa lis-


ta, vereis nela a reunião de todos os temperamentos literários conhe-
cidos. Em qualquer gênero de cultura somos um México intelectual;
temos a tierra caliente, a tierra templada e a tierra fria . . .”

Voltava-se para o futuro da Casa:

“A utilidade desta companhia, será, a meu ver, tanto maior quanto


for um resultado da aproximação, ou melhor, do encontro em direção
oposta, desses ideais contrários, a trégua de prevenções recíprocas em
nome de uma admiração comum, e até, é preciso esperá-lo, de um
apreço mútuo.”

E mudando de plano, acentua a responsabilidade do escritor:

“Porque, senhores, qual é o princípio vital literário que precisamos


criar por meio desta Academia, como se compõe a matéria orgânica
em laboratórios de química? É a responsabilidade do escritor, a cons-
ciência dos seus deveres para com sua inteligência, o dever superior
da perfeição, o desprezo da reputação pela obra. Acreditais que um tal
princípio limite em nada a espontaneidade do gênio? Não, o que faz
é somente impor maiores obrigações ao talento. A responsabilidade
não pode ameaçar nenhuma independência, coarctar nenhuma ousa-
dia; é dela, pelo contrário, que saem todas as nobres audácias, todas
as grandes rebeldias. Em França a Academia reina pelo prestígio de
sua tradição; exerce sua influência pela escolha, pela convivência e
pelo tom; mantém um estilo acadêmico, como toda a arte francesa,
convencional, acabado, perfeito. Nós não temos por missão produzir
esse estilo, o qual, como toda concepção intelectual, escapa à vonta-

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Alberto Venancio Filho

de e ao propósito, pode ser guardado e cultivado, mas não pode ser


criado, obedece a leis de cristalização de cada idioma, à simetria de
cada gênio nacional. Nós pretendemos somente defender as fontes do
gênio, da poesia e da arte, que estão quase todas no prestígio, ou an-
tes na dignidade da profissão literária . . . Não tenhamos tanto ciúme
do gênio, o gênio há de revelar-se de qualquer modo; ele faz a sua
própria lei, cria o seu próprio berço, esconde o seu nascimento, como
Júpiter infante, no meio dos seus coribantes.”

E expõe:

“Basta essa curta história de nossa formação para se ver que não po-
demos fazer o mal atribuído às Academias pelos que não querem uma
literatura sombra da mais leve tutela, do mais frouxo vínculo, do mais
insignificante compromisso. É um anacronismo recear hoje para as
Academias o papel que elas tiveram em outros tempos, mas se aquele
papel fosse ainda possível, nós teríamos sido organizados para não o
podermos exercer.”

E em frase lapidar:

“Eu confio que sentiremos todo o prazer de concordarmos em discor-


dar; essa desinteligência essencial é a condição da nossa utilidade, o
que nos preservará da uniformidade acadêmica”. E explicava: “Mas
o desacordo tem também o seu limite, sem o que começaríamos logo
por uma dissidência. A melhor garantia da liberdade e independência
intelectual é estarem unidos no mesmo espírito de tolerância os que
vêem as coisas d’arte e poesia de pontos de vista opostos. Para não
podermos fazer nenhum mal basta isso; para fazermos algum bem é
preciso que tenhamos algum objetivo comum. Não haverá nada co-
mum entre nós? Há uma coisa: é a nossa própria evolução; partimos
de pontos opostos para pontos opostos, mas como astros que nasces-
sem uns a leste e outros a oeste, temos que percorrer o mesmo círculo,
somente em sentido inverso. Há assim de comum para nós o ciclo, o
meio social que curva os mais rebeldes e funde os mais refratários; há
os interstícios do papel, da característica, do grupo e filiação literária,
de cada um há a boa fé invencível do verdadeiro talento. A utilidade
desta companhia será, a meu ver, tanto maior quanto for um resultado
de aproximação, ou melhor, de encontro em direção oposta, desses

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Joaquim Nabuco

ideais contrários, a trégua de prevenções recíprocas em nome de uma


admiração e até é preciso esperá-lo de um apreço mínimo.”

Nabuco fala do convívio com os jovens e procura resgatar a tristeza


do ostracismo:

“Além da deferência devida à companhia a que me faziam pertencer,


confesso-vos que aceitei a honra que me foi feita, atraído pelo prazer
de me sentir ao lado da nova geração. Cedi também, devo dizer-vos,
à necessidade que sente de atividade, de renovação um espírito mui-
to tempo ocupado na política e que de boa fé acredita ter voltado às
letras.”

E completa:

“Disse-vos porém, que vim seduzido do contato, ou quisera que pu-


desse dizer, o contágio dos jovens. Como as diferentes idades da vida,
se compreendem mal umas as outras, é a observação que vou fazendo
na medida que caminho. Asseguro-vos que não suspeitava do que é a
vista da mocidade tomada de outra margem da vida. Os que envelhe-
cem não compreendem mais o valor das ilusões que perderam; os jo-
vens não dão valor à experiência que ainda não a tem. Há dois climas
na vida, o passado e o futuro. A Academia, como o nobre romano, tem
a sua vila dividida em casa de verão e casa de inverno. Podeis habitar
uma ou outra, conforme o vento soprar. Eu diria a todos os novos
espíritos ambiciosos de abrir caminho para a glória; não receiem a
concorrência dos mais velhos, sejam jovens e hão de romper tão na-
turalmente, como os rebentos da primavera rompem a casca da árvore
rugosa. Basta a mocidade, se for verdadeiramente a vossa própria mo-
cidade que expressardes para um dar o nome.”

E fixando a posição da política:

“Na academia estamos certos de não encontrar a política. Eu sei bem


que a política, ou tomando-a em sua forma a mais pura, o espírito
público, é inseparável de todas as grandes obras: a política dos Faraós
reflete-se nas pirâmides tanto quanto a política ateniense no Partenon;
o gênio católico da Idade Média está na “Divina Comédia”, como o
gênio protestante do Protetorado está no “Paraíso Perdido”, como o

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Alberto Venancio Filho

gênio da França monárquica está na literatura e no estilo dos séculos


XVII e XVIII. . .

Nós não pretendemos matar no literato, no artista, o patriota, porque


sem a pátria, sem a nação, não há escritor, e com ela há forçosamente
o político. Até hoje, apesar do cristianismo, que trouxe o sentimento
de uma comunhão mais vasta, o gênio nada fez fora da pátria ou, pelo
menos, contra a pátria. A pátria e a religião são em certo sentido cati-
veiros irresgatáveis para a imaginação, condições do fiat intelectual. A
política, isto é, o sentimento do perigo e da glória, da grandeza ou da
queda do país, é uma fonte de inspiração de que se ressente em cada
povo a literatura toda de uma época, mas para a política pertencer à
literatura e entrar na Academia é preciso que ela não seja o seu próprio
objeto; que desapareça na criação que produziu, como o mercúrio nos
amálgamas de outro e prata. Só assim não seríamos um parlamento.”

Tecendo outras considerações, menciona leitura feita na Biblioteca


de Buenos Aires de páginas assinadas por Bartolomeu Mitre, “a quem
sinceramente admiro”, expondo a ideia de que a literatura hispano-ameri-
cana ainda não produzira um livro. “Que livro”, diz ele, “se tomaria para
uma viagem” – e Nabuco acrescentaria para o exílio?
“Senhores, hoje nenhum de nós se contentaria com um livro; um livro
em poucos dias está lido e não gostaríamos de reler – para uma viagem
precisamos levar uma biblioteca. . .

Nós podemos compreender-nos na sentença de Mitre; não tivemos


ainda o nosso livro nacional, ainda que eu pense que a alma brasileira
está definida, limitada e expressa nas obras de seus escritores, somente
não está toda em um livro. Esse livro, um exator hábil, podia, porém,
tirá-lo de nossa literatura. O que é essencial está na nossa poesia e em
nosso romance.”

Não se poderá cogitar de que o livro cogitado por Nabuco inspirado


por Mitre não estaria já em gestação, na descrição dos episódios da guerra
de Canudos e que se tornaria Os Sertões?

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Joaquim Nabuco

E acrescentava:
“Temos pressa de acabar. Estamos todos eletrizados, não passamos de
condutores elétricos, e o jornalismo é a bateria que nos faz passar para
os nossos corações essa corrente contínua . . . Se fôssemos somente
condutores, não haveria mal nisso, que sofrem os cabos submarinos?
Nós, porém, somos fios dotados de uma consciência que não deixa a
corrente passar despercebida de ponta a ponta e nos receber em toda
a extensão da linha o choque constante dessas transmissões univer-
sais...”

Discutindo o problema da unidade literária com Portugal, afirma


com convicção Nabuco:

“Julguei sempre estéril a tentativa de criarmos uma literatura sobre


tradições de raças que não tiveram nenhuma; sempre pensei que lite-
ratura brasileira tinha que ser principalmente do nosso fundo europeu.
Julgo outra utopia pensarmos em que nos haverá de desenvolver li-
terariamente, no mesmo sentido que Portugal ou conjuntamente com
ele em tudo que não dependa do gênio da língua. O fato é que falando
a mesma língua, Portugal e Brasil tem de futuro destinos literários
profundamente divididos como são os seus destinos nacionais. Querer
a unidade em tais condições seria um esforço perdido.

Portugal, de certo, nunca tomaria nada essencial ao Brasil e a verdade


é que ele tem muito pouco de primeira mão que lhe queiramos tomar.
Uns e outros nos fornecemos de idéias, de estilo, de erudição, nos
fabricantes de Paris, Londres ou Berlim ...

A língua é um instrumento de idéias que pode e deve ter uma fixidez


relativa nesse ponto. Tudo precisamos empenhar para secundar o es-
forço e acompanhar os trabalhos dos que se consagraram em Portugal,
à pureza de nosso idioma, a conservar formas genuínas, características
da lapidarias da sua grande época.”

Nesse sentido nunca virá o dia em que Herculano, Garett e seus su-
cessores deixem de ter a vassalagem brasileira.

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Alberto Venancio Filho

E na conclusão:
“A formação da Academia de Letras é a afirmação de que literária
como politicamente, somos uma nação que tem o seu destino, seu ca-
ráter distinto, que só pode ser atingida por si mesma, desenvolvendo
sua originalidade com seus recursos próprios, só querendo, só aspiran-
do a glória que possa vir de seu destino.”

No diário de Nabuco há uma referência lacônica do dia 20 de julho:

“Todo o dia no discurso, Inauguração da Academia Brasileira de Le-


tras; pronuncio o discurso inaugural.” E no dia seguinte: “Corrigindo
o discurso de posse que dou à Revista Brasileira.”

Sobre este discurso há comentários significativos.

Manoel Bandeira indicaria que: “O discurso de Nabuco foi uma pá-


gina deliciosa, aguda e elegantíssima, temperada do mais fino humor.”

Para Luiz Viana Filho:

“O discurso, no qual traçou a história e os ideais da instituição, foi


entremeado por algumas confissões. Batido pelo temporal, ele se reco-
lhera à torre de marfim, e daí, meditativo, pudera divisar a existência
de um novo ângulo, descobrindo aspectos que haviam sido impercep-
tíveis nos dias de triunfo.”

E se reporta a outro trecho do discurso:

“Os que envelhecem não compreendem mais o valor das ilusões que
perderam; os jovens não dão valor à experiência que ainda não tem”.
A estes, no entanto, tranquilizou: “não receiem a concorrência dos
mais velhos: sejam jovens e hão de romper tão naturalmente como os
rebentos da primavera rompem a casca da árvore enregelada.”

Comenta Luís Viana Filho:

“Sim, Nabuco envelhecia. Embora com menos de cinquenta anos os


sulcos colocados pelo Tempo nos dias rudes de ostracismo eram pro-
fundos. Os cabelos, com aquelas ondas que lembram uma “invisível

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Joaquim Nabuco

tempestade”, embranqueceram inteiramente. É a coroa de neve no


cimo do vulcão quase extinto.”

Levi Carneiro, falando na Academia na sessão de 15 de agosto de


1949, na comemoração do centenário de nascimento, assim definiu o dis-
curso:

“Sua oração inaugural, modelar na forma e no fundo, tão atual hoje


como no dia em que foi proferida, tornou-se manancial inexaurível
em que, há meio século, gerações sucessivas de acadêmicos haurem
alento e inspiração.

Por uma coincidência propícia, pode supor-se que, na condição em


que, a esse tempo se achava, afastado da vida pública, fiel à monar-
quia sem se adaptar à mentalidade dominante nas rodas monárquicas
– Nabuco precisava da Academia, de uma ‘casa de boa companhia’,
na expressão de Machado de Assis, que lhe fosse refúgio tranquilo,
com ambiente adequado à expansão da sua constante e irreprimível
vibração espiritual. Ele próprio diria que cedera ‘a necessidade, que
sente, de atividade, de renovação, um espírito muito tempo ocupado
na política e que de boa fé acredita ter voltado às letras.”

Levi Carneiro acrescentaria:

“Todavia, somente Joaquim Nabuco, aliando à condição de homem


de letras de Machado de Assis, às preocupações políticas de Lúcio
de Mendonça, definiu o sentido da Academia, fixou-lhe os objetivos,
marcou-lhe o rumo da trajetória, transfundiu-lhe suas preocupações de
arte e de patriotismo impregnado de humanismo. Era ele predestinado
para essa obra luminosa, que reclamava, a par do espírito literário,
espírito político. Sem isso, a iniciativa de Lúcio de Mendonça, como
tantas outras similares, talvez tivesse curta duração. Nabuco deu-lhe
longevidade, que reconhecera imprescindível, votando-a a uma tarefa
eterna, para que se reuniriam velhos e novos, com o “mesmo espírito
de tolerância os que vêem as coisas de arte e de poesia de pontos de
vista opostos”, sem “matar no literato, no artista – o patriota”, defen-
dendo “as fontes do gênio, da poesia e da arte, que estão, quase todas,
no prestígio, ou antes na dignidade da profissão literária”, contribuin-
do para a “uniformidade da língua escrita”, apesar da profunda sepa-

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Alberto Venancio Filho

ração dos destinos literários de Portugal e do Brasil. Em suma, fez da


Academia, uma nova, imprevista, oportuna afirmação do destino e do
caráter, independentes, literária e politicamente, do Brasil.”

Wilson Martins examinou a criação da Academia no momento his-


tórico:

“Em 1897, marca o início de um período em que a consciência na-


cional se revela na fundação da Academia Brasileira de Letras, cujo
discurso de instalação é proferido por Machado de Assis a 20 de julho
daquele ano. Interpretando, com certeza, o consenso dos seus amigos
e confrades, dizia ele, num eco indireto, mas evidente e inegável, das
tormentas políticas e militares daqueles dias: ‘O vosso desejo é con-
servar, no meio da federação política, a unidade literária’.”

Era o que dizia, por outras palavras, exprimindo as mesmas preocu-


pações e pontos de vista idênticos, o secretário perpétuo Joaquim Nabu-
co:

“‘Na Academia estamos certos de não encontrar a política’. Em face


de tantas dissidências, divergências, ódios mal contidos, ressentimen-
tos, ímpetos de vingança, os brasileiros buscavam instintivamente,
como na revista de José Veríssimo, um ponto de encontro em que
pudessem dialogar, não apesar, mas por causa das suas discordâncias
– mesmo em literatura, mesmo sob a cúpula academizante do grande
salão literário.”

Joaquim Nabuco foi assíduo às sessões a partir de 1897, embora no


período inicial não fossem elas muito frequentes. Até 1899, das vinte e
três sessões ele falta apenas a seis sessões, a primeira na segunda sessão
preparatória de 23 de dezembro, uma em 1897, outras duas em 1898 e a
última que comparece em 30 de novembro de 1898. As atas eram extre-
mamente sucintas e não há registro de sua participação em plenário. Na
sessão de 21 de junho de 1899, o presidente Machado de Assis anuncia
que “o Sr. Joaquim Nabuco, secretário-geral, se retira para a Europa em
missão do Governo, a qual o deverá apartar por alguns anos dos trabalhos

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Joaquim Nabuco

acadêmicos”, sendo eleito para substituí-lo no cargo de secretário-geral


Medeiros e Albuquerque.

Passando a residir no exterior, Nabuco nunca mais frequentará a


Academia, só vindo ao Brasil em 1906, quando da Conferência Pan-ame-
ricana, mas se conservara sempre interessado nas atividades da Casa, e
sempre opinando nas eleições.

Discute-se no ano de 1898 um dístico para a instituição. José Verís-


simo propõe o dístico “mente as musas dada” que foi rejeitada em sessão,
preferida a sugestão de Nabuco “litterarum vincitur pace”. Mas na sessão
de 26 de setembro Lúcio de Mendonça e José Veríssimo têm aprovado
por unanimidade o verso de Machado: “Esta a glória que fica, eleva, hon-
ra e consola.”

A correspondência entre Machado de Assis e Joaquim Nabuco foi


publicada em 1923 com organização, introdução e notas de Graça Ara-
nha. Esta introdução pode ser considerada um dos melhores trabalhos de
Graça Aranha e o volume constitui importante subsídio para a história da
Academia, além de retratar a amizade dessas duas grandes figuras.

Graça Aranha ingressou na Academia como fundador aos vinte e


oito anos, sem nenhum livro publicado. À sua recusa inicial aceitou com
a insistência de Machado e Nabuco, pois pertencia ao grupo da Revista.
Afeiçoou-se a Machado e sobretudo a Nabuco. Quando da morte deste
escreveu à filha: “A morte de Nabuco é para mim a perda de meu melhor
amigo. Ele foi para mim o primeiro dos homens de nossa pátria, o mais
completo, o mestre, o guia, o exemplo, a admiração, o entusiasmo.”

Ao receber pedido de Veríssimo das cartas de Machado, Nabuco di-


ria não estarem em ordem, a exigir um mês no mínimo de trabalho acura-
do, mas resolvia deixar a tarefa para seu testamenteiro literário. E Graça
Aranha seria o testamenteiro literário.

Graça Aranha deu todo o empenho neste trabalho. Não há referências


à feitura do trabalho antes de 1922; durante a prisão pelo envolvimento

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Alberto Venancio Filho

dos movimentos revolucionários de 22, aproveitara o tempo para escrever


a introdução. Confessou que “foi uma dedicação discreta e intensa, carac-
terísticas incomuns no seu modo de compor”, “concebia o trabalho como
um estudo psicológico de ambos os homens, um estudo da sensibilidade
desses escritores, da sensibilidade nacional”.

No prefácio à terceira edição da Correspondência entre Machado de


Assis e Joaquim Nabuco, com o título expressivo de As Duas Repúblicas,
o Acadêmico José Murilo de Carvalho demonstrou como a Academia foi
o objeto principal desta correspondência. Inicia-se por carta de Nabuco,
aos 15 anos, aluno do Colégio Pedro II, agradecendo a Machado referên-
cia aos seus versos publicada na revista Ao Acaso. Até 1889, durante 33
anos, são apenas seis cartas, mas com a criação da Academia e a ida de
Nabuco para o exterior a correspondência se tornou frequente. Entre as
47 cartas, 37 eram relativas à Academia. Eram temas a instalação, a falta
de recursos, a escolha de candidatos e as eleições.

E Graça Aranha assim conclui a apresentação da Correspondência:


“A fé religiosa de Joaquim Nabuco e a dúvida materialista de Ma-
chado de Assis foram os baluartes em que se refugiaram os dois he-
róis espirituais. Não quiseram transpor-lhes as muralhas. Não foram
possuídos da tentação de ser Deus, não gozaram a áspera volúpia de
criar o Universo, de comandar e serem obedecidos, de pesar sobre os
destinos humanos.”

No ano seguinte à fundação, falecem dois acadêmicos: Luís Guima-


rães Júnior e Pereira da Silva. Na sucessão deste último, Magalhães de
Azeredo escreve a Machado com o apoio de Nabuco, lembrando o hábito
da Academia Francesa de eleger o sucessor com afinidade do antecessor,
o que ocorria com certa frequência. Alegando que estando no estrangeiro
não podia votar,
“pedia que se não tiver compromisso, faça quanto lhe for possível para
ser ele o nosso ilustre compatriota Barão do Rio Branco, um dos mais
insignes cultivadores que hoje temos da história nacional e que tantos
serviços de cidadão e de escritor tem prestado ao Brasil”.

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Joaquim Nabuco

Em carta a Taunay Nabuco secundava a sugestão de Magalhães de


Azeredo:

“Não lhe parece que o Rio Branco deve entrar para a Academia na
vaga do Pereira da Silva? Com os ausentes que podem votar, eu penso
que ele teria maioria. Os trabalhos dele são os mais sérios que se tem
feito entre nós em geografia e história militar, não sei se você viu a
memória que ele apresentou ao Cleveland, é uma série de volumes de
raríssima erudição e pesquisa.”

E comentava um artigo de José Veríssimo sobre o Barão:

“Ele (Veríssimo) mesmo não quererá reduzir a Academia a um círculo


fechado de estilistas, gramáticos e literatos. Se pensar como eu, traba-
lhe pelo Rio Branco, o nosso triângulo da Revista.”

Ao se cogitar da candidatura de Rio Branco, este alegava que na


“instituição para uns ou doze ou quinze homens de valor havia rapazes
mais ou menos jacobinos persuadidos de quem só são homens de letras
quem faz versos. E concluía: “Estou velho demais (tinha cinquenta e dois
anos) para figurar entre tantos rapazes.” Hesitante, Rio Branco telegrafa a
Nabuco dez dias antes da eleição: “Aceitaria se fosse eleito. Mas entendo
que não me devo declarar candidato.” E numa prova de confiança: “En-
tretanto, resolvo por mim como achar melhor.”

Eleito diria Rio Branco:

“O Eduardo Prado, o Joaquim Nabuco, o José Veríssimo e outros ami-


gos declararam-me candidatos e graças à sua influência foi aceito pela
maioria de moços, provavelmente por terem entendido que a um dos
raros velhos (Pereira da Silva) da Casa deveria suceder outro velho”.
A eleição de Rio Branco, segundo Graça Aranha, foi o primeiro dos
“grands seigneurs” que Nabuco “desejava um certo número”.

Vacilando ante a ideia de se tornar acadêmico, Rio Branco é um dos


que mais se interessam pela vida da Academia, inclusive pelas eleições,
nos quais, para desespero de Oliveira Lima, influi poderosamente. “É o
nosso Richelieu”, escreve Nabuco a Veríssimo.

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Alberto Venancio Filho

A morte de Taunay em 26 de janeiro de 1889 foi uma grande perda


da Academia, pois ele se tornara um dos mais assíduos frequentadores da
Revista Brasileira e granjeara a amizade e admiração de todos.

Nabuco foi incumbido de falar à beira do túmulo “com as derradei-


ras homenagens do Instituto Histórico, ao qual ele pertenceu por tantos
anos, do qual se separou na exaltação de um sentimento generoso e onde,
por isso mesmo não diminuiu nunca o afeto e a admiração que todos o
votavam”. E também “a saudade da Academia Brasileira para a qual esta
perda é uma grande provação, porque ele não era só um espírito radiante,
era para nós o centro, uma força de presença”.

Mas acrescentava “vim dizer meu próprio adeus ao companheiro, ao


amigo de quem me separo”.

Dizia Nabuco:

“Acho-me sob a impressão de que tudo isto é um sonho: imagino Tau-


nay vivo entre nós. Não o vejo morto e algum tempo passará antes que
eu conceda à realidade todos os seus tristes direitos. É preciso sentir a
sua ausência em nossas reuniões, perdermos um a um os hábitos que
ele formou em nós, para os seus amigos compreendermos em toda a
sua extensão, os acontecimentos de ontem.”

E terminava dizendo: “O Brasil inteiro terá orgulho de ti, já o tem ...


Adeus meu caro Taunay, adeus.”

E Nabuco ainda no Brasil escreve em 10 de fevereiro de 1899 a Ma-


chado sobre a sucessão de Taunay:

“Agora queira dizer-me como se vai formando em seu espírito a su-


cessão do Taunay na Academia. . . O Loreto disse-me anteontem que
na Revista aonde não vou há muito, falava-se em Arinos e Assis Bra-
sil. Eu disse-lhe que minha idéia era o Constâncio Alves. O Taunay era
um dos nossos, e se substituímos por algum ausente, como qualquer
daqueles, teríamos dado um golpe no pequeno grupo que se reúne e
faz de Academia. Depois ficaríamos sem recepção. O Arinos talvez
viesse fazer o elogio. . . Eu, pela minha parte, que entre os dois votaria

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Joaquim Nabuco

nele, porque o elogio do Taunay pelo Assis Brasil (este pode ser re-
servado para outra cadeira mais congenial com o seu temperamento)
podia ser uma peça forçada; confesso-lhe que não vejo como o Cons-
tâncio; mas se V. não pensa que o Constâncio tem a melodia interior, a
nota rara, que eu lhe descubro, submeto-me ao mestre. Com o voto do
Dória, que me prometeu, e o meu, o Constâncio já tem dois. Sr. você
viesse, era o triângulo, e podíamos até falsificar a eleição. Sério!”

E Machado responde em 13 de fevereiro de 1899:

“Respondo à sua carta. Pensei na sucessão do Taunay logo depois que


o tempo afrouxou a mágoa da perda do nosso querido amigo. A vida
que levo, entregue pela maior parte à administração, não me permitiu
conversar com os amigos da Revista mais que duas vezes, mas logo
achei a candidatura provável do Arinos, e dei-lhe o meu voto; o Graça
Aranha e o Veríssimo a promovem e já há por ela alguns votos certos,
ao que me disseram. Assim, fiquei aliado, antes que V. me lembrasse
o nome do Constâncio Alves. Também ouvi falar do Assis Brasil, mas
sem a mesma insistência.”

Ao tomar conhecimento da designação de Nabuco para representar


o Brasil na questão da Guiana, Machado se dirige a ele em 10 de março
de 1889:

“Vai em carta o que lhe posso dizer já de viva voz, mas eu tenho pres-
sa em comunicar-lhe, ainda que brevemente, o prazer que meu deu
a notícia de ontem no Jornal do Comércio. Não podia se melhor. Vi
que o governo, sem curar de incompatibilidades políticas, pediu a V.
o seu talento, não a sua opinião, com o fim de aplicar em benefício do
Brasil a capacidade de um homem que os acontecimentos de há dez
anos levaram a servir a pátria no silêncio do gabinete. Tanto melhor
para um e para outro.”

E voltando à Academia:

“Agora, um pouco da nossa casa. A Academia não perde o seu orador,


(como Secretário-Geral) cujo lugar fica naturalmente esperando por
ele; alguém dirá, sempre que for indispensável, o que caberia a V.
dizer, mas a cadeira é naturalmente sua. E por maior que seja a sua

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Alberto Venancio Filho

falta, e mais vivas as saudades da Academia, folgaremos em ver que o


defensor de nossos direitos ante a Inglaterra é o conservador da nossa
eloquência ante seus pares. A minha idéia secreta era que, quando o
Rio Branco viesse ao Brasil, fosse recebido por V. na Academia. Fa-
çam os dois por virem juntos, e a idéia será cumprida, se eu ainda for
presidente. Não quero dizer se ainda viver, posto que na minha idade,
e com o meu organismo, cada ano vale por três.”

Quando da designação de Nabuco, Graça Aranha comenta:

“Os amigos da Academia regozijam-se com a missão Nabuco, mas


sentem separarem-se do ‘encantador’. Machado de Assis pressuroso
felicita o país, mas não esquece a Academia, a sua preocupação tão
absorvente como a da feitura em sigilo dos seus livros. Joaquim Na-
buco ausenta-se, o seu posto na direção da casa não é preenchido, o
seu substituto é provisório. A Academia não perde o seu orador, diz
Machado, cujo lugar fica naturalmente esperando por ele. E logo a
imaginação lhe mostra Nabuco perante a Inglaterra como conservador
da eloquência da Academia diante dos seus pares.”

A última sessão no ano de 1899 realizou-se em 10 de agosto e a pri-


meira sessão de 1900 só se realizou dez meses depois, em 23 de junho.
Eram os “tempos heroicos” na expressão de Medeiros e Albuquerque.
Tem-se a impressão que Nabuco estava a par dessa situação e de Pougues
na França, escreve a Machado em 12 de junho de 1900:
“Não deixe morrer a Academia. V. hoje tem obrigação de reuni-la e
tem meios para isso, ninguém resiste a um pedido seu. Será preciso
que morra mais algum acadêmico para haver outra sessão? Que papel
representamos nós então? Foi para isso, para morrermos, que o Lúcio
e V. nos convidaram? Não, meu caro, reunamo-nos (não conte por ora
comigo, esperemos pelo telefone sem fios) para conjugar o agoiro, é
muito melhor. Trabalhemos todos vivos.”

Após a sessão de inauguração no Padagogium, a Academia peregri-


nou por vários lugares até obter a sede no Silogeu Brasileiro, Revista Bra-
sileira, Ginásio Nacional, Biblioteca Fluminense e nas sessões solenes
no Ministério do Interior e Gabinete Português de Leitura, ficando algum

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Joaquim Nabuco

tempo no escritório de advocacia de Rodrigo Octávio. A obtenção de uma


sede era preocupação de Machado, que a transmitia a Nabuco.

Machado informa com satisfação:


“A Academia parece que enfim vai ter casa. Não sei se V. se lembra do
edifício começado a construir no largo da Lapa, ao pé do mar e do Pas-
seio. Era para a Maternidade. Como, porém, fosse resolvido adquirir
outro nas Laranjeiras, onde há pouco aquele instituto foi inaugurado, a
primeira obra ficou parada e sem destino. O governo resolveu concluí-
lo e meter nele algumas instituições. Falei sobre isso, há tempos, com
o ministro do Interior, que não me respondeu definitivamente acer-
ca da Academia; mas há duas semanas soube que a nossa Academia
também seria alojada, e ontem fui procurado pelo engenheiro daquele
Ministério. Soube por este que a nossa, a Academia de Medicina, o
Instituto Histórico e o dos Advogados ficarão ali. Fui com ele ver o
edifício e a ala que se nos destina, e onde há lugar para as sessões
ordinárias e biblioteca. Haverá um salão para as sessões de recepção e
comum às outras associações para as suas sessões solenes.

Seguramente era melhor dispor a Academia Brasileira de um só pré-


dio, mas não é possível agora, e mais vale aceitar com prazer o que
se nos oferece e parece bom. E olhando o futuro outra geração fará
melhor.”

E Nabuco escrevia a Machado:

“Dê-me notícias da nossa Academia. Felicito-o por ter conseguido


a casa. V. lembra-se da minha proposta que as 40 cadeiras tivessem
insculpido, e com uma frase expressiva, o nome dos primeiros aca-
dêmicos, que foram todos póstumos. Os chins enobrecem os ante-
passados, nós fizemos mais porque os criamos, ainda que nisto não
fôssemos mais longe do que os nossos nobres de ocasião muitas vezes
têm ido.”

Nabuco, em carta de 12 de novembro de 1901, agradece a Machado


as referências feitas a ele no discurso por ocasião da inauguração da her-
ma de Gonçalves Dias no Passeio Público. Este comentara:

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“quando em 1897 celebramos a nossa primeira sessão inaugural, Jo-


aquim Nabuco, entre outras belas coisas, disse: “Se a Academia flo-
rescer, os críticos deste fim de séculos terão razão em ver nisso mila-
gre”.

E demonstrando Machado uma ponta de orgulho:

“Não sei o que pensaram os críticos daquele fim de século, mas os do


princípio deste podem já ver alguma coisa menos comum. A Acade-
mia vive. Os poderes públicos, por uma lei votada e sancionada com
tanta simpatia, concederam-lhe favores especiais. Cumpre-nos agra-
decer-lhes cordialmente. Se o não fazemos em casa nossa, é só porque
a escolha de um próprio nacional ainda se não fixou, mas a Academia
tem por si a lei e a boa vontade. Oportunamente estará aposentada de
vez, e poderá então dispensar a magnífica hospedagem, que lhe dá
agora o Gabinete Português de Leitura.”

Na mesma cerimônia, Medeiros e Albuquerque manifestava descon-


forto na responsabilidade de falar substituindo Nabuco como secretário-
geral:

“A substituição interina do nosso ilustre secretário-geral põe-me na


contingência de ocupar a atenção desta assembléia, lendo o relatório
do movimento da Academia. Nunca a substituição me foi mais pe-
nosa. Não porque me doa o amor próprio ferido, sentindo que todos
hão de estar a evocar a bela figura eloquente de Joaquim Nabuco e a
fazer uma comparação, que só pode ser esmagadora. O amor-próprio
desaparece neste momento. O que há apenas é, ao contrário, que eu re-
clamo para mim ser nesta assembléia quem mais sente a desproporção
entre o substituído e o substituto, e, por um desdobramento cerebral,
enquanto profiro estas palavras mal alinhadas, lembro o que seria aqui
a voz eloquente do dominador das multidões, que tanto soube outrora
arrastar um povo inteiro à conquista da redenção para uma raça opri-
mida, como saberia hoje tornar-se persuasiva e harmoniosa para nos
falar da arte e do belo.”

Está vaga a cadeira nº 40 de Eduardo Prado e em 30 de agosto de


1901 de Londres Nabuco se dirigia a Machado:

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“Aí vai o meu voto. Dou-o ao Afonso Arinos por diversos motivos,
sendo um deles ser a vaga do Eduardo Prado. Para a cadeira do Fran-
cisco de Castro eu votaria com prazer no Assis Brasil. Por que não
reuniram as eleições num só dia?”

E a ideia dos expoentes é novamente lembrada:

“V. sabe que eu penso dever a Academia ter uma esfera mais lata do
que a literatura exclusivamente literária para ter maior influência. Nós
precisamos de um certo número de grands seigneurs de todos os par-
tidos. Não devem ser muitos, mas alguns devemos ter, mesmo porque
isso populariza as letras.”

Nabuco levanta em 12 de novembro de 1901 a questão do voto dos


ausentes:

“Eu realmente penso que aos ausentes devia ser dado o direito de voto.
Era mais honroso para os eleitos reunir o maior número possível de
votos. Vs. estatuiriam o modo de enviarmos a nossa chapa, ou de po-
der alguém da Academia votar pelos ausentes. Não haveria perigo de
ata falsa nem de fósforos. O procurador ao votar, por exemplo, por
mim declararia que eu lhe escrevera (mostrando o documento) para
votar por mim nessa eleição no candidato F. Talvez o voto dos ausen-
tes devesse ser aberto e declarado. Quem são os candidatos às duas
cadeiras?”

E na sessão de 12 de dezembro de 1902 José Veríssimo propôs a al-


teração do Regimento Interno para que os acadêmicos ausentes pudessem
votar em cédula fechada. Rodrigo Otávio apôs considerações em sentido
contrário e após debates a proposta foi aprovada. A Secretária da Aca-
demia enviou circular aos acadêmicos e Nabuco ao receber a circular
escreve a Rodrigo Otávio:
“Meu caro Dr. Rodrigo Otávio, recebi a circular e respondo mandando
ao Machado a minha cédula. Infelizmente não podemos acompanhar
o movimento e a cabala literária, que é a parte mais interessante das
eleições acadêmicas. O nosso voto vai como que petrificado e não
pode acompanhar as flutuações do escrutínio.”

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Alberto Venancio Filho

A obtenção da sede é motivo de comunicação de Machado em 28 de


janeiro de 1904:

“A nossa Academia Brasileira tem já o seu aposento, como deve saber.


Não é separado, como quiséramos; faz parte de um grande edifício,
dado a diversos institutos. Um destes, a Academia de Medicina, já
tomou posse da parte que lhe cabe, e fez a sua inauguração em sala
que deve ser comum às sessões solenes. Não recebi ainda oficialmente
a nossa parte, espero-a por dias.”

A lembrança dos amigos está sempre presente na correspondência


de Nabuco. Ora se referindo ao grupo, ora à Revista, ora à Academia.
É curioso a marca que ficou das reuniões na Revista; mesmo depois de
criada a Academia as referências a ele são frequentes. Em 6 de dezembro
de 1899, mal chegado ao exterior, confidencia:
“Já em dezembro de 1901 recorda jantar de 900 talheres em Londres
ao Lord Mayor: “Há dias lembrei-me muito com que saudade! dos
jantares da Revista. Naquela multidão desconhecida, asfixiante, em
que me sentia perdido, o que eu não teria trocado aquilo, Guidhall,
Lord Salisbury, loving cup, loyal toasts pelas nossas festas do Hotel
dos Estrangeiros.

Muitas saudades a todo o nosso grupo. Se não fosse ter vindo muito
cambaleante de lá e ter-me feito bem a mudança de clima, meu desejo
maior seria achar-me de novo no círculo da Revista. Rezo pela alegria
e bom humor de cada um. O pior é quando alguém desaparece é bem
duro para . . . quem parte.”

E comenta as eleições acadêmicas em janeiro de 1902: “Quanta falta


me faz tudo isso. Não tenho outro desejo senão acabar o mais cedo possí-
vel a minha tarefa e recolher-me a Academia. Será o meu Pritaneu.”

E em 28 de agosto de 1905, a lembrança: “Que saudades meu caro


Machado, do nosso querido grupo (esse não é fechado), e cada um dos
seus íntimos do Garnier.”

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E Machado retribui na mesma moeda:


“A Academia vai continuar os seus trabalhos, agora mais assídua, des-
de que tem casa e móveis. Quando cá vier tomar um banho da pátria,
será recebido nela como merece de todos nós que lhe queremos.”

E com melancolia:

“Adeus, meu caro Nabuco, continue a lembrar-se de mim, onde quer


que o nosso lustre nacional pela a sua presença. Eu não esqueço o ami-
go que vi adolescente, e de quem ainda agora achei uma carta que me
avisava do dia em que devia fundar a Sociedade Abolicionista, na Rua
da Princesa. Lá se vão vinte e tantos anos! Era o princípio da campa-
nha vencida pouco depois com tanta glória e tão pacificamente.”

Das viagens pela Europa, são os cartões de lembrança. Agradece


Machado:

“Está V. em Roma, donde recebi o cartão postal com a galante lem-


brança dos “meus três cardeais” (Nabuco, Graça Aranha e Azeredo).
Três são para receberem a minha bênção, mas é de velho cura de al-
deia, e sinto não estar lá também, pisando a terra amassada de tan-
tos séculos de história do mundo. Eu, meu caro Nabuco, tenho ainda
aquele gesto da mocidade, à qual os poetas românticos ensinaram a
amar a Itália; amor platônico e remoto, já agora lembrança apenas.”

Em carta de 5 de janeiro de 1902 Machado relata a eleição do Afonso


Arinos:

“Recebi o seu voto na véspera da eleição, como o do Graça, e ambos


figuram na maioria dos 21 com que o candidato venceu. O Assis Brasil
também era candidato, mas na hora da eleição o Lúcio de Mendonça
retirou a candidatura, em nome dele, e daí algum debate, de que resul-
tou ficar assentado por lei regimental que as candidaturas só possam
ser retiradas por carta do autor até certo prazo antes da eleição. Note
que todos ficamos com pesar da retirada. Como V. lembra era melhor
que as duas eleições se fizessem no mesmo dia. Creio que assim a elei-
ção do Assis Brasil seria certa. O Martins Júnior teve dois votos, e pa-
rece que se apresenta outra vez. Também ouvi anteontem ao Valentim
Magalhães que o Assis Brasil pode ser que se apresente de novo.”

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Martins Júnior seria eleito nesse mesmo ano na vaga de Francisco


de Castro, que falecera sem tomar posse, o mesmo ocorrendo com o su-
cessor.

E acrescenta:

“agora mesmo estive relendo o seu discurso de entrada no Instituto,


como tenho relido o mais do volume dos ‘Escritos e discursos literá-
rios’ que V. me enviou, e naturalmente saboreando as suas belas pági-
nas, idéias e estilo, e recordando os assuntos que passaram pela nossa
vida ou pelo nosso tempo. Então vi que V. bem poderia responder ao
Arinos, que entrou para a Academia, como homem de letras; ambos
diriam do Eduardo Prado o que ele foi, com a elevação precisa e o
conhecimento exato da pessoa”.

Nabuco responde:

“Estou às suas ordens para escrever a resposta ao discurso do Arinos,


com algumas condições, porém. A primeira é que V. me dará tempo.
A segunda que o Arinos me mandará o que o Eduardo escreveu; tenho
tudo isso nos meus papéis e caixões, mas fora de mão. Não preciso a
coleção do ‘Comércio de S. Paulo’, mas os ‘Fastos’, a ‘Ilusão’, ‘An-
chieta’ as ‘Viagens’ (mesmo a título de empréstimo), e o que mais
notável tenham publicado os jornais dele, o artigo sobre o Eça, por
exemplo, conviria mandarem-me daí. A terceira é que o discurso do
Arinos me seja remetido, isso é óbvio, mas que depois dele corra o
meu prazo pelo menos de três meses. Aceitando V. e ele tudo isso, está
tomado o compromisso. Para mim trabalhos desses são uma distração
necessária dos meus estudos da questão.”

A escolha não se confirmava, Arinos seria recebido por Olavo Bilac


em 18 de setembro de 1902.

A sessão de posse de Oliveira Lima realizou-se em 7 de junho de


1902 no Gabinete Português de Leitura, fundado em 1837 por um grupo
de imigrantes portugueses e veio a se constituir no maior acervo de livros
portugueses fora do país.

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Joaquim Nabuco

A construção do edifício iniciou-se em 1880 com a presença do Im-


perador Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina, com o Imperador lan-
çando a pedra fundamental. A inauguração do prédio se deu em 1888 com
a presença da Princesa Isabel e do Conde D’Eu. Nabuco discursou em
ambas as ocasiões; ficou célebre a frase de um dos discursos: “As pedras
deste edifício parecem estrofes de Os Lusíadas”. Comentando a posse de
Oliveira Lima nesse local, Nabuco indagava: “É singular que a Academia
Brasileira de Letras precise de agasalho do Gabinete Português de Leitu-
ra. Nem nessa área a nossa independência literária?”

Em carta a Machado de outubro de 1904, Nabuco insiste na ideia dos


expoentes:

“A minha teoria, já lhe disse, devemos fazer entrar para a Academia


as superioridades do país. A Academia formou-se de homens na maior
parte novos, é preciso agora graduar o acesso. Os novos podem es-
perar; em vez de entrarem agora por simpatias pessoais ou por serem
de alguma coterie. A Marinha não está representada no nosso grêmio,
nem o Exército, nem o Clero, nem as Artes, é preciso introduzir as
notabilidades dessas vocações que também cultivem as letras. E as
grandes individualidades também. Assim o J. C. Rodrigues, o redator
do Novo Mundo, o chefe do Jornal do Comércio, que neste momento
está colecionando uma grande livraria relativa ao Brasil, e o nosso
Carvalho Monteiro de Lisboa? Com o Jaceguay entrava a glória para
a Academia. É verdade que ele nenhuma afinidade tinha com o Mar-
tins Júnior, mas a cadeira ainda está vaga – é a cadeira de Taunay e
patrono Otaviano, e desses dois o Jaceguay seria o substituto indicado
por eles mesmos.”

José Carlos Rodrigues é uma figura interessante, formou-se em di-


reito pela Faculdade de São Paulo e ainda como estudante preparou um
livro sobre direito constitucional que foi de grande valia na época. Oficial
de gabinete do ministro Zacarias na pasta da Fazenda, por circunstân-
cias desconhecidas radicou-se nos Estados Unidos onde durante dez anos
publicou o jornal Novo Mundo, cuja redação foi visitada em 1876 por
Pedro II. Retornando ao Brasil, destacou-se como homem de negócios e

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Alberto Venancio Filho

acumulou uma importante brasiliana que hoje se encontra na Biblioteca


Nacional.

Durante quinze anos foi diretor do Jornal do Commercio dando uma


feição nova ao jornal e acolhendo escritores como Euclides da Cunha e
Pontes de Miranda. Amigo íntimo de Nabuco e Rio Branco, foi em sua
residência que o Presidente Campo Salles convidou Nabuco para a arbi-
tragem da Guiana. Convertido ao protestantismo escreveu um livro sobre
as religiões acatólicas no Brasil.

Augusto Carvalho Monteiro era brasileiro, mas radicou-se em Portu-


gal. Formado em direito em Coimbra, pertencia à roda de intelectuais de
Guerra Junqueira, Gonçalves Crespo, Simões de Castro e outros. Possui-
dor de grande fortuna era chamado o Monteiro Milhões. Homem culto,
foi grande colecionador de raridades, tendo organizado um museu com
coleções de borboletas, conchas, mobílias e pratas. Conhecia a fundo o
latim, era camonista, possuía uma das coleções as mais completas, e cus-
teou várias edições de Os Lusíadas, provindo certamente desse interesse
as relações com Joaquim Nabuco.

Seguramente era melhor dispor a Academia Brasileira de um só pré-


dio, mas não é possível agora, e mais vale aceitar com prazer o que se nos
oferece e parece bom. Outra geração fará melhor.

E meses depois informou:

“A nossa Academia Brasileira tem já o seu aposento, como deve saber.


Não é separado, como quiséramos; faz parte de um grande edifício,
dado a diversos institutos. Um destes, a Academia de Medicina, já
tomou posse da parte que lhe cabe, e fez a sua inauguração em sala
que deve ser comum às sessões solenes. Não recebi ainda oficialmente
a nossa parte, espero-a por dias.”

O Diário registra em 17 de outubro de 1902, carta a Jaceguai:

“Quando a Academia?” Você sabe que terá o meu voto.”

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Joaquim Nabuco

A carta é a primeira sondagem pelo nome de Jaceguai. Eram amigos,


no Diário há várias outras referências a ele, estiveram juntos em Londres
quando da estada de Nabuco em 1882 e Jaceguai era adido naval, e Na-
buco frequentou mais de uma vez a fazenda de Jaceguai em Mogi das
Cruzes.

A insistência de Nabuco pela eleição de Jaceguai pode ser contrapos-


ta à polêmica mantida a respeito do livro “Balmaceda”. No livro Nabuco
acentua os pendores do Chile e a inaptidão do Brasil para a república. E
depois de várias considerações conclui que a República constituía ame-
aça à sobrevivência às liberdades públicas tão prudentemente cultivadas
pela sabedoria do Imperador.

Jaceguai, em carta publicada no Jornal do Commercio e depois in-


cluída em folheto com o título de “O dever do memento”, declara que a
monarquia foi uma planta artificial que só pode medrar enquanto vivificá-
la o estrume da escravidão e que é inconciliável com a tendência do povo
um regime como o monárquico fundado no privilégio. E apelava aos
monarquistas para que abandonassem ressentimentos ou incompreensões
para servirem ao regime que melhor se ajustava às condições do país. E
terminava com um apelo a Nabuco para que “viesse a ilustrar no regime
político do Brasil com esse nome venerado, com que vosso pai ilustra”.
E nutria a esperança de que Nabuco, transpondo os Andes, ainda vivesse
para ilustrar o novo regime político. O estudo (de Jaceguai), segundo Bar-
bosa Lima Sobrinho”, é admirável pela clareza da exposição, pelo vigor
da frase, pela profundeza e segurança do conceitos e revelava o escritor
até então não revelado; e para José Veríssimo:

“Lembra-me a surpresa admirativa com que os homens de letras le-


mos há uns cinco anos, a sua carta pública ao Sr. Joaquim Nabuco.
Todos reconheceram nesse marinheiro um publicista e um escritor de
raça, com todos os atributos que, cultivados, fazem os melhores.”

Nabuco responde com um opúsculo intitulado “O Dever dos Monar-


quistas”.

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Alberto Venancio Filho

“O dever dos monarquistas sinceros, mesmo quando a monarquia es-


tivesse morta, morreria politicamente com ele. Deseja que os monar-
quistas sinceros continuem fiéis ao regime a que serviram, e indagava
com razão, que influência tinham tido na República os monarquistas
que passaram e respondia que nenhuma. A influência, para os que res-
tavam, deveria ser moral, guardando fidelidade aos seus princípios e
ao seu passado. Talvez, essa atitude, melhor que qualquer outra, pu-
desse servir de freio ao novo regime, que ainda não superara a fase de
agitações e de desordens, consubstanciadas na ditadura militar.”

Em 18 de agosto de 1903 retoma a ideia dos expoentes:

“Meu voto é pelo Jaceguai, caso ele se tenha apresentado. Se o Quinti-


no se apresentar, será do Quintino, pela razão que dou na carta inclusa
quanto aos da velha geração. Não creio que o Jaceguai se apresente
contra o Quintino. Nesse caso V. explicaria a este o meu compromis-
so; a minha idéia sobre a representação da Madrinha, que mesmo a ele
não deve ceder o passo; a minha animação ao Mota dizendo-lhe que
desde a fundação eu pensei que homens como ele, Lafayette, Ferreira
Viana, Ramiz Galvão, Capistrano e os outros que V. sabe deviam ser
dos que têm a honra de ser presididos por Machado de Assis. (Vejo
que V. presidiu ao presidente no outro dia). Isto lhe devia ter causado
prazer. O discurso do Oliveira Lima esteve excelente; o que ele disse
menoscabando a diplomacia e a cozinha francesa, [as duas coisas de
que ele mais gosta, a terceira, V. sabe, é fazer livros], foi naturalmente
para a galeria. O Salvador manteve as tradições acadêmicas, não dei-
xando sem retribuição a boa moeda portuguesa, e manuelina hospita-
lidade portuguesa.

No caso de não haver candidatura Jaceguai, à qual eu daria o meu voto


no conclave, quando mesmo ele quisesse ter esse voto único (único
parece não seria, pelo que me disse o Graça Aranha), nem candidatura
Quintino...”

E se referindo a Quintino:

“Quintino, V. sabe, esteve sempre associado para mim com V.; segun-
do me lembro, o Castor e Pólux dos meus quatorze anos, por volta de
1863, e o brilho do talento dele foi muito grande. Como todas as que

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Joaquim Nabuco

se desindividualizam, ou despersonalizam, para se tornarem coisa pú-


blica, propriedade das massas, matéria demagógica, podemos dizer, o
diamante nele desapareceu no cascalho, e desde a República ainda não
lhe li uma página, nem sequer uma frase, que me lembrasse o antigo
escritor. Mas ainda assim, pelo seu passado, ele tem direito à nossa
homenagem, e não há dúvida que mesmo hoje lhe bastaria (sei que
isto lhe é impossível, mas só isto) sacudir os andrajos políticos para
mostrar o velho paladino intemerato, com aquele gládio arcanjelesco,
tão nosso conhecido. Ou estarei eu enganado?”

Machado escrevia em 17 de julho de 1903 a Azeredo sobre a suces-


são de Valentim Magalhães, mostrando discretamente a preferência por
Euclides da Cunha:

“Vamos ter eleição acadêmica em meados de setembro. Não quero


insinuar-lhe o voto, mas o candidato que parece reunir maioria é o Eu-
clides da Cunha, autor de ‘Os Sertões’. Estamos concentrados a votar
nele, começando por Rio Branco.”

Machado de Assis a Nabuco em 7 de outubro de 1903, manifesta


satisfação pela eleição de Euclides da Cunha:

“Já deve saber que o Euclides da Cunha foi escolhido, tendo o seu
voto que comuniquei à assembléia. Não se tendo apresentado o Ja-
ceguay nem o Quintino, o seu voto recaiu, como me disse, no Eucli-
des. Mandei a este a carta que V. lhe escreveu. A eleição foi objeto
de grande curiosidade, não só dos acadêmicos, mas de escritores e
ainda do público, a julgar pelas conversações que tive com algumas
pessoas. Mostrei ao Jaceguay a parte que lhe concernia na sua carta.
Espero que ele se apresente em outra vaga, não que me dissesse, mas
pela simpatia que sabe inspirar a nós todos, e terá aumentado com a
intervenção que V. francamente tomou.

No caso de não haver candidatura Quintino, nem Jaceguai, o meu voto


será pelo Euclides da Cunha, a quem peço que então V. faça chegar
a carta inclusa. Se o Jaceguai nos frequenta ainda, mostre-lhe o que
digo dele nessa carta ao Euclides. E “voto no autor de um livro sobre
Canudos que o Graça me diz ser notável.”

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Mais tarde transcreve carta a Graça Aranha:


“Quanto aos Sertões não pude (ler). Não é o caso somente de em-
pregar a expressão tão expressiva: Les arbres empêchent de voir la
forêt, aqui também a floresta impede de ver as árvores. É um imenso
cipoal. A pena do escritor parece-me mesmo um cipó dos mais rijos e
dos mais enroscados. Decerto talento há nele, e muito, mas o talento
quando não é acompanhado da ordem necessária para desenvolver e
apresentar, há alguma em mim que me faz fugir dele. Como lhe digo,
falta-me a compreensão do cipoal.”

Graça Aranha escrevia a Machado sobre as excursões na Europa com


a companhia de Nabuco:

“Machado de Assis era o companheiro imaginário dessas peregrina-


ções. Nabuco não o esquece nas suas visitas piedosas aos grandes
mortos da literatura; vai pela Europa escrevendo-lhe o nome em todos
os santos lugares dos escritores e ainda o faz na América do Norte,
quando visita a morada de Longfellow. Também em Paris o represen-
tou na missa do editor de ambos, de um dos sempre velhos Garnier.
Mas não o fez na missa do imperador. Nabuco, extremamente delica-
do, absteve-se de representá-lo e fazer o amigo ausente participar da-
quele tributo, pois ninguém sabia exatamente o conceito de Machado
de Assis sobre Pedro II. Se lhe prestou alguma homenagem seria a da
simples estima.”

Em correspondência a Rodrigo Otávio em fevereiro de 1903, pedia


notícias da Academia: “Ela é a nossa ‘muette’, como chamam em francês
a tropa.”

Machado informa:

“A recepção do Euclides não se fará ainda este ano. Já há dois elei-


tos que estão por tomar posse, o Augusto de Lima, de Minas Gerais,
e o Martins Júnior, de Pernambuco. Não é esta a razão; as entradas
se farão à medida que estiverem prontos os discursos, e é possível
que o Euclides se prepare desde já. Responder-lhe-á o Afonso Arinos.
A recepção deste foi muito brilhante; respondeu-lhe o Olavo Bilac”.
Designado no ano seguinte pelo Barão do Rio Branco para a chefia
da Missão de Reconhecimento do Alto Purus, Euclides parte para a

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Joaquim Nabuco

Amazônia e só se empossa em dezembro de 1906, recebido por Silvio


Romero.”

E Nabuco em longa carta de 8 de outubro de 1904:

“E a nova eleição? Não falo da eleição do futuro presidente (tratava-


se da eleição de Afonso Pena), da qual parece já se estar tratando aí,
mas da eleição do novo acadêmico. O Bandeira escreveu-me e eu teria
prazer em dar-lhe o meu voto, mas o meu voto é seu, V. aí é quem vota
por mim. Eu pensei que o Jaceguay desta vez se apresentaria. Ele,
porém, achou mais fácil passar Humaitá do que as baterias encobertas
do nosso reduto. Quais são essas baterias? A do Garnier lhe daria uma
salva de. . . quantos tiros? Onde estão as outras? Eu nada sei, mas se
ele for candidato, meu voto é dele, pela razão que fui eu quem lhe su-
geri o ano passado a idéia. V. terá uma carta minha dizendo que ele não
se apresentaria contra o Quintino. Não sei por que o Quintino não foi
membro fundador. E seguramente estranhei essa anomalia na Revista,
anomalia tanto maior quanto o nosso criador era grande entusiasta
do Quintino. Agora a entrada do Quintino não tem mais razão de ser,
porque pareceria que ele adquiriu título depois da fundação, quando o
tinha antes de quase todos os fundadores. A exclusão dele é pois um
fato consumado, como seria a do Ferreira de Araújo, se vivesse, como
é a do Ramiz, a do Capistrano, que não quiseram. Se o Quintino não
recusou, supõe-se que recusou, fica assentado que recusou. Podemos
declará-lo; não podemos confessar que o esquecemos. Se entretanto
ele se apresentar, julgo melhor esperar outra vaga para a combinação
e eleger dois ao mesmo tempo. Eu acho bom dilatar sempre o prazo
das eleições, porque no intervalo ou morre algum dos candidatos mais
difíceis de preterir, ou há outra vaga.”

Nabuco se preocupava com a solidão de Machado. E de Londres


escrevera a 8 de dezembro de 1904 a Rodrigo Otávio:

“Ele precisa mais do que nunca da simpatia, interesse e solicitude dos


seus súditos, e realmente penso que lhe devíamos demonstrar a nossa
admiração, oferecendo-lhe um testemunho qualquer, sem esperar pelo
seu jubileu de escritor, o qual aliás deve estar próximo.”

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Alberto Venancio Filho

Novas notícias de Machado em 24 de junho de 1905:


“Nós cá vamos andando. A Academia elegeu o seu escolhido, o Souza
Bandeira, que talvez seja recebido em julho ou agosto, respondendo-
lhe o Graça Aranha. A cerimônia será na casa nova e própria, entre os
móveis que o ministro do Interior, o Seabra, mandou dar-nos. Vamos
ter eleição nova para a vaga do Patrocínio. Até agora só há dois candi-
datos, o padre Severiano de Rezende e o Domingos Olímpio.”

Ainda não se apresentara Mário de Alencar, que às instâncias de Ma-


chado só se inscreveu no último dia.

E tratando da vaga de José do Patrocínio em 30 de setembro do mes-


mo ano:

“A carta dá-me a indicação do seu voto no Jaceguai para a vaga do


Patrocínio. O Jaceguai merece bem a escolha da Academia, mas ele
não se apresentou, e, segundo lhe ouvi, não quer apresentar-se. Creio
até que lhe escreveu nesse sentido. Ignoro a razão, e aliás concordo em
que ele deve fazer parte do nosso grêmio.”

Machado a Nabuco em 30 de novembro de 1905:

“O Arthur Orlando também não se apresentou. Os candidatos são os


que já sabe, o padre Severiano de Rezende, o Domingos Olímpio e
o Mário de Alencar; provavelmente os três lhe haverão escrito já. A
eleição é na segunda quinzena de outubro, creio que no último dia”.
Registre-se que empenhado na eleição de Mário de Alencar, Machado
não faz nenhum comentário a respeito.

A eleição de Mário de Alencar, apadrinhado por Machado de Assis,


e no momento sem obra expressiva, foi uma das mais controvertidas,
mas Mário de Alencar veio a se tornar um grande acadêmico. Me-
deiros e Albuquerque diria “que sua eleição foi, porém, o primeiro
escândalo acadêmico, porque o concorrente de Mário de Alencar era
Domingos Olímpio, cujo romance Luzia Homem, bastava para fazê-lo
muito superior”. E acrescentava: “Mas quem podia recusar a Macha-
do?”

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Joaquim Nabuco

E Nabuco justificava: “Votei pela divida em que estava com o pai


por o ter atacado, quando jovem, com tanta falta de veneração...”. “De-
pois sabe que desejo agradar Machado, pai do cenáculo”. Nabuco se re-
fere à polêmica que mantivera em 1875 com José de Alencar no jornal O
Globo, quando tinha apenas vinte e seis anos. Alencar com quarenta e
seis anos já se destacara com expressiva bagagem literária. A polêmica
se inicia quando Alencar protesta contra o público que deixara de assistir
à encenação de sua peça O Jesuíta. Certamente Nabuco deve ter visto a
oportunidade de se projetar, e no curso do debate vários temas são aflo-
rados como o problema da linguagem, o debate sobre o lugar da cultura
africana e do escravo e liberto na sociedade brasileira. Alencar mostra
que sua obra não é imitação de nenhuma estrangeira. A argumentação
de Nabuco tinha aspectos contraditórios e já se assinalou que empregava
“chicanas de advogado”.

E na proximidade da eleição, informa Machado:

“Há tempo para vir o seu voto, e estou pronto a recebê-lo; se quiser
que eu escreva a cédula, Possi ser seu secretário. Basta indicar o nome.”

Com a vaga da cadeira de José do Patrocínio, Nabuco escreve em 28


de julho de 1905 a Arthur Orlando, certamente por ter recebido alguma
consulta e insiste no nome de Jaceguai.

“O meu voto para a vaga do J. do Patrocínio na Academia Brasileira


é do Jaceguai. Penso que a Marinha deve estar representada no nosso
grêmio desde que possui um escritor como aquele. Assim teremos lá
também a glória das armas. Ele, porém, que atravessou sem temer as
baterias lendárias de Humaitá, tem medo de passar as da Academia.
Nesse caso o meu voto seria para Arthur Orlando, este se quisesse
tentar a campanha, auxiliado por outros amigos. Isto mesmo escrevo
ao Machado de Assis.”

E indagava a Arthur Orlando:

“Não sabia da existência da Academia Pernambucana de Letras e


quisera saber se os seus Estatutos vedam apresentar a ela a minha

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Alberto Venancio Filho

candidatura. Esse é o torrão sagrado, e agora tudo que se refere à sua


história é objeto do meu culto filial.”

E referindo-se a eleição para a vaga de José do Patrocínio, escreve


Nabuco:

“Seria lastimável se as candidaturas as mais brilhantes que em nosso


país possam surgir, como essas, recuarem diante de qualquer suspeita
de haver na Academia grupos formados e fechados. Devemos torná-la
nacional.”

E num travo de melancolia:

“Que saudades, meu caro Machado, do nosso querido grupo (esse


não é fechado) e de cada um dos seus íntimos do Garnier! Dê-lhes um
apertado abraço por mim.”

Machado posteriormente trata de outros assuntos e volta ao tema das


candidaturas, e se permite um comentário discreto:

“Na Academia não há nem deve haver grupos fechados.”

E comentando a recusa de Jaceguai:

“Não compreendo que ele que não teve medo de passar Humaitá o
tenha que atravessar a praia da Lapa.”

Na vaga de Patrocínio seria eleito Mário de Alencar em rumorosa


eleição.

E quando da vaga de Pedro Rabelo, preenchida por Heráclito Graça,


escreve Nabuco demonstrando impaciência:

“Vejam como vão preencher a vaga da Academia. Desta vez eu votarei


somente no Jaceguai e, se ele não for candidato, em ninguém. Penso
que a Marinha deve entrar para o nosso grêmio. É falta de imagina-
ção nacional não construí-lo assim. Devemos todos desprender-nos
de preocupações pessoais. Os moços podem esperar. Eu quisera ver o

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Joaquim Nabuco

Jaceguai apresentar-se ainda que para ser derrotado. Queira fazer-lhe


constar a minha fidelidade e o meu voto.”

Em 29 de outubro de 1906 ocorre o falecimento de Franklin Dória.


Nabuco volta à presença do conterrâneo:

“Meu caro Dr. Arthur Orlando,

Creio que fui eu quem primeiro lhe falou da Academia. Desejo vê-
lo lá por seu talento e superioridade e também por ser Pernambuca-
no, mais um Pernambucano. Sabe que sempre fomos muito clannish.
Como lhe disse, porém, eu tinha que dar precedência ao Jaceguay por
me ter batido muito pela representação da nossa Marinha na Acade-
mia. Esqueceu-me dizer-lhe que tinha tomado há alguns anos, com o
Machado, o compromisso de votar pelo Assis Brasil, se ele se apre-
sentasse de novo. Agora dizem-me do Rio que tratam da candidatura
dele. Neste caso o meu compromisso com ele é anterior, mas o melhor
seria esperar-se por outra vaga para os elegerem juntos, se os seus
partidários são como creio os mesmos dele.

Deixe-me dizer-lhe, o Sr. é já da Academia na opinião do país, isto é,


figura entre os 40 (podemos tomar um algarismo muito menor) mais
notáveis espíritos do nosso tempo para todos; para alguns, como eu,
figura entre os primeiros dez. O meu voto será seu, não havendo, po-
rém, a competição do Assis Brasil, de quem não cogitei ao falar-lhe,
por me haverem dito que ele havia desistido de todo depois das duas
non-réussites.”

E alertando para os azares das campanhas eleitorais:

“Faz-me honra insistir, porque as nossas eleições dependem muito de


compromissos pessoais e não juízos sobre o merecimento e o valor
relativo dos competidores. Nem em uma academia há que atender so-
mente ao valor literário ou intelectual, há também atender à represen-
tação das classes, por isso me interesso pela da Marinha, se não temos
o Exército, mas falta-nos o clero. É preciso não darmos a entender que
falta intelectualidade a nenhuma das grandes vocações entre nós. O
Sr. em todo caso não pode ser diminuído e não deve aborrecer-se não
entrando da primeira vez.”

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Alberto Venancio Filho

Tratando da vaga, Nabuco escreve a Machado:


“O meu voto é pelo Dr. Arthur Orlando se ele for o único candidato
e, tendo competidores, ainda é dele exceto se os competidores forem
o Assis Brasil e o Jaceguay, que têm compromisso meu anterior em
cartas escritas a você mesmo. Queira portanto votar por mim, confor-
me estas instruções. Não me deixe o Dr. Orlando naufragar em uma
combinação que lhe garanta a eleição para a futura vaga. Um homem
como ele pode ser vencido numa eleição acadêmica, não pode, porém,
ser derrotado sem pesar para os eleitores. A nossa balança é de pesar
ouro somente. Ele mesmo, estou certo, não se aborreceria de ser se-
gunda escolha em competição com o Dr. Assis Brasil, que já teve uma,
ou duas, non réussites.”

Machado a Nabuco em 6 de dezembro de 1904:

“Indo à carta anterior, dir-lhe-ei que a inscrição para a Academia


terminou a 30 de novembro, e os candidatos são o Osório Duque-
Estrada, o Vicente de Carvalho e o Souza Bandeira. A candidatura
do Jaceguay não apareceu; tive mesmo ocasião de ouvir a este que
se não apresentaria. Quanto ao Quintino, não falou a ninguém. A sua
teoria das superioridades é boa; os nomes citados são dignos, eles é
que parecem recuar. Estou de acordo com o que V. me escreve acerca
de Assis Brasil, mas também este não se apresentou. A eleição, entre
os inscritos, tem de ser feita na primeira quinzena de fevereiro. Estou
pronto a servir a V., como guarda da consciência literária, por mais
bisonho que possa ser. Há tempo para receber as suas ordens e a sua
cédula.

Eu desejava-lhe, entretanto, uma vaga que lhe permitisse falar de Per-


nambuco largamente, mas teria que escolher entre mim e o Oliveira
Lima e nenhum dos dois ele podia preferir ao outro. Em todo caso
alguém mais da Filosofia que o Dória. Mas é odioso esperar vagas
determinadas.”

Machado responde:

“Dei conta aos colegas da Academia de seu voto na vaga do Loreto em


favor do Arthur Orlando. Para tudo dizer dei notícia também do voto
que daria ao Assis Brasil ou ao Jaceguay. A este contei também o texto

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Joaquim Nabuco

da sua carta, e instei com ele para que se apresente candidato na vaga
do Teixeira de Melo (a outra está encerrada e esta foi aberta), mas in-
sistiu em recusar. A razão é não ser homem de letras. Citei-lhe, ainda
uma vez, o seu modo de ver que outrora me foi dito, já verbalmente,
já por carta; apesar de tudo, declarou que não. Quanto ao Assis Brasil,
foi instado pelo Euclides da Cunha e recusou também. A carta dele
que Euclides me leu parece-me mostrar que o Assis Brasil estimaria
ser acadêmico; não obstante, recusa sempre; creio que por causa da
non réussite. Sinto isto muito, meu querido Nabuco.

As eleições desde logo constituíram a vida da Academia. Graça Ara-


nha atesta que: “nada interessa tanto à vida acadêmica como uma elei-
ção. Parece que aqueles homens, escapos da política mas guardando
fielmente o espírito eleitoral do brasileiro, desforram-se em eleger
confrades, exercendo uma função considerada um privilégio, quando
raramente votam fora da Academia, mesmo para escolher o Presidente
da República. Na Academia o sentimento eleitoral é o mais ativo de
todos, e a Academia Brasileira, graças ao seu quociente de mortos,
jamais foi uma Academia morta. Os abençoados mortos deram-lhe a
mais preciosa das vidas – a vida eleitoral.”

E comenta a atuação de Machado como Presidente:

“A Academia é uma obsessão para Machado de Assis. O seu gênio


torna-se eleitoral. É curioso ver o céptico combinar sucessões, imagi-
nar o “quadro” acadêmico. E tudo com a maior sutileza, sem violên-
cia, sem impor os seus desejos. Os amigos, porém, adivinharam-nos
e esforçam-se em servir ao presidente e ao mestre. Ausente, Joaquim
Nabuco toma parte em todas as combinações e é eleitor firme de Ma-
chado de Assis. Se por acaso este se demora em informar o que vai
pela Academia, é Nabuco quem o interroga. Assim, os dois inspirado-
res da Academia vão lhe dando o sopro de vida e completando a sua
organização, que se opera lentamente, como convém a uma “igreja”
que viverá pelos séculos dos séculos...”

Em 10 de agosto de 1905 é empossado Souza Bandeira, recebido por


Graça Aranha, e se inaugura a nova sede no Silogeu Brasileiro.

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Alberto Venancio Filho

E Machado sobre a recepção de Souza Bandeira:


“A recepção do Bandeira esteve brilhante. Lá verá o excelente discur-
so do novo acadêmico. Respondendo-lhe, o Graça mostrou-se pensa-
dor, farto de idéias, expressas em forma animada e rica”. E com uma
ponta de orgulho: “A Academia está, enfim, aposentada e alfaiada;
resta-lhe viver.”

Depois da posse Graça Aranha faz oferecimento a Machado de Assis


de um ramo de carvalho de Tasso enviado por Nabuco. Tratava-se da
velha árvore do poeta de Jerusalém Libertada, conservado como preciosa
relíquia no mosteiro de Santo Onofre nos arredores de Roma. O ramo
vinha com autenticação do síndico da cidade. O gesto faz lembrar refe-
rência anterior:
“Eu ainda guardo de sua primeira viagem a Roma algumas relíquias
que V. me deu aqui – um pedaço dos muros primitivos da cidade,
outros dos restos da termas de Caracaia. Agora basta que eu ouça de
longe o eco de suas vitórias diplomáticas e V. de nossos aplausos e
saudações.”

Graça Aranha comenta:

“Durante a sua viuvez Machado de Assis, refugiado na Academia,


tivera um instante de desvanecimento e este lhe foi proporcionado pela
delicadeza imaginativa de Joaquim Nabuco.”

Graça Aranha escreve a Nabuco logo após receber a oferenda:

“Por cima estava o endereço com a sua letra! Então, tive a ânsia de
conhecer o mistério. Abri-a. Era a Poesia. . . Como a sua alma é gran-
de, jovem e terna! Tive uma delicada e rara emoção naquele momento
diante daquele ramo de carvalho que traduz a agonia de um poeta e
me era mandado por outro poeta”. Poderia acrescentar – “e que se
destinava a outro poeta.”

Sugeria Nabuco que a Academia oferecesse o ramo a Machado de


Assis, mas deixava a critério de Graça Aranha fazer a apresentação, pois
“ninguém sabe dizer-lhe tão bem como o Sr. o que ele gosta de ouvir e de

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Joaquim Nabuco

ninguém, estou certo, ele consideraria vassalagem tão honrosa para seu
nome.

E terminaria com frase antológica: “Devemos tratá-lo com o carinho


e a veneração com que no Oriente tratam as caravanas a palmeira solitária
do oásis”.

Graça Aranha discursa entregando o ramo:

“Uma tarde de primavera, quando, num cenário de cores maravilho-


sas, esvoaçam espectros que vem da História, um viajante cheio do
recolhimento que as coisas eternas inspiram sob o Janículo, para em
frente a um mosteiro e, tendo Roma aos pés, perde-se na contempla-
ção de uma árvore... Uma bela árvore é um dos grandes poemas da
vida, o esplendor e a glória da forma e do amor que, rasgando a terra,
se agiganta, postada em face do sol num gesto de resignação e aga-
salho, fantasma imóvel, solitário, respirando, carpindo e abrindo-se
em frutos. Aquela árvore no convento de Santo Onofre, no Janículo,
é mais que tudo isto. É o carvalho de Tasso. As suas raízes longín-
quas mergulham nas lágrimas de um gênio. Aquela hora de agonia
universal, quando a melancolia revela os mistérios, e tudo se esvai
da realidade e se diviniza em símbolos, Joaquim Nabuco, que era o
viajante iluminado, pensa em colher um ramo da árvore da poesia e do
infortúnio. E como não pode haver mais significativo tributo à glória
de um homem, ele pede à Academia que ofereça a Machado de Assis
esta relíquia piedosa.”

Duas poesias são declamadas na cerimônia: “O Carvalho de Zeus”


por Alberto de Oliveira e “A Véspera do Capitólio” por Salvador de Men-
donça.

A iniciativa muito sensibilizou Machado que logo agradeceu a Na-


buco:

“Escrevo algumas horas depois do seu ato de grande amigo. Em qual-


quer quadra da minha vida ele me comoveria profundamente; nesta
em que vou a comoção foi muito maior. Você deu bem a entender, com
a arte fina e substanciosa do seu estilo, a palmeira solitária a que vinha
o galho do poeta. O que a Academia, a seu conselho, me fez ontem

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Alberto Venancio Filho

basta de sobra a compensar os esforços da minha vida inteira; eu lhe


agradeço haver-se lembrado de mim tão longe e tão generosamente.
O Graça desempenhou a incumbência com as boas palavras que V.
receberá. Antes dele o Rodrigo Otávio leu a sua carta diante da sala
cheia e curiosa. Ao Graça seguiram com versos de amigo o Alberto de
Oliveira e o Salvador de Mendonça.”

Conhece-se assim, pelo próprio homenageado, o teor da festa. Ma-


chado comenta com Azeredo: “Não respondi nada; não tanto porque me
falta o dom da palavra e do improviso, como porque a minha comoção era
grande.” Estava profundamente sensibilizado.

Prova disso é que, mais de três meses depois, ele torna ao assunto,
em carta para Roma:
“É verdade, meu querido amigo, os colegas da Academia entenderam
mostrar por um modo expressivo que me querem, e o fizeram com
tal arte e tão boa maneira que aumentaram de muito a gratidão que já
lhes tinha.”

A resposta de Machado a Oliveira Lima, que se manifestara a respei-


to, também é expressiva:

“Meu prezado amigo. Recebi e cordialmente lhe agradeço o cartão


postal de 16 de setembro, em que junta as suas finezas às que os ami-
gos da nossa Academia me fizeram. Faltava a sua palavra para com-
pletar a bondade de todos. No ponto da vida a que cheguei, e no meio
da grande solidão moral em que vivo, os favores literários são ainda
a melhor consolação e o mais forte esteio. Naquela noite não agra-
deci de palavra o que me fizeram e disseram, não só porque nunca
me coube improvisar nada, e apenas sei ler atado e mal, mas ainda
porque não poderia falar, se soubesse, tal foi a minha comoção. Em
verdade, a manifestação foi calorosa, as vozes que me falaram amigas
e verdadeiras, daqui e de fora, novas e velhas. Além disso, a falta da
minha pobre esposa, que sentiria grande alegria, como sempre teve em
tudo o que era benevolência para mim, fez crescer a minha comoção.
Tive de ficar calado, mas todos me compreenderam e me perdoaram
o silêncio.”

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Joaquim Nabuco

Magalhães de Azeredo se queixa por não ter sido intermediário ou


participante da oferta e Nabuco lhe explica:

“Quanto à sua queixa, não preciso dizer o prazer com que a li. É sem-
pre um prazer ver que você aprecia desse modo a minha afeição. Per-
dôo-lhe as injustiças por causa do amor. Mas eu sou inocente, como o
seu coração, e, se não o seu, como o que bate ao lado dele lhe terá feito
sentir. Em primeiro lugar, esse ramo do carvalho de Tasso não foi tra-
zido por mim de Roma; foi-me mandado pelo Barros Moreira, a quem
o pedi, para substituir outro que eu de lá trouxera em 1888. Depois é
que me veio a idéia de o mandar ao Machado, mas nunca imaginei tal
festa, nem que me publicassem a carta. Tudo foi para mim uma grande
surpresa. A amabilidade que eu disse ao Graça Aranha lhe teria dito,
se você estivesse lá e ele ausente. Eu sei que o Machado o admira e
estremece e que sua saudação a ele seria inimitável, e romana, a que
o Tasso mesmo faria.”

Nessa ocasião um grupo de amigos incumbiu o pintor Henrique Ber-


nardelli, que fizera há pouco o retrato de Arthur Napoleão, de retratar Ma-
chado. E o pintor pôs no quadro a figura do lendário carvalho. Machado
a Nabuco:
“O artista, para perpetuar a sua generosa lembrança, copiou na tela,
sobre uns livros, o galho do carvalho de Tasso. O próprio galho, com
a sua carta ao Graça, já os tenho na minha sala, em caixa, abaixo do
retrato que você me mandou de Londres o ano passado. Não falta
nada, a não ser os olhos da minha velha e boa esposa que, tanto como
eu, seria agradecida a esta dupla lembrança do amigo.”

Quando da subscrição para o retrato de Bernardelli, Nabuco escreve


a Rodrigo Otávio em 17 de agosto de 1905:

“Muito prazer deu-me há dias a sua carta relativa à Academia e ao


Machado. Peço ao Banco do Comércio que lhe entregue 200$000. É
a minha modesta contribuição para o retrato do nosso grande escritor
nacional.”

Passados três anos Machado escreve a Mário de Alencar:

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Alberto Venancio Filho

“Uma das melhores relíquias da minha vida literária é aquele galho


do carvalho de Tasso que Joaquim Nabuco me mandou há três anos,
por intermédio do Graça Aranha, e este me entregou em sessão da
nossa Academia Brasileira. O galho, a carta ao Graça e o documen-
to que os acompanhou conservo-os na mesma caixa, em minha sala.
Perguntei-lhe há tempos se queria dar destino a essa relíquia, quando
eu falecesse: agora renovo a pergunta. Talvez a Academia consista em
recolher o galho como lembrança de três de seus membros e da sua
própria bondade em se reunir para completar o obséquio de Nabuco e
de Graça Aranha. Peço-lhe também que se incumba de o saber opor-
tunamente. Caso não deva ali ser guardado, estou que haverá em sua
casa algum recanto correspondente ao que sei possuir em seu coração,
e onde ele possa recordar-lhe a saudade de um velho amigo desapa-
recido.”

E Mário de Alencar responde a Machado: “Se vier porém o que eu


não desejo, farei o que a sua bondade me incumbe, e a Academia receberá
por meu intermédio o legado honroso.”

E em carta a Nabuco:

“Escrevo ao Mário de Alencar pedindo-lhe que venha à minha casa,


quando eu morrer, e leve aquele galho de carvalho de Tasso que você
me mandou e o Graça me entregou em sessão da Academia. A caixa
em que está com o documento que o autentica e a sua carta ao Graça
peço ao Mário que os transmita à Academia, a fim de que esta os con-
serve, como lembrança de nós três, você, o Graça e eu.”

Hoje, tal como desejava, o galho está entre as relíquias da Acade-


mia.

E falando das atividades da Academia em 14 de maio de 1907:

“Estas são as notícias eleitorais. Dos trabalhos acadêmicos já há de


ter notícia que, por proposta do Medeiros, estamos discutindo se con-
vém proceder à reforma da ortografia. Ao projeto deste (tendente ao
fonetismo) opõe-se logo o Salvador de Mendonça, que apresentou um
contraprojeto assinado por ele e pelo Rui Barbosa, Mário de Alencar,
Sílvio Romero, Euclides da Cunha, Lúcio de Mendonça. Este propõe

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Joaquim Nabuco

que a Academia cuide de organizar um dicionário etimológico, fazen-


do algumas emendas segundo regras que indica. O João Ribeiro opõe-
se ao contraprojeto, e as nossas três sessões têm sido interessantes e
são acompanhadas na imprensa e no público.”

E novamente o nome de Jaceguai:

“Como para a vaga do Barão de Loreto só concorreu o Dr. Arthur Or-


lando, o meu voto prometido a ele sob condição de não ser o Jaceguai,
nem o Assis Brasil candidato, é dele ipso facto. Sob a mesma condição
dou o meu voto na eleição para a vaga do Dr. Teixeira de Melo ao
Paulo Barreto. Concorrendo ou o Jaceguai ou o Assis Brasil, o meu
voto será do que concorrer. Concorrendo os dois, do Jaceguai. Terei
sido quem o animou a apresentar-se e tenho sempre sustentado que
a Marinha falta na nossa Academia (assim como o Exército, mas no
Exército não sei de escritor igual ao nosso Jurien de La Gravière), por
isso votarei no Jaceguai por mais que me custe não poder dar também
o meu voto ao meu colega Assis Brasil. Queira V. votar por mim de
acordo com estas instruções.”

Jurien de La Gravière foi um almirante da marinha francesa, ajudan-


te de ordens de Napoleão III. Colaborador da Revue dês Deux Mondes,
publicou obras sobre a Marinha. Foi eleito para a Academia Francesa em
26 de janeiro de 1888 substituindo o Barão Charles de Viei-Castel.

Afinal, três anos depois Jaceguai se candidatava. E Nabuco se ale-


gra:
“Acabo de receber uma carta do Machado dizendo que Jaceguay afi-
nal cedeu à minha instância e que se apresenta candidato na vaga do
Teixeira de Melo. Estou certo de que ele terá o voto do Rui e conto que
também tenha o seu. Para mim a eleição dele será um grande prazer. O
Rui pode telegrafar os dois votos de Haia.”

No discurso de posse, Jaceguai não se refere ao antecessor Teixeira


de Melo. Explica “diante deste último nome sou forçado a calar-me, des-
toando talvez das praxes acadêmicas. Revelar-se-á porém a singularidade,
ante a minha confissão, ingênua talvez, de não haver conhecido o homem

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Alberto Venancio Filho

nem a sua obra. A minha abstenção neste caso, creio ser a maior homena-
gem que prestar possa à sua ilustre memória. Não seria digno dela, nem
de mim mesmo, ler apressadamente as produções para vir aqui fazer delas
e do autor um panegírico convencional”. Certamente Jaceguai teria con-
dições de fazer o elogio do antecessor e as explicações para o fato foram
sugeridas por ter Teixeira de Melo no livro “Efemérides Nacionais”, ao
tratar da passagem de Humaitá, citado o nome do comandante da divi-
são Delfim Carlos de Carvalho, depois barão da Passagem, e omitindo o
nome de Jaceguai, Comandante do navio Barroso.

Em janeiro de 1908, escrevendo a Nabuco Machado comenta as últi-


mas recepções na Academia – a de Arthur Orlando saudado por Oliveira
Lima, sem a presença do Presidente Afonso Pena, que, doente se fizera re-
presentar, e a de Augusto de Lima, recebido por Medeiros e Albuquerque.
Dizia: “Enfim, a Academia vai sendo aceita, estimada e amada. Quando
V. tornar de vez à nossa terra, cá terá o lugar que com tanto brilho ocupou
e é seu naquela casa. O que não sei é se ainda me achará neste mundo;
revele-me esta linha de rabugice, é natural aos 69 anos.”

A saudade da Academia e do país acabrunhava Nabuco:

“Mais que saudade da nossa Academia e da Revista de que ela nasceu!


É uma grande provação viver longe dos amigos, em terra estranha,
como estrangeiro. Sobretudo acabar assim. Mas espero voltar ainda
antes da morte. E então os meus 60 futuros procurarão acompanhar os
seus futuros 70 até ao fim das respectivas casas. Oxalá!”

Aproximava-se o fim. Um ano antes da morte de Machado, Nabuco


escreve sobre as conferências em universidades norte-americanas e Ma-
chado comenta:

“Muito lhe agradeço suas boas palavras sobre as minhas conferên-


cias de Yale. A 28 de agosto devo estar em Chicago, já lhe disse. Aqui
levo uma vida de peregrino, de universidade em universidade.”

As conferências pronunciadas nas universidades norte-americanas


mantêm a mesma linha de pensamento dos dois discursos no Gabinete

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Joaquim Nabuco

Português de Leitura na década de 80, mas divergem a meu ver das consi-
derações expendidas no discurso de inauguração da Academia.

No primeiro desses discursos, afirmava:


“Quanto ao poema, deixai-me dize-lo, ele nos pertence também um
pouco. Quero esquecer a língua portuguesa que nos é comum e a su-
cessão legítima que nos faz tão bons herdeiros dos contemporâneos
de Camões, e do velo Portugal dos Lusíadas, como os Portugueses do
século XIX. Tomarei somente a obra de arte.

Qual é a idéia dos Lusíadas, se eles não são o poema das descobertas
marítimas e da expansão territorial da raça portuguesa? O descobri-
mento do Brasil não fará parte desse conjunto histórico?”

Nas conferências que pronunciou em universidades americanas so-


bre Camões:

O que está também presente é a exaltação da obra do poeta como


representante da língua portuguesa. Assim falando na Universidade de
Yale sobre O Lugar de Camões na Literatura ela avança para a influência
na cultura espanhola: “O nome (Os Lusíadas), só por si, era um toque de
reunir para a nacionalidade. A obra prima de Camões”.

E reforçando a ideia:
“Esta a primeira impressão dos Lusíadas: o culto da pátria. A obra foi
planejada para ser um monumento nacional, cujas estátuas ou meda-
lhões fossem as figuras da história portuguesa; as batalhas portugue-
sas, seus vastos frescos, a viagem à Índia, o friso que o circunda; os
mares e terras descobertos, seu pavimento de mosaico.”

No Diário de Nabuco, em 23 de fevereiro de 1909, há referência


curiosa: “Escrevo ao general Dantas Barreto que resolvi não votar mais
para a Academia enquanto durar minha ausência.”

Mas nesse último ano de vida a Academia continuava objeto de


preocupações de Machado. Escrevendo a Nabuco em 8 de maio diria:
“A Academia conclui as férias e vai recomeçar a publicação da Revista.

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Alberto Venancio Filho

Nesta daremos os escritos originais que pudermos, alguns inéditos e o


Boletim.”

Mas anos depois o clima de cordialidade parece esmaecer. No Diário


em 20 de junho de 1908 há referência à carta a José Veríssimo em que ele
conclui: “Sinto ver que em nossa Academia não reina a cordialidade da
Revista (Brasileira). Este foi o bom tempo do qual levo saudades. Muito
sentiria o seu rompimento com o João Ribeiro.” E assina: “Velho cama-
rada da Revista.”

Um dia antes da morte de Machado, Nabuco escrevia a Graça Ara-


nha, preocupado com a saúde do amigo:
“O estado do Machado causa-me verdadeira consternação. Como pas-
saremos sem ele? Cada ano reduz-se o círculo das afeições e das ad-
mirações dos que entram na velhice. Esta tem certo pudor em contrair
amizades novas, em criar novos cultos pessoais. Os moços, como o Sr.,
ainda tem muito que ver, muito com quem se ligar, e a natureza lhes
renova as afeições ao passo que as vão perdendo. É muito diferente
aos 60 e deve ser terrível mais tarde. Deus lhe dê um declínio curto e
um fim suave, se ele começou a entrar na decadência. Mas também a
quanta ternura, a quanto carinho de nossa parte essa não obriga!”

E carta de Nabuco a Machado de 3 de setembro de 1908, escrita após


a morte de Machado:

“V. fechou-se nos seus hábitos como a tartaruga na concha, mas ao


contrário dela não carrega consigo a sua casa. Se não fosse assim eu
lhe aconselhava que se mudasse para perto do Graça. Receio que V.,
só, esteja vendo gente triste e cultivando a amizade de velhos, em vez
de tomar um banho de mocidade prolongado e constante.

Quanto ao seu livro “Memorial de Aires” li-o letra por letra com ver-
dadeira delícia por ser mais um retrato de V. mesmo, dos seus gostos,
da sua maneira de tomar a vida e de considerar tudo. É um livro que
dá saudade de V., mas também que a mata. E que frescura de espírito!
É o caso de recomendar-lhe de novo a companhia dos moços, mas
íntima, em casa. V. perece sentir isto com o Tristão e com o Mário de
Alencar. Mas o benefício de infiltrar mocidade não seria para V. só,

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Joaquim Nabuco

seria também para eles. V. é a mocidade perpétua cercada de todas


essas afetações de velhice.

Não se lembre dos 70 e terá 40. Somente não me acostumo à ortogra-


fia. Creio que lhe terá custado reconhecer-se na nova.”

No mês da morte, em 1o de agosto, em última carta Machado falava


ao amigo:

“A Academia vai andando; fazemos sessão aos sábados, nem sem-


pre e com poucos (vinte sessões e uma média de seis acadêmicos. A
sua ideia relativamente ao José Carlos Rodrigues é boa. Falei dela
ao Graça e ao Veríssimo, que concordam; mas o Graça pensa que é
melhor consultar primeiro o José Carlos; parece-lhe que ele pode não
querer; se quiser parece fácil. Não há vaga, mas quem sabe se não a
darei eu?”

Veríssimo descreve a Nabuco os últimos dias de Machado:

“Na manhã do dia anterior, estando eu com ele no quartinho do pavi-


mento térreo da casa em que padeceu e faleceu, ele sempre com a ideia
da morte presente, disse-me:

– Veríssimo, você mande contar este desfecho aos amigos que estão
fora – e nomeou-o, Sr. Nabuco, em primeiro lugar.

Uma das suas últimas alegrias, ainda claramente manifestada, foi ou-
vir de Graça Aranha a leitura da sua carta sobre o ‘Memorial de Aires’.
Ainda falou do Sr. com o carinho de sempre, ouvindo as suas palavras
depois.”

E da morte:

“O seu enterro foi um triunfo e jamais no Brasil um puro intelectual,


um escritor, morrendo, despertou na alma nacional tal comoção. Não
preciso dizer-lhe que o Sr. esteve sempre presente no nosso espírito
nestes momentos angustiosos. Todos tínhamos o mesmo sentimento:
do abalo e do pesar que a morte do Machado lhe ia causar, e todos

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Alberto Venancio Filho

sentíamos a sua ausência da nossa família literária neste momento do-


loroso, e de uma grande saudade sua.”

A morte de Machado é comentada no diário de Nabuco: Recebo esta


tarde telegrama do Rio Branco: “Faleceu hoje Machado de Assis.” Ontem
eu havia escrito ao Graça sobre ele. Bom amigo. Telegrafo ao Rio Branco.
“O Brasil perde sua maior glória literária, nós amigo querido.”

Com a morte de Machado Nabuco escreve a Graça Aranha:

“O Machado dava-me notícias da Academia, agora já não sei mais


quem dará. Suponho que virão somente do Itamaraty, pedindo o voto à
última hora.”

Mas tinha um prognóstico otimista da Casa: “Espero que a função


dela se manterá de ser um Pantheon em vida, mas com caráter literário
bem acentuado.”

E recordava a teoria dos expoentes:

“Lembre-se que desde o começo pensei que entrar homens como o


Lafaiete, o Quintino, o Ramiz, o Capistrano. Estes dois não quiseram,
como não quis o Ferreira de Araújo.”

Um ano antes de morrer, em 21 de dezembro de 1909, Nabuco escre-


ve à Graça Aranha pedindo que lhe escreva: “Eu vivo muito só.”

Nabuco continuou sempre interessado pela Academia, como revela


as cartas. No último ano de vida, negando o voto a um candidato para
votar em outro: “Com prazer lhe daria o meu lugar, mas tenho amor à
Academia pelo Machado.”

Abrindo os trabalhos do ano acadêmico de 1910 em 7 de maio, José


Veríssimo na Presidência declara de forma lacônica

“que é seu dever comunicar oficialmente à Academia o falecimento do


seu preclaro consócio Joaquim Nabuco. É desnecessário repetir neste
momento o louvor do grande escritor e a saudade que deixou o que-

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Joaquim Nabuco

rido companheiro. Todos os presentes conheceram-no e amaram-no,


e sentem o que não poderiam exprimir as palavras que ora disses. Na
conformidade do regimento declara aberta a vaga de Joaquim Nabuco
e marca o prazo de dois meses, a contar da presente data, para a apre-
sentação de candidatos”.

Morto Machado em 1908 e Nabuco em 1910, só treze anos mais


tarde será publicada a correspondência. A morte de Machado lhe deve
ter atingido e a de Nabuco foi um golpe muito mais forte. Três dias após
escreveria à filha: “A morte de Nabuco é para mim a perda de meu melhor
amigo. Ele foi para mim o primeiro dos homens de nossa pátria, o mais
completo, o mestre, o guia, o exemplo, a admiração, o entusiasmo.”

Os anos seguintes foram de intensa atividade, primeiro como repre-


sentante do Brasil na Holanda, e a partir de 1914 numa atuação intelectual
tanto no Brasil como na França, depois participante ativo em favor dos
aliados na Primeira Guerra e retornando ao Brasil para se juntar ao mo-
mento modernista.

Na sucessão de Joaquim Nabuco ocorreu escolha que talvez não ti-


vesse sido desejada pelo antecessor. Não se tem notícia de como surgiu a
candidatura do general Dantas Barreto, mas o fato que em 10 de setem-
bro de 1910 quando da eleição, ele já era falado como o futuro ministro
da Guerra da Presidência Hermes da Fonseca e deixaria o cargo no ano
seguinte, para participar das “salvações estaduais” como governador de
Pernambuco (1911-1915). Há indicações de que ele prometera obter o
prédio do Palácio Moroe para a Academia, pois Oliveira Lima veicula
que “a Academia escolheu Dantas Barreto por ser ministro da guerra e
sobretudo por haver prometido, segundo propalava o Coelho Neto, obter
o chamado Palácio Monroe – Pavilhão de Exibição – para sede de uma
companhia que era então composta de frades medicantes”.

Dantas Barreto tinha várias obras, um drama A Condessa Hermí-


nia em 1833, um romance Margarida Nobre em 1866 e vários livros de
cunho militar como A Última expedição a Canudos (1898), e Impressões
Militares (1910).

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Alberto Venancio Filho

Nessa sucessão atribuiu-se a Rio Branco o apoio a Dantas Barreto.


Em carta a um amigo desmentiu a versão, dizendo “preferir pessoas como
Quintino Bocaiúva ou outro homem desse porte nas letras e na política”.

Inscreveram-se na vaga além do general Dantas Barreto, também


dois pernambucanos, Regueira da Costa e Alfredo de Carvalho. Silvio
Romero autoriza Arthur Orlando a votar em Alfredo de Carvalho. Olivei-
ra Lima afirmava “não me pesa na consciência ter contribuído para dar
a Nabuco semelhante panegirista: votei em Alfredo de Carvalho, apesar
deste ter tido a fraqueza de retirar a sua candidatura diante do soldado de
Canudos”. Ambos desistem. Quando da eleição, Graça Aranha comentara
“que assalto à Academia” e recusa o pedido de Coelho Neto para votar
no general.

O discurso de Dantas Barreto na sucessão de Joaquim Nabuco em


7 de janeiro de 1911 é repleto de ironias, relatando inicialmente que,
quando Nabuco veio ao Brasil em 1906 se encontrava em Mato Grosso
“conduzindo batalhões e bocas de fogo para restabelecer a harmonia de
uma população” e nem sequer pode ver “os estragos que o tempo havia
produzido nesse moço elegante, de uma beleza insinuante e atraente que
até aos homens impressionava e atraía”.

Afirma que sua eleição seria uma homenagem ao Exército, que de-
pois de considerações sobre a vida de Joaquim Nabuco, fazia afirmações
curiosas:
“sua educação literária foi desde o começo encaminhada para centros
de maior atividade, para outras civilizações mais ruidosas, sem que
talvez ele mesmo percebesse a intenção de quem o guiava para esse
destino. Já resultava conhecer melhor o francês e o inglês, do que a
língua do seu país que lia relativamente pouco”.

E noutro passo:

“E, contudo, se fosse mister isolar-se das grandes fascinações que es-
tragam a alma e o corpo, que constituem a suprema felicidade de quem
nunca soube o que eram restrições aos seus desejos saciados, Joaquim

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Joaquim Nabuco

Nabuco não resistiria de certo, se tivesse que embrenhar-se na solidão


de um país selvagem como Humboldt ou Euclides da Cunha, nas som-
brias regiões dos Andes ou das florestas amazônicas brasileiras, não
suportaria um mês. Matava-o a nostalgia desse tumultuoso meio onde
formava o seu espírito delicado.”

Apontava ademais que

“era um mundano dos mais requintados e vitoriosos, que passara


por todas as sensações violentas dos meios mais exigentes na Inglaterra,
como na França. Na Itália, como nos Estados Unidos da América do Nor-
te.”. E de sua educação literária “daí resultava conhecer melhor o francês
e o inglês do que a língua do seu pais que lia relativamente pouco”.

Mas acentuava o papel político:


“descortinou com amplitude e sagacidade a multidão de nossos erros.
E foi, talvez, dos estadistas brasileiros, o que melhor os caracterizou,
profligando os nossos males institucionais e traçando o quadro fiel das
taras hereditárias que maculavam o nosso organismo representativo”.

E terminava concluindo:

“dizem que Joaquim Nabuco não foi bem um escritor profissional, um


poeta, um artista, como entendem os conhecedores dessa técnica do
belo. Não posso entrar nessa apreciação escabrosa, tanto mais quanto
fiz uma leitura superficial das obras, também porque falta competên-
cia para julgá-la”.

Carlos de Laet no discurso de resposta contesta a afirmação de Dan-


tas Barreto, mostrando que foi a personalidade dele que a Academia esco-
lheu, relata o seu papel no Exército e aproveita a oportunidade para con-
testar o monarquista que aceitara um emprego do governo republicano.

Diz então Carlos Laet:

“Quando Nabuco sempre vitorioso pelo donaire e pela fidalguia, sem-


pre festejado como exigiam os seus elevados méritos, incomparáveis
dotes pessoais, quando Nabuco, em torno de si via-se estrondear-se

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Alberto Venancio Filho

os aplausos dos seus antigos adversários, claro é que meu coração já


não podia estar com ele, porque o meu ficara no penhasco onde ele me
assinalara o posto de honra.”

E numa comparação militar, prossegue:

“Imaginai, General e Confrade, que apenas sois uma praça de pré,


sentinela postada nas linhas extremas de um acampamento, após te-
meroso desastre que vos impõe dobrada vigilância... A noite é escura
e bem escura é aquela em que ainda nos achamos, pois anoiteceram os
princípios e bruxuleia a fidelidade aos ideais. Súbito um vulto trans-
foge. Fitais a escuridão por lobrigar quem seja. . . Não, não se trata
de um simples subalterno. Discernis as insígnias de alto posto. É um
chefe, um chefe querido que vai levar aos adversários o contingente
do seu mérito e talvez o segredo da vitória . . . Levais arma à cara e
fazeis fogo. Francamente, General, vós teríeis feito o mesmo – e foi
o que eu fiz.”

A crítica acerba de Carlos Laet foi entendida como uma crítica da


Academia e assim comentou pela imprensa Constâncio Alves: “Fora a
Academia quem fuzilara Nabuco com um tiro disparado por Nabuco.” O
presidente em exercício José Veríssimo veio a público para esclarecer que
a crítica era de caráter pessoal.

Companheiro de farda sucede a Dantas Barreto Gregório da Fonse-


ca. De Nabuco traça referência em frase emblemática: “Entre os nossos
homens célebres, Joaquim Nabuco destaca-se com distinção rara. A sua
vida tem os característicos a obra de arte – unidade e beleza.”

Levi Carneiro, terceiro ocupante da cadeira número 27, traçaria um


perfil minucioso de Joaquim Nabuco e mencionaria a dificuldade de as-
sentar-se nesta cadeira:

“Joaquim Nabuco deixou vaga esta cadeira, talvez para sempre. Sua
sombra envolve-nos a todos os que por ela passarmos. Talvez até o
próprio Maciel Monteiro; Nabuco ter-lhe-á tomado o lugar, tornando-
se, verdadeiramente, o patrono da cadeira.

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Joaquim Nabuco

Cada um dos que a ocuparem desejará fixar os traços do predecessor


inesquecível, revivendo-lhe a personalidade empolgante. Cada um de
nós ficará, assim, mais ou menos, relegado, por seu sucessor imedia-
to, a esquecimento, ou a plano inferior. Os que nem suportaríamos o
confronto de personalidades menos destacadas, preferiremos ficar so-
brepujados por ele, que é, em nossa literatura, figura singular e incom-
parável. De mim vos confesso, desde já, que bendigo minha própria
previsão — imaginando que, algum dia, meu sucessor preferirá falar
de Joaquim Nabuco a falar de mim.”

Destacaria também o papel político:

“Ele mesmo reconheceu que era político o próprio fundo de sua ima-
ginação. Ninguém viu mais longe, nem mais penetrantemente, o de-
senvolvimento de nossa vida política. Ninguém apontou, com maior
clareza, a persistência dos males resultantes do regime escravagista.
Somente ele – o maior apóstolo do abolicionismo – terá percebido
que a solução propugnada já não removeria todos os males. Somente
ele terá previsto as vicissitudes do regime federativo não realizado
oportunamente pelo Império. Somente ele terá percebido, ou percebeu
melhor que ninguém, que, preenchida a missão histórica de formar e
fortalecer a unidade nacional, cabia ainda ao Império salvá-la, organi-
zando a federação.”

E acentuaria o seu patriotismo:

“Sentindo e amando o Brasil, ninguém o serviu mais devotadamente;


ninguém o pôs mais alto em todos os atos e pensamentos.

O que lhe determiu e orienta a ação política é o desejo de servir o


Brasil, pode mesmo dizer-se, em frase sua – o desejo de realizar ‘alguma
coisa em que o país se reveja com a consciência satisfeita’. Não lhe basta
a própria satisfação íntima do dever cumprido. Ao que aspira é a conten-
tar a sua gente, o seu país, de sorte que este se reveja em sua obra – ‘com
a consciência satisfeita’.

Seu devotamento ao serviço do Brasil culminou em a defesa da ques-


tão da Guiana, apaixonou-se pela causa. Afirmou nela a índole de advoga-

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Alberto Venancio Filho

do. Tratou-a com o entusiasmo habitual; confessou que nada sabia fazer
sem o concurso da profunda convicção e do seu entusiasmo. E desse caso,
pode dizer: Fiz tudo o que me era possível, empenhando no meu trabalho
toda a minha vida, dando-lhe todo o meu amor.”

No discurso de resposta, Alcântara Machado assinala o papel de Na-


buco na criação da Academia:

“Era com a latitude que às Letras confere Descartes no Discurso de


Método, era assim que ele concebia o Instituto de cuja fundação par-
ticipara. Queria franqueá-lo aos valores autênticos da nacionalidade
que tivesse como denominador comum o espírito. Sonhava à maneira
de um Senado do pensamento brasileiro.”

Levi Carneiro voltaria ao tema em 1960, em sessão especial da Aca-


demia. Após tratar do período de ostracismo diria:

“Sobrevem então a Academia. Não seria para ele a satisfação da vai-


dade de literato, sim a expressão social e política da cultura. É uma
coincidência fortunada que precisamente se abrisse para acolhê-lo e
confortá-lo, nos dias depressivos que vivia, a sala da Revista Brasilei-
ra, de José Veríssimo e, depois, dali, a Academia. Foi-lhe providencial
esse refúgio, essa obra duradoura, a que se dedicasse com o costu-
mado entusiasmo, a paixão pela inteligência, pela beleza, pela terra
natal. Ele caracterizou a Academia, fixou-lhe o sentido, a orientação,
os rumos; fê-la duradoura e imperecível. Numa sugestão secundária,
deixaria a marca da continuidade, da tradição que a Academia haveria
de estabelecer, ao propor a designação do patrono de cada cadeira.

De resto, se para ele foi providencialmente oportuna a criação da


Academia, para a própria Academia foi decisiva – digamos, como ele
próprio estimaria que se dissesse, terá sido um favor de Deus – a sua
presença entre os que a fundaram, no momento preciso em que ele
mais se lhe poderia dedicar pessoalmente.”

E em comentário:

“Por igual, não esquecia o encanto das afinidades pessoais na Acade-


mia quando lhe realçava a missão política. Na correspondência com

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Joaquim Nabuco

Machado de Assis frequentemente designa os acadêmicos que mais


preza, ou os que ele desejaria ver na Academia, pela expressão “um
dos nossos.”

Na conclusão:

“Decorrido meio século, podemos dizer que se ele aqui sempre esteve,
de agora em diante mais intensa lhe sentiremos a presença e o con-
vívio, os que nunca trataram com ele até os que nem o viram, todos
os que nos reunimos aqui sob a sua definição do alto sentido desta
instituição em que transfundiu alguma coisa de sua própria persona-
lidade.”

Quero crer que o próprio Joaquim Nabuco gostaria desse ambiente,


haveria de lhe ter sentido a falta, nas sedes precárias que a Academia
foi tendo. Talvez por isso, teria dito, alguma vez, que na antiga sala da
Revista Brasileira era melhor que na Academia.”

A Levi Carneiro sucede Otávio de Faria que aponta que

“de todos os seus detratores triunfa Nabuco em sua integridade de


espírito, em sua fidelidade a si mesmo. E aí está ainda hoje – e hoje
mais do que nunca – na sua figura de corpo inteiro, talvez o maior que
tenhamos pelo seu conjunto, de pensador e de político, de homem de
ação e de escritor, de memorialista e de diplomata, de estilista que
manejou a palavra com mais arte – lembro apenas a evocação de Mas-
sangana – e com mais força persuasiva – basta reler seus discursos da
campanha abolicionista – de pessoas cuja finura e cuja cultura – não
nos esqueçamos de representou a quarta de Nabuco no Parlamento –
marcou um dos pontos mais elevados a que chegamos neste país”.

O atual ocupante da cadeira número 27 Eduardo Portella, empossado


em agosto de 1891 assinalava:

“Nabuco é o intelectual orgânico, cuja bússola política movimenta-se


norteada por indicações éticas. Com ela, chega ele à cena pública e,
acompanhado por ela, sabia retirar-se nos momentos oportunos, sem
conceder o que não se concede, sem trair, sem falsificar. O vigor moral
do seu discurso não deixa dúvida, quanto à lisura e à honradez das

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Alberto Venancio Filho

relações matinais entre o intelectual e o poder no Brasil. É que para o


antiáulico Nabuco, o político eticamente respaldado, o escritor livre, o
poder constitui um valor transitivo, tanto mais necessário quanto mais
se fizer sinônimo de serventia pública.”

A Academia inaugurou em 12 de junho de 1912 em sessão solene


os bustos de Machado de Assis, Joaquim Nabuco e Lúcio de Mendonça,
obra do artista Jean Magrou.

O Presidente José Veríssimo iniciou a cerimônia:

“A Lúcio de Mendonça, a Machado de Assis e a Joaquim Nabuco deve


principalmente a Academia a sua existência”. E de Lúcio de Mendon-
ça diria ser “o poeta e o sonhador que misturou às suas paixões políti-
cas, o seu sentimentalismo romântico, foi o inventor da Academia.”

Quanto a Machado de Assis:

“deu à invenção de Lúcio de Mendonça o apoio decisivo da sua ade-


são. E a sua adesão calorosa, para o temperamento tão avesso, aos
nossos fáceis alvoroços traduziu-se num constante e caprichoso apre-
ço à Academia”.

E testemunharia José Veríssimo:

“Segundo lhe ouvi, ele imaginava-a como um elemento de conserva-


ção da nossa unidade nacional, uma força de defesa do nosso falar ver-
náculo e da nossa unidade literária. E ninguém certamente mais digno
do que Machado de Assis, de apadrinhar este generoso ideal.”

Falaria então de Joaquim Nabuco:

“Joaquim Nabuco, o vigoroso e gentil espírito, o grande idealista que


soube fundir numa obra de rara elevação e de suprema elegância todas
as cambiantes do seu forte pensamento, trouxe à idéia de Lúcio de
Mendonça o concurso precioso do seu prestígio. E mais, sagrou-a ao
nascer para a vida e suas lutas, num discurso inaugural, que é um dos
primores do gênero nas nossas letras. E fora talvez único se a oração

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Joaquim Nabuco

simultânea de Machado de Assis, na sua concisão ática, lhe não dis-


putasse a primazia.”

E concluía dizendo que:

“o nosso confrade Souza Bandeira vos dirá melhor do que eu não


poderia fazer, os sentimentos com que a Academia Brasileira, com
a vossa gentilíssima audiência comemora hoje estes seus queridos e
saudosos companheiros?”

Souza Bandeira relembra:

“há quinze anos, na sessão de abertura da Academia, Machado de


Assis, o seu Presidente, e Joaquim Nabuco, o seu Secretário-Geral,
cargos que conservaram até deixarem para sempre esta Companhia e
este mundo, traçaram em nobilíssimas palavras a rota que devia seguir
a nossa corporação”.

“Machado de Assis, cuja ironia sorridente mal disfarçava uma alma


generosa e meiga, vaticinou dias cheios de vida à instituição que então
nascia, a qual buscaria ser com o tempo a guarda da língua e da litera-
tura nacionais. No crepúsculo do século XIX e da própria vida, aquele
belo espírito encontrou palavras de bondade com que confiou aos mo-
ços a missão de levar a instituição até o século XX, que já começava a
despontar, e deste através do dobar eterno dos anos, até a consagração
definitiva dos séculos que hão de nascer.”

E se referindo a Joaquim Nabuco:

“Joaquim Nabuco, na distinção tão nobre da sua forma, expôs em pá-


ginas admiráveis um como programa da Academia, onde demonstrou
a sua utilidade, explicou a sua razão de ser, e previamente respondeu,
com a superioridade de vistas que sabia ter, a todas as objeções que a
malignidade tem depois acumulado contra ela.”

Na oração, dizia de Nabuco:

“Já passou para a Academia a época das lutas iniciais. Agora tem ela
firmada a sua individualidade. É indiscutível a sua influência. O ardor

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Alberto Venancio Filho

com que as mais notáveis personalidades procuram fazer parte dela, a


violência mesma dos ataques que lhe são dirigidos, provam suficien-
temente ser ela uma força nacional.

Não sei se a Academia se pode ainda dizer jovem, nem tão pouco se
já se pode considerar velha. Quando se trata de coisas do espírito, de-
saparece a noção do tempo. Que são quinze anos para a eternidade da
consagração póstera? Que são quinze minutos para a vertigem da pro-
dução intelectual? Como quer que seja, a Academia já chegou à idade
da parada do espírito a que se referia Nabuco. Já se pode sentar à beira
do caminho e alongar o olhar pelo passado. Nesta hora de recolhimen-
to, pensando na sua criação, não pode esquecer os seus criadores. Eis
por que entendeu chegado o momento de, antes de continuar a jorna-
da, deixar hoje aqui plantada, como marco miliario, a sua homenagem
aos três altos espíritos a quem deve a sua existência: – Machado de
Assis, Joaquim Nabuco, Lúcio de Mendonça.”

Após afirmar que

“foi Lúcio de Mendonça quem teve a primeira lembrança da nossa


instituição”, Souza Bandeira analisa os primeiros anos da República,
em que ficaram de lado as questões intelectuais, com o desencadear
do militarismo, falência nas finanças com a bancarrota do Estado, o
desastre das especulações, desorganização dos partidos políticos, o
desrespeito da lei. E acrescenta: “quem se lembraria de fazer versos,
escrever ensaios, delinear romances, tratar enfim de coisas de espíri-
to?”.

E surge a criação da Revista Brasileira:

“Foi então que José Veríssimo teve a idéia ousada e feliz de fundar a
“Revista Brasileira”. Quando, na dispersão geral, ninguém se lembra-
va de coisas intelectuais, o Diretor da Revista levantou a bandeira da
cultura, chamando a campo todas as boas vontades. Não se inquiria
da idade, posição social, das opiniões políticas, religiosas ou literárias
dos colaboradores. O que se exigia era talento, cultura e desejo de
trabalhar. Cedo tornou-se a Revista o centro para onde concorreram
todas as aptidões, o campo em que se reuniam os intelectuais de todos
os matizes. Formou-se um ambiente de bom gosto e de civilidade que

180 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):109-185, out./dez. 2010


Joaquim Nabuco

concorreu muito mais do que se supõe para modificar a nossa bar-


baria primitiva. A sala da travessa do Ouvidor tornou-se o ponto de
partida de um movimento que se irradiou pelo país inteiro. A hora do
chá reuniam-se ali diariamente quase todos os que no Rio de Janeiro
se ocupavam de coisas do espírito. Era de ver como os Barões, os
Viscondes e os Conselheiros conversavam familiarmente sobre po-
lítica com jovens jacobinos de chapéu desabado. Ateus impenitentes
discutiam religião com fervorosos católicos. Os sobreviventes do ro-
mantismo, os parnasianos impassíveis, e os tenebrosos simbolistas,
fraternizavam docemente, movidos pelo mesmo amor à poesia, que
cada um entendia ao seu modo. E até, inverosímil coisa, gramáticos
inveterados trocavam idéias sobre colocação de pronomes, sem se jul-
garem obrigados a trocar insultos! Desapareceu a Revista Brasileira
no meio da indiferença que a grande massa revela entre nós por tudo o
que excede das coisas vulgares. Ficou, porém, indelével, o traço forte
que ela deixou no desenvolvimento da nossa mentalidade.”

E em seguida trata da iniciativa de Lúcio de Mendonça:

“O espírito entusiasta de Lúcio de Mendonça, percebendo nas boas


palestras da Revista Brasileira que os nossos intelectuais se podiam
encontrar para tratar de coisas do espírito, apertando os laços que os
uniam, teve a idéia de fundar a Academia Brasileira, idéia que, segun-
do afirmam, tinha passado muitas vezes pelo espírito de D. Pedro II.

Com a energia de que dispunha, reuniu elementos, expediu convites,


aplainou dificuldades, dissipou escrúpulos, animou boas vontades,
desfez receios e poucos meses depois estava fundada a Academia.
Neste movimento inicial, teve Lúcio de Mendonça a colaboração de-
cisiva de Machado de Assis, que consagrou à Academia todo o vigor
do seu belo espírito, e de Joaquim Nabuco, que lhe ofereceu o ardor
simpático com que se devotava às causas.

Dadas as dificuldades que entre nós se deparam acometimento desta


ordem, só um temperamento como o de Lúcio de Mendonça poderia
levar a efeito a fundação da Academia. Outros, possuindo qualidades
que talvez lhe faltassem; poderia fazer a instituição chegar a sua fase
atual. Era necessário, porém ser um sonhador e um combatente para
tirar do nada a sua formação.”

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Alberto Venancio Filho

E se volta para Joaquim Nabuco:


“O terceiro busto que hoje inauguramos é o de Joaquim Nabuco. A
Academia lhe devia testemunhar de modo solene a sua gratidão, e por
vir um pouco tardia, a cerimônia de hoje é quase uma reparação.

Não sei que fada presidiu ao nascimento desse homem a quem nada
faltou na vida para ser completo. A beleza física sempre o acompanhou
desde a mocidade, volvendo com a mudança de idade. A distinção de
maneiras; a correção fidalga dos gestos e atitudes, a natural e despren-
dida elegância, faziam dele um tipo de outra civilização, formando
o modelo perfeito, perdoai-me a irreverência do barbarismo, do que
deve ser um gentleman. O seu talento era superior. A sua cultura vas-
tíssima. Explorou quase todas as províncias da literatura. Foi poeta,
historiador, crítico, publicista. Como orador obteve verdadeiros triun-
fos. Na praça pública arrastou as multidões. No Parlamento os seus
discursos ficaram como modelos de eloquência, elegância e elevação.
As suas orações acadêmicas são a glória da nossa companhia e seriam
a honra de qualquer Academia. Nas suas conferências não se sabe o
que mais admirar, se a beleza da forma, se a elevação dos conceitos.”

E tratando da Abolição:

“Moço ainda, sentiu o referver das paixões populares, sorveu a em-


briaguez da aclamação das turbas dominadas pela sua eloquência, e
pôs tudo isso ao serviço da grande causa da abolição.

Todos vós sabeis qual foi o seu papel nesse período épico da nossa
história. A sua pena cintilava na imprensa, a sua palavra quente e for-
mosa ecoava nos comícios ou na Câmara, o seu espírito atilado fazia
combinações com os elementos que podiam aproveitar à causa.

Todos os meios serviram para ativar o grande acontecimento a que


deixou imperecivelmente ligado o seu nome. Pode ver realizado o
seu sonho, e em 13 de maio triunfou ao lado dos seus companheiros,
encarnando então a alma nacional.”

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Joaquim Nabuco

Referindo-se aos livros:


“Um Estadista do Império, obra sem par na nossa literatura, síntese
admirável de toda a história constitucional do Brasil, cheia de vistas
largas sobre a nossa evolução política, penetrada de um grande amor
filial, mas ao mesmo tempo povoada de retratos vivos das principais
figuras do segundo Reinado.

É o seu delicioso livro Minha Formação. Recordai-vos como devorá-


vamos os artigos em que foi a princípio publicado na Revista Brasilei-
ra, penetrados da elegante filosofia dos conceitos, enlevados pelo bom
gosto da forma encantadora?

Bom gosto é principalmente a qualidade dominante do seu feitio li-


terário. Tão pouco habituado andamos a essa distinção, raríssima no
nosso meio de agitados e apoplécticos, que devemos constantemente
recorrer aquele livro para repousar o espírito de tanta literatura incha-
da. Livro como Minha Formação não o possui outro no seu gênero, a
nossa literatura.”

E comentando esses dois livros:

“Estes dois livros admiráveis, dos quais nunca se falará bastante nesta
casa, não absorveram, porém, a sua atividade, que coincidiu, então,
com a florescência da Revista Brasileira. Nabuco não esquecia a sua
qualidade de homem de ação, e tinha a sua atenção voltada para as
coisas políticas. Escreveu o seu belo perfil de Balmaceda, esplêndido
trabalho da psicologia política. Analisou na Intervenção Estrangeira
os documentos diplomáticos relativos à Revolta de 1893, e demons-
trou que foi graças ao auxílio das esquadras estrangeiras que ela pode
ser dominada.”

E analisa o retorno à vida pública:

“A sua volta à atividade política foi ainda uma nova série de triunfos.
Secundando a ação imortal de Rio Branco, forçou a entrada do Brasil
no convívio das nações americanas. Criou para a nossa pátria um am-
biente internacional. Só com o prestígio da sua fúlgida pessoa, o nosso
embaixador em Washington conquistou para o nosso país uma posição
igual à das grandes potências do mundo.”

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Alberto Venancio Filho

E aprecia o último livro:


“Não me sobra tempo para dizer do seu último livro Pensées Deta-
chées, produzido durante a sua ausência da pátria. Ainda um terceiro
livro, único no gênero em nossa literatura. Único pela vernaculidade
tão bem manejada, que iludiu os próprios mestres da língua francesa.
Único pela elevação do pensamento, pela penetração da sua análise,
pela profundeza dos conceitos. Basta dizer que no gênero, até agora,
nós só tínhamos as ‘Máximas’, do Marques de Maricá. Único ainda,
pela sinceridade dos sentimentos, a qual deixa a nu a profunda evo-
lução do seu espírito, que passou gradualmente do cepticismo para a
crença, sem perder nunca o fundo essencial de tolerância e de cordura.
Seja qual for o ponto de vista religioso de quem o ler, a ninguém dei-
xarão de comover as páginas admiráveis em que ele explica “como
pode reunir no coração os fragmentos quebrados da cruz, e com eles
recompor os sentimentos esquecidos da infância.”

E após elogiar o trabalho do escultor Jean Magrou, destaca a contri-


buição dos três grandes espíritos:

“O papel das instituições como a nossa é manter bem alto o facho da


cultura. Quer os grandes espíritos, como os que hoje celebramos, quer
os que lhes podem apenas dar a expressão de sua silenciosa admira-
ção, são todos manifestações da mesma força, poderosa e irresistível,
que arrasta no turbilhão toda a humanidade. Integrando-nos todos nes-
ta força, teremos cumprido o nosso dever. E como ainda dizia Joaquim
Nabuco: “Somos uma gota de água no oceano. Tenhamos consciência
de que somos gota de água, mas também a tenhamos de que somos
oceanos.”

A atuação de Joaquim Nabuco na Academia pode ser abrangida na


expressão de Anibal Freire “na sua ação cultural, menor da extensão
do que a de outros, porém atraente como poucas, pela variedade e
destreza, representa um dos pontos altos da intelectualidade brasileira.
Não lhe cabe senão pelo abolicionismo conquistar os favores da popu-
laridade. Toda a sua atividade posterior se desenvolveu ao abrigo dos
estímulos da multidão. Por isso sua ação se confina no domínio puro
do pensamento. Ninguém o excederá nesse terreno e a sua influência
se há de se fazer sentir na proporção de suas idéias pelo livro, pela
tribuna, pela cátedra.”

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Joaquim Nabuco

Num curto espaço de tempo faleciam Machado de Assis (1908), Eu-


clides da Cunha (1909) e Joaquim Nabuco (1910); Domício da Gama
teria frase tocante:

“Machado de Assis, Euclides da Cunha e Joaquim Nabuco fazem falta


ao meu coração de brasileiro confiado no futuro de uma nação que
teve dessas inteligências. Mas Nabuco era sem dúvida o maior porque
tinha o orgulho que é a espinha dorsal dos vitoriosos.”

Em análise percuciente sobre Nabuco e a Academia, Eduardo Por-


tella apontava o encontro de Nabuco e Machado:

“Quando Joaquim Nabuco juntou-se a Machado de Assis, para fundar


a Academia Brasileira de Letras, deu lugar a um encontro perfeita-
mente previsível. Dois espíritos superiores reuniram-se para erguer
uma instituição que se ocupasse da proteção da língua portuguesa e da
literatura brasileira. Não pensaram em nada que pudesse fazer o jogo
do chauvinismo luso ou de um prematuro fundamentalismo brasileiro.
Tratava-se de unir as nossas forças intelectuais, no encalço do Brasil
altivo e ativo. Jamais contemplativo.

Se Nabuco foi antes o intelectual público, e Machado, o obstinado


decifrador da alma humana, nem por isso se apagaram as afinidades
tecidas no interior de uma realidade mesclada, de um nacional cosmo-
politismo, simultaneamente, ambicioso e sereno.”

E após estudar a trajetória de Nabuco concluía:

“É desses Nabucos, desses homens livres e qualificados, que se cons-


titui a legitimidade e a perenidade da Academia Brasileira de Letras.”

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Massangana: uma glosa

Centenário de falecimento de Joaquim Nabuco – II

MASSANGANA: UMA GLOSA1


Evaldo Cabral de Melo2

Ao narrar os primeiros anos de vida de Joaquim Nabuco, seus bió-


grafos invariavelmente apelam às recordações do próprio biógrafo no ca-
pítulo vigésimo de “minha formação”, intitulado “Massangana”, do nome
do engenho de açúcar em que decorreram seus primeiros sete anos. Essas
páginas deviam originalmente fazer parte de outra obra, redigida em fran-
cês também nos anos noventa do século XIX (o decênio de ostracismo
político que foi também o de sua maior produtividade intelectual), obra
intitulada Foi voulue, em que Nabuco descreveu o que chamou “minha
reversão religiosa”, sua volta às raízes católicas. Reduzimos às páginas
de “Massangana”, os biógrafos têm naturalmente pouco a dizer sobre o
assunto. Por que demorar-se sobre um período se o próprio Nabuco já o
fizera de maneira incomparável?

Acontece que há mais de sessenta anos, um advogado pernambuca-


no, Luís Cedro Carneiro Leão, descobriu num cartório do Cabo o testa-
mento e o inventário de d. Ana Rosa Falcão de Carvalho, a madrinha que
criou Nabuco até sua morte em 1856 e senhora do engenho Massangana,
que pertencera ao marido, Joaquim Aurélio Pereira de Carvalho, falecido
três anos antes e proprietário influente no distrito. Quando da revolução
de 1817, Joaquim Aurélio, natural do Recife, era ajudante reformado de
milícias e morador no engenho Pindoba de Cima, próximo do Massanga-
na. Passado o primeiro momento da surpresa causada pelo movimento de
6 de março, ele, como fizeram tantos senhores rurais, veio à capital pres-
tar obediência ao que parecia ser a nova ordem de coisas. A perspectiva
de reação monárquica fê-lo, porém, como a tantos outros, recuar; e, em

1 – Conferência proferida na sessão conjunta do IHGB/ABL em 22 de setembro de


2010.
2 – Sócio titular.

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Evaldo Cabral de Melo

breve, ele se associou ao núcleo realista organizado no engenho Utinga


para resistir aos republicanos e à ofensiva do coronel Suassuna.

Posteriormente, Joaquim Aurélio foi testemunha de alçada, denun-


ciando vários revolucionários, o que se deveu, segundo o advogado do
coronel Suassuna, ao objetivo de isentar-se do gesto inicial de apoio ao
movimento, donde haver prestado depoimento “adornado e falso”, como
ao arrogar-se a direção das operações militares em Utinga. Da relação dos
donativos feitos à contrarrevolução, consta que Joaquim Aurélio contri-
buiu com a soma de 600.000 réis. Jamais poderia supor que o afilhado de
quatro anos, que residia consigo na casa-grande de Massangana quando
do seu falecimento, escreveria, quase meio século depois, as páginas mais
simpáticas da nossa historiografia acerca da revolução que ele, Joaquim
Aurélio, combatera.

Joaquim Aurélio ajudara politicamente o jovem advogado José To-


más Nabuco no começo de sua carreira política em Pernambuco. O pre-
nome de Joaquim Nabuco e o convite a Joaquim Aurélio para ser seu pa-
drinho são sinais evidentes de amizade e gratidão da parte do conservador
enragé que foi Nabuco de Araújo na província, antes de sua conversão da
maturidade ao liberalismo. Aliás, como alertou Luís Cedro, a madrinha
designava oficialmente o afilhado por Joaquim Aurélio Nabuco de Car-
valho.

A leitura do testamento e do inventário de d. Ana Rosa permitem


reler o capítulo de “Minha formação” dedicado por Nabuco à sua infância
não tanto sob uma nova luz mas dando às recordações de uma criança o
choque de realidade que lança sempre a natureza prosaica deste gênero
de documento. Quem, por exemplo, relê as recordações de Marcel Proust
sobre suas férias de colegial transcorridas na casa de Illiers, aldeia da Be-
auce, e depois tem a ocasião de visitá-la, não escapa à decepção resultante
do fato de que a imaginação infantil opera como uma lente que aumenta
desproporcionalmente as dimensões do que vê.

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Massangana: uma glosa

Detenhamo-nos no inventário de d. Ana Rosa. Quando um dos her-


deiros levantou questão de natureza processual sobre suas últimas vonta-
des, o redator do testamento, o padre Antônio da Cunha Figueiredo, foi
solicitado pelo juiz do Cabo a esclarecer se d. Ana Rosa tivera a intenção
de beneficiar apenas seus afilhados ou se desejara favorecer também a
terceiros. Recordou então o sacerdote uma cena da vida privada de nossas
antigas classes proprietárias:
“As disposições testamentárias contidas no testamento da falecida D.
Ana Rosa Falcão de Carvalho me foram dadas por esta em um apon-
tamento escrito que, tendo ela me repetido o mesmo verbalmente, co-
piei com toda a exatidão e fielmente em sua presença, pois que nesta
ocasião a tinha a meu lado, e na presença do falecido Vitor, a quem
ela, impondo o dever de guardar segredo, ordenou que dali se não
retirasse [...] depois de feito o testamento, ela o viu ler duas vezes e
o levou para seu gabinete, dizendo que ia ler de novo e meditar sobre
suas disposições. E somente depois do jantar foi que o entregou ao
tabelião para aprová-lo perante as testemunhas, dizendo que aquele
era seu testamento e a sua verdadeira e última vontade.”

D. Ana Rosa ouviu por duas vezes a leitura do documento, retirando-


se em seguida para refletir sozinha, feito o que após (é ela quem declara)
“o meu sinal do costume”. Tais detalhes apontam para algo de muito co-
mum nas senhoras brasileiras e portuguesas do seu tempo e de tempos
passados: elas sabiam geralmente ler mas não escrever, de modo sua as-
sinatura era, na realidade, uma rubrica. O mesmo atesta Nabuco, ao assi-
nalar que ela escrevia “pela mão de outros”.

Historiadores já viram nisto manifestação cultural de machismo: a


leitura reduz-se a uma operação passiva mas a escrita é eminentemente
ativa, seu exercício capacitando, portando, a mulher a tomar a iniciativa
da comunicação escrita com terceiros. Na realidade, a questão é um pouco
mais complicada: a dissociação da leitura e da escrita, que para nós parece
algo de insólito, era tão comum que na Inglaterra elisabetana, por exem-
plo, ensinava-se separadamente uma e outra. Assim é que o pai de Shakes-
peare, que foi uma das autoridades municipais de Stratford-upon-Avon,

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Evaldo Cabral de Melo

sabia ler mas não escrever, limitando-se nos anos notarais a traçar, como
D. Ana Rosa trezentos anos depois, um sinal de sua mão.

No seu testamento, rubricado na casa-grande de Massangana a 27


de setembro de 1856, menos de um ano antes do seu falecimento, d. Ana
Rosa declarava-se natural da freguesia do Cabo, filha de José Félix da Ro-
cha Falcão e Bernarda Joaquina Pereira de Gusmão e viúva de Joaquim
Aurélio Pereira de Carvalho, “sem filhos nem herdeiro necessário algum”.
Após as fórmulas tabelioas de estar “em perfeito estado de saúde, em meu
perfeito juízo, com toda a liberdade e sossego de espírito; não sabendo o
dia e a hora em que Deus me quererá chamar desta para a outra vida”, ela
nomeava como testamenteiros em primeiro lugar seu sobrinho Paulino
Pires Falcão, em segundo lugar, Manuel Joaquim do Rego e Albuquer-
que, e, por último, o dr. José Tomás Nabuco de Araújo, então ministro
da Justiça do Império. Em seguida, dispunha que se dissesse uma por
todos os padres da freguesia, distribuindo-se 100.000 réis pelos pobres e
celebrando-se “mais quatro capelas”, uma pela alma do seu marido, duas
pela sua própria alma e a última pela alma de seus escravos.

Por fim, o testamento previa a partilha dos bens. A uma sobrinha e


afilhada, deixava “o meu par de pulseiras e o meu colar de brilhantes”.
A seu sobrinho e testamenteiro Paulino Pires Falcão, o engenho Massan-
gana. A seu afilhado, Joaquim Aurélio Nabuco de Araújo, um sobrado na
rua Estreita do Rosário no bairro de Santo Antônio no Recife; o engenho
Serraria, vizinho do Massangana; e “outros objetos que ficam menciona-
dos em uma escritura de doação que passei em favor deste”. Previa ainda
d. Ana Rosa que os bens legados a Nabuco

“não poderão a pretexto algum ser vendidos por seu pai nem serão
sujeitos às dívidas deste, quaisquer que sejam, mas deverão ser admi-
nistrados e conservados para que com os seus créditos sejam entre-
gues ao meu dito afilhado quando se achar maior de vinte e um anos,
podendo todavia dos seus créditos gastar-se somente tanto quanto for
necessário para sua educação primária e superior, a qual quero e é
minha vontade que seja ampla e completa”.

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Massangana: uma glosa

Outras pessoas foram beneficiadas. O irmão de d. Ana Rosa, José


Félix da Rocha Falcão, recebeu a percepção dos foros dos moradores de
Nazaré, propriedade vizinha. A Matilde, mulher de sua confiança, deixou
uma cativa ou o equivalente em numerário que lhe permitisse “comprar
uma escrava moça, robusta e apta para o seu serviço”. Certa “crioulinha
liberta”, Catarina de nome, ganhou cem mil-réis. Outros quatrocentos
mil-réis seriam divididos pelos seus afilhados que “provarem pobreza e
honestidade”. A outras doações, segue-se a recomendação para que seu
testamento passe cartas de alforria a vários escravos, que “serão conside-
rados libertos desde logo, porque de fato pelo presente testamento deixo
livres e no gozo de suas plenas liberdades, como se de ventre livre tives-
sem nascido”: dois deles africanos, os restantes crioulos, inclusive “meu
canoeiro, Francisco da Silva, mulato”. O inventário menciona outros bens
do casal: um correntão de ouro, um relógio de ouro com diamantes, uma
cruz para o hábito de Cristo, um diadema, com diamantes, um anel, e um
par de atacas, isto é, de abotoaduras, de brilhante. Alguns destes bens
eram de grande valor: o diadema, 400 mil-réis, o par de atacas, 1 conto
de réis.

Em “Massangana”, Nabuco rememorará:


“os primeiros oito anos da vida foram assim, em certo sentido, os de
minha formação instintiva, ou moral, definitiva. Passei esse período
inicial, tão remoto e tão presente, em um engenho de Pernambuco,
minha província natal. A terra era uma das mais vastas e pitorescas da
zona do Cabo”.

Trata-se do entorno do Cabo de Santo Agostinho, que certo poeta


local, aliás pouco dado a excessos poéticos, chamou a “terra de mais luz
da terra”. O Cabo constituíra durante os primeiros séculos de colonização
o núcleo de povoamento mais importante da mata sul da capitania de
Pernambuco. Os geógrafos costumam caracterizar a mata sul em função
não só da sua constituição geológica mas também da maior pluviosidade,
condições extremamente favoráveis à cultura da cana.

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Evaldo Cabral de Melo

“Na planície [recorda Nabuco] estendiam-se os canaviais cortados


pela alameda tortuosa de antigos ingás carregados de musgos e cipós,
que sombreavam lado a lado o pequeno rio Ipojuca. Era por essa água
quase dormente sobre seus largos bancos de areia que se embarcava o
açúcar para o Recife; ela alimentava perto da casa um grande viveiro,
rondado pelos jacarés, a que os negros davam caça, e nomeado pelas
suas pescarias. Mais longe começavam os mangues que chegavam até
a costa de Nazaré.”

O Ipojuca e outros três rios deságuam na barra de Suape, por detrás


do “Imponente lanço de arrecife”, a que se reportava Vital de Oliveira
em seu roteiro náutico. Junto à costa despovoada, as margens do Ipojuca
estavam cobertas de manguezais mas em breve se povoavam de grandes
arvoredos, as ingazeiras referidas por Nabuco. À distância de três quartos
de légua da foz, já se encontrava água doce. As embarcações de pequena
cabotagem transportavam grande quantidades de açúcar para o Recife,
embora o rio já sentisse os efeitos do açoreamento. “A costa de Naza-
ré”, mencionada por Nabuco, espraiava-se em torno do pontal do mesmo
nome, uma língua de areia protegida pelo arrecife e localizada ao sul do
cabo de Santo Agostinho.

Na infância de Nabuco, o Massangava confrontava outros oito en-


genhos, além do sítio ou propriedade de Nazaré: Mercês, Pindorama, do
Meio, Tabatinga, Serraria, Algodoais, Tiriri e Boto. Desses engenhos, o
Algodoais datava de finais do século XVI ou começos do XVII, quando
fora fundado por João Pais Barreto, o Velho, da pequena nobreza de Via-
na da foz do Lima, o qual chegara a Pernambuco por volta de 1567; e de
quem descendia, por via materna, o próprio Joaquim Nabuco. Pais Bar-
reto foi provavelmente o mais rico proprietário rural do Brasil de então,
possuindo nada menos de dez engenhos, que legou aos filhos. Durante a
ocupação holandesa, o Algodoais pertenceu ao capitão de cavalaria Gas-
par van der Ley, tronco da conhecida família brasileira, o qual se casara
em família de origem portuguesa. Após a restauração pernambucana, o
Algodoais passara às mãos de João Batista Acióli, que se consorciara com
a viúva de Gaspar, d. Maria de Melo.

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Massangana: uma glosa

Originalmente, as terras de Massangana haviam feito parte do enge-


nho Algodoais. A primeira menção que se encontra a Massangana data de
uma relação de 1761 dos engenhos da capitania, época em que pertencia
ao padre Manuel de Mesquita e Silva. Àquela altura, já se encetara o
processo de expansão da fronteira canavieira sob a forma quer do avanço
sobre o bolsão interior da mata sul de Pernambuco, seja sob a forma da
utilização mais intensiva das terras de que dispunha cada engenho, le-
vando no decurso do seu tempo a seu fracionamento em novas unidades
produtivas. Na relação de 1761, o nome de engenho é grafado como Mas-
sangano, no masculino, região de que procedia boa parte da escravaria
oriunda de Angola.

No inventário de d. Ana Rosa, o engenho é mais frequentemente


referido no masculino, embora também seja designado por Massangana,
no feminino, da mesma maneira pela qual a citada relação de 1761 deno-
minava outro engenho, existente na comarca de Alagoas. Uma corografia
de começos do século XX ainda utiliza as duas grafias. O próprio Nabuco
escreve Massangano numa passagem do Diário de 1884. Massangano
chama-se também o riacho que passa pelo engenho e que, mais adiante,
reunido ao Algodoais, desemboca em Suape. Provavelmente, Massanga-
na tomou o nome do riacho e não vice-versa, de acordo com o costume
pelo qual, desde cedo, utilizou-se a toponímia local na designação dos
engenhos.

“A população do pequeno domínio [relembra Nabuco], inteiramente


fechado a qualquer ingerência de fora, como todos os outros feudos
da escravidão, compunha-se de escravos, distribuídos pelos comparti-
mentos da senzala, o grande pombal negro ao lado da casa de morada,
e de rendeiros, ligados ao proprietário pelo benefício da pequena cul-
tura que ele lhes consentia em suas terras.”

O inventário de d. Ana Rosa permite vislumbrar apenas a escravaria


do Massangana, discriminando-a escravo a escravo para efeito de avalia-
ção da herança. Dos trabalhadores livres, fossem os lavradores de partido,
que também possuíam seus escravos, fossem os oficiais e artífices que se

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Evaldo Cabral de Melo

dedicavam à fabricação do açúcar, apenas se alude ao mestre de açucar,


que se declarou crioulo de trinta anos, casado e nascido no engenho. Na
verdade, havia toda uma escala de gradações que a dicotomia senhores
e escravos escamoteia e que a retina infantil de Nabuco borrou sob o
efeito da mestiçagem que a quase todos nivelava fisicamente. Sem evi-
dentemente aspirar à complexidade do regime de estima social do coevo
faubourg Saint Germain, o de um antigo engenho de açúcar também tinha
seus meandros; basta reler a memorialística de José Lins do Rego ou o
diário do barão de Goicana.

O plantel de escravos de d. Ana Rosa compreendia cerca de 50 pes-


soas, das quais 40 homens, gerando acentuada desproporção sexual e a
decorrente maioria de celibatários. O provável é que as escravas com-
pusessem exclusivamente a equipe de serviço da casa-grande. Dos es-
cravos do sexo masculino, 23 eram nascidos no Brasil, e 17, africanos,
dos quais 14 originários de Angola. Entre as mulheres, metade crioulas,
metade angolas. Enquanto o valor médio do escravo era de 554 mil-réis
o da escrava era de 460 mil-réis. O valor da escravaria chegava a 26.765
contos, pouco mais de 22 contos para os escravos, e apenas 4.600 para as
escravas. Infelizmente, o inventário não discrimina entre os escravos do
eito e os da fábrica.

O valor da escravaria masculina era também díspar. Dois deles fo-


ram declarados “sem valor”, em função da idade e da doença. Na outra
extremidade, apenas seis escravos foram avaliados em mais de um conto
de réis, basicamente em função da idade e da doença. Na outra extremida-
de, apenas seis escravos foram avaliados em mais de um conto de réis, ba-
sicamente em função da idade, entre 25 e 35 anos, ou seja, da perspectiva
da vida útil, que era o critério fundamental de avaliação. A grande maioria
dos homens situava-se na faixa etária entre quarenta e sessenta anos. Os
de quarenta (1/4 da força de trabalho masculina) são geralmente estima-
dos entre 800 e 900 mil-réis, exceto se “quebrado da virilha” ou “doente
dos pés”, quando o preço podia cair a 600 mil-réis. Aos de cinquenta anos
(igualmente 1/4 da escravaria masculina), atribui-se entre 600 e 800 mil-
réis, a menos que doente de erisipela, dos joelhos dos pés ou da gota. O

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Massangana: uma glosa

valor dos maiores de sessenta anos oscilava entre 500 mil-réis e 25 mil-
réis. O preço das escravas podia chegar a 1 conto de réis na faixa de 30
anos; e a 400 a 500 mil-réis na faixa dos quarenta e cinquenta anos em
se tratando de mulheres sadias. E a uma criança de mais de quatro anos
foram atribuídos 400 mil-réis.

Repara-se que a senzala é referida por Nabuco como formada de


cubículos, donde o costume, trazido da ilha da Madeira, este plano-piloto
do Nordeste açucareiro, de designá-los por “casas dos negros” (casa no
português do século XVII designando ainda não o conjunto habitacional,
mas seus vários compartimentos). O africanismo senzala só parece ter
sido adotado no século XVIII. Em 1663, João Fernandes Vieira recomen-
dava a seu feitor-mor “ir todas as manhãs pelas casas dos negros para ver
os que estiverem doentes e o que faltar procurá-lo logo; e fazer-lhes ter
as suas casas varridas, com seus jiraus e esteiras de agasalho para dormi-
rem”. Um mapa holandês registrara anos antes os “neggershuizen” de um
engenho de Itamaracá.

“No centro do pequeno cantão de escravos [consoante Nabuco], le-


vanta-se a residência do senhor, olhando para os edifícios da moagem e
tendo por trás, em uma ondulação do terreno, a capela sob a invocação de
São Mateus”. Ainda hoje a disposição é a mesma, de vez que ela corres-
ponde ao chamado “triângulo rural do Nordeste”: casa-grande, engenho
e capela. O inventário de d. Ana Rosa não se refere à “moita”, que era
como se designava o conjunto dos edifícios destinados à casa de moagem,
casa de caldeiras e casa de purgar. E Nabuco alude à almanjarra, isto é,
a moeda que podia ser acionada por bois ou cavalos, o que de passagem
indicaria a incapacidade do riacho Massangano para sustentar engenho
d’agua.

A moenda de Massangana era de cavalos, como indica a menção do


inventário a “46 cavalos e mais animais de roda”, além de “dez poltros”.
Os bovinos seriam utilizados no transporte da cana, como sugere a alusão
a “41 bois mansos de carros” e “cinquenta cabeças de garrote”, para não
mencionar “25 vacas com cria e 25 vacas solteiras”. Eram os “grupos de

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Evaldo Cabral de Melo

gado sonolento” que Nabuco espreitava, “pelo declive do pasto”, abri-


gados pela “umbrela impenetrável” de “árvores isoladas”. Quando ele
visitou Massangana em 1869, “a almanjarra desaparecera no passado”,
substituída pelo engenho a vapor.

Na infância de Nabuco, dizia-se missa na capela de São Mateus aos


domingos, dias santos e sábados de Nossa Senhora, celebradas por frei
Joaquim do Amor Divino Lins, que recebia 200 mil-réis por ano para
este fim. Frei Joaquim pertencia provavelmente ao convento franciscano
de Ipojuca. O testamento de d. Ana Rosa revela seu zelo particular pela
capela, onde então se achava enterrado o marido, ao lado de quem será
sepultada. Ao sobrinho que herdou Massangana, d. Ana Rosa recomen-
dava que o pequeno templo continuasse a ser regularmente desservido
após sua morte, “tendo também o cuidado e obrigação de reedificá-lo e
conservá-lo com decência e asseio, condição esta que passará também a
seus herdeiros ou a qualquer que o houver de possuir por compra”.

Numa fase da vida especialmente perceptiva, foi este cenário rural


que deixou em Nabuco as impressões mais profundas:
“nenhuma morrerá em mim. Os filhos dos pescadores sentirão sempre
debaixo dos pés o roçar das areias da praia e ouvirão o ruído da vaga.
Eu, por vezes, acredito pisar a espessa camada de canas que cercava o
engenho e escuto o rangido longínquo dos grandes carros de bois.”

Daí que a Criação de Miguel Ângelo na Capela Sixtina jamais exer-


cesse sobre ele o mesmo

“relevo interior do primeiro paraíso que fizeram passar diante dos


meus olhos em um vestígio de antigo mistério popular. Ouvi notas
perdidas do Ângelus na Campanha Romana, mas o muezzin íntimo,
o timbre que soa aos meus ouvidos à hora da oração, é a do pequeno
sino que os escravos escutavam com a cabeça baixa, murmurando o
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Este é o Millet inalterável
que se gravou em mim. Muitas vezes tenho atravessado o oceano mas
se quero lembrar-me dele, tenho sempre diante dos olhos, parada ins-
tantaneamente, a primeira vaga que se levantou diante de mim, verde
e transparente como um biombo de esmeralda, um dia em que, atra-

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Massangana: uma glosa

vessando por um extenso coqueiral atrás das palhoças dos jangadeiros,


me achei à beira da praia e tive a revelação súbita, fulminante, da terra
líquida e movente... Foi essa onda, fixada na placa mais sensível do
meu Kodak infantil, que ficou sendo para mim o eterno clichê do mar.
Somente por baixo dela, poderia eu escrever: Thalassa! Thalassa!”

O inventário de d. Ana Rosa permite datar essa primeira visão do


mar. Em novembro de 1856, quando Nabuco completara, portanto, sete
anos, sua madrinha arrendou por três anos um sítio em Barra das Janga-
das pela quantia de 1:250$000. Por então, os banhos de mar começavam
a substituir os de rio nas prescrições dos médicos da terra para as pessoas
de posse. Barra das Jangadas é atualmente um arrabalde do Grande Reci-
fe, ao sul da praia da Piedade, mas em 1856 não passava de uma pequena
povoação, como eram geralmente as da costa meridional de Pernambu-
co, constando de poucas casas e de uma igreja situadas na margem leste
da camboa de Santo Antônio. Em Barra das Jangadas, deságuam os rios
Jaboatão e Pirapama. A igreja era provavelmente a capela do sítio que d.
Ana Rosa arrendou e que um jornal recifense, A quotidiana fidedigna,
anunciara anos antes com a descrição aliciante de seus coqueirais, pastos,
camboas e alagados e de seus dois grandes viveiros.

A recordação de Barra das Jangadas ficou em Nabuco para o resto


da vida. Anos depois, reavivou-a Paquetá, a cujo respeito escreveu que
“para mim,” ela tinha a sedução especial de ser uma paisagem do norte
do Brasil desenhada na baía do Rio. Enquanto por toda a parte do Brasil
desenhada na baía do Rio. Enquanto por toda a parte à entrada do Rio de
Janeiro o que se vê são granitos escuros, cobertos de florestas contínuas
guardando a costa, em Paquetá o quadro é outro: são praias de coqueiros,
campos de cajueiros, e à beira mar as hastes flexíveis das canas selvagens
alternando com as velhas mangueiras e os tamarindos solitários”.

Em 1906, a bordo do navio que o levava de volta a Washington após


a Conferência Interamericana do Rio, Nabuco reavistou o litoral da sua
infância, anotando no diário: “Acompanhamos a costa, ao longe Maceió,
depois de horas o cabo de Santo Agostinho, toda a paisagem familiar da

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Evaldo Cabral de Melo

costa pernambucana, a orla branca da praia, os coqueirais, as colinas ver-


des.” Na escala do Recife,

“depois que se vão os amigos, os moços da Academia, fico a olhar


para o ocaso que flameja como um Turner sobre Olinda. À noite, a
lua forma um navio, uma caravela de ouro, sobre uma nuvem negra. E
assim me despeço do Recife, talvez para sempre.”

Pressentimento que se confirmou.

Menos de uma ano antes do seu falecimento em Washington, Palm


Beach lhe trouxe de volta a lembrança de Barra das Jangadas. Em come-
ços de 1909, Nabuco representou o Brasil na posse do primeiro governo
constitucional de Cuba após a guerra de independência entre os Estados
Unidos e a Espanha. No regresso pela Flórida, ele descansou uns dias em
hotel de Palm Beach. A 5 de fevereiro, informava à esposa, d. Evelina
Nabuco, que permanecera na capital norte-americana:
“Ao lado do meu salão, há um terraço dando para o mar, uma praia
como as belas praias do norte do Brasil e se não houvesse tanto vento,
a hora que passei nele teria sido perfeita.”

Noutra entrada do diário, ele registrou a visão que se descortinava


da varanda:

“um círculo de pequenos coqueiros, a praia, a água tranquila da baía,


as pequenas embarcações brancas, algumas velas distantes, a costa
chata ao longe. Uma brisa fresca, muita luz, muito brilho das folhas
verdes e douradas dos coqueiros.”

Algo mais lhe traria de volta a infância: uma visita a um criadouro


de crocodilos e caimãs, que lhe terão lembrado os que outrora rondavam
ameaçadores o viveiro do engenho. Nabuco também experimentou, com
o filho Maurício, andar “na cadeira de rodas daqui, empurrada por um
preto sentado atrás, que faz girar as rodas como num velocípede com os
pés. É um modo de transportes delicioso”. Ao pé da fotografia que man-
dou fazer após do próprio punho a inscrição: “Nos coqueirais da Barra

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Massangana: uma glosa

das Jangadas, 1855-1909. Palm Beach (Flórida). 6 de fevereiro 1909.”


Até parecia que estava em Pernambuco.

O retrato de d. Ana Rosa traçado pelo afilhado é remanescente de


uma matrona romana.

“De grande corpulência, inválida, caminhando com dificuldade, cons-


tantemente assentada – em um largo banco de couro que transporta-
vam de peça em peça da casa – ao lado da janela que deitava para a
praça do engenho e onde ficava a estribaria, o curral e a pequena casa
edificada para o meu mestre e que me servia de escola.”

Viuvez nem ociosa nem solitária:

“minha madrinha ocupava sempre a cabeceira de uma grande mesa de


trabalho, onde jogava cartas, dava a tarefa para a costura e para as ren-
das a um numeroso pessoal, provava o ponto dos doces, examinava as
tisanas para e enfermaria defronte, distribuía as peças de prata a seus
afilhados e protegidos, recebia os amigos que vinham todas as sema-
nas atraídos pelos regalos de sua mesa e de sua hospitalidade, sempre
rodeada, adorada por toda sua gente, fingindo um ar severo, que não
enganava a ninguém, quando era preciso repreender alguma mucama
que deixava a miúdo os bilros e a almofada para chalacear no gineceu;
ou algum morador perdulário que recorria demasiado à sua bolsa”.

Dos “regalos de sua mesa”, pode-se ter alguma ideia graças às con-
tas que, segundo o inventário, ficaram por pagar dos artigos estrangeiros
comprados no Recife: queijo flamengo e queijo londrino, vinho do Porto,
manteiga inglesa, azeite doce, chá Lipton, bolachinha soda, macarrão,
azeitonas, passas, figos. Das iguarias feitas de produtos da terra, que com-
punham o principal de uma farta mesa de casa-grande, o inventário não
tinha obviamente o que registrar, embora refira formas para a confecção
de bolos. As compras no Recife também incluíam tecidos, com “24 cô-
vados de seda da Índia”, “2 peças de madapolão”, “um par de luvas de
seda”, um “chapéu de palha enfeitado para senhora”; e também as fazen-
das rudes destinadas à escravaria, como aqueles “15 côvados de ganga
mesclada”.

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Evaldo Cabral de Melo

Registre-se também a assinatura do Diário de Pernambuco, que, no


isolamento do engenho, dava a conhecer o que se passava na província,
no Império e no resto do mundo. O inventário também identifica o pro-
fessor de primeiras letras de Nabuco, Caetano da Rocha Pereira Júnior,
natural do Recife, casado, de 25 anos. Quanto aos moradores que abusa-
vam da sua bolsa, o testamento de d. Ana Rosa recomenda expressamente
que não fossem cobradas as dívidas daqueles que não tinham condições
de pagar.

Outra vez na evocação de Nabuco:


“Estou vendo, através de tantos anos, a mobília da entrada, onde ela
costumava passar o dia. Nas paredes, algumas gravuras coloridas re-
presentando o episódio de Inês de Castro, entre as gaiolas dos curiós
afamados, pelos quais seu marido costumava dar o preço que lhe pe-
dissem... ao lado, em um armário envidraçado, as pequenas edições
portuguesas do livros de devoção e das novelas do tempo.”

No inventário, as gravuras de Inês de Castro eram doze, arbitrando-


se-lhes o total de 15 mil-réis; e os volumes do armário envidraçado são
descritos como “ uma porção de livros de pouco valor, sendo novelas e
obras truncadas”, isto é, mutiladas, avaliados em 10 mil-réis.

Homem feito, já no Rio ou em Portugal, Nabuco adquiriu o que cha-


mava, num registro particular, “os quadros de Inês de Castro,”, pois “ha-
via uma série deles em Massangana. Por isso compreio-os”. É possível
que na contemplação da história de Inês de Castro se tenha originado o
interesse que ao longo de toda sua vida Nabuco demonstrou pelos Lusí-
adas. Numa das conferências camonianas que pronunciou nos Estados
Unidos no fim da vida, ele reproduziu o episódio célebre, traduzindo para
o inglês os versos de Camões, de vez que embora se conheçam “várias
traduções de Camões [...] em todas elas, existe forte colaboração do tra-
dutor, e eu prefiro o poeta sem mistura”. Entre o que chamou “Quadros
que são recordações da minha vida”, Nabuco possuía também uma vista
da capela de São Mateus e duas do engenho.

200 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):185-203, out./dez. 2010


Massangana: uma glosa

O Inventário enumera outros objetos da casa-grande de Massanga-


na, como o “espelho com moldura dourada”, um binóculo, o aparato do
serviço doméstico, com o seu “aparelho de louça de porcelana dourada
para jantar”, outro de “chá da mesma louça, outro “aparelho de chá de
porcelana verde”. A mobília, a que se deu valor de 657 mil-réis, não está
discriminada mas há referências a duas redes, “uma cadeirinha da Bahia
em mau estado [...] uma cama de vento de armação, um canapé velho,
uma mesa e uma cadeira velha”. A roupa de uso da casa (lençóis, toalha e
guardanapos) foi estimada em 100 mil-réis. Os talheres estão itemizados:
“doze cabos de facas, doze garfos, doze colheres para sopa, doze colheres
para chá, uma colher de tirar açúcar, mais dezoito de chá, mais vinte e
uma para sopa, um talher de trinchar”, etc., etc.

Com intuição sociológica, Nabuco assinalou que “os engenhos do


norte eram pela maior parte pobres explorações industriais, existiam ape-
nas para a conservação do estado do senhor, cuja importância e posi-
ção avaliava-se pelo número de escravos”. Este era certamente o caso de
Massangana. Como indicou Luís Cedro Carneiro Leão, era boa a situação
financeira de d. Ana Rosa. Sua fortuna não ia muito além de 100 contos
de réis e sua receita anual provavelmente rondaria os 5 contos de réis:
Massangana valia 75 contos, o engenho Serraria (então moente e corrente
de Nabuco, que o herdou), 22 contos. O sítio de Nazaré foi calculado em
dois contos, mas não consta o rendimento dos foros, que d. Ana Rosa le-
gou ao irmão. Cabe acrescentar ainda o valor dos roçados (300 mil-réis) e
o da safra futura, que alcançava os 10 contos de réis, mas que deviam ain-
da ser divididos com os lavradores do engenho, fornecedores de grande
parte da cana. E como a safra 1856-1857 já estivesse encerrada e o açúcar
já embarcado no Recife, restavam 19 pães de açúcar na casa de purgar.

A noção da existência no Pernambuco do Segundo Reinado de uma


casta de barões do açúcar não passa de uma idealização de historiadores
locais, tão fictícia quanto a outra ideia, cultivada pela historiografia mar-
xista, de que eles teriam constituído uma classe dominante. No interior
das suas terras e no âmbito dos seus distritos, sem dúvida. Mas domi-
nante, na acepção de dirigente, quase nunca, como indica a adoção das

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Evaldo Cabral de Melo

políticas imperiais que tratavam de questões que lhes eram vitais, como
a criação de engenhos centrais pelo gabinete Rio Branco, uma especu-
lação de financistas da Corte e de capitalistas ingleses, hostilizada pelos
senhores de engenho, temerosos da perda de status, consequente à sua
transformação em meros fornecedores da matéria-prima.

Voltando ao retrato de d. Ana Rosa por Nabuco, “seu maior prazer


era trocar uma parte das suas sobras em moedas de ouro que ela guardava
sem que ninguém o soubesse senão o seu liberto confidente, para me en-
tregar quando eu tivesse idade. Era a isso que ela chamava o seu invisível.
Este “liberto confidente” era o Elias, o ex-escravo que lhe servia de gestor
do patrimônio depois do falecimento do marido. Ocorreu, porém, que em
setembro de 1856, oito meses antes do passamento de d. Ana Rosa, mor-
ria Elias – com direito a avulso do Diário de Pernambuco, que o louvou
nestes termos: “Nascido no cativeiro, Elias tornou-se em pouco tempo
digno de ser tido num apreço a ponto de a sua firma, pelos padecimentos
do chefe da casa Massangana, ser tão respeitada e avaliada, que deixou
alguma fortuna”.

Na queixa de d. Ana Rosa, Elias fazia “uma falta excessiva aos meus
negócios”, pois graças a que “de tudo tomou conta [...] ficou a minha
casa com ele no mesmo pé em que era no tempo do meu marido”. Em
outra carta ao casal Nabuco de Araújo no Rio de Janeiro, ela manifestava
a esperança de ver o afilhado homem feito “para lhe dar alguma coisa
invisível, como dizia o defunto seu compadre, pois só fiava isso do Elias,
apesar de ter ficado o Vitor, mano dele, que faço também toda a fiança
nele”.

Vitor, aliás, fora a única testemunha da citada conversa de d. Ana


Rosa com o padre Antônio da Cunha Figueiredo quando da redação do
testamento. As palavras de d. Ana Rosa prestam-se a interpretações opos-
tas, tanto podendo significar que só a Elias ela confiara a existência das
moedas de ouro quanto que também Vítor teria sido posto a par do segre-
do. O fato é que Nabuco não viu um tostão do invisível que lhe destinara
a madrinha. Teria Vitor desmerecido a confiança? O testamento lhe fez,

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Massangana: uma glosa

aliás, a mais substancial das doações em dinheiro: dois contos de réis em


moeda corrente.

O documento também alude a “outros objetos que ficam menciona-


dos em uma escritura de doação passada em favor do afilhado. Não se
conhece tal escritura nem o inventário o menciona. Que “outros objetos”
seriam esses? As moedas de ouro estariam entre eles? Em todo caso, elas
não se achavam entre os que vieram ter às mãos de Nabuco. Em janeiro
de 1900, por exemplo, ele registra no diário haver mandado “consertar o
espadim que me deixou minha madrinha”, lamentando “quão pouco me
resta dela”. O espadim pertencera a Joaquim Aurélio Pereira de Carvalho
na sua qualidade de oficial da guarda nacional. Quanto ao retrato a óleo
de Nabuco aos quatro ou cinco anos, atualmente propriedade dos seus
descendentes, Nabuco trouxe-o consigo para o Rio em 1857, pois ao final
da vida o incluiu numa relação de fotografias e de quadros.

Não é plausível, contudo, que d. Ana Rosa mandasse redigir uma es-
critura de doação limitada a tais objetos; tal iniciativa só é compreensível
em termos de bens substanciais. O inventário indica, aliás, que ela deixara
cédulas, patacões e certa quantia em poder do seu agente comercial no
Recife, totalizando quase 2 contos de réis. Mas os patacões eram moeda
de cobre, não de ouro.

Segundo Nabuco,

“a noite da morte da minha madrinha é a cortina preta que separa do


resto da minha vida a cena de minha infância. Eu não imaginava nada,
dormia no meu quarto com a minha velha ama, quando ladainhas en-
trecortadas de soluços me acordaram e me comunicaram o terror de
toda a casa. No corredor, moradores, libertos, os escravos, ajoelhados,
rezavam, choravam, lastimavam-se em gritos; era a consternação mais
sincera que se pudesse ver, uma cena de naufrágio; todo esse pequeno
mundo, tal qual se havia formado durante duas ou três gerações em
torno daquele centro, não existia mais depois dela; seu último suspiro
o tinha feito quebrar-se em pedaços”.

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Evaldo Cabral de Melo

Em 1906, Nabuco reviveria a noite de 1857 através do falecimento


do sogro, José Antônio Soares Ribeiro, barão de Inoã e fazendeiro em
Maricá. A d. Evelina, ele escreveu:

“Estou assistindo no declínio à cena que tanto me impressionou na


infância, da morte, do desaparecimento de uma vida-centro, à qual
muitas outras existências haviam aderido, formando colônia. E a se-
pultura do teu pai na capela da Saúde é o pendant fiel da de minha
madrinha na capelinha de São Mateus em Massangana. [...] Hoje, pro-
curo esquecer a impressão dessa terrível semana no Pilar, porque ela
me abateu muito.”

Com o falecimento de d. Ana Rosa, Nabuco deveria deixar Mas-


sangana e partir para o Rio de Janeiro a fim de reunir-se aos pais e aos
irmãos.

“Ainda hoje vejo chegar, quase no dia seguinte à morte, os carros de


boi do novo proprietário. Era a minha deposição. Eu tinha oito anos
[...] Distribuí entre a gente da casa tudo que possuía, meu cavalo, os
animais que me tinham sido dados, os objetos do meu uso. “O menino
está mais satisfeito, escrevia a meu pai o amigo que devia levar-me,
depois que eu lhe disse que a sua ama o acompanharia”. [...] Mês e
meio depois da morte de minha madrinha, eu deixava assim o meu
paraíso perdido, mas pertencendo-lhe para sempre [...] Massangana
ficou sendo a sede do meu oráculo íntimo.”

Quatro pessoas o acompanharam na viagem para o Rio, o primeiro


deles Julião Jorge Gonçalves, secretário do pai, que o viera buscar. No
Diário, Nabuco o apresenta como

“o laço de união para mim entre a minha primeira mãe, minha madri-
nha [...] a quem até a idade de oito anos dei aquele nome, não conhe-
cendo minha mãe [...] Meu pai mandou o Julião buscar-me a Mas-
sangano e foi ele que me levou para o Rio. Era o amigo da casa por
excelência.”

Com Nabuco, seguiu também sua ama-seca, que sobreviverá a ele:


a preta Maria Luiza, a quem ele chamava mãe Rosa e cuja fotografia
encontra-se na coleção da família Nabuco. Por fim, dois jovens escravos,

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Massangana: uma glosa

Marcos e Vicente, o primeiro designado pela madrinha para vigiar-lhe


os passos em Massangan; o segundo, consoante nota íntima de Nabuco
transcrita por Luís Viana Filho, o mesmo que, fugindo ao senhor rigoro-
so, viera abraçar-se às pernas do menino no patamar da escada da casa-
grande – “o traço inesperado que me descobriu a natureza da instituição
com a qual eu vivera até então familiarmente, sem suspeitar a dor que ela
ocultava”.

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Discurso de posse da diretoria para o biênio 2010-2011

I. 2 – Sessões de posse

DISCURSO DE POSSE DA DIRETORIA


PARA O BIÊNIO 2010-20111
Arno Wehling2

O interesse pela reflexão sobre o Instituto Histórico e Geográfico


Brasileiro é algo que acompanha nossa instituição desde os anos funda-
dores. Hoje mesmo será lançado um livro reunindo textos que têm como
fio condutor o IHGB, sua natureza e seu significado na cultura brasileira.
A necessidade de reflexão sobre as instituições ou sobre uma época
faz parte de nosso referencial cultural. Simplesmente, porque instituições
e épocas têm suas próprias características e desenvolvimento; em con-
sequência, possuem traços próprios e também um passado em que cons-
truíram suas identidades e sobre o qual precisam ser exercidos razão e
imaginação, se quisermos um mínimo de inteligibilidade para as ações no
presente e para o esboço de cenários futuros.
Essa concepção está enraizada até à medula na cultura ocidental.
Tucídides a explicitou quando dizia desejar que sua narrativa do passa-
do fosse um conhecimento seguro – em algumas traduções a expressão
é “conhecimento exato” – para auxiliar na interpretação do futuro. Ela
surge igualmente no século XVIII, quando se admite que uma “história
filosófica” deve ser complementada por uma “história pragmática”. E,
finalmente, aparece incorporada no Instituto, ao premiar a monografia de
Martius que menciona, ainda em jargão ilustrado, as duas histórias, a que
interpreta e a que aplica.
Um dos papéis das Sessões Magnas aniversárias e das sessões de
posse, como esta, é o de prosseguir na reflexão, em geral como um balan-
ço nas primeiras e uma prospectiva nestas.

1 –1Discurso proferido na sessão de 15 de janeiro de 2010.


2 –1 Presidente do IHGB.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):207-214, out./dez. 2010 207


Arno Wehling

O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, como sabemos, atua


em duas grandes frentes, a científica, em que se produzem conhecimen-
tos, e a cultural, na qual se divulgam esses conhecimentos, cumprindo em
ambas um inequívoco papel pedagógico. Mas seus dirigentes, além delas,
precisam sempre estar atentos aos andaimes que as viabilizam, isto é, a
outras duas frentes, a administrativa e a financeira. Sem uma organiza-
ção administrativa espartana e um planejamento financeiro draconiano,
não existiriam, pelo menos na escala que temos, seminários, simpósios,
congressos, representações, atendimento público qualificado, a Revista e
outras publicações.

Esses quatro polos – científico, cultural, administrativo, financeiro


– desafiam nossa capacidade de elaborar critérios de atuação, inclusive
de prioridade: dada a situação, que caminho trilhar? Com que meios, a
que custo, visando quais resultados? Como conciliar finalidades nobres,
relevantes, de alta indagação e de significação científica e cultural, com
instrumentos sempre limitados, às vezes materiais, às vezes de recursos
humanos? Como escolher o melhor, dentro das opções existentes e como
otimizar o desempenho?

Como, sobretudo, mantermos uma coerência de atuação?

Penso que a formulação da resposta não envolve maiores dificulda-


des. Simplesmente, nossa recta ratio deve ser guiada pelos valores bási-
cos que norteiam o IHGB.

Em primeiro lugar, está o respeito a nosso ethos.

O ethos do Instituto está profundamente enraizado em sua atuação


ao longo desses mais de 171 anos de existência. Tenho insistido em que,
para tudo tentar sumarizar numa ideia, o eixo de nosso ethos é pensar
o Brasil. Seja produzindo conhecimento em eventos científicos e traba-
lhos de investigação, seja socializando-os por meio da Revista, ou ainda,
como queria Pedro Calmon, atuando na condição de Casa da Memória
Nacional, o ethos do Instituto consiste em pensar o Brasil e em criar
condições para que este pensamento ocorra. Coligir fontes documentais

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Discurso de posse da diretoria para o biênio 2010-2011

sobre o país em todo o território nacional e no exterior é o primeiro artigo


de todos os nossos estatutos, constituindo-se o resultado de tal esforço
em ferramenta básica para o trabalho do pesquisador. Não é a única fer-
ramenta, mas representa seguramente uma das mais importantes daquelas
condições que permitem a reflexão sobre o Brasil. Esta, por sua vez, sig-
nifica considerar o país como um problema, no pleno sentido científico
que a epistemologia empresta ao conceito.

Se fizermos uma incursão pela história das ideias no âmbito do Insti-


tuto, desde 1838, veremos que, latente ou expressa, existe uma concepção
efetivamente problematizadora do Brasil. Ela se radicou quer nas gran-
des temáticas em discussão no país, quer na posição doutrinária, aliás,
extremamente diversificada, dos sócios. Além dos artigos da Revista e
das contribuições dos anais de nossos eventos científicos, essa concepção
aparece de modo singular nos discursos de posse. Ainda não foi feito um
levantamento sistemático deles e das ideias neles contidas, mas há alguns
exemplos que são provavelmente emblemáticos, refletindo quer a natu-
reza da indagação sobre o Brasil, quer o próprio instrumental para isso
utilizado. Como exemplo desse ângulo, que contempla igualmente uma
ferramenta de trabalho intelectual, por todos, destaca-se o discurso de
Pedro Lessa, no qual se questiona e problematiza a concepção científica
da história, numa ótica assumidamente cientificista.

Esse ethos, pensar o Brasil, considerando-o um problema, perpassa


a história do IHGB como valor fundamental, atuando como critério orien-
tador. Poderia ser enunciado literariamente, como o fez Milan Kundera,
ao dizer que “a História revela o que o homem é, o que existe nele por um
longo, longo tempo e quais são as suas potencialidades”. Substitua-se o
conceito “homem” por “instituição” e ter-se-á nosso ethos.

O ethos do IHGB espraia-se por algumas dimensões da Casa, que


já foram objeto de menção na circular enviada aos sócios por ocasião da
eleição da Diretoria que hoje se empossa. Reitera-se, assim, o que já vem
sendo afirmado ao longo dos últimos anos: o Instituto possui diferentes
dimensões, nomeadamente intelectuais, sociais e éticas.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):207-214, out./dez. 2010 209


Arno Wehling

Intelectuais, porque o pensar o Brasil como o devemos fazer no sé-


culo XXI, em particular à luz das ciências sociais, envolve justamente a
capacidade de construir problemas. Isso pressupõe que, com base em fun-
damentos teóricos, metodológicos e empíricos, somos capazes de elabo-
rar teorias que explicam a realidade brasileira sob um viés marcadamente
histórico e fornecem subsídios para a formulação de opiniões e a tomada
de decisões.

Devemos pedir a essas teorias, como diria Karl Popper, que sejam
capazes de nos apresentar um conhecimento correto, contrastável e ver-
dadeiro. Ou seja, correto, para que os conhecimentos tenham correspon-
dência fática com a realidade estudada, aquilo que Weber e Paul Veyne
preferem chamar verossimilhança; contratastável, a fim de que represen-
tem a disputa de teorias rivais para resolver determinada questão, sem que
a vitória ad hoc de uma delas pressuponha a derrota definitiva da outra;
e verdadeiro, pois envolvem uma verdade não no sentido metafísico da
expressão, mas no epistemológico.

Elaborando essas teorias, ou criando um foro no qual possam ser


livremente expressas e discutidas, estaremos cumprindo um papel do
qual o Instituto jamais abdicou, o de instituição polarizadora de diferentes
perspectivas, tanto complementares entre si, como antagônicas.

Dimensão social, porque esse pensar o Brasil se faz endogenamente,


com o trabalho cooperativo dos sócios do Instituto, e de modo exógeno,
por meio das múltiplas interações institucionais que o Instituto possui.
Nas duas situações, a interna e a externa, é absolutamente necessária a
participação de seus membros, quer estejam ou não em cargos da direto-
ria. Muitas vezes ouvi de Pedro Calmon a afirmativa de que “onde está um
sócio do Instituto, aí ele estará representado”. Não a devemos perceber
como apenas uma frase lisonjeadora: ela corresponde a uma necessidade
institucional da Casa. O sócio detém uma parcela da representatividade
geral porque o preocupa e interessa o mesmo ethos que nos une a todos.
Essa condição afirma seu pertencimento à Casa e legitima sua atuação.

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Discurso de posse da diretoria para o biênio 2010-2011

O declinar seu pertencimento ao IHGB significa que ele está supe-


riormente identificado com aquele ethos, isto é, com um todo e não com
uma parcela – seja ela facção, partido, ramo ou fração. Isso evidentemen-
te não impede a diferença, antes sublinha sua relevância, se continuarmos
admitindo que à contrastação de teorias rivais se deve grande parte do
progresso científico.

Dimensão ética, porque a capacidade de bem problematizar qual-


quer objeto, inclusive em nosso caso o Brasil, traz em si, como inerente,
a integridade científica e o respeito pela interlocução. Requer-se, para
garantia da seriedade de qualquer discussão nesse terreno, a honestida-
de de propósitos, do ponto de vista moral, ou seu equivalente científico,
a homogeneidade nos termos da equação. Quando Ranke mencionou a
necessidade de um conhecimento correto do passado – “como realmente
aconteceu”, wie es eigentlich gewesen war – não imaginou a celeuma
que provocaria por mais de um século, com os subjetivistas de todos os
matizes tachando-o peremptoriamente de “positivista” – posição da qual
era teoricamente um antípoda. Ainda hoje em alguns arraiais historiográ-
ficos o assunto continua merecendo destaque inusitado, quando há mais
de meio século se conhece o manual de Marc Bloch sobre metodologia
da história, onde está resolvida em uma outra frase singela a questão: a
afirmação de Ranke foi, simplesmente, um “conselho de probidade” e não
um programa teórico-metodológico.

A dimensão ética do IHGB não precisa de uma fundamentação meta-


física: é, também, tão somente, uma defesa da probidade na investigação
e na divulgação de seus resultados.

Ethos e dimensões exprimiram e exprimem, no Instituto, o postulado


humanista e o espírito acadêmico.

O postulado humanista de uma instituição como o IHGB é multifa-


cetado. Ele está na área da motivação do observador, como na repetida
frase de Terêncio sobre o interesse, para ele como ser humano, de tudo
o que era humano. Ele está na busca da erudição, como no humanismo

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):207-214, out./dez. 2010 211


Arno Wehling

renascentista, não pela volúpia da coleta de dados, mas porque essas in-
formações, colhidas pelas pequenas formigas de Bacon, foram capazes,
reunidas e articuladas, de desvelar a existência de regras, estruturas e leis
por trás da aparente atomização e singularidade de suas manifestações.

Ele está na afirmação ilustrada, orgulhosamente racionalista e se-


cular, da dignidade do homem, independentemente da aceitação ou re-
cusa de um fundamento religioso. Provavelmente todos os intelectuais
ilustrados, deístas, materialistas, católicos ou protestantes coincidam na
afirmação dessa dignidade humanista do homem pela palavra de Kant, do
Kant da Crítica da Razão Prática, em cuja conclusão se afirmam duas
coisas que o deixavam maravilhado: o céu estrelado sobre si, a ordem
moral dentro de si.

Traduzido em atitudes, o postulado humanista obriga a que, no Ins-


tituto, estejamos permanentemente abertos, empáticos, às manifestações
mais diversas da cultura, atentos ao conhecido e ao desconhecido, ao ve-
lho e ao novo, ao mesmo e ao diferente – numa palavra, ao outro. Essa
sensibilidade à alteridade é um dos traços fundamentais do humanismo
e é ela que explica a valorização do singular que a erudição recupera,
sem que isso conflite, antes complemente, a percepção de aspectos e ca-
tegorias mais gerais. Todo singular traz em si a marca do particular e do
universal, se quisermos lembrar o padrão aristotélico, o que coloca numa
ponta desse cabo de guerra do conhecimento um Lourenço Valla, debru-
çado sobre um discutível documento da chancelaria pontifícia do século
VIII e na outra um abrangente Terêncio, tendo de permeio o humanismo
ilustrado. Este, aliás, aplicou à organização da “sociedade civil” – afinal,
um conceito inventado pela Ilustração – as categorias e os valores que
forjaram nossas concepções sobre o homem e os direitos humanos.

Essas três vertentes humanistas coincidem num grande caudal que


vem a ser o humanismo que professamos e em relação ao qual pautamos
nosso comportamento e nossas políticas.

Nosso comportamento, porque justificam que persigamos, no Insti-

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Discurso de posse da diretoria para o biênio 2010-2011

tuto, como se enunciou na proposta da atual Diretoria, reiterando com-


promissos anteriores, simultaneamente o cultivo da tradição e a busca da
inovação. Continuamos fiéis, nesse ponto, à ideia de que a tradição con-
siste fundamentalmente na transmissão de algo, numa traditio, que se re-
produz de geração a geração, diretoria a diretoria, sócio a sócio. E de que
a abertura à inovação em nada se choca com a tradição, antes a aperfeiçoa
e a torna efetivamente possível. A tradição ocorre justamente porque o
legado se altera a cada momento histórico, a partir da inovação.

Essa dialética sutil entre permanência e mudança talvez tenha sido


bem expressa não por um historiador, mas pelo poeta Auden, quando afir-
mou ser o homem uma criatura produtora de história, sem nunca conseguir
repetir o passado, nem também deixá-lo para trás. É o caso do Instituto:
ele não repete mecanicamente a tradição, porque isso seria petrificá-lo
num tempo que se encerrou, mas a cada renovação a ela retorna, pois aí
estão seu ethos e seus valores mais caros.

Nossas políticas são igualmente pautadas por tais parâmetros. Apli-


camos às diferentes dimensões do Instituto, desde as mais abstratas até
as mais corriqueiras, critérios que dimanam desses parâmetros e que per-
mitem, na prática quotidiana, garantir a coerência de nossas orientações.
O Instituto só será o Instituto se nos obrigarmos a uma autodisciplina em
que a consciência do ethos e dos valores oriente nossas políticas e estas,
por sua vez, pautem nossas ações.

Como garantir que a opção por esta ou aquela ação, numa situação
de concorrência entre elas, melhor atende ao interesse da Casa? Na pro-
gramação de eventos, na seleção de textos para a Revista, no destaque
das efemérides, nas comemorações, na seleção de nossos futuros con-
frades – tudo supõe opções, às vezes com uma só alternativa. Somente o
exercício de referência a critérios – chamemo-los por ora ethos, valores
e políticas – poderá garantir o exercício daquela recta ratio que permite
decisões corretas e justas.

Talvez seja este o principal desafio de quem dirige uma instituição

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):207-214, out./dez. 2010 213


Arno Wehling

com o significado científico e cultural do IHGB. Garantir a coerência do


abstrato ao concreto, a sintonia entre o ethos e ação minudente, é uma
responsabilidade permanente. O senso comum nos lembra, em diferentes
línguas, que o diabo mora nos detalhes. Certamente é nos detalhes que
somos mais desafiados a demonstrar nossa inteligência e também nossa
vontade, se queremos ser fiéis a nossos fins. Se formos bem-sucedidos,
o conjunto será harmonioso, os valores serão atendidos, o ethos, respei-
tado.

Ao contrário, se formos incoerentes, se buscarmos o agrado fácil, se


a leniência ditar nossas opções, então começará um inexorável processo
de corrosão dos valores e por fim da identidade.

Certamente seremos, todos nós, membros do IHGB e diretoria, ca-


pazes de cultivar nosso espírito acadêmico no que ele tem de efetiva-
mente superior, aquela valoração de que falava o historiador espanhol
Jose Antonio Maravall. Valoração não de pequenas avaliações setoriais,
individuais e forçosamente tendenciosas, mas a grande valoração, identi-
ficada com os valores maiores da ciência, da cultura e do humanismo.

Isso é necessário para que o Instituto esteja à altura dos tempos his-
tóricos que passam, para que tenha respostas que lhe permitam deles par-
ticipar como protagonista e interlocutor.

Esse ideal quase apolíneo significa que o IHGB não abdica de sua
condição de uma instituição clássica, mas que, exatamente por isso, está
permanentemente aberta à percepção da mudança. Afinal os gregos, ainda
uma vez eles, já enunciaram simbolicamente esta situação: por detrás da
pitonisa, no oráculo de Delfos, dedicada a Apolo, o deus da harmonia, do
equilíbrio, do termo médio, estava a estátua... de Dioniso, o deus da vinha
e das emoções desenfreadas.

Nesse espírito, prezados confrades, senhores convidados, a Diretoria


assume seu mandato.

214 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):207-214, out./dez. 2010


Discurso de recepção ao sócio honorário Paulo Knauss de Mendonça

DISCurSO DE RECEPÇÃO AO SÓCIO HONORÁRIO


PAULO KNAUSS DE MENDONÇA1
Vasco Mariz2

Paulo Knauss, nosso novo sócio honorário, que hoje toma posse nes-
ta ilustre Sala Pedro Calmon, nos é bem conhecido de várias reuniões do
CEPHAS e de seminários de que participou no IHGB. Além disso ele é
sócio do IHGRJ, onde foi admitido em 2005. Paulo vem imprimir sangue
novo em nossa vetusta instituição, pois tem apenas 44 anos de idade e
isso é importante, porque precisamos renovar o elenco de nossos sócios.
Dias atrás, um colega comentou comigo que a nossa média de idade está
muito alta e devemos recrutar gente jovem, capaz e entusiasta. Por isso
Paulo Knauss é duplamente bem-vindo pelo seu mérito pessoal e por in-
tegrar esse novo batalhão renovador da instituição.

Paulo nasceu em 1965 no Rio de Janeiro. Seu pai é paraense e sua


mãe de origem alemã. Esses dois fatores tiveram especial importância na
formação do jovem historiador. Ainda menino estudou em Schaffhausen,
na Suíça alemã, e mais tarde cursou um semestre na Universidade de
Freiburg, na Alemanha. Recentemente tem viajado bastante pela França
por moticos de trabalho e essa vivência na Europa lhe alargou os horizon-
tes e lhe deu fluência em vários idiomas estrangeiros.

Por outro lado, Paulo Knauss fez longas viagens em férias escolares
na região Norte. Visitou o interior da Amazônia, na região do rio Tapajós,
onde passava meses em companhia de seus pais. Ele viu a Transamazô-
nica nascer, observando as grandes balsas que passavam, atravessando o
rio plácido de outrora. Paulo viu a exploração da Serra Pelada mudar a
vida da região e tudo isso lhe deu ideia dos diversos sentidos do progresso
e do desenvolvimento de um país tão vasto quanto o Brasil. Teve assim
o nosso novo sócio honorário as oportunidades de uma valiosa experiên-
cia internacional e, ao mesmo tempo, nos traz o conhecimento do Brasil

1 –1Discurso proferido na sessão de 16 de junho de 2010.


2 – Sócio emérito.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):215-218, out./dez. 2010 215


Vasco Mariz

profundo. Essas experiências certamente muito contribuirão para suas ati-


vidades dentro de nossa instituição.

Conheço-o há mais de dez anos e temos o hábito de almoçar juntos


mensalmente. Paulo é um professor de História da Universidade Fede-
ral Fluminense, autor de várias obras publicadas sobre a Guanabara, tais
como A Cidade Múltipla – temas da história de Niterói (Niterói Livros,
1997) e Cidade Vaidosa – imagens urbanas do Rio de Janeiro (Sete Le-
tras, Rio de Janeiro, 1999), e Macaé – história e memória (2008 ).

Saliento, no entanto, que sua obra principal continua a ser Rio de Ja-
neiro da Pacificação (Biblioteca Carioca, 1991), hoje considerada como
texto clássico obrigatório para o estudo do século XVI na Guanabara. Eu
mesmo, cada vez que tenho de escrever sobre aquele período no Rio de
Janeiro, consulto Paulo Knauss, que sempre tece comentários inteligentes
e me dá explicações engenhosas que satisfazem as minhas dúvidas.

Outro livro relativamente recente de nosso novo consócio, que me


agradou bastante, é uma obra coletiva por ele organizada, intitulada O
sorriso da cidade, com o subtítulo de “imagens urbanas e de história po-
lítica de Niterói”, editado pela Fundação de Arte de Niterói em 2003. O
livro em apreço nos traz uma ampla recostura do imaginário e das rela-
ções políticas de poder em Niterói, através dos monumentos erguidos ao
longo dos anos, ao sabor das mudanças políticas, sociais, econômicas e
culturais. O livro contém uma longa introdução do coordenador e entre os
diversos capítulos, saliento dois deles escritos por Knauss: “O herói da ci-
dade”, com a imagem indígena e a mitologia social, e “A cidade panteão”,
onde Paulo comenta a produção social da imaginária urbana.

Niterói tem um especial encanto não só para ele, como para mim
também, pois lá residi muitos meses. Lá fiz o serviço militar no CPOR
local, no início dos anos 40, e estive bem perto de embarcar para lutar na
Itália. O Sorriso da Cidade nos proporciona excelente visão da história
de Niterói, a antiga capital estadual, que possui um acervo importante
da imaginária urbana. A antiga região denominada “Bandas do Além”
abrigava o aldeamento de São Lourenço, sob a orientação religiosa dos

216 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):215-218, out./dez. 2010


Discurso de recepção ao sócio honorário Paulo Knauss de Mendonça

jesuítas. Os leitores deliciam-se a princípio ao rememorar a história pito-


resca do Arariboia e de sua controvertida estátua, com a qual o herói da
cidade foi homenageado pelo Município. Foi, no entanto, somente em
1820, durante a permanência de D. João VI no Brasil, que a povoação ga-
nhou status de aglomeração urbana, pois foi elevada a Vila Real da Praia
Grande, com a instalação da Câmara Municipal e da justiça local. Pouco
depois passou a chamar-se Nictheroy, grafia arrevesada, felizmente hoje
esquecida.

Niterói possui hoje seis centros culturais de primeira linha, a fazer


inveja a grandes capitais: O Museu de Arte Moderna, de Oscar Niemayer,
belíssimo edifício emoldurado pelo mais belo panorama da Guanabara;
o Solar do Jambeiro, residência particular monumental do século XIX,
recém-restaurada e sede de notáveis exposições de arte; o Museu do Ingá,
cujo acervo tem sido bastante enriquecido ultimamente; a Casa de An-
tônio Parreiras, que continua a atrair muitos visitantes admiradores do
grande pintor, e o imponente Teatro Municipal, também recentemente
restaurado com muito bom gosto e agora sede de concertos memoráveis.
Finalmente, é justo destacar que a Universidade Federal Fluminense tem
galgado degraus significativos entre as melhores universidades do país.
Niterói pode assim ostentar um belo sorriso cultural para atrair milhares
de visitantes não só do Rio de Janeiro quanto dos arredores e até do ex-
terior. Paulo Knauss é, de certo modo, o historiador de Niterói no IHGB,
ao lado de Carlos Wehrs. Como sublinhou o próprio autor a respeito de O
sorriso da cidade, “trata-se de um esforço de aproximação da universida-
de com a cidade, visando à promoção da cidadania e a partir do desenvol-
vimento de investigações cientificamente conduzidas”.

Já o mais recente livro de Paulo Knauss, de 2004, tem curioso título:


O Oeste Americano, que tal como o seu Macaé, estão mais no campo da
história urbana e das relações entre história e espaço. Os interessados na
obra de Paulo Knauss devem ir à internet, pois ele é autor de excelen-
tes artigos publicados em revistas acadêmicas, não só nacionais como
tambem estrangeiras, sobretudo norte-americanas. Seu “lattes” circula na
internet e é referência de vários professores universitários brasileiros.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):215-218, out./dez. 2010 217


Vasco Mariz

Destaco ainda a nossa colaboração em dois empreendimentos cultu-


rais de bastante significação: o livro coletivo por mim coordenado Rela-
ções históricas Brasil / França no periodo colonial, publicado pela edi-
tora da Biblioteca do Exército em 2006. Paulo Knauss escreveu um texto
brilhante para comentar as atividades dos corsários franceses na costa
brasileira, talvez o melhor capítulo da coleção, intitulado “Brasil, terra de
corsários. Du Clerc, Duguay-Trouin e o conde d´Estaing” Nesse ensaio
Paulo encontrou novos aspectos das duas primeiras expedições preda-
tórias já bastante estudadas e revelou pormenores do pouco conhecido
ataque abortado ao Rio de Janeiro planejado por Luís XV em meados do
século XVII. Nessa obra Paulo Knauss comentou também a rica biblio-
grafia francesa sobre o Brasil, no artigo intitulado “Fontes para o estudo
da história da presença francesa na América portuguesa”, nela salientan-
do valiosas novidades.

Para terminar, recordo um significativo trabalho de cooperação que


Paulo Knauss realizou para o nosso IHGB: em junho de 2009 ele partici-
pou do seminario França-Btasil, fazendo nada menos de duas conferên-
cias do total de 24 palestras daquele importante evento cultural. Abor-
dou duas facetas do maior interesse histórico: o estudo das aventuras
francesas no Brasil no período colonial, discorrendo sobre “Os corsários
franceses”, e a outra, sobre a influência francesa na arquitetura e escultura
brasileiras em palestra intitulada “Do academicismo ao art-déco. Arquite-
tura e escultura pública no Rio de Janeiro”, tema que hoje talvez seja seu
maior interesse. Os interessados poderão consultar esses dois esplêndidos
estudos na revista do IHGB de nº 444, recém-publicada e toda dedicada
ao seminario Brasil-França de 2009.

Senhor Paulo Knauss de Mendonça, seja bem-vindo a esta Casa! O


IHGB precisa da sua valiosa colaboração, sobretudo como pesquisador
da história da arte e experiente profissional do patrimônio. A experiência
que ora está ganhando como diretor do Arquivo Público do Estado do Rio
de Janeiro também será preciosa para nossa instituição. Venha integrar a
bancada nova de nossa entidade e se empenhe em renová-la, fortalecê-la
e honrá-la.

218 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):215-218, out./dez. 2010


Conferência do empossado
A interpretação do Brasil na escultura pública: arte, memória e história

Conferência do empossado

A interpretação do Brasil na escultura pública:


arte, memória e história
Paulo Knauss de Mendonça1

Senhor presidente, prezados membros da mesa, caros confrades,


amigos, senhoras e senhores:

Nessa ocasião vou procurar aproximar a arte da escrita da história,


os artistas dos historiadores, buscando apresentar como a escultura públi-
ca de lógica monumental, caracterizada pelos monumentos cívicos, pode
ser tomada como objeto da crítica historiográfica. Parto do pressuposto
de que o passado é objeto de muitos usos sociais, o que faz, por conse-
quência que a história seja um terreno de muitos. Quero dizer, que há
vários modos de abordar a história que não se resume ao universo de
uma disciplina demarcada pela ordem científica. O pensamento histórico
é uma construção social, compartilhada coletivamente. Desse ponto de
vista é possível situar como os artistas se transmutam com frequência em
historiadores.

Para ilustrar esse argumento e desenvolver minha análise vou partir


da história de duas esculturas públicas de destaque na história da arte bra-
sileira. A primeira, a estátua equestre de d. Pedro I, realizada pelo escultor
francês Louis Rochet e inaugurada em 1862, teve um destino glorioso. A
segunda, o Monumento ao Trabalhador Brasileiro, de 1950, de autoria de
Celso Antonio, teve um destino tortuoso de interesse à interrogação da
crítica da história da arte.

1 –1Sócio honorário brasileiro.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):219-232, out./dez. 2010 219


Paulo Knauss de Mendonça

Festa da Imagem
Em 30 de março de 1862, a cidade do Rio de Janeiro assistiu a uma
de suas maiores festas cívicas. O motivo era a inauguração da primeira
escultura pública do Brasil, a estátua equestre de d. Pedro I. A promoção
da imagem estabeleceu um novo lugar para a escultura na sociedade, in-
tegrando o Brasil no contexto de uma prática do mundo ocidental do libe-
ralismo. O Brasil se aproximou, assim, do que na França seria conhecido
como a estatuamania no fim do século XIX. 2 Assim, a inauguração da
estátua equestre de d. Pedro I consagrou a afirmação da escultura pública
no Brasil e instalou uma tradição que atravessou os tempos até os dias de
hoje.

A inauguração da estátua foi organizada como uma grande festa.


Originalmente, prevista para o dia 25 de março, a inauguração da estátua
terminou sendo transferida para o próprio dia 30 de março devido às chu-
vas fortes típicas da estação do ano. Mesmo assim, no dia da realização
da cerimônia uma chuva discreta acompanhou os festejos.

Maria Eurydice Ribeiro de Barros, apoiada no noticiário do Jornal


do Commercio, descreve como a cidade não pôde ficar indiferente a este
momento da vida urbana.3 O anúncio e os preparativos da festa foram
estabelecendo na população uma grande expectativa. Semanas antes, os
curiosos procuravam a praça para tentar ver o monumento em construção
e admirar as partes do pedestal expostas. Um motivo de atração a mais
eram os lampiões gigantes, que deveriam servir para iluminar a estátua
e a praça de modo especial para a época. A imprensa dizia que a luz dos
lampiões transformaria as noites em “dias esplêndidos”, dando a medida
da empolgação da população urbana. Assim, toda a cidade foi sendo en-
volvida pelos preparativos. Importa salientar que os lampiões chamavam
a atenção para a situação da escultura a ser inaugurada, completando o

2 – AGULHON, Maurice. La ‘statuomanie’ et l´histoire. IN: Histoire vagabonde: etno-


logie et politique dans la France contemporaine. Paris, Gallimard, 1988. v1.
3 – RIBEIRO, Maria Eurydice de Barros. Memória em bronze, estátua equestre de d. Pe-
dro I. IN: KNAUSS, Paulo (coord.). Cidade vaidosa: imagens urbanas do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, Sette Letras, 1999.

220 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):219-232, out./dez. 2010


Conferência do empossado
A interpretação do Brasil na escultura pública: arte, memória e história

conjunto urbano. A implantação da obra de arte pública colocava a ima-


gem do imperador de frente para a rua da Imperatriz, dirigindo-se para o
portão principal da Academia Imperial das Belas-Artes, na outra ponta
da rua. De outro lado, a rua 7 de Setembro, com a data da Independência
do Brasil, conduzia até a praça da estátua, estabelecendo a ligação com
o antigo largo do Paço, onde se localizava a sede de governo e a região
mais frequentada da cidade. A escolha do local e da posição da peça, evi-
dentemente, não foram aleatórias e acompanhava o plano de remodelação
daquela área urbana, que se transformaria na praça da Constituição, tendo
a escultura monárquica ao centro.

Para a inauguração, a imprensa anunciou o aluguel de cômodos com


janelas e cadeiras para assistir aos festejos com conforto, dando a dimen-
são do poder de atração da festa organizada para a estátua do imperador.
O horário dos trens foi adaptado, de modo a garantir a presença do maior
número de interessados. A multidão parece ter tomado conta da cena,
como se vê em gravura de época. O comércio foi contagiado e ofere-
ceu aos consumidores diversos artigos. A imagem do imperador apare-
ceu estampada em pesos de vidro para papel, desenhos, hinos e gravuras
vendidos nas lojas, entre outros tantos produtos. O comércio teve, tam-
bém, participação importante na decoração da cidade oferecendo folhas
de mangueira, cedro e canela para embelezar a arquitetura urbana. Além
disso, as lojas ofereceram acessórios para baile e teatro, como cintos,
luvas, leques que vinham com uma estampa do monumento, bem como
artigos de toalete, que caracterizavam a ocasião como de grande gala. O
movimento da cidade afirmava a festa da imagem.

Mesmo com a mudança da data da inauguração, o programa previsto


foi mantido com pequenas alterações. No início do dia, as fortalezas, que
ocupavam posição de destaque na paisagem da cidade, apareceram em-
bandeiradas, salvas militares foram lançadas e repiques de sinos soaram
na cidade para anunciar a cerimônia que se preparava. Um desfile triunfal
foi organizado, reunindo diversas autoridades apresentadas em alas. À
frente representantes da Justiça e da polícia: juízes de paz, delegados,
comandantes e oficiais de polícia, notários públicos, procuradores. Reu-

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Paulo Knauss de Mendonça

niram-se, ainda, diversas alas que representavam diferentes comissões,


além de políticos e de membros da Igreja: deputados, seguidos de vere-
adores, ministros, conselheiros de Estado, homens da Corte, prelados e
bispos. Completavam ainda o cortejo, os membros da Câmara Municipal
que carregavam o pálio, sob o qual se colocaram o Imperador, a Impera-
triz e as princesas imperiais para se apresentar à população. Ao final, se
juntou ao cortejo a comissão responsável pela mobilização pública em
torno da construção da estátua. Toda organização foi marcada pela expo-
sição das insígnias imperiais. O ritual serviu, assim, para a promoção da
imagem.

Ao chegar à praça da estátua, a população cercou a escultura, en-


quanto as autoridades oficiais se posicionaram na varanda do Teatro São
João, o maior da cidade na época. Desse lugar de destaque, a ordem ins-
titucional do país era afirmada pela reunião do imperador e da família
imperial, dos representantes políticos das assembleias provinciais e da
Câmara Municipal e dos membros do corpo diplomático e consular. Tro-
pas militares procederam, em seguida, à apresentação de armas. Depois
disso, ao som do hino da independência, acompanhada do imperador, a
comissão promotora se dirigiu para junto da estátua descerrar o pano
que a cobria. Seguiram-se vivas à independência nacional, repetidos
pela multidão presente. Um Te Deum complementou a cerimônia oficial
com um ato religioso e concentrou as atenções sobre um altar construído
na praça. Na sequência, assistiu-se à leitura de discursos políticos que
marcaram o evento. Ao final, a tropa seguiu em marcha de continência
acompanhada do som de bandas marciais que tocaram o hino nacional.
Nessa altura, ao destacar o papel das autoridades oficiais na cerimônia de
inauguração, explicitava-se que mobilização social em torno da imagem
afirmava a ordem institucional do Estado nacional. O rito definiu o ca-
ráter cívico da escultura envolvida pela mobilização social em torno da
imagem escultórica.

Chama a atenção o potencial da escultura pública para mobilizar a


sociedade. A descrição de toda a cerimônia de inauguração da estátua de
d. Pedro I indica que o rito social envolve a escultura pública.

222 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):219-232, out./dez. 2010


Conferência do empossado
A interpretação do Brasil na escultura pública: arte, memória e história

Ritualização da Imagem
A cerimônia de inauguração da estátua equestre de d. Pedro I, porém,
apenas completava um longo processo de ritualização da imagem carac-
terizado por várias etapas.

A ideia original da escultura foi promovida em 1825 na Câmara Mu-


nicipal do Rio de Janeiro depois de sugerida no folheto Despertar Cons-
titucional, no ano anterior. A iniciativa da instituição política municipal,
que foi o centro político do processo de Independência nacional, obteve
autorização do próprio imperador d. Pedro I. O local então definido para
instalar a escultura foi o Campo de Santana, área onde havia sido realiza-
da a cerimônia de aclamação do monarca em 1822. O arquiteto Grandjean
de Montigny chegou a preparar dois projetos de padrão neoclássico. As
mudanças políticas da época, que levaram à impopularidade do impera-
dor e sua abdicação, em 1831, acabaram por inviabilizar o projeto. 4

O projeto da escultura é retomado no ano de 1839 por uma comissão


promotora da iniciativa que lançou uma subscrição pública para arrecadar
fundos para o projeto, tal como se verifica em prospecto de época. 5 Isso
ocorreu um ano antes do chamado Golpe da Maioridade, que conduziria
ao trono o imperador d. Pedro II, antes do previsto. Não se pode conside-
rar uma coincidência o fato da retomada do projeto da escultura pública
do primeiro monarca do Brasil, que representa a política do centralismo
monárquico, tenha voltado à baila justamente no momento de crítica à
ordem regencial de tom federalista. Assim, o sentido político implícito à
imagem colabora na moldagem da imagem escultórica.

O projeto da estátua do imperador só seria definitivamente retomado


pela Câmara da cidade do Rio de Janeiro em 1853, a partir da nomeação
de uma nova comissão de promoção e execução da escultura. O projeto
recebeu, ainda, no ano seguinte o apoio do Instituto Histórico e Geográfi-
4 – AZEVEDO, Moreira de. O Rio de Janeiro: sua história, monumentos, homens notá-
veis, usos e curiosidades. Rio de Janeiro, Livr. Brasiliana Ed., 1969. V. II. Cap. I. Nesta
obra se encontram informações gerais sobre o histórico da escultura.
5 – Prospecto de subscrição de dous monumentos...,1839. Arquivo do IHGB. Lata 59,
PS 15.

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Paulo Knauss de Mendonça

co Brasileiro, a primeira instituição acadêmica do país que se dedicava a


promover a história nacional e que se manifestou cobrando das autorida-
des a continuidade do projeto adiante. Assim, o projeto tinha um pilar no
mundo do governo, mas igualmente um outro apoio na sociedade civil,
definindo o espaço de sua promoção.

Após a organização da comissão de promoção da imagem e do lan-


çamento da subscrição pública, em 1855 ocorreu o lançamento do edital
publicado em vários jornais que anunciava o processo de seleção do pro-
jeto escultórico. O concurso teve 35 trabalhos inscritos, e três seleciona-
dos e premiados. O primeiro lugar foi concedido ao projeto reconhecido
pelo anagrama Independência ou Morte, de autoria de João Maximiano
Mafra (1823-1908), professor de pintura histórica da Academia Imperial
das Belas-Artes – AIBA, principal centro da criação artística do Brasil no
século XIX. Os outros projetos selecionados foram os de Luiz Jorge Ba-
ppo e Louis Rochet. Diante das dificuldades técnicas de realizar o projeto
no Brasil, o artista francês Louis Rochet foi escolhido para desenvolver o
projeto vencedor em seu ateliê na cidade de Paris. 6

De resto, a instalação da estátua foi demarcada, também, pelo ritual


de lançamento da pedra fundamental, em 12 de outubro de 1855, data
do aniversário de Pedro I, que foi acompanhada pelo enterro no local da
pedra fundamental de uma caixa com medalha da estátua, moedas dos
reinados de Pedro I e de Pedro II, o auto da estátua e a versão original da
Constituição. A inauguração que fora prevista para o dia 25 de março – a
data de aniversário da primeira Constituição nacional – completou o pro-
cesso de promoção da imagem. 7

Assim, observa-se que a promoção da imagem obedecia a um pa-


drão demarcado por várias etapas, iniciando-se pela proposição pública
6 – Para conhecimento da biografia do artista francês, consulte-se: ROCHET, André.
Louis Rochet: sculpteur et sinologue, 1813-1878. Paris, André Bonne, 1978. Nesta bio-
grafia também se encontra vasta documentação trasncrita sobre a estátua equestre de d.
Pedro I.
7 – SANTOS, Gisele Cunha dos & MONTEIRO, Fernanda Fonseca. Celebrando a fun-
dação do Brasil: a inauguração da Estátua Equestre de D. Pedro I. Revista Eletrônica de
História do Brasil. Juiz de Fora: UFJF, v. 4, n. 1, jan./jun. 2000, p. 59- 76.

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Conferência do empossado
A interpretação do Brasil na escultura pública: arte, memória e história

da ideia, pela organização da iniciativa por meio da nomeação de uma


comissão promotora da imagem, seguindo-se a mobilização social em
torno da subscrição pública, da instalação do concurso público de sele-
ção de projeto, pelo lançamento da pedra fundamental e pela cerimônia
de inauguração da escultura pública. A promoção da imagem terminou,
portanto, caracterizando-se como um largo processo de ritualização da
escultura na cidade.

Nesses termos, a compreensão da história da escultura pública não se


basta nela mesma, pois sua concepção não pode ser isolada do processo
social de moldagem que envolve a escultura ritualizada.

Construção narrativa
O conjunto escultórico inaugurado em 1862 na cidade do Rio de
Janeiro marcou a história da escultura no Brasil. Não apenas por seu ta-
manho, materiais nobres e qualidades artísticas. A estátua equestre de d.
Pedro I também abriu no Brasil a era da escultura cívica de lógica monu-
mental que mobilizava a sociedade em torno do culto da nação. A mar-
ca destas imagens é se caracterizarem, também, como representações do
passado que afirmam leituras da história.

Importa destacar que há uma estrutura narrativa que define a compo-


sição geral sob a lógica do monumento. No caso da estátua de d. Pedro I,
o conjunto é simétrico, de base quadrangular com aspecto octogonal de-
vido aos cantos chanfrados. A composição escalonada se organiza a partir
de um gradil de proteção, uma base de cantaria, um pedestal e a estátua,
propriamente dita. O gradil de ferro, inaugurado anos depois, compõe um
octógono que cerca a escultura e traz em cada coluna, a inscrição de uma
data que demarca os principais fatos da história da independência e da
afirmação do Estado nacional; o pedestal apresenta em cada um de suas
faces laterais alegorias de bronze que representam os rios do país – Ama-
zonas, Madeira, Paraná e São Francisco –, associando a imagem de índios
e animais esculpidos em bronze; no alto do pedestal, antes da estátua,
contorna a peça os brasões das vinte províncias imperiais, e, finalmente,

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Paulo Knauss de Mendonça

encimando o conjunto, a estátua equestre do imperador em trajes milita-


res sem insígnias monárquicas, com um braço esticado que traz na mão
um livro, que representa o Manifesto das Nações, documento importante
do processo de Independência nacional de 1822. Mesmo o livro sendo de
proporções pequenas, chama a atenção pelo fato de ser o único elemento
fora do eixo principal da composição simétrica, destacando-se do conjun-
to. Na face principal, na cimalha do pedestal, abaixo da estátua, aparece
um escudo com a inscrição D. Pedro I, gratidão dos brasileiros. 8

A estrutura narrativa da escultura monumental se evidencia ao rela-


cionar tempo, espaço e sujeito da história, afirmando um enunciado-cha-
ve. O tempo da história aparece na cronologia inscrita no gradil; o espaço
da história é tratado no pedestal pelas alegorias dos rios nacionais e pelos
brasões das províncias imperiais; o sujeito da história e o produto de sua
ação se inscrevem na estátua do imperador com o documento da Inde-
pendência na mão. Há, assim, claramente a demarcação do tempo, do es-
paço e do sujeito da história para contar a história da afirmação do Estado
nacional, por meio da escultura. A chave de leitura da história se afirma,
no entanto, pela inscrição do enunciado da gratidão, que explica a razão
do culto da imagem e a lembrança do passado no presente. Explicita-se
um certo uso do passado que afirma o caráter cívico da história e da arte,
definindo a escultura monumental como imagem do civismo.

Cabe anotar, ainda, que a proposta de subscrição pública de 1839,


ainda que tivesse como foco principal a estátua do imperador d. Pedro I,
propunha erguer, também, uma segunda estátua homenageando o Pa-
triarca da Independência, José Bonifácio. Esta estátua seria inteiramente
concebida e realizada por Louis Rochet, na França, e inaugurada no Rio
de Janeiro em 7 de setembro de 1872, por ocasião das festividades do
cinquentenário da Independência. Enquanto o imperador foi representado
a cavalo trazendo o documento da Independência para simbolizar a afir-
mação do Estado nacional, José Bonifácio foi representado como intelec-

8 – KNAUSS, Paulo. Imaginária urbana: escultura pública na paisagem construída do


Brasil. IN: SALGUEIRO, Heliana Angotti (coord.). Paisagem e arte. São Paulo, CBHA,
2000. p. 407-414.

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Conferência do empossado
A interpretação do Brasil na escultura pública: arte, memória e história

tual cercado de alegoria das virtudes clássicas, simbolizando a razão de


Estado. As duas imagens se completavam, e a promoção da primeira ima-
gem se estendia, assim, pela segunda imagem, constituindo um circuito
narrativo que unia duas praças importantes na vida urbana, constituindo
um texto urbano.

O vínculo entre as duas peças já estava explicitado no documento


da subscrição para realizar as duas estátuas, referindo-se a “dois monu-
mentos em memória do Senhor d. Pedro I e de seu ministro e conselheiro
José Bonifácio de Andrada e Silva”. 9 A mesma fonte afirma, ainda, que
as estátuas seriam capazes de levar “a mais remota posteridade a memória
destes dois varões insignes”. A citação indica que a definição do caráter
monumental peça estava baseada na caracterização da escultura pública
como recurso da arte de memória. Mas, ao lado disso, o documento afir-
ma um princípio de gratidão que estabelece a base afetiva da lembrança e
estabelece o vínculo entre passado e presente. O prospecto de lançamento
da subscrição dizia, em certa passagem, que “a história das nações consa-
gra [...], o nome daqueles homens que [...] se tornarão credores da vene-
ração de seus concidadãos da humanidade”, e termina afirmando que “os
povos agradecidos os transmitem de pais a filhos”. Portanto, evidencia-se
que a promoção da escultura pública operava a lembrança do agrade-
cimento para justificar o presente como continuidade do que passou e
sacralizando o objeto da memória.

Leituras da história
A partir do processo de ritualização da festa cívica e da estrutura
narrativa da escultura, portanto, é possível perceber que a escultura de
lógica monumental não é apenas uma imagem plasticamente definida.
Ao procurar promover a presença do passado no presente, a lógica do
monumento apresenta e favorece a experiência sensível de uma leitura
da história que mesmo quando não compreendida explicitamente é per-
cebida afetivamente pela exposição do belo e pela mobilização coletiva.

9 – Prospecto de subscrição de dous monumentos...,1839. Arquivo do IHGB. Lata 59, p.


15.

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Paulo Knauss de Mendonça

Nesse processo a memória coletiva ganha o seu enquadramento. O poder


de fascínio da arte exerce sua força de atração sobre a interpretação do
passado, que não se define como discurso crítico da história, mas antes
como memória afetiva.

Por sua vez, é o argumento crítico sobre o belo que pode também
conduzir à rejeição de uma escultura de lógica monumental na cidade.
Nesse caso, que não se coloca em xeque apenas a forma, mas, igualmente,
a leitura da história.

Assim, em 1950, a comemoração do dia do trabalhador foi marcada


pela inauguração de uma estátua: o Monumento ao Trabalhador Brasi-
leiro.10 Localizada em frente à sede do Ministério do Trabalho, na ave-
nida Presidente Antonio Carlos, no Centro da cidade do Rio de Janeiro,
a escultura monumental afirmava simbolicamente a participação de um
sujeito social coletivo fundamental na construção da sociedade nacional.
Diferentemente da estátua equestre de d. Pedro I, elaborava-se, então, o
princípio de que a política e a sociedade não se construíam pela ação ex-
traordinária de sujeitos individuais, mas por grupos sociais. A cultura po-
lítica era assim renovada no novo tempo político no Brasil, especialmente
a partir do processo de redemocratização que seguiu ao Estado Novo a
partir de 1945. Os usos públicos da escultura traduziam essa mudança
social.

No ato de inauguração do monumento cívico, as autoridades públi-


cas instaladas no palanque oficial, ao lado do presidente da República,
general Eurico Gaspar Dutra, assistiram ao desfile dos operários que ri-
tualizava a imagem e afirmava simbolicamente a importância da classe
trabalhadora na ordem social. A certa altura do rito social, animado pela
banda de música do corpo de fuzileiros navais, duas operárias da Fábrica
Bangu, tradicional indústria de tecidos, retiraram o pano que cobria a
estátua de granito. Segundo a imprensa de época, um “oh! incontido”
10 – Para uma caracterização da história do Monumento ao Trabalhador Brasileiro,
consulte-se: ARAÚJO, Paulo César. Monstro urbano: imagem dos trabalhadores e tempo
histórico. IN: KNAUSS, Paulo (coord.). Sorriso da cidade: imagens urbanas e história
política de Niterói. Niterói, Niterói Livros, 2003.

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Conferência do empossado
A interpretação do Brasil na escultura pública: arte, memória e história

marcou a reação de espanto coletivo no momento em que a escultura sur-


giu diante de todos. Ficou ainda o registro dos que estavam no palanque
presidencial e escutaram o comentário do presidente Dutra, que excla-
mou: “Não gostei!”. 11

A reação espontânea, no entanto, não impediu que o protocolo fosse


cumprido tal como previsto, tratando a estátua como um monumento cí-
vico tradicional. O presidente discursou para dizer que compartilhava a
alegria dos trabalhadores no seu dia e demonstrou sua gratidão por inau-
gurar a escultura que homenageava os construtores da riqueza nacional.
Acrescentou, ainda, que o bloco de granito afrontava o tempo como sím-
bolo de união e paz que marcaria as jornadas do futuro. Pelas classes pa-
tronais discursou o deputado Euvaldo Lodi, presidente da Confederação
Nacional da Indústria / CNI, desejando que o monumento marcasse a
união dos brasileiros e a grandeza da pátria. Por sua vez, em nome dos
trabalhadores discursou Deocleciano de Holanda Cavalcanti, presidente
da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, que declarou
que a estátua traduzia o compromisso formal do governo com a proteção
dos direitos sociais. 12 Mesmo diante do espanto geral, portanto, a imagem
em escultura serviu para atualizar a promoção do civismo e proclamar a
unidade nacional, ainda que de modo protocolar.

Mas, no dia seguinte à inauguração da estátua, alguns jornais im-


portantes da capital federal publicavam sua crítica à obra de autoria do
escultor modernista Celso Antonio. O Correio da Manhã chamou o mo-
numento de “símbolo monstruoso”, em uma de suas manchetes 13. Mas,
sem dúvida, a reação mais contundente foi do jornal O Globo que em sua
primeira página argumentava que os trabalhadores eram vítimas de muita
coisa, mas a pior de todas seria o monumento: “É uma estátua irreconhe-
cível, barrigudona e de roupão de granito, como se fora um símbolo do ba-
nhista ou do afogado desconhecido” – definia-se nas páginas do diário.14

11 – cf., O Globo, 03-05-50.


12 – Os discursos foram apresentados em: Jornal do Brasil, 03-05-50.
13 – cf., Correio da Manhã, 03-05-50.
14 – cf., O Globo, 02-05-50.

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Paulo Knauss de Mendonça

Foi assim que, no Brasil de 1950, a escultura pública levou à inter-


rogação sobre a imagem do trabalhador na sociedade. Acompanhando
os jornais, parece que o assunto tomou conta das conversas na cidade. O
diário O Jornal anotava que o artista Celso Antonio “imaginou o traba-
lhador brasileiro um homem atarracado, barrigudo e mal-ajeitado e com o
peito pouco varonil. Ainda por cima vestiu-o com uma tanga e cruzou-lhe
os braços”. 15 A imagem pareceu incomodar, portanto, pelo fato de não
representar o trabalhador no ato do trabalho. Segundo o jornal O Globo,
“o povo condenou por entre risos e chacotas a infelicidade de uma con-
cepção que apresenta o trabalhador brasileiro de mãos para trás”. 16 En-
quanto isso, o Correio da Manhã dizia enfaticamente que o “trabalhador
brasileiro de braços cruzados, de pés descalços (...) é uma afronta, em vez
de uma homenagem”. 17 A certa altura, o escultor Celso Antonio procurou
se defender ao dizer que o seu objetivo fora “fixar o tipo mais representa-
tivo do trabalhador brasileiro, isto é, o estivador. A tanga, que tanta grita
provocou, é característica do estivador.” 18

No seio da discussão, o ministro do Trabalho, Honório Monteiro,


chamou para si toda a responsabilidade pela encomenda ao escultor e
procurou explicar a escultura pública por seu valor artístico ao identificá-
la com a arte moderna.19 Sua defesa desencadeou um debate sobre a arte
moderna e sua capacidade de traduzir o amor à pátria e servir à promoção
do civismo.

Em 1950, o conceito de arte moderna ainda não era uma unanimi-


dade no Brasil. Por isso o Jornal do Brasil, em editorial de primeira pá-
gina, considerou que as explicações do ministro não eram convincentes
e definia: “A arte moderna é o recurso de quem não possui uma original
inspiração e a suficiente preparação técnica.” E comentou, ainda, que
“antiga ou moderna, a arte deve ser sobretudo arte, e deve ser principal-
mente compreensível, isto é, de compreensão espontânea e não imposta
15 – cf., O Jornal, 04-05-50.
16 – cf., idem.
17 – cf., Correio da Manhã, 03-05-50.
18 – cf.,O Globo, 04-05-50.
19 – cf., Correio da Manhã, 03-05-50; e O Jornal, 04-05-50.

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Conferência do empossado
A interpretação do Brasil na escultura pública: arte, memória e história

por portaria ministerial [...].” 20 A reação do crítico de arte da Tribuna da


Imprensa, João Etienne Filho, terminou por definir a estátua como “uma
coisa detestável, repugnante e grosseira”. Seu comentário caracterizou o
ambiente artístico do qual participava a escultura de Celso Antonio por
meio da referência à opinião de um trabalhador diante da escultura: “Essa
coisa aí é da mesma turma de Portinari e Oscar Niemeyer.” O argumento
crítico sugeria, por fim, que a solução da estátua prejudicava um longo
trabalho de infiltração no povo de uma arte que queria, justamente, falar
mais diretamente ao povo, mas que por seus equívocos, dele acabava se
afastando. 21 O quadro que foi se constituindo então, além de desprezar
as inovações plásticas do movimento modernista nas artes, não admitia
que a arte moderna fosse capaz de servir aos usos públicos da arte. Des-
se modo, o fracasso público da escultura de Celso Antonio, dedicada à
promoção da imagem do trabalhador brasileiro, não foi explicado pela
renovação da política, mas pela sua concepção artística, colocando so-
cialmente em xeque as formas do modernismo nas artes plásticas, mas,
igualmente, a leitura modernista da história que dava lugar de destaque
aos trabalhadores.

Anos depois, o escultor Bruno Giorgi conseguiria fixar em Brasília,


em 1959, junto à praça dos Três Poderes, a escultura Os Guerreiros, co-
nhecida popularmente como o monumento aos Candangos, representan-
do os 80 mil trabalhadores que se dedicaram a construir a nova capital. A
relação temática com a obra de Celso Antonio é evidente. No campo das
diferenças, o próprio título da obra, Os Guerreiros, já indica a mudança
de tom no tratamento da representação dos trabalhadores, que possui uma
composição próxima da abstração construtivista, distinguindo-se formal-
mente da solução da peça dos anos de 1940. De outro modo, atualiza,
na nova capital, o mesmo intuito da primeira escultura pública de Bruno
Giorgi na cidade do Rio de Janeiro: o Monumento à Juventude Brasileira,
projetado em 1937, junto à sede do Ministério da Educação. O modernis-
mo, na altura, serviu para definir o monumento ao futuro, considerando

20 – cf., Jornal do Brasil, 07-05-50.


21 – cf.,Tribuna da Imprensa, 08-05-50.

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Paulo Knauss de Mendonça

que a juventude era o horizonte do tempo que se anunciava por meio da


lógica monumental.

Nesse sentido, interessa sublinhar que o modernismo substituía não


apenas o herói individual pelo sujeito coletivo da história, mas invertia a
leitura da história própria da ordem monumental tradicional, na medida
em que substituía a operação temporal de presentificar o passado, reali-
zada, por exemplo, na estátua equestre de d. Pedro I, ao procurar simbo-
licamente antecipar o futuro no presente, presentificando o futuro, por-
tanto. Essa inversão temporal era acompanhada por uma nova linguagem
plástica, que esvaziava a estrutura narrativa da obras, buscando de outro
modo enfrentar o desafio de representar o desconhecido, o fato histórico
que ainda não havia ocorrido. Contudo, é significativo que a mudança da
forma plástica traduzia o anseio por um outro modo de interpretar o Brasil
que passava a ser definido como o país do futuro, seguindo a fórmula que
ficou mais conhecida pelo famoso livro de Stefan Zweig.

A título de conclusão e em poucas palavras cabe destacar que a es-


cultura pública de lógica monumental é, antes de mais nada, um modo
de afirmar interpretações do Brasil relacionando arte, memória e história.
Procurei demonstrar que os monumentos escultóricos são resultado de
uma operação historiográfica específica que se origina de um lugar so-
cial particular, que envolve práticas e uma forma de escrita da história
peculiar, tendo os artistas como seus protagonistas. Nesse caso, a partir
do processo de ritualização e promoção da imagem e da criação artística
são produzidas leituras da história, que estabelecem formas de enquadra-
mento de uma memória coletiva. Não seria demasiado, portanto, enfatizar
que se trata de um modo específico de escrever a história e que cabe ser
submetido à crítica historiográfica – tarefa que corresponde à identidade
desta casa da memória nacional.

Obrigado!

232 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):219-232, out./dez. 2010


Discurso de recepção ao sócio honorário Carlos Eduardo de Almeida Brarata

DISCuRSO DE RECEPÇÃO AO SÓCIO HONORÁRIO


Carlos Eduardo de Almeida Barata1
Victorino Chermont de Miranda2

O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro recebe, hoje, em seus


quadros, o genealogista Carlos Eduardo de Almeida Barata.

Ao fazê-lo, reafirma dois traços fundamentais de sua identidade: a


amplitude de seu campo de conhecimento e o caráter pluricorporativo de
sua composição, a contemplar estudiosos de variada formação e proce-
dência.

Desde 1870, em verdade, a Genealogia marcou presença nos anais


desta Casa, com a publicação, em sua Revista, da Nobiliarquia Paulista-
na Histórica e Genealógica, de Pedro Taques, resgatando os troncos for-
madores da nacionalidade no planalto vicentino. Vinte e nove anos após,
seria a vez de o Catálogo genealógico, de frei Antonio de Santa Maria
Jaboatão, sair do ineditismo de mais de 200 anos para enriquecer, nas
páginas da mesma revista, o mosaico de nossa formação social, a partir
de suas raízes pernambucanas e baianas.

Na esteira desses passos, dois grandes nomes de nossas letras gene-


alógicas aqui vieram a ter assento: Luis Gonzaga da Silva Leme, autor
da celebrada Genealogia paulistana, em 1905, e Carlos Grandmasson
Rheingantz, figura maior da genealogia carioca, fundador e presidente
vitalício do Colégio Brasileiro de Genealogia e autor das Primeiras famí-
lias do Rio de Janeiro (séculos XVII e XVIII), sessenta anos mais tarde.

A eles vem somar-se, nesta tarde, Carlos Eduardo Barata, presidente


também, há dois mandatos, do Colégio de Genealogia, trazendo, na baga-
gem de seus títulos, uma obra que, por si só, o credencia ao reconheci-
mento da genealogia pátria – o Dicionário das famílias brasileiras – ver-
dadeiro vade mecum de nossas raízes – em 2 volumes e 4 tomos e cerca

1 –1Discurso proferido na sessão de 29 de setembro de 2010.


2 – Sócio Titular.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):233-237, out./dez. 2010 233


Victorino Chermont de Miranda

de 37.000 verbetes, em coautoria com nosso também confrade Antonio


Henrique Cunha Bueno.

Se o resultado de tal projeto impressiona, o que dizer do labor que


lhe deu origem? Anos e anos de exaustivas pesquisas de campo, Brasil
afora, começadas no Pará de seus maiores (oito cadernos ainda inéditos),
passando pelo Vale do Paraíba, e desdobrando-se, em horas sem conta,
no Arquivo Nacional, no fichário do próprio Colégio, nos assentamentos
das dioceses e paróquias por onde andou e em arquivos particulares, sem
falar na diligente recolta e consulta da enorme bibliografia genealógica
existente no Brasil.

Se hoje, pois saudamos, o ingresso de Carlos Eduardo Barata neste


Instituto, como a continuidade dessa tradição tão bem representada em
seus dois grandes antecessores, é porque este seu Dicionário é bem a
síntese da obra de ambos, na medida em que recepciona, num mesmo
corpus, nobres e plebeus, quatrocentões e adventícios, brancos e negros,
irmanados todos na identidade fundamental deste nosso Brasil – o que o
primeiro jamais concebera e o segundo intentara buscar, chegando, em
algumas de suas pesquisas, a conseguir.

É preciso ressalvar, entretanto, que o nosso novel confrade não é


apenas genealogista. Ainda, há dois anos, quando das comemorações do
bicentenário da transferência da Corte portuguesa para o Brasil, surpreen-
deu-nos a todos com abalizadas informações, levantadas inclusive no Ar-
quivo da Marinha de Portugal, sobre o número de portugueses para aqui
vindos com o Príncipe Regente e fez sucesso nos seminários e colóquios
onde se apresentou.

Mencione-se também a coletânea biográfica Presidentes do Senado


no Império, editada em 1997 pelo Senado Federal, cujo subtítulo – “Uma
radiografia histórica, genealógica, social, política e diplomática do Brasil
imperial” – se, por um lado, quase tira o fôlego do leitor, por outro, bem
demonstra a quanto vai seu olhar de pesquisador.

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Discurso de recepção ao sócio honorário Carlos Eduardo de Almeida Brarata

Registre-se, ainda, sua participação no instigante ensaio Os herdeiros


do poder, composto a várias mãos com Francisco Antonio Dória, Gilson
Nazareth, Jorge Ricardo Fonseca e Ricardo Teles Araujo (1994), premia-
do pela Confédération Internationale de Généalogie et d’Héraldique, da
Suíça, verdadeira sociologia dos “transplantes do aparelho patrimonialis-
ta do Estado ibérico para o Brasil”, como bem destacou Muniz Sodré na
apresentação que lhe fez.

Mas não fica nisso sua produção. De há algum tempo, voltou-se para
a história de logradouros e instituições cariocas e publicou, entre outros,
Memória de Ipanema (1994), Gávea – uma história do Rio (1997) e De
Engenho a Jardim – Memórias históricas do Jardim Botânico (2008), os
dois últimos em coautoria com Claudia Braga Gaspar, e, já agora, domi-
nando o mundo digital, tem apresentado numerosas edições de imagens
do Rio de Janeiro, garimpadas nas obras de antigos viajantes e nas ga-
lerias de nossos principais museus, e cotejadas, umas e outras, com a
realidade atual, num verdadeiro recapitular da evolução, nem sempre para
melhor, de nossa cidade.

É também, e disto tivemos prova, em junho de 2008, quando de apre-


sentação na CEPHAS, um profundo conhecedor do processo de ocupação
do solo nesta cidade e do quanto ela expressa em termos de alianças fa-
miliares e vínculos parentais, reafirmando com tal olhar a serventia dos
estudos genealógicos para a historiografia brasileira, tão bem fixada por
Américo Lacombe em seu clássico Introdução ao estudo da História do
Brasil.

Mas como, em matéria de paixão, as recaídas são quase inevitáveis,


eis que se permitiu intercalar essa nova fase de suas pesquisas sobre o Rio
de Janeiro, em 2007, com o Pará de suas origens familiares, realizando
um levantamento minucioso e multidisciplinar sobre o Município de Bra-
gança, encomendado pela prefeitura local, dela recebendo, em reconhe-
cimento, o título de Cidadão Honorário.

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Victorino Chermont de Miranda

Esse traço polimorfo de sua formação – feita de conhecimentos ame-


alhados no curso de Arquitetura da UFRJ, nos trabalhos de implantação
do Corredor Cultural da Rua da Carioca, na regência da cadeira de His-
tória do Rio, do Curso de Formação de Guias Turísticos, da RIOTUR, e,
já agora também, nos estudos de Museologia, na UNI-Rio – o creden-
ciou ao reconhecimento deste Instituto, que se preza, como bem escreveu
o presidente Arno Wehling, de ser um centro pluricorporativo, aberto à
contribuição de quantos se afinem com seus objetivos institucionais e se
disponham a trabalhar pela Memória nacional.

Antes desta Casa, porém – e honra se lhes faça –, já o Colégio Brasi-


leiro de Genealogia, os Institutos Históricos de Pernambuco e Santa Cata-
rina e o Centre d’Entraide Genéalogique de France o haviam distinguido
com suas titulações, assim como a Academia Paulistana de História, com
o Premio Clio em 1998.

Mas há, ainda, uma circunstância, Senhor Presidente, que não pode
ficar sem registro nesta hora, porque ela também atualiza, por assim dizer,
um outro traço de nossas tradições.

O nosso novo confrade integra uma linhagem familiar que, há 106


anos, ilustra os anais desta Casa. Refiro-me ao historiador, bibliófilo e
senador Manuel de Mello Cardoso Barata, seu tio-bisavô, nosso sócio
correspondente no período de 1904 a 1916, a quem o Instituto deve o
legado da mais completa coleção bibliográfica do Pará dos tempos da In-
dependência, e a Mario Antonio Barata, irmão de seu pai, nosso sócio por
quase meio século e 2º vice-presidente por 13 anos, historiador, jornalis-
ta, crítico de Arte e professor, que tão bem encarnou a mística e o espírito
de convivialidade desta Casa.

Um e outro, por coincidência, transitaram, como o sobrinho que ora


recebemos, entre a Genealogia e a Historia. Manuel deixou-nos as suas
Efemérides Paraenses, repletas de registros da melhor genealogia, além
de ensaios substanciosos sobre o Forte do Presépio, a Capitania do Ca-
mutá e a fundação de Vila Nova de Mazagão; Mario, reflexões sobre o

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Discurso de recepção ao sócio honorário Carlos Eduardo de Almeida Brarata

conceito de “linha mestra” nos estudos de família, um laureado ensaio


sobre o processo de independência no Grão-Pará e um sem-número de
textos sobre História da Arte.

É, pois, na recordação destes nomes, que tão de perto me falam de la-


ços de sangue e afeto entre as nossas famílias, que encerro estas palavras,
como, há 18 anos, nesta mesma tribuna, Mario Barata o fez ao receber-
me. E o convido, Senhor Carlos Eduardo Barata, a assumir este lugar que,
há muito, par droit de naissance et de conquête, é seu.

Seja bem-vindo!

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

Conferência do empossado

MORRO DO CASTELO:
O que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)
Carlos Eduardo de Almeida Barata1

Memórias...
Memórias Históricas da Cidade do Rio de Janeiro – eis um clássico
da literatura histórica da Cidade, obra de Monsenhor Pizarro, escrita a
partir do segundo quartel do século XVIII e, que, após sucessivas revisões
e acréscimos, somente foi impressa em 1822, ainda em vida do autor.

Um trabalho de fôlego, que trata, não só do Rio de Janeiro, mas de


todo o Brasil.

Outra memória que merece destaque, contemporânea da primeira ci-


tada, é – Memória para servir à História do Reino do Brasil, impressa em
1825, de autoria do padre Luiz Gonçalves Pereira, conhecido pelo apelido
de “Padre Perereca”.

Outras tantas obras, tão importante quanto estas, receberam de seus


autores o título de “Memórias”, tais como:

1. Memória Histórica de Campo, 1819;

2. Memórias Oferecidas à nação brasileira, 1831;

3. Memórias da Campanha de D. Pedro de Alcântara, 1833;

4. Memórias Históricas da Província da Bahia, 1836;

5. Memórias da Província do Espírito Santo, 1861;

1 –1Sócio honorário brasileiro.

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

6. Memórias da comarca do Serro Frio, 1868; e

7. Memórias e Cotidiano do Rio de Janeiro no Tempo do Rei, 1811


– do Luiz Joaquim dos Santos Marrocos.

Pizarro, Marrocos e Perereca – Memórias que nos ajudam a entender


o cotidiano da Cidade do Rio de Janeiro.

Pizarro e Perereca – Memórias que nos ajudam a entender a funda-


ção da Cidade do Rio de Janeiro.

E, finalmente, Memórias e Memórias que acabam por nos confundir


no que diz respeito a qual foi, de fato, o nome que se deu ao local da fun-
dação da Cidade do Rio de Janeiro...

Afinal, o que é uma Memória?

(Recorro-me a Zilda Kessel) “O conceito de memória e a maneira


como ela funciona vem sendo tema dos estudos de filósofos e de cientistas
há séculos. Este conceito vem se modificando e se adequando às funções,
às utilizações sociais e à sua importância nas diferentes sociedades hu-
manas.

Para os antigos gregos, a memória era sobrenatural. Um dom a ser


exercitado. A deusa Mneumoside, mãe das Musas, protetoras das artes e
da história, possibilitava aos poetas “lembrar” do passado e transmiti-lo
aos mortais. A memória e a imaginação tem a mesma origem: lembrar e
inventar têm ligações profundas.”

É um pouco assustador, a princípio, pensar que lembrar anda ao lado


de inventar; não inventar voluntariamente, mas pelo esquecimento ou fa-
lha na lembrança dos seus conhecimentos. No caso de uma Memória His-
tórica, valer-se desta falha involuntária, e mesclá-la às investigações nas
fontes primárias, resulta uma obra que poderia ser questionada. Quanto
mais antigas forem, quanto mais distantes estiverem do alcance de pes-
quisadores e investigadores, as informações que ajudaram a constituir
aquelas Memórias Históricas, frente à consciência da perda das antigas

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

fontes, elas acabam, em alguns casos, por serem consideradas únicas,


quase absolutas.

Destaca a Profª. Geni Fernandes: não confunda a memória – esta


sendo sempre nossa (contemporânea) –, com o acontecimento histórico,
pois este sim, se distancia e acaba sendo recoberto de aspectos imaginá-
rios.

Acrescenta a Profª Alejandra Saladino: “a memória, enquanto cons-


trução, constitui-se de diversos fragmentos, vindos de narrativas distin-
tas, da tradição oral e da construção de outras memórias”. Em uma
“Memória Histórica”, estes fragmentos se misturam, confundem-se com
as fontes documentais.

A história não seria uma reconstrução dos fatos, a partir da seleção


de fragmentos e perspectivas específicas?

Sim, não nego esta reconstrução, como não nego que uma inven-
ção seja necessariamente um dado negativo da memória. Porém, neste
momento, estou apenas querendo entender de que forma muitos fatos ou
denominações utilizadas para descrever a história da Cidade do Rio de
Janeiro, não aconteceram ou não existiram ao seu tempo, sendo “empres-
tadas” às narrativas modernas, como se assim o fossem no passado.

Vejam bem, estou reforçando sempre a preocupação em tentar distin-


guir em um texto histórico aquilo que tem origem nos diversos fragmen-
tos que ajudaram a constituir uma memória, do que de fato teve origem
nas fontes documentais. De certa forma, questiono a interferência e a ve-
radicidade das fontes orais, estando, porém, ao mesmo tempo, ciente de
que não se pode garantir a veracidade das fontes documentais.

Talvez daí a importância do trabalho de Dom Antônio Caetano de


Souza, que tem por título História Genealógica da Casa Real Portugue-
sa, obra monumental em 13 volumes, publicada entre 1735 e 1749. Pre-
ocupado com o que coletou nas fontes orais, e com o que consultou nas
fontes documentais, publicou outros seis volumes, intitulados de Provas

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

da Historia Genealogica da Casa Real Portugueza, em 1748, a fim de


garantir o suporte documental de tudo que ficou exposto nos treze primei-
ros volumes. A importância do trabalho de d. Antônio Caetano de Souza,
inédito, único e original, dos meados do século XVIII, dá-se, justamente,
pelo emprego de métodos críticos de investigação, e da publicação do
resultado dessas pesquisas, transcrevendo todos os documentos consulta-
dos, alguns anteriores à fundação de Portugal.

Lembrar é uma tarefa que exige, ou exigia método. Como acreditar


nas lembranças, nas memórias, quando o exercício delas e uma boa parte
do suporte documental se perderam no tempo?

Como acreditar, ou não acreditar, em memórias registradas em fo-


lhas de papel, arquivadas nos Guardiões da Memória (arquivos, bibliote-
cas e museus), sabendo-se de não mais existir o documento primário que
lhe deu suporte?

Seja como for, somos quase sempre obrigados em acreditar nas in-
formações constantes nas velhas “Memórias”, até que novas investiga-
ções provem o contrário.

Volto à palavra “lembrar”, que me remete à “lembrança” e, de forma


um pouco mais acusativa, leva a crer na possibilidade de antigas “Me-
mórias Históricas” serem lembranças de um passado – lembranças estas
nem sempre baseadas em pesquisas científicas, mas tomadas de forma
oral. No uso destes registros de lembranças, fica difícil detectar, em uma
obra escrita entre o século XVI e princípio do XIX – no caso do Rio de
Janeiro – onde realmente está um fato real e legítimo, e onde se esconde
o que Maurice Halbwachs denominou “Memória Emprestada”. Voltarei a
este tema mais adiante.

(Retorno a Zilda Kessel) Para os Romanos, a memória é conside-


rada indispensável à arte retórica, uma arte destinada a convencer e
emocionar os ouvintes por meio do uso da linguagem.

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

A invenção da imprensa, com tipos móveis, e a urbanização, com


mudanças fundamentais na organização e nas relações sociais, nas ati-
vidades, papéis e percepções do indivíduo, trarão mudanças importantes
para a memória individual e coletiva.

Quanto à imprensa, a consequente proliferação dos textos impressos,


possibilitando a todo e qualquer pesquisador o acesso mais fácil à infor-
mação, sem a necessidade do contato direto com o autor, com o memoria-
lista e com os seus métodos de pesquisa, também ampliou as possibilida-
des maiores de erros. A informação transita com liberdade e sem critérios
entre o individual e o coletivo.

Podemos dizer que os conhecimentos adquiridos por certo indiví-


duo, na leitura das “Memórias Históricas”, de Pizarro, vão ao encontro
com os conhecimentos que outro indivíduo obteve, na leitura da mesma
obra. Estes encontros ajudam a construir ou identificar uma Memória Co-
letiva. O tema, que lhe pertence, de alguma forma, mesmo que seja tênue,
também me pertence.

E como seria esta relação, com a informação, entre os pesquisadores


do século XVI ao XIX? O que seria, de fato, fruto da investigação cien-
tífica, e o que lhe veio por meio de empréstimo das memórias de outros?
Os documentos – centenas e talvez milhares – desapareceram, devorados
pelo tempo. Como comprovar?

Como saber separar nas Memórias de Pizarro, do Padre Perereca, de


Marrocos, entre outros, o que coube aos seus conhecimentos da época dos
fatos que os antecederam em mais de 200 anos, das peças documentais
que realmente compulsaram e que deixaram de existir?

Assim acontece com Monsenhor Pizarro. Vale lembrar que, em suas


“Memórias Históricas”, se utilizou da documentação que estava sob a
guarda da Câmara do Senado do Rio de Janeiro, sobretudo dos Livros
de Tombos de Sesmaria, que pouco depois se perderam no lamentável
incêndio de 1790. São informações que se perderam, sem a existência de

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

cópias, e que se mesclam e diluem nas memórias escritas antes daquela


data.

Ao descrever antigas igrejas do Rio de Janeiro, Pizarro também uti-


lizou-se dos dados colhidos em suas visitas pastorais, aos quais juntou as
informações constantes na obra de Frei Agostinho de Santa Maria – “San-
tuário Mariano” – dez volumes publicados entre 1707 e 1723. Ora, Frei
Agostinho jamais esteve no Brasil. Valeu-se das informações de campo
recolhidas, no início do século XVIII, por Frei Miguel de São Francisco;
informações estas que poderíamos classificar de “fontes orais”.

As “Memórias” de Pizarro são um caso típico, em que uma peça


documental é utilizada em uma “memória literária”, do gênero histórico,
cujo texto pode conter “lembranças” do autor e de todos
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os seus acom-
panhantes (Frei Agostinho, Frei Miguel, Frei Vicente, etc.), sem que se
possa, hoje, separar com rigor a informação proveniente do documento,
da memória emprestada.

Cabe aqui um pequeno esclarecimento: tenho situado estas questões


entre os séculos XVI e XIX. O dezesseis, por ser o marco da fundação da
Cidade do Rio de Janeiro, 1565-1567, e, o dezenove, por também ser um
marco na mudança estrutural e histórica do país, com a chegada da Corte
Portuguesa, em 1808.

Noronha Santos, Varnhagen, Moreira de Azevedo e Mello Morais –


autores de importantes obras, sabidamente criteriosos e preocupados com
as fontes documentais – beberam na fonte de Monsenhor Pizarro, como
talvez também tivessem se aproveitado dela seus contemporâneos Balta-
zar da Silva Lisboa e e Luiz Gonçalves Pereira. Pizarro utilizou-se dos
estudos de Simão de Vasconcelos (1663) e Simão da Rocha Pitta (1730).

Os que usaram Pizarro, ao falarem da fundação da Cidade de São Se-


bastião do Rio de Janeiro, mantiveram-se em seu tempo, transpondo para
os seus estudos históricos a denominação de Morro do Castelo, que Pizar-
ro nunca usou, assim como nunca usaram aqueles que o antecederam.

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

Vi e anotei trabalhos que, ao trazerem informações de antigos docu-


mentos, falharam ao deixarem o inconsciente ou as lembranças atuarem
sobre o rigor da fonte, e mencionarem o sítio onde foi fundada a cidade
como Morro do Castelo, quando tal nomenclatura não consta dos docu-
mentos originais.
“A lembrança – volto a Maurice Halbwachs – é em larga medida uma
reconstrução do passado com a ajuda de dados emprestados do pre-
sente, e além disso, preparada por outras reconstruções feitas em épo-
cas anteriores e de onde a imagem de outrora manifestou-se já bem
alterada.”

Nos quase 18 mil documentos consultados – Autos de Correção,


Acórdãos e Vereanças, Arruamentos, Cartas de Sesmarias, Aforamentos,
Arrendamentos, Requerimentos, Inventários, Cartórios de Ofícios de No-
tas, Provisões, Cartas de Habilitações, Correspondências, etc., além de
obras impressas, tudo entre 1565 e 1808 – a denominação Morro do Cas-
telo não aparece.

Somente nos documentos e impressos posteriores a 1808 lemos


Morro do Castelo, como se tivesse existido desde 1565. Trata-se de uma
alteração involuntária, onde o pesquisador, evocando a memória de seu
tempo, deixa no esquecimento a verdadeira denominação dada para a Ci-
dade no tempo da sua fundação. Emprestar
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ao passado um nome do pre-
sente (Morro do Castelo) não chega a ser um erro, mas uma evidência de
que a imaginação também povoa o passado.

Esta obstinada busca pelo nome dado ao local de fundação da Cida-


de do Rio de Janeiro, e de outros tantos topônimos, não é uma novidade:
veja-se o estudo do professor Roberto Macedo – Cidade do Rio de Janeiro
– no qual o autor dedica 192 páginas a apenas uma missão: apontar a data
definitiva da Fundação da Cidade do Rio de Janeiro.

Bastaria um só documento – conforme clamava Macedo – para dis-


solver, com sua força catalítica, todos os resíduos de confusão em torno
da data de fundação da Cidade. Igualmente busquei – e sigo buscando

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

– um só documento, em meio aos milhares consultados, que apontasse


a fundação da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, no Morro do
Castelo.

Quando o considerável volume de documentos perscrutados revela-


va a ausência do registro – Morro do Castelo – e dava consistência a essa
minha tese, já configurando-se como definitiva, em agosto deste ano tomo
conhecimento de um estudo que dava destaque a um documento de 1798,
onde se afirmava estar a Cidade estabelecida no Morro do Castelo.

Que não se duvide nunca da persistência de um pesquisador desafia-


do!!! Já ia adiantada esta comunicação que ora vos apresento, mas, a par-
tir daí, à maneira dessas películas espetacularmente fantasiosas, o tempo
parou, tudo à minha volta foi como que congelado. Todas as energias e
atenções foram dedicadas à busca da instigadora prova.

Depois de algum esforço, foi possível obter o referido documento de


1798, que se tornou então mais um dentre os inúmeros que havia compul-
sado. Pífia realidade – era apenas um alarme falso.

Hoje, então, eis-me aqui a discorrer aos senhores sobre aquele que,
por quase 250 anos, “nunca foi o que dizem ter sido”. O objetivo é resga-
tar a verdadeira identidade da brava colina que abrigou os primeiros po-
voadores desta cidade onde nasci, tenho vivido e onde pretendo descansar
um dia meu corpo e meu espírito.

A exposição será feita de forma cronológica – o que poderá configu-


rar-se um tanto cansativo, porém necessário para embasar a tese de que
o uso das lembranças “individuais” acaba por interferir em dados históri-
cos, depois preservados e consagrados na memória coletiva.

A busca pela verdade histórica percorre verdadeiros campos mina-


dos, recheados de armadilhas e obstáculos que ameaçam uma leitura
crítica de fontes primárias, e onde as perigosas “minas” podem ser o uni-
verso da cultura “pessoal” do pesquisador aliada a seus sonhos e desejos.
Assim, podem surgir imagens do que não viu, do que foi e não pôde

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

vivenciar – substituídas por aquelas que se adaptam confortavelmente em


sua visão moderna. No afã de atingir seus objetivos, o pesquisador pode
ser levado a deixar que essas imagens sobreponham-se ao verdadeira-
mente histórico.

Vejamos, agora, um por um dos nomes documentados para a colina


onde se fundou a Cidade, apresentados por ordem cronológica.

Introdução
Começo por afirmar, contrariando alguns estudiosos, que não existia
a denominação de MORRO DO CASTELO, por ocasião da transferência
da Cidade Velha para o alto da colina que ficava no local ainda hoje co-
nhecido por Esplanada do Castelo. Adianto, também, que tal denomina-
ção só passou a ser utilizada a partir do século XIX.

O próprio responsável pela escolha do novo sítio onde deveria se


erguer a nova Cidade – o Governador Mem de Sá – em seu Instrumento,
capítulo 23, datado de 1570
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– ou seja, tres anos depois de ela estar estabe-
lecida, ao discorrer sobre a escolha do lugar, não lhe deu nome:

“... escolhi um sítio que parecia mais conveniente, para edificar nêle
a Cidade de São Sebastião o qual sítio era de um grande mato espeço
cheio de muitas árvores grossas em que se levou asaz de trabalho em
as cortar a alimpar o dito sítio e edificar uma cidade grande cercada de
muro por cima com muitos baluartes e fortes cheios de artilharia.”

Ora, passados três anos, percebe-se pela descrição de Mem de Sá,


que o núcleo urbano já estava sedimentado: “um muro ���������������������
com muitos balu-
artes, a igreja dos Jesuítas, telhada, a Igreja da Sé de três naves, também
telhada, a Cadeia, os Armazéns, Casa com varandas, assobradada e te-
lhada para a Fazenda”, etc. No entanto, diante de tanto detalhamento,
ele não apresenta uma denominação para a colina.

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

SÉCULO XVI
1567
CIDADE, MONTANHA e MONTE DE SÃO SEBASTIÃO
1567 – São Sebastião: O mais certo seria chamarem de *Morro de
São Sebastião, devido ao padroeiro da nova cidade, transferida no dia 20
de janeiro, para o alto de uma colina, onde se construiu o forte de São
Sebastião e a Igreja da Sé, esta também dedicada a São Sebastião e ergui-
da entre 1567 e 1583. Pressuponho que os moradores da nova urbe, que
da várzea tomassem a direção da Cidade Alta, diriam estar se dirigindo
ao *Morro de São Sebastião, que bem poderia ser um nome popular. No
entanto, não há documentos que registrem este nome, pelo menos nos pri-
meiros dois séculos da história da Cidade, onde sempre aparece como Ci-
dade de São Sebastião. Assim o vemos na Carta de Luiz Teixeira, datada
de cerca de 1586, considerada a primeira carta portuguesa especializada
do Rio de Janeiro, na qual está assinalada a cidade, no alto da colina, com
a denominação Cidade de S. Sebastião.

No detalhe da Carta do Brasil – Novua Basiliae Typvs, de Judocus


Hondius, datada de 1610, vemos a Cidade sobre pequenina colina, com
as torres da Igreja, com a legenda: S. Sebastian.

Numa carta de Frei Francisco de Menezes, datada do Rio de Janeiro,


06.11.1710, endereçada ao Duque de Cadaval, descrevendo os aconteci-
mentos recém-ocorridos na defesa da cidade contra as tropas francesas de
Du-Clerc, denomina aquela colina de monte de S. Sebastião.

Em documento de 1770, o engenheiro Francisco João Roscio – um


dos grandes engenheiros militares e grande construtor na Cidade do Rio
de Janeiro – ao tratar das fortificações da Cidade, informa ela estar cer-
cada por quatro morros, onde chama o da cidade de Montanha de São
Sebastião.

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

1573
1. PENEDO DO DESCANSO
Penedo do Descanso [1573] – Penso que tal denominação nunca
tenha sido oficial, para identificar a colina onde se estabeleceu a cidade,
seis anos antes. Talvez, da mesma maneira que, somente uma vez tenha
surgido o nome de Monte de Boa Vista [1584], dado inocentemente, para
enfatizar a belíssima vista que se descortinava do alto da cidade – vendo-
se a Montanha do Pão de Açúcar, marcando a entrada da baía de Guana-
bara, ao longe e toda a costa da hoje cidade de Niterói – o mesmo teria
acontecido com a denominação de Penedo do Descanso.

Para uns, esta denominação teria por significado o pouso definiti-


vo. Segundo Noronha Santos (Notas às Memórias do padre Perereca),
esta denominação foi dada pelos que consideraram o morro como refúgio
tranquilo – o monte do descanso, após as lutas travadas por ocasião do
estabelecimento da Vila de São Sebastião, entre os morros Pão de Açúcar
e de São João.

Na verdade, só encontrei esta denominação documentada uma vez,


em 1573, por um morador da cidade, de nome Nuno Tavares, quando do
seu pedido para ser agraciado, por Carta de Sesmaria, com terras nas fral-
das do morro da “Cidade Alta”. Aos 11.09.1573, requereu ao governador
Cristóvão de Barros, que lhe fossem concedidas estas terras, a saber:

“... cem braças de terra de largo e duzentas de comprido no cabo da


vargem, onde se chama o penedo do descanso, as quais cem braças se
medirão da lagoa que está na terra de francisco de Souza, cortando ao
Curral de Antônio de Mariz, até a praia do oleiro e as duzentas pelo
monte arriba ao longo do caminho que vae pelo monte às roças de
Salvador Correia de Sá.”

Parece-me que tal identificação tenha sido uma visão particular do


tal Nuno Tavares, ou de quem redigiu a sua petição, e que não teve alcan-
çado o seu objetivo, pelo menos nas proporções que requereu. Note-se
que o governador, achando demasiado o pedido, concedeu-lhe terras, na

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mesma localidade, porém em dimensões menores. E mais: o documento


oficial de concessão desta sesmaria não repete aquela denominação dada
por Tavares à colina:

“.... [outorga] sessenta braças de chãos ao longo do caminho que vai


da Lagoa Grande e do outro do meio para as olarias correndo, ao lon-
go do chão de Francisco de Souza, que começarão onde acabar Tomé
Rodrigues, setenta pelo outeiro acima para fazer casas...”

A expressão “outeiro acima” aparece em outro registro de concessão


de terras, no mesmo ano. Porém, nele não há referência a Descanso.

No entanto, a mim impressiona, confesso, o fato de a denominação


“Descanso” ter aparecido somente uma vez, no século XVI, e desaparecer
por completo nos séculos XVII e XVIII. O nome “Descanso” vai retornar,
na historiografia carioca, no século XIX, não só como uma referência ge-
ográfica, mas como se este fosse o seu nome do século XVI ao XVIII.

Senhores, é interessante, mas o mesmo acontece com a denomina-


ção de Cara de Cão, dada ao prontuário próximo ao local da fundação
do primeiro núcleo urbano por Estácio de Sá, no atual bairro da Urca. Tal
denominação surge em 1586, dada por Gabriel Soares de Souza, e nunca
mais foi usada nos séculos XVI, XVII e XVIII, ressurgindo somente em
1825. Não consta em nenhum documento entre 1586 e 1825, a denomi-
nação Morro Cara de Cão.

Mas fica para outra ocasião o detalhamento da história desse topô-


nimo – Cara de Cão, apenas aproveitei a ocasião para aqui registrá-lo, e
retornemos ao “Morro do Castelo”.

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

1579
ALTO DA CIDADE
Eu vou para o Alto da Cidade.
Eu moro no Alto da Cidade.
Esta é a primeira indicação nominal dada ao local em que se esta-
beleceu a Cidade do Rio de Janeiro. É curioso que entre 1567, ano da
transferência da cidade para a colina, e 1579, não foi possível encontrar
nenhuma outra indicação para o lugar da cidade. Simplesmente se escre-
ve: Cidade de São Sebastião.

I - (1579) O holandês Jacques van de Claye, no ano de 1579, em sua


Carta do Rio de Janeiro – Le vrai pourtraict de Geneire et du Cap de Frie,
representa a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, no alto de uma
colina, onde se veem as muralhas, torres e canhões do que chamou de Le
fort de hault (o forte do Alto).

É a indicação de estar no ALTO que vai dominar quase todos os do-


cumentos, tratados e memórias históricas, até o princípio do século XIX;
ora para indicar a cidade, do ponto de vista geográfico, ora para denomi-
nar a própria Cidade.

II - (1586) O cronista Gabriel Soares de Sousa, em seu Tratado Des-


critivo do Brasil, de 1586, apenas registra a existência da cidade “em um
alto”.

“A cidade se chama S. Sebastião, a qual edificou Mem de Sá em um


alto, em uma ponta de terra q está defronte da ilha de Viragalhão; a
qual está lançada deste alto por uma ladeira abaixo; e tem em cima no
alto um nobre mosteiro e colégio de padres da companhia, e ao pé dela
está uma estância com artilharia para uma banda e pra outra, (etc.)...
[Capítulo LI].”

III - (1610) O Padre Jácome Monteiro, em sua “Relação da Província


do Brasil”, escrita em 1610, registra que a cidade ocupa “o alto de um
grande monte”. (É uma referência geográfica)

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

Está dividida a cidade em duas partes, uma delas ocupa o alto de


um grande monte, no qual os primeiros conquistadores, Mem de Sá e seu
sobrinho Estácio de Sá, por ser lugar mui defensável, a edificaram.

IV - (1639) A Câmara dos Deputados, em 1639, ao falar da transfe-


rência da Casa da Câmara e Cadeia, para a Várzea, também se refere ao
“alto”.

“... como esta Cadea e Caza do Conselho estava em miseravel estado


como todos viaõ de presente pois estava cuazi no chaõ caida e de todo
aRuinada por cuja Rezao e por estar neste alto taõ desviado do concur-
so de gente e da cidade o qual alto esta cuazy despovoado e em estado
que em breve se acabara de despouar...”

Este interessante documento deixa claro que por estas épocas encon-
trava-se a Cidade Alta quase que totalmente despovoada, como já havia
atestado o padre Fernão Cardim, em 1585. Sua função de urbe estava
ultrapassada, e toda a cidade já se espraiava pela várzea de Nossa Senhora
do Ó, que bem poderia denominar-se *Cidade Baixa.

V - (1641) Em 1641, os Oficiais da Câmara, discutindo a necessidade


de fortificar a cidade, em consequência das invasões holandesas na região
nordeste do Brasil, se referem à cidade estabelecida “no alto”.

VI - (1646) Em 1646, conforme já citado, o governador Duarte Cor-


rea Vasqueanes, dando seu parecer sobre as fortificações da cidade do Rio
de Janeiro, é categórico na sua denominação – “alto da Cidade”.

“...E q’actual.te se vai continuando com o alto da Cidade p.ª que fique
servindo a fortaleza de Saõ Sebastiaõ da Cidade E praça de armas com
cujo sitio fortificado.”

A partir desta data, a composição “alto da Cidade” vai tornar-se mais


constante por todo o século XVII.

VII - (1653) Pedro de Siqueira, em seu testamento, de 1653, diz ser


proprietário de três braças de terras “no alto da cidade”, em frente ao
armazém da pólvora, e que legava à Misericórdia.

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

VIII - (1661) Em documento da Câmara da cidade de S. Sebastião do


Rio de Janeiro, assinado pelo Tabelião Antônio Ferreira da Silva, datado
de 1661, ao referir-se às fortificações da Cidade, denomina a do alto como
“São Sebastião do alto da cidade”.

“... e outrosim nomeou o dito povo por capitão das fortalezas de S.


Thiago ao capitão Braz Sardinha o velho, para a de S. Sebastião do
alto da cidade ao capitão João Corrêa da Silva...”

IX - (séc. XX) O arquiteto, historiador e escritor Adolpho Morales


de los Rios foi um dos poucos historiadores modernos que no século XX
evitou o uso do nome “Morro do Castelo”, ao se transportar para o tempo
da fundação da Cidade. Em sua Evolução Urbana e Arquitetônica do Rio
de Janeiro, refere-se ao nome de Morro de São Sebastião e, em seguida,
utiliza-se do vocábulo Alto, dado à partes da Cidade.
“Se o morro onde teve nôvo assento a sede, recebera o nome de São
Sebastião, outros pontos do mesmo não deixariam de ser assinalados
por meio de espontâneas designações. Assim, Alto de São Sebastião
era a parte mais elevada. Depois de construída a Sé, passou a ser co-
nhecido como Alto da Sé o descampado, verdadeira terracena, mais
abaixo do referido Alto, ou seja, na lombada fronteira à, depois, rua
da Ajuda, ou seja, confrontando com a atual rua México.” [Revista do
IHGB, N.º 288]

Século XVII
1631
3. MONTANHA DO COLÉGIO
4. MONTANHA DA SÉ
Montanha do Colégio [1631] – Aqui surgem, pela primeira e única
vez, duas denominações dadas ao Morro para onde se transferiu a Cida-
de. Este nome aparece 64 anos depois da sua transferência, na descrição
da Planta da Capitania do Rio de Janeiro, que é a folha n.­º 12, do atlas

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

manuscrito de João Teixeira Albernaz. Cosmographo de Sua Magde.


Anno: 1631.

“Consta na letra X – Trincheirões lançados da montanha do Collegio


até a de S. Francº o qual fica entre ambos esse fizerão para guardar a
subida da montanha da See Matris em q odito Collegio está também
situado.”

A indicação Montanha do Colégio refere-se ao Colégio dos Padres


da Companhia de Jesus, cuja construção teve princípio no mesmo ano
de 1567, sobre a mesma colina onde se encontrava a Cidade. Ainda que
fosse um dos mais importantes estabelecimentos daquele tempo, onde
estiveram recolhidos José de Anchieta, Manuel da Nóbrega e Simão de
Vasconcelos, entre outros, além dos nossos primeiros professores – que
ali lecionaram Humanidades, Religião, Letras, Artes, Ofícios, Música e
Teatro –, era um edifício com dois pavimentos, certamente a construção
que mais chamava a atenção de quem se aproximava da praia da Piaça-
ba, também conhecida por praia dos Padres da Companhia, que ficava
defronte a colina.

A indicação Montanha da Sé Matriz, sem nenhuma novidade, refere-


se à Igreja Matriz de São Sebastião, Sé da Cidade do Rio de Janeiro,
erguida na outra aba da colina, com ladeira de acesso dando para a atual
Cinelândia. Foi edificada entre 1568 e 1583.

Século XVIII
1710
5. MONTE DE SÃO JANUÁRIO
Monte de São Januário [1710] – Esta é outra denominação que para
muitos parece ser do tempo da fundação da Cidade. Não é verdade, pois
este nome só começa a aparecer a partir do ano de 1710, quando da vi-
tória das forças luso-brasileiras, no dia 19 de setembro, contra o exército

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

francês, comandado por Du Clerc, na sua frustrada tentativa de invadir a


Cidade do Rio de Janeiro.

O bispo do Rio de Janeiro, d. Francisco de S. Jerônimo, em memó-


ria da vitória alcançada em 19 de setembro de 1710, pelo edital de 19
de novembro do dito ano, instituiu, e fez ser dia santo, somente para os
moradores da cidade do Rio de Janeiro, o dia de São Januário. A Igreja
Católica festeja no dia 19 de setembro, o dia de S. Januário, bispo de
Benevente e mártir, nascido provavelmente em Nápoles por volta de 250
e decapitado em Pozzuoli, em 305.

A data marcada para o primeiro aniversário dos festejos de São Janu-


ário, dia santo na cidade do Rio de Janeiro, não aconteceu, pois no dia 12
de setembro de 1711, novamente, e desta vez com sucesso, os franceses
invadiram a cidade, sob o comando de Du Guay-Trouin.

Assim, penso que não teriam sido os festejos de São Januário que
levaram o povo carioca a apontar a Cidade de São Sebastião como estabe-
lecida no alto do “morro de São Januário”, e sim o cumprimento da carta
régia de 25.09.1711, que determinava a construção de um novo fortim,
no alto do mesmo morro, feito de taipa de pilão e paliçada, pelo capitão
Francisco Dias da Luz, que foi batizado de forte de São Januário, tam-
bém conhecido por baluarte da Se, por ter sido erguido em local onde no
passado existiu essa antiga bateria.

É fato, sim, que São Januário, ou Monte de São Januário, precede o


de Morro do Castelo.

1808
6. MONTE DO CASTELO
CASTELO
O nome Castelo teve origem na grande fortificação erguida no alto
do morro, que por ocasião da sua construção, em 1567, estava muito lon-

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

ge de se parecer com um castelo. Era apenas um pequeno fortim dedica-


do a São Sebastião, que acabou tombando, em ruínas, sendo substituído
por outro, na administração do governador Cristóvão de Barros. Vindo a
ruir, também, deu lugar a uma terceira construção, no governo de Martim
Correia de Sá, no ano de 1603. No ano seguinte, 1604, em um documento
oficial, vem denominado de Baluarte Grande.

Passados alguns anos, em 1646, o forte foi restaurado pelo governa-


dor Duarte Correia Vasqueanes e, novamente, sofre reformas não muito
tempo depois, em 1662, no governo de d. Pedro de Melo.

Foi apenas depois das invasões francesas de Du Clerc, em 1710, e


Du Guay-Trouin, em 1711, que uma grande e profunda reforma no anti-
go forte de São Sebastião deu-lhe maior imponência, apresentando uma
nova configuração sob a forma de castelo. É a partir desta época que a
cartografia intensifica o nome de Castelo, indicando somente a fortaleza
e, até princípios do século XIX, não foi encontrado documento ou mapa
que estenda este nome a todo o morro.

Identificar a fortaleza como Castelo também era comum aos cartógra-


fos franceses, que em seus planos ou plantas da Cidade de São Sebastião
do Rio de Janeiro chamam as fortificações de castle. Em Portugal, tam-
bém existia o costume de denominar de Castelo as antigas fortificações,
não por suas altas torres, carcaterísticas do medievo, até mesmo, porque
não as tinham, mas em razão de suas muradas, contrafortes e ameias.

Feito um pequeno introito sobre a construção da Fortaleza de São


Sebastião, vejamos alguns dos antigos registros, que a citam com a deno-
minação de Castelo.

Coube a Frei Vicente do Salvador [1564, Bahia - c.1638], em sua


História do Brasil, obra concluída na Bahia a 20.12.1627, a primazia do
uso da palavra Castelo, na indicação das fortificações do Rio de Janeiro.
Em nenhum outro trecho de seu valioso trabalho há a indicação de um

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

nome para a Cidade, no alto da Colina, ou seja, não fugindo à regra dos
que o antecederam, nem dos seus contemporâneos, aponta a fundação do
Rio de Janeiro no cume de um monte. Transcrevo:

“Sossegadas as cousas da guerra, escolheu o governador sítio aco-


modado ao edifício de uma nova cidade, a qual mandou fortalecer
com quatro castelos, e a barra ou entrada do Rio com dous (castelos):
chamou a cidade de São Sebastião...”

“O sítio em que Mem de Sá fundou a cidade de São Sebastião foi o


cume de um monte, onde facilmente se podiam defender dos inimi-
gos; mas depois estando a terra de paz, se estendeu pelo vale ao longo
do mar, de sorte que a praia lhe serve de rua principal.”

É mister confessar que não houve oportunidade de manusear os ma-


nuscritos de Frei Vicente do Salvador, a fim de confirmar o uso da palavra
“Castelo”, que aparece apenas três vezes em toda a obra; porém, acredito
que não tenha ocorrido interferência do paleógrafo que lhe fez a leitura e
a transcrição. Essa obra manuscrita, na sua versão completa, permaneceu
inédita por quase 260 anos, ou seja, somente foi publicada integralmente
em 1889, no volume XIII dos Anais da Biblioteca Nacional. A primeira
notícia precisa que se teve da obra de Frei Vicente do Salvador data de
1839. Nem mesmo Pizarro, que deixou bem claro saber da sua existência,
deixou claro, a teve em mãos.

Em 1728, em documento régio assinado pelo Rei de Portugal, D.


João V, endereçado ao governador da Capitania do Rio de Janeiro, Luiz
Vahia Monteiro, O Onça, surge pela primeira vez, explicitamente, o re-
gistro de que a Fortaleza de São Sebastião é um Castelo, ao tratarem da
proibição de dar salvas de três tiros por ocasião das saídas das procissões
de São Sebastião e do Corpo de Deus.

“Faço Saber a vós Luiz Vahya Montr.º Gov.or da Capni.ª do Rio de


Janeiro que os officiaes da Camara dessa Cidade me escreverão em
Carta de 13 de Agosto do anno passado emcomo a Fortaleza deSão
Sebastião que hé o Castello dadita Cidade costumava Salvar com tres

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

tiros de passa ás Sahidas dasprocissões deSão Sebastião, e Corpo de


D.s....”

FORTALEZA DO CASTELO DA CIDADE


A partir de 1746, surge uma série de documentos oficiais, escritos
por autoridades da administração do Rio de Janeiro, onde passa a constar
a denominação de fortaleza de São Sebastião do Castelo do Rio de Ja-
neiro.

Aqui parece começar a surgir a transição do nome Castelo, trans-


ferindo-se do forte de São Sebastião para a própria cidade. É a partir
de 1746 que, curiosamente, aos poucos, a fortaleza de São Sebastião foi
tornando-se um corpo distinto ao Castelo que, até então, se referia a ela
mesma. Parece confuso. O fato é que esta separação entre “ser Castelo” e
“pertencer ao Castelo da Cidade” levaria, mais adiante, a denominar-se a
própria colina onde estava a cidade como Castelo, nada mais tendo a ver
com a fortificação do alto.

Esta situação persiste em diversos documentos até o final do século


XVIII, concomitantemente com o de Alto da Cidade.

RUA DO CASTELO
Na segunda metade do séc XVIII, quando já se encontrava bem cris-
talizada a identificação do forte de São Sebastião como Castelo, e os do-
cumentos oficiais ainda usavam a indicação alto¸ ao que se encontrava no
topo da colina da cidade, surge pela primeira vez o nome de um antigo
logradouro com a indicação de Castelo. A Carta de Trespasse e Afora-
mentos, datada de 1762, passada a Antônio Martins Santiago, refere-se a
uns chãos, no alto da Sé Velha, que foram comprados a Antônio da Silva
Ribeiro. Este terreno tinha a testada principal, com três braças, voltada
para a rua do Castelo, e fundos, com 12 braças, olhando o mar.

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

Ora, aos poucos a referência “castelo” dada à fortificação começa a


dominar a toponímia da velha Colina. A cidade, “no alto da Sé Velha”,
já tem um logradouro denominado Rua do Castelo. Cabe esclarecer que
esse caminho já existia, com extensão bem maior, e origem que remonta
à antiga “Ladeira que vai da Várzea de Nossa Senhora para o Colégio de
Jesus”, denominação atestada em 1604. Em meados do século XVIII, já
se chamava ladeira do Castelo – em alguns documentos, indicando a via
que parte do início de sua subida até o portão da fortaleza de São Sebas-
tião do Castelo da Cidade. Outros documentos, no entanto, a dividiam em
dois segmentos, chamando de Rua do Castelo o caminho que ia do largo
entre o Colégio e Igreja dos Jesuítas até o portão da Fortaleza.

[1766] – UM SUSTO: Em um ofício do vice-rei do Estado do Brasil,


conde da Cunha, datado de 1766, ao secretário de estado da Marinha e Ul-
tramar, podemos ler a seguinte indexação: “solicitando o envio de oficiais
graduados de Portugal para o provimento dos cargos militares estraté-
gicos da praça do Rio de Janeiro, pois havia a necessidade de substituir
os governadores das fortalezas de São José, da Ilha das Cobras, São
Sebastião do Morro do Castelo e São João da Barra.

Ocorre que na leitura do documento original não existe o termo São


Sebastião do Morro do Castelo, e sim “o Castello de S. Sebastião desta
Cidade”. Destaco, aqui, um engano, que leva à crença de que a denomi-
nação Morro do Castelo existisse, quando na verdade nem consta stricto
sensu daquele ofício do vice-rei. O documento firmado pelo conde da
Cunha é apenas mais um exemplo dentre as muitas referências que com-
pulsei, tomadas como consoantes aos originais mas que não resistem a
um exame mais detalhado e preciso.

[1770] Em documento de 1770, o engenheiro Francisco João Roscio,


ao tratar das fortificações da Cidade, chama a velha colina de Montanha
de São Sebastião, e usa a denominação comum de Castelo para as forti-
ficações da cidade.

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

[1790] Santo Antônio do Castelo – No ano de 1790, surge a deno-


minação: “Santo Antônio do Castelo” e, no ano de 1794, o de “Morro de
Santo Inácio do Castelo no Rio de Janeiro”. Esta última denominação é
encontrada em diversos documentos, entre 1794 e 1802, fazendo alusão à
igreja de Santo Inácio, erguida no princípio do século XVI, pelos antigos
padres da Companhia de Jesus.

MONTE DO CASTELO
1808/1812 – O Príncipe Regente D. João, no ano de 1808, manda
confeccionar a Planta da Cidade do Rio de Janeiro, cuja impressão se dá
apenas em 1812. Nela, PELA PRIMEIRA VEZ, surge a expressão MON-
TE DO CASTELLO para o local onde Mem de Sá fundou a Cidade de
São Sebastião do Rio de Janeiro, no ano de 1567. Portanto, passados 241
anos, é que o vocábulo Castelo denomina o Monte, não mais a fortaleza.

1816 – O bispo de Elvas, D. José Joaquim da Cunha Azeredo Cou-


tinho, em sua obra Ensaio Economico Sobre O Commercio De Portugal
E Suas Colonias Offerecido Ao Serenissimo Principe Da Beira O Senhor
D. Pedro, de 1816, já situa a Cidade do Rio de Janeiro no Monte do Cas-
telo.

D. Azeredo Coutinho não só está entre os primeiros a indicar a cida-


de no alto do Monte do Castelo, como fez questão de registrar tratar-se de
uma nova denominação. Escreveu (pág. 5-6):

“Os primeiros habitantes, e fundadores da Cidade do Rio de Janeiro


se forão estabelecer sobre o alto monte hoje chamado do Castello,
quase todo escarpado em roda, para d´alli se defenderem das incur-
sões repentinas dos Índios Topin Imbâs ou Tamoyos, então Senhores
d´aquellas terras.”

Na pág. 8,

Ao tratar do desmonte do Monte do Castelo, já em 1816, D. Azeredo

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

Coutinho, ainda se valendo da velha concepção de identificar fortalezas


por castelos, aponta como um possível novo Castelo a fortaleza de Ville-
gaignon, quando sugere o aproveitamento da terra obtida pelo desmonte,
entre o continente e a dita ilha:

“e todo o terreno da baze do dito monte, e o que elles podessem es-


tender ao longo da praia de Nossa Senhora da Glória até a Fortaleza
de Villagagnon, que poderia servir de Castello de defeza da Cidade;
e como, desmontado o monte do Castello¸ ficará gozando da melhor
vista, e dos melhores ares de toda a Cidade o monte de Santo Antô-
nio,...”

1822 – O douto historiador Monsenhor Pizarro – tantas vezes aqui


citado –, em suas Memórias, obra impressa entre 1820 e 1822, ao falar do
Rio de Janeiro, no capítulo Do assento da primeira Igreja Catedral, da
sua mudança para outros lugares, utiliza as duas últimas denominações
dadas ao monte da Cidade: São Januário e Castelo:
“Na Igreja dedicada ao Invicto Martyr S. Sebastião, que o Capitão
Mor Governador da Provincia, Salvador Corrêa de Sá, fundára no alto
do Monte S. Januário, um dos cabeços do denominado Castello, onde
teve assento a primeira Matriz da nova cidade Fluminense, ahi se es-
tabeleceu tambem a Igreja Cathedral...

MORRO DO CASTELO
1825 – Coube ao historiador padre Luiz Gonçalves dos Santos, co-
nhecido pelo apelido de Padre Perereca, em suas Memórias para servir á
História do Reino do Brazil, escritas no ano de 1821, e impressas em Lis-
boa em 1825, a primazia na denominação precisa de Morro do Castelo.
No primeiro tomo da sua obra adota o nome Monte do Castelo, ao falar
da história da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro:
“Da parte do sul da cidade, e algum tanto arredado do mar, está si-
tuado o monte do Castelo, onde os jesuítas fundaram o seu colégio,
que presentemenet é o Hospital Real Militar; na parte mais alta dêste
mesmo monte se vê sombranceiro à cidade a Fortaleza, ou Castelo de

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

S. Sebastião, que por antigo ameaça ruína e aqui se fazem os sinais


dos navios que entram pela barra.”

No entanto, no segundo tomo, Época II, página 162 e parágrafo 59,


finalmente utiliza-se, pela primeira vez, da denominação que chegou aos
tempos atuais Morro do Castelo.

1854 – Não poderia deixar de citar um dos nossos grandes historia-


dores, Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro, alcu-
nhado de O Pai da História do Brasil, em sua História Geral do Brasil,
cujo primeiro volume foi impresso em 1854, que, ao falar da história da
Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, evita dar nome ao Morro,
para mais adiante, de forma correta, dizer que hoje se chama Castelo:

“No alto desse morro, que hoje se diz ‘Castelo’, assentou pois Mem de
Sá a nova povoação que faz fortificar, acompanhando-a dos edifícios
competentes para a casa da câmara e outros.”

FINAL
Senhores,

O Morro da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, entre 1567


e 1922, esteve placidamente plantado em seu lugar. Não me preocupo e
não me prendo à questão geográfica.

Penso que está claro que a indicação do nome “Morro do Caste-


lo” vem sendo usada como forma de auxiliar os leitores na visualização
do seu posicionamento, embora os diversos autores devessem apontar a
fundação da Cidade no alto de uma colina que aos poucos recebeu as de-
nominações de Descanso (1573), São Januário (1710) e Castelo (1808).
Também é claro o desconhecimento de muitos sobre a época em que se
utilizaram aquelas denominações. A indicação da fundação da cidade, no
Morro do Castelo, conforme vimos, não é utilizada pelos antigos cronistas
e historiadores, nem mesmo para indicar a posição geográfica da colina.

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Conferência do empossado
Morro do Castelo: o que foi, sem nunca ter sido (1567-1808)

Minha preocupação maior se dá ao uso indiscriminado dos termos


relacionados com a história, de forma a transpassá-los para fora de seu
tempo, podendo até, em certos casos, alterar o rumo da história.

Impossível não lembrar do romance de José Saramago, �������������


em que a pri-
meira história é a de um revisor de provas que tem como trabalho verificar
as correções de uma obra intitulada “História do cerco de Lisboa”, que
por sinal, é o título do romance. O revisor – Raimundo Silva – é tentado a
fazer uma alteração no texto que versa sobre a ajuda dada pelos cruzados
ao rei português para tomar a cidade, introduzindo a palavra “não”. Com
isto, a obra ficaria totalmente fora de seu sentido, uma vez que os cruza-
dos passam a não ajudar o rei a tomar a cidade aos muçulmanos.

Em posse destas informações, Saramago acabará por recontar essa


história, imaginando que os cruzados não ajudavam os portugueses.

É apenas um romance, um belo e bem articulado romance, mas quem


pode afirmar que muito do que lemos, deixados pelos velhos cronistas e
historiadores, não possam também conter pequeninas e involuntárias, ou
até mesmo voluntárias alterações?

No caso do Morro do Castelo, não estamos diante de um contexto


tão dramático, mas o discurso de hoje, para mim, traz a importância de
poder trazer aos Senhores as inquietações que há algum tempo vem me
incomodando: o uso de termos fora dos seus reais contextos cronológi-
cos.

1. Uma única citação do morro Cara de Cão, em 1586, levou-o a


dominar a toponímia local por todos os séculos, mesmo não ten-
do existido no princípio da fundação da Cidade.

2. A indicação de Sacopenapã, como nome indígena pré-cabralino


da Lagoa Rodrigo de Freitas, Ipanema e Copacabana, somente
aparece pela primeira vez em 1645. No entanto já havia naque-
las localidades pequeno núcleo de moradores, arrendatários de
terras do Engenho da Família Fagundes. A farta documentação

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Carlos Eduardo de Almeida Barata

entre 1575 – data em que foi constituído o Engenho da Lagoa – e


1645 não apresenta tal denominação indígena.

3. Uma alteração em um texto histórico, do princípio do século XX,


dedicado ao bairro do Jardim Botânico, coloca nela a habitação
de uma Imperatriz que ali não esteve e, consequentemente, afir-
ma que a Fazenda do Macaco, do Horto, é a mesma, do mesmo
nome, em Vila Isabel, ou seja, faz com que o Alto da Boa Vista, a
Gávea Pequena e a Tijuca, tudo tenha pertencido à Imperatriz.

Finalmente, foi a partir de 1825 que a nova denominação Morro do


Castelo passou a imperar em todo o contexto da fundação da Cidade de
São Sebastião do Rio de Janeiro e, o que nunca antes foi, hoje é tido como
se sempre tivesse sido. O Rio de Janeiro, em 1567, foi erguido no Morro
do Castelo, ou de São Januário, ou do Descanso...

264 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):239-264, out./dez. 2010


Sessão Magna

I. 3 – Sessão Magna

FALA DO PRESIDENTE1
Arno Wehling

A celebração da Sessão Magna do Instituto Histórico e Geográfico


Brasileiro, esta comemorativa dos 172 anos de nossa instituição, é sempre
boa oportunidade para refletirmos sobre a nossa Casa da Memória Nacio-
nal, nosso métier de historiadores, ou ambos.

Um dos aspectos mais importantes e mais delicados da profissão do


historiador está na correta compreensão das relações entre as duas éti-
cas que Max Weber sinalizou no século passado, a da convicção e a da
responsabilidade. De certa forma podemos associá-las, no interesse das
nossas mais frequentes cogitações, respectivamente com a memória so-
cial e o conhecimento histórico. A partir dessa relação, surge um universo
que transcende de muito a pura escrita da história, chegando a problemas
últimos do ser humano, como o da liberdade e o de seu horizonte perma-
nentemente refeito de possibilidades.

A memória social, como também ocorre com as ideologias, é o ter-


reno das convicções. O que nela se constrói como categorias e valores
tem a força das afirmações definitivas, baseadas em um credo, às vezes
um “credo quia absurdum”, que sustenta a construção da autoidentidade.
Já se disse, desse processo de construção, que era uma “invenção de tra-
dições”, uma estratégia para atingir determinado fim. Esse fim foi com
frequência, no século XIX, o da união em torno a um projeto nacional,
mas certamente não se esgotou nele. A crítica racional, para essa estraté-
gia da memória, é-lhe estranha e perigosa, pois, corrosiva, compromete a
estrutura do edifício ideológico assim construído.

1 – Sessão realizada em 21 de outubro de 2010.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):265-270, out./dez. 2010 265


Arno Wehling

A partir da opção pelos valores da memória social, não há lugar se-


não para as convicções. Não há, em consequência, espaço para nenhum
tipo de relativismo que questione mais profundamente os ídolos assim
instituídos. A própria liberdade de consciência e de expressão, no limite
do exercício da memória social, acaba por ser vista como contrária a um
de seus principais objetivos, a união em torno a um projeto ou progra-
ma.

O conhecimento histórico, por outro lado, como qualquer conheci-


mento científico, está submetido a uma ética da responsabilidade. Assim
como o político, lembra Weber, não pode arguir a pureza de suas inten-
ções para isentar-se das consequências eventualmente nefastas de suas
ações, também o intelectual deve submeter suas afirmações à verificação
– ou à refutação, melhor diríamos com Popper – e a um critério de coerên-
cia metodológico e lógico. Sua liberdade de consciência e de expressão é
ampla e está limitada tão somente pelo exercício de seu espírito crítico.

Se há uma ética da memória social, ela é a ética da convicção: a fina-


lidade da coesão social justifica quaisquer meios para atingi-la ou mantê-
la. Não é diferente nas épocas ou culturas ditas primitivas: a antropologia
jurídica nos dá numerosos exemplos de como a finalidade da sanção por
motivo de um crime não é atingir um ideal de justiça, nem mesmo reparar
um erro, mas a manter a coesão do grupo.

Nada mais contrário ao espírito de pesquisa, como ele se construiu


no mundo ocidental desde a Renascença. Quando Copérnico elaborou 64
epiciclos para descrever a órbita elíptica da Terra em torno do Sol, em
vez de simplesmente desenhar uma elipse, estava ainda preso aos quadros
mentais medievais ou pagava um tributo consciente ao predomínio do
aristotelismo no pensamento tomista do establishment da Igreja?

Sua atitude refletia um conflito interno entre a convicção sobre o


acerto de Aristóteles ao definir o círculo como obra perfeita de Deus na
natureza e a responsabilidade de constatar que isso se chocava com evi-
dências empíricas que conduziam à elipse e não ao círculo? Ou refletia

266 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):265-270, out./dez. 2010


Sessão Magna

um conflito externo entre a convicção oficial da instituição a que perten-


cia e o seu foro íntimo de pesquisador?

Na historiografia dos últimos 180 anos, aquela em que se afirmou


sua cientificidade, ao lado das outras ciências sociais, há diferentes si-
tuações que comprovam o entrecruzamento das duas éticas. Seu resul-
tado, em muitos casos, foi a absorção e por fim a anulação da ética da
responsabilidade em prol dos objetivos maiores da memória social, sob
o véu legitimador da coesão social. Em outros, ao contrário, foi possível
elaborar uma construção intelectual fecunda, criticamente consciente de
suas potencialidades e limites. Os resultados das duas posições estão dis-
poníveis à nossa curiosidade: de um lado, obras que se revelam datadas,
presas a discursos e práticas legitimadoras de situações; de outro, obras
que, mesmo com o limo do tempo, identificam e apresentam problemas
que ainda respondem a indagações sobre a natureza social do homem,
independente da época a que corresponderam. As primeiras fazem parte
de um catálogo que desperta interesse apenas como registro das crenças
de determinada época; as outras são as obras clássicas da historiografia,
no sentido que Norberto Bobbio deu ao conceito.

O triunfo de uma ética da convicção sobre a ética da responsabili-


dade isenta os estrategistas da memória social cobertos pelo manto do
historiador ou do cientista social, da contrastação de ideias e dá às suas
interpretações o caráter de apoftegmas ou de axiomas que, por sua auto-
evidência, dispensam justificação ou verificação, exceto naquilo que cor-
roborem estritamente o afirmado. Não é preciso dizer muito sobre como
nesse caso a liberdade definha, o horizonte do historiador se contrai e o
processo histórico surge como um permanente jogo maniqueísta.

Essa estratégia maniqueísta da memória consiste em fazer crer que o


“nós”, qualquer que seja – nação, classe, região, província – tem sempre
a seu lado a razão, o direito e a justiça, enquanto o “outro”, adversário e
inimigo, é sempre movido por interesses escusos e subalternos, expressos
de modo caviloso. Nos compêndios de ensino elementar e secundário,
de diferentes países, os exemplos abundam e chegam a situações carica-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):265-270, out./dez. 2010 267


Arno Wehling

turais, pela justaposição de preconceitos e estereótipos sobre o “outro”.


Marc Ferro, ao estudar as falsificações da história em diversos países, deu
interessante contribuição para o tema e nos últimos anos tem havido em
países comprometidos com projetos supranacionais, como a União Euro-
peia ou o Mercosul, a preocupação em retirar dos compêndios expressões
e interpretações de natureza pejorativa em relação a seus associados.

Esses compêndios abertamente patrióticos possuem ou possuíram


mais ou menos a mesma construção semiológica dos discursos: as guer-
ras são provocadas pelo “outro”; as vitórias foram sempre “nossas” e as
derrotas sempre do “outro” – mesmo quando se perde a guerra, paradoxo
que se resolve pela técnica da decretação do empate, como nas batalhas
indecisa; a liderança do “outro” é ilegítima ou pelo menos pouco com-
petente; os valores positivos sempre são os dos “nossos”, enquanto os
defeitos, a traição e a incompetência são do “outro”.

A vitória da memória sobre a história, da convicção sobre a respon-


sabilidade, implica maniqueísmo, frequentemente envolve a fixação de
zonas de silêncio na interpretação, que correspondem a estratégias de es-
quecimento.

O deslocamento de eventos, instituições, personalidades e até povos


inteiros na historiografia e nos compêndios, embora podendo correspon-
der a defensáveis motivos de caráter teórico-metodológico, com muita
frequência deve-se ao emprego da estratégia do esquecimento. Essa as-
túcia passa pela minimização ou pelo simples apagamento de sua exis-
tência, procedimento que o totalitarismo nazista e soviético, no século
XX, levou ao paroxismo da crueldade. Talvez o exemplo extremo dessa
manipulação, raiando pelo anedótico, tenha sido o problema com que se
defrontaram os responsáveis pela Enciclopédia Soviética quando tiveram
de excluir do primeiro volume a extensa biografia de Beria, após sua exe-
cução. Como simplesmente retirar o longo texto revelou-se impossível,
dado que alteraria toda a sequência de volumes, a solução encontrada foi
a de fazer crescer os verbetes da letra B, com o que a Enciclopédia passou

268 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):265-270, out./dez. 2010


Sessão Magna

a possuir, entre as congêneres, o verbete mais extenso e detalhado sobre...


o mar de Bering.

Esse voluntário esquecimento também atingiu e atinge povos e et-


nias, como acontece atualmente em algumas repúblicas da antiga União
Soviética ou com relação aos curdos do Irã, Iraque e Turquia. Mas tam-
bém se evidenciou nas origens da historiografia científica do século XIX
na Europa, quando em áreas germânicas subestimou-se o papel dos ro-
manos ou, inversamente, em áreas latinas desconsiderou-se a influência
ostrogoda ou visigótica.

Esse percurso é o perigoso caminho da servidão, onde o horizonte é


cada vez mais limitado pelos antolhos do preconceito. Como é diferente o
conhecimento científico, em que a primeira condição, a da liberdade, leva
a outro caminho, largo e permanentemente desvelador de novas realida-
des. A lógica desse caminho foi descrita por Bacon há quinhentos anos:

“A liberdade de expressão incita e provoca um novo uso da mesma


liberdade, com o que se contribui muito mais para o conhecimento do
homem”.

A lição a retirar de tudo isso é simples, mas não fácil: o historiador,
como todo cientista, tem um duplo compromisso ético, com a fidelida-
de às fontes e com a coerência de sua fundamentação teórica. A palavra
história, em grego, no sentido que lhe deu Heródoto, quer dizer pesquisa
ou investigação. Sua inspiradora é Clio e não Mnemosine, a deusa da
memória.

Ao construirmos o conhecimento histórico sob a ética da responsa-


bilidade estamos exercendo nossa liberdade, pois o subtraímos da doxa e
descobrimos novos elementos e novas relações no passado que aplicamos
no presente e projetamos para o futuro. Se, ao contrário, buscarmos no
passado a mera confirmação de uma tese e de uma convicção, então eli-
minaremos a diferença que nos vivifica e com isso esterilizaremos nossa
própria vida.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):265-270, out./dez. 2010 269


Arno Wehling

Maravall, ao fim de um belo livro sobre o saber histórico, comparou


nosso conhecimento ao horizonte. Vale a pena recordá-lo:

“...à história corresponde um papel de horizonte. Não será nunca para


a vida seu modelo, seu padrão em cujas formas fique a vida aprisio-
nada. A História é o horizonte da vida. O horizonte não limita nosso
caminhar, já que nunca chegaremos a ele, mas, ao organizar as possí-
veis direções de nossa marcha, lhe dá sentido. O autômato, para quem
o hoje se rege pelo passado, não tem horizonte. Avança enquadrado
num único caminho.

O horizonte não fecha, mas abre o mundo ao olhar. Por isso o hori-
zonte é liberdade, mas liberdade concreta, liberdade dentro de uma
estrutura dada de coisas.”

Os historiadores do século XX duvidaram de Cícero, quando dizia


que a história é a mestra da vida. Talvez realmente a história não dê lições
em abundância. Mas pelo menos uma lição é inquestionável: assim como
a atmosfera da cidade no mundo fechado do feudalismo, o ar da história
nos liberta e nos descortina novos horizontes.

270 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):265-270, out./dez. 2010


Relatório das atividades do ano social 2009-2010

relatório das atividades do ano social 2009-2010


Cybelle Moreira de Ipnema1

Rotina, o Relatório anual é peça integrante da Sessão Magna que


marca um novo aniversário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
A cada ciclo fechado, evocação do que se fez, em série de atos adminis-
trativos e culturais, decorrentes de um planejamento que define e identifi-
ca a Instituição, em já 172 anos.

Nasceu em 21 de outubro de 1838, sob o mecenato de d. Pedro II,


reservando-se a data para a anual Sessão Maior.

Periodicamente, em datas redondas, comemorações mais expressi-


vas, a não deixar passar centenários, sesquicentenários…

O Instituto – vale lembrar – é feito por seu Quadro Social, de es-


tudiosos nacionais e estrangeiros, compondo categorias, algumas vezes,
ligeiramente alteradas em nomenclatura ou composição, sempre afinadas
com as características de nosso tempo. Acabamos de decidir, em Assem-
bleia Geral Extraordinária, a elevação do número de correspondentes bra-
sileiros, de 60 para 70, modificação tão claramente aceita e compreendi-
da, pelo crescente aumento da população brasileira e de seus segmentos
voltados à produção e divulgação do conhecimento nas áreas da história
e da memória.

O Instituto define-se como uma academia, reunião de pessoas de


interesses paralelos, em troca de experiências e saberes acumulados; um
centro de pesquisa, possibilitador de desenvolvimento de novas experiên-
cias e novos saberes, e um centro documental, que cresce dia a dia, mês a
mês, ano a ano, por compra ou doação, em espécimes bibliográficos, he-
merográficos, arquivísticos, de imagem, cartográficos e museológicos.

Funciona de janeiro a dezembro, com interrupção parcial de ativida-


des administrativas e de atendimento ao público, no mês de janeiro e com

1 –11ª secretária.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):271-279, out./dez. 2010 271


Cybelle Moreira de Ipanema

recesso da programação cultural, de meados de dezembro a igual período


de março seguinte.

Usuários/pesquisadores usufruem graciosamente do fabuloso acervo


documental, de 9 e 30 às 17 horas, no espaço de tempo – não pequeno – à
sua disposição.

O Instituto é gerido por uma Diretoria stricto sensu, de oito membros


– presidente, três vice-presidentes, dois secretários, tesoureiro e orador –,
eleitos bienalmente em dezembro e empossados em janeiro subsequente,
e de diretorias/coordenadorias setoriais, representando uma Diretoria lato
sensu, retiradas do Corpo Social, de livre indicação e nomeação do presi-
dente, responsáveis pelos setores técnico-institucionais, funcionando em
harmonia com os setores básicos da administração. Atualmente, são 13.

O corpo direcional conta também com Comissões Permanentes, co-


brindo as áreas de Admissão de Sócios, Estatuto, Geografia, História, Ci-
ências Sociais e Patrimônio.

Por força, mesmo, estatutária, todas as atribuições são exercidas por


sócios, sem absoluta remuneração, sob a forma de bônus, jetons, comis-
sões ou equivalentes.

O Corpo Social se pretende com cada vez mais visibilidade, o que


está sendo conseguido com o prosseguimento do Projeto “Memória dos
Sócios”, levado a cabo pelas sócias Sônia Aparecida de Siqueira e Vera
Cabana de Queiroz Andrade, e Maria do Carmo Wolny.

A engrenagem administrativa desempenha-se com funcionários con-


tratados sob as leis trabalhistas e os mais corretos ditames da legislação.

Entre março e dezembro, das atividades culturais, o Instituto promo-


ve, semanalmente, da 15 às 17 horas, às quartas-feiras, reuniões abertas
ao público, da Comissão de Estudos e Pesquisas Históricas – CEPHAS
(com a sofisticação do PH representando F) e, em determinadas datas
ou circunstâncias, conferências, posses de sócios, lançamento de livros,
Congressos e Seminários, com parceria ou não, de entidades congêne-

272 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):271-279, out./dez. 2010


Relatório das atividades do ano social 2009-2010

res (como os que têm reunido os Institutos Históricos estaduais), ou de


interesses afins (Academia Brasileira de Letras, Fundação Casa de Rui
Barbosa, Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha,
Real Gabinete Português de Leitura).

Seus sócios representam o Instituto Histórico em eventos multicultu-


rais, no Rio e fora dele, como são destaques na imprensa e laureados por
suas atividades pessoais.

Já tínhamos convênio de Reciprocidade com as Academias de His-


tória da Argentina e da Espanha, além do Instituto Histórico do Uruguai.
Com satisfação registramos os agora celebrados, com a Academia Portu-
guesa da História e a Academia Paraguaya de la Historia, convênios pelos
quais, sócios do IHGB e das referidas Instituições são reciprocamente
Correspondentes.

Se o fórum de debates do IHGB é a sessão semanal da CEPHAS,


com coordenadoria de Maria de Lourdes Viana Lyra, e sub, de Lucia
Maria Paschoal Guimarães, como presença no mundo cultural alinha-se
a Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, com 171 anos
completados este ano, pois fundada em 1839, no ano seguinte à Insti-
tuição de que é porta-voz. Reunião de estudos e pesquisas, publica-se
trimestralmente, sob chancela da Gráfica do Senado Federal, por força de
Convênio assinado pelos presidentes do IHGB e do Senado, reservando-
se o último número do ano para outro tipo de matérias, inclusive o Ca-
dastro Social.

Estava sob a direção de Miridan Britto Falci, passada a Lucia Maria


Paschoal Guimarães.

À disposição do público, o nº 445, correspondente ao trimestre out./


dez. 2009, já prontos, em vias de edição os dois seguintes.

Mensalmente, edita-se o Noticiário, sob a responsabilidade de Vic-


torino Chermont de Miranda, primeiro vice-presidente, com colaboração
de Cybelle de Ipanema, a quem cabe também a revisão, e de Elysio Bel-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):271-279, out./dez. 2010 273


Cybelle Moreira de Ipanema

chior. Encontra-se no nº 255, de setembro/2010. A soma de informações


da entidade, em habituais oito pequenas páginas, cumpre um importan-
tíssimo papel de divulgação de atividades, promoção institucional, rela-
cionamento social dos quadros integrantes, ao lado da presença de outras
instituições, enriquecimento do acervo e relação de livros recebidos e de
pesquisas. A programação da CEPHAS, aí, é um dos pontos-chave, onde
se verifica a multiplicidade de assuntos trazidos a debate.

Em sessões de nove meses do ano e à razão de duas, três comunica-


ções/vez, pode-se conjeturar sobre a amplitude da Comissão de Estudos
que apresentou sessões temáticas (arte, ciência e tecnologia, estruturas de
poder, o Celeste Império), como assuntos isolados que foram de aspectos
biográficos (Euclides da Cunha, João Ribeiro, Clóvis Beviláqua, Macha-
do de Assis, Dilermando de Assis) à incorporação da Província Cispla-
tina, à discussão da propriedade intelectual, da educação da juventude,
cinema, relatos de viagem, Sociedade de Geografia de Lisboa, Expedição
Geográfica ao Planalto Central e outras.

Registrar que, inovando, o Noticiário publicou como encarte de seu


último número do ano, uma Retrospectiva das atividades.

Joaquim Nabuco, o nome do ano, pelo centenário de morte, mereceu


duas comemorações: um Ciclo de Conferências, em junho, coordenado
por Antônio Celso Alves Pereira, e uma sessão conjunta com a Academia
Brasileira de Letras. No primeiro, falaram os sócios Ricardo Vélez Ro-
drigues, José Arthur Rios, José Almino Alencar, Eduardo Silva e Roberto
Cavalcanti de Albuquerque, com a participação, ainda, de Arno Wehling
e Vasco Mariz, e a convidada Maria Emília Prado. Na sessão IHGB/ABL,
Alberto Venancio Filho e Evaldo Cabral de Mello, sócios, em 22 de se-
tembro.

Resenhado-se a atuação, desde outubro de 2009 (de Sessão Magna a


Sessão Magna), há que lembrar a sessão especial realizada em Petrópolis,
em 2 de dezembro, comemorando o aniversário do patrono imperador: no

274 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):271-279, out./dez. 2010


Relatório das atividades do ano social 2009-2010

Museu Imperial que também começava comemorações por seus 70 anos


de fundação.

Iniciando o ano, a posse da nova Diretoria (com pouca alteração da


anterior), em janeiro, trouxe o Instituto à presença que o prestigia, do
público nas suas vertentes institucional, cultural, diplomática, social, re-
ligiosa.

Para a abertura do Ano Social, em março, destacou-se a conferência


do ministro Marcílio Marques Moreira, “Divisores de águas na trajetória
das políticas comerciais brasileiras: da Abertura dos Portos à Rodada de
Doha”, uma abrangência da visão econômica do país.

O novo órgão da estrutura do IPHAN, o Instituto Brasileiro de Mu-


seus – IBRAM, por seu presidente, José do Nascimento Junior – faceta
em que se encaixa o IHGB cujo Museu, aliás, teve por primeiro diretor o
ícone da historiografia brasileira, Francisco Adolfo de Varnhagen –, con-
tou com sua identidade e competências apresentadas em sessão de 12 de
maio do corrente ano.

Conferências, houve-as, ainda, pelo Centenário de Tancredo Neves


(José Murilo de Carvalho) e sobre o revisionismo histórico, enfocando
Juscelino Kubitschek (Cláudio Bojunga).

Sessão de saudade marcou o aniversário de morte da sócia emérita,


grande colaboradora do Instituto, Lygia da Fonseca Fernandes da Cunha,
com oito oradores inscritos, dos quais, cinco ex-confrades.

Lançados, no âmbito das atividades, os livros dos sócios Douglas


Aprato (com Carmem Lucia Dantas), Redescobrindo o passado: cartofi-
lia alagoana, Cybelle de Ipanema, A tipografia em São Paulo, Ronaldo de
Freitas Mourão e Daisaku Ikeda, Astronomia e Budismo, Arno Wehling,
De formigas, aranhas e abelhas – Reflexões sobre o IHGB (na sessão
de posse da Diretoria e de grande repercussão, por suas observações em
torno do papel do Instituto nos cenários cultural e institucional do Brasil),
Miridan Britto Falci, Gênero e escravidão, Luiz Felipe de Seixas Corrêa,

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):271-279, out./dez. 2010 275


Cybelle Moreira de Ipanema

O Barão do Rio Branco. Missão em Berlin – 1901/1902, Cláudio Aguiar,


O monóculo e o calidoscópio, Marilda Corrêa Ciribelli, O escravo no
teatro plautino, Marcus Monteiro, Caminhos do Rio a Juiz de Fora, e
d. Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança, Dom Pedro II em Viena, e
do não sócio Paulo Emilio Borges de Macedo, O nascimento do Direito
Internacional.

Tomaram posse (ato formal que consagra a eleição), com todo o ri-
tual estatutário, Vera Lucia Cabana de Andrade (recebida por Miridan
Britto Falci), d. João de Orleans e Bragança (por Arno Wehling), Paulo
Knauss de Mendonça (por Vasco Mariz) e Carlos Eduardo Barata (por
Victorino Chermont de Miranda).

Em cerimônia no gabinete do Presidente, Armando Alexandre dos


Santos e Eugênio Ferraz.

O Instituto integra – agora como membro permanente e com direito


a voto – o Conselho Nacional de Política Cultural, do ministério da Cul-
tura – MinC, a cujas reuniões compareceu, em Brasília, pelo presidente
e/ou o 1º vice.

Compareceu também à Sessão Extraordinária do Conselho Nacional


de Política Social, do mesmo ministério.

Outros destaques foram a visita do senador Sergio Abreu Bonilla, do


Uruguai, do cônsul-geral do Paraguai, Ricardo Caballero Aquino e dos do
Peru, da Bolívia e do México.

No contexto de cooperação internacional, o Instituto Histórico e Ge-


ográfico Brasileiro assinou Protocolo de Colaboração e Apoio com a Aca-
demia Galega de Língua Portuguesa.

Por seu sócio Eduardo Silva, participou de eventos pelo Dia da Cons-
ciência Negra, em 20 de novembro de 2009.

Adequando-se, na preocupação de um rigor não descartado, de an-


tenas voltadas à estrutura da nação, em Assembleia Geral Extraordinária,

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Relatório das atividades do ano social 2009-2010

em 14 de julho, promoveram-se pequenas alterações e ajustes nos últimos


Estatuto e Regimento que tinham sido votados para atender a exigências
normativas do Código Civil.

Na renovação dos quadros, elegeram-se sócios nas categorias de ho-


norários e correspondentes, como se fez a ascenção de outros a eméritos
e a titulares.

Todo o funcionamento do Instituto, de janeiro a janeiro, implica lem-


brar o substrato financeiro que vai bem, obrigada, entregue ao tesoureiro
Fernando Tasso Fragoso Pires. Exigência de instituições no contexto da
legislação do país, realizou-se a Assembleia Geral de Prestação de Contas
de 2009 e de Previsão Orçamentária de 2010.

Os Setores Técnicos, em que se apoia a pesquisa de sócios e usuá-


rios, têm seus relatórios pormenorizados na Revista do último trimestre
de cada ano. Suas direção (sócios) e operacionalização (funcionários),
apresentam-se como abaixo.

Biblioteca – Diretor, Cláudio Aguiar; chefe, Maura Corrêa e Castro;


Hemeroteca – Diretor, o mesmo; chefe, Célia da Costa; Arquivo – Dire-
tor, Jaime Antunes da Silva; chefe, Lúcia Maria Alba da Silva; Icono-
grafia – Diretores, Pedro Karp Vasques e d. João de Orléans e Bragança;
chefe, a mesma do Arquivo; Mapoteca – Sendo reorganizada por Célia
da Costa, chefe da Hemeroteca, e Museu – Diretora, Vera Bottrel Tostes;
museóloga, Magda Beatriz Vilela.

Para o desenvolvimento dos setores, um pequeno quadro de funcio-


nários e estagiários.

Remete-se para a referida Revista do último trimestre do ano, limi-


tando-se aqui ao registro de ativa atuação em todos os Setores, principal-
mente no que concerne à automação do acervo. A grande preocupação
é com a melhoria do atendimento que se processa na sede, como por
consultas via e-mail, paralelamente a visitas, em especial de técnicos de
instituições como grupos de universitários e respectivos professores.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):271-279, out./dez. 2010 277


Cybelle Moreira de Ipanema

Duas noticias auspiciosas são o reinício da consulta à Mapoteca, que


se achava praticamente desativada, e está com sua reorganização confiada
à chefe da Hemeroteca, e a visitação ao Museu, por grupos agendados,
pela providência da contratação de uma museóloga.

Também o Noticiário contempla alguns aspectos do acervo, objeto


dos Setores Técnicos, como os itens “Diplomática” e “Memorabília elei-
toral”, muito a propósito.

Doações constituem outro registro. Mais numerosas são as de livros,


mas há de outras naturezas, abrangidas pelo Arquivo e pelo Museu.

A cada ano, dentro das possibilidades financeiras, o Instituto se mo-


derniza, adapta-se às novas tecnologias, introduz melhoramentos no equi-
pamento visando ao conforto e melhor atendimento do público sempre
crescente de consulentes (registrados na Revista, nos relatórios setoriais
detalhados), como dos convidados a suas sessões e eventos. Nesse caso, a
reclamada instalação de ar-condicionado no terraço que, agora, dividirá o
espetáculo visual de sua paisagem, na área descoberta, com comodidade
do bem-estar da área fechada.

Esperamos que estejam comprovando sua eficiência os novos micro-


fones instalados neste Salão Nobre.

Para o final costuma ficar a infraestrutura que dá o seu apoio – o


grande apoio – na condução do Instituto, representada por dois elementos
de interligação e de comando de também pequeníssimas equipes de fun-
cionários. Secretária da Diretoria, Tupiara Macareth Ávila Dias, articula
esta, nas suas interfaces, de igual modo com o Quadro Social – local e
de correspondentes –, a Revista, o público. A seu lado, Jeferson dos San-
tos Teixeira, gerente administrativo, a que cabe o controle de pessoal e
a gestão material de ambas as faces do Instituto: o IHGB propriamente
dito e o “Edifício Pedro Calmon”, locado a terceiros, base econômica da
Instituição – particular –, atendida por pequena subvenção do Ministério
da Cultura.

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Relatório das atividades do ano social 2009-2010

Isto posto, só nos resta agradecer aos que propiciaram facilidade ao


desempenho desta 1ª Secretaria, em seu “interfaciamento” durante todo
o ano, e à benevolência da audiência de Vossas Excelências, confrades e
convidados ao 172º aniversário do IHGB Obrigada.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):271-279, out./dez. 2010 279


Elogio dos sócios falecidos

elogio Dos sócios falecidos


José Arthur Rios1

Mais uma vez cabe-me o ingrato dever de falar sobre os companhei-


ros que nos deixaram, levados pela morte ao longo deste 2010.

Trata-se, por singular coincidência, de sete sócios correspondentes,


todos menos um residentes no Brasil. Desses seis, duas senhoras. Todos
menos um viveram ou optaram por viver afastados das metrópoles. Fo-
ram provincianos no melhor sentido, preservados das angústias das gran-
des capitais. Sem com isso perder identidade com a cultura nacional, até
contribuindo para sua interpretação ou seu enriquecimento.

Assim LUIZ HUGO GUIMARÃES, historiador, ligou sua obra à


historia do seu Estado natal – a Paraíba, onde nasceu em 1925. Professor
titular da Universidade Federal de seu Estado ministrou disciplina jurídi-
ca, deixa seu nome ligado à notável Coleção de historiadores paraibanos
publicada pelo Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba. Para algumas
dessas obras escreveu eruditos prefácios, como no caso de Maximiniano
Lopes Machado, primeiro historiador paraibano, cuja biografia abre a co-
leção. E a do Historiador e Filósofo Alcides Bezerra, que deu presença e
deixou memória no Rio de Janeiro, onde viveu.

Historiou a própria entidade que tão notáveis trabalhos vêm reali-


zando esse Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba. Como também a
Academia Paraibana de Letras, na qual merecidamente ingressou.

JOAQUIM VICTORINO PORTELLA FERREIRA ALVES, nos-


so Portella, sócio emérito, viveu uma carreira de trabalhos e distinções,
em diversas instituições militares que cursou e onde se aperfeiçoou. Foi
Comandante de Baterias de Artilharia de Campanha de Costa. Na For-
ça Expedicionária Brasileira Oficial de Ligação de Artilharia, e graças a
seus conhecimentos linguísticos, junto a Grupamentos da Arma-Norte-
Americanos, Ingleses e Sul-Africanos, e junto a diversos adidos militares
de vários países.
1 –1Orador.

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Teve ocasião de aplicar e desenvolver seu conhecimento especia-


lizado como Instrutor e Diretor de Ensino na Escola de Artilharia de
Costa. Devido a seus méritos e serviços recebeu diversas condecorações,
brasileiras e estrangeiras. Publicou vários livros na sua especialização e
como historiador dedicou à sua arma – as obras Seis séculos de Artilharia
(1957); Os blindados através dos séculos (1964). Distinguiu-se como bi-
ógrafo do General Malliet (O Patrono da Artilharia) (1979).

Como natural, participou de várias Associações e Institutos especiali-


zados, tendo ingressado em nosso Instituto em 12 de julho de 1988, como
sócio honorário pela mão de Vicente Tapajós e Umberto Peregrino.

Em dado momento, pressionado por amigos e admiradores, candi-


datou-se à Academia Brasileira de Letras. Mérito não lhe faltava, obra de
historiador, tampouco. Não teve acolhida na casa de Machado de Assis.

LUCINDA COUTINHO DE MELLO COELHO, deixa entre nós


cara memória. Ainda temos presente sua figura nas sessões do CEPHAS,
o novelo de lã de sua cabecinha, olhar sempre atento, acompanhando nos-
sos debates. Professora Universitária de História, Coordenadora de cursos
em nosso Instituto pertenceu ao Conselho Editorial da Revista. Nomes
ilustres dentre nossos sócios como José Honório Rodrigues e Américo Ja-
cobina Lacombe sufragaram sua admissão ao Instituto. Foi sócia efetiva,
em 1981. Passou a honorária em 2003.

Em 1984 lançava seu Ensaio Sócioeconômico de Áreas Vale Parai-


banas onde analisava a história econômica e social de Guaratinguetá, Ba-
nanal e Vassouras e o papel dos seus colonizadores. É livro indispensável
para o estudo da sociedade e economia do café na província fluminense.

Perdemos outra historiadora que marcou presença na historia regio-


nal, MARIA THÉTIS NUNES. Sergipe, onde nasceu, educou-se e mili-
tou, foi seu tema predileto. Formou-se em geografia e história na primeira
turma da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia e em
Museologia no Museu Histórico Nacional, sempre obtendo nessas ins-
tituições a primeira colocação. Ainda estudante universitária, defendeu

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Elogio dos sócios falecidos

tese sobre os Árabes, sua influência na civilização ocidental. Em 1945,


tornou-se, por concurso, professora catedrática do Atheneu sergipense.
Foi a primeira mulher a fazer parte de sua congregação. É de esclarecer
que o Atheneu foi importante centro educacional por onde passou a fina
flor da intelectualidade sergipana. Maria Thétis seria ainda a primeira mu-
lher a dirigir esse educandário, destacando-se pelas reformas pedagógi-
cas que nele introduziu. Professora fundadora da Faculdade Católica de
Filosofia em 1951, tornou-se a primeira mulher sergipana a ingressar no
magistério superior. Em 1956 representava seu Estado na primeira tur-
ma do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), onde apresentou
monografia sobre Silvio Romero e Manoel Bonfim, pioneiros de uma ide-
ologia nacional.

Aproveitou os quatro anos que ali permaneceu como assistente da


cadeira de História para elaborar pesquisas sobre o desenvolvimento da
educação no Brasil. Em 1961, nomeada pelo Ministério das Relações
Exteriores, foi diretora do Centro de Estudos Brasileiro, na Argentina.
Permaneceu quatro anos nesse país, tendo lecionado nos cursos de pós-
graduação da Universidade Nacional do Litoral.

Criada a Universidade Federal em Sergipe em 1968, tornou-se sua


professora titular de história do Brasil, e de Cultura Brasileira. Na quali-
dade de decana da Universidade Federal de Sergipe ocupou por duas ve-
zes sua vice-reitoria. Seus méritos e trabalhos foram reconhecidos quan-
do, aposentada aos 47 anos de magistério, recebeu o título de Professora
Emérita.

Ocupou vários cargos em órgãos estaduais, no Conselho Estadual


de Educação de 1970-1981 e no Conselho Estadual de Cultura de 1982-
1984. Presidiu este órgão por seis anos. Foi ainda presidente do Instituto
Histórico e Geográfico de Sergipe por 30 anos e, ao falecer, ocupava a
cadeira nº 39 da Academia Sergipana de Letras. Nem se mencione os vá-
rios títulos e condecorações que premiaram seus trabalhos, inclusive a de
Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Sergipe.

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Impossível deixar de mencionar alguns de seus principais traba-


lhos como a História de Sergipe a partir de 1820 (1978), a História da
Educação em Sergipe (1984) que mereceu o prêmio José Veríssimo da
Academia Brasileira de Letras. Seu estudo Sergipe Colonial I (1989),
mereceu prêmio da União Brasileira dos Escritores. Em 1996 publicava
o segundo volume dessa obra. Escreveu densas monografias sobre outros
vultos marcantes do seu Estado como Manoel Luiz Azevedo de Araújo,
Manoel Bonfim e Felisbelo Freyre. Maria Thétis viu sempre o Brasil na
perspectiva de sua Província.

Assim na “História da Educação em Sergipe”. Para escrever este


livro revolveu arquivos, leu relatórios, consultou correspondências e bi-
bliografias, logrando um retrato objetivo e enxuto dos azares da pedago-
gia no Estado nordestino.

Como não pode haver história sem análise sociológica, Maria Thétis
procurou sempre compreender, interpretar o fato educacional no contex-
to das estruturas sociais. Valeu-lhe nesse ponto a influência de Alberto
Guerreiro Ramos, que por esse tempo no ISEB procurava elaborar uma
sociologia que refletisse a realidade brasileira e não mera repetição de
teorias exóticas.

Maria Thétis assinala a todo momento as pesadas dependências que


vinculavam a educação ao trabalho, à produção agrícola. O livro contém
importantes dados sobre a economia sergipense colhidos em arquivos na-
cionais e estadual até no Arquivo Histórico Ultramarino em Portugal.

Luminosa, em mais de um sentido é a constatação de que inúmeros


planos e inovações pensados em sociedades onde predominava a classe
média esbarraram durante todo o século XIX nas duras realidades de um
país de senhores de terras e de escravos, onde a vida dos homens livres,
mas dependentes, girava em torno da grande propriedade rural.

A autora chamou a atenção para um tipo de corrupção usual, ainda


que menos conhecida – a corrupção pedagógica, infiltrante e pertinaz: a
recomendação, o peditório, a intervenção do poderoso, ou do político,

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Elogio dos sócios falecidos

todas as modalidades de pistolão que viciam a escolha e a seleção de pro-


fessores como deturpam o sistema do mérito, gerando os “escandalosos
valimentos”, de que falava um cronista colonial.

Colecionadores são tipos raros. Há quem os julgue obsessivos, clas-


sificando-os em categorias próximas aos maníacos. Até, a crer em certos
romancistas, são, às vezes, propensos ao crime, ao roubo, ao sequestro.
Mas quem não privou de alguns desse seres admiráveis? Quem não foi
um deles na infância, juntando amorosamente botões ou tampinhas de
cerveja? Quem não conheceu aqueles capazes de viajar léguas ou milhas
aéreas por um selo, um postal antigo, uma medalha?

Dentre eles, de nobre estirpe, os bravos catadores de livro em sebos


sem temor a poeira, ao mofo, as contaminações. Pesquisadores de parti-
cular espécie, com eles se fazem arquivos e bibliotecas, faz-se enfim a
História.

A essa categoria rara pertenceu sem dúvida JOSÉ EPHRAIM MIN-


DLIN. Sem ofensa às suas origens poderíamos chamá-lo beneditino, na
busca e no trato da obra rara, do autógrafo, do manuscrito antigo. E até
franciscano na dedicação ao saber livresco e na generosidade com que,
empresário bem-sucedido, praticava doações, financiava edições de obras
esgotadas retirando-as da obscuridade dos arquivos para gôzo e ilustração
de muitos. Ao contrário de tantos mecenas, de boca e dentes para fora, que
anunciam em vida a entidades das mais respeitáveis quinhões póstumos
do seu patrimônio, gordas promessas logo desmentidas pela magreza ou
inexistência do legado, até negadas por herdeiros desmemoriados – Min-
dlin começou sua benemerência em vida no pleno uso e gozo da razão.

A biblioteca era seu ambiente. Exerceu por pouco tempo e digna-


mente o cargo de secretário da Cultura de São Paulo, mas só se sentia bem
entre seus livros e alfarrábios, reproduzindo em nossa pobre realidade
aquele personagem de Anatole France que percorria os cais do Sena em
busca de manuscritos raros. Amou o livro com amor excessivo. Costuma-
va dizer, contrariando a história: “Os homens passam, os livros ficam.”

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Reagiu, em tempo contra os fanáticos do blogue, os cultores exaltados


da deusa eletrônica que anunciam a morte do livro. “Os livros não se
deletam” disse, cortante, ao amigo Pedro Correia do Lago. Podem, no
entanto, sofrer queimas, destruições como na Alexandria dos Tolomeus,
na Espanha dos Torquemados ou na Alemanha de Hitler. Esses atentados
para Mindlin anunciavam o próprio fim da civilização.

Para ele só encontramos semelhança nos antigos humanistas que,


pacientemente, colecionavam, reconstituíam, copiavam, livros e docu-
mentos e assim recuperam para a sociedade ocidental um passado, vale
dizer, uma identidade, que mergulhava raízes no mundo greco romano.
Esses monges e leigos que desde a Idade Média em mosteiros e palácios
iam pacientemente reconstituindo uma história e uma literatura perdidas
tiveram em José Mindlin legítimo descendente espiritual.

Diz a lenda que começou sua atividade de colecionador quando


entrando em sebo de São Paulo comprou o Discurso sobre a História
Universal de Bossuet, de 1740. Daí por diante não parou. Com a força
expressiva dos livros que bem conhecemos, Mindlin reuniu na sua casa
em São Paulo trinta mil obras. Grande empresário dividia entre essa bi-
blioteca e sua empresa tempo e recursos criando acervo só comparável ao
da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Não se limitava a colecionar
livros. Dava-se também à sua leitura e a escrevê-los. Daí se tornar sua
casa norte obrigatório para biógrafos e pesquisadores em busca de fontes
para os seus trabalhos.

Nascido em São Paulo, Bacharel em Direito, pelas Arcadas em 1936,


foi Presidente da Metal Leve S/A, que ajudou a fundar e a promover de
pequena empresa a multinacional. Membro do Conselho Consultivo de
várias entidades das quais o jornal Estado de S. Paulo, o Banco Montreal
e a Fundação SOS Mata Atlântica, distribuiu sua atividade por várias en-
tidades culturais no Brasil e no estrangeiro, Academias de Artes, Museus.
Quem o imagina de guarda-pó e espanador, matando cupins solitário, en-
tre as estantes de sua biblioteca, muito se engana. Sua ação filantrópica
projetou-se na fundação de várias entidades culturais, na promoção de

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Elogio dos sócios falecidos

edições, na reimpressão, por exemplo, da Revista de Antropofagia, edi-


tada em São Paulo, em 1928, da Revista editada por Carlos Drumonnd
de Andrade em Belo Horizonte em 1925, da Revista Verde, editada em
Cataguazes em 1927, da edição fac-similar da primeira edição de “A me-
nina do narizinho arrebitado” de Monteiro Lobato e juntamente com a
Mellon Foundation patrocinou a edição pela Universidade da Califórnia
da Bibliografia Brasiliana, de Rubens Borba de Moraes.

Merecidamente recebeu a medalha Biblioteca Nacional em 1985 e a


Medalha Monteiro Lobato, outorgada pela Secretaria de Cultura do Esta-
do de São Paulo pela Academia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil.
Foi sócio correspondente do nosso Instituto desde 1982 e seu ingresso
na Academia Brasileira de Letras foi à coroação natural de uma vida de
intelectual, agente e mecenas cultural.

Historiador sui generis foi WILSON MARTINS. Nasceu em São


Paulo, mas viveu em Curitiba e de tal modo identificou-se com o Paraná
que muitos o julgavam paranaense. Brasileiro e brasilianista foi, pelo vas-
to saber de coisas do Brasil. Historiador da cultura deu a sua obra em sete
volumes o título de História da Inteligência Brasileira, escrita em parte
quando ensinava na New York University.

Visitando-o certa vez, surpreso com o contraste entre sua produção


intelectual e suas limitações físicas, perguntei-lhe como fazia para con-
sultar e citar tantos livros, esparsos em arquivos e bibliotecas, por dois
continentes. Respondeu-me com a simplicidade habitual: “Os livros é que
veem a mim, solicitados pela bibliotecária da universidade que por sua
vez os pede a biblioteca do Congresso em Washington. Vêm ter à minha
mesa.” Lição de coisas.

Professor visitante de várias universidades americanas, participan-


te e contribuinte de congressos internacionais de literatura comparada,
foi membro do Conselho de Cultura do Paraná e assim colaborador dos
maiores jornais do País.

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Coisa rara nos dias de hoje foi crítico literário, o maior de sua gera-
ção. Quando hoje vemos a crítica de rodapé substituída pela resenha de
livros ou pior pela curta notícia, distribuída ao sabor de interesses comer-
ciais que dão prioridade ao best-sellers ou a simples pornografia – sen-
timos o vazio que representa a perda de Wilson Martins. Seus Pontos de
Vista, escritos de 1991 até data recente, refletem o que de mais importante
se publica nesta década e em dado século.

A crítica literária como Wilson a praticou exigia finura de inteligên-


cia, bom gosto e sobretudo caráter; para resistir à tentação dos modismos,
à pressão avassaladora das ideologias, às instâncias dos interesses edito-
riais, à generalizada deturpação dos valores estéticos.

Wilson Martins, insubornável, resistiu ao canto de sereia do momen-


to, quando cenáculos e academias correm o risco de se transformar em
picadeiros de vaidades, trampolins de ambições inconfessáveis, quando
não em feiras de compadres.

Como era de esperar, seus comentários chocavam-se com juízos es-


tabelecidos, fixados pelos círculos dominantes que ainda governam, des-
poticamente, a cultura brasileira. Se serrou em alguns julgamentos, seria
por solidariedade aos outros solitários, aos esquecidos, a provincianos,
marginalizados, muitas vezes injustamente.

Deu o valor devido a Érico Veríssimo, quando menos era conhecido.


Segundo Martins, Érico era “provinciano que cometeu o erro de ser gaú-
cho e morar em Porto Alegre e combater a oligarquia dominante”. Outro
autor que defendeu, “outro provinciano”, foi Dalton Trevisan. De Veríssi-
mo escreveu que sofria “a agravante de escrever bem” (defeito burguês)
por excelência porque a literatura chamada proletária definia-se, antes de
mais nada, pelo estilo supostamente populista, isto é pouco gramatical e
vulgarizante. O populismo que triunfa em política parece continuar clau-
dicante em gramática e fértil em vulgaridade.

Martins via em Veríssimo um desobediente aos cânones então obri-


gatórios do realismo socialista para o qual “a popularidade era um crime

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imperdoável, porque por paradoxo os escritores populistas – que escre-


viam para as massas – eram leitura de intelectuais em capelas restritas de
religiosa ortodoxia”.

Na sua produção figura um livro singular, O Brasil diferente, dos ra-


ros estudos sociológicos de aguda interpretação do Sul do Brasil, do “ou-
tro país” que nasceu da colonização, da culturação de açorianos, alemães
e italianos e da pequena propriedade familiar, do vinho e do trigo, hoje da
soja. Martins completa assim com Fernando Carneiro e Vianna Moog a
lacuna deixada por Oliveira Vianna e Gilberto Freyre que analisaram com
superioridade a face tradicional, hoje correm do Brasil luso-africano, da
escravidão, da monocultura e do latifúndio.

Obediente aos imperativos da globalização que é também e sobretu-


do cultural, a rede dos nossos correspondentes cobre hoje outros países
além do Brasil e da América Latina, nos Estados Unidos e na Europa. Em
breve quiçá teremos correspondentes na Ásia, no Japão, onde se forma
um núcleo brilhante de brasilianistas.

Dentre nossos correspondentes europeus figurava CLAUDE LÉVI-


STRAUSS, cujo falecimento ocorreu no curso deste ano, a um mês de
completar a idade bíblica de 101 anos.

Dito por alguns como “o pai da moderna antropologia” Lévi-Strauss,


nasceu em Bruxelas na Bélgica em 1908. Etnólogo, na melhor tradução
francesa, vinculou sua carreira e sua formação ao nosso país, quando, em
1935, participou da Missão Universitária Francesa no Brasil, integrando
o grupo brilhante de professores contratados pelo ministro Gustavo Capa-
nema e que se destinavam a aprimorar nosso ensino superior universitário
e formar mestres para o ensino médio.

Desses primórdios, Strauss traçou retrato agridoce, sobretudo dos


seus alunos, quase todos da elite paulista que descreveu sem concessões
até com certa ponta de sarcasmo.

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Nesse mesmo período, organizou e dirigiu missões etnográficas em


Mato Grosso e na Amazônia. Dessas explorações colheu material que
transpôs, em admirável estilo literário, para seu livro Tristes trópicos, de
1955.

Por que tristes? Porque eram cenários do declínio e morte de certas


tribos indígenas cujos remanescentes Strauss viu vagueando bêbados ou
enlouquecidos pelas matas do Oeste e da Amazônia, vítimas da desapie-
dada exploração, até mesmo escravização, pelo homem branco, pelo des-
matamento da floresta e pela simples caça ao escravo, como ocorreu até
data bem recente aos bugres do Paraná.

Nesse livro de grande repercussão Strauss declarava que odiava as


viagens e os exploradores. Assim como numa evidente crise de depressão
e perda de autoestima registrou a impressão de que estaria “jogando fora
sua vida”.

Desses sentimentos compensou-se em larga permanência nos Esta-


dos Unidos na Nova Escola de Pesquisa Social, em Nova York, então cen-
tro de intensa vida intelectual e renovação científica, onde conviveu não
só com cientistas sociais mas com artistas da imigração europeia, nesses
tempos de guerra, como André Breton, Marcel Duchamp e Max Ernst.

Bebeu, ávido, os cursos de Roman Jakobson sobre Linguística, que


alimentariam sua tese de doutorado na França, publicada em livro As es-
truturas elementares do parentesco, de 1948.

Foi reprovado duas vezes no concurso para o Colégio de França,


quase desistiu de sua carreira. Mas o sucesso de Tristes Trópicos, en-
comendado pelo editor Jean Malaurie, consagrou-o como antropólogo e
escritor. Em 1958 lançou a Antropologia estrutural. Em 1960, finalmente,
assumia a cátedra no Colégio de França. Em 1961, sua obra sobre o Pen-
samento selvagem abria caminho para uma nova interpretação dos mitos,
renovando a visão até então evolucionista e conceituosa do “primitivo”.

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Elogio dos sócios falecidos

Essa tentativa de compreensão dos mitos foi ampliada pelo que mui-
tos consideram sua obra-prima – As mitológicas que abrange O cru e o
cozido, do Mel as cinzas, A origem das boas maneiras à mesa e o Homem
nu.

Lévy-Strauss celebrizou-se primeiro pelo seu método baseado na


fusão fecunda de várias disciplinas, a matemática, a comunicação, a his-
tória, a linguística e a antropologia, sem esquecer a crítica literária e a
estética.

Ligou ainda seu nome ao Estruturalismo, teoria antropológica que


iniciada em outros arraias científicos ganhou altura e prestigio nas dé-
cadas de 60 e 70, dando azo a trocas e confrontos com o Marxismo e o
Existencialismo, com Maurice Godelier e J. P. Sartre.

Em ambiente caracterizado pela cisão entre Ciências Físicas e Na-


turais e Ciências Sociais e Humanas, o Estruturalismo tentava uma ponte
conceitual e teórica entre esses campos de origens e características tão
diversas. Lévy-Strauss, confessadamente, apoiou-se no Marxismo como
ponto de partida para seu pensamento, propondo, no entanto, novo con-
ceito de estrutura já corrente nas ciências físicas e biológicas, estenden-
do-o às ciências sociais. Na realidade, era uma tentativa de renovação do
marxismo, galvanizando essa doutrina cadaverosa, injetando-lhe conteú-
dos existenciais. Abandonava a ideia de uma estrutura social rígida, fixa e
objetiva, como os sovados critérios marxista de burguesia e proletariado
trocando-a pela ideia de fluxo mais coerente com ritmo acelerado de mu-
danças sociais.

Nessas teorias há, latentes, a preocupação de uma busca permanente


de um sentido oculto, a procura das intenções por trás das aparências e
movimentações sociais; assim como Freud buscou no inconsciente a ex-
plicação para os comportamentos e desvios do dia a dia. Em suma, quem
sabe, a reminiscência de uma presença invisível de uma gnose e talvez a
abertura para uma meta-antropologia.

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José Arthur Rios

Seu contemporâneo Paul Valéry descobriu aflito, nos anos trágicos


que precederam e anunciaram a II Grande Guerra, que as civilizações
também morriam. Strauss, por seu lado, sofria inconformado com a mor-
te das culturas indígenas, o perecimento dos Nhambiquaras, Caduveus
e Bororos, massacrados pelas políticas de remoção, pela bebida e pelas
doenças do branco.

Se o Estruturalismo, de voga passageira foi considerado por muitos


como anti-humanismo é difícil incluir nessa classificação o homem que
nos deixou a descrição comovida dos desenhos das tatuagens no corpo
dos índios e viu nessas marcas uma perdida mística, uma história do mun-
do, uma relação do homem com a natureza e com os deuses.

Sr. Presidente, caros colegas, cada um dos nossos homenageados de


hoje tentou à sua maneira decifrar o mistério da história através da letra
miúda do documento ou no arabesco das tatuagens. Buscaram a transpa-
rência do sentido na pesquisa do livro, através da obscuridade do fato ou
do mito. Para eles esta modesta salva de palavras, nosso adeus e a devida
reverência.

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Atas das assembleias gerais, orinárias e extraordinárias

II – ATAS E DELIBERAÇÕES SOCIAIS


II. 1 – Atas das assembleias gerais, orinárias
e extraordinárias

ATA DAS ASSEMBLEIAS GERAIS ORDINÁRIA E


EXTRAORDINÁRIA REALIZADAS
EM 14 DE JULHO DE 2010
Com primeira convocação para as doze horas e segunda, às quatorze,
realizaram-se, em quatorze de julho de dois mil e dez a Assembleia Geral
Ordinária e a Assembleia Geral Extraordinária para que foram convo-
cados, pelo Edital nº 04/10, de primeiro de julho de dois mil e dez, os
Sócios Eméritos, Titulares e Correspondentes Brasileiros. O presidente
Arno Wehling abriu a Sessão às quatorze horas e quinze minutos, com-
pondo a Mesa com o primeiro vice-presidente Victorino Chermont de
Miranda, membro da Comissão de Estatuto, o tesoureiro, Fernando Tasso
Fragoso Pires, e a primeira secretária, Cybelle Moreira de Ipanema. A As-
sembleia Geral Ordinária destinava-se à Prestação de Contas de dois mil
e nove e Previsão Orçamentária de dois mil e dez. O presidente esclarece
o plenário pelo atraso na realização da Assembleia, em razão de o escritó-
rio de Contabilidade não haver apresentado a documentação no prazo da
lei. Com a palavra o tesoureiro, expôs os dados do Balanço, registradas
Receita e Despesa, com apuração de superávit, que se justifica, com os
espaços ocupados, inclusive o da Rua México. Para a Previsão Orçamen-
tária do corrente ano, também são colocados os indicativos de Receita e
Despesa, com previsão de superávit. Postas em discussão a Prestação de
Contas e a Previsão Orçamentária, não havendo objeções, o presidente
passou à sua votação, sendo ambas aprovadas. O presidente pede também
ao plenário autorização para o remanejamento de rubricas do orçamento,
se for o caso, para dispensa de nova convocação, o que é aprovado. Pas-
sou-se a seguir à Assembleia Geral Extraordinária para a apreciação e vo-
tação de proposta de alteração estatutária e regimental, conforme minuta

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encaminhada aos sócios, previamente discutida na Diretoria e aprovada
na Comissão do Estatuto, integrada pelos sócios Victorino Chermont de
Miranda, Afonso Arinos de Mello Franco, Célio Borja e Alberto Venan-
cio Filho. Victorino Chermont de Miranda explica as alterações que são
de adequação e atualização, sem afetar direitos, como por exemplo, o au-
mento do quadro de correspondentes brasileiros que passa a 70 (setenta)
membros; a ampliação do conceito de reciprocidade, pela recente assina-
tura do Convênio com a Academia Portuguesa da História; a extensão, no
caso de extinção do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a órgãos
do Instituto Brasileiro de Museus, recém-criado; extensão ao presidente
deste, da condição de sócio honorário brasileiro, e a extensão da condição
de sócio correspondente brasileiro, enquanto no exercício do cargo, ao
presidente do Instituto Histórico de Petrópolis (municipal), por ter sido
criado sob a égide do IHGB. Alguns sócios pediram esclarecimentos e
fizeram observações, respondidas pela Mesa, caso do uso das insígnias
(colar acadêmico) que pode, para sua praticidade, ser guardado no Institu-
to, no escaninho adrede destinado, fato já informado, segundo a primeira
secretária. Quanto à CEPHAS, as responsáveis sugerem Coordenadoria,
em lugar de Secretaria. Nas revogações, os casos dos grandes beneméri-
tos (categoria já extinta), como do Quadro Extraordinário de sócios hono-
rários (todos os membros, já absorvidos na categoria de honorários). Para
se adequar à realidade do Instituto, estabelecida nova data para a posse
da Diretoria e demais órgãos da administração, até a segunda quarta-feira
de março do ano seguinte à eleição. Encaminhada a votação, a Proposta
foi aprovada por unanimidade. Foi também aprovada a consolidação de
novo Estatuto, com a numeração/remuneração de títulos e capítulos. Nos
Assuntos Gerais, também previstos na convocação, o presidente Arno
Wehling mencionou os vinte e cinco anos do jornal Folha Dirigida que dá
boa cobertura aos eventos do Instituto, tendo, no ano da transferência da
corte portuguesa, agido em parceria, mobilizando milhares de estudantes
e professores e grande afluência ao IHGB. Aprovada a proposta de Moção
de Congratulações. Por outro lado, pedido de manifestação de pesar pelo
falecimento de Otávio Melo Alvarenga, presidente da Sociedade Nacio-
nal de Agricultura, também muito presente no Instituto. Aprovada. Em

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Atas das assembleias gerais, orinárias e extraordinárias

terceiro lugar, a carta do presidente da Academia Nacional da História


da Venezuela de que pede ser dada ciência ao Corpo Social, de seu repú-
dio à transferência dos arquivos dos heróis nacionais, Bolívar e Miranda,
da guarda da Academia, para o Arquivo Nacional. Afonso Arinos sugere
responder que a Assembleia tomou conhecimento, mas sem participar do
assunto que não nos diz respeito. Victorino opina no sentido de que se su-
gira ao comunicante o encaminhamento do assunto à próxima reunião das
Academias Ibero-americanas de Historia para posição conjunta. Adoção
se for o caso, sendo ambas as propostas aprovadas. Nada mais havendo a
tratar, o presidente agradeceu aos sócios a colaboração e encerrou a ses-
são às quatorze horas e cinquenta minutos.

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Victorino Cher-


mont de Miranda, Alberto Venancio Filho, Eduardo Silva, Carlos Wehrs,
Fernando Tasso Fragoso Pires, Maria de Lourdes Vianna Lyra, José Ar-
thur Rios, Afonso Arinos de Mello Franco, Maria Cecília Londres, Jali
Meirinho, Lucia Maria Paschoal Guimarães, Maria da Conceição Beltrão
Marcos Guimarães Sanches, Esther Caldas Bertoletti, Vasco Mariz, Max
Justo Guedes, Miridan Britto Falci, João Maurício de Araújo Pinho e Cy-
belle Moreira de Ipanema.

ATA DA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA


DE 15 DE DEZEMBRO DE 2010
Às quinze horas e cinco minutos do dia quinze de dezembro de dois
mil e dez, realizou-se, na Sala Pedro Calmon, em segunda convocação, a
Assembleia Geral Extraordinária, de Eleição de Sócios, em várias catego-
rias do Quadro Social. Sessão presidida pelo presidente Arno Wehling e
secretariada por Cybelle Moreira de Ipanema. O presidente abriu a sessão
e explicou a mecânica da votação, através de cédulas coloridas, conforme
a categoria: sócio emérito (1 (uma) vaga), sócios titulares (2 (duas) va-
gas), sócios correspondentes brasileiros (4 (quatro) vagas), sócios hono-
rários brasileiros (2 (duas) vagas) e sócio honorário estrangeiro (1 (uma)

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):293-297, out./dez. 2010 295


vaga). Pediu autorização para dispensa da leitura do resumo curricular
dos 10 (dez) candidatos e dos respectivos Pareceres das Comissões de
Admissão de Sócios e de História. Estando presentes 18 (dezoito) sócios
em condições de votar, o quorum ficou estabelecido em 10 (dez), equiva-
lentes a metade mais 1 (um) dos eleitores, necessários à maioria relativa,
como dispõe o Estatuto. Distribuídas as cédulas – um jogo para cada elei-
tor –, procedeu-se à eleição, com marcação nas quadrículas impressas.
Encerrada esta, recolheram-se os votos na urna e o presidente designou
4 (quatro) sócios presentes para a função de escrutinadores, 2 (dois) a 2
(dois): Esther Caldas Bertoletti e Eduardo Silva, e Lucia Maria Paschoal
Guimarães e Fernando Tasso Fragoso Pires, ocasião em que, presidente
e secretária se ausentaram da Mesa. Finda a apuração, voltaram, a fim
de que o presidente anunciasse o resultado, o qual leu os totais obtidos
pelos candidatos (votos positivos e negativos), como adiante se escla-
rece, sendo todos eleitos: sócio emérito, Carlos Wehrs (17 e 1); sócios
titulares, Célio de Oliveira Borja (18) e Mary Del Priore (17 e 1); sócios
correspondentes brasileiros, Angelo Oswaldo de Araújo Santos (14 e 4),
Fernando Lourenço Fernandes (15 e 3), Guilherme Gomes da Silveira
D’Ávila Lins (15 e 3) e Maria Efigênia Lage de Resende (15 e 3); sócios
honorários brasileiros, Pe. Jesus Hortal Sánchez, S.J. (17 e 1) e Marcí-
lio Marques Moreira (18), e sócio honorário estrangeiro, António José
Emauz Almeida Lima (15 e 3). O presidente chamou à Mesa o decano do
Instituto, sócio benemérito Luiz de Castro Souza, a fim que também lesse
a relação dos eleitos. Encerrada a Assembleia de eleição, o prof. Arno
Wehling anunciou a sessão da CEPHAS a se realizar em seguida, com
dois comunicadores: o sócio correspondente português, Miguel Montei-
ro, Secretário geral da Academia Portuguesa da História, falando sobre A
primeira República Portuguesa e os jesuítas, e o correspondente brasilei-
ro, Edivaldo Machado Boaventura, destinado a apresentar seu novo livro
sobre o ex-presidente, Na trilha de Pedro Calmon, que seria, em seguida,
lançado no IHGB. Anunciou o presidente o jantar de confraternização, a
se realizar no dia 17, às 20 horas, no terraço do Instituto, desejou a todos
Feliz Natal e excelente 2011, dando por finda a sessão.

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Atas das assembleias gerais, orinárias e extraordinárias

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Victorino Cher-


mont de Miranda, Marilda Correa Ciribelli, Lucia Maria Paschoal Gui-
marães, Esther Caldas Bertoletti, Carlos Wehrs, Fernando Tasso Fragoso
Pires, José Pinto Esposel, Max Justo Guedes, Guilherme de Andréa Frota,
Luiz de Castro Souza, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Alberto da
Costa e Silva, Vasco Mariz, Alberto Venancio Filho, Affonso Arinos de
Melo Franco, Eduardo Silva e Cybelle Moreira de Ipanema.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):293-297, out./dez. 2010 297


II. 2 – Atas de reuniões de Diretoria

ATA DA REUNIÃO DE DIRETORIA


DE 28 DE JULHO DE 2010
Às quatorze horas do dia vinte e oito de julho de dois mil de dez,
reuniram-se na Sala Teresa Cristina, convocados pelo presidente Arno
Wehling, as diretorias stricto e lato sensu, para o debate e tomada de po-
sição comum quanto a problema que mobiliza, no momento a sociedade,
sobretudo pesquisadores das áreas de História e Arquivo. Sessão secre-
tariada pela 1ª secretária, na ausência do 2º secretário Elysio de Oliveira
Belchior, por motivo de doença. Trata-se da proposta de inclusão, no An-
teprojeto de Código do Processo Civil, de dispositivo que permite a eli-
minação de documentos na área pública, a partir de 5 (cinco) anos de sua
produção. A iniciativa é de Luiz Fuchs e vários órgãos interessados têm-
se manifestado ou estão em vias de faze-lo, como a Associação Nacional
de História – ANPUH e o CONARQ – Conselho Nacional de Arquivo. O
presidente encaminhou a questão e deu palavra a Jaime Antunes da Silva,
diretor-geral do Arquivo Nacional, presidente do CONARQ e sócio do
IHGB, onde é presentemente, o diretor de seu Arquivo. Explica o orador
que é praticamente a reedição com pequenas variações do artigo 1215,
de 1973, que despertou enorme celeuma e foi, finalmente, retirado, com
a promessa de lei específica. Critica Jaime Antunes, inclusive, a menção
a “incineração”, quando hoje existe a prática de reciclagem. Esclareceu
que, na realidade, são milhões de documentos que a administração públi-
ca não tem como armazenar. Urge encontrar critérios de seleção e avalia-
ção, porquanto há quantidade vultosa de processos envolvendo questões
menores do dia a dia da população, ou de natureza repetitiva, que não têm
por que ser conservados, em sua totalidade, segundo Victorino Chermont
de Miranda. A preocupação de todos é pela convocação de responsáveis
– historiadores, arquivistas, outros –, para se encarregarem da elaboração
de critérios e aplicá-los, em contraposição àqueles a quem muito afeta a
impossibilidade de armazenamento, pela quantidade gigantesca produzi-

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Atas de reuniõies de diretoria

da. Manifestaram-se, além dos citados, Afonso Arinos de Mello Franco,


Mary Del Priore, Antônio Celso Alves Pereira, José Arthur Rios, Max
Justo Guedes e Esther Bertoletti. O consenso final foi pela elaboração,
pelo presidente do IHGB, de documento a ser encaminhado ao presidente
do Senado Federal, José Sarney (presidente de honra do Instituto), ao
relator do projeto de reforma do CPC ao presidente da Comissão de Cons-
tituição, Justiça e Cidadania – CCJ e incluiria menção ao decreto da lei
967 de 1973, que revogava o artigo, a informação do grande risco na
manutenção do dispositivo atual e a sugestão de sua retirada do Código,
para a elaboração de uma lei ordinária.

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Victorino Cher-


mont de Miranda, Max Justo Guedes, Fernando Tasso Fragoso Pires, Jai-
me Antunes da Silva, Eduardo Silva, Maria da Conceição Beltrão, Esther
Caldas Bertoletti, José Arthur Rios, Miridan Brito Falci, Guilherme de
Andrea Frota, Cláudio Aguiar, Pedro Karp Vasquez, Ántonio Celso Al-
ves Pereira, Mary Del Priore, Afonso Arinos de Mello Franco, Maria de
Lourdes Vianna Lyra, João Mauricio Ottoni W. de Araújo Pinho, Lucia
Maria Paschoal Guimarães e Cybelle Moreira de Ipanema.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):298-299, out./dez. 2010 299


II. 3 – Atas de sessões ordinárias, extraordinárias e Magna

ATA DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA


DO DIA 13 DE JANEIRO DE 2010
Posse da Diretoria e demais órgãos gestores
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Às dezoito horas e vinte minutos do dia treze de janeiro de dois mil


e dez, realizou-se a Sessão Extraordinária do Instituto Histórico e Geo-
gráfico Brasileiro, destinada à Posse da Diretoria e demais órgãos, para o
biênio dois mil e dez – dois mil e onze. Sessão presidida pelo presidente
Arno Wehling e secretariada por Cybelle Moreira de Ipanema. O presi-
dente abriu a sessão, compondo a Mesa com o general Aureliano Pinto de
Moura, presidente do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil,
o presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, José Almino de Alen-
car, o presidente de Pen Club do Brasil, Cláudio Murilo Leal, o diretor
geral do Arquivo Nacional, Jaime Antunes da Silva, e monsenhor Costa
Couto, representante do arcebispo do Rio de Janeiro, dom José Orani
Tempesta. Mencionou, ainda, outras autoridades presentes no plenário,
como Antonio Gomes da Costa, presidente do Real Gabinete Português
de Leitura, Carlos Eduardo Barata, presidente do Colégio Brasileiro de
Genealogia, Marcos Guimarães Sanches, diretor do Museu do Primeiro
Reinado, Jarbas Marques da Silva, do Instituto Histórico e Geográfico do
Distrito Federal, Paulo Knauss, diretor do Arquivo Público do Estado do
Rio de Janeiro, Maria José Wehling, reitora da Universidade Gama Filho,
Cândido Mendes de Almeida, reitor da Universidade Cândido Mendes, e
Luiz Carlos Soares, presidente do Instituto Histórico de Petrópolis. Antes
de iniciar a solenidade, o presidente pediu um minuto de silêncio pelas
vítimas do terremoto do Haiti. Como de praxe, foram lidas as Efemérides
brasileiras do dia, do barão do Rio Branco. A seguir, a secretária leu o
Termo de Posse da Diretoria cujos membros, ao lado dos outros cargos
de gestão do Instituto, foram eleitos em dezesseis de dezembro de dois

300 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010


Atas de sessões ordinárias, extraordinárias e Magna

mil e nove. O presidente leu o Termo de Compromisso que lhe coube em


nome da Diretoria. Chamou cada um dos eleitos para assinatura no Li-
vro de Posse: Arno Wehling, presidente, Victorino Coutinho Chermont de
Miranda, primeiro vice-presidente, Max Justo Guedes, segundo vice-pre-
sidente, Affonso Arinos de Mello Franco, terceiro vice-presidente, Cybel-
le Moreira de Ipanema, primeira secretária, Elysio de Oliveira Belchior,
segundo secretário, Fernando Tasso Fragoso Pires, tesoureiro, tendo fal-
tado, por saúde, o orador José Arthur Rios. O presidente declarou a seguir
a posse dos membros do Conselho Fiscal, das Comissões Permanentes e
do Conselho Consultivo. Para completar, os Diretores Adjuntos, de sua
livre nomeação, para recebimento das portarias respectivas. Seguiu-se o
seu dircurso, iniciando sobre o fácies do Instituto, aos cento e setenta e
um anos, com destaque para o respeito à ética e atenção ao binômio: tra-
dição e inovação. Deu a palavra à primeira-secretária para o registro das
numerosas manifestações recebidas, que começaram pelo vice-presidente
da República, José Alencar. Anunciou o lançamento do livro De formi-
gas, aranhas e abelhas – Reflexões sobre o IHGB, de sua autoria, cujos
exemplares foram oferecidos a todos os convidados presentes. Encerrada
a sessão, a diretoria recebeu os cumprimentos na Sala Imperial, ao lado,
seguindo-se a recepção no terraço.

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Elysio de Olivei-


ra Belchior, Antônio Celso Alves Pereira, Mary Del Priore, Esther Caldas
Bertoletti, Maria de Lourdes Viana Lyra, Marilda Corrêa Ciribelli, Mel-
quíades Pinto Paiva, Marcos Guimarães Sanches, Carlos Wehrs, Eduardo
Silva, Kenneth Light, Miridan Britto Falci, Nuno Pereira de Castro, Vera
Lúcia Cabana Andrade, Fernando Tasso Fragoso Pires, Arnaldo Niskier,
Victorino Coutinho Chermont de Miranda, José Almino de Alencar, Gui-
lherme de Andréa Frota, Jonas de Morais Correia Neto, Antonio Gomes
da Costa, Jaime Antunes da Silva, Alberto Venancio Filho, Vasco Mariz,
Lucia Maria Paschoal Guimarães, Affonso Arinos de Mello Franco, Can-
dido Mendes de Almeida, Paulo Knauss de Mendonça, Carlos Eduardo
de Almeida Barata, Carlos Francisco Moura, Ronaldo Rogério de Freitas
Mourão e Cybelle Moreira de Ipanema.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010 301


ATA DA SESSÃO ORDINÁRIA
DO DIA 24 DE MARÇO DE 2010
Abertura das Atividades Culturais do Ano Social

Às dezessete horas e vinte minutos do dia vinte e quatro de março


de dois mil e dez, realizou-se no Salão Nobre, a Sessão Ordinária, de
Abertura das Atividades Culturais do ano, sob a presidência do prof. Arno
Wehling e secretária de Cybelle Moreira de Ipanema. O presidente com-
pôs a Mesa com o cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, emb. Antó-
nio Almeida Lima, o diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferrei-
ra Junior, o presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, José Almino de
Alencar, o diretor do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha,
Armando de Senna Bittencourt, o diretor da Bibliex, Josevaldo Sousa
Oliveira, o presidente do Fórum Nacional, João Paulo dos Reis Velloso,
e o presidente da Associação Comercial, José Luiz Alqueres. Segundo
o ritual do Instituto, a secretária leu as Efemérides brasileiras, do barão
do Rio Branco, alusivas à data. Com a palavra, o presidente comunicou
continuar sendo este um ano de realizações. Exemplificou com cursos so-
bre História dos Esportes, História da Saúde, e Joaquim Nabuco (no ano
do seu centenário de morte), Seminário sobre Patrimônio, com Sessões
Especiais em parceria com a Academia Brasileira de Letras. Continuará o
Instituto com seus dois “carros-chefe” que são CEPHAS – Comissão de
Estudos e Pesquisas Históricas, o foro de debates, semanal, e a Revista,
publicada desde 1839, apresentando no dia, dois números de dois mil e
nove, distribuídas aos presentes – o quatrocentos e quarenta e três e o
quatrocentos e quarenta e quatro, dedicados a dois eventos realizados: os
duzentos e cinquenta anos da expulsão dos jesuítas e o Seminário Brasil-
França. Lembra a realizada posse da Diretoria, em janeiro, quando foi
lançado o livro de sua autoria, De formigas, abelhas e aranhas – Refle-
xões sobre o IHGB, que reúne conceitos, apreciações e perspectivas sobre
o IHGB, que completou cento e setenta e um anos, seguido de um Anexo,
das iniciativas promovidas na Instituição, durante essa longa existência,
as normas estatutárias e regimentais, o quadro social e outros aspectos,
constituindo verdadeiro panorama de uma entidade viva e atuante no qua-

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Atas de sessões ordinárias, extraordinárias e Magna

dro cultural do país. A seguir, falou o ministro Marcílio Marques Mo-


reira, convidado para a Conferência de Abertura, intitulada Divisores de
águas na trajetória das políticas comerciais brasileiras: da Abertura dos
Portos à Rodada de Doha. Ex-ministro da Fazenda e ex-embaixador, é
o conferencista personalidade de ampla visão sobre os problemas eco-
nômicos, sociais e políticos do Brasil. Ao término, o prof. Arno Wehling
agradeceu, tecendo considerações sobre o exposto e paralelismos com
situações atuais do país. Anuncia o próximo Convênio de Reciprocidade,
com a Academia Paraguaia de História, a exemplo do que o Instituto já
tem com as congêneres da Argentina, Uruguai (Instituto Histórico), da
Espanha e de Portugal. Na linha fez entrega aos sócios, a seguir, do Di-
ploma de Correspondentes da Real Academia de la Historia, da Espanha:
Alberto da Costa e Silva, Marcos Guimarães Sanches, Armando de Senna
Bittencourt, Arnaldo Niskier e João Mauricio de Araújo Pinho, faltando
Walter Piazza, correspondente de Santa Catarina. Na sequência, foram
registradas, pela secretária, outras autoridades presentes e manifestações
recebidas que vão de membros das administrações federal, estadual e mu-
nicipal a personalidades da área cultural e integrantes da sociedade civil.
O presidente Arno Wehling agradeceu a presença de todos, sócios e con-
vidados, de prestigiarem as atividades do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, e convidou para o coquetel no terraço.

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Fernando Tasso


Fragoso Pires, Armando de Senna Bittencourt, Mary Del Priore, Miridan
Britto Falci, Carlos Wehrs, Eduardo Silva, Alberto Venancio Filho, Elysio
de Oliveira Belchior, Marcus Monteiro, Antonio Izaías de Costa Abreu,
Mauricio Vicente Ferreira Junior, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão,
Guilherme de Andréa Frota, José Arthur Rios, Alberto da Costa e Silva,
Melquíades Pinto Paiva, Victorino Coutinho Chermont de Miranda, João
Maurício de Araújo Pinho Cláudio Aguiar, Antônio Celso Alves Pereira,
Marcos Guimarães Sanches, Maria da Conceição Beltrão, Dora Alcânta-
ra, Lucia Maria Paschoal Guimarães, José Almino Alencar, Helio Leoncio
Martins, Roberto Cavalcanti de Albuquerque, Carlos Francisco Moura,

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010 303


Célio Borja, Sergio Paulo Rouanet, Antonio Gomes da Costa, Vera Caba-
na Andrade e Cybelle Moreira de Ipanema.

ATA DA SESSÃO ORDINÁRIA


DE 14 DE ABRIL DE 2010
Conferência do embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa

Às dezessete horas e dez minutos, do dia quatorze de abril de dois


mil e dez, realizou-se, na Sala Pedro Calmon, a Sessão Extraordinária,
constante de conferência, seguida do lançamento do livro homônimo, do
sócio titular, embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa, intitulado O Ba-
rão do Rio Branco: Missão em Berlim – 1901/1902. Sessão presidida
pelo prof Arno Wehling, com secretaria de Cybelle Moreira de Ipanema.
Foi muito concorrida, em especial com a presença de vários embaixado-
res. O presidente compôs a Mesa, além do presidente e secretária, com
o orador, o embaixador Luiz Felipe Lampréia, ex-ministro das Relações
Exteriores, e o diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Ferreira Ju-
nior, ambos também sócios do IHGB. Lidas, como de praxe, as Efemé-
rides brasileiras, do barão do Rio Branco, relativas à data, o prof. Arno
Wehling esclareceu ter sido solicitado pelo embaixador Seixas Corrêa
para divulgar suas pesquisas, transformadas em livro, sobre as atividades
de Rio Branco, em Berlim, onde foi seu ilustre antecessor. A Fundação
Alexandre de Gusmão, do Itamarati, presidida pelo embaixador Jerônimo
Moscardo, responsabilizou-se pela edição. Com a palavra o orador, que
chefiou a representação do Brasil na Alemanha, por três anos, a partir de
dois mil e cinco (é, hoje, embaixador junto à Santa Sé), agradeceu, de
início, ao presidente e ao embaixador Álvaro da Costa Franco, da Fun-
dação, ter-lhe facilitado os documentos do Itamarati, no embasamento da
pesquisa. Mencionou que, ao assumir o exercício, verificou que, no Insti-
tuto Ibero-americano, importante instituição alemã, na capital, que detém
a maior biblioteca ibero-americana da Europa, não havia uma imagem do
barão do Rio Branco. Providenciou para a colocação de um busto, sole-

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Atas de sessões ordinárias, extraordinárias e Magna

nemente inaugurado. Para a elaboração do livro, teve acesso, facilitado


pelos responsáveis alemães, à documentação arquivada nos órgãos diplo-
máticos daquele país. Traçou pequeno perfil de José Maria da Silva Para-
nhos Jr., um dos “fundadores do Brasil”, descrevendo sua Missão, de dois
anos, na cidade de Berlim, que pode ser também acompanhada pelo mi-
nucioso “Diário”, do barão do Rio Branco, onde ele tudo registrava, quer
os aspectos diplomáticos e políticos, como os sociais. Refere-se a esse
tempo, precisamente, o convite do presidente Rodrigues Alves, para que
aceitasse a Chancelaria do Brasil, a que muito relutou, cedendo afinal, a
instâncias do próprio presidente e de outros interlocutores. Deixou a Mis-
são de Berlim em mil novecentos e dois, para assumir o honroso cargo
que desempenhou, com brilhantismo, até sua morte, em mil novecentos e
doze, marcado, entre muitas outras de relevância, pela Questão do Acre,
resolvida pelo tratado de Petrópolis. Ao término, o presidente agradeceu
a grande contribuição de Luiz Felipe de Seixas Corrêa, com seu trabalho
intelectual, como pelas gestões que tem empreendido em favor do Institu-
to Histórico. Convidou o público para o lançamento do livro, objeto dessa
conferência e sessão, no terraço, agradecendo a presença de todos.

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Victorino Cher-


mont de Miranda, Fernando Tasso Fragoso Pires, Carlos Wehrs, Esther
Caldas Bertoletti, José Arthur Rios, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão,
Luiz Felipe de Seixas Corrêa, Marcos Castrioto de Azambuja, Guilherme
de Andréa Frota, Isabel Lustosa, Cláudio Aguiar, Luiz Felipe Lampreia,
Mauricio Vicente Ferreira Junior, Antonio Izaías da Costa Abreu, Candi-
do Mendes de Almeida, Melquíades Pinto Paiva, Aniello Avella, Lucia
Maria Paschoal Guimarães e Cybelle Moreira de Ipanema.

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ATA DA SESSÃO ORDINÁRIA
DE 12 DE MAIO DE 2010
Conferência do Presidente do IBRAM José do Nascimento Junior

Aos 12 dias do mês de maio de 2010 realizou-se no Salão Nobre da


sede do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, sito à Avenida Augus-
to Severo, 8, Glória, a Sessão Extraordinária, tendo como conferencista
o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), José do Nasci-
mento Júnior. Às 17h15, o presidente do IHGB, Prof. Arno Wehling, de-
clarou aberta a Sessão, convidando para compor a Mesa o vice-presidente
Victorino Chermont de Miranda, o 2º secretário Elysio de Oliveira Bel-
chior e o diretor Guilherme de Andréa Frota. O sr. presidente solicitou ao
2º secretário a leitura das Efemérides, do barão do Rio Branco, referentes
ao dia 12 de maio, o que foi feito dando continuidade a uma tradição que
remonta ao início do século passado. Dando prosseguimento à Sessão,
o prof. Arno Wehling apresentou e saudou o conferencista, e salientou a
importância dos museus na vida cultural do País, e o desejo de o IHGB
manter com os mesmos constante relacionamento. Com a palavra, o pre-
sidente do IBRAM para dissertar sobre o tema “Política Nacional de Mu-
seus”. Após agradecer o convite que lhe fora feito para expor no IHGB os
objetivos e política do órgão que preside, frisou o importante papel que
o IHGB vem desempenhando desde sua fundação e elogiou o propósito
de estreitar ainda mais as relações com outros órgãos da administração
pública voltados para o setor cultural, dando ênfase que a política dos
museus deve ser encarada como política de Estado, e não como política
de governo. Finda a conferência, e cessados os aplausos, o prof. Arno
Wehling destacou a importância das ideias expostas pelo orador para dar
aos museus a importância cada vez maior que possuem na cultura brasi-
leira. E nada mais havendo a tratar, o sr. presidente convidou os presentes
para uma reunião de confraternização no terraço do edifício e declarou
encerrada a Sessão Extraordinária, da qual, eu, Elysio de Oliveira Bel-
chior, 2º secretário lavrei a presente Ata.

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Atas de sessões ordinárias, extraordinárias e Magna

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Victorino Cher-


mont de Miranda, Carlos Francisco Moura, Nuno de Castro, Carlos Edu-
ardo de Almeida Barata, Elysio de Oliveira Blechior, Dora Alcântara,
Antonio Izaías da Costa Abreu, Marcos de Senna Bittencourt, Vera Lúcia
Cabana Andrade, Claudio Aguiar e Guilherme de Andrea Frota.

ATA DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DE


16 DE JUNHO DE 2010
Posse do Sócio Honorário Brasileiro Paulo Knauss de Mendonça

Aos dezesseis dias do mês de junho de dois mil e dez, na Sala Pedro
Calmon, realizou-se a Sessão Extraordinária de posse do sócio honorário
brasileiro Paulo Knauss de Mendonça, presidida pelo prof. Arno Wehling,
com secretária de Cybelle Moreira de Ipanema. A Sessão foi aberta às
dezessete horas e dez minutos pelo presidente que compôs a Mesa com
membros da Diretoria: além dele próprio e da 1ª secretária, o primeiro
vice-presidente, Victorino Chermont de Miranda, o 2º secretário, Elysio
de Oliveira Belchior, e o tesoureiro Fernando Tasso Fragoso Pires. Men-
cionou a presença, no plenário, dos dirigentes das seguintes entidades:
Arquivo Nacional, Museu Histórico Nacional, Fundação Casa de Rui
Barbosa, Museu do Primeiro Reinado, Museu Imperial e Museu da Jus-
tiça, todos sócios do Instituto, e a DAD, o Instituto Histórico e Geográfi-
co de Vassouras, e também o diretor da Revista da Biblioteca Nacional.
Como de praxe, foram lidas, pela secretária, as Efemérides brasileiras, do
barão do Rio Branco, relativas à data. Em seguida, o presidente designou
Comissão para introduzir no recinto o novo sócio: José Arthur Rios, Es-
ther Caldas Bertoletti e Carlos Wehrs. Chegado à Mesa, recebido de pé e
sob aplausos, Paulo Knauss ouviu o Termo de Posse, lido pela secretária,
e proferiu, por indicação do presidente, o Termo de Compromisso. Rece-
beu o Diploma, e presidente e empossando assinaram o Livro de Posse.
A insígnia do IHGB foi-lhe colocada por Mauricio Vicente Ferreira Jr.,
diretor do Museu Imperial. Convidado o sócio emérito Vasco Mariz a

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010 307


fazer a saudação ao novo sócio, leu da tribuna seu discurso, em que exal-
tou a formação e dedicação à pesquisa do recipiendário, ressaltando uma
das qualidades que considera importantes, na chegada de novos sócios:
a pouca idade que pode representar possibilidade de trabalho nos setores
do Instituto. Referiu-se às relações sociais e culturais entre ambos, que já
produziram obra em comum, com destaque para estudos sobre França e
Brasil no período colonial. Sendo a cidade de Niterói um dos temas de
estudo do empossando, objeto também de Carlos Wehrs, tece comentá-
rios sobre a identidade cultural da ex-capital do estado do Rio de Janeiro,
onde estão presentes, por exemplo, o Teatro Municipal e o Museu do
Ingá. O presidente agradece a Vasco Mariz, intérprete do Instituto, na
saudação ao novo sócio, e passa a este a palavra para seu Discurso de
Posse que se intitulou: “A interpretação do Brasil na escultura pública:
arte, memória e história”, onde estudou, em suas relações com a história
e a memória, dois monumentos da cidade do Rio de Janeiro, inicialmente,
a estátua equestre do imperador d. Pedro I, primeira estátua a compor o
ambiente urbano carioca/fluminense. De autoria do escultor Louis Ro-
cher, erguida com recursos oriundos de subscrição popular, o monumen-
to em bronze sobre pedestal de granito, na Praça da Constituição, hoje
Tiradentes, teve inauguração solene em 1862, com a presença de Suas
Altezas Imperiais, o imperador d. Pedro II e dona Teresa Cristina Maria,
as princesas imperiais, personalidades do mundo oficial e populares. O
novo sócio leu matérias da imprensa da respectiva cobertura jornalística.
O segundo monumento enfocado foi o dedicado ao Trabalhador, escul-
tura em granito, devida a Celso Antônio, ao tempo do presidente Eurico
Gaspar Dutra. O ato da inauguração foi frustrante, pois nem todos acolhe-
ram com bons olhos algo representativo de um outro momento nas artes
plásticas, o Modernismo. No final de sua fala, o presidente desenvolveu
algumas considerações sobre o binômio história e memória e convocou o
novo sócio para tarefas no Instituto, onde “há muito a fazer”. Agradeceu a
saudação de Vasco Mariz, aos sócios e público presentes e convidou para
o coquetel no terraço.

308 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010


Atas de sessões ordinárias, extraordinárias e Magna

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Victorino Cher-


mont de Miranda, Elysio de Oliveira Belchior, Guilherme de Andréa
Frota, Jaime Antunes da Silva, Paulo Knauss de Mendonça, Lucia Maria
Paschoal Guimarães, Esther Caldas Bertoletti, Carlos Wehrs, Mauricio
Vicente Ferreira Junior, Vera Lucia Cabana de Queiroz Andrade, Car-
los Francisco Moura, Fernando Tasso Fragoso Pires, Vera Lucia Bottrel
Tostes, João Mauricio Ottoni Wanderley de A Pinho, Marcos Guimarães
Sanches, Célio Borja, Antonio Izaías da Costa Abreu, Melquíades Pinto
Paiva, Luiz Cláudio Aguiar e Cybelle Moreira de Ipanema.

ATA DA SESSÃO ORDINÁRIA


DE 30 DE JUNHO DE 2010
Comemorativa do Centenário de Nascimento de Tancredo Neves*

Aos trinta dias do mês de junho de dois mil e dez, realizou-se na Sala
Pedro Calmon, a Sessão do Instituto destinada a comemorar o Centenário
de Nascimento de Tancredo Neves, com a conferência do sócio honorário
José Murilo de Carvalho. Sessão presidida pelo prof. Arno Wehling e se-
cretariada por Cybelle Moreira de Ipanema. A Sessão foi aberta às dezes-
sete horas e cinco minutos, compondo-se a Mesa com os membros da Di-
retoria, Arno Wehling, Victorino Chermont de Miranda, Cybelle Moreira
de Ipanema, Elysio de Oliveira Belchior e José Arthur Rios. O presiden-
te, inicialmente, lembrou o evento programado, o Ciclo de Conferências
“Joaquim Nabuco: intelectual e homem de ação”, de cinco a oito de julho
próximo e falou na recomposição do calendário, em função da presença
do Brasil na Copa do Mundo. Justificou a comemoração do dia, tratando-
se do vulto de Tancredo Neves, presente na política nacional desde os
anos mil novecentos e quarenta. Deu a palavra ao conferencista que falou
da tribuna, lembrando a circunstância dos cem anos de vida e vinte e
cinco do desaparecimento do político mineiro. A conferência, intitulada
“Tancredo Neves e a tradição política mineira”, segundo o próprio orador,
não se deteria na trajetória pessoal do homenageado, mas sua inserção

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010 309


nos “estilos mineiros de fazer política”. Lembrou, desde Tiradentes, uma
plêiade de políticos oriundos de Minas Gerais e suas especificidades em
atuar na vida do estado natal e do Brasil. Alinharam-se o marquês de
Paraná, Honório Hermeto Carneiro Leão, Bernardo Pereira de Vasconce-
los, Afonso Pena, João Pinheiro, Israel Pinheiro, Afonso Arinos de Melo
Franco, Milton Campos, Tancredo Neves Juscelino Kubitschek. Traçou
o paralelo entre vários, enfocando suas origens familiares, sua formação
profissional e cultural, sua influência na vida brasileira. No encerramento,
o presidente agradeceu a contribuição de José Murilo de Carvalho, teceu
considerações sobre a exposição, agradecendo também ao corpo social
presente, bastante numeroso, como os convidados. Lembrou ao conferen-
cista a entrega do texto para a Revista.

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Victorino Cher-


mont de Miranda, Carlos Wehrs, Elysio de Oliveira Belchior, Fernando
Tasso Fragoso Pires, José Murilo de Carvalho, Alberto Venancio Filho,
Paulo Knauss de Mendonça, Miridan Brito Falci, Hélio Leôncio Martins,
Afonso Arinos de Mello Franco, Mary Lucy Murray Del Priore, Cláudio
Aguiar, Marcos Guimarães Sanches, Guilherme de Andréa Frota, Dora
Alcântara, José Arthur Rios, Carlos Francisco Moura, Antonio Celso Al-
ves Pereira e Cybelle Moreira de Ipanema.
_______________________
* O texto desta conferência foi publicado na R. IHGB, nº448, jul./set. 2010, pp. 215-234.

ATA DA SESSÃO ORDINÁRIA


DE 25 DE AGOSTO DE 2010
Cinquentenário da Fundação de Brasília

Às dezessete horas e dez minutos do dia vinte e cinco de agosto de


dois mil e dez, na Sala Pedro Calmon, realizou-se a Sessão Extraordiná-
ria, comemorativa do Cinquentenário de Brasília, com a conferência do
jornalista Cláudio Bojunga que abordou o tema “A questão do revisionis-
mo histórico: o caso Juscelino Kubitschek”. O presidente Arno, na pre-

310 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010


Atas de sessões ordinárias, extraordinárias e Magna

sidência da Sessão, compôs a Mesa, onde já se encontrava a 1ª secretária


Cybelle Moreira de Ipanema, com o tesoureiro, Fernando Tasso Fragoso
Pires, o conferencista e o sr. Rodrigo Lopes, genro de JK. Mencionou
ter a sessão da CEPHAS, anterior, tratado de dois temas referentes às
origens de Brasília: de Nelson Senra, sobre a participação do IBGE na
mudança da capital, e da sócia emérita Cybelle Moreira de Ipanema, a
respeito de suas vivências da Expedição Geográfica de mil novecentos e
quarenta e sete, que integrou. Recordou ações do século dezenove sobre
a interiorização da capital, inclusive de Varnhagen de cujo Memorial Or-
gânico está preparando a edição crítica. Deu a palavra ao conferencista
que, apoiado em teorias da História e em entrevistas que promoveu, fez
uma abordagem do revisionismo histórico, situando o presidente Jusceli-
no Kubitschek e a fundação e inauguração de Brasília. No encerramento,
o presidente agradeceu a Cláudio Bojunga, à presença de Rodrigo Lopes,
pela família de JK, de Edivaldo Boaventura, correspondente da Bahia,
aos sócios e convidados e registrou a manifestação do ex-governador de
Minas Gerais, Antônio Anastasia. Deu por encerrada a sessão, convidan-
do para a confraternização no terraço.

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Maria de Lourdes


Viana Lyra, Ronaldo de Freitas Mourão, Edivaldo Boaventura, Cláudio
Aguiar, Carlos Francisco Moura, Antonio Izaías da Costa Abreu, Fernan-
do Tasso Fragoso Pires, Dora Alcântara e Cybelle de Ipanema.

ATA DE SESSÃO ORDINÁRIA


DE 22 DE SETEMBRO DE 2010
Sessão Conjunta com a Academia Brasileira de Letras,
pelo centenário de morte de Joaquim Nabuco

Com início às dezessete horas e quinze minutos do dia vinte e dois


de setembro de dois mil e dez, realizou-se, na Sala Pedro Calmon, a Ses-
são Conjunta do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e a Academia

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010 311


Brasileira de Letras, destinada a marcar o centenário de morte de Joaquim
Nabuco, ocorrido em janeiro deste ano. O presidente Arno Wehling com-
pôs a Mesa com o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos
Vinicius Vilaça, os dois oradores – Alberto Venancio Filho (ABL) e Eval-
do Cabral de Mello (IHGB) – e o representante da Família Nabuco, José
Tomaz Nabuco Neto. Sessão secretariada por Cybelle Moreira de Ipane-
ma. O presidente abriu a sessão, registrando a importância do evento, pela
figura exponencial de Joaquim Nabuco na trajetória brasileira, passando
a palavra ao presidente da ABL, Marcos Vilaça, também sócio do IHGB.
Este sublinhou o significado da sessão conjunta das duas entidades, onde
foi Joaquim Nabuco nome marcante. O presidente Arno Wehling con-
vocou o primeiro orador, pela ABL, também sócio do Instituto, Alberto
Venancio Filho que centrou sua fala na presença do homenageado como
fundador e membro atuante da Academia. Baseou sua oração na corres-
pondência de Nabuco, sobretudo com Machado de Assis, fundador e pri-
meiro presidente daquela Casa. Além de Machado, Lúcio de Mendonça,
José Veríssimo e outros. Muito referenciada, foi a Revista Brasileira,
onde nasceu a Academia e órgão ainda hoje da “Casa de Machado de
Assis”. Finda sua exposição, o presidente deu a palavra a Evaldo Cabral
de Mello para falar em nome do Instituto Histórico e Geográfico Brasi-
leiro. A exposição deste sócio incidiu nos Inventário e Testamento de d.
Ana Rosa, madrinha de Joaquim Nabuco, que o criou em seu Engenho
Massangana, no Recife. O orador analisava os documentos referentes à
senhora do engenho, ligando a passagens da vida e obra de Nabuco. No
encerramento, o prof. Arno leu o final do necrológio dos sócios falecidos
em mil oitocentos e noventa e oito, por Joaquim Nabuco, então orador do
Instituto. Felicitou a iniciativa da sessão conjunta, agradeceu a presença
dos membros da Academia, dos sócios do Instituto e convidados e encer-
rou a sessão. Seguiu-se a confraternização no terraço.

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Fernando Tasso


Fragoso Pires, Maria da Conceição Beltrão, Maria de Lourdes Viana Lyra,
Evaldo Cabral de Mello, Alberto Venancio Filho, Melquíades Pinto Paiva,
Mary Del Priore, José Murilo de Carvalho, Antonio Celso Alves Pereira,

312 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010


Atas de sessões ordinárias, extraordinárias e Magna

Vasco Mariz, Armando de Senna Bittencourt, Cláudio Aguiar, Vera Caba-


na de Queiroz Andrade, José Almino Alencar, José Arthur Rios, Ronaldo
Rogério de Freitas Mourão, Affonso Arinos de Mello Franco, Alberto da
Costa e Silva, Miridan Britto Falci, Lucia Maria Paschoal Guimarães e
Cybelle Moreira de Ipanema.

ATA DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA


de 29 DE SETEMBRO DE 2010
Posse do sócio honorário brasileiro,
Carlos Eduardo de Almeida Barata

Às dezessete horas e quinze minutos do dia vinte e nove de setembro


de dois mil e dez, realizou-se a Sessão Ordinária de posse do sócio hono-
rário brasileiro Carlos Eduardo de Almeida Barata. Sessão presidida pelo
presidente Arno Wehling com secretaria da 1ª secretária Cybelle Moreira
de Ipanema, na Sala Pedro Calmon. O presidente abriu a Sessão e com-
pletou a composição da Mesa com o primeiro vice-presidente, Victorino
Chermont de Miranda, o tesoureiro, Fernando Tasso Fragoso Pires, e o
diretor do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, almirante
Armando de Senna Bittencourt. Representaram a UniRio, o prof. Ivan
Coelho de Sá, e a Fundação Casa de Rui Barbosa, Ana Pessoa. Para intro-
duzir o novo sócio foram convocados os sócios Maria de Lourdes Viana
Lyra, Cláudio Aguiar e Carlos Francisco Moura. Sob aplausos o empos-
sando deu entrada na Sala Pedro Calmon, dirigindo-se à Mesa onde ouviu
o Termo de Posse, lido pela 1ª secretária. O presidente passou-se o Termo
de Compromisso para sua leitura, após o que, lhe entregou o Diploma
e ambos, presidente e novo sócio, assinaram o Livro de Posse. Coube
à sra. Maria de Alencar Garcez fazer a imposição do colar acadêmico
da entidade. O presidente passou a palavra ao primeiro vice-presidente,
Victorino Chermont de Miranda que, da tribuna saudou, em nome do Ins-
tituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o novo sócio. Especializou-se
este nos temas genealógicos, detendo, atualmente a presidência do Co-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010 313


légio Brasileiro de Genealogia. Victorino discorreu sobre a tradição de
estudos genealógicos e suas vinculações com o Instituto, lembrando os
que pertenceram aos quadros sociais, como Luís Gonzaga Silva Leme e
Carlos Grandmasson Rheingantz. Da produção bibliográfica de Carlos
Barata, louvou o Dicionário das Famílias Brasileiras, em coautoria com
o também sócio Antônio Henrique Cunha Bueno, obra em dois volumes
de grande formato, com mais de cinco mil páginas e trinta e sete mil
verbetes. Tem-se voltado, igualmente, o novo sócio para estudos de bair-
ros cariocas. Na linha da família, com contribuição expressiva ao IHGB,
lembrou o orador o historiador Manuel Cardoso de Melo Barata que doou
sua biblioteca, documentos manuscritos, mapas e periódicos à Casa, e
o recém-falecido sócio benemérito, Mario Antonio Barata, durante treze
anos, segundo vice-presidente. Terminando sua fala de boas-vindas, a pa-
lavra foi concedida ao empossando, Carlos Eduardo de Almeida Barata,
que desenvolveu o tema “O Morro do Castelo: o que foi sem nunca ter
sido (1567-1808)”. Com base em pesquisas documentais (bibliográficas,
arquivísticas, iconográficas e cartográficas), delineou a presença do em-
blemático “Morro do Castelo” na cidade de São Sebastião do Rio de Ja-
neiro. No encerramento, o presidente Arno Wehling elogiou a acuidade
de pesquisador do sócio e saudou-o, tanto como integrante do Quadro
Social, como ligado à tradição da família Barata, muito presente no Insti-
tuto. Agradeceu a oração de Victorino Chermont de Miranda e a presença
de sócios e participantes. Convidou para o coquetel, no terraço, oferecido
pelo empossando.

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Victorino Cher-


mont de Miranda, Maria de Lourdes Viana Lyra, Carlos Eduardo Barata,
Fernando Tasso Fragoso Pires, Armando de Senna Bittencourt, Carlos
Francisco Moura, Carlos Wehrs, Guilherme de Andréa Frota, Melquíades
Pinto Paiva, Cláudio Aguiar, Marcos Azambuja, Esther Caldas Bertoletti,
Dora Alcântara, Vera Cabana Andrade e Cybelle Moreira de Ipanema.

314 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010


Atas de sessões ordinárias, extraordinárias e Magna

ATA DA SESSÃO MAGNA DE 21 DE OUTUBRO DE 2010


172º aniversário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

Às dezessete horas e trinta minutos do dia vinte e um de outubro de


dois mil e dez, realizou-se a Sessão Magna dos cento e setenta e dois anos
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Salão Nobre, sob a pre-
sidência do presidente Arno Wehling e secretaria de Cybelle Moreira de
Ipanema. O presidente compôs a Mesa, além dele próprio e da 1ª secre-
tária, com o embaixador da Espanha no Brasil, Carlos Alonso Zaldívar,
o cônsul-geral da Espanha no Rio de Janeiro, Francisco José Viqueira
Niel, o abade emérito do Mosteiro São Bento, Dom Roberto Lopes, re-
presentando o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, o
diretor da Bibliex, cel. art. Josevaldo Souza Oliveira, o presidente do Ins-
tituto Histórico de Petrópolis, Luiz Carlos Gomes, o presidente do Real
Gabinete Português de Leitura, Antonio Gomes da Costa, e o decano do
Quadro Social, Luiz de Castro Souza. O presidente registrou outras pre-
senças de personalidades no Plenário. Em seguida foi executado o Hino
Nacional Brasileiro, pela Banda do 1º Batalhão de Guardas – Batalhão do
Imperador, sob o comando do Sub. Ten. Da Silva, cantado pelos presen-
tes. Como de praxe, lidas as Efemérides do dia, do barão do Rio Branco,
em que se inclui a fundação do Instituto. O presidente pronunciou suas
palavras protocolares em que, cada ano, insere a instituição no contexto
nacional e mundial. Dessa vez, privilegiou os temas da ética: a “ética da
convicção” e a “ética da responsabilidade”. Ao término, passou ao que
chamou de “feliz intercalação”: a entrega, pelo embaixador da Espanha
no Brasil, Carlos Alonso Zaldívar, dos diplomas de Sócios Correspon-
dentes da Real Academia de la História, da Espanha, ao sócio emérito
e titulares do Instituto que a eles fizeram jus, por força do Convênio de
Reciprocidade entre as duas instituições. Iniciou sua excelência sua fala,
referindo-se aos laços históricos que unem os dois países, nos descobri-
mentos, expedições, defesa de Salvador contra os holandeses, missões
jesuíticas, sempre em sintonia e confiança mútua. Chamados: Armando
de Senna Bittencourt, Arnaldo Niskier, João Maurício de Araújo Pinho e
Marcos Guimarães Sanches. Ausentes, Alberto da Costa e Silva (que se

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010 315


encontrava na Espanha), foi representado por Alberto Venancio Filho, e
Walter Fernando Piazza, de Santa Catarina, por Eduardo Silva. Na sequ-
ência o presidente deu a palavra à primeira secretária, para a leitura do
Relatório do Ano Social 2009-2010 e, findo este, ao orador, José Arthur
Rios, para o Necrológio dos sócios falecidos no período. O presidente
Arno Wehling, ao encerrar a sessão, agradeceu aos diplomatas espanhóis,
embaixador no Brasil e cônsul-geral no Rio de Janeiro, cujas presenças
reforçam os vínculos com a Academia da Espanha, lembrando que Sua
Majestade o rei D. Carlos é presidente de honra do Instituto, bem como
se referiu aos membros do Quadro Social, colaboradores do Dicionário
Espanhol. A Real Academia da Espanha foi fundada, por Felipe V, em
1738, e o IHGB, precisamente cem anos depois, em 1838, sob a proteção
de d. Pedro II. Augura o prosseguimento de relações, inclusive científicas,
entre as duas entidades. Agradeceu as apresentações da 1ª secretária e do
orador e a presença de confrades e convidados, encerrando a sessão, com
convite para o coquetel no terraço.

Compareceram os seguintes sócios: Arno Wehling, Victorino Cher-


mont de Miranda, Armando de Senna Bittencourt, Eduardo Silva, Mel-
quíades Pinto Paiva, Guilherme de Andréa Frota, Carlos Wehrs, Eugênio
Ferraz, Carlos Eduardo Barata, Dora Alcântara, Affonso Arinos de Mello
Franco, d. João de Orléans e Bragança, José Almino Alencar, Alberto
Venancio Filho, Arnaldo Niskier, Marcos Guimarães Sanches, Maria de
Lourdes Viana Lyra, Lucia Maria Paschoal Guimarães, Reinaldo Carnei-
ro Leão, Luiz de Castro Souza, Cláudio Aguiar, Antonio Izaías da Cos-
ta Abreu, Carlos Francisco Moura, José Arthur Rios, Antonio Gomes da
Costa, Kenneth Ligth, Vasco Mariz, Esther Caldas Bertoletti, Vera Caba-
na Andrade, Maria da Conceição Beltrão, Helio Jaguaribe de Mattos, Ro-
naldo de Freitas Mourão, João Mauricio de Araújo Pinho, Miridan Britto
Falci, Célio Borja e Cybelle Moreira de Ipanema.

316 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):300-316, out./dez. 2010


Propostas para eleição e admissão de sócios

II. 4 – Documentos e pareceres das Comissões Permanentes


4. 1 – Propostas para eleição e admissão de sócios

SÓCIO EMÉRITO

Carlos Wehrs

Proposta

Propomos para Sócio Emérito o Sócio Titular CARLOS WEHRS.


Ademais de ter cumprido a exigência estatutária de pelo menos vinte anos
de vinculação ao IHGB, Carlos Wehrs desenvolveu intensa atividade in-
telectual como historiador também no período posterior à sua incorpora-
ção à Casa. Acresce, ainda, o fato de sua permanente colaboração com
o IHGB, na condição de membro de comissões, membro do Conselho
Consultivo e Diretor da Revista do IHGB por muitos anos. Entre suas
obras publicadas após o ingresso no Instituto, em 1988, destacam-se Ca-
pítulos da memória niteroiense (1989), Meio século de vida musical do
Rio de Janeiro, 1889-1939 (1990), Tiradentes e o Rio de janeiro (1993),
O Rio antigo de Aluisio de Azevedo (1994), Machado de Assis e a magia
da música (1997), além de artigos, da tradução, introdução e notas do
livro de Emil Hänsel sobre o Brasil e os estados do Prata e da coautoria
do “ Dicionário biobibliográfico de historiadores, geógrafos e antropólo-
gos brasileiros”, do IHGB. Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2010. Ass.:
Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Gomes da Costa, Armando de
Senna Bittencourt, Arno Wehling, Esther Caldas Bertoletti, Guilherme
Frota, Hélio Leôncio Martins, João Mauricio de Araújo Pinho, Lucia Ma-
ria Paschoal Guimarães, Luiz de Castro Souza, Maria de Lourdes Viana
Lyra, Miridan Britto Falci, Ondemar Ferreira Dias Junior, Roberto Caval-
canti de Albuquerque, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Vasco Mariz,
Vera Lucia Tostes e Victorino Chermont de Miranda.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):317-327, out./dez. 2010 317


SÓCIOs titulares

Célio de Oliveira Borja

Proposta

Propomos para Sócio Titular o Sócio Honorário brasileiro CELIO


DE OLIVEIRA BORJA. Sua extensa vida pública e seus trabalhos até a
eleição para Sócio Honorário do IHGB já foram considerados no pleito
anterior, que o introduziu à Casa da Memória Nacional, destacando-se no
primeiro aspecto o magistério de Direto Constitucional e Teoria Geral do
Estado na UERJ, PUC, Cândido Mendes e Instituto Rio Branco, a atuação
parlamentar no legislativo estadual do estado da Guanabara e na Câmara
Federal, onde exerceu a liderança do governo e da maioria e a presidência
da Câmara dos Deputados e a atuação como ministro do Supremo Tri-
bunal Federal. Exerceu também a Secretaria de Estado do Governo, no
estado da Guanabara e o Ministério da Justiça. Como jurista publicou tra-
balhos em periódicos especializados, inclusive de recorte histórico, como
“Alguns parlamentares fluminenses do Primeiro Reinado” e “As ideias
políticas de Rui Barbosa”. No IHGB tem tido permanente colaboração
na Comissão de Estatutos, tendo também proferido conferências sobre a
influência do Código Civil francês e no Brasil e sobre Clóvis Bevilacqua.
Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2010. Ass.: Affonso Arinos de Mello
Franco, Antonio Gomes da Costa, Armando de Senna Bittencourt, Arno
Wehling, Esther Caldas Bertoletti, Guilherme Frota, Hélio Leôncio Mar-
tins, João Mauricio de Araújo Pinho, Lucia Maria Paschoal Guimarães,
Luiz de Castro Souza, Maria de Lourdes Viana Lyra, Miridan Britto Fal-
ci, Ondemar Ferreira Dias Junior, Roberto Cavalcanti de Albuquerque,
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Vasco Mariz, Vera Lucia Tostes e
Victorino Chermont de Miranda.

318 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):317-327, out./dez. 2010


Propostas para eleição e admissão de sócios

Mary Lucy Murray Del Priore

Proposta

Os abaixo assinados, membros do Instituto Histórico e Geográfico


Brasileiro, propõem para Sócia Titular MARY LUCY DEL PRIORE,
eleita honorária na Assembleia de 4 de outubro de 2006.

Historiadora de reconhecidos méritos, com ampla produção biblio-


gráfica e merecida notoriedade, é nome que se impõe, a todos os títulos,
para o quadro titular do Instituto.

É, além disso, prestante e assídua colaboradora de nossas atividades,


estando, presentemente, à frente da Diretoria de Projetos Especiais, já
tendo exercido, no biênio 2008-2009, a Diretoria de Cursos. É membro
também da Comissão da Revista.

Assinale-se, por fim, a exemplar deferência, sempre manifestada


para com o Instituto, pela menção de sua condição de sócia em todos os
artigos e oportunidades em que seu nome é veiculado na mídia. Rio de
Janeiro, 1 de dezembro de 2010. Ass.: Affonso Arinos de Mello Franco,
Antonio Gomes da Costa, Armando de Senna Bittencourt, Arno Wehling,
Esther Caldas Bertoletti, Guilherme Frota, Hélio Leôncio Martins, João
Mauricio de Araújo Pinho, Lucia Maria Paschoal Guimarães, Luiz de
Castro Souza, Maria de Lourdes Viana Lyra, Miridan Britto Falci, Onde-
mar Ferreira Dias Junior, Roberto Cavalcanti de Albuquerque, Ronaldo
Rogério de Freitas Mourão, Vasco Mariz, Vera Lucia Tostes e Victorino
Chermont de Miranda.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):317-327, out./dez. 2010 319


SÓCIOs correspondentes brasileiros

Angelo Oswaldo de Araújo Santos

Proposta

Propomos para Sócio Correspondente brasileiro ANGELO OSWAL-


DO DE ARAÚJO SANTOS, natural de Belo Horizonte e presentemente
residindo em Ouro Preto, MG.

Bacharel em Direito pela UFMG, é nome por demais conhecido na


vida cultural brasileira, havendo desempenhado as funções de secretário
de Turismo e Cultura do governo de Minas Gerais e a diretoria do Ser-
viço de Patrimônio Histórico e Artístico – SPHAN. Exerceu também as
funções de chefe de gabinete e ministro de estado interino da Cultura,
na gestão de Celso Furtado, no governo Sarney, e foi também membro,
por dois mandatos consecutivos, do Conselho Consultivo do SPHAN,
nos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Atualmente,
exerce, pela segunda vez, o mandato de prefeito de Ouro Preto.

Desempenhou inúmeras missões no exterior, como representante do


governo brasileiro junto à UNESCO e à União Latina, havendo firmado
o convênio que criou a Organização das Cidades do Patrimônio Mundial,
no Marrocos, em 1993. E foi o curador da exposição “Brasil Barroco”, no
Museu do Petit Palais, em Paris.

É autor de numerosos textos sobre arte, cultura e patrimônio histó-


rico, como “Ouro Preto – Tempo sobre Tempo”, “Alcântara – Cantos do
Silêncio”, “Campos da Vertentes – O Brasil na Fonte”, “Igrejas de Mi-
nas”, “Pintores de Ouro Preto”, “Fazendas de Minas”, além de apresen-
tações e capítulos em obras coletivas, tendo, no corrente ano, proferido a
conferência de abertura do Seminário Patrimônio Histórico – Problemas
e Desafios, promovido por este Instituto.

É membro efetivo do IHGMG e da Academia Mineira de Letras e


várias vezes laureado por instituições e governos do Brasil e estrangeiro.

320 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):317-327, out./dez. 2010


Propostas para eleição e admissão de sócios

Rio de Janeiro, 1 de dezembro de 2010 Ass.: Affonso Arinos de Mello


Franco, Antonio Gomes da Costa, Armando de Senna Bittencourt, Arno
Wehling, Esther Caldas Bertoletti, Hélio Leôncio Martins, João Mauricio
de Araújo Pinho, Lucia Maria Paschoal Guimarães, Luiz de Castro Souza,
Miridan Britto Falci, Ondemar Ferreira Dias Junior, Roberto Cavalcanti
de Albuquerque, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Vasco Mariz, Vera
Lucia Tostes e Victorino Chermont de Miranda.

Fernando Lourenço Fernandes

Proposta

Propomos para ingresso no quadro social do Instituto Histórico e


Geográfico Brasileiro o nome do senhor FERNANDO LOURENÇO
FERNANDES na categoria de Sócio Correspondente brasileiro.

Fernando Lourenço Fernandes nasceu no Rio de Janeiro, em 1937.


É formado em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro –
UERJ. Casado com Maria Christina de Baena Fernandes em 1962, resi-
dem na cidade de Brasília desde 1980. Ingressou através de concurso pú-
blico nos quadros fiscais do Ministério da Fazenda (1970), onde ocupou
postos de direção e da hierarquia superior, até se aponsentar.

Ao longo dos anos, vem realizando pesquisas sobre as navegações


no Atlântico Sul durante o século XV e começo do XVI, na espera de
acontecimentos da proto-história brasileira e do Descobrimento, como na
da história da expansão portuguesa. Nesse campo, recebeu em Portugal,
o Prêmio Almirante Sarmento Rodrigues (1999) instituído pela Academia
de Marinha. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial é outro
importante tema sobre o qual tem voltado sua atenção. É membro da Aca-
demia de Marinha, Lisboa, integra igualmente o IHGDF.

É autor do livro O Planisfério de Cantino e o Brasil publicado em


Portugal pela Academia de Marinha (2003). Além das comunicações
apresentadas em congressos e encontros internacionais sobre temas de
sua especialidade, tem contribuído para obras sobre a História Marítima,

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):317-327, out./dez. 2010 321


como Pau-Brasil, de edição da Axis Mundi de São Paulo, (2002) e o vo-
lume da coleção da História da Marinha Portuguesa, A Viagem de Pedro
Álvares Cabral e o Descobrimento do Brasil, editado pela Academia de
Marinha (2003) e coordenado por Max Justo Guedes.

A Editora Nova Fronteira publicou A Estrada para Fornovo (2009),


estudo pormenorizado sobre a participação do Brasil na guerra na Itália
em 1944-1945. Participou do Seminário Brasil-França no IHGB de 2009
com “No rastro do L’Espoir”. Rio de Janeiro, 29 de novembro de 2010.
Ass.: Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Gomes da Costa, Arman-
do de Senna Bittencourt, Arno Wehling, Esther Caldas Bertoletti, Hélio
Leôncio Martins, João Mauricio de Araújo Pinho, Lucia Maria Paschoal
Guimarães, Luiz de Castro Souza, Miridan Britto Falci, Ondemar Ferrei-
ra Dias Junior, Roberto Cavalcanti de Albuquerque, Ronaldo Rogério de
Freitas Mourão, Vasco Mariz, Vera Lucia Tostes e Victorino Chermont de
Miranda.

Guilherme Gomes da Silveira D’avila Lins

Proposta

Para uma vaga de Sócio Correspondente brasileiro, propomos o


nome de GUILHERME GOMES DA SILVEIRA D’AVILA LINS, figura
representativa da Paraíba, com expressão em vários setores intelectuais
daquele estado do Nordeste, em atuação acadêmica no magistério e na
produção bibliográfica.

Médico de formação (UFPE), com números livros e artigos publi-


cados, tem dividido sua participação com a vertente da história, estando
portando, credenciado a ponta de lança no IHGB no meio cultural em que
atua. Professor universitário, atingiu a emerência na UFPB, com estudos
e vivência igualmente em Filosofia, Letras e Artes.

Pertence a várias entidades culturais em todas as áreas referenciadas,


como Instituto Histórico e Geográfico Paraibano e Institutos estaduais e
municipais.

322 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):317-327, out./dez. 2010


Propostas para eleição e admissão de sócios

Escreveu, para exemplificar, Páginas de História da Paraíba e Ro-


dolfo Garcia, gigante do Ceará-Mirim. Destaque para os dois últimos
trabalhos sobre Pero de Magalhães. de Gândavo (1ª obra sobre ortografia
da língua portuguesa e. 1ª História do Brasil) e Bibliografia do tipógrafo
português Jorge Rodrigues (1598-1642). Rio de Janeiro, 3 de dezembro
de 2010. Ass.: Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Gomes da Cos-
ta, Armando de Senna Bittencourt, Arno Wehling, Esther Caldas Berto-
letti, Hélio Leôncio Martins, João Mauricio de Araújo Pinho, Lucia Maria
Paschoal Guimarães, Luiz de Castro Souza, Miridan Britto Falci, Onde-
mar Ferreira Dias Junior, Roberto Cavalcanti de Albuquerque, Ronaldo
Rogério de Freitas Mourão, Vasco Mariz, Vera Lucia Tostes e Victorino
Chermont de Miranda.

Maria Efigênia Lage de Resende

Proposta

Propomos para Sócia Correspondente Brasileira a Prof. Dra MARIA


EFIGÊNIA LAGE de Resende, Professora Titular Emérita de História do
Brasil da UFMG e Diretora do Arquivo Público Mineiro. A professora fez
sua carreira na área de História da UFMG, tendo sido pesquisadora do
CNPq e da CAPES. Suas pesquisas concentram-se na relação entre Histó-
ria e Cultura Política, no ensino da História e em Documentação. Exerceu
a chefia do departamento de História da UFMG, onde foi também vice-
diretora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, coordenadora do
Programa de Pós-graduação em História e chefe de gabinete da Reitoria.
Atual Diretora (Superintendente) do Arquivo Público Mineiro.

Entre suas obras, destacam-se: Coleção Lage & Moraes de História


para o ensino fundamental, em 8 volumes (1970-1980); Formação da
estrutura de dominação em Minas Gerais: o novo PRM, UFMG, 1982;
Inconfidência Mineira (1983); Às vésperas de 1937: o novo/velho discur-
so da ordem conservadora (1992); Geografia Histórica da capitania de
Minas Gerais, 1780 estabelecimento de texto e estudo crítico, 1995; As
Minas setecentistas (co-organização), 2v, 2008. Autotra de artigos em

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):317-327, out./dez. 2010 323


revistas especializadas e verbetes e capítulos de livros em obras coletivas.
Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2010. Ass.: Affonso Arinos de Mello
Franco, Antonio Gomes da Costa, Armando de Senna Bittencourt, Arno
Wehling, Esther Caldas Bertoletti, Hélio Leôncio Martins, João Mauricio
de Araújo Pinho, Lucia Maria Paschoal Guimarães, Luiz de Castro Souza,
Miridan Britto Falci, Ondemar Ferreira Dias Junior, Roberto Cavalcanti
de Albuquerque, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Vasco Mariz, Vera
Lucia Tostes e Victorino Chermont de Miranda.

SÓCIOs honorários brasileiros

Pe. Jesús Hortal Sánchez S.J.

Proposta

Propomos para Sócio Honorário brasileiro o Pe. JESÚS HORTAL


SÁNCHEZ, S.J., ex-reitor da PUC/RJ, residente no Rio de Janeiro.

O indicado é licenciado em Direito pela Universidade de Salamanca


e em Teologia pelo Colégio Máximo Cristo Rei, de São Leopoldo, RS;
doutor em Filosofia pela Universidade Nacional de Santo Domingo, na
República Dominicana, e em Direito Canônico pela Universidade Grego-
riana, de Roma.

Com intensa atividade acadêmica, foi professor de Biologia Educa-


cional e Sociologia, na Faculdade de Filosofia e Letras de São Leopoldo,
e de Direito Canônico nas Universidades Católica de Goiânia, UNISI-
NOS e nas PUCs de Porto Alegre e Rio de Janeiro. É autor, dentre outras,
das obras De Initio Potestatis primatialis Romani Pontificis. Investigatio
histórico-iuridica a tempore Sancti Gregorii Magni usque ad tempus Cle-
mentis V (tese doutoral), Código de Direito Canônico (explicações, notas
e índices) e A Universidade: Realidade e Esperança, além de quase duas
centenas de artigos, traduções e comunicações apresentadas em congres-
sos e seminários.

324 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):317-327, out./dez. 2010


Propostas para eleição e admissão de sócios

Foi também membro do Conselho Estadual de Educação, juiz do


Tribunal Eclesiástico do Rio de Janeiro e membro da Comissão para o Di-
álogo Religioso com o Judaísmo, do Pontifício Conselho para a Unidade
dos Cristãos (Roma).

De reconhecida presença na vida cultural carioca, é membro do


Conselho Diretor do Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro, do
Conselho de Administração da Agência de Desenvolvimento Urbano do
Rio de Janeiro, do Conselho Deliberativo da Associação Cultural Cândi-
do Portinari e presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Cultural
Brasil-Japão.

É cidadão honorário do Rio de Janeiro e detentor, entre outras, das


comendas das ordens de Isabel, a Católica, e Afonso X, o Sábio, do go-
verno espanhol. Rio de Janeiro, 26 de novembro de 2010. Ass.: Affonso
Arinos de Mello Franco, Antonio Gomes da Costa, Armando de Senna
Bittencourt, Arno Wehling, Esther Caldas Bertoletti, Hélio Leôncio Mar-
tins, João Mauricio de Araújo Pinho, Lucia Maria Paschoal Guimarães ,
Luiz de Castro Souza, Miridan Britto Falci, Ondemar Ferreira Dias Ju-
nior, Roberto Cavalcanti de Albuquerque, Ronaldo Rogério de Freitas
Mourão, Vasco Mariz, Vera Lucia Tostes e Victorino Chermont de Mi-
randa.

Marcílio Marques Moreira

Proposta

Propomos para Sócio Honorário brasileiro o diplomata e professor


universitário MARCÍLIO MARQUES MOREIRA. Nesta atividade foi
professor da UERJ entre 1968 e 1998, tendo sido membro dos Conselhos
Universitário e de Ensino e Pesquisa e do Instituto Rio Branco, do Ita-
maraty. Como diplomata, exerceu diversas atividades na carreira, sendo
titular da embaixada em Washington entre 1986 e 1991. Foi assessor de
San Tiago Dantas no Ministério da Fazenda em 1963, vice-presidente
da COPEG, membro do Conselho de Administração do BNDES, vice-
presidente do Conselho de Administração do Grupo Unibanco, Ministro

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):317-327, out./dez. 2010 325


de Estado da Fazenda, Economia e Planejamento (1991-1922), presidente
da Associação Comercial do Rio de Janeiro e membro da Comissão de
Ética Pública da Presidência da República.

Entre outros trabalhos, publicou: Indicações para o projeto brasilei-


ro, Tempo Brasileiro, 1971; Poder, liberdade e desenvolvimento: indica-
ções para o debate brasileiro, Tempo Brasileiro, 1980; De Maquiavel a
San Tiago, UNB, 1981; Confissão Liberal, Pen Clube, 1984; The Brazi-
lian Quandary, XX Century Fund, 1986; Diplomacia, política e finanças:
depoimento ao CPDOC-FGV, 2001. Organizou dois livros sobre San Tia-
go Dantas e a obra Cultura das transgressões no Brasil: lições da histó-
ria, Saraiva, 2008, além de diversos artigos, conferências e prefácios. No
IHGB, por ocasião da abertura do ano social de 2010 proferiu conferência
sobre “Momentos marcantes e temas recorrentes nas relações comerciais
do Brasil: da Abertura dos Portos à Rodada de Doha”. Rio de Janeiro, 03
de dezembro de 2010. Ass.: Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio
Gomes da Costa, Armando de Senna Bittencourt, Arno Wehling, Esther
Caldas Bertoletti, Hélio Leôncio Martins, João Mauricio de Araújo Pi-
nho, Lucia Maria Paschoal Guimarães, Luiz de Castro Souza, Miridan
Britto Falci, Ondemar Ferreira Dias Junior, Roberto Cavalcanti de Albu-
querque, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Vasco Mariz, Vera Lucia
Tostes e Victorino Chermont de Miranda.

SÓCIO honorário estrangeiro

António José Emauz de Almeida Lima

Proposta

Propomos para Sócio Honorário Estrangeiro ANTÓNIO JOSÉ


EMAUZ DE ALMEIDA LIMA, cônsul-geral de Portugal, no Rio de Ja-
neiro, há quatro anos.

Licenciado em Direito, com especialização em Relações Internacio-

326 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):317-327, out./dez. 2010


Propostas para eleição e admissão de sócios

nais, pela Universidade Católica Portuguesa, ingressou na carreira diplo-


mática em 1983, havendo, entre outros postos, servido na Representação
Permanente de seu país junto à ONU, na embaixada em Londres, na De-
legação Permanente junto à OTAN, em Bruxelas, e na embaixada em
Maputo, tendo sido também chefe de gabinete da Ministra dos Negócios
Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas e subdiretor-geral das Rela-
ções Bilaterais do referido Ministério.

Nestes quatros anos de permanência no Rio de Janeiro, granjeou a


estima e a admiração de todos os círculos, sendo presença constante nas
celebrações do Instituto. Foi agraciado com o oficialato da Ordem do Rio
Branco, pelo governo brasileiro, com as medalhas Tiradentes e Pedro Er-
nesto, da ALERJ e da Câmara de Vereadores, e com os títulos de cidadão
honorário do Estado e da Cidade do Rio de Janeiro, sendo também deten-
tor de inúmeras condecorações de governos estrangeiros.

É membro, entre outras, das Irmandades da Candelária e da Glória


do Outeiro e autor do texto de apresentação do livro De pai para filho
– Imigrantes portugueses no Rio de Janeiro, recém-lançado. Rio de Ja-
neiro, 28 de novembro de 2010. Ass.: Affonso Arinos de Mello Franco,
Antonio Gomes da Costa, Armando de Senna Bittencourt, Arno Wehling,
Esther Caldas Bertoletti, Hélio Leôncio Martins, João Mauricio de Araújo
Pinho, Lucia Maria Paschoal Guimarães, Luiz de Castro Souza, Miridan
Britto Falci, Ondemar Ferreira Dias Junior, Roberto Cavalcanti de Albu-
querque, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Vasco Mariz, Vera Lucia
Tostes e Victorino Chermont de Miranda.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):317-327, out./dez. 2010 327


4. 2 – Pareceres das Comissões
a – Comissão de Admissão de Sócios

Parecer da Comissão de Admissão de Sócios

Reunidos, na tarde de 13 de dezembro de 2010, na sala Teresa Cristi-


na do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, os membros da Comis-
são de Admissão de Sócios, em número de três – Alberto da Costa e Silva,
Carlos Wehrs e Fernando Tasso Fragoso Pires – examinaram as propostas
que lhe foram encaminhadas e decidiram:

1. para sócio emérito, com a abstenção de Carlos Wehrs, recomen-


dar o seu nome;

2. para sócios titulares, recomendar os nomes de Célio de Oliveira


Borja e Mary Del Priore;

3. para sócios honorários brasileiros, recomendar os nomes do Pe.


Jesus Hortal Sánchez e Marcílio Marques Moreira;

4. Para sócio honorário estrangeiro, recomendar o nome de Antó-


nio de Almeida Lima;

5. Para sócio correspondente brasileiro, nada ter a opor aos nomes


de Fernando Lourenço Fernandes, Maria Efigênia Lage de Re-
sende, Guilherme Gomes da Silveira D’Ávila e recomendar o
nome de Angelo Oswaldo de Araújo Santos.

Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2010. Ass.: Carlos Wehrs, Alberto


da Costa e Silva, Fernando Tasso Fragoso Pires, José Arthur Rios e Alber-
to Venancio Filho.

328 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):328-330, out./dez. 2010


Pareceres das Comissões Permanentes

b – Comissão de História

Pareceres da Comissão de História

Parecer

Tendo em consideração o curriculum vitae do candidato a sócio cor-


respondente brasileiro Angelo Oswaldo de Araújo Santos, que demons-
tra larga atividade no campo administrativo e literário recomendamos o
seu nome. Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2010. Ass.: Guilherme An-
drea Frota, Eduardo Silva e Elysio de Oliveira Belchior.

Parecer

Examinando o curriculum vitae do candidato a sócio correspondente


brasileiro Fernando Lourenço Fernandes recomendamos a sua postu-
lação tendo em vista a área de sua especialidade. Rio de Janeiro, 13 de
dezembro de 2010. Ass.: Guilherme Andréa Frota, Eduardo Silva e Elysio
de Oliveira Belchior.

Parecer

Examinando o curriculum vitae do candidato Dr. Guilherme Gomes


da Silveira D’Ávila Lins recomendamos o seu nome para os Quadros do
IHGB. Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2010. Ass.: Guilherme Andréa
Frota, Eduardo Silva e Elysio de Oliveira Belchior.

Parecer

Observando o curriculum vitae da candidata Professora Maria Efi-


gênia Lage de Rezende recomendamos o seu nome. Rio de Janeiro, 13
de dezembro de 2010. Ass.: Guilherme Andréa Frota, Eduardo Silva e
Elysio de Oliveira Belchior.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):328-330, out./dez. 2010 329


Parecer

A Comissão de História aprova, tendo em vista sua contribuição e


reconhecida presença na vida cultural da cidade do Rio de Janeiro, o Pe.
Jesus Hortal Sánchez. Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2010. Ass.:
Eduardo Silva, Guilherme Andréa Frota e Elysio de Oliveira Belchior.

Parecer

A Comissão de História, tendo em vista a importante contribuição de


Marcílio Marques Moreira nos campos da diplomacia e do ensino uni-
versitário, endossa a sua indicação para sócio honorário do IHGB. Rio de
Janeiro, 13 de dezembro de 2010. Ass.: Eduardo Silva, Guilherme Andréa
Frota e Elysio de Oliveira Belchior.

330 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):328-330, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

II. 5 – Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas


Hitóricas – CEPHAS

ATA DA 1ª SESSÃO CEPHAS


DE 7 de ABRIL de 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling e Cybelle de Ipanema, 1ª secretário do
IHGB
Coordenação: Lucia Maria Paschoal Guimarães
1. A sessão foi aberta pelo presidente Arno Wehling, que cumprimen-
tou os presentes, e justificou os sucessivos adiamentos do início das
atividades da CEPHAS, no ano acadêmico de 2010, devido a feria-
dos e intempéries. Após esses esclarecimentos, convocou a platéia
a fazer um minuto de silencio, em homenagem ao sócio Joaquim
Victorino Portella, recentemente falecido. Na seqüência, chamou à
mesa o primeiro convidado da tarde, o sócio titular almirante Hélio
Leôncio Martins, para apresentar a comunicação “Província Cis-
platina do ponto de vista brasileiro”.
2. Resumo da Exposição:
3. Externando seu contentamento de participar das atividades da CE-
PHAS, o Almirante salientou que certos acontecimentos se fixam na
Memória, sendo frequentemente lembrados e estudados. Outros, no
entanto, permanecem esquecidos, como é o caso da incorporação ao
Brasil da Província Cisplatina. A historiografia do Primeiro Reinado
trata do assunto com muita superficialidade, aceitando interpreta-
ções argentinas e uruguaias. Para Hélio Leôncio, impulsionado por
vantagens comerciais, desde a descoberta do Brasil, o Império Por-
tuguês ambicionou estender seus limites até a margem esquerda do
Rio da Prata. Aí fundou, em 1680, a Colônia do Sacramento, causa
de conflitos com a Espanha por século e meio. Apoiado em mapas e

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 331


materiais ilustrativos, demonstrou que no início do século XIX, com
a derrocada do Império espanhol e a vinda para o Brasil da Corte
portuguesa, as Províncias do ex-Vice-Reinado do Prata, independen-
tes, quiseram incorporar a margem fronteira, denominada de Banda
Oriental do Uruguai, desejo também do Império Português. Este,
mais forte, sob os mais diversos pretextos, invadiu militarmente a
Banda Oriental duas vezes. Na segunda, transformou a conquista
em permanente, anexando o que denominou Província Cisplatina,
que foi herdada pelo Brasil independente. Contudo, patriotas orien-
tais, com ajuda das Províncias Unidas rebelaram-se, revolta seguida
por longa guerra. A Inglaterra, sentindo seu comércio prejudicado,
propôs um convênio, aceito pelos beligerantes, que trouxe a paz e a
independência da República Oriental do Uruguai.
4. Comentários: O ������������������������������������������������
presidente Arno Wehling cumprimentou o exposi-
tor, salientando que as premissas por ele levantadas enriquecem o
conheimento sobre o tema. Após esta intervenção, de��������������
vido a compro-
missos no IHGB, Arno Wehling passou a presidência dos trabalhos
à professora Cybele de Ipanema, que convocou à mesa a segunda
palestrante – a professora Tânia Maria Tavares Bessone da Cruz Fer-
reira, para apresentar a comunicação “Privilégios ou Direitos? A
questão autoral entre intelectuais e homens de Estado no Brasil
do século XIX”.
5. Tania Bessone é doutora em História Social pela Universidade de
São Paulo (USP). Professora Adjunta do Departamento de História
e do Programa de Pós-Graduação em História da UERJ. Publicou
inúmeros trabalhos no Brasil e no exterior, inclusive Palácios de
destinos cruzados: bibliotecas, homens e livros no Rio de Janeiro –
1870-1920 – Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa de 1997.
6. Tânia Bessone agradeceu o convite e falou da sua satisfação de par-
ticipar das atividades da CEPHAS, mais uma vez. Assinalou que a
comunicação pretende abordar questões que ocuparam autores, lei-
tores, políticos, livreiros e juristas a respeito do debate sobre direitos
autorais no Brasil e em Portugal. De início visto como um privilé-

332 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

gio, o direito autoral foi muito debatido e pouco aplicado no Brasil


ao longo dos anos oitocentos, já que sua adaptação às novas tendên-
cias mundiais foi muito lenta. Esclareceu que a expressão “direito
do autor” disseminou-se como conceito legal, sobretudo na França,
depois de ter sido publicada pela primeira vez por A.C. Renouard
para substituir o termo propriedade na sua obra Traité des droits
d’auteurs, dans la littérature, les sciences et les beaux-arts, publica-
da em 1838. O termo passou a significar o mesmo que propriedade
literária e artística e ambos ficaram ligados às questões relativas ao
estatuto legal do escritor, além de sua responsabilidade social. Ser
autor tornou-se, paulatinamente, uma profissão que poderia, tam-
bém, significar um lugar respeitável na sociedade, além de angariar
do público certo grau de estima, demandando liberdade para agir e
produzir. Para alcançar esse patamar no Brasil, mais do que as ações
oficiais, a atuação e a influência dos letrados e intelectuais brasilei-
ros contribuíram de maneira decisiva, para superar impasses locais e
internacionais. Esse papel decisivo de intelectuais e artistas na defi-
nição de propostas e elaboração de leis, ainda hoje, é defendido por
nossos juristas. Para estes, os autores e os artistas, poderosos agentes
de opinião pública, devem participar, de forma intensa, na mobiliza-
ção da mídia para que o público se conscientize, por exemplo, dos
danos da pirataria no mercado artístico.
7. Comentários
8. Os sócios Fernando Tasso Fragoso Pires, Lucia Guimarães e José
Arthur Rios felicitaram a expositora e levantaram questões pertinen-
tes. Este último sugeriu que talvez fosse interessante explorar o tema
pelo viés do plágio literário, assinalando a existência de plágios que
suscitaram grandes polêmicas. A sócia emérita Cybelle de Ipane-
ma parabenizou Tânia Bessone pela originalidade da comunicação e
lembrou que em suas pesquisas sobre os editores Silva Porto e Silva
Serva encontrou pedidos de concessão de privilégios, por ambos di-
rigidos ao Desembargo do Paço. A professora Tânia respondeu aos
comentários.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 333


9. Nada mais havendo a tratar, a sócia emérita Cybelle de Ipanema
encerrou a sessão e convidou a todos para assistir à conferência do
sócio Luiz Felipe de Seixas Corrêa, “O Barão do Rio Branco Missão
em Berlim -1901/1902”, marcada para 17 horas, na Sala Pedro Cal-
mon, seguida do lançamento de livro com o mesmo título.
Frequência: assistentes
a. número de sócios presentes: 11
b. número de convidados:
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Cybelle de Ipanema,
Vera Cabana Andrade, Lucia Maria Paschoal Guimarães, Fernan-
do Tasso Fragoso Pires, Maria Beltrão, Ronaldo Rogério de Freitas
Mourão, José Arthur Rios, Cláudio Aguiar, Hélio Leôncio Martins
e Carlos Wehrs.

ATA DA 2ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 28 de ABRIL de 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que cumprimentou os presentes,
teceu considerações sobre a notícia de falecimento do prof. Manuel
Salgado, lamentou a perda e comentou sobre a produção relevante
do historiador. Em seguida solicitou a coordenadora para ler a ata da
sessão anterior, no que foi atendido, sendo a mesma aprovada sem
ratificação.
2. Na sequência, o presidente convocou à Mesa os demais participan-
tes da discussão do tema proposto da programada sessão temática:
Estado e estruturas de poder no Antigo Regime e nas origens do
constitucionalismo, esclarecendo que, na forma como foi pensada a
abordagem, competia a ele próprio iniciar a exposição. Sob o título:

334 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

Estado e Poder no Antigo Regime: a ordem jurídica, Arno Wehling


explicou o objetivo da sua análise: fazer um balanço das estruturas
de poder do Antigo Regime através de dois recortes básicos, ou seja,
o da relação entre monarquia e sociedade, e entre monarquia e esta-
do, no decorrer dos séculos XVI e XVIII. Chamando a atenção para
o conceito de poder no Antigo Regime – extremamente amplo e não
racionalista como na análise de Montesquieu –, e focando o contex-
to da Europa Ocidental e o caso colonial brasileiro, apontou o predo-
mínio do forte pluralismo político, marcado pela estrutura pluralista
da monarquia. Na qual, o poder era exercido pelo monarca e os pelos
poderes concorrentes (os senhores, a igreja, as corporações de oficio,
as estruturas municipais), e onde a máquina estatal funcionava com
funcionários (concorrentes). Por fim, ressaltou o quanto a estrutura
de poder era permeada por um ordenamento jurídico forte, cabendo
ao rei a sua principal função, a de “fazer justiça”, por analogia com o
poder divino; que havia uma ordem cósmica, na qual o rei era o seu
principal fiador; que o conceito jurídico de vontade não estava sub-
metido ao ideal de felicidade, como posteriormente; que o direito da
graça (o indulto) atribuição do rei, ampliava o poder soberano. Além
de realçar o quanto era “tudo jurídico no Antigo Regime”.
3. Em seguida, o professor Marcos Guimarães Sanches externou seu
contentamento pela participação da discussão e passou e explanar
o tema escolhido: Dinâmica da governança em colônias. Esclare-
ceu o objetivo do seu estudo, ou seja, o de situar a investigação na
lógica da administração colonial, através da analise da relação entre
o governo do Estado do Brasil e a capitania do Rio de Janeiro em
meados do século XVII, sobretudo verificando as suas repercussões
/ reações na sociedade da época. Focando o panorama da economia
e os conflitos que ocorreram no período, Marcos Sanches discutiu a
dinâmica da governança nos quadros de uma estrutura de poder típi-
ca do Antigo Regime, na qual a metrópole e seus agentes mantinham
complexas relações com os colonos.
4. A terceira expositora, a convidada Lúcia Maria Bastos P. Neves, pro-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 335


fessora Titular de História Moderna na UERJ, falou sobre o tema:
Constitucionalismo, separatismo e estruturas de poder no proces-
so de construção do Império do Brasil. Inicialmente, a professora
agradeceu pelo convite para participar da sessão temática. Utilizan-
do o recurso da projeção de imagens, a professora passou a expor o
tema, centrando a análise no momento da Independência. Ressaltou
que em12 de outubro de 1822, com a aclamação do regente D. Pedro
como imperador do Brasil, começou a ser construída, no imaginário
político dos povos luso-brasileiros, até então irmãos, a ideia de um
Império autônomo em terras americanas. Explicou que sua proposta
era analisar como se formaram as novas estruturas de poder neste
império independente, como realidade imaginada separadamente de
Portugal. Que, em tese, naquele momento o Brasil abandonava as
ideias e práticas políticas do Antigo Regime, assimilando as lingua-
gens políticas do constitucionalismo. E, também, que a política ex-
clusiva dos círculos palacianos dava lugar à nova dimensão da praça
pública, por meio da outorga de uma Constituição, da criação de ór-
gãos representativos, do reconhecimento dos direitos dos indivíduos
e da liberdade de imprensa. Concluindo que, no entanto, esse poder
regenerador não impediu que fossem mantidas inúmeras práticas de
poder do período colonial, nos moldes do Antigo Regime, dando
origem a um simulacro de um sistema liberal.
5. Comentários:
Os sócios Fernando Tasso Fragoso Pires, Lucia Guimarães e José Ar-
thur Rios felicitaram os expositores e levantaram questões pertinen-
tes, solicitando mais esclarecimentos, ao professor Arno Wehling,
sobre a questão da superposição de leis e sobre as divergências exis-
tentes na Inglaterra no Antigo Regime, sendo plenamente atendi-
dos.
6. Nada mais havendo a tratar, o presidente encerrou a sessão e convi-
dou os presentes para o tradicional café no terraço do IHGB.
Frequência:

336 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

a. Número de sócios presentes:20


b. Número de convidados: 14
c. Relação de sócios: Vera Lucia Cabana Andrade, Carlos Wehrs, Fer-
nando Tasso Fragoso Pires, Antonio Izaias da Costa Abreu, Carlos
Francisco Moura, Cybelle de Ipanema, Miridan Britto Falci, Lucia
Maria Paschoal Guimarães, Marilda Corrêa Ciribelli, Aniello Ange-
lo Avella, Antonio Celso Alves Pereira, José Arthur Rios, Ronaldo
Rogério de Freitas Mourão, Maria Beltrão, Melquíades Pinto Paiva,
Cláudio Aguiar, Arno Wehling, Marcos Sanches e Maria de Lourdes
Viana Lyra.

ATA DA 3ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 05 DE MAIO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Cybelle Moreira de Ipanema
Coordenação: Vera Lucia Cabana Andrade
1. Abertura da sessão:
Após saudar a assistência, a Sra. Presidente solicitou à Secretária
substituta que procedesse a leitura da Ata da reunião anterior, no
que foi prontamente atendida. A Ata da sessão do dia 28 de abril foi
aprovada por unanimidade e sem ressalvas pelos presentes.
Solicitada à inverter a pauta programada, a Sra. Presidente aquies-
ceu e apresentou o primeiro expositor do dia.
2. Apresentação do Sócio Honorário Brasileiro Melquíades Pinto Pai-
va
Título da exposição: A Universidade das Caatingas
2.1  Resumo:
“Em decorrência do Decreto nº 7.619, de 21 de outubro de 1909,
assinado pelo presidente Nilo Procópio Peçanha (1867 – 1924), com

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 337


o referendo do ministro Francisco Sá (1862-1936), foi criada e re-
gulamentada a Inspectoria de Obras Contra as Seccas, que passou
a ser a coordenadora e executora das chamas obras contra as secas
nordestinas, dando início à ação integrada do governo federal com
relação aos problemas delas consequentes.
Para chefiar a nova instituição federal foi convidado, pelo ministro
Francisco Sá, seu colega de turma na Escola de Minas de Ouro Pre-
to, o engenheiro Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa (1872-1932), que
se tornou seu primeiro inspector (01/11/1909-18/08/1912). Voltou a
ocupar o cargo em 12/01/1920-15/03/1927. Do início do primeiro
período ao fim do segundo, aqui se situa a Universidade das Caatin-
gas, objeto desta palestra.
Entre 1909-1912, os principais objetivos da instituição foram os se-
guintes:
– recrutamento de brilhante e numerosa equipe de cientistas e enge-
nheiros, procurando obter os dados necessários ao preparo de proje-
tos destinados a corrigir as falhas das chuvas;
– construção de grandes açudes, dando execução às obras já projeta-
das e anteriormente orçadas.
No âmbito da chamada Universidade das Caatingas, cuidou da insta-
lação dos serviços de observação cientifica indispensáveis ao desen-
volvimento dos trabalhos contra as secas, tais como o estudo da flora
das caatingas, registros regulares das chuvas, medições das correntes
d’água, observações geológicas das diferentes bacias hidrográficas,
regime das águas superficiais e busca das fontes subterrâneas; tam-
bém, criou estações florestais em Quixadá (CE) e Juazeiro (BA).
Nos anos de 1920-1927, além de providenciar a continuidade dos
serviços implantados, planejou a grande açudagem com obras de
irrigação, iniciando a construção das barragens de Quixeramobim
(CE), Patu (RN), Orós (CE), Poço dos Paus (CE), Pilões (PB), Pi-
ranhas (PB), São Gonçalo (PB), Parelhas (RN) e Gargalheiras (RN)

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

– esta começada na sua primeira administração.


Em decorrência do Decreto nº 13.687, de 9 de julho de 1919, a Ins-
pectoria de Obras Constra as Seccas tornou-se a Inspectoria Federal
de Obras Contra as Seccas; finalmente, por causa do Decreto-Lei nº
8.486, de 28 de dezembro de 1945, assumiu a atual denominação de
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Assim, o Órgão
pioneiro dedicado a estudar a problemática da área das caatingas
do nordeste do Brasil, agora é centenário, velho e bom na guerra de
amenizar os efeitos das secas nordestinas!
Os principais cientistas que desenvolveram atividades na Universi-
dade das Caatingas foram os seguintes: Albert Löfgren, Gerald A.
Waring, Horatio L. Smal, Leo Zehntner, Luciano Jacques de Mora-
es, Philipp von Luetzelburg, Ralph H. Sopper, Roderic Crandall e
Thomaz Pompeu de Souza Brasil Sobrinho.
A Universidade das Caatingas foi uma universidade iluminada, por-
que se preocupou com as ciências aplicadas, cujos resultados tive-
ram imediata utilização em projetos de interesse do governo federal
do Brasil. Em verdade, foi a primeira universidade com atuação no
Nordeste brasileiro, porque cuidou do ensino superior, treinando en-
genheiros em efetivas condições de trabalho, adjuntos de renomados
cientistas; realizou pesquisas aplicadas na área das caatingas; prepa-
rou mão de obra de nível médio, em treinamento de campo, numa
típica atividade de extensão.
Também, foi uma universidade pioneira na área de sua atuação, mar-
cando o início da institucionalização das atividades de pesquisa no
nordeste do Brasil. É bom lembrar que a criação de universidades
formais, na região, teve início somente depois de 1945.
Recebeu explícita influência do “Reclamation Service” dos Estados
Unidos da América, adaptando seu modelo de organização para exe-
cução de pesquisas e trabalhos de engenharia, relacionadas (os) com
as secas nordestinas.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 339


Como era de se esperar, a Universidade das Caatingas concentrou
suas pesquisas nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraí-
ba, justamente os mais atingidos pelas secas que assolam o Nordeste
do Brasil.
Duas marcadas influências foram exercidas na formação e desenvol-
vimento da Universidade das Caatingas:
Stanford University (Califórnia – U.S.A.), através de John Casper
Branner (1850-1922);
Escola de Minas de Ouro Preto (Minas Gerais – Brasil), matriz
formadora dos engenheiros/geólogos Francisco Sá (1862-1936),
Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa (1872-1932), Luciano Jacques de
Moraes (1896-1968) e Thomas Pompeu de Souza Brasil Sobrinho
(1880-1967) – este o mais importante dos seus naturalistas.”
2.2  O Professor cearense, inicialmente, definiu a abrangência de seu ob-
jeto de trabalho, que será publicado, oportunamente, em livro: – a
área da seca do nordeste brasileiro, região compreendida pelos Es-
tados do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, – nos períodos de
1909 / 1912 e 1929 / 1927.
Como introdução à análise da questão apresentou as primeiras pro-
vidências tomadas pelo Governo Imperial (1845, 1877/79), quan-
do a seca do nordeste passou a ser encarada como um “problema
nacional”, e as ações integradas do Governo Federal (Inspetoria de
Obras Contra as Secas) com relação às providências tomadas para o
encaminhamento de soluções, conseqüentes dos efeitos da seca para
a população.
Caracterizou a “Universidade das Caatingas” como um centro de
serviços de observação cientifica indispensáveis ao desenvolvimen-
to dos trabalhos contra as secas, tais como o estudo da flora das
caatingas, registros regulares das chuvas, medições das correntes
d’água, observações geológicas das diferentes bacias hidrográficas,

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

regime das águas superficiais e busca das fontes subterrâneas; tam-


bém, criou estações florestais em Quixadá (CE) e Juazeiro (BA).
Avaliou a Universidade das Caatingas foi a primeira universidade
com atuação no nordeste brasileiro, “porque cuidou do ensino su-
perior, treinando engenheiros e/ geógrafos em efetivas condições
de trabalho, adjuntos de renomados cientistas (nacionais/ Escola de
Minas – estrangeiros / Universidade de Stanford); realizou pesquisas
aplicadas na área das caatingas; preparou mão de obra de nível mé-
dio, em treinamento de campo, numa típica atividade de extensão.
Encerrada a exposição do Sócio Honorário Brasileiro, a Sra Presi-
dente apresentou o conferencista do dia.
3. Apresentação da Sócia Honorária Brasileira Vera Lucia Cabana An-
drade
Título da exposição: “Colégio Pedro II e a metáfora do “nome do
pai”
3.1  Resumo:
“A presente comunicação propõe, com base na metáfora lacaniana
do “nome do pai”, uma releitura do processo de inscrição do signi-
ficante do Patrono que nomeia o sujeito histórico/ Colégio Pedro II,
definindo como questão de análise o pressuposto de que foi a partir
do nome do Imperador que se construiu a identidade do colégio mo-
delo da Instrução Pública do Império e se (re)construiu, esta mesma
identidade de colégio padrão de qualidade de ensino nos diferentes
períodos de indefinição e crises republicanas.
A existência de um passado comum entre o Colégio e a Monarquia
foi o ponto de partida para a construção da memória institucional
dentro da memória nacional.
Com o objetivo de revisitar a República Velha com um “olhar” de
enquadramento da memória-histórica podemos observar que a tra-
dição inventada e revivida, através de práticas e representações e da
geração de “documentos-monumentos”, sustentou a instituição es-

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colar na fase de crise de identidade de sua natureza elitista e es-
gotamento de seu modelo de educação humanística, resultantes da
modernização imposta pelo “progresso” na República”.
3.2  A Professora, inicialmente, caracterizou seu objeto de pesquisa no
campo da história cultural, definindo seus marcos teóricos (estudos
de história/ memória, memória coletiva) e seus marcos cronológicos
(Primeira República).
Analisou a ruptura republicana com a tradição do Imperial Colégio
de Pedro II – mudanças de nome, extinção do bacharelado, abolição
de títulos e diplomas, política de equiparações dos ginásios estaduais
e colégios particulares.
Avaliou no processo de recriação formal da memória coletiva – luta
pela volta do nome Colégio Pedro II, luta pela volta dos despojos do
casal real ao Brasil, comemoração do Centenário da Independência
do Brasil, celebração do Centenário de D. Pedro II – que o poder
pessoal e aristocrático do patrono foi preservado no patrimônio cul-
tural escolar como um atributo afetivo e garantia hipotética do idea-
lizado ensino humanístico, bem como sua presença moral de avalia-
dor erudito, evocada nos rituais de lembrança, constitui marca de seu
zelo paternal e um dos fundamentos da memória petrossegundense.
Concluiu que, no sentido histórico de construção da memória insti-
tucional dentro da memória nacional, a marca simbólica “Pedro II”
representa, ainda hoje, a marca identitária do Colégio.
Encerrada a exposição do Sócio Honorário Brasileiro, a Sra. Presi-
dente abriu espaço para as intervenções.
4. Intervenções:
4.1  Com referência ao trabalho “ A Universidade das Caatingas” a Pro-
fessora Cybelle de Ipanema destacou as ações políticas apresentadas
em contraposição à chama “indústria da seca”.
A seguir, o Dr. José Arthur Rios solicitou informações sobre “os re-
sultados da ação da “Universidade”? O Professor Melquídes expli-

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

cou que a “Universidade das Caatingas” foi um centro de construção


de conhecimento, e desenvolvimento de pesquisa aplicada e de for-
mação de mão de obra aplicada.
O visitante Márcio Carneiro, pesquisador de temas sobre o nordeste,
lembrou os trabalhos do Dr. José Guimarães Duque sobre o assunto
em debate. Em resposta, o expositor corroborou a importância da
personagem citada e enfatizou que: “o Dr. Duque foi o reformador
mental da concepção dos agrônomos do NE”.
4.2  Sobre o trabalho “Colégio Pedro II e a metáfora do nome do pai” o
Dr. Alberto Venancio Filho comentou que “a figura de D Pedro II”
foi supervalorizada no processo de construção da identidade históri-
ca do Colégio. A Professora Vera Cabana explicou que em sua opi-
nião o propósito da comunidade escolar foi este mesmo, objetivando
reviver privilégios passados e, ao mesmo tempo, superar o período
de crise institucional, a partir da reconstrução da marca identitária
do Colégio, o nome Pedro II.
O Dr. José Arthur Rios apresentou sua apreensão inicial com a co-
locação metodológica da “metáfora lacaniana do nome do pai”. A
expositora respondeu que utilizou “metaforicamente” (não de forma
psicanalítica) a interpretação da marca nominal do patrono no pro-
cesso histórico de construção da identidade institucional.
O Dr Fernando Tasso Fragoso solicitou informações atuais sobre a
existência de vários “Colégios Pedro II”. Em resposta, a ex-profes-
sora do CP II identificou as Unidades Escolares existentes: UE Cen-
tro (Antigo Colégio Imperial, Externato e Sede); UE São Cristóvão
(antigo Internato e atual Direção Geral); UE Engenho Novo (antigo
Zona Norte), EU Humaitá (antigo Zona Sul); UE Realengo; UE Ni-
terói.
5. Encerramento.
Ao encerrar a sessão a Sra. Presidente parabenizou os dois exposito-
res, entregou a todos o convite do lançamento do livro A Estrela Fria

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de José Almino (Livraria da Travessa, Ipanema, 19.00h) e convidou
os presentes para o tradicional café no terraço do edifício.
6. Frequência
a. Número de sócios presentes: 7
b. Número de convidados: 5
c. relação dos sócios presentes: Cybelle de Ipanema, Fernando Tasso
Fragoso Pires, Melquíades Pinto Paiva, Marcus Monteiro, Cláudio
Aguiar, Alberto Venancio Filho, Vera Lucia Cabana Andrade, José
Arthur Rios e Victorino Chermont de Miranda.

ATA DA 4ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 12 DE MAIO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Vera Lucia Cabana Andrade
1. Abertura da sessão:
O Sr. Presidente deu por iniciada a reunião solicitando a Secretária
Substituta que procedesse à leitura da Ata da sessão anterior, sendo
a mesma aprovada pelos presentes.
2. Apresentação do conferencista do dia
A pedido do Sr. Presidente a Sra. Secretária fez a apresentação do
convidado – Marcello Loureiro – É Doutorando e Mestre em Histó-
ria Social pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Federal
do Rio de Janeiro; Bacharel e Licenciado em História pela Universi-
dade do Estado do Rio de Janeiro; Bacharel em Administração pela
Escola Naval; e editor da Revista Navigator: subsídios para a His-
tória Marítima do Brasil”, da Diretoria do Patrimônio Histórico e
documentação da Marinha.

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

Título da exposição: “Em tempo de tantos apertos”: a crise do pós-


restauração e a gestão do Império português por uma monar-
quia polissinodal (1640-1648).
O Professor agradeceu ao convite e iniciou sua exposição apresen-
tando sua opção conceitual – monarquia polissinodal – e seu objeto
de pesquisa – década de 1640: conjuntura de tensões internacionais
e internas – , partindo da explicação do próprio título de seu traba-
lho. Na comunicação/ artigo procurou analisar a gestão da Guerra no
Portugal restaurado, sem perder de vista que tal questão era confor-
mada pelo ideário da segunda escolástica. Apresentou, na conjuntura
crítica, os desafios enfrentados por D. João IV para se manter no
trono: as conquistas ultramarinas dos holandeses de possessões lusas
no Oriente, América e África; as guerras contra os castelhanos na
região do Prata; e a dificuldade de obter apoio diplomático.
Neste contexto, enunciou algumas das principais ideias discutidas
nos Conselhos da Coroa (Real, Ultramarino, Estado, Guerra) a fim
de se delinear uma “política de gestão” para o Atlântico Sul: – de-
bates sobre a invasão de Buenos Aires como caminho para captação
da prata do Potosi (Salvador de Sá); ações de reconquista de Angola,
importante espaço da “engenharia mercantil do Império Português”
(Pe. Antônio Vieira); propostas de compra, retomada e/ou entrega do
Nordeste aos holandeses.
Em suas considerações finais concluiu que “a Coroa tem [teve] di-
ficuldade em hierarquizar os espaços do Império”; e que a “política
ultramarina foi forjada com tensões e fraturas” face às relações es-
tabelecidas entre a Coroa e os Conselhos e as relações estabelecidas
entre os próprios Conselhos , pois “o poder é polissional e os órgão
são dotados de autorregulação”.
3. Outras intervenções (comunicados, doações de livros)
Encerrada a exposição do convidado, o Presidente Arno Wehling
aproveitou a oportunidade para fazer uma relação do tema tratado
com as questões levantadas na Sessão Temática: “Estado e estruturas

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de poder no Antigo Regime”, destacando a abordagem conceitual de
“monarquia polissinodal”.
A Sócia Honorária Brasileira Dora Alcântara lembrou do “pagamen-
to de indenização aos holandeses pelo NE”. Em resposta, o Profes-
sor Marcello relembrou que o “processo negocial entre Portugal e
Holanda sobre o NE” envolveu guerrilha, guerra de corso, períodos
de trégua, até a negociação de tratados “danosos/ prejudiciais” para
Portugal, como o Tratado de 1661 – Paz de Haia – que previam pa-
gamentos de indenizações.
O Sócio Titular Elysio Belchior lembrou a efeméride do dia: 362
anos da partida de Salvador Correia de Sá e Benevides do Rio de
Janeiro para a reconquista de Angola.
Ao encerrar a sessão o Sr. Presidente convidou a todos para a Con-
ferência do Sr. José Nascimento Júnior sobre a “Política Nacional de
Museus”, no Salão Nobre do IHGB.
4. Frequência
a. Número de sócios presentes: 9
b. Número de convidados: 18
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Cláudio Aguiar, Maria
Beltrão, Guilherme Frota, Dora Alcântara, Elysio Belchior, Arman-
do de Senna Bittencourt, Antonio Izaias da Costa Abreu, e Vera Lu-
cia Cabana Andrade.

ATA DA 5ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 19 DE MAIO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que saudou os presentes e solici-

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

tou à coordenadora para proceder à leitura da ata da sessão anterior,


no que foi atendido, sendo a mesma aprovada sem correção. Em se-
guida, o presidente convocou à Mesa a primeira palestrante da tarde,
a sócia titular Marilda Ciribelli, para apresentar o tema “A educação
da juventude em Terêncio e o pensamento pedagógico brasileiro”.
2. A Professora cumprimentou os presentes, falou da satisfação pela
oportunidade de mais uma vez participar da CEPHAS e, com ale-
gria, registrou a presença do neto Theo para lhe ouvir. Em segui-
da, introduziu o tema explicando o objetivo da exposição, ou seja,
demonstrar o quanto o teatro romano é fonte indispensável para o
estudo da sociedade e da educação, tanto da época romana como dos
dias atuais. Tomando como base de análise a comédia de Terêncio,
Os Dois Irmãos, escrita no 1º século a.C., onde o autor reflete e
questiona a educação da juventude, a expositora apontou a conjuntu-
ra de crise então vivenciada: devido à antítese existente entre a edu-
cação liberal e helenizante grega e a educação tradicional romana de
Catão, fundamentada na autoridade paterna. E, na qual aparecem as
inovações pedagógicas do seu teatro relativas à educação, tais como:
a necessidade de diálogo constante entre pais e filhos; o direito dos
jovens à liberdade, mas com responsabilidade; a limitação dos ex-
cessos da autoridade; o respeito à singularidade e à dignificação do
ser humano; a educação como processo dinâmico; a humanização
da sociedade. Finalizando a exposição, a Professora realçou a tem-
poralidade do teatro de Terêncio, bem como as influências que suas
ideias exercem no pensamento pedagógico brasileiro, tanto no libe-
ral como no progressista.
3. Comentários: As sócias Cybelle de Ipanema, Maria de Lourdes Lyra
e o presidente Arno Wehling felicitaram a expositora e fizeram co-
mentários pertinentes sobre o tema apresentado: a primeira lembrou
a discussão hoje em pauta no Congresso Nacional, através do proje-
to de lei apresentado sobre a questão da educação tradicional versus
educação liberal; a segunda registrou a pertinência da análise sobre
questões tão permanentes nas sociedades de ontem e de hoje, o que

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salienta a modernidade de clássicos, como Terêncio: o terceiro re-
alçou a validade do recorte do texto analisado, recuperando a con-
juntura histórica e nele situando o conflito entre o mundo rústico e o
mundo novo, o urbano, para maior clareza das questões levantadas.
4. Em seguida, o presidente convocou a segunda palestrante, Adria-
na Barreto – doutora em História pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro e professora na Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro – para apresentar o tema: “Antes do monumento: hierar-
quia, política e ascensão social na trajetória de duque de Caxias”.
A convidada agradeceu pelo convite para participar da CEPHAS,
expressou seu contentamento por reencontrar os ex-professores – a
coordenadora e o presidente –, e por retornar ao IHGB, local cativo
de trabalho como pesquisadora na Revista da instituição. Doou à
Biblioteca do IHGB um exemplar do seu livro Duque de Caxias: o
homem por trás do monumento, publicado em 2008, pela Civiliza-
ção Brasileira, e passou à explanação do tema. Inicialmente, recupe-
rando os passos da pesquisa então realizada para a elaboração de sua
tese de doutorado e esclarecendo que, ao iniciar a investigação sobre
a trajetória do duque de Caxias, compartilhava da imagem herdada
por várias gerações de brasileiros. Ou seja, a de um general extre-
mamente rigoroso, avesso à política e legalista, imagem gravada em
um panteão erguido em 1949, quase 70 anos após sua morte, sendo
essa a imagem do herói nacional, que resiste ainda hoje. Em seguida,
passou a expor sua proposta de análise, ou seja, a elaboração de uma
reflexão sobre hierarquia, política e ascensão social no Brasil oito-
centista através de dois momentos cruciais da vida do então jovem
Luiz Alves de Lima: o casamento com uma filha de duas das famí-
lias mais importantes do Rio de Janeiro e o aprendizado político de
sete anos à frente da Guarda de Municipais Permanentes.
5. Comentários: As sócias Cybelle de Ipanema, Marilda Ciribelli e Lu-
cia Guimarães cumprimentaram a expositora e fizeram considera-
ções pertinentes: a primeira indagou sobre os locais de colocação da
estátua de Caxias; a segunda questionou sobre a mudança da persona

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

de Caxias, do um século para o outro; a terceira salientou o trabalho


de atualização de biografias, elaborado pela expositora.
6. Na sequência, o presidente convocou a sócia Cybelle de Ipanema
para uma breve comunicação sobre sua participação na cidade de
Salvador, onde representou o IHGB e o IHGRJ, na sessão comemo-
rativa pelos 116 anos de fundação do IGHB, em 13 de maio do cor-
rente mês. Sendo então portadora da nova edição, fac-similar da edi-
ção Brasiliana, do livro de Teodoro Sampaio, O Tupi – na geografia
nacional, doada ao acervo da Biblioteca do IHGB. Na ocasião, foi
lançada a 2ª edição do livro de sua autoria, em parceria com Marcelo
de Ipanema, A Tipografia na Bahia: documentos sobre suas origens,
editado no ano em curso pela EDUFBA, que trata da instalação da
imprensa na Bahia, pelo empresário Manuel Antônio da Silva Serva.
Ao final, passou às mãos do presidente dois exemplares do mesmo
livro: um a ele oferecido, outro para a Biblioteca do IHGB.
7. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agrade-
ceu o comparecimento dos presentes e convidou-os para o tradicio-
nal café no terraço do IHGB.
8. Frequência:
a. Número de sócios: 14
b. Número de convidados : 15
c. Relação de sócios presentes: Arno Wehling, Maria da Conceição
Beltrão, Lucia Maria Paschoal Guimarães, Melquíades Pinto Pai-
va, Marilda Ciribelli, Esther Caldas Bertoletti, Ronaldo Rogério de
Freitas Mourão, Miridan Britto Falci, Paulo Brossard, Carlos Wehrs,
Elysio de Oliveira Belchior, Cybelle de Ipanema, Dora Alcântara e
Maria de Lourdes Lyra.

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ATA DA 6ª SESSÃO DA CEPHAS
DE 26 DE MAIO DE2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Lucia Maria Paschoal Guimarães
1. A sessão foi aberta pelo presidente Arno Wehling, que cumprimen-
tou os presentes, e solicitou a subcoordenadora da CEPHAS para
proceder à leitura da ata da sessão anterior, no que foi atendido, sen-
do a mesma aprovada após a correção indicada pela sócia Cybelle
de Ipanema. Na sequência, chamou à Mesa a primeira convidada
da tarde, Marly da Silva Motta, para apresentar a comunicação “A
Ordem dos Advogados do Brasil: entre a corporação e a institui-
ção”. Marly da Silva Motta é doutora em História pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro, pesquisadora do CPDOC e professora dos
cursos de Pós-Graduação da Fundação Getúlio Vargas, e autora de
obras diversas sobre a Primeira República.
2. Resumo da Exposição:
Externando seu contentamento de participar das atividades da CE-
PHAS, e de rever seus antigos professores, Maria de Lourdes Viana
Lyra e Arno Wehling, Marly Motta esclareceu que a Ordem dos Ad-
vogados do Brasil (OAB), cuja origem remonta ao antigo Instituto
dos Advogados Brasileiros, criado em 1843, ocupa um lugar ímpar
no conjunto das entidades representativas de categorias profissionais
no Brasil. Nascida em novembro de 1930, foi filha do seu tempo,
uma vez que, na qualidade de órgão corporativo, teve como objetivo
principal “selecionar e disciplinar” os advogados. No entanto, mais
do que qualquer outra corporação surgida na mesma época, a OAB
se firmou, ao longo do tempo, como uma das instituições mais repre-
sentativas da sociedade civil brasileira. Em 2002, com o objetivo de
recuperar sua longa história, sob a coordenação de seu ex-presidente
Hermann Baeta, a OAB reuniu uma equipe de historiadores e a en-

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

carregou de elaborar um conjunto de sete livros que abrangesse as


diversas fases da vida da entidade, desde o surgimento do Instituto
dos Advogados, no Império. O sétimo volume, por ela coordenado,
intitulado A OAB na voz dos seus presidentes (Brasília, OAB, 2003),
foi composto por entrevistas com 14 de seus ex-presidentes.
Importante fonte documental para um estudo de história institucio-
nal, esse conjunto de depoimentos orais permite acompanhar a per-
manente tensão entre duas faces da Ordem, e que se constitui, por
si só, sua característica fundamental: a de corporação profissional,
voltada, portanto, para a defesa de interesses específicos dos advo-
gados, e a de instituição, comprometida com as demandas mais ge-
rais da sociedade.
3. Comentários: As
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sócias Maria de Lourdes Viana Lyra e Lucia Gui-
marães cumprimentaram a expositora e fizeram comentários perti-
nentes. A sócia Esther Bertoletti lembrou que, por ocasião da sua
formatura, ainda não havia o exame realizado pela Ordem para o
exercício da profissão. O presidente Arno Wehling salientou que
as premissas por ela levantadas enriquecem o conhecimento sobre
o tema.
4. Após as intervenções, Arno Wehling passou a palavra ao segundo
convidado, Humberto Fernandes Machado para expor a comuni-
cação “A Imprensa e o Império do Brasil”. Humberto Fernandes
Machado é doutor em história social pela USP, professor associado
II do Programa de Pós-Graduação de História da Universidade Fe-
deral Fluminense e autor de inúmeras contribuições voltadas para o
exame do período monárquico.
5. Humberto Machado agradeceu o convite para se apresentar na CE-
PHAS e também manifestou sua satisfação de reencontrar seus
ex-professores do curso de graduação da UFRJ, Maria de Lourdes
Lyra e Arno Wehling. Salientou que a imprensa desempenhou papel
destacado nos principais acontecimentos ocorridos no século XIX,
influenciando os diversos movimentos ocorridos durante o Império.

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Apesar das inúmeras dificuldades, os jornais conseguiram abalar as
estruturas de poder, disseminando ideias, divulgando manifestações
públicas, veiculando matérias, enfim, contribuindo para o surgimen-
to de uma nova cultura política. Neste sentido, conferiu especial des-
taque à participação da imprensa na campanha abolicionista e no
estabelecimento da República. Com todas as limitações, os escritos
dos jornais extrapolavam as suas páginas, atuando como uma das
fontes de pressão para a viabilização de mudanças ocorridas durante
os oitocentos no Império do Brasil. Parafraseando José do Patrocí-
nio, o professor concluiu que os jornais ingressaram, definitivamen-
te, no “tribunal da História”.
6. Comentários
A sócia Cybelle de Ipanema felicitou o expositor e destacou o pio-
neirismo de Marcelo de Ipanema na utilização de fontes da impren-
sa na pesquisa histórica. Do mesmo modo, a sócia Maria de Lourdes
Lyra lembrou a atuação da imprensa no Rio de Janeiro, em São Pau-
lo e em Pernambuco e registrou a relevância do estudo de Teresa Fa-
chada sobre a Gazeta do Rio de Janeiro. O convidado Mário Affonso
Carneiro e a sócia Vera Cabana levantaram questões pertinentes so-
bre a imprensa, o abolicionismo e a doutrina positivista. O professor
Humberto respondeu aos comentários.
7. Nada mais havendo a tratar, o presidente Arno Wehling encerrou a
sessão e convidou os presentes para o tradicional café no terraço do
Instituto, lembrando a todos que às 20h haveria o lançamento do li-
vro Fazendas do Império, de autoria dos sócios Tasso Fragoso Pires
e Mary Del Priore , na Livraria da Travessa do Shopping Leblon.
8. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 11
b. Número de convidados: 7
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Maria de Lourdes
Vianna Lyra, Cybelle Moreira de Ipanema, Carlos Wehrs, Marilda
Ciribelli, Melquíades Pinto Paiva, Esther Caldas Bertoletti, Vera Ca-

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

bana Andrade, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Aniello Angelo


Avella e Lucia Maria Paschoal Guimarães

ATA DA 7ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 9 de JUNHO de 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Lucia Maria Paschoal Guimarães
1. A sessão foi aberta pelo presidente Arno Wehling, que cumprimen-
tou os presentes, e solicitou a subcoordenadora da CEPHAS para
proceder à leitura da ata da sessão anterior, no que foi atendido, sen-
do a mesma aprovada sem correções. Na sequência, chamou à Mesa
a primeira convidada da tarde, Ana Pessoa, para apresentar a comu-
nicação “Carmen Santos: sob a luz das estrelas”. Ana Maria Pessoa
dos Santos é doutora em Comunicação pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro (2000) e pesquisadora da Fundação Casa de Rui
Barbosa onde dirige, desde 2003, o Centro de Memória e Informa-
ção. Autora de diversas obras, organizou com José Almino Alencar
o livro Meu caro Rui. Meu caro Nabuco, com a correspondência
trocada entre os dois intelectuais.
2. Resumo da Exposição:
Manifestando o seu contentamento de participar das atividades da
CEPHAS, Ana Pessoa assinalou que a sua comunicação aborda a
presença feminina no cinema brasileiro nas primeiras décadas do sé-
culo passado. Neste sentido, tomou como estudo de caso a história
de vida da atriz e cineasta Carmen Santos (1908-1952), detendo-
se nas propostas audaciosas que intentava e nas suas estratégias pu-
blicitárias, junto à imprensa, em particular, revistas especializadas
e de entretenimento. Imigrante portuguesa, balconista da loja Park
Royal, Carmen estrelara Urutau, em 1919, filme que não chegara

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 353


às telas. Persistente, voltaria à cena no início dos anos 1920 com
o apoio de jovem empresário, Antonio Seabra, para anunciar um
ambicioso projeto: criar sua própria companhia, a Filmes Artísticos
Brasileiros – FAB, e levar às telas adaptações de dois romances de
forte sensualidade, A carne e Mlle. Cinema. Ana Pessoa analisou as
expectativas, os limites e os preconceitos que cercaram essa fase de
sua trajetória, enriquecendo a exposição com farto material fotográ-
fico.
3. Comentários:
A sócia Cybelle de Ipanema cumprimentou a expositora pela abor-
dagem do tema, destacando o retrospecto que apresentou do cinema
brasileiro e a participação da imprensa nesse processo.
4. Encerrada a intervenção, Arno Wehling passou a palavra à segunda
convidada, Sheila Moura Hue, para expor a comunicação “Ingle-
ses no Brasil: relatos de Viagem 1526-1608”. Sheila Hue é doutora
em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Coordena do Núcleo Manuscritos e Autógrafos do Real Gabinete
Português de Leitura e exerce as funções de Editora-Adjunta da Re-
vista Camoniana. Autora de diversas obras, sendo as mais recentes
Delícias do descobrimento. A gastronomia brasileira no século XVI
(2008) e a edição comentada de As incríveis aventuras e estranhos
infortúnios de Anthony Knivet.(2008).
5. Resumo da exposição:
Sheila Hue agradeceu o convite para se apresentar na CEPHAS e
salientou que fez suas primeiras leituras do relato de viagem de An-
thony Knivet nas páginas da Revista do Instituto Histórico e Geo-
gráfico Brasileiro. Esclareceu que a comunicação pretende apresen-
tar os resultados de pesquisa que vem empreendendo na Bibliote-
ca Nacional, com o objetivo recuperar as fontes para a história da
presença inglesa no Brasil no século XVI, a partir da catalogação
de relatos de viajantes ingleses, onde há referências à então colônia
portuguesa. Foram levantados documentos que abrangem o período

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

compreendido entre a viagem de Sebastião Caboto, em 1526, e a


navegação de William Davies pelo rio Amazonas no ano de 1608.
A professora examinou pontualmente o amplo corpus documental
examinado, integrado por notícias e narrativas de aproximadamente
19 viagens, escritas por cerca de trinta e três autores. Destes, final-
mente, que desse conjunto apenas o de Anthony Knivet foi traduzido
para a língua portuguesa, sendo pela primeira vez editado em 1878
na Revista Trimensal do Instituto Histórico Geographico e Ethno-
graphico do Brasil, por iniciativa de José Higino Duarte Pereira.
6. Comentários
A sócia Cybelle de Ipanema felicitou a expositor e destacou a rele-
vância da pesquisa empreendida. Lembrou que consultou bastante
o relato de Anthony Knivet para escrever a história da Ilha do Go-
vernador, salientando que o inglês trabalhara naquela localidade, no
engenho de propriedade de Salvador Correia de Sá.
7. Ao final dos comentários, Arno Wehling chamou à Mesa o sócio cor-
respondente José Mendonça Telles, presidente de honra do Instituto
Histórico de Goiás para fazer uma breve apresentação do seu livro
A coluna Prestes em Goiás (1925-1927).
8. José Mendonça Telles externou seu contentamento de participar
da CEPHAS e rever antigos amigos. Destacou que o livro sobre a
passagem da Coluna Prestes em Goiás resulta de pesquisa que se
alongou por cerca de vinte anos, compreendendo entrevistas, de-
poimentos e levantamento documental. Aproveitou a oportunidade
para oferecer ao IHGB e a todos os presentes, além desta obra,
mais duas publicações de sua autoria: A vida de Pedro Ludovico e a
fundação de Goiânia e Crônicas Vilaboenses.
9. O presidente Arno Wehling agradeceu a José Mendonça Telles pela
oferta e sugeriu que a distribuição dos volumes se realizasse após a
sessão, durante o tradicional café no terraço do Instituto. Nada mais
havendo a tratar, encerrou os trabalhos.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 355


10. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 12
b. Número de convidados : 12
c. Relação dos sócios presentes: Melquíades Pinto Paiva, Tasso Fra-
goso Pires, Carlos Francisco Moura, Cybelle de Ipanema, Marcus
Monteiro, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Vera Lucia Cabana
Andrade, Antônio Celso Alves Pereira, Maria da Conceição Beltrão,
Lucia Maria Paschoal Guimarães, Antonio Izaias da Costa Abreu e
Arno Wehling

ATA DA 8ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 23 de JUNHO de 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Lucia Maria Paschoal Guimarães
1. A sessão foi aberta pelo presidente Arno Wehling, que cumprimen-
tou os presentes, e solicitou a subcoordenadora da CEPHAS para
proceder à leitura da ata da sessão anterior, no que foi atendido, sen-
do a mesma aprovada sem correções. Na sequência, chamou à Mesa
a primeira convidada da tarde, a sócia honorária Mary Del Priore,
para apresentar a comunicação “Biografia, biografados: uma jane-
la para a história”
2. Resumo da Exposição:
Mary Del Priore agradeceu o convite e externou o seu contentamento
de participar das atividades da CEPHAS. Introduzindo o tema da sua
intervenção, assinalou que foi preciso esperar os anos 70 e 80 para
assistir ao fim da rejeição à biografia histórica. O epistemólogo Fran-
çois Dosse anunciou, então, a chegada de uma “idade hermenêutica”
na qual o objetivo seria capturar “a unidade pelo singular”. Até que
enfim, o indivíduo encontrava a história. O fenecimento das análises

356 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

marxistas e deterministas que engessaram por décadas a produção


historiográfica permitiu dar espaço aos atores e suas contingências
novamente. Foi uma verdadeira mudança de paradigmas. A explica-
ção histórica cessava de se interessar pelas estruturas, para centrar
suas análises sobre os indivíduos, suas paixões, constrangimentos
e representações que pesavam sobre suas condutas. O indivíduo e
suas ações situavam-se em sua relação com o ambiente social ou
psicológico, sua educação, experiência profissional etc. O historia-
dor deveria focar naquilo que os condicionava a fim de fazer reviver
um mundo perdido e longínquo. Esta história, “vista de baixo”, dava
as costas à história dos grandes homens, motores das decisões, ana-
lisadas de acordo com suas consequências e resultados, como a que
se fazia no século XIX. Baseada nesses pressupostos, a exposição
versará a experiência adquirida na pesquisa das obras O Príncipe
Maldito, Condessa de Barral - a paixão do Imperador e Matar para
não morrer, a noite sem fim de Dilermando de Assis.
3. Comentários:
A sócia Lucia Guimarães cumprimentou a expositora pela aborda-
gem do tema, destacando o retrospecto que apresentou sobre as rela-
ções entre a historiografia e o gênero biográfico. O sócio Vasco Ma-
riz levantou questão a respeito do uso da imaginação histórica para
preencher lacunas de fatos nebulosos na redação de uma biografia.
O sócio Arno Wehling teceu comentário sobre os ditos “momentos
nebulosos” da biografia, salientando os encaminhamentos propostos
pelo método alemão e o empirismo inglês.
4. Encerrada as intervenções, Arno Wehling passou a palavra à segun-
da convidada, Gilda Santos, para expor a comunicação O “Cinco
de Outubro” no jornal brasileiro Portugal Democrático (1956-
1975). Gilda Santos é doutora em Letras, professora aposentada da
UFRJ e vice-presidente do Real Gabinete Português de Leitura do
Rio de Janeiro, onde também coordena o Polo de Pesquisa de Rela-
ções Luso-Brasileiras.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 357


5. Resumo da exposição:
Gilda Santos manifestou sua satisfação de participar, mais uma vez,
das atividades da CEPHAS. Segundo Gilda, o jornal Portugal De-
mocrático foi fundado em 1956 por intelectuais portugueses exilados
em São Paulo. Desde logo as páginas antissalazaristas do periódico
revelaram sua estreita interação com o Centro Republicano Portu-
guês, criado em 1908, também em São Paulo, por Ricardo Severo e
depois tutelado, ao longo dos anos 50/60/70, pelo Capitão Sarmento
Pimentel – notório opositor ao Estado Novo. Acompanhada de exi-
bição em PowerPoint, a autora examinou matérias publicadas no
jornal, alusivas à comemoração da proclamação da República Por-
tuguesa. Demonstrou como as evocações do “Cinco de Outubro”
registradas no Portugal Democrático apontam para um ideário de
convergência entre os vários grupos de exilados aqui no Brasil, mui-
tas vezes divergentes.
6. Comentários
A sócia Esther Bertoletti felicitou Gilda Santos pela relevância da
pesquisa empreendida e arguiu sobre a disponibilidade dos periódi-
cos no Real Gabinete Português de Leitura.
7. Ao final dos comentários, Arno Wehling chamou à Mesa o tercei-
ro convidado da tarde, o diplomata Ricardo Caballero Aquino, para
apresentar a comunicação “Brasil – Paraguai: Dois séculos de re-
lações esquizóides, 1810-2010”. Ricardo Caballero Aquino é côn-
sul geral do Paraguai no Rio de Janeiro, doutor em História Latino-
americana, pela Southern Illinois University e membro de número
da Academia Paraguaia de História.
8. Resumo da exposição
Inicialmente, Ricardo Caballero Aquino agradeceu o convite do
vice-presidente do IHGB, Victorino Chermont de Miranda, para se
apresentar na sessão da CEPHAS. Em seguida, destacou a presença
no Instituto dos representantes do Peru, Luis R. Arribasplata, e

358 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

da Bolivia, Shirley Orozco Ramírez, membros do corpo consular


no Rio de Janeiro. Acompanhado de mapas e de material icono-
gráfico, o palestrante fez um alentado exame crítico dos principais
acontecimentos históricos que envolveram o Brasil e o Paraguai, no
período compreendido entre 1810 e 2010. No seu entender, os dois
países desenvolveram o que denomina de relações esquizoides, ou
seja, ora caracterizaram-se por manifestações de apreço e amizade,
ora de ódio e repulsa, mas nunca de indiferença. Ao final da inter-
venção, ofereceu à biblioteca do IHGB a obra El Rio de la Plata, La
Confederación Argentina e El Paraguay, de Thomas Jefferson Page
(Assunción, Intercontinental, 2007).
9. Comentários
Os sócios Vera Cabana e Vasco Mariz fizeram comentários pertinen-
tes, assim como o presidente Arno Wehling, que agradeceu o com-
parecimento dos convidados estrangeiros e acentuou a importância
do convênio celebrado entre o Instituto Histórico e a Academia Para-
guaia da História. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou
os trabalhos e convidou a todos para o tradicional café no terraço
do Instituto.
10. Frequência: assistentes
a. Número de sócios presentes: 16
b. Número de convidados: 14
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Victorino Chermont
de Miranda, Maria de Lourdes Vianna Lyra, Carlos Wehrs, Vasco
Mariz, Carlos Francisco Moura, Vera Lucia Cabana Andrade, Tasso
Fragoso Pires, Mary Del Priore, Cláudio Aguiar, Dora de Alcânta-
ra, Ronaldo Rogério Mourão, Esther Caldas Bertoletti, José Arthur
Rios, Guilherme Frota e Lucia Maria Paschoal Guimarães

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 359


ATA DA 9ª SESSÃO DA CEPHAS
DE 14 DE JULHO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que saudou os presentes e so-
licitou à coordenadora para proceder à leitura da ata da sessão an-
terior, no que foi atendido, sendo a mesma aprovada sem correção.
Em seguida, o presidente convocou à Mesa a primeira palestrante
da tarde, a convidada Cristina Pessanha Mary, doutora em História
pela UFRJ e professora do Departamento de Geografia da UFF, para
falar sobre o tema “A filial da Sociedade de Geografia de Lisboa no
Brasil: 1778-1889”.
2. A expositora cumprimentou os presentes, agradeceu o convite, fa-
lou da satisfação pela oportunidade de apresentar seu trabalho numa
sessão da CEPHAS, e ofereceu à Biblioteca do IHGB um exemplar
do seu livro – Geografias Pátrias. Portugal e Brasil – 1875/1889.
Editora da UFF, 2010 –, passando em seguida a expor o tema. Ini-
cialmente, explicando o objetivo do estudo, ou seja: o de compreen-
der o significado da geografia realizada no Brasil em fins do Impé-
rio, com a atenção centrada na dinâmica de criação e funcionamento
da Seção da Sociedade de Geografia de Lisboa no Brasil, na sua
composição social e na análise do periódico editado por essa filial.
Além de observar o papel deste instituto frente à sociedade, desde
sua criação, em 1878, até 1889, quando ele se desarticula encerrando
suas atividades. Comentou sobre e expectativa de seus fundadores
em conseguir junto aos compatriotas da radicados no Rio recursos
financeiros para impulsionar as explorações realizadas em África,
contando também com a divulgação e a defesa dos novos planos da
nação lusa. E, ainda, que, embora de vida efêmera, a filial brasileira
marcou os rumos da geografia no país ao enfrentar profunda cisão no

360 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

seu interior, quando, em 1881, um grupo abandonou a associação,


inconformado com o veto da matriz à tentativa de transformação da
própria Seção em outro grêmio, de cunho nacional. Este, episódio,
ponto de interseção a partir do qual a geografia se bifurcou nos levou
a considerar o instituto como chave para a compreensão das nuances
da geografia no Brasil no último quartel dos oitocentos.
3. Comentários: A sócia Lucia Guimarães parabenizou a expositora
pela importância da análise sobre o início da Geografia no Brasil,
por lançar um novo olhar sobre o tema. Sobretudo por demonstrar
que tais estudos tiveram início no Brasil no âmbito do IHGB e das
sociedades de Geografia, ao contrário dos que afirmam terem início
com a criação das universidades. O presidente Arno Wehling reite-
rou as observações da professora e remarcou os trabalhos de Cândi-
do Mendes e de F.A. Varnhagen, como obras preciosas de Geografia
e História, elaboradas no século XIX.
4. Em seguida, o presidente convocou o segundo palestrante, o con-
vidado Marco Morel, doutor em História pela Université de Paris
I (Panthéon-Sorbonne), professor do Departamento de História da
UERJ e Pesquisador do CNPq, para falar sobre o tema: Cipriano
Barata e as Sentinelas da Liberdade: radicalismo político e projeto
nacional.
5. Marco Morel agradeceu o convite, expressou sua satisfação pela
oportunidade de mais uma vez participar da sessão da CEPHAS
e assim poder apresentar seu trabalho ao seleto público do IHGB.
Ofereceu um exemplar à Biblioteca do seu volumoso livro – Sen-
tinela da Liberdade e outros escritos. 1821-1835. EDUSP, 2008 –,
cujo teor é o tema da apresentação. E passou a pontuar algumas das
questões importantes tratadas pelo jornalista Cipriano José Barata
de Almeida (1762-1838) que, além de conhecido redator do jornal
Sentinela da Liberdade, constituiu-se também numa das primeiras
lideranças políticas de âmbito nacional no período pós-Independên-
cia. Comentou sobre a presença marcante exercida pelo publicista,
sobretudo, a partir da palavra impressa – o que fez gerar uma rede de

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 361


jornais seguindo o mesmo título e/ou ideário em diversas províncias
do país. E demonstrou que as idéias e propostas de Cipriano Barata,
consideradas desviantes se comparadas às que predominaram na for-
mação do Estado e da Nação, expressaram um radicalismo político
caracterizado e marcado pelas características da época, com limita-
ções, mas tocando no limite das fronteiras do possível.
6. Comentários: A sócia Maria de Lourdes Viana Lyra parabenizou o
expositor pela excelência da análise apresentada, remarcando a lon-
ga trajetória de estudo e o consequente aprofundado conhecimento
do professor Marco Morel em torno dos escritos de Cipriano Barata.
E, sobretudo ressaltou o notável trabalho de publicação das obras
completas do expoente jornalista brasileiro da primeira metade do
século XIX, pela grande contribuição à pesquisa histórica. O presi-
dente Arno Wehling reiterou os cumprimentos da professora e agra-
deceu pela doação feita.
7. O presidente convocou à Mesa o sócio Eduardo Silva, para uma
breve apresentação e consequente doação do livro recém-publicado
pela Biblioteca Nacional – D.João VI e a siderurgia nacional, 2010
– texto escrito pelo falecido sócio Francisco de Assis Barbosa e re-
sultante de uma conferência por ele proferida, no IHGB.
8. Por último foi convocado o sócio Claudio Aguiar para também apre-
sentar e doar o livro de sua autoria – O Monóculo & o Calidoscópio:
Gilberto Freire, escritor – algumas influências. Editora Massanga-
na, 2009. Inicialmente, Claudio Aguiar falou das questões externas
do livro, ou seja, sobre as motivações que o levaram a escrevê-lo
desde o momento em que percebeu a qualidade excepcional de es-
critor no texto de Gilberto Freyre. Passando a destacar os aspectos
significativos na formação do autor e as múltiplas influências por ele
recebidas.
9. Comentários: O sócio Tasso Fragoso solicitou que o expositor falas-
se um pouco sobre o Gilberto Freyre político, no que foi atendido,
sobretudo quando o escritor participou da campanha da redemocra-

362 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

tização dos anos quarenta e do período em que atuou como deputado


federal e então criou o Instituto Joaquim Nabuco.
10. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agrade-
ceu o comparecimento dos presentes e convidou-os para o tradicio-
nal café no terraço do IHGB.
11. Frequência: assistentes:
a. Número de sócios presentes:16
b. Número de visitantes presentes: 26
c. Relação de sócios presentes: Arno Wehling, Dora Alcântara, Carlos
Wehrs, Tasso Fragoso, Jali Meirinho, Ronaldo Rogério de Freitas
Mourão, Alberto Venancio Filho, Marcos Sanches, Carlos Francisco
Moura, Cybelle de Ipanema, Lucia Maria Guimarães, Aniello Ân-
gelo Avella, Cláudio Aguiar, Vera Lucia Cabana Andrade, Nuno de
Castro e Guilherme Andrea Frota

ATA DA 10ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 21 DE JULHO DE 2010 -

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Victorino Coutinho Chermont de Miranda
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que cumprimentou os presen-
tes e solicitou a todos um minuto de silêncio em memória da sócia
recém-falecida, Lucinda Coutinho de Mello Coelho. Em seguida,
solicitou a coordenadora para ler a ata da sessão anterior, no que foi
atendido, sendo a mesma aprovada sem ratificação. Na sequência,
convocou à Mesa o sócio Carlos Wehrs para prestar homenagem ao
sócio já falecido, Egon Wolff, pelo aniversário de 100 anos do seu
nascimento, completados no dia anterior.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 363


2. Carlos Wehrs registrou sua satisfação pelo encargo da homenagem
ao amigo, figura simpática e presença ativa no IHGB, pesquisador
incansável que escreveu inúmeros estudos, mais de quarenta ensaios
e livros em português, francês e inglês, sobre a história dos judeus no
Brasil. Nascido em Budsin, então Alemanha, hoje Polônia, passou a
infância na Vestfália e a juventude em Berlim, onde iniciou o curso
de Direito e casou com a colega Frieda. Com a ascensão do nazismo,
o casal emigrou em 1936 para o Brasil, se fixando inicialmente em
São Paulo, onde trabalhou como tradutor, teve firma de importação
e distribuição de artigos de ótica. Em 1948, se transferiram para o
Rio de Janeiro, ambos naturalizaram-se brasileiros em 1951, ele as-
sumiu o cargo de tesoureiro, depois presidente do Hospital Israelita
e passou a dedicar-se, junto com a esposa, à pesquisa histórica. Em
1981, foi eleito sócio honorário do IHGB, efetivo em 1983, e in-
tegrou a Comissão de Admissão de Sócios. Pertenceu também aos
Institutos Históricos e Geográficos do Rio de Janeiro, do Rio Grande
do Norte e do Espírito Santo, ao Colégio Brasileiro de Genealogia,
à Academia Paulistana de História, à União Brasileira de Escritores,
e recebeu os prêmios Clio de História, em 1982 e 1984. Faleceu em
23 de janeiro de 1991.
3. O presidente agradeceu ao expositor pelo registro abrangente e com-
plementou a homenagem, ressaltando a qualidade dos trabalhos rea-
lizados pelo casal Wolff e o grande mérito de terem desfeito a idéia
generalizante no Brasil, de que toda família com nome de árvore
tem ascendência judia. Na sequência, convocou à Mesa a primeira
palestrante do dia, a sócia Dora Alcântara para apresentar o tema: O
Projeto Marialva e o Projeto de Percier. A expositora cumprimen-
tou os presentes e, utilizando o recurso da projeção de imagens, pas-
sou a analisar o projeto arquitetônico da residência de D. Manuel de
Portugal, filho do 1º Conde de Vimioso, construída no século XVI,
em Belém, Portugal. Apontou as alterações que foram feitas por ou-
tro proprietário e passou a ser chamada Quinta de São Lourenço. Até
1727, quando foi adquirida por D. João V e passou a ser conhecida

364 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

como Quinta Real da Praia. A perda da principal propriedade do


4º Marquês de Marialva, destruída pelo terremoto de Lisboa, levou
o rei D. José I a fazer doação dessa Quinta a esse seu estribeiro-mor.
O 6º marquês deste título, D. Pedro José, que viveu anos em Paris,
encomendou o projeto de reforma do então Palácio Marialva ao re-
nomado arquiteto do período napoleônico, Charles Percier. Primo-
rosamente apresentado em 34 pranchas, o projeto que transformaria
a velha Quinta numa vila maneirista italiana, com traços do que fora
feito por Vignola para os Farnesi, em Caprarola, e o tratamento do
jardim concebido como parterre, ora incluindo bosque romântico,
no entanto, não chegou a ser realizado.
4. Comentários: Os sócios Maria de Lourdes Viana Lyra e Victorino
Chermont parabenizaram a expositora pela excelência da análise e
fizeram comentários pertinentes, ressaltando o amplo e aprofundado
conhecimento dos estilos arquitetônicos demonstrados na apresen-
tação.
5. Em seguida, foi convocado à Mesa o sócio Ronaldo Mourão para fa-
lar sobre o tema A origem da “questão do meridiano” Liais versus
Mouchez. O expositor cumprimentou os presentes e, inicialmente,
elogiou o trabalho de Dora Alcântara junto ao IPHAN em relação
ao processo de tombamento do Museu de Astronomia. Passou en-
tão a relatar o trabalho desenvolvido, como participante do Núcleo
de História da Ciência da USP, em 1981, cuja principal meta era a
elaboração de uma história social da ciência no Brasil. Motivado
pelo coordenador do núcleo, Professor Shozo Motoyama, decidiu
analisar a evolução da Astronomia no Brasil pela “questão do meri-
diano”, que deu origem a uma polêmica que envolveu a comunidade
científica no decorrer do século XIX e início do século XX. Iniciou o
estudo a partir da análise das atividades dos astrônomos portugueses
no Brasil, em 1781, cujas determinações das coordenadas geográfi-
cas do território brasileiro foram extremamente precisas para a épo-
ca. A valorização dessas determinações foi colocada em evidência
ao analisar os trabalhos efetuados em meados do século XIX, pelo

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 365


astrônomo, francês Amédée-Ernest-Barthélémy Mouchez (1821-
1892) que detectou um erro de 33 segundos na latitude geográfica
do Rio de Janeiro, determinada pelo astrônomo francês Emmanuel
Liais e pelo brasileiro Antônio Manuel de Mello, ambos diretores do
Imperial Observatório do Rio de Janeiro. De fato, as determinações
de Mouchez (1860) coincidem com as de Sanches Dorta (1781) e
diferem das de Liais e Melo (1858). A razão estava com Mouchez e
Dorta como se verificaria, mais tarde, pelas determinações de lon-
gitude e latitude, efetuadas pelos norte-americanos Green e Davis
(1878).
6. Comentários: Os sócios Tasso Fragoso e Vitorino Chermont felici-
taram o expositor e fizeram observações pertinentes em relação à
construção do Observatório Imperial sobre as ruínas do Convento
dos Jesuítas.
7. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agrade-
ceu o comparecimento dos presentes e convidou-os para o tradicio-
nal café no terraço do IHGB.
8. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 11
b. Número de visitantes presentes: 6
c. Relação de sócios: Victorino Chermont de Miranda, Maria de Lour-
des Viana Lyra, Tasso Fragoso, Carlos Wehrs, Carlos Francisco Mou-
ra, Esther Caldas Bertoletti, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão,
Dora de Alcântara, Cláudio Aguiar, Vasco Mariz e Antonio Izaias da
Costa Abreu.

366 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

ATA DA 11ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 28 DE JULHO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que cumprimentou os presentes,
dispensou a leitura da ata da sessão anterior e convidou à Mesa os
participantes da programada Sessão Temática – O Celeste Império e
o Brasil –, os sócios Lucia Maria Paschoal Guimarães, José Arthur
Rios e Carlos Francisco Moura.
2. O primeiro expositor, Carlos Francisco Moura, cumprimentou os
presentes e passou a expor o tema: Presença Portuguesa na China
(séc. XVI – XIX) e no Japão (se. XVI – XVII) – Relações entre o
Brasil e Macau (sec. XIX), relatando sobre as etapas do seu traba-
lho de pesquisa realizado em arquivos portugueses, que resultou na
produção de inúmeros textos publicados no Brasil e em Portugal,
sendo dois deles traduzidos em chinês e japonês, e publicados nos
respectivos países. São textos que tratam da chegada dos portugue-
ses ao Oriente, do papel desempenhado pelo português Tristão Vaz
da Veiga, capitão-mor da primeira viagem de Macau a Nagasáqui e
da conseqüente fundação do porto dessa última cidade. Além da aná-
lise dos roteiros do comércio e dos livros impressos no Japão, pela
missão jesuíta portuguesa, no decorrer dos séculos XVI e XVII. Ou
seja, as primeiras gramáticas japonesas e os primeiros dicionários ali
publicados. E também do comércio estabelecido pelos portugueses
entre a China e o Japão, dos tipos de naus e galeotas empregadas
na toca da prata e da seda entre os dois países; das implicações da
arquitetura do Namban-ji, o Templo dos Bárbaros do Sul, de Kyo-
to. E ainda, das questões ligadas à chegada dos primeiros colonos
chineses no Rio de Janeiro no início do século XIX, e instalados em
Santa Cruz.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 367


3. O segundo expositor, José Arthur Rios, cumprimentou os presen-
tes, elogiou a erudição de Carlos Moura sobre o tema apresentado,
e passou a expor o tema: A questão chinesa na segunda metade
do século XIX. Partindo da análise da conjuntura política da épo-
ca – no contexto da discussão sobre a abolição do trabalho escravo
e a conseqüente necessidade da imigração –, Arthur Rios ressaltou
as implicações da questão chinesa. Ou seja, centrou a atenção no
surgimento da ideia de se importar o cule (coolie) chinês, mão de
obra que começara a ser explorada na China, pela docilidade e ca-
pacidade de trabalho. Apontou a posição contrária à exploração dos
coolies, pelo cônsul de Portugal em Cuba, Eça de Queiroz; ressal-
tou a opinião favorável à imigração dos chineses para o Brasil do
diplomata Salvador Mendonça; e a ferrenha oposição de Joaquim
Nabuco, Miguel Couto, André Rebouças, José do Patrocínio, contra
o “perigo amarelo”, a “invasão asiática”.
4. A terceira expositora, Lucia Guimarães, cumprimentou os presentes,
expressou sua satisfação pela companhia dos dois primeiros exposi-
tores e passou à exposição do tema: O Império do Cruzeiro do Sul
e a Corte Celeste de Tien-Tsin (1870-1883), explicando que no final
da década de 1870, o governo imperial cogitou contratar trabalha-
dores chineses, para substituir a mão de obra escrava nas grandes
propriedades rurais. O que não constituía novidade, uma vez que
após a transferência da Corte para o Rio de Janeiro, em 1808, o
príncipe regente D. João mandara vir de Macau trezentos agriculto-
res, com o objetivo de introduzir o cultivo do chá, no recém criado
Jardim Botânico. Mas, ao ser retomada a questão do recurso à mão
de obra asiática nos anos setenta as opiniões se dividiram, gerando
intensa polêmica. Até que em 1879, o Gabinete Sinimbu conseguiu
aprovar na Câmara dos Deputados autorização para enviar uma em-
baixada especial ao Celeste Império, com o objetivo de estabelecer
relações diplomáticas. Liderada pelo Almirante Jaceguai, a missão
se alongou por quase um ano e redundou na assinatura do Tratado de
Amizade, Comércio e Navegação entre o Brasil e a China, em 1880.

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

Três anos mais tarde, para tratar da operacionalização do Tratado,


chegou ao Rio de Janeiro o mandarim Tong-King-Sing, personagem
que agitou a Corte, foi recebido pelo imperador em cerimônia do
beija-mão e Machado de Assis dedicou-lhe uma crônica. Apesar dos
esforços diplomáticos, as negociações fracassaram e as autoridades
brasileiras preferiram contratar emigrantes europeus.
5. Comentários: O sócio Eduardo Silva parabenizou os expositores
pela erudição demonstrada na abordagem do tema e comentou sobre
a presença de D. Obá na sessão do beija-mão em que o imperador
recebeu o mandarim, remarcando que todos os abolicionistas eram
contra a proposta de substituição da mão de obra negra pela chinesa.
A sócia Maria de Lourdes Viana Lyra felicitou os expositores pela
excelência das análises apresentadas e destacou a relevante produ-
ção de Carlos Moura sobre um tema ainda tão pouco conhecido,
além de mais uma vez ressaltar a validade das Sessões Temáticas, na
CEPHAS. A sócia Esther Bertoletti sugeriu que fosse elaborado um
dossiê dos textos de Carlos Moura, para maior facilidade de locali-
zação e acesso aos mesmos. O presidente Arno Wehling reiterou as
observações de Maria de Lourdes e ressaltou os perfis diferenciados
dos expositores na abordagem do tema.
6. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agrade-
ceu o comparecimento dos presentes e convidou-os para o tradicio-
nal café no terraço do IHGB.
7. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 22
b. Número de visitantes presentes: 08
c. Relação dos sócios: Arno Wehling, Maria de Lourdes Viana Lyra,
Carlos Francisco Moura, Vera Lúcia Cabana Andrade, Nuno Cas-
tro, Vasco Mariz, Alberto Venancio Filho, Carlos Wehrs, Miridan
Britto Falci, Lucia Maria Paschoal Guimarães, Esther Caldas Ber-
toletti, Eduardo Silva, Mary Del Priore, Maria da Conceição Bel-
trão, Claudio Aguiar, José Arthur Rios, Tasso Fragoso, Cybelle de

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Ipanema, Antônio Celso Alves Pereira, Guilherme Frota, Aniello
Avella, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

ATA DA 12ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 4 DE AGOSTO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que saudou os presentes e soli-
citou à coordenadora para proceder à leitura das atas das duas ses-
sões anterior, no que foi atendido, sendo as mesmas aprovadas com
as correções indicadas. Em seguida, o presidente convocou à Mesa
os participantes da Sessão Temática, Em torno da Fotografia – 70
anos de presença no Brasil, o sócio Pedro Afonso Vasquez e a con-
vidada Maria de Fátima Moraes Argon.
2. Pedro Vasquez cumprimentou os presentes, inicialmente destacou-
se a posição do Brasil como um dos países mais fortes no campo
da Fotografia, anotou o aniversário de 10 anos da morte de Gilberto
Ferrez e dos 60 anos do primeiro estudo sobre a fotografia no Bra-
sil, ao analisar a obra do avô, Marc Ferrez. Em seguida, fez doação
ao IHGB dos livros: Olhar de João – fotografia de um príncipe no
Brasil. São Paulo: Metalivros, 2009; e A princesa Isabel, o gato e
a fotografia. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2010, e passou a expor o
tema: Do Imperador-fotógrafo à Princesa-modelo: um relato de
experiência, explicando a intenção de reconstituir a passagem do
público adulto para o infantil, estabelecendo ao mesmo tempo uma
reflexão acerca do uso criativo das coleções públicas de iconogra-
fias. Por fim, ressaltou que, ao lançar o livro Dom Pedro II e a Fo-
tografia no Brasil, em 1985, comprovou ter sido o Imperador o pri-
meiro fotógrafo de nacionalidade brasileira, além de colecionador,

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

mecenas e patrono de fotógrafos. Agora, 25 anos mais tarde, lançou


A Princesa Isabel, o gato e a fotografia, livro infantil que relata a
vida da princesa a partir das coleções de retratos da Família Imperial
pertencentes ao Museu Imperial e ao Arquivo Grão-Pará, ambos se-
diados em Petrópolis.
3. Fátima Argon, graduada em História e Arquivologia, pós-graduada
em História do Brasil e autora de vários artigos e de publicações
em CDs sobre a Família Imperial, História de Petrópolis, História
da Fotografia, entre outros, cumprimentou os presentes e passou a
expor o tema: A Família Imperial e a Fotografia, abordando a re-
lação da fotografia e da família imperial, a partir da reflexão sobre
o arquivo particular da família imperial sobre a fotografia, acervo
resultante de doações e ordenado por temáticas. O estudo em elabo-
ração se utiliza de um grupo de imagens selecionadas que, somadas
aos documentos escritos relativos à sua produção e aos comentários
a respeito delas, sejam capazes de reunidos lançarem nova luz sobre
o tema. Assim, o diálogo intertextual entre os documentos apresen-
tados servirá como estratégia de análise para revelar aspectos fun-
damentais sobre os usos e as funções da fotografia na vida social e
cultural da sociedade oitocentista.
4. Comentários: Os sócios Aniello Avella, Tasso Fragoso, Maria de
Lourdes Lyra e Arno Wehling felicitaram os expositores e fizeram
observações pertinentes: Avella comentou sobre o significado de
uma foto da imperatriz Tereza Cristina tocando bandolim; Frago-
so solicitou esclarecimentos sobre o trabalho fotográfico de Victor
Frond; Lourdes Lyra ressaltou a validade dos trabalhos apresentados,
por ressaltarem a importância da fotografia como fonte documental;
Arno Wehling solicitou informações mais detalhada sobre a divisão
temática do arquivo de fotografias da família imperial.
5. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agrade-
ceu o comparecimento dos presentes e convidou-os para o tradicio-
nal café no terraço do IHGB.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 371


6. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 12
b. Número de visitantes presentes: 13
c. Relação de sócios presentes: Arno Wehling, Carlos Wehrs, Tasso
Fragoso Pires, Cybelle de Ipanema, Maria de Lourdes Viana Lyra,
Miridan Britto Falci, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Carlos
Francisco Moura, Antonio Izaias da Costa Abreu, Esther Caldas
Bertoletti, Aniello Ângelo Avella, Mary Del Priore e Victorino Cher-
mont de Miranda.

ATA DA 13ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 11 DE AGOSTO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. Os trabalhos foram abertos com a leitura da ata da sessão anterior,
sendo a mesma aprovada sem correção. Em seguida, o Presiden-
te convocou à Mesa o sócio José Octávio de Arruda Mello, para a
apresentação do tema: Dois livros na revelação de uma realidade,
e também os professores convidados Hildete Pereira de Melo e João
Carlos de Mello, para debaterem o texto apresentado.
2. O professor José Octávio cumprimentou os presentes, falou da sua
satisfação em participar mais uma vez da sessão da CEPHAS e, ini-
cialmente, comunicou o motivo específico de sua recente produção:
a chegada aos 70 anos e a consequente aposentadoria compulsória.
Com a intenção de marcar o fato escreveu dois livros: Conflitos e
convergências nas eleições paraibanas de 1982, 2002 e 2006; Da
resistência ao poder: o (P)MDB na Paraíba (1065/1999), cujo ob-
jetivo é o de fornecer uma visão global do cenário político nacio-
nal, nele focando a conjuntura específica da Paraíba, no sentido de

372 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

apontar as vinculações dos agentes políticos envolvidos no plano


estadual, regional e nacional. Seguindo o modelo de análise do fran-
cês Jean Blondel, o estudo procura elaborar um roteiro dos pleitos
eleitorais da Paraíba em momentos diversos para maior abrangência
e compreensão do cenário político regional e nacional.
3. A professora convidada, Hildete Pereira de Melo, cumprimentou o
expositor pela jovialidade e entusiasmo permanente com o trabalho
de pesquisa. E passou a colocar questões pertinentes sobre os textos
apresentados, considerando-os como trabalhos de análise empírica e
minuciosa de grande valia ao conhecimento da realidade paraibana,
mas discordando da concepção de populismo utilizada pelo autor.
4. O professor convidado, João Carlos de Mello, se deteve na análise
de alguns aspectos da eleição de 1982, ocorrida numa conjuntura
marcada pelo crescimento econômico e pelo deslocamento de gran-
de massa da população rural para a cidade. Ressaltando a mobilida-
de socialmente perversa, por tornar o antigo camponês presa fácil da
manipulação da elite majoritária e propiciar a proliferação do popu-
lismo.
5. Face à ausência do terceiro debatedor, Sebastião Nery, a sócia Mi-
ridan Brito leu o texto por ele enviado, no qual o jornalista relata
um episódio ocorrido em 1978 na Bahia por ocasião do encontro
de políticos expoentes do MDB nacional, para o lançamento das
candidaturas da oposição ao Senado. Uma portaria do Ministério da
Justiça proibira concentração em praça pública, mas não em recinto
fechado. Os políticos, liderados por Ulysses Guimarães, romperam
o cerco da Polícia Militar, atravessaram a rua e entraram na sede do
partido para realizarem a reunião. Em seguida, comentou sobre o
cenário político da época, destacando a divisão existente entre ARE-
NA e MDB e a distinção entre “moderados” e “autênticos”, além
de ressaltar a importância do trabalho de José Octávio para melhor
conhecimento dos embates políticos da época na Paraíba.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 373


6. Comentários: O presidente cedeu a palavra ao autor José Octávio
para os comentários finais, sendo complementado por Hildete Perei-
ra e João Carlos em intervenções sobre questões importantes então
assinaladas.
7. O presidente parabenizou os expositores e agradeceu a participação
dos mesmos. Em seguida convocou à Mesa a sócia Miridan Britto
Falci para noticiar aos presentes sua participação na 10º Conferência
da Brazilian Studies Association – BRASA, realizada em Brasília,
apresentando estudo sobre a atuação da mulher no século XIX.
8. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agrade-
ceu o comparecimento dos presentes e convidou-os para o tradicio-
nal café no terraço do IHGB.
9. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 10
b. Número de visitantes presentes: 13
c. Relação de sócios presentes: Vera Lucia Cabana Andrade, Maria de
Lourdes Viana Lyra, Esther Caldas Bertoletti, Cybelle de Ipanema,
Tasso Fragoso Pires, Miridan Britto Falci, Guilherme Frota, Antônio
Celso Alves Pereira e Ronaldo Rogério de Freitas Mourão.

ATA DA 14ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 18 DE AGOSTO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Victorino Chermont de Miranda
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente que, após cumprimentar os pre-
sentes, solicitou a coordenadora a leitura da ata da sessão anterior,
no que foi atendido, sendo a mesma aprovada sem correção. Em
seguida convidou à Mesa os participantes da Sessão Temática – Ân-

374 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

gelo Agostini: 100 anos de morte –, a sócia Isabel Lustosa e o pro-


fessor convidado Marcus Tadeu Ribeiro.
2. Isabel Lustosa falou da sua satisfação em participar da sessão da
CEPHAS e passou a expor o tema O centenário da morte de Ân-
gelo Agostini, apresentando-o como o caricaturista que dominou a
imprensa ilustrada brasileira, nas décadas finais do século XIX. Pon-
tuou os marcos da trajetória do artista nascido na Itália e educado em
Paris, que chegou ao Brasil em 1859, estabelecendo-se inicialmente
em São Paulo, onde estreou na imprensa local com a edição da re-
vista Cabrião. Em 1897, mudou-se para o Rio de Janeiro onde, após
colaborar em alguns periódicos e ser considerado o principal artista
de O Mosquito, criou a Revista Ilustrada, logo destacada como o pe-
riódico mais longevo e influente do gênero, ao circular por 22 anos,
cobrindo acontecimentos marcantes de seu tempo como: a Guerra
do Paraguai; a Questão Religiosa, a Campanha Abolicionista. Além
de ter sido o precursor das histórias em quadrinhos e formado mais
de uma geração de outros caricaturistas no seu estilo, onde predo-
minava as formas arredondadas e o jogo de luz e sombra. Por fim,
a expositora convidou os presentes para participarem do Colóquio
sobre Ângelo Agostini, por ela organizado e realizado a partir do dia
15 de setembro, na Fundação Casa de Rui Barbosa.
3. Marcus Tadeu Ribeiro – doutor em História Social pela UFRJ, pes-
quisador IV do IPHAN e professor de História da Arte na Faculdade
São Bento –, inicialmente expressou sua satisfação por mais uma
vez participar de atividades no IHGB e registrou a presença da ilus-
tre professora Dora Alcântara, a quem prestou especial homenagem.
Em seguida passou a expor o tema: Revista Ilustrada – síntese de
uma época, ressaltando a importância do periódico que circulou no
Brasil entre 1876 e 1898, apresentando-se simultaneamente como
um vigoroso combatente político na campanha da abolição, mas
também como uma revista lida pela família, onde podiam acompa-
nhar as notícias da semana, os assuntos artísticos, literários e tea-
trais. E também demonstrando que o sucesso da Revista Ilustrada

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 375


deveu-se não só à excepcional qualidade artística do hebdomadário,
como também à linguagem popular que apresentava, mesmo quando
tratava de assuntos complexos, valendo-se não apenas da imagem
traçada, mas, sobretudo da imagem de simbologia extraída do vo-
cabulário popular. Entre os aspectos que fizeram com que o público
se identificasse com esse periódico, encontra-se a independência de
opinião que caracterizou sua atuação pelo menos até o advento da
República.
4. Comentários: Os sócios Victorino Chermont de Miranda, Ronaldo
Mourão e Lourdes Lyra cumprimentaram os expositores pela exce-
lência das análises apresentadas e colocaram questões pertinentes
sobre o tema: o primeiro, solicitando esclarecimento sobre a con-
servação das matrizes utilizadas pelo artista; o segundo, comentan-
do sobre a cobertura feita por Agostini, na ocasião da passagem de
Venus; a terceira, remarcando o amplo e profundo conhecimento
dos expositores na abordagem do tema e agradecendo aos mesmos
pela participação. Os convidados Claudio Antônio Monteiro e Sér-
gio Severino de Azevedo solicitaram informações sobre a formação
artística e ideológica do artista e sobre a distinção existente entre
ilustração e caricatura.
5. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agrade-
ceu o comparecimento dos presentes e convidou-os para o tradicio-
nal café no terraço do IHGB.
6. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 09
b. Número de visitantes presentes: 08
c. Relação dos sócios: Victorino Chermont de Miranda, Carlos Wehrs,
Esther Caldas Bertoletti, Tasso Fragoso Pires, Ronaldo Rogério de
Freitas Mourão, Dora Alcântara, Antonio Izaias da Costa Abreu e
Maria de Lourdes Viana Lyra

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

ATA DA 15ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 25 DE AGOSTO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que saudou os presentes e solici-
tou à coordenadora para proceder à leitura da ata da sessão anterior,
no que foi atendido, sendo a mesma aprovada sem correção. Em
seguida, foi convocado à Mesa o sócio correspondente Edivaldo Bo-
aventura, para apresentar o tema: Construindo a história das uni-
versidades baianas.
2. Edivaldo Boaventura cumprimentou os presentes, e comunicou que,
em comemoração aos 20 anos de vida societária no IHGB, comple-
tados no ano em curso, apresentaria o tema abordado no seu livro
A construção da universidade baiana: objetivos, missões e afro-
descendência, no qual registra a disseminação da educação supe-
rior pelo território baiano, as missões e experiências vivenciadas no
exterior e a liderança na educação dos membros afrodescendentes.
Também comentou sobre a publicação da obra, por ele organizada,
e intitulada Jorge Calmon, o jornalista, que fora igualmente sócio
correspondente do IHGB. No final fez doação dos dois livros à Bi-
blioteca do IHGB.
3. O presidente agradeceu ao consócio, ressaltando o papel por ele de-
sempenhado não apenas de autor, mas também de artífice da luta em
prol da Educação no Estado da Bahia. Em seguida convocou à Mesa
a sócia Cybelle de Ipanema e o convidado Nelson Senra para expo-
rem temas relativos à construção da Capital Federal, Brasília.
4. Nelson Senra cumprimentou os presentes, falou da satisfação em
participar da sessão da CEPHAS e passou a expor o tema Veredas de
Brasília. O papel do IBGE, com o objetivo de ressaltar que JK não
começou Brasília do zero; que muita coisa foi feita antes, sob pena

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 377


de não lhe ter sido possível construí-la em quatro anos; que entre as
muitas realizações anteriores, várias tiveram a chancela do IBGE,
com realce às expedições geográficas demarcadoras em 1947-1948.
Demonstrou que o IBGE também esteve presente no que seguiu
no tempo, com a oportuna e competente atuação de vários de seus
melhores técnicos. Com realce da inolvidável catequese mudancista
do fundador do IBGE, Mário Augusto Teixeira de Freitas, a quem
o IBGE homenageia recuperando essa história, com a edição do li-
vro – Veredas de Brasília. As expedições geográficas em busca de
um sonho –, organizado pelo expositor, que após sua fala doou um
exemplar do mesmo à Biblioteca do IHGB, além de outro de sua
autoria, o 4º volume da História das Estatísticas Brasileiras: Esta-
tísticas Formalizadas.
5. Cybelle de Ipanema cumprimentou os presentes e passou a expor
o tema Uma candanga antes dos candangos: vivência de uma Ex-
pedição Geográfica, recuperando os aspectos técnicos e científicos
da 1ª Expedição Geográfica, da Comissão de Estudos para a Lo-
calização da Nova Capital do Brasil, presidida pelo gen. Djalma
Polli Coelho, enviada ao Planalto Central, pelo presidente Eurico
Gaspar Dutra, no cumprimento da Constituição de 18 de setembro
de 1946. Foi ela a Secretária Científica da Expedição, sob seu nome
de solteira, Cybelle Bouyer, aluna concluinte do Curso de Geografia
e História da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do
Brasil, e enviada pelo Conselho Nacional de Geografia – IBGE, para
estudar sítios para a localização da futura Brasília. Durante mais de
dois meses, de junho a agosto de 1947, a Expedição, de 33 técnicos,
percorreu 18.000 km, em exaustivo estudo de Geografia Física e Ge-
ografia Humana, do Triângulo Mineiro à Chapada dos Veadeiros,
em Goiás. Foi organizada e comandada pelo geógrafo e professor
francês, Francis Ruellan, da Faculdade e do Conselho Nacional de
Geografia. Com apoio em power point, as imagens projetadas deram
um panorama do trabalhoso e patriótico esforço daqueles pioneiros
investigadores, na resolução do grande problema nacional da inte-

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

riorização da capital. A expositora intercalou sua fala com passagens


pitorescas, como disse amenizadoras da dureza do cometimento.
6. Comentários: o sócio José Arthur Rios ressaltou a importância das
apresentações do dia, elogiando Edvaldo Boaventura, pela habitual
erudição e atuação destacada na área da educação; e parabenizando
Cybelle de Ipanema e Nelson Senra, pelo destaque que fizeram sobre
a importância do trabalho dos geógrafos, ainda pouco reconhecidos
no Brasil. O sócio Alberto Venancio solicitou informações sobre a
participação de Lucas Lopes. O presidente Arno Wehling agradeceu
aos dois últimos expositores pela destacada contribuição ao conhe-
cimento do tema.
7. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agra-
deceu o comparecimento dos presentes, convidando-os para Sessão
Comemorativa do Cinquentenário da Fundação de Brasília, a ser
realizar em seguida, na Sala Pedro Calmon, com a conferência do
jornalista Claudio Bojunga: A questão da revisão histórica: o caso
Juscelino Kubitschek.
8. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 15
b. Número de visitantes presentes: 11
c. Relação de sócios presentes: Arno Wehling, Carlos Francisco Mou-
ra, José Arthur Rios, Edivaldo Machado Boaventura, Eduardo Silva,
Marilda Ciribelli, Luiz de Castro Souza, Tasso Fragoso Pires, Esther
Caldas Bertoletti, Alberto Venancio Filho, Antônio Izaias da Costa
Abreu, Dora Alcântara, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Cybel-
le de Ipanema e Maria de Lourdes Viana Lyra.

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ATA DA 16ª SESSÃO DA CEPHAS
DE 1 DE SETEMBRO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que saudou os presentes e solici-
tou à coordenadora para proceder à leitura da ata da sessão anterior,
no que foi atendido, sendo a mesma aprovada sem correção. Em
seguida, foi convocado à Mesa o convidado Nireu Cavalcanti, dou-
tor em História pela UFRJ e professor no curso de pós-graduação –
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, para
apresentar o tema: João Rodrigues Pereira de Almeida: barão de
Ubá (1774-1829).
2. Nireu Calvalcanti agradeceu o convite, expressou sua satisfação em
participar mais uma vez da sessão da CEPHAS, e passou a abordar o
tema, inicialmente esclarecendo tratar-se da apresentação dos dados
complementares à biografia do comerciante português João Rodri-
gues Pereira de Almeida, foco central de um trabalho de pesquisa em
andamento. Em seguida, explicitou os passos iniciais da pesquisa; a
análise dos dados obtidos no passaporte do personagem, datado de
6 de junho de 1791; sua chegada ao Rio de Janeiro, com apenas 17
anos de idade para exercer a função de caixeiro na loja do tio, Anto-
nio Ribeiro de Avelar, comerciante de destaque na capital do Brasil e
dono da fazenda Pau Grande, ainda hoje existente. Por fim, ressaltou
fatos nos quais João Rodrigues foi personagem central e desperta-
ram o interesse de historiadores, como: ter sido o primeiro patrão de
Irineu Evangelista de Sousa, depois barão de Mauá; e proprietário
do palacete situado na esquina da Rua da Constituição com o Campo
de Santana, posteriormente adquirido pelo governo para instalação
do Real Museu de História Natural, depois ocupado pelo Arquivo
Nacional e ainda hoje existente. O que reforça o interesse em avan-

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

çar na pesquisa para melhor conhecer as relações estabelecidas ao


longo da sua trajetória, partindo da função de caixeiro a merecedor
do título de barão de Ubá.
3. Comentários: Os sócios Ondemar Dias, Marilda Ciribelli, Marcos
Sanches, Arno Wehling e Lourdes Lyra felicitaram o expositor pela
importância da pesquisa em elaboração: por possibilitar a ampliação
do campo de análise sobre as ligações existentes entre os grupos
mercantis de Lisboa e do Rio de Janeiro; e entrever os vínculos exis-
tentes entre os comerciantes do Brasil e de Buenos Aires; além de
parabenizarem o expositor pela eloquência e tenacidade na busca da
documentação referente.
4. O Presidente convocou à Mesa a sócia Marilda Ciribelli para apre-
sentação e lançamento do livro de sua autoria O Escravo no Tea-
tro Plautino. A professora começou sua fala demonstrando a im-
portância das fontes primárias localizadas na cidade de Urbino, na
Itália, das quais se valeu para redigir o livro ora editado. Enfatizou
a importância de Plauto, não só como fonte de divertimento por sua
indiscutível veia cômica, mas também pela credibilidade que trans-
passa em todas suas Comédias. Esclareceu que apenas realçaria al-
guns pontos fulcrais do comediógrafo; comentou o estatuto jurídico
do escravo na época em que Plauto viveu; os aspectos humanos e
sociais do seu teatro e, principalmente sua originalidade, que o le-
vou a fazer do escravo a figura central de suas comédias; razão pela
qual formulou a tese, que Plauto foi a fonte literária mais importante
para o estudo da escravidão na Roma Republicana; não só por ser
o escravo um tema onipresente em sua obra, mas também por seu
humanismo, mantendo sua atualidade e intemporalidade. Ao finali-
zar sua fala, a professora doou um exemplar do livro ao presidente e
outro à Biblioteca do IHGB.
5. Em seguida falaram a professora Gisele Aires Barbosa e o professor
Arno Wehling, como primeiros leitores críticos do texto ainda iné-
dito. A professora ressaltou o tratamento acurado dado às fontes; a
excelência do estudo sobre a escravidão romana e sobre a distinção

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entre o teatro grego e romano. O professor Arno Wehling, que prefa-
ciou o livro, falou da sua relação com o tema abordado, destacou o
trabalho de pesquisa realizado com dedicação, competência e entu-
siasmo por Marilda Ciribelli e, sobretudo ressaltou a importância da
fonte literária utilizada, por revelar o mal estar civilizacional com a
escravidão, percebida em Plauto e também no cristianismo.
6. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agra-
deceu o comparecimento de todos e convidou-os para o coquetel
oferecido pela autora pelo lançamento do livro no terraço do IHGB.
7. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 20
b. Número de visitantes presentes: 44
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Cybelle de Ipanema,
Miridan Britto Falci, Mary Del Priore, Antônio Celso Alves Perei-
ra, Carlos Wehrs, Marilda Ciribelli, Lucia Guimarães, Vera Lucia
Cabana, Marcos Sanches, Ondemar Dias, Carlos Francisco Moura,
Eduardo Silva, Tasso Fragoso Pires, Melquíades Pinto Paiva, Claú-
dio Aguiar, Maria Beltrão, Armando de Senna Bittencourt, Ronaldo
Rogério de Freitas Mourão e Maria de Lourdes Viana Lyra.

ATA DA 17ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 8 de SETEMBRO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Lucia Maria Paschoal Guimarães
1. A sessão foi aberta pelo presidente Arno Wehling, que cumprimen-
tou os presentes, e solicitou a subcoordenadora da CEPHAS para
proceder à leitura da ata da sessão anterior, no que foi atendido, sen-
do a mesma aprovada sem correções. Na sequência, chamou à Mesa
a primeira palestrante da tarde, a professora Vanda Anastácio para

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

expor a comunicação “Ciência e Geopolítica: alguns aspectos da


política européia de apoio à investigação”. Vanda Anastácio é dou-
tora em Letras e atua na Universidade de Lisboa. Autora de diversas
obras, nos últimos anos tem se dedicado ao estudo crítico das obras
e da correspondência da marquesa de Alorna.
2. Resumo da Exposição:
Vanda Anastácio agradeceu o convite e externou o seu contentamen-
to de participar das atividades da CEPHAS. Introduzindo o tema da
sua intervenção, salientou que nos programas de financiamento para
a criação de redes de investigação científica a nível europeu pouco
se fala do Brasil, ou de propostas de cooperação científica com o
Brasil, sobretudo no âmbito das ciências humanas. No entender de
Vanda, essa ausência seria explicável se esses mesmos programas
não considerassem como parceiros elegíveis outros países não euro-
peus, inclusive da América do Sul, a exemplo da Argentina. Acom-
panhada de gráficos e de mapas, a expositora teceu reflexões sobre
os fundamentos possíveis para os pressupostos que explicariam essa
“ausência” do Brasil, à luz do caso concreto do programa COST
((European Cooperation in Science and Technology) e da experiên-
cia que vem desenvolvendo na Ação IS0901 Women Writers in His-
tory apoiada pela European Science Foundation, dirigida pela Prof.
Suzan van Dijk do Huyguens Institute, Haia, Holanda.
3. Comentários:
O convidado Luís Severiano Soares Rodrigues externou comentário
sobre a comunicação e o presidente Arno Wehling cumprimentou-a
pela atualidade do tema.
4. Encerrada as intervenções, Arno Wehling passou a palavra à segun-
da palestrante da tarde, a sócia titular Maria de Lourdes Viana Lyra,
para apresentar a comunicação “Memória da Independência: Mar-
cos e Representações Simbólicas”.

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5. Resumo da exposição:
Maria de Lourdes, inicialmente, parabenizou Vanda Anastácio pela
exposição concisa e objetiva. Em seguida, manifestou sua satisfação
de participar como expositora das atividades da CEPHAS. Esclare-
ceu que o objetivo do texto, ora reapresentado, é de resgatar o sen-
tido histórico dos acontecimentos que definiram o Sete de Setembro
como marco fundador da nacionalidade brasileira. Nesse sentido,
discutiu a historiografia pertinente, examinou fontes históricas, em
especial, documentos, discursos políticos e jornais de época, bus-
cando identificar os condicionamentos políticos, que encaminharam
a definição do Grito do Ipiranga como o ato inconteste da procla-
mação da Independência do Brasil. Analisou, também, a dimensão
simbólica da construção dessa memória na forma de sua represen-
tação pictórica, através das telas de René François Moreaux, datada
de 1844, exposta hoje em dia no Museu Imperial de Petrópolis; da
gravura em madeira, a partir do esboço de Pedro Américo, publicada
em 1870, na revista Ilustração Luso-Brasileira, editada em Londres;
e do conhecido quadro do pintor Pedro Américo, datado de 1888,
atualmente no acervo do Museu Paulista.
6. Comentários: A sócia emérita Cybelle de Ipanema felicitou a pales-
trante pela abordagem do tema e pelo uso de fontes hemerográficas.
Lembrou o papel desempenhado pelo jornal Revérbero Constitucio-
nal Fluminense, de Gonçalves Ledo e Januário da Cunha Barbosa
no processo da emancipação política brasileira. O presidente Arno
Wehling, bem como os convidados Luís Severiano Soares Rodri-
gues e Maria Arair Pinto Paiva, da Universidade Federal Fluminen-
se, também levantaram questões pertinentes, que foram respondidas
pela expositora.
7. Ao final dos comentários, nada mais havendo a tratar, o presidente
Arno Wehling encerrou os trabalhos e convidou a todos para o tra-
dicional café no terraço do Instituto.

384 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

8. Frequência: assistentes
a. Número de sócios presentes: 11
b. Número de convidados: 30
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Cybelle de Ipanema,
Carlos Wehrs, Tasso Fragoso Pires, Maria de Lourdes Viana Lyra,
Carlos Francisco Moura, Ronaldo Mourão, Claudio Aguiar, Dora M.
S. Alcântara, Miridan Britto Falci e Lucia Maria Paschoal Guima-
rães

ATA DA 18ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 15 DE SETEMBRO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Lucia Maria Paschoal Guimarães
1. A sessão foi aberta pelo presidente Arno Wehling, que cumprimen-
tou os presentes, e solicitou a subcoordenadora da CEPHAS para
proceder à leitura da ata da sessão anterior, no que foi atendido,
sendo a mesma aprovada sem correções. Na sequência, chamou à
Mesa o primeiro palestrante da tarde, o Professor Alexandre Mansur
Barata para expor a comunicação “Sociabilidade maçônica e inde-
pendência do Brasil (1829-1822”. Alexandre Barata é doutor em
História pela UNICAMP, docente do Programa de Pós-Graduação
de História da Universidade Federal de Juiz de Fora, pesquisador
colaborador do PRONEX/CNPq/FAPERJ “Dimensões da cidadania
no oitocentos”, bolsista da FAPEMIG – Programa Pesquisador Mi-
neiro e autor de dois livros sobre a problemática da maçonaria no
Brasil.
2. Resumo da Exposição:
O Professor agradeceu o convite e externou o seu contentamento de
participar das atividades da CEPHAS. Assinalou que o objetivo da

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 385


sua comunicação é de analisar a inserção da sociabilidade maçônica
na América Portuguesa, especialmente na cidade do Rio de Janei-
ro, na virada do século XVIII para o século XIX. Neste sentido,
escorado em fontes de época, inclusive na correspondência de Luis
Joaquim dos Santos Marrocos, procura identificar as motivações em
torno do pertencimento à maçonaria e as conexões existentes entre
os maçons dos dois lados do Atlântico. O desenvolvimento dessas
questões ajuda a compreender como a sociabilidade proporcionada
pelas lojas maçônicas acabou por contribuir para a construção de
uma cultura política marcada pela prática do debate, da crítica e da
representação, fundamental para o entendimento do período que an-
tecedeu a Independência.   
3. Comentários:
Os sócios Lucia Guimarães e Tasso Fragoso felicitaram o autor pela
exposição e fizeram comentários pertinentes, assim como o convi-
dado Alex Nicolaef. O presidente Arno Wehling cumprimentou-o
pela abordagem do tema e aproveitou levantar questão a respeito da
existência de correntes políticas divergentes dentro da maçonaria,
durante o movimento que levou à independência.
4. Encerrada as intervenções, Arno Wehling registrou o lançamento da
coletânea “Culturas cruzadas em Português: redes de poder e rela-
ções culturais” (Coimbra, Editora Almedina, 2010), organizada pela
sócia Lucia Maria Paschoal Guimarães e pela professora Cristina
Montalvão Sarmento da Universidade Nova de Lisboa. Em seguida,
convocou o sócio Marcos Monteiro, o segundo palestrante da tarde,
para apresentar o livro “Caminhos do Rio a Juiz de Fora”, organi-
zado por Maria Cristina Wolf de Carvalho (São Paulo: M. Carrilho
Arquitetos, 2010).
5. Resumo da exposição:
Marcus Monteiro agradeceu a oportunidade de apresentar o livro, na
sessão da CEPHAS. Esclareceu que o projeto da obra se iniciou du-
rante a sua gestão como diretor-geral do Instituto Estadual do Patri-

386 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

mônio Artístico e Cultural (INEPAC) e teve continuidade após haver


deixado o cargo, contando com o patrocínio da Bradesco Seguros e
Previdência e da CONCER. Segundo Marcus, o objetivo do livro é
recuperar o processo de abertura de rotas entre o Rio de Janeiro e as
Minas Gerais, depois da descoberta do ouro, nos seus mais diversos
aspectos, com ênfase nos aspectos relativos ao patrimônio cultural.
Do ponto de vista historiográfico, a coletânea compreende seis en-
saios temáticos, e reúne farto material iconográfico, entre pinturas,
fotografias, desenhos, além de mapas e roteiros que procuram situar
o leitor. Após esses esclarecimentos, Marcus chamou à Mesa as ar-
quitetas Maria Cristina Wolf de Carvalho e Beatriz Blay, as ideali-
zadoras do livro, que fizeram uma alentada exposição de todo o pro-
cesso de preparo dos originais, desde o início do projeto, detendo-se
na parte iconográfica e cartográfica.
6. Comentários
A sócia Dora Alcântara felicitou Marcus Monteiro e sublinhou o tra-
balho por ele realizado à frente do INEPAC. A sócia emérita Cybelle
de Ipanema cumprimentou-o por mais esta iniciativa, e salientou que
a resenha de outra obra coordenada por Monteiro, foi publicada na
Revista do Instituto Histórico do Rio e Janeiro.
7. Ao final dos comentários, nada mais havendo a tratar, o presidente
Arno Wehling encerrou os trabalhos e convidou a todos para o co-
quetel de lançamento do livro Caminhos do Rio a Juiz de Fora.
8. Frequência: assistentes
a. Número de sócios presentes: 08
b. Número de convidados: 59
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Cybelle de Ipanema,
Tasso Fragoso, Marcus Monteiro, Dora Alcântara, Alberto Venan-
cio, Victorino Chermont de Miranda e Lucia Paschoal Guimarães.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 387


ATA DA 19ª SESSÃO DA CEPHAS
DE 6 DE OUTUBRO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que saudou os presentes e solici-
tou à coordenadora para proceder à leitura da ata da sessão anterior,
no que foi atendido, sendo a mesma aprovada sem correção. Em
seguida, foi convocada à Mesa a convidada Maria Arair Pinto Paiva
para falar sobre o tema: Pensamento jus-filosófico de Clóvis Bevi-
láqua no final do século XIX.
2. A Professora cumprimentou os presentes, externou seu contenta-
mento de participar pela segunda vez das atividades da CEPHAS e
passou à abordagem do tema, centrando a análise na obra Juristas
Philosophos, escrita em 1897, com o objetivo de detectar as princi-
pais concepções da filosofia do direito que influenciaram Clóvis Be-
viláqua ao elaborar o ante-projeto do 1º Código Civil Brasileiro, em
1916. Buscando ampliar a compreensão sobre questões importantes
ao estudo da evolução da história do direito no Brasil a expositora
centrou a atenção no debate de variadas escolas jurídicas que influ-
íram nesta evolução, e na metodologia adotada por alguns dos jus-
filósofos, estudados pelo autor. Além de estacar o cientificismo rei-
nante na “Escola do Recife”, da qual o autor fora membro expoente,
para demonstrar sua intenção objetiva em formular uma concepção
científica do direito.
3. Comentários: Os sócios Arno Wehling, Maria de Lourdes Lyra e
Vera Cabana felicitaram a professora pela excelente abordagem do
tema e levantaram questões pertinentes relativas à obra de Clóvis
Beviláqua. O presidente ressaltou a busca de um fio historicista e a
consequente impossibilidade de transcender o determinismo, carac-
terística própria de sua geração.

388 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

4. Na sequência, o Presidente convidou à mesa os participantes da Ses-


são Temática – João Ribeiro, Sesquicentenário de Nascimento –,
a sócia Vera Cabana Andrade e as convidadas Beatriz Boclin Mar-
ques dos Santos – doutora em Educação pela UFRJ e professora no
Colégio Pedro II – e Arlete Medeiros Gasparello – doutora em Edu-
cação e professora da UFF. Vera Cabana expressou sua satisfação
pelo encargo da organização dessa sessão, e explicou o objetivo da
apresentação, ou seja, analisar a trajetória do intelectual e historia-
dor João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes em diferentes ativi-
dades acadêmicas, como: membro do centro de aperfeiçoamento de
professores “Pedagogium”; representante comissionado do Governo
brasileiro para analisar o processo de instrução pública na França,
Inglaterra, Holanda e Alemanha; escritor da ABL, professor cate-
drático do Colégio Pedro II; sócio do IHGB. Além de destacar sua
produção literária, artística e científica, através da exemplificação de
seus textos veiculados pela imprensa, e da inovação na concepção
dos estudos históricos brasileiros, traduzida em seus livros didáti-
cos.
5. A professora Arlete Gasparello analisou a contribuição do professor
João Ribeiro na configuração da disciplina História em sua forma
escolar e na perspectiva de uma pedagogia da nação republicana.
Tomando como foco de análise o livro História do Brasil, publicado
em 1900 e direcionado ao ensino secundário e superior, demonstrou
o quanto essa obra significou a emergência de uma nova fase na
historiografia didática e no contexto de renovação dos estudos sobre
a história nacional. Além de ter alcançado grande repercussão no
mundo letrado e no reconhecimento do autor, como historiador.
6. A professora Beatriz Boclin analisou a influência do pensamento
historiográfico do professor catedrático João Ribeiro no ensino de
História do Colégio Pedro II, no decorrer das primeiras décadas do
século XX. Tomou como base a análise dos seus livros didáticos,
escritos para os alunos do Colégio Pedro II, e também os programas
de ensino por ele elaborados, para destacar as mudanças então pro-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 389


vocadas pelas propostas inovadoras no ensino de História.
7. Comentários: O presidente Arno Wehling agradeceu a participação
das professoras e parabenizou-as pela forma de abordagem do tema.
Aproveitou a ocasião para ressaltar a importância da atuação do his-
toriador João Ribeiro no cenário intelectual da época.
8. Por último, o Presidente convocou à Mesa o sócio correspondente
brasileiro, Dom Carlos de Saxe-Coburgo e Bragança, para apresen-
tar o livro de sua autoria: Dom Pedro II em Viena. 1871 e 1877. Je
veux voir tout et tout étudier.
9. Dom Carlos, trineto do imperador e pesquisador incansável, cum-
primentou os presentes, agradeceu o convite do presidente, externou
sua satisfação de apresentar no IHGB o resultado de suas pesquisas
realizadas nos arquivos de Viena e recém publicada em livro, editado
pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. Em seguida,
passou a discorrer sobre o teor do livro, ou seja, sobre as motivações
e os acontecimentos ocorridos nas duas viagens realizadas por Dom
Pedro II a Viena, cidade natal de sua mãe e onde sua filha, também
Leopoldina, havia passados os últimos anos de sua curta vida. Apon-
tando o pouco conhecimento que ainda persiste na historiografia, so-
bre essas duas viagens a Áustria, e identificando o imperador como
o “órfão da nação”, Dom Carlos dissertou sobre os encontros entre
o imperador e seus familiares, membros da realeza austríaca. Além
das visitas aos locais em que viveu e repousava a filha querida, as
idas frequentes aos museus, aos teatros, aos espetáculos de ópera e
música, às instituições hospitalares, de caridade e culturais, no afã
de “voir tout et tout étudier”.
10. O presidente Arno Wehling felicitou o expositor pela excelência
da apresentação e ao sócio Carlos Humberto Corrêa, presidente do
IHGSC, pela iniciativa de publicação do livro que, sem dúvida, re-
presenta contribuição valiosa à memória histórica.
11. Nada mais havendo a tratar, o presidente encerrou a sessão, agrade-
ceu o comparecimento de todos e convidou-os para o lançamento do

390 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

livro em pauta no terraço do IHGB.


12. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 14
b. Número de visitantes presentes: 29
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Vera Cabana Andrade,
Tasso Fragoso Pires, Carlos Francisco Moura, Dom Carlos Tasso de
Saxe-Coburgo e Bragança, Melquíades Pinto Paiva, Cláudio Aguiar,
Armando de Senna Bittencourt, Carlos Wehrs, Maria Beltrão, Vic-
torino Chermont de Miranda, Dora Alcântara e Maria de Lourdes
Viana Lyra

ATA DA 20ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 13 DE OUTUBRO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Vera Cabana Andrade
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que cumprimentou os presentes,
informou sobre a não leitura da ata da sessão anterior, convocou à
Mesa a convidada, Lena Castello Branco Ferreira de Freitas – douto-
ra em História e professora da UFGO –, para apresentar o tema: Do
interior mais distante: uma história de poder e paixão.
2. A professora agradeceu o convite e iniciou a exposição criticando
a escrita da História do Brasil que, em sua produção majoritária, é
elaborada a partir “do ponto de vista das regiões mais desenvolvidas
do país”. Ao mesmo tempo em que passou a discorrer sobre o livro
de sua autoria, Poder e paixão: a saga dos Caiado, que versa sobre
o longínquo e isolado continente goiano, a partir da história da fa-
mília Caiado, ali estabelecida no século XVIII. Estudo que enfoca
momentos marcantes da História do Brasil e de Goiás e resulta de
pesquisas feitas em arquivos públicos e privados e, nestes, acervos

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 391


pessoais e iconográficos, além de cartas que dão voz aos “decaídos”
– os políticos vencidos de 1930. A análise se estende até a transfe-
rência da capital federal para Brasília, em 1960, por força da Lei
Emival Caiado, de 01.10.1957.
3. Comentários: O presidente parabenizou a expositora pela qualidade
do trabalho de pesquisa que mostra, “em corte monográfico, a tessi-
tura interna da sociedade”, e agradeceu a doação dos livros: Poder
e paixão: a saga dos Caiado; Arraial e Coronel: dois estudos de
História Social; e de um exemplar da Revista do IHGGO. A sócia
Cybelle de Ipanema felicitou a autora pela criteriosa pesquisa e be-
leza do texto, aproveitando a ocasião para sugerir novas pesquisas
sobre outras importantes personalidades do interior.
4. Em seguida, o Presidente convocou à Mesa o segundo expositor, o
convidado Álvaro Pereira do Nascimento – professor da UFRRJ e
pesquisador do PRONEX, CNPq/FAPERJ, do PROCAD-CAPES –
para expor o tema: Revolta da Chibata: o movimento que marcou a
história da Marinha de Guerra.
5. O Professor agradeceu o convite e iniciou a exposição fazendo críti-
ca à instituição militar que não programou um evento comemorativo
do “Centenário da Revolta dos Marinheiros de 1910”. E passou a
falar sobre a revolta comandada pelos marinheiros negros João Cân-
dido Felisberto, Francisco Dias Martins, André Avelino e Manoel
Gregório do Nascimento, que agitou a cidade do Rio de Janeiro e
a ameaçou de bombardeio caso as reivindicações da marujada não
fossem atendidas. Entre os dias 22 e 26 de novembro de 1910, os
marinheiros tomaram quatro poderosas embarcações, mataram ofi-
ciais e alguns marinheiros e atiraram contra a cidade. Além de exi-
girem a abolição de castigos corporais como a chibata, o aumento
do soldo, uma melhor distribuição do exaustivo serviço diário, a for-
mação educacional dos seus colegas indisciplinados e o afastamento
dos oficiais que excediam, quando puniam corporalmente.

392 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

6. Comentários: O Presidente agradeceu a participação do convidado e


destacou a figura do jurista Clóvis Beviláqua como redator do novo
Código Disciplinar da Marinha. O almirante Domingos Castello
Branco, presidente do Clube Naval, elogiou o trabalho de pesquisa
apresentado, considerando que a Revolta de 1910 levou a grandes
mudanças na Marinha, tais como a abolição dos castigos físicos,
além de melhorias no processo de recrutamento e formação de ofi-
ciais.
7. Foi então convocado à Mesa o terceiro e último convidado Cláu-
dio Antônio Santos Monteiro – doutor pela Université de Strasburg/
França e professor da Universidade Severino Sombra, Vassouras/RJ
– para apresentar o tema: França e Brasil: do Império à República
(1850-1891).
8. O professor agradeceu o convite pela oportunidade de voltar a CE-
PHAS para apresentar as conclusões de seu trabalho de pesquisa
realizado a partir do exame das fontes diplomáticas do Ministério de
Assuntos Estrangeiros – Quai d’Orsay, para a elaboração de sua tese
de doutorado. Passou então a discorrer sobre o mesmo: explican-
do que as fontes diplomáticas foram cruzadas com as informações
sobre o Brasil, publicadas na imprensa parisiense e nos escritos de
publicistas franceses, com o objetivo de conhecer e analisar, na III
República Francesa, a formação de uma imagem valorativa do Im-
pério do Brasil entre 1870 e 1891.
9. O Presidente agradeceu a participação do convidado, lembrando que
a questão central na discussão sobre a forma de governo e sobre a
evolução democrática do Estado brasileiro foi analisada, nesta tem-
poralidade histórica, pelo jurista Rui Barbosa.
10. Antes de encerrar a sessão, o Presidente recebeu do senhor Gilber-
to Mendonça Teles os livros de sua autoria Vanguarda Européia
e Modernismo e Contramargem – Estudos de Literatura, doados
à Biblioteca do IHGB. Nada mais havendo a tratar, Arno Wehling
agradeceu o comparecimento dos presentes e convidou-os para o

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tradicional café no terraço do IHGB.
11. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 11
b. Número de convidados: 12
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Cybelle de Ipanema,
Carlos Wehrs, Tasso Fragoso Pires, Cláudio Aguiar, Ronaldo Ro-
gério de Freitas Mourão, Carlos Francisco Moura, Maria Beltrão,
Vasco Mariz e Vera Cabana Andrade.

ATA DA 21ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 27 DE OUTUBRO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Victorino Chermont de Miranda
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que cumprimentou os presentes
e solicitou à coordenadora para proceder à leitura das atas das duas
sessões anteriores, no que foi atendido, sendo as mesmas aprova-
das sem correção. Na sequência, o sócio Hélio Leôncio Martins se
pronunciou sobre um dos temas apresentados na sessão anterior, A
Revolta da Chibata, solicitando que lhe fosse permitido falar sobre
o mito João Cândido em ocasião oportuna, no que foi atendido pela
coordenadora.
2. Foi então convocada à Mesa a convidada Suely Robles de Queiroz
– mestra, doutora e livre-docente em História do Brasil; professora
dos Cursos de Pós-graduação do Departamento de História da USP;
autora, entre outros livros, de Escravidão negra em São Paulo (Rio
de Janeiro, José Olímpio/ Brasília, INL, 1977); A abolição da es-
cravidão (São Paulo, Brasiliense, 1981); Escravidão negra no Bra-
sil (São Paulo. Ática, 1987); Os radicais da República (São Paulo,

394 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

Brasiliense, 1986) - para falar sobre o tema: O processo político no


Brasil-Império: tendências, singularidades e controvérsias histo-
riográficas.
3. A Professora agradeceu o convite, expressou seu contentamento
por participar da sessão da CEPHAS e passou a apresentar o tema
proposto. Iniciou a exposição fazendo considerações sobre o título
escolhido para o livro recém-publicado – Política e Cultura no Im-
pério Brasileiro (Coleção “Tudo é História”, São Paulo, Brasiliense,
2010); esclarecendo tratar-se da evolução política do Brasil durante
o longo tempo de 67 anos em que o país foi governado sob a forma
de uma monarquia constitucional; que o estudo do processo político
no Império revela tendências ideológicas e oposições institucionais
que ultrapassam o Brasil monárquico e dão margem a controvérsias
historiográficas recorrentes na história do País; e que a escolha do
tema justificou-se pela vastidão do período, que exige necessaria-
mente do pesquisador, sínteses e opções de natureza metodológica,
em geral arbitrária, mas determinadas pelo enfoque estabelecido.
Por fim, comentou sobre a abordagem de singularidades ainda pou-
co exploradas, como a presença de mulheres na vida pública, cuja
atuação as qualificou como agentes históricos bem mais relevantes
do que sempre se supôs.
4. Comentários: Os sócios Helio Leôncio Martins e Maria de Lourdes
Lyra felicitaram a Professora pela excelente abordagem do tema. O
primeiro parabenizou-a pela pesquisa bibliográfica, aproveitando
para destacar a qualidade da análise apresentada no livro Os radi-
cais da República e expressando a satisfação em ouvi-la. A segunda
remarcou a atuação da Professora, como destacada assistente do pro-
fessor catedrático, Sérgio Buarque de Holanda, na USP. Ressaltou
a importância de seus estudos sobre a escravidão no Brasil, e agra-
deceu pela aula magistral sobre a problemática do historiador em
face da escolha de um tema pesquisa. E o Presidente agradeceu pela
doação do livro em questão à Biblioteca do IHGB.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 395


5. Em seguida foi convocado à Mesa o segundo convidado: Nelson
Vieira Pamplona – engenheiro e professor da UFRJ; Sócio Titular do
Colégio Brasileiro de Genealogia; Sócio Correspondente do Institu-
to Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e do Instituto
Histórico e Geográfico de Santa Catarina; autor de inúmeros livros
publicados, entre os quais: Família Wehmuth (1996); Os Pamplo-
nas em Santa Catarina- Cinco Séculos de sua Historia (1999); A
Família Werneck (2010) – para falar sobre o tema: As origens da
Família Werneck do Brasil.
6. O Professor agradeceu o convite e, utilizando o recurso de Power-
Point na apresentação de imagens, passou a falar sobre as etapas
do trabalho de pesquisa na elaboração do estudo genealógico sobre
as origens da família Werneck, baseada em documentação primaria
inédita. Esclareceu que os primeiros membros dessa família, radi-
cados principalmente nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais
e São Paulo, tiveram papel de destaque durante o Ciclo do Café,
quando se destacaram como grandes produtores nas fazendas do
Vale do Paraíba. E também se sobressaíram como agentes políticos
e abastados comerciantes, além de freqüentadores assíduos da Corte
do Rio de Janeiro.
7. Comentários: A apresentação entusiasta do estudioso da Genealogia
despertou o interesse dos presentes, que foram o aparteando com
questões suscitantes no decorrer da mesma. No final o Presidente
agradeceu pela participação e congratulou o Professor pela pesquisa
realizada.
8. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agrade-
ceu o comparecimento dos presentes e convidou-os para o tradicio-
nal café no terraço do IHGB.
9. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 10
b. Número de convidados: 8

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

c. Relação dos sócios presentes:Victorino Chermont de Miranda, Tas-


so Fragoso Pires, Melquíades Pinto Paiva, Helio Leoncio Martins,
Cláudio Aguiar, Vera Cabana Andrade, Mary Del Priore, Dora M.S.
Alcântara, Miridan Britto Falci e Maria de Lourdes Viana Lyra.

ATA DA 22ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 3 DE NOVEMBRO DE 2010 -

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Victorino Chermont de Miranda
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que saudou os presentes e solici-
tou à coordenadora para proceder à leitura da ata da sessão anterior,
no que foi atendido, sendo a mesma aprovada sem correção. Em se-
guida, foi convocado à Mesa o sócio emérito Vasco Mariz para falar
sobre: A viagem a Roma do Padre Cícero.
2. Após cumprimentar os presentes o expositor explicou tratar-se de
um episódio pouco conhecido, mas bastante interessante e neces-
sário ser abordado, sobretudo nesse momento em que se aguarda a
reabilitação canônica do Padre Cícero. Para situar o tema, o expo-
sitor falou inicialmente sobre: a decisão do Vaticano em ordenar ao
novo bispo do Crato, D. Fernando Panico, a elaboração de novos
estudos sobre a vida do padre e também o incentivo das romarias a
Juazeiro do Norte; sobre a pesquisa realizada por uma comissão de
mestres e doutores nos arquivos da diocese e em acervos particulares
da região, a partir de 2001, cujo resultado, reunido em onze volumes
de documentos, foi entregue ao Papa Bento XVI, junto com 150 mil
assinaturas de fiéis, solicitando a reabilitação do Padre Cícero; sobre
a elevação do Santuário de Juazeiro à Basílica Menor, em 2008. Em
seguida, falou sobre: a vida do padre; sua atuação de prelado e a po-
lêmica criada em torno do milagre da beata Maria Araújo; da viagem
que empreendeu a Roma, entre fevereiro e outubro de 1898, para

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 397


responder ao processo do qual era réu, quando foi excomungado e
depois absolvido.
3. Comentários: A sócia Mary Del Priore felicitou o expositor pela
abordagem do tema e fez comentários pertinentes sobre a poderosa
força política exercida pela igreja na sociedade.
4. O presidente chamou à Mesa a convidada Ivana Stolze Lima – pro-
fessora de História da PUC e pesquisadora da Casa de Rui Barbosa
– para expor o tema: Por uma história social da língua nacional:
algumas questões teóricas e metodológicas.
5. A Professora cumprimentou os presentes, agradeceu o convite, ex-
pressou seu contentamento em participar da sessão da CEPHAS e
passou à apresentação do tema proposto. Esclarecendo que seu ob-
jetivo era o de discutir e propor uma abordagem histórico-social da
formação da língua nacional no Brasil, focalizou o processo de for-
mação do Estado nacional no Brasil, aproximadamente entre 1822
e 1870, para nele delinear o conceito de língua nacional. E, simulta-
neamente, procurou evidenciar a importância da perspectiva linguís-
tica para a reflexão sobre as formas de interação e conflito entre os
diferentes grupos sociais, explorando alguns campos documentais
pertinentes.
6. Comentários: As sócias Lucia Guimarães e Vera Cabana parabeni-
zaram a expositora pela originalidade do estudo apresentado e pela
qualidade do tratamento metodológico utilizado. O Presidente agra-
deceu a Professora pela doação dos livros: Cores, marcas e falas:
sentidos da mestiçagem no Império do Brasil (2003) e História so-
cial da língua nacional (2008).
7. Por último foi chamado à Mesa o convidado Carlos Affonso Nunes
Ribeiro – advogado, pesquisador e neto do personagem homenage-
ado – para apresentar o tema: Solidonio Attico Leite, historiador,
bibliófilo, filólogo, antropólogo, político, jurista e sócio do Institu-
to Histórico e Geográfico Brasileiro.

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

8. Após cumprimentar os presentes e expressar seu contentamento pela


oportunidade de se apresentar na CEPHAS, falou sobre o trabalho de
pesquisa por ele realizado para subsidiar o livro escrito por Antônio
Leite, publicado em 2008 e intitulado: Solidônio Leite: vida e obra
de um gênio. Doou um exemplar à Biblioteca do IHGB e aproveitou
a ocasião para destacar alguns depoimentos de destacadas personali-
dades contemporâneas ao homenageado.
9. Comentários: O sócio Tasso Fragoso leu um elogio feito na época
pelo crítico literário Agripino Grieco, ao Solidônio Leite, ratificando
o alto conceito e apreço que o homenageado gozava entre seus pa-
res. A sócia Cybelle de Ipanema ressaltou a modéstia do expositor,
por não ter feito referência à doação de um busto em mármore de
Solidônio Leite, ao acervo do IHGB, ao mesmo tempo exaltando o
nobre gesto e agradecendo pelo mesmo. O presidente agradeceu pela
doação do livro.
Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agrade-
ceu o comparecimento de todos e convidou-os para o lançamento do
livro em pauta no terraço do IHGB.
10. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 13
b. Número de visitantes presentes: 9
c. Relação dos sócios presentes: Victorino Chermont de Miranda, Fer-
nando Tasso Fragoso Pires, Carlos Wehrs, Lucia Guimarães, Mel-
quíades Pinto Paiva, Mary Del Priore, Miridan Britto falci, Maria
Beltrão, Vera Cabana Andrade, Cláudio Aguiar, Cybelle Moreira de
Ipanema e Maria de Lourdes Viana Lyra.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 399


ATA DA 23ª SESSÃO DA CEPHAS
DE 24 DE NOVEMBR DE 2010 -

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que saudou os presentes e solici-
tou à coordenadora para proceder à leitura da ata da sessão anterior,
no que foi atendido, sendo a mesma aprovada sem correção. Em
seguida, foi convocado à Mesa o convidado José Augusto Bezerra,
presidente do Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropoló-
gico), para apresentar o tema: O Instituto do Ceará e seus projetos
culturais.
2. Após agradecer o convite e cumprimentar os presentes, o exposi-
tor externou seu contentamento de participar das atividades da CE-
PHAS. Assinalou que seu objetivo era apresentar o livro Arquivos
do Barão de Studart, recém-editado no Ceará e organizado com o
objetivo de demonstrar o valor de algumas preciosidades recupera-
das e digitalizadas, as quais permaneciam inacessíveis desde 1938,
a pós a morte do Barão. Ilustrado com fotos do casarão, que hoje
abriga o Instituto do Ceará e é mais conhecido como a Casa do Ba-
rão, o livro foi apresentado pelo expositor através da projeção de
imagens e comentários complementares sobre as atividades culturais
ali desenvolvidas. Com realce para a publicação ininterrupta da sua
revista, há 123 anos; do programa de visitas periódicas de escolares
aos salões, auditórios, biblioteca e conhecimento de exemplares da
documentação pertencente ao acervo da instituição.
3. Comentários: As sócias Cybelle de Ipanema, Lourdes Lyra e Maril-
da Ciribelli parabenizaram o expositor pelo relevante trabalho reali-
zado no Instituto do Ceará, fazendo comentários pertinentes sobre a
importância do apoio da iniciativa privada e sobre o desconhecimen-
to no Sudeste do que se realiza no Nordeste, no campo da cultura.

400 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

4. Em seguida, o Presidente chamou à Mesa o sócio Pedro Afonso Vas-


quez para falar sobre o tema: O solar do Jambeiro em Niterói. Após
cumprimentar os presentes, doar à biblioteca do IHGB o livro No-
êmia Guerra: vida e obra, e expressar satisfação pela presença do
sócio Carlos Wehrs, considerado “O historiador de Niterói”, o expo-
sitor passou à exposição do tema. Inicialmente remarcando a data do
aniversário de Niterói, 437 anos recém-completados, e a de funda-
ção do Solar do Jambeiro, que completará 10 anos em 2011. Depois,
centrando a atenção no edifício do Solar, chamando a atenção para
seu valor arquitetônico, por muitos considerado o mais belo exemplo
de arquitetura residencial oitocentista na cidade de Niterói. Anotan-
do que o arquiteto Augusto Carlos Silva Telles, ao redigir o processo
de tombamento da residência pelo IPHAN, não hesitou em qualificar
seu revestimento externo de azulejos de “um dos mais importantes
conjuntos azulejísticos do século XIX no Brasil”. Acrescentado que,
apesar disto, este casarão, construído por Bento Joaquim Gonçalves
Pereira em 1872, continua pouco conhecido e, consequentemente,
pouco estudado. Por fim, projetando imagens do Solar, explicitou
que seu objetivo era fazer com que os membros do IHGB, bem como
os demais pesquisadores e estudiosos frequentadores da CEPHAS,
conheçam esse museu-casa pertencente à Secretaria Municipal de
Cultura de Niterói.
5. Comentários: Os sócios Cybelle de Ipanema, Carlos Wehrs e Vas-
co Mariz cumprimentaram o expositor e fizeram comentários perti-
nentes. A primeira remarcou as recepções oferecidas pelos antigos
proprietários do casarão. O segundo agradeceu pela oportunidade
da palestra que o fez relembrar belos momentos vividos no casarão,
local de lançamento de seus quatro livros sobre Niterói. O terceiro
elogiou a belíssima restauração feita no prédio e ressaltou a exposi-
ção de aquarelas das pintoras Ana Vasco e Maria Vasco respectiva-
mente mãe e tia.
6. Por último foi chamado à Mesa o convidado Virgílio Costa, escritor
e pintor, e também pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbo-

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sa, para falar sobre o livro Apresentação de Afonso Arinos, editado
pelo Senado Federal e lançado em seguida, no terraço do IHGB.
Após cumprimentar os presentes e expressar seu contentamento pela
oportunidade do lançamento no IHGB e da participação na sessão da
CEPHAS, o autor falou sobre a dificuldade de escrever uma biogra-
fia e que procurou reunir peças da memória de Afonso Arinos. Falou
das conversas mantidas com o personagem, destacando a erudição e
o profundo conhecimento do escritor, jornalista, historiador, políti-
co, diplomata e chanceler expoente que foi Afonso Arinos.
7. Comentários: O sócio Vasco Mariz cumprimentou o expositor lem-
brando que trabalhou junto com o personagem biografado. A convi-
dada Maria Arair Paiva, apresentando-se com discípula de Afonso
Arinos, parabenizou o escritor e relatou sobre a intervenção que o
ilustre mestre fizera a seu favor, por ocasião do pedido de sua trans-
ferência para a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio
de janeiro. O presidente Arno Wehling felicitou o autor e comentou
sobre o título modesto dado ao livro que revela um estudo aprofun-
dado sobre a trajetória do ilustre personagem.
8. Nada mais havendo a tratar, o Presidente encerrou a sessão, agrade-
ceu o comparecimento de todos e convidou-os para o lançamento do
livro em pauta no terraço do IHGB.
9. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 18
b. Número de visitantes presentes: 10
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Cybelle de Ipanema,
Melquíades Pinto Paiva, Carlos Wehrs, Tasso Fragoso, Marilda Cor-
rêa Ciribelli, Cláudio Aguiar, Vasco Mariz, Vera Cabana Andrade,
Miridan Britto Falci, Carlos Francisco Moura, Eduardo Silva, Maria
da Conceição Beltrão, Antonio Izaias da Costa Abreu, Ronaldo Ro-
gério de Freitas Mourão, Victorino Chermont de Miranda, Affonso
Arinos de Mello Franco e Maria de Lourdes Viana Lyra

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

ATA 24ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 2 DE DEZEMBRO DE 2010

1. A segunda sessão itinerante da CEPHAS, realizada no Museu


Imperial de Petrópolis, seguiu a tradição iniciada no ano anterior,
quando começaram as comemorações pelos 70 anos de fundação do
Museu Imperial. O presidente do IHGB, Arno Wehling, o 2º vice-
presidente, Victorino Chermont de Miranda, a coordenadora da CE-
PHAS, Maria de Lourdes Viana Lyra, grande número de sócios e
frequentadores assíduos do IHGB, além da secretária da presidência,
Tupiara Machareth Ávila Dias, deslocaram-se em ônibus particular
para a cidade serrana de Petrópolis. Sendo ali recebidos pelo diretor
do Museu, Maurício Vicente Ferreira Junior, e logo encaminhados
ao auditório para a realização da sessão.
2. A Mesa foi composta pelo diretor do Museu Imperial, Maurício Vi-
cente, que presidiu os trabalhos do dia acompanhado pelo presidente
do IHGB, Arno Wehling. Foram também chamados à Mesa o prín-
cipe D. Francisco de Orleans e Bragança e o sócio e membro da
diretoria do IHGB, Fernando Tasso Fragoso Pires, na qualidade de
orador oficial da sessão.
3. Ao saudar os presentes e expressar sua satisfação pela realização de
mais uma sessão, Maurício Vicente leu parte da ata de uma sessão
histórica, a de 15 de dezembro de 1849, na qual se encontra registra-
da a permissão dada pelo imperador Dom Pedro II ao IHGB, para
a realização de suas sessões do palácio imperial. O que demonstra
remontar ao passado a tradição da sessão itinerante criada na atua-
lidade. Em seguida, convocou à mesa membros de sua equipe para
anunciar aos presentes a premiação que o Museu Imperial recebera
no dia anterior. Ou seja, a diplomação do Registro Nacional do Co-
mitê do Programa Memória do Mundo, concedida pela UNESCO,
em reconhecimento pelo trabalho do seu Arquivo Histórico, cujo
prêmio diz respeito ao Conjunto documental referente às viagens do
imperador Dom Pedro II pelo Brasil e pelo mundo.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 403


4. Na sequência dos trabalhos, o presidente do IHGB cumprimentou os
presentes, agradeceu ao diretor do Museu Imperial pela reiteração da
iniciativa de realização das sessões itinerantes, cuja ideia teria sido
motivada na sessão de 160 atrás, como acabara de ser demonstrado.
Assim confirmando o que escrevera o historiador francês Marc Blo-
ch, que a tradição se firma após cem anos de prática. Em seguida,
passou a palavra ao sócio Fernando Tasso Fragoso Pires para profe-
rir a palestra: Caminho Novo – Fazendas de Petrópolis.
5. Após cumprimentar os presentes o orador passou à abordagem do
tema, analisando o contexto histórico no qual fora providenciado
pela Coroa portuguesa a construção de um Caminho Novo em subs-
tituição ao Caminho Velho, para encurtar a viagem entre o Rio de Ja-
neiro e Vila Rica. Obra executada por Garcia Rodrigues Paes, dela se
originou outra variante, a do Proença, que subia a serra da Estrela e
atravessava o território que mais tarde seria Petrópolis, reencontran-
do a principal na travessia do rio Paraíba do Sul. Ao longo desta via,
propriedades agrícolas surgiriam de modo a suprir as necessidades
das caravanas de tropeiros e de viajantes, nacionais e estrangeiros.
Três dessas fazendas, de propriedade da família Correya, resistiram
ao tempo e tiveram suas sedes preservadas pelo tombamento fede-
ral: a do Padre Correya, Samambaia e Santo Antonio. A primeira foi
frequentada todos os verões, entre 1822 e 1830, por Dom Pedro I,
acompanhado das três mulheres de sua vida – as duas imperatrizes
e a favorita Domitila – e filhos respectivos. O que pode caracterizar
essa fazenda como o Palácio de Verão do Primeiro Império, pre-
cedendo o Palácio de Verão do Segundo Império, hoje sede do ad-
mirado Museu Imperial. As três fazendas foram dotadas de capelas
e altares artísticos, presumidamente de autoria do famoso Mestre
Valentim, tanto pelo estilo revelador da obra na madeira entalhada
dos altares e na confecção de imagens, como também pelas suas
relações de trabalho e amizade com o proprietário, José da Cunha
Barbosa. Capelas e altares felizmente existem em bom estado, não
obstante a demolição de diversas fazendas. Não logrando comprar

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

a primeira delas, como almejava, Dom Pedro I adquiriu a vizinha


Fazenda Córrego Seco, herdada por Dom Pedro II e ali mais tarde
seria erguida Petrópolis, a Cidade Imperial. Cumprindo, portanto,
aos brasileiros melhor conhecer e valorizar esses três monumentos
histórico-culturais da sua nação.
6. Ao final, Arno Wehling e Mauricio Vicente agradeceram ao orador
pela valiosa abordagem do tema, e foram projetadas imagens das
três fazendas na atualidade acompanhadas de comentários pertinen-
tes feitos pelo orador. Em seguida, a sessão foi encerrada com um
coquetel gentilmente oferecido pela casa.
7. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 15
b. Número de convidados: 6
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Mauricio Vicente Fer-
reira , Victorino Chermont de Miranda, Maria da Conceição Beltrão,
Carlos Wehrs, Nuno de Castro, Tasso Fragoso Pires, Vera Lucia Ca-
bana Andrade, Carlos Francisco Moura, Carlos Eduardo Barata, An-
tonio Izaias da Costa Abreu, Kenneth Light, Claudio Aguiar e Maria
de Lourdes Viana Lyra.

ATA DA 25ª SESSÃO DA CEPHAS


DE 8 DE DEZEMBRO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que saudou os presentes e solici-
tou à coordenadora para proceder à leitura das atas das duas sessões
anteriores, no que foi atendido, sendo as mesmas só aprovadas após
as alterações solicitadas pelos sócios: Vasco Mariz, Cybelle de Ipa-
nema e Melquíades Paiva, na ata do dia 24/11. Sendo então registra-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 405


do o comentário feito pelo primeiro sobre as aquarelas de sua mãe
e sua tia em exposição no Solar do Jambeiro. E também corrigido o
nome da Faculdade de Direito da UFRJ. Em seguida, foram convo-
cados à mesa os expositores da Sessão Temática – Centenário da
Revolta da Chibata – 1910-2010 –, o sócio Hélio Leôncio Martins e
o convidado Claudio da Costa Braga.
2. Após cumprimentar os presentes e comentar sobre sua participação
em eventos anteriores sobre o mesmo tema, realizados na UERJ e
na Fundação Casa de Rui Barbosa, o primeiro expositor, Hélio Le-
ôncio, explicou que seu objetivo era o de refletir de sobre a criação
do mito de herói na História do Brasil. E iniciou a abordagem do
tema questionando: como e por que se cria um mito – de uma pes-
soa, de um fato ou de uma circunstância – que logo passa a ser en-
tendido como verdade inquestionável. Tomando o caso do humilde
marinheiro João Cândido que, em 1910, à frente dos mais poderosos
navios na época, enfrentou o governo e a instituição a que perten-
cia, a Marinha, obrigando-os a anistiar os revoltosos e a abolir os
desumanos castigos físicos que os infligiam. Fato que levou João
Cândido à condição de herói, ao ser identificado como o líder da
revolta e enaltecido pela imprensa, sem que houvesse sido feita, por
exemplo, a necessária contextualização das transformações técnicas
pelas quais passava a Marinha brasileira, na época.
3. O segundo expositor, Claudio da Costa, deteve-se sobre os aconteci-
mentos de 22 de novembro e 9 de dezembro, hoje conhecidos como
a “Revolta dos Marinheiros” ou a “Revolta da Chibata”, ocorridos
logo após a posse do Marechal Hermes da Fonseca na Presidência da
República. Na revolta de novembro, o Rio de Janeiro foi ameaçado
de bombardeio e o governo obrigado a atender às reivindicações dos
revoltosos. A revolta de dezembro resultou na abertura de inquéritos
militares e na decretação do Estado de Sítio na Capital Federal e em
Niterói. Apontou que tais fatos representam uma das maiores crises
da história da Marinha de Guerra do Brasil. Concluindo que a defi-
ciência no processo de recrutamento e na formação dos marinhei-

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Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

ros, além da questão do ambicioso Programa de Reaparelhamento da


Marinha, foram fatores decisivos para a deflagração de tão violen-
tos incidentes, cabendo aos analistas de hoje apontar os envolvidos
como “vítimas ou algozes”.
4. Comentários: O sócio Vasco Mariz parabenizou os expositores pelas
questões levantadas e fez indagações pertinentes sobre o papel da
imprensa, plenamente respondidas pelo sócio Hélio Leôncio.
5. O presidente Arno Wehling agradeceu aos participantes da Sessão
Temática, e passou à segunda parte da sessão, convocando à Mesa
a sócia Maria Beltrão para a apresentação do livro, O Alto Sertão, a
ser lançado em seguida.
6. Após agradecer ao presidente a honrosa permissão para lançar seu
mais recente livro no IHGB, a autora falou sobre as motivações que
a levaram a escrever sobre o sertão, esclarecendo que o elaborou
em homenagem ao grande escritor Euclides da Cunha, a quem o
livro é oferecido com emoção, declarando que o mesmo “ao morrer,
encantou-se, virou luz e até hoje ilumina os sertões de meu país”. E
informando que o livro também significa uma homenagem ao serta-
nejo, aquele que “vive em um mundo mágico de céu estrelejado” e
“é um bravo que sobrevive”.
7. O presidente Arno Wehling agradeceu a autora pela bela apresenta-
ção e, nada mais havendo a tratar, encerrou a sessão, agradecendo
o comparecimento dos presentes, convidando-os em seguida para o
lançamento do livro em pauta no terraço do IHGB.
8. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 18
b. Número de visitantes presentes: 38
c. Relação dos sócios presentes: Arno Wehling, Helio Leôncio Mar-
tins, Carlos Francisco Moura, Vasco Mariz, Melquíades Pinto Paiva,
Carlos Wehrs, Tasso Fragoso Pires, Cybelle Moreira de Ipanema,
Claudio Aguiar, Miridan Britto Falci, Vera Cabana, Ronaldo Rogério
de Freitas Mourão, Eduardo Silva, Maria Beltrão, Nuno de castro,

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 407


Affonso Arinos de Mello Franco, Victorino Chermont de Miranda e
Maria de Lourdes Viana Lyra.

ATA DA 26ª SESSÃO CEPHAS


DE 15 DE DEZEMBRO DE 2010

Composição da Mesa dos Trabalhos:


Presidência: Arno Wehling
Coordenação: Maria de Lourdes Viana Lyra
1. A sessão foi aberta pelo Presidente, que saudou os presentes e solici-
tou à coordenadora para proceder à leitura da ata da sessão anterior,
no que foi atendido, sendo a mesma aprovada sem restrição. Em
seguida, o Presidente expressou a satisfação de receber o historiador
e secretário da Academia Portuguesa da História, Miguel Monteiro,
autor de obra reconhecida e também sócio correspondente do Insti-
tuto Histórico e Geográfico Brasileiro, logo convocando-o à Mesa
para falar sobre o tema: A Primeira República Portuguesa e os Je-
suítas.
2. Após cumprimentar os membros da Mesa, agradecer ao Presidente
pelo convite e saudar os presentes, o expositor expressou sua satisfa-
ção por ver na parede da sala a tela com a imagem do sócio Marcos
Carneiro de Mendonça, portando o colar de sócio da Academia Por-
tuguesa da História. Em seguida, passou a expor o tema proposto.
Analisando a conjuntura histórica correspondente e demonstrando
que a proclamação da República em Portugal provocou a expulsão
de todas as Ordens religiosas, com particular ênfase na Companhia
de Jesus, sendo os seus religiosos tratados como criminosos de de-
lito comum; que demorou poucos meses, para que a saída de todos
os frades e freiras fossem concretizadas; que suas casas, colégios e
centros de caridade dirigidos pelas congregações fossem encerrados
e os seus bens nacionalizados. Por fim, explicitou que a nova legis-

408 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atas da Comissão de Estudos e Pesquisas Hitóricas – CEPHAS

lação anticlerical afetou igualmente o clero secular e que tal política


caracterizou-se por um conjunto de leis que precederam a Lei da
Separação de 1911.
3. Comentários: O Presidente felicitou o expositor pela excelência da
abordagem do tema e comentou sobre a diferença do processo histó-
rico no Brasil, onde a proclamação da República provocou o enfra-
quecimento das ordens religiosas, mas não as eliminou. Acentuando
que, paradoxalmente, a separação da Igreja do Estado possibilitou o
desenvolvimento das mesmas.
4. Dando sequência a sessão, foi convocado à Mesa o sócio corres-
pondente brasileiro Edivaldo Machado Boaventura para apresentar o
tema: Em busca de uma biografia de Pedro Calmon. Inicialmente,
o expositor cumprimentou os presentes e externou sua satisfação por
retornar ao IHGB e participar das atividades da CEPHAS. Após falar
sobre a motivação que o levou a escrever o livro, Na trilha de Pedro
Calmon, e de ofertar um exemplar à Biblioteca do IHGB, passou a
abordar o conteúdo do mesmo. Ou seja, esclarecendo que o resul-
tado representava uma tentativa de integrar textos pontuais em um
conjunto sobre vida e obra do historiador, na busca de sua biografia:
deputado estadual, constitucionalista, historiador social, deputado
federal, proponente da criação da Universidade da Bahia, professor
de direito, contributo para a vida de Castro Alves, sucessões acadê-
micas, centenário, cronologia. Por fim, informou que se tratava de
uma publicação do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia – onde
Pedro Calmon fora acolhido como sócio ainda muito moço –, prefa-
ciado pela sua atual presidente, Consuelo Pondé de Senna.
5. Comentários: O Presidente felicitou o expositor pela bela locução
sobre Pedro Calmon, ressaltando os principais traços do historiador
– generoso, íntegro, agregador –, sobretudo no IHGB. Em seguida,
informou sobre o resultado da eleição de novos sócios, encerrou as
atividades de mais um ano de atividades da CEPHAS, e convidou os
presentes para o lançamento do livro em pauta, de autoria do sócio
de Edvaldo Boaventura, no terraço do IHGB.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010 409


6. Frequência:
a. Número de sócios presentes: 17
b. Número de visitantes presentes: 10
c. Relação dos sócios presentes: Carlos Francisco Moura, Ronaldo Ro-
gério de Freitas Mourão, Tasso Fragoso Pires, Cybelle de Ipanema,
Maria Beltrão, Miguel Corrêa Monteiro, Arno wehling, Eduardo Sil-
va, Maria de Lourdes Viana Lyra, Melquíades Pinto Paiva, Esther
Caldas Bertoletti, Edivaldo Boaventura, António de Almeida Lima,
Mary Del Priore, Vera Cabana Andrade, Victorino Chermont de Mi-
randa e Antônio Celso Alves Pereira.

410 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):331-410, out./dez. 2010


Atos do Presidente

III – INFORMES ADMINISTRATIVOS


III. 1 – Atos do Presidente

EDITAIS E PORTARIAS

Edital nº 1/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara aberta a vaga no quadro de sócios cor-
respondentes brasileiros em decorrência do falecimento do sócio Wilson
Martins. Rio de Janeiro, 6 de fevereiro de 2010. Arno Wehling, Presiden-
te.

Edital nº 2/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara aberta a vaga no quadro de sócios hono-
rários brasileiros em decorrência do falecimento do sócio José Ephraim
Mindlin. Rio de Janeiro, 7 de março de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Edital nº 3/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara aberta a vaga no quadro de sócios eméri-
tos em decorrência do falecimento do sócio Joaquim Victorino Portella F.
Alves. Rio de Janeiro, 27 de março de 2010. Arno Wehling, Presidente.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010 411


Editais e Portarias

Edital Nº 4/10
Ficam convidados os Sócios Eméritos, Titulares e Correspondentes
Brasileiros a se reunirem em Assembleia Geral Ordinária e em Assem-
bleia Geral Extraordinária no dia 14 de julho, em primeira convocação às
12h, em segunda convocação às 14h, com o quórum previsto no art. 20
do Estatuto, com a seguinte ordem do dia, para a apreciação e votação das
matérias seguinte: I – Em Assembleia Geral Ordinária: a – Prestação de
Contas 2009, b – Previsão orçamentária 2010. II – Em Assembleia Geral
Extraordinária: apreciação de proposta de alteração estatutária e regimen-
tal, no tocante aos arts. 2º e §§ 1º, 2º e 3º, 5º, 10º § 1º e 27º do Estatuto;
arts. 1º, 2º, 3º das Disposições Gerais e Transitórias e introdução de nova,
e dos arts. 2º, V, 3º 9º, 14º, 20º, 21º, 22º, 26º, 32º, 47º e 52º do Regimento
Interno e introdução de cinco novos artigos, conforme texto enviado ao
Quadro Social. Consolidação do Estatuto e Regimento, com numeração
de capítulos e renumeração de artigos. Assuntos Gerais. Rio de Janeiro, 1
de julho de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Edital nº 5/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara aberta a vaga no quadro de sócios eméri-
tos em decorrência do falecimento da sócia Lucinda Coutinho de Mello
Coelho. Rio de Janeiro, 19 de julho de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Edital Nº 6/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara que ficam abertas para apresentação, no
prazo de 30 (trinta) dias, de propostas de candidatos às vagas, nas catego-
rias abaixo relacionadas, observando-se os procedimentos estabelecidos
no art. 2º do Estatuto. Sócio Emérito 2 vagas, Sócio Titular 2 vagas, Sócio

412 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010


Atos do Presidente

Correspondente Brasileiro 3 vagas, Sócio Honorário Brasileiro, 2 vags.


Rio de Janeiro, 13 de outubro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Edital nº 7/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara aberta a vaga no quadro de sócios corres-
pondentes portugueses em decorrência do falecimento do sócio Aníbal
Pinto de Castro. Rio de Janeiro, 11 de novembro de 2010. Arno Wehling,
Presidente.

Edital nº 8/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara aberta a vaga no quadro de sócios hono-
rários brasileiros em decorrência do falecimento do sócio Pe. Fernando
Bastos de Ávila. Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2010. Arno Wehling,
Presidente.

Edital nº 9/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara que ficam abertas para apresentação, no
prazo de 60 (sessenta) dias, de propostas de candidatos à vaga, na catego-
ria abaixo relacionada, observando-se os procedimentos estabelecidos no
art. 2º do Estatuto. Sócio Honorário Estrangeiro 1 vaga. Rio de Janeiro,
15 de outubro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010 413


Editais e Portarias

Edital Nº 10/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara que ficam abertas para apresentação, no
prazo de 30 (trinta) dias, de propostas de candidatos às vagas, nas catego-
rias abaixo relacionadas, observando-se os procedimentos estabelecidos
no art. 2º do Estatuto. Sócio Emérito 1 vaga, Sócio Titular 2 vagas, Sócio
Honorário brasileiro 2 vagas e Sócio Correspondete Brasileiro 4 vagas.
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Edital Nº 11/10
Ficam convidados os Sócios Eméritos, Titulares e Correspondentes
Brasileiros a se reunirem em Assembleia Geral Extraordinária no dia 15
de dezembro, em primeira convocação às 13 horas e em segunda con-
vocação às 15 horas, com o quorum previsto no § 2º do artigo 20 do
Estatuto, com a seguinte pauta: Eleição de novos membros do Quadro
Social nas categorias: Sócio Emérito 1 vaga, Sócio Titular 2 vagas, Sócio
Honorário Brasileiro 2 vagas, Sócio Correspondente Brasileiro 4 vagas e
Sócio Honorário Estrangeiro 1 vaga. Rio de Janeiro, 01 de dezembro de
2010. Arno Wehling, Presidente.

Edital nº 12/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara aberta a vaga no quadro de sócios cor-
respondentes brasileiros em decorrência do falecimento do sócio Carlos
Humberto Pederneiras Correa. Rio de Janeiro, 1 de dezembro de 2010.
Arno Wehling, Presidente.

414 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010


Atos do Presidente

Edital nº 13/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara aberta a vaga no quadro de sócios corres-
pondentes estrangeiros em decorrência do falecimento do sócio Anthony
John R. Russell-Wood. Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2010. Arno
Wehling, Presidente.

Edital nº 14/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara aberta 2 (duas) vagas no quadro de sócios
correspondentes estrangeiros em decorrência da transferência dos sócios
abaixo, para a categoria de sócios correspondentes paraguaios, haja vis-
ta convênio de reciprocidade firmado em 2 de agosto de 2010, entre as
Instituições: • Juan Bautista Rivalora Paoli, • Roberto Quevedo. Rio de
Janeiro, 30 de dezembro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Edital Nº 15/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por de-
terminação estatutária, declara aberta vaga no quadro de sócios corres-
pondentes brasileiros em decorrência da transferência de D. Carlos Tasso
de Saxe-Coburgo e Bragança para a categoria de sócio titular. Rio de
Janeiro, 30 de dezembro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

PORTARIA Nº 01/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nos termos do art. 16 do Estatuto, nomear Membros do

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010 415


Editais e Portarias

Conselho Consultivo, os sócios: Augusto Carlos da Silva Telles, Carlos


Wehrs, Evaristo de Moraes Filho, Hélio Leoncio Martins, João Hermes
Pereira de Araújo, José Pedro Pinto Esposel, Lêda Boechat Rodrigues,
Luiz de Castro Souza, Miridan Britto Falci, Vasco Mariz. Rio de Janeiro,
13 de janeiro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 02/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para a Comissão da Revista os sócios: Lucia


Maria Paschoal Guimarães, Eduardo Silva, Esther Caldas Bertoletti, Ma-
ria de Lourdes Viana Lyra, Mary Lucy Murray Del Priore, cabendo à
primeira o cargo de Diretora. Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2010. Arno
Wehling, Presidente.

Portaria nº 03/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para a função de Editor do Noticiário, o Sócio


Titular Victorino Coutinho Chermont de Miranda. Rio de Janeiro, 13 de
janeiro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 04/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para a Coordenação e Subcoordenação da Co-

416 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010


Atos do Presidente

missão de Estudos e Pesquisas Históricas (CEPHAS), as Sócias Titulares


Maria de Lourdes Viana Lyra e Lucia Maria Paschoal Guimarães. Rio de
Janeiro, 13 de janeiro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 05/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para o cargo de Diretor do Arquivo, o Sócio


Honorário Brasileiro Jaime Antunes da Silva. Rio de Janeiro, 13 de janei-
ro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 06/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para o cargo de Diretor da Biblioteca, o Sócio


Honorário Brasileiro Luiz Cláudio Aguiar. Rio de Janeiro, 13 de janeiro
de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 07/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para a Coordenação de Cursos, a Sócia Honorá-


ria Brasileira Mary Lucy Murray Del Priore. Rio de Janeiro, 13 de janeiro
de 2010. Arno Wehling, Presidente.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010 417


Editais e Portarias

Portaria nº 08/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para o cargo de Diretor e Sub-Diretor de Icono-


grafia, os Sócios Honorários Brasileiros d. João Orleans e Bragança e Pe-
dro Karp Vasquez. Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2010. Arno Wehling,
Presidente.

Portaria nº 09/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para o cargo de Diretora de Informática e Dis-


seminação da Informação, a Sócia Titular Esther Caldas Bertoletti. Rio de
Janeiro, 13 de janeiro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 10/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para o cargo de Diretora do Museu, a Sócia


Titular Vera Lucia Bottrel Tostes. Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2010.
Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 11/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

418 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010


Atos do Presidente

RESOLVE: Nomear para o cargo de Diretor de Patrimônio, o Sócio


Titular Guilherme de Andrea Frota. Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2010.
Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 12/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para o cargo de Diretora de Projetos Especiais,


a Sócia Titular Maria da Conceição de Moraes Coutinho Beltrão. Rio de
Janeiro, 13 de janeiro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 13/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para o cargo de Diretor de Relações Externas,


o Sócio Titular João Maurício Ottoni Wanderley de Araújo Pinho. Rio de
Janeiro, 13 de janeiro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 14/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Exonerar da Coordenação de Cursos, a Sócia Honorária


Brasileira Mary Lucy Murray Del Priore. Rio de Janeiro, 1 de março de
2010. Arno Wehling, Presidente.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010 419


Editais e Portarias

Portaria nº 15/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para a Coordenação de Cursos, o Sócio Hono-


rário Brasileiro Antônio Celso Alves Pereira. Rio de Janeiro, 1 de março
de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 16/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Exonerar do cargo de Diretora de Projetos Especiais, a


Sócia Titular Maria da Conceição de Moraes Coutinho Beltrão. Rio de
Janeiro, 1 de março de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 17/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE:

Nomear para o cargo de Diretora de Projetos Especiais, a Sócia Ho-


norária Brasileira Mary Del Priore. Rio de Janeiro, 1 de março de 2010.
Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 18/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

420 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010


Atos do Presidente

RESOLVE:

Exonerar do cargo de Diretor de Relações Externas, o Sócio Titular


João Maurício Ottoni Wanderley de Araújo Pinho. Rio de Janeiro, 1 de
março de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 19/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Nomear para o cargo de Diretor de Relações Externas,


a Sócia Titular Maria da Conceição de Moraes Coutinho Beltrão. Rio de
Janeiro, 1 de março de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria Nº 20/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE:

Nomear para o cargo de Diretor de Relações Institucionais o Sócio


Titular João Maurício Ottoni Wanderley de Araújo Pinho. Rio de Janeiro,
1 de março de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 21/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Extinguir a função de Secretário Adjunto da Diretoria.


Rio de Janeiro, 1 de março de 2010. Arno Wehling, Presidente.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010 421


Editais e Portarias

Portaria nº 22/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Constituir Comissão responsável pela obtenção de pa-


trocínio para a Exposição sobre o Vale do Paraíba: Victorino Chermont
de Miranda, Fernando Tasso Fragoso Pires, Mary Del Priore, Maria de
Lourdes Parreiras Horta e Arnaldo Danemberg. Rio de Janeiro, 5 de julho
de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 23/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Transferir para o quadro de sócios titulares, nos termos


do art. 10º do Regimento e ouvida a Comissão de Admissão de Sócios, na
vaga aberta com a transferência do sócio titular Alberto Venancio Filho
para sócio emérito, o sócio correspondente brasileiro Dom Carlos Tasso
de Saxe-Coburgo e Bragança, ora residindo no Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro, 22 de outubro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 24/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Promover o Sr. Givonildo Luiz da Silva, em função do


seu desempenho profissional a Auxiliar de Biblioteca, a partir de primei-
ro de novembro de 2010. Rio de Janeiro, 3 de novembro de 2010. Arno
Wehling, Presidente.

422 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010


Atos do Presidente

Portaria nº 25/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Fazer o elogio funcional de Tupiara Machareth Ávila


Dias, Secretária de Diretoria, pelas atividades desenvolvidas com dedica-
ção e competência na assessoria do Seminário sobre Patrimônio Históri-
co, problemas e desafios, realizado de 16 a 18 de novembro de 2010. Rio
de Janeiro, 24 de novembro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 26/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Fazer o elogio funcional de Neidimar Maria de Souza


Silva, Auxiliar de escritório, pelas atividades desenvolvidas com dedica-
ção e competência na assessoria do Seminário sobre Patrimônio Históri-
co, problemas e desafios, realizado de 16 a 18 de novembro de 2010. Rio
de Janeiro, 24 de novembro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 27/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Fazer o elogio funcional de Antônio Carlos Ribeiro Pe-


reira, Digitador, pelas atividades desenvolvidas com dedicação e compe-
tência na assessoria do Seminário sobre Patrimônio Histórico, problemas
e desafios, realizado de 16 a 18 de novembro de 2010. Rio de Janeiro, 24
de novembro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010 423


Editais e Portarias

Portaria nº 28/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Fazer o elogio funcional de Renan Fabrício dos Santos,


Estagiário, pelas atividades desenvolvidas com dedicação e competência
na assessoria do Seminário sobre Patrimônio Histórico, problemas e de-
safios, realizado de 16 a 18 de novembro de 2010. Rio de Janeiro, 24 de
novembro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 29/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Fazer o elogio funcional de Jeferson dos Santos Teixeira,


Gerente Administrativo, pelas atividades desenvolvidas com dedicação
e competência na assessoria do Seminário sobre Patrimônio Histórico,
problemas e desafios, realizado de 16 a 18 de novembro de 2010. Rio de
Janeiro, 24 de novembro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

Portaria nº 30/10
O Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no uso
de suas atribuições,

RESOLVE: Transferir os sócios correspondentes estrangeiros, abai-


xo relacionados, para a categoria de sócios correspondentes paraguaios,
haja vista o convênio firmado em 02 de agosto de 2010, entre estas Insti-
tuições: Juan Bautista Rivalora Paoli, Roberto Quevedo. Rio de Janeiro,
30 de novembro de 2010. Arno Wehling, Presidente.

424 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):411-424, out./dez. 2010


Relatórios setoriais

III. 2 – Relatórios setoriais

BIBLIOTECA

Relatório das atividades

Período de outubro de 2009 a outubro de 2010

1. Atividades de rotina:
Agradecimentos, registro, catalogação e arranjo das publicações re-
cebidas
Higienização das publicações e encadernação, quando necessária
Análise das publicações, com descarte das duplicatas
Digitalização das publicações correntes
Colocação no computador, com nova catalogação, do acervo antigo,
que ainda se encontra em fichas datilografadas
Atendimento a consultas internas e externas
Estatística dos livros recebidos e do movimento da Sala de Leitura
Colaboração no Noticiário do IHGB : Algumas Pesquisas e Livros
Recebidos
Autorização para reprodução de documento
Atendimento aos consulentes na Sala de Leitura
Atendimento à pesquisas dos sócios do IHGB
2. Atividades desenvolvidas:
Continuação dos trabalhos de restauração dos livros da Biblioteca
Americana de Von Martius, séc. XVI-XVIII : 2 títulos
Encadernação corrente: 33 volumes
3. Enriquecimento do acervo:
Doação – 658 livros
Compra (FARP) – 41 livros

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):425-426, out./dez. 2010 425


Biblioteca

Comodato: Victorino Coutinho Chermont de Miranda – 28 livros


4. Automação do acervo:
Total de títulos disponíveis para consulta na Internet: 27.546
5. Visitas à Biblioteca:
Roberta Jansen – Editoria de História do Jornal O Globo
Profª. Drª. Maria Aparecida Rezende Mota – Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sóciais, Dep. De
História (Setor de Teoria e Metodologia da História)
Visita técnica do Arquivo Nacional, a pedido do Presidente do
IHGB, Prof. Dr. Arno Wehling: Coordenação e Preservação do
Acervo (COPRA/COPAC), Gabinete da Direção Geral/Sistema de
Informação do AN (GABIN/SIAN), Coordenação de Documentos
Escritos (COPRA/CODES).

Rio de Janeiro, 14 de dezembro de 2010


Maura Corrêa e Castro
Chefe da Biblioteca

426 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):425-426, out./dez. 2010


Relatórios setoriais

ARQUIVO

Relatório das atividades


Período de outubro de 2009 a outubro de 2010

A – ATIVIDADES DE ROTINA
1. Análise crítica dos documentos manuscritos.
2. Pesquisas para identificação e classificação da documentação.
3. Digitação do material produzido pela equipe técnica (planilhas, re-
lações, inventários).
4. Correspondência interna e externa.
5. Arranjo da documentação.
6. Confecção do material de acondicionamento da documentação (pas-
tas, envelopes).
7. Higienização dos documentos.
8. Autorização para reprodução fotográfica ou xerográfica de peças do
acervo.
9. Acompanhamento das reproduções fotográficas (documentos textu-
ais e iconográficos).
10. Levantamento estatístico da documentação consultada.
B – TRATAMENTO DO ACERVO
1. Em andamento o tratamento técnico dos arquivos: General Osório,
Epitácio Pessoa e Jackson de Figueiredo.
C – ENRIQUECIMENTO DO ACERVO
1 – Doações:
1. Documentos referentes a Virgílio Alvim de Melo Franco e Afonso
Arinos.
Doação do embaixador Afonso Arinos de Melo Franco.
2. Certidão de nascimento do duque de Saxe. Cópia xerox.
Doação de Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):427-430, out./dez. 2010 427


Arquivo

3. Selo personalizado e adesivo comemorativos dos 110 anos de funda-


ção do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.
Doação do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.
4. Cartas de Rui Barbosa e outros. Cópia xerox.
Doação de Walter Barcelos Duque por intermédio do dr. Victorino
Coutinho Chermont de Miranda.
5. Carta de lei em que o Príncipe Regente Dom João elevou o Estado
do Brasil à graduação e categoria do Reino e une-os aos seus Reinos
de Portugal e dos Algarves. Palácio do Rio de Janeiro, 16 de dezem-
bro de 1815.
– Carta de lei de D. João VI dando armas ao recém-criado Reino
do Brasil e incorporando num só escudo real as armas de Portugal,
Brasil e Algarves. Palácio do Rio de Janeiro, 13 de maio de 1816.
Edição fac-similada, por ocasião da IX Cimeira Luso-Brasileira.
Doação do almirante Alexandre de Senna Bittencourt.
6. Certidão 00065/09. Batismo de Miguel Maria Lisboa, barão de Pa-
quetá. Cópia autenticada. Rio de Janeiro, 07.07.2009.
– Certidão de óbito de José Bonifácio de Andrade e Silva. Arquidio-
cese de Niterói. Cópia autenticada. Niterói, 12.07.2009.
Doação de Cyro Zucarino, presidente da Academia de Artes, Ciên-
cias e Letras da Ilha de Paquetá.
7. Registro de sentenças. Casa da Suplicação do Brasil. 1819-1820.
Cópia.
Doação do des. Antônio Isaías da Costa Abreu.
8. Auto de nascimento do infante Dom Sebastião (cópia).
– Certidão de casamento de D. Pedro Carlos de Bourbon e Bragança
com a princesa D. Maria Teresa.
Doação de Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança.

2 – Adquiridos por compra – FARP


1. Cartaz de propaganda política. Tudo pelo Brasil! Homenagem da

428 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):427-430, out./dez. 2010


Relatórios setoriais

Empresa Construtora Universal. 10 de novembro de 1943.


2. Cardápio do jantar oferecido por Carlota Teixeira de Carvalho Veiga
por ocasião do seu aniversário. Rio de Janeiro, 27.11.1892.
3. Cardápio – Restaurante Entre Rios. G. Leuzinger & Filhos.
4. Manuel de Jesus Valdetaro, visconde de Valdetaro. Santinho – Fale-
cimento em 16.08.1897.
5. Relação nº 2556 dos escravos pertencentes a Manuel José Peçanha.
Campos, 03.03.1887.
6. Conta de venda nº 66037. Araújo Maia & Cia. Rio de Janeiro,
20.04.1914.
7. Hino – Bandeira Expedicionária. Rafael de Sousa Aguiar. Desenhos
de Autran. Rio de Janeiro, 8.5.1948. Distribuição da “Revista Ilus-
tração Militar”.
8. Programa de posse de sua excelência o senhor Jânio Quadros – Pre-
sidente da República – 1961.
9. Mensagem do povo amazonense ao major Juarez Távora.
10. Companhia União Fabril. Rio Grande, 18.02.1925; 18.10.1928.
11. Recibos. J. Villeneuve e Cia. Impressos – Livreiros de Sua Majesta-
de o Imperador. Rio de Janeiro, 24.07.1853; 08.03.1878.
12. Getúlio Vargas. Volantes de propaganda eleitoral (5); cartaz (1).
13. Aviso do conde das Galvêas para o marquês de Vagos: disposições
para as tropas do Brasil. Imp. Régia. Rio de Janeiro, 03.03.1812.
14. Cartazes de propaganda eleitoral: Juscelino – vê e resolve; aos que
pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória (2).
D – ATENDIMENTO DE PEDIDOS DE REPRODUÇÃO
– Total de imagens: 12
Finalidades: projetos editoriais, pesquisas acadêmicas.

E – AUTOMAÇÃO DO ACERVO
Disponibilizados para usuário:
a) – Coleção IHGB e Arquivos: General Osório, Victorino Chermont
de Miranda, João Severiano, Fonseca Hermes, Paulo de Frontin, Hé-

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):427-430, out./dez. 2010 429


Arquivo

lio Viana e Wanderley Pinho.


Total de itens até a presente data: 22.497.

F – VISITAS AO ARQUIVO
1. Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – Departamento de Histó-
ria – Disciplina de Arquivística.
Prof. Jaime Antunes da Silva
Nº de alunos: 8
2. Camila Quintela – Assessora de Imprensa do IHGB
Roberta Jansen. Caderno de História do Jornal O Globo.
3. Visita da equipe técnica do Arquivo Nacional – Coordenação de Pre-
servação do Acervo (COPRA/COPAC); Gabinete da Direção-Geral/
Sistema de Informações do AN (GABIN/SIAN); Coordenação de
Documentos Escritos (COPRA/CODES) por solicitação do presi-
dente do IHGB, prof. Arno Wehling.
G – MOVIMENTO DE CONSULTA AO ACERVO (Anexo 1)
CONCLUSÃO
O Arquivo funcionou, durante o ano de 2010, com 3 funcionárias: 1 ar-
quivista, 2 auxiliares de Arquivo.
Os programas de trabalho foram desenvolvidos dentro do tempo previs-
to.

Rio de Janeiro, 4 de outubro de 2010

Lucia Maria Alba da Silva


Chefe do Arquivo

430 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):427-430, out./dez. 2010


Relatórios setoriais

ICONOGRAFIA

Relatório das atividades


Período de outubro de 2009 a outubro de 2010

A – TRATAMENTO DO ACERVO:
1. Iniciada a revisão do acervo para verificar o estado de conservação e
condições de acondicionamento.
Número de latas revisadas: 12
B – ENRIQUECIMENTO DO ACERVO:
1 – Doações:
1. Foto de Hermínia Reichelt
– Foto do marco alusivo à 1ª experiência de chuva artificial realizada
no mundo
– Foto de Frederico de Marco
– Foto de Edgard e Sílvia Ribas Carneiro
Doação de Francisco José Andrade Ramalho.
2. Retrato de Luís de Orléans e Bragança (colorido)
3. Fotografia de Afonso Arinos e outros: 4 fotos
Doação do embaixador Afonso Arinos.

4. Cartão-postal. Match de football entre Brésiliens et Français.


5. D. Pedro d’Alcântara e d. Leopoldina. Gravuras de Jean François
Badoureau segundo desenhos de Jules Antoine Vautier.
2 – Adquirido por compra – FARP
1. Retratos avulsos: 11
2. Visita ao Brasil do presidente de Portugal, Craveiro Lopes – 2 fo-
tos.
3. Retrato de Manuel de Jesus Valdetaro, visconde de Valdetaro.
4. Carderno de desenhos – Manuel de Araújo Porto Alegre, barão de
Santo Ângelo. 10 fls. E 17 desenhos.
5. Calendário – 1984

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):431-432, out./dez. 2010 431


Iconografia

6. Cartões-postais – 2
7. Fotografias de Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas e outros – 2
– Fotografia de Getúlio Vargas almoçando em companhia de seus
sobrinhos. Fazenda Santos Reis. 1945 - 1
– Fotografias de Jânio Quadros - 6
C – TRANSFERÊNCIA:
1. Retrato do almirante de esquadra Maximiano Eduardo da Silva Fon-
seca.
Transferido pela museóloga do IHGB Magda Beatriz Vilela.
D – ATENDIMENTO DE PEDIDOS DE REPRODUÇÃO:
– Total de imagens: 49
Finalidades: projetos editoriais; galeria dos presidentes da Repúbli-
ca; galeria dos embaixadores do Brasil em Portugal; galeria dos ex-
diretores – Espaço Memória Histórica da Diretoria de Hidrografia e
Navegação; dissertações de mestrado.
E – AUTOMAÇÃO DO ACERVO:
– Itens disponibilizados para o usuário até a presente data: 5.122
F – MOVIMENTO DE CONSULTAS AO ACERVO: (anexo 1)

Rio de Janeiro, 4 de outubro de 2010

Lucia Maria Alba da Silva


Chefe do Arquivo

432 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):431-432, out./dez. 2010


Relatórios setoriais

HEMEROTECA

Relatório das atividades


Período de outubro de 2009 a outubro de 2010
A Hemeroteca continua no propósito de proporcionar um melhor
atendimento ao usuário do acervo.
ACERVO
Base de artigos de periódicos: 9287 artigos que se dividem entre os
6.584 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e 2703 de
outros periódicos.
Base das atas da RIHGB: 13.623 itens.
Base Hemeroteca: 6102 títulos e 106.032 fascículos de periódicos.
Neste acervo foram consultadas 988 publicações.
186 periódicos foram agradecidos.
ATENDIMENTO POR E-MAIL
Foram recebidos 299 e-mails atendendo às pesquisas, pedidos de di-
gitalização, permuta, etc
CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO
Foram higienizados os 146 volumes da coleção do Jornal do Com-
mercio, 1097 números do jornal Meio-Dia e 183 números de periódicos
diversos, serviço executado pelo funcionário José Antônio de Salles Gus-
mão.
31 números da RIHGB foram encadernados pela PRP da Gama En-
cadernações.
Foi restaurada a publicação O Tamoyo, periódico de 1823, com ano-
tações do sócio Manuel Barata, pela restauradora Cleide Méssi.
AQUISIÇÃO DE PERIÓDICOS
Foram adquiridos por compra 88 periódicos dos quais se destacam
os seguintes títulos: Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro; Almana-
ch de Pernambuco; Careta; Esfera; Fatos & Fotos; Fon-Fon; Ilustração

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):433-435, out./dez. 2010 433


Hemeroteca

Brasileira; Lista dos Estudantes matriculados na Faculdade de Direito


do Recife em 1877; Luta Democrática; O Malho; Maquis; O Mundo Ilus-
trado; A Noite Ilustrada; Para Todos; Revista da Semana; Revista do
Instituto Genealógico Brasileiro; Vamos Ler; Veja. Suplemento (Tancredo
Neves)
INTERCÂMBIO
A permuta da RIHGB com 109 instituições divididas entre nacionais
e internacionais se mantem em dia.
DIGITALIZAÇÃO
29 cópias de CDs e digitalização de 2.335 imagens requisitadas por
usuários e empresas foram executadas pelo funcionário Givonildo Luiz
da Silva. Entre estas: BEI – Comunicação Ltda; Casa Stefan Zweig; Em-
baixada do Brasil em Portugal; Fundação Armando Álvares Penteado –
Museu de Arte Brasileira; Fundação Conceição do Maracu; Universidade
Católica de Eichstädt (Alemanha); Universidade de La Rochelle (França);
Universidade Nova de Lisboa, Centro de Estudos Históricos; University
of Maryland; University of California (Berkeley); Versal Editores Ltda.
Para o acervo da Casa foram digitalizados: Arquivo – Primeira pági-
na do Hino à Independência; Caderneta de Campo de Euclides da Cunha;
Parecer sobre o registro de documentos relativos à conquista e adminis-
tração da Guiana Francesa pelos portugueses; Convenção e ofícios sobre
a restituição da Guiana Francesa. Iconografia – Retratos de D. Pedro II
e D. Teresa Cristina; O Chafariz das Saracuras; O Passeio Público; A
Cadeia Velha; Festas Populares e Vieira Fazenda. Biblioteca – História
Geral do Brasil, de Francisco Adolfo Varnhagen; Memorial Orgânico...
1849; Repertório da Regulação Militar, t. 1-3, 1834, 1837. Museu – Me-
dalhão de Cláudio Manuel da Costa
PARTICIPAÇÕES
Participação na 8ª Semana de Museus, na etapa Programa de Preser-
vação de Acervos.
Participação do funcionário Givonildo Luiz da Silva no Curso de
Digitalização e Arquivamento de Imagem Digital, no Museu Histórico
Nacional.

434 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):433-435, out./dez. 2010


Relatórios setoriais

VISITANTES
Visita de Roberta Jansen, da Editoria de História do jornal O Globo
e de Camila Quintela, assessora de imprensa do IHGB; da profª drª Maria
Aparecida Rezende Mota, do Curso de Graduação em História da UFRJ,
no âmbito da disciplina “Historiografia do Brasil I : a nação como tema e
problema na historiografia oitocentista”, com 30 alunos.

Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2010

Celia da Costa
Chefe da Hemeroteca

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):433-435, out./dez. 2010 435


Mapoteca

MAPOTECA

Relatório das atividades


Período de outubro de 2009 a outubro de 2010
Dando sequência à reorganização da Mapoteca do IHGB, no sentido
de melhor atendimento ao público, estão discriminados abaixo o movi-
mento estatístico e os procedimentos executados no ano social de 2010.
1. Higienização dos 1982 mapas que se encontravam nas mapotecas,
sendo que 557 já estão tratados e encapsulados.
2. Os mapas referentes ao Brasil e seus Estados somam um total de
1.590 e já foram incorporados à base de dados da Mapoteca do
IHGB com a sua devida localização.
3. 51 mapas foram consultados.
4. 6 mapas foram digitalizados para usuários.
Quanto à 2ª etapa da organização, são os mapas que não estavam lo-
cados em mapotecas. Contam um total de 3.018 mapas, que serão tratados
da mesma forma que os primeiros.
Neste ano social a Mapoteca contou com dois estagiários, sendo um
da Fundação Osório, Taiane da Silva Velasco e outro da Apar, Edeilson de
Castro dos Santos, ambos no serviço de digitação.
A higienização e encapsulamento está sendo executada pelo funcio-
nário José Antônio de Salles Gusmão.
O apoio à identificação e separação dos mapas é realizado pelo fun-
cionário Givonildo Luiz da Silva, assim como a digitalização.

Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2010

Celia da Costa
Chefe da Mapoteca

436 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):436-436, out./dez. 2010


Relatórios setoriais

MUSEU

Relatório das atividades


Período de junho de 2010 a outubro de 2010
As atividades museológicas no IHGB foram retomadas no mês de
junho de 2010, a partir da contratação da nova museóloga.
Reiniciaram-se os trabalhos no sentido de conservação, preservação
e divulgação do acervo que é de grande representação dentro da historio-
grafia brasileira.
ATIVIDADES DE INICIAIS:
Reorganização da Sala Wanderley Pinho para abertura de área de
trabalho administrativo do museu e reestruturação do espaço destinado à
Exposição de Arte Popular.
A sala fora mantida fechada durante longo período e ali foram sendo
guardados materiais diversos, referentes ao museu e algumas doações.
Fora feito levantamento quantitativo do acervo de arte popular ex-
posto na supracitada sala, a fim de iniciar controle do mesmo.
Em relação ao acervo museológico, iniciou-se o trabalho através do
levantamento e localização por inventário, buscou-se a documentação
museológica para sua reorganização e estudo de sua readequação.
ENRIQUECIMENTO DO ACERVO
O acervo museológico fora acrescentado em ... peças provenientes
de compra,... peças recebidas em doação e duas coletadas.
Compras
Button campanha presidencial 1994 – Fernando Henrique
Broche referente Revolução de 1930
Button campanha eleitoral Mario Covas
Flâmula da campanha eleitoral Jango
Flâmula da campanha eleitoral Juarez
Flâmula política JK Senador por Goiás

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):437-441, out./dez. 2010 437


Museu

Caixa de fósforo Campanha Eleitoral Jânio Quadros – 1959


Button campanha eleitoral Moreira Franco
Button campanha eleitoral governo do estado de São Paulo, candi-
dato Chiarelli

Doações
Mês de maio:
Foram doadas pelo Dr. Victorino Coutinho Chermont de Miranda, sócio
e vice-presidente da instituição, as seguinte peças:
–– Caixa de Fósforo brinde de campanha eleitoral do candidato à Pre-
sidência da República Juarez.
–– Caixa de Fósforo brinde de campanha eleitoral do candidato à Pre-
sidência da República Juarez e vice Milton.
–– Caixa de Fósforo brinde de campanha eleitoral do candidato à Pre-
sidência da República Plínio Salgado.
–– Caixa de Fósforo brinde de campanha eleitoral do candidato à Pre-
sidência da República Jânio.
–– Caixa de Fósforo brinde de campanha eleitoral do candidato à Presi-
dência da República Juscelino – “Governar e abrir estradas”.
–– Caixa de Fósforo brinde de campanha eleitoral do candidato à Pre-
sidência da República Juscelino – “Energia, transporte e Alimenta-
ção”.

Mês de setembro:
Foram doadas pela Srª Neidimar Maria de Souza Silva, funcionária da
instituição, as seguinte peças:
–– Medalha Comemorativa da EXPOSIÇÃO FILATÉLICA NACIO-
NAL – BRAPEX II – Rio de Janeiro; referente ao Centenário do
primeiro selo brasileiro – 1843/1943.

438 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):437-441, out./dez. 2010


Relatórios setoriais

–– Moeda de cinco mil cruzeiros comemorativa ao Bicentenário da


morte de Tiradentes (Inconfidência Mineira).
–– Moeda de circulação comum do ano de 1947, valor de Cr$0,50 (cin-
quenta centavos de cruzeiro), com efígie de Getúlio Vargas.
–– Moeda de circulação comum do ano de 1950 valor de Cr$0,20 (vinte
centavos de cruzeiro), com efígie de Rui Barbosa.
–– Moeda de circulação comum do ano de 1951, valor de Cr$1,00 (um
cruzeiro) , com Mapa hidrográfico brasileiro em relevo.
–– Moeda de circulação comum do ano de 1954, valor de Cr$0,10 (dez
centavos de cruzeiro), com efígie de José Bonifácio.
–– Moeda de circulação comum do ano de 1956, valor de Cr$0,50 (cin-
quenta centavos de cruzeiro) , com Brasão de Armas da República.
–– Moeda de circulação comum do ano de 1956, valor de Cr$0,50 (cin-
quenta centavos de cruzeiro) , com efígie do Presidente Dutra.
–– Moeda de circulação comum, série fauna brasileira, ano de 1993,
valor Cr$100,00 (cem cruzeiros), com imagem de peixe-boi em
relevo.

Coleta
–– Bandeira de Campanha Presidencial PV – Candidata Marina –
2010
–– Bandeira de Campanha Presidencial Coligação o Brasil pode mais/
PSDB/DEM/PPS/PTB/PMN/PTdoB – Candidato José Serra e can-
didato a vice Índio da Costa

Atendimento a pesquisadores
Foram atendidas pesquisadores de áreas diversas, sendo eles:
–– Maria Elizabete Santos Peixoto – Representando a Association des
Amis du Vieux Chambéry, no intuito de fazer levantamento das obras
de autoria do pintor Claude Joseph Barandier e fotografá-las para
ilustrar artigo sobre o artista na revista da instituição.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):437-441, out./dez. 2010 439


Museu

–– Isabelle Dória Dantas Reis – Estudante do curso de História da


Arte da UFRJ, realizando busca de possíveis imagens para objeto de
Monografia de final de curso onde será abordado o tema: “Retrados
e retratados do século XIX no Rio de Janeiro”.

Mostras e Exposições:
Realizada pequena mostra sobre Joaquim Nabuco em comemoração
ao centenário de seu falecimento, tendo sido utilizados objetos pertencen-
tes aos acervos arquivísticos, iconográficos e bibliográficos do IHGB.
No dia 21 de outubro, por ocasião do 172º Aniversário do IHGB,
foi inaugurada na Antessala do Salão Nobre a exposição temporária sob
o título “Campanha eleitoral em uma época sem a força da televisão”.
Foram expostos acervo da Memorabilia Política, do período entre 1930 e
1965, pertencentes ao museu e arquivo do IHGB, como: flâmulas, caixas
de fósforo, cartazes, cédulas e envelopes de votação, bônus eleitorais,
lenço, discos com jingles. Vale ressaltar que nesse mesmo ambiente fica
em exposição permanente uma vitrine com buttons e alfinetes de campa-
nhas eleitorais e partidos políticos, desde 1929 até 2006.
Empréstimos de Acervo
As peças Carrinho de Mão e Pá, em madeira e prata, que pertenceram
ao Barão de Mauá, saíram em empréstimo ao Museu Histórico Nacio-
nal, através da empresa EXPOMUS, para compor a exposição temporária
“Pioneiros e Empreendedores: A Saga do Desenvolvimento no Brasil”,
ficando aberta à visitação no período de 28/10 a 28/11/2010.
Visitação
As visitações ao Museu IHGB aconteceram mesmo no período em
que não havia um profissional museólogo. Assim sendo, foi atingido um
total de 172 visitas no ano de 2010. Devemos destacar que, dentre estas,
ressaltamos a visitação da Profª Drª Maria Aparecida Rezende Mota com
grupo de 17 alunos do Curso de História da UFRJ e da Profª Ivana Stolze
com grupo de 7 alunos do Curso de História da PUC-RJ.

440 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):437-441, out./dez. 2010


Relatórios setoriais

Atualização da Base Caribe


Não houve atualização devido à indisponibilidade de acesso à base
Caribe, trabalho este que fará parte das atividades de 2011.

Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2010.

Magda Beatriz Vilela


Museóloga – 0391-I COREM 2ª Região

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):437-441, out./dez. 2010 441


Livros recebidos

III. 3 – Publicações Recebidas

LIVROS RECEBIDOS
ABREU, Manuel de. Una historia de la Independencia del Perú : el diario del
comisionado de paz Manuel deAbreu. Introducción y selección documental
John Fisher. Madrid: Fundación MAPFRE, 2009. 160 p.
ACIOLI, Vera Lúcia Costa. A identidade da beleza : dicionário dos artistas e
artífices do século XVI a XIX em Pernambuco. Recife : Fundação Joaquim
Nabuco: Massangana, 2008. 436 p.
ALDEN, Dauril. The making of an enterprise: the Society of Jesus, its
Empire, and beyond : 1540-1750. Stanford : Stanford University Press, 1996.
xxxi,707 p.
ALEIJADINHO : um artista muito especial. Rio de Janeiro : Instituto Muito
Especial, 2009. 198 p.
ALEIXO, José Carlos Brandi. Relações entre Brasil e Filipinas: uma visão
abrangente.
Brasília : Thesaurus, 2009. 150 p.
ALEIXO, José Carlos Brandi et al. Missão Cruls: uma trajetória para o
futuro. Brasília : Animatógrafo, 2010. 220 p.
ALENCAR, José de. Cartas de Erasmo. Organizador José Murilo de Carvalho.
Rio de Janeiro : Academia Brasileira de Letras, 2009. xxxvi, 389 p.
ALENCASTRO, Aníbal et al. Cuiabá : de vila a metrópole nascente. 2. ed.
Cuiabá : Entrelinhas, 2007. 208 p.
ALMEIDA, Maria Luisa Nabinger. A diplomacia brasileira no Prata
: injúrias, motivos e pretextos : (1863-1865). São Paulo: Universidade
Presbiteriana Mackenzie, 2009. 152 p.
ALMEIDA, Miguel Ozório de. Um depoimento. Rio de Janeiro : Centro de
História e Documentação Diplomática; Brasília: Fundação Alexandre de
Gusmão, 2009. 152 p.
ALMEIDA, Paulo Roberto de ; BARBOSA, Rubens Antônio; FINS,
Francisco Rogido (Org.). Guia dos arquivos americanos sobre o Brasil :
coleções documentais sobre o Brasil nos Estados Unidos. Brasília : Fundação
Alexandre de Gusmão, 2010. 240 p.

442 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):442-458, out./dez. 2010


Publicações recebidas

ALVES, Natália Marinho Ferreira. Os franciscanos no mundo português :


artistas e obras. Porto : CEPESE, 2009. 288 p.
ALVES, Uelinton Farias. José do Patrocínio : a imorredoura cor do bronze.
Rio de Janeiro : Fundação Biblioteca Nacional : Garamond, 2009. 296 p.
ALVES JÚNIOR, Luís Carlos Martins. Memória jurisprudencial : Ministro
Evandro Lins. Brasília : Supremo Tribunal Federal, 2009. 406 p.
AMADO, Janaína (Org.). Jacinta Passos, coração de militante: poesia,
prosa, biografia, fortuna crítica. Salvador : EDFBA : Corrupio, 2010. 579 p.
AMARAL, José Ribeiro do. Fundação do Maranhão : memória histórica. 2.
ed. São Luís : Academia Maranhense de Letras : EDUEMA, 2008. 214 p.
AQUINO, Rubim Santos Leão de ; MENDES, Francisco Roberval;
BOUCINHAS, André Dutra. Pernambuco em chamas : revoltas e revoluções
em Pernambuco. Recife : Fundação Joaquim Nabuco, 2009.
ARINOS FILHO, Afonso. Afonso Arinos de Melo Franco: cadeira 25,
ocupante 5. Rio de Janeiro : Academia Brasileira de Letras, 2009. 62 p.
___. Antônio Houaiss : cadeira 17, ocupante 5. Rio de Janeiro: Academia
Brasileira de Letras, 2009. 54 p.
ARQUIVO NACIONAL (Brasil). França : uma festa brasileira. Rio de
Janeiro : O Arquivo, 2009. 60 p.
ARQUIVOS do Barão de Studart. Coordenação geral José Augusto Bezerra.
Fortaleza : Instituto do Ceará, 2010. 160 p.
ARTE MÉDICA e imagem do corpo : de Hipócrates ao final do século XVIII.
Apresentação Jorge Couto. Lisboa : Biblioteca Nacional de Portugal, 2010.
573 p.
ASSIS, Machado de. Correspondência : 1860-1869. Apresentação Sergio
Paulo Rouanet. Rio de Janeiro : Academia Brasileira de Letras, 2008. v. 1
AZEVEDO, Thales de. Povoamento da cidade do Salvador. Ed. fac-similar.
Salvador : Secretaria da Cultura : Fundação Pedro Calmon, 2009. xxix,415 p.
BAÊNA, Miguel Sanches de ; LOUÇÃO, Paulo Alexandre (Coord.). Grandes
enigmas da história de Portugal. Lisboa : Ésquilo, 2009. v. 2.
BARATA, Cipriano. Sentinela da Liberdade e outros escritos: 1821-1835.
São Paulo : Edusp, 2008. 933 p.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):442-458, out./dez. 2010 443


Livros recebidos

BARBOSA, Francisco de Assis. Dom João VI e a siderurgia no Brasil.


Apresentação Eduardo Silva. 2. ed. Brasília : Batel, 2010. 111 p.
BARROS, Carlos Vandoni de. Os barões de Vila Maria. Organização,
atualização e notas de Augusto César Proença. Campo Grande : IHGMS,
2010. 159 p.
BARROZO, João Carlos. Em busca da pedra que brilha: garimpos e
garimpeiros do Alto Paraguai-Diamantino. Cuiabá : EdUFMT : Carlini &
Caniato, 2007. 256 p.
BENEVIDES, Cezar ; LEONZO, Nanci. Centenário da Miranda Estância.
Campo Grande : [s.n.], 2010. 45 p.
BERTUCCI, Liane Maria. Saúde : uma arma revolucionária. Campinas :
UNICAMP, Centro de Memória, 1997. 232 p.
BEZERRA, José Augusto (Coord.). Arquivos do Barão de Studart. Fortaleza
: Instituto do Ceará, 2010. 160 p.
BEZERRA, Paulo. Novas cartas dos sertões do Seridó. Natal : Ed. do Autor,
2009.198 p.
BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Biblioteca Nacional 200 anos: uma defesa
do infinito. Rio de Janeiro : Fundação Biblioteca Nacional, 2010. 176 p.
BITTENCOURT, Fábio (Org.). Arquitetura do Instituto Vital Brasil um
patrimônio modernista da saúde : 90 anos de história. Niterói : Rio Books,
2009. 205 p.
BITTENCOURT SAMPAIO, Sérgio. Negras líricas : duas intérpretes negras
brasileiras na música de concerto (séc. XVIII-XX). 2. ed. rev. e ampl. Rio de
Janeiro : 7Letras, 2010. 173 p.
BOAVENTURA, Edivaldo (Org.). Jorge Calmon: o jornalista. Salvador :
Quarteto : Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, 2009. 301 p.
BONNET, Márcia. Entre o artifício e a arte: pintores e entalhadores do Rio
de Janeiro setecentista. Rio de Janeiro : Arquivo Geral da Cidade do Rio de
Janeiro, 2009. 200 p.
BORGES, Fernando Tadeu de Miranda. Do extrativismo à pecuária : algumas
observações sobre a história econômica de Mato Grosso : 1870 a 1930. 4. ed.
rev. São Paulo : Scortecci, 2010. 189 p.

444 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):442-458, out./dez. 2010


Publicações recebidas

BORGES, Fernando Tadeu de Miranda ; PERARO, Maria Adenir ; COSTA,


Viviane Gonçalves da Silva. Trajetórias de vidas na história. Cuiabá:
EdUFMT : Carlini & Caniato, 2008. 512 p.
BRAGANÇA, Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e. Dom Pedro II em Viena :
1871 e 1877. Apresentação de Carlos Humberto P. Corrêa. Florianópolis :
Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, 2010. 120 p.
O BRASIL, a França e o mar. Rio de Janeiro : Diretoria do Patrimônio
Histórico e Documentação da Marinha, 2009. 80 p.
BRASIL - ESTADOS UNIDOS: 1824-1829. Rio de Janeiro : Centro de
História e Documentação Diplomática ; Brasília : Fundação Alexandre de
Gusmão, 2009. 2 v.
BRASÍLIA : a idéia de uma capital. São Paulo : Fundação Armando Álvares
Penteado, 2010. 179 p.
CALADO, Alder Júlio Ferreira. Gregório Bezerra : um lutador do povo. São
Paulo : Expressão Popular, 2006. 106 p.
CÂMARA, Helder. Circulares interconciliares . Recife : CEPE, 2009. v. 2,
t.1-3.
CAMBESES JÚNIOR, Manuel. Joaquim Pedro Salgado Filho: primeiro
Ministro da Aeronáutica. Rio de Janeiro : Instituto Histórico-Cultural da
Aeronáutica, [s.d.]. 15 p.
CAMPESTRINI, Hildebrando. História de Mato Grosso do Sul. 6. ed. rev. e
ampl. Campo Grande, MS : Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso
do Sul, 2009. 367 p.
___ . Mato Grosso do Sul : conflitos étnicos e fundiários. Campo Grande, MS
: [s.n.], 2009. 127 p.
CAMPOS, Humberto de. Memórias e Memórias inacabadas. São Luís:
Instituto Geia, 2009. 364 p.
CARDOSO, Rafael (Org.). Impresso no Brasil, 1808-1930 : destaques da
história gráfica no acervo da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro: Verso
Brasil, 2009. 175 p.
CARVALHO, José Murilo de (Org.). A Academia Brasileira de Letras:
subsídios para sua história : 1940-2008. Rio de Janeiro : Academia Brasileira
de Letras, 2009. 471 p.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):442-458, out./dez. 2010 445


Livros recebidos

CELSO, Antônio. Girassol de ouro : romance. Rio de Janeiro : Relume


Dumará, 2000. 173 .
___. A porta de Jerusalém : romance. 3. ed. Rio de Janeiro : Relume Dumará,
1997. 180 p.
___. La porta di Gerusalemme. Traduzione di Laura Galli. Viareggio : M.
Baroni, 1999. 199 p.
CÉSAR, Elben M. Lenz. Mochila nas costas e diário na mão : a fascinante
história de Ashbel Green Simonton. Viçosa : Ultimato, 2009. 215 p.
CHACON, Vamireh. O Brasil e o ensaio hispano-americano. Apresentação
Marcos Vinicios Vilaça. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2010.
169 p.
___ . Globalização e estados transnacionais: relações internacionais no
século XXI. São Paulo : Senac, 2002. 78 p.
___ . A Grande Ibéria : convergências e divergências de uma tendência. São
Paulo : Ed. Unesp ; Brasília : Paralelo, 2005. 269 p.
___ . As Ibérias de Gilberto Freyre. Recife : V. Chacon, 2007. 68 p.
CHECHE GALVEZ, Marcelo ; COSTA, Yuri (Orgs.). O Maranhão
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COIMBRA, Custódio. Rio de cantos 1000. Rio de Janeiro: Réptil, 2009. 244
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e Documentação Diplomática; Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão,
2009. 512 p.
CONY, Carlos Heitor. JK : como nasce uma estrela. São Paulo: Record,
2010. 158 p.
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(Orgs.). Estratégias de poder na América Portuguesa : dimensões da cultura
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COSTA, Waldemar. Imagens de Jacarepaguá. Rio de Janeiro: Center
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COUTO, Jorge (Org.). A expulsão dos jesuítas dos domínios portugueses:
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CULTURAS cruzadas em português : redes de poder e relações culturais
(Portugal-Brasil, séc. XIX e XX). Coordenação Cristina Montalvão Sarmento,
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Livros recebidos

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Felte Bezerra : cartas de um antropólogo sergipano : 1947-59 e 1973-85. São
Cristovão : Universidade Federal de Sergipe, 2009. 304 p.
DANTAS, Carolina Vianna. O Brasil café com leite : mestiçagem e identidade
nacional em periódicos : Rio de Janeiro, 1903-1914. Rio de Janeiro : Edições
Casa de Rui Barbosa, 2001. 342 p.
DEAN, Warren. The industrialization of São Paulo : 1850-1945. Austin:
University of Texas Press, c1969. xv, 263 p.
DELGADO, Alexandre Miranda. Memória histórica sobre a cidade de Lima
Duarte e seu município. 2. ed. corr.e aum. Juiz de Fora : Editar, 2009. 385 p.
DELLA CAVA, Ralph. Milagre em Joaseiro. Tradução de Maria Yedda
Linhares. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1976. 279 p.
DEL PRIORE, Mary. Ao sul do corpo : condição feminina, maternidades e
mentalidades no Brasil colônia. 2. ed. São Paulo : Unesp, 2009. 302 p.
DEL PRIORE, Mary ; VENANCIO, Renato. Uma breve história do Brasil.
São Paulo : Planeta, 2010. 319 p.
DIÁRIOS de viagem : fotografias de Leopoldo III : 1962-1967. São Paulo:
Fundação Armando Álvares Penteado, 2010. 120 p.
DICIONÁRIO de biografias científicas. Rio de Janeiro: Contraponto, 2007.
3 v.
D. JOÃO: o contexto do período joanino no acervo do Museu Mariana
Procópio. Juiz de Fora : Fundação Museu Mariano Procópio, 2008. 78 p.
DURAN, Maria Renata da Cruz. Ecos do púlpito : oratória sagrada no tempo
de D. João VI. São Paulo : Unesp, 2010. 206 p.
EL FAR, Alessandra. Páginas de sensação : literatura popular e pornografia
no Rio de Janeiro : (1870-1924). São Paulo : Companhia das Letras, 2004.
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ERMAKOFF, George. Theatro Municipal do Rio de Janeiro: 100 anos.
Ensaio fotográfico Cristiano Mascaro. Rio de Janeiro : G. Ermakoff, 2010.
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Publicações recebidas

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Janeiro : contribuições tecnológicas. Rio de Janeiro : Synergia, 2009. 194 p.
FIGUEIREDO, Luciano (Org.). A era da escravidão. Rio de Janeiro: Sabin,
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FLORA brasileira : história, arte e ciência. Organização Ana Cecília
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Brasileiros e as transformações da historiografia nacional : 1936-1959. Rio
de Janeiro : Edições Casa de Rui Barbosa, 2010. 308 p.
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: um debate sobre a formação de núcleos urbanos. Rio de Janeiro : Casa da
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Livros recebidos

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Memória de Santos, 2009. 186 p.
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Konzepte gesellschaftlicher Entwicklung in Brasilien (1808-1871). Stuttgart:
F. Steiner, 2009. 349 p.
HELLER, Milton Ivan. Conspiração nazista nos céus da América : Hitler
e os planos da Alemanha Antártica com base na população germânica do
Brasil. Curitiba : Instituto Memória, 2009. 236 p.
HERRERA, Luís Alberto. La Revolución Francesa y Sudamérica.
Montevideo: Instituto Manuel Oribe : Arca, 2009. 275 p.
IPANEMA, Marcello de ; IPANEMA, Cybelle de. A tipografia na Bahia :
documentos sobre suas origens e o empresário Silva Serva. 2. ed. Salvador :
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JOANONI NETO, Vitale. Fronteiras da crença : ocupação do norte de Mato
Grosso após 1970. Cuiabá : EdUFMT : Carlini & Caniato, 2007. 256 p.
___. (Org.). Política, ambiente e diversidade cultural. Cuiabá: EdUFMT,
2007. 250 p.
JOÃO, do Rio. A alma encantadora das ruas = The enchanting soul of the
streets.. Versão para o inglês Mark Carlion. Rio de Janeiro : Cidade Viva,
2010. 487 p.
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Brasil. Rio de Janeiro : Capivara, 2009. 708 p.
LA ROCQUE, Ivan de. O Rio do terceiro milênio. [S.l.] : I. de La Roque,
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Publicações recebidas

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2009. 896 p.
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LINS, Antônio Lopes. Eduardo Olímpio Machado : o homem, o meio, seu
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LOPES, Joaquim Francisco. Derrotas. Atualização, introdução e notas de
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LOPES, Júlio Aurélio Vianna. A carta da democracia : o processo constituinte
da ordem pública de 1988. Prefácio de Bernardo Cabral. Rio de Janeiro :
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LUCCHESI, Marco. Ficções de um gabinete ocidental : ensaios de história
e literatura, Prefácio Mary Del Priore. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
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MACHADO de Assis e Joaquim Nabuco : correspondência. Organização,
introdução e notas Graça Aranha. Prefácio à terceira edição José Murilo de
Carvalho. Rio de Janeiro : Topbooks, 2008. 254 p.
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como objeto de estudo. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2010.
400 p.
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MARINGONI, Gilberto. Barão de Mauá : o empreendedor. São Paulo:
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MASCARO, Cristiano. Fazendas do Império. Apresentação Fernando Tasso
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Livros recebidos

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1960-2010. São Paulo : Fundação Armando Álvares Penteado, 2010. 261 p.
___ (Org.). Memórias reveladas : a história em cena : 1976-2010. São Paulo:
Fundação Armando Álvares Penteado, 2010. 407 p.
___ (Org.). Teatro FAAP : a história em cena : 1976-2010. São Paulo:
Fundação Armando Álvares Penteado, 2010. 179 p.
MEDEIROS, Marcelo. História da fundição. São Paulo : Salus, 2009. 160 p.
MELLO, José de Almeida. Ponta Delgada : sete maravilhas. Ponta Delgada:
Publicor, 2010. 168 p.
MENDES, Alípio. Ouro, incenso e mirra : narrativas históricas sobre Angra
dos Réis. Angra dos Reis : Ateneu Angrense de Letras e Artes, 2009. 364 p.
MESQUITA, Cláudia ; COELHO, Olínio Gomes P. (Org.). 75 anos Crea-RJ:
a invenção de um novo tempo. Rio de Janeiro : Crea-RJ, 2009. 159 p.
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dos titulares do Império : títulos de letras São a Sur e adendo relativo aos
títulos anteriores. Rio de Janeiro : O Autor, 2010. v. 9.
MONIZ BANDEIRA, Luiz Alberto. Brasil, Argentina e Estados Unidos
conflito e integração na América do Sul. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro :
Civilização Brasileira, 2010. 669 p.
___. Geopolítica e política exterior : Estados Unidos, Brasil e América do
Sul. 2. ed. Brasília : Fundação Alexandre de Gusmão, 2010. 121 p.
___. O governo João Goulart : as lutas sociais no Brasil, 1961-1964. 8. ed.
rev. e ampl. São Paulo : Unesp, 2010. 512 p.
MONTEIRO, Ana Maria Reis de Góes. Ramos de Azevedo : presença e
atuação profissional em Campinas. Campinas: Unicamp, Centro de Memória,
2009. 181 p.
O MORRO e o asfalto no Rio de Janeiro de Noel Rosa. Organização Leonel
Kaz e Nigge Lodi. Textos de João Máximo. Rio de Janeiro : Aprazível, 2010.
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MOURÃO, Danielle Ellery. Identidades em trânsito: África “na pasajen”
: identidades e nacionalidades guinenses e cabo-verdianas. Campinas:
Unicamp, Centro de Memória, 2009. 208 p.

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Publicações recebidas

MULLER, Fritz. Para Darwin. Tradução de Luiz Roberto Fontes, Stefano


Hagen. Florianópolis : Ed. da UFSC, 2009. 280 p.
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O MUSEU de Arte da Bahia. São Paulo : Banco Safra, 1997. 359 p.
MUSEU Histórico do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro: Museu Histórico
do Exército e Forte de Copacabana, 2009. 200 p.
O MUSEU Nacional. São Paulo : Banco Safra, 2007. 359 p.
NANTES, Aglay Trindade. Morro Azul : histórias pantaneiras. 2. ed. rev. e
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NOGUEIRA, Marcus Antonio Monteiro. Memorial nilopolitano. Nilópolis,
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OLIVEIRA NETO, Godofredo de. Cruz e Souza : o poeta alforriado. Rio de
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OUROS de Eldorado : arte pré-hispânica da Colômbia. São Paulo : Pinacoteca
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PAGE, Thomas Jefferson. El Río de la Plata, la Confederación Argentina y el
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PAIVA, Melquíades Pinto. Breves memórias do espaço e do tempo. Fortaleza
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___. Nordeste do Brasil : terra, mar e gente. São Paulo : Õte, 2010. 407 p.
PALERMO, Miguel Ângelo. Nioaque : evolução política e revolução de
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3. ed. rev. e aum. Campo Grande : IHGMS, 2010. 159 p.
PAMPLONA, Nelson V. A família Werneck. Rio de Janeiro: Ed. do Autor,
2010. 661 p.
PAPALI, Maria Aparecida (Org.). Câmara Municipal de São José dos
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Livros recebidos

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Universidade do Vale do Paraíba, 2010. 227 p.
PARANHOS, José Maria de Silva. Cartas ao amigo ausente. Explicação
José Murilo de Carvalho. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras,
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PATRIANI, Luís; CUNHA, Valdemir. Paraíba do Sul: história de um rio
sobrevivente. São Paulo : Horizonte, 2010. 128 p.
PERARO, Maria Adenir (Org.). Igreja Católica e os cem anos da Arquidiocese
de Cuiabá : 1910-2010. Cuiabá : EdUFMT, 2009. 398 p.
PEREIRA, Antônio Celso Alves. Os impérios nucleares e seus reféns:
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PEREIRA, Moacir (Org.). Altino Flores : fundador da ACI. Prefácio Jali
Meirinho. Florianópolis : Insular, 2010. 175 p.
PINTO, Vera Tylde de Castro ; FREIRE, Heitor Rodrigues. Decolando daqui
... : história da aviação civil sul-mato-grossense. Campo Grande : IHGMS,
2010. 190 p.
PLACAR 40 anos : futebol, história e paixão. São Paulo : Abril, 2010. 116 p.
POUGY, José. O bairro das Águas Férreas : no tempo em que o Carioca era
rio, a Rainha bebia na bica e o Cosme não era velho. Rio de Janeiro: Ed. do
Autor, 2009. 120 p.
QUEIROZ, Suely Robles Reis de. Política e cultura no Império brasileiro.
São Paulo : Brasiliense, 2010. 157 p.
RABAÇA, Silvio Roberto ; BARBOSA, Gustavo Guimarães. De pai para
filho : imigrantes portugueses no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro : Documenta
Histórica, 2010. 208 p.
RAMOS, Silvia ; PAIVA, Anabela. Mídia e violência : novas tendências na
cobertura de criminalidade e segurança no Brasil. Rio de Janeiro : IUPERJ,
2007. 192 p.
RÊGO, André Heráclio do. Família e coronelismo no Brasil : uma história de
poder. São Paulo : A Girafa, 2008. 379 p.
REPOLÊS, Maria Fernanda Salcedo. Identidade do sujeito constitucional
e controle da constitucionalidade : raízes históricas da atuação do Supremo
Tribunal Federal. Rio de Janeiro : Edições Casa de Rui Barbosa, 2001. 154 p.

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Publicações recebidas

RIBEIRO, Renato Alves. Taboco : 150 anos : balaio de recordações. 2. ed.


rev. e ampl. Campo Grande : IHGMS, 2010. 223 p.
RODRIGUES, Nina. O animismo fetichista dos negros baianos. Apresentação
e notas Ivonne Maggie, Peter Fry. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca
Nacional : Ed. UFRJ, 2006. 139 p.
RÓNAI, Paulo. Encontros com o Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Batel: Fundação
Biblioteca Nacional, 2010. 222 p.
SAFRA, Vicky et al. Raízes de uma jornada. São Paulo : Instituto Cultural J.
Safra : Instituto Morashá de Cultura, 2010. 456 p.
SALDANHA, Atamaril. Histórias e estórias da revolução de 1932 em Mato
Grosso do Sul. Atualização e introdução de Hildebrando Campestrini. 2.ed.
Campo Grande : IHGMS, 2010. 143 p.
SALES JÚNIOR, Ronaldo Laurentino de. Raça e justiça : o mito da
democracia racial e o racismo institucional no fluxo da justiça. Recife:
Fundação Joaquim Nabuco : Massangana, 2009. 203 p.
SALIM, Alex. Arte barroca brasileira. São Paulo: Décor, [s.d.]. 279 p.
SAMPAIO, Teodoro. O tupi na geografia nacional. Ed. fac-simile. Salvador:
IGHB, 2010. 359 p.
SANTA RITTA, José de. A água do Rio : do Carioca ao Guandu : a história do
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2009. 346 p.
SANTOS, Joel Rufino dos. Carolina de Jesus: uma escritora improvável. Rio
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SARGES, Maria de Nazaré. Belém : riquezas produzindo a Belle Époque :
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SENRA, Nelson de Castro ; CAMARGO, Alexandre de Paiva Rio. Estatísticas
nas Américas : por uma agenda de estudos históricos comparados. Rio de
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SERRA, Mozart Vitor ; RABAÇA, Carlos Alberto (Org.). Rua Larga. Rio de
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Livros recebidos

SILVA, Davi Roberto Bandeira da. Ousadia no Nordeste: a saga


empreendedora de Delmiro Gouveia. Maceió : Federação das Indústrias do
Estado de Alagoas : Grupo Industrial João Santos, 2007. 208 p.
SILVA, Luciano Pereira da. O Brasil que eu vivi : vultos e fatos. Rio de
Janeiro : Usina de Letras, 2009. 695 p.
SILVA, Salvador Mata e. A Revolta da Cachaça : um crime de inconfidência
na América Portuguesa no século XVII. Niterói : Muiraquitã, 2010. 80 p.
SILVA, Salvador Mata e ; MOLINA, Evadyr. São Gonçalo no século XIX.
Niterói : São Gonçalo Letras, 2010. 144 p.
SILVA, Salvador Mata e ; SALVINO, Reinaldo Henrique. Patronos das
escolas municipais de São Gonçalo. São Gonçalo : Muiraquitã, 2010. v. 1.
SILVA, Yara. Tia Carmen : negra tradição da Praça Onze. Rio de Janeiro :
Fundação Biblioteca Nacional : Garamond, 2009. 148 p.
SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. Ministério Público do Estado de Mato
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___ . A trajetória do Tribunal de Justiça de Mato Grosso : 130 anos. Cuiabá:
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SOARES, Orlando. Comentários á Constituição da República Federativa
do Brasil : (promulgada em 05.10.1988). 12. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
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SOUSA, João Batista de. Evolução histórica Sul Mato Grosso. Atualização e
revisão de Paulo Cezar Vargas Freire. 3. ed. Campo Grande : IHGMS, 2010.
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___ . Mato Grosso : terra da promissão. Atualização e introdução de Paulo
Cezar Vargas Freire. 2. ed. Campo Grande : IHGMS, 2010. 255 p.
SOUZA, Adriana Barreto de. Duque de Caxias: o homem por trás do
monumento. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira, 2008. 611 p.
SOUZA, Ésio de. Capitão-mor José de Xerez Furna Uchoa o introdutor do
café no Ceará. Fortaleza : ABC Ed., 2008. 98 p.
SOUZA, Fernando de (Org.). A Companhia e as relações económicas
de Portugal com o Brasil, a Inglaterra e a Rússia. Porto: CEPESE: Ed.

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Publicações recebidas

Afrontamento, 2008. 429 p.


SOUZA, George F. Cabral de et al. Instituto Arqueológico, Histórico e
Geográfico Pernambucano : breve história ilustrada. Recife : IAHGP, 2010.
128 p.
SOUZA, Luiz de Castro. Evolução da Sociedade Eça de Queiroz: 1997-
2009. Rio de Janeiro : [s.n.], 2010. 24 p.
STUDART, Guilherme. Geografia do Ceará. Fortaleza : Instituto do Ceará,
2010. 332 p.
TEIXEIRA, Cid ; OBERLAENDER, Fernando ; REBOUÇAS, Daniel.
História do petróleo na Bahia. Salvador : EPP Publicações e Publicidade,
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TELLES, Sergio. Caminhos da cor. Rio de Janeiro : G. Ermakoff, 2010. 405 p.
TELES, Gilberto Mendonça. Contramargem II : estudos de literatura.
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___. Vanguarda européia e modernismo brasileiros: apresentação dos
principais poemas metalingüísticos, manifestos, prefácios e conferências
vanguardistas de 1857 a 1972. 19. ed. rev. e ampl. Petrópolis : Vozes, 2009.
639 p.
THOMAS, Werner ; STOLS, Eddy (Eds.). Un mundo sobre papel : libros y
grabados flamencos en el Imperio hispanoportugués : (siglos XVI-XVIII).
Lovaina : Acco, 2009. 462 p.
TURAZZI, Maria Inez. Iconografia e patrimônio : o Catálogo da Exposição
de História do Brasil e a fisionomia da nação. Rio de Janeiro: Fundação
Biblioteca Nacional, 2009. 244 p.
___ (Org.). Victor Meirelles : novas leituras. Florianópolis: Museu Victor
Meirelles, 2009. 240 p.
VASCONCELLOS, Francisco de. Brasil têxtil : da Independência a 1850.
Petrópolis : [s.n.], 2009. 47 p.
___. Conexão Rio Preto : de Saint Hilaire a Fox Bambury. Petrópolis : F. de
Vasconcellos, 2010. 119 p.
___. Petrópolis e o primeiro governo Nilo Peçanha. Petrópolis : F. de
Vasconcellos, 2001. 208 p.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):442-458, out./dez. 2010 457


Livros recebidos

VASQUEZ, Pedro Afonso. A Princesa Isabel, o gato e a fotografia. Rio de


Janeiro : Pinakotheke, 2010. 52 p.
VASQUEZ, Pedro Karp et.al. Noêmia Guerra : vida e obra. Rio de Janeiro :
Vertical e Programação Visual 2A2, 2009. 240 p.
VAZ, Francisco António Lourenço (Coord.). Os livros e as bibliotecas no
espólio de D. Frei Manuel do Cenáculo : repertório de correspondência, róis
de livros e doações a bibliotecas. Lisboa : Biblioteca Nacional de Portugal,
2009. 669 p.
VELTMAN, Henrique.Do Beco da Mãe a Santa Teresa. São Paulo: H.
Veltman, 2010. 112 p.
VIEIRA, Antonio. Índice das coisas mais notáveis. Organização Alcir Pécora.
São Paulo : Hedra, 2010. 390 p.
VISITA da Família Real Belga ao Brasil : 1920. São Paulo : Fundação
Armando Álvares Penteado, 2010. 108 p.
WEHLING, Arno. De formigas, aranhas e abelhas : reflexões sobre o IHGB.
Rio de Janeiro : Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 2010. 234 p.
WEHRS, Carlos. O canto do cisne : contos recolhidos em serões de médicos.
Rio de Janeiro : C. Wehrs, 2010. 173 p.
ZANETTI, Valéria. Os campos da cidade : São José revisitada. São José dos
Campos : Universidade do Vale do Paraíba, 2008. 199 p.

458 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):442-458, out./dez. 2010


Publicações recebidas

PERIÓDICOS RECEBIDOS

ACERVO. Rio de Janeiro : Arquivo Nacional, v. 22, n. 1, jan./jun. 2009.


ANAIS DO MUSEU PAULISTA : história e cultura material. São Paulo, v.
16, n. 2, jul./dez. 2008; v. 17, n. 1, jan./jun. 2009.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, v. 68,
2008.
ANUARIO DE ESTUDIOS AMERICANOS. Sevilla : Escuela de Estúdios
Hispano-Americanos, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, v. 66,
n. 2, jul./dic. 2009.
ARQUEOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. São Leopoldo :
Instituto Anchietano de Pesquisas, UNISINOS, 2009. (Documentos, 11).
ARQUIVO MEMÓRIA DE GUARATINGUETÁ. Guaratinguetá, n. 292-
299, 2009-2010.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOGRAFIA. Rio de
Janeiro : DINIGRAF, 2009. Número especial: França.
BOLETIM DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO PARANÁ.
Curitiba, v. 60, 2009.
BOLETIM DO MUSEU DO ÍNDIO. Brasília,dez. 2009. (Documentação;
n. 11).
BOLETIM DO MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI. Belém, v. 4, n. 3,
set./dez. 2009.
BOLETIM PARANAENSE DE GEOCIÊNCIAS. Curitiba : UFPR, n. 62-63,
2008.
BOLETÍN DE HISTORIA Y ANTIGÜEDADES. Bogotá : Academia
Colombiana de Historia, v. 96, n. 845, 2009; n. 847-849, nov. 2009/abr.
2010.
BOLETÍN DE LA REAL ACADEMIA DE LA HISTORIA. Madrid, t. 206,
cuad. 2-3, mayo/sep. 2009; t. 207, cuad. 1, ene./abr. 2010..
BRASIL EM NÚMEROS. Rio de Janeiro : IBGE, Centro de Documentação
e Disseminação de Informações, v. 17, 2009.
CADERNOS ADENAUER. Migração e políticas sociais. Rio de Janeiro :
Fundação Konrad Adenauer, ano 10, n. 1, 2009.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):459-465, out./dez. 2010 459


Periódicos recebidos

CADERNOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS. Rio de Janeiro: Escola


Superior de Guerra, Centro de Estudos Estratégicos, n. 4-5, 2006.
CADERNOS DE ESTUDOS SOCIAIS. Recife : Fundação Joaquim Nabuco,
v. 24, n. 1-2, jan./dez. 2008.
CADERNOS DE HISTORIA DA CIÊNCIA. São Paulo : Instituto Butantan,
Laboratório de História da Ciência, v. 5, n. 1, jan./jun. 2009.
CADERNOS DO CHDD. Brasília: Ministério das Relações Exteriores,
Fundação Alexandre de Gusmão, ano 7, n. 12, 1. sem. 2008; ano 8, n. 14-15,
1./2. sem. 2009; ano 9, 16-17, 1./2. sem. 2010.
CARIOQUICE. Rio de Janeiro : Instituto Cultural Cravo Albim, ano 6, n. 23,
out./dez. 2009.
CARTA MENSAL. Rio de Janeiro: Associação de Cartofilia do Rio de Janeiro,
ano 23, n. 198, dez. 2009; ano 24, n. 199-201, 203-209, jan./abr.,maio/nov.
2010.
CARTA MENSAL. Rio de Janeiro : Colégio Brasileiro de Genealogia, ano
23, n. 96, 98, maio/jul., nov./dez. 2010.
CARTA MENSAL. Rio de Janeiro : Confederação Nacional do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo, v. 55, n. 654-657, set./dez. 2009; v. 56, n. 658-665,
jan./ago. 2010.
CIDADES DO RIO. Resende 208 anos : 1801-2009. [Resende] : CAT
Publicidade, ano 1, n. 1, set. 2009.
CIÊNCIA & TRÓPICO. Recife : Fundação Joaquim Nabuco, v. 32, n. 1-2,
jan./dez. 2008.
CLÍO. Santo Domingo : Academia Dominicana de la Historia, año 78, no.
178, jul./dic. 2009.
CONFLUÊNCIA : revista do Instituto de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Liceu Literário Português, n. 33-34, 2. sem. 2007/1. sem. 2008.
CULTURA : revista de história e teoria das idéias. 2. sér. Lisboa : Centro de
História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa, v. 25, 2008.
DEBATES. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, Stiftung, n. 14-17, 1997-
1998.
EDUCAÇÃO EM LINHA. Rio de Janeiro : Secretaria de Estado de Educação,
ano 2-3, n. 6-10, out. 2008/dez. 2009.

460 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):459-465, out./dez. 2010


Publicações recebidas

ESCRITOS. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, ano 3, n. 3,


2009.
ESPACIO REGIONAL: revista de estúdios sociales. Osorno, Chile:
Universidad de los Lagos, Departamento de Ciências Sociales, v. 2, n. 6,
2009.
ESPAÇO PLURAL. Marechal Cândido Rondon, PR : UNIOESTE,
CEPEDAL, ano 9, n. 19, 2. sem. 2008; ano 10, n. 20-21, 1. /2. sem. 2009.
ESTUDOS AFRO-ASIÁTICOS. Rio de Janeiro : Universidade Cândido
Mendes, Centro de Estudos Afro-Asiáticos, n. 1-3, 1978-1980; n. 6-7, 1982;
n. 12, 1986; n. 14, set. 1987; n. 17, 1989; n. 19-30, 1990-1996; n. 33-34,
1998; n. 37-38, 2000; ano 23, n. 1-2, 2001; ano 24, n. 1-3, 2002; ano 25, n.
1-3, 2003; ano 26, n. 1-3, 2004; ano 27, n. 1-3, 2005; ano 28, n. 1-3, 2006.
ESTUDOS FILOSÓFICOS. São João del-Rei : Universidade Federal de São
João del-Rei, Departamento de Filosofia e Métodos, n. 3-4, jan./dez. 2010.
Conteúdo do n. 3, jul./dez. 2009: Atas do VIII Colóquio Antero de Quental.
ESTUDOS HISTÓRICOS. Economia e sociedade. Rio de Janeiro : Fundação
Getúlio Vargas, n. 29, 2002.
ESTUDOS IBERO-AMERICANOS. Porto Alegre : PUCRS, Programa de
Pós-Graduação em História, v. 35, n. 1, jan./jun. 2009.
FAZIMENTOS. Rio de Janeiro : Fundação Darcy Ribeiro, cad. 1-2, 2006;
cad. 5-6, 2008; cad. 7-8, 2009.
HISTORIA PARAGUAYA : anuário de la Academia Paraguaya de la Historia.
Asunción, v. 49-50, 2009-2010.
HISTÓRIA UNISINOS. São Leopoldo : Universidade do Vale do Rio dos
Sinos, v. 13, n. 1-2, jan./ago. 2009.
IDÉIAS EM DESTAQUE. Rio de Janeiro : Instituto Histórico-Cultural da
Aeronáutica, n. 32-33, jan./ago. 2010-.
IEV. Lorena, n. 211-213, out. 2009/ fev. 2010; n. 215, maio/jun. 2010
INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS: boletim informativo de
pesquisas históricas. Petrópolis, ano 3, n. 8-9, jul./dez. 2009.
JESUITAS : anuário de la Compañia de Jesús. Roma Prati : Cúria Generalícia
de la Compañia de Jesús, no. 50, set. 2010.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):459-465, out./dez. 2010 461


Periódicos recebidos

JUSTIÇA & HISTÓRIA. Porto Alegre : Tribunal de Justiça do Estado do


Rio Grande do Sul, Memorial do Judiciário do Rio Grande do Sul, v. 7, n.
13, 2007.
LOCUS. Juiz de Fora : Ed. UFJF, v. 15, n. 2, 2009.
MEMORIA Y SOCIEDAD : revista de historia journal of history. Bogotá :
Pontifícia Universidad Javeriana, Departamento de Historia y Geografia, v.
13, no. 27, jul./dic. 2009.
UM MUSEU-PALÁCIO EM SANTA CATARINA. Florianópolis, ano 4,
[2009].
NAVIGATOR : subsídios para a história marítima do Brasil. Rio de Janeiro :
Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha, v. 5, n. 9-10,
jun./dez. 2009.
NOTÍCIA BIBLIOGRÁFICA E HISTÓRICA. Campinas: PUC, Faculdade
de História, Centro de Ciências Humanas, ano 39, n. 203-204, jul./dez. 2007;
ano 40, n. 204-205, jan./dez. 2008; ano 41, n. 206, jan./jun. 2009.
OFICINA DO INCONFIDÊNCIA : revista de trabalho. Ouro Preto : Museu
da Inconfidência, ano 6, n. 5, dez. 2009.
PAPERS. Reforma tributária ecológica. São Paulo: Fundação Konrad-
Adenauer-Stiftung, n. 33, 1998.
PERFIL CULTURAL.
PESQUISAS. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer Stiftung, n. 11, 1998;
n. 15, 1999.
O PRELO. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, ano
8, n. 22-23, jan./jun. 2010.
RBPI : revista brasileira de política internacional. Brasília : Instituto Brasileiro
de Relações Internacionais, ano 52, n. 1-2, 2009; ano 53,.n. 1, 2010.
RC : revista de cultura. Macau : Instituto Cultural do Governo da R.A.E., 26,
28, 2008.
RECINE : revista do Festival Internacional do Cinema de Arquivo. Rio de
Janeiro : Arquivo Nacional, ano 6, n. 6, set. 2009.
REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO. Rio de Janeiro: Associação
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, v. 14, n. 42, set./dez.
2009.

462 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):459-465, out./dez. 2010


Publicações recebidas

REVISTA BRASILEIRA DE GEOMORFOLOGIA. Uberlândia :


Universidade Federal de Uberlândia, v. 10, n. 1-2, jan./dez. 2009.
REVISTA COMPLUTENSE DE HISTORIA DE AMÉRICA. Madrid :
Universidad Complutense, v. 35, 2009.
REVISTA DA ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO JOÃO DEL-REI. São
João del Rei, ano 4, n. 4, 2010. N. especial dedicado às comemorações do
centenário de nascimento do dr. Tancredo de Almeida Neves – 2010.
REVISTA DA ARCÁDIA DE MINAS GERAIS. Belo Horizonte, v. 5, nov.
2009.
REVISTA DA ASBRAP. São Paulo, n. 16, 2010.
REVISTA DACULTURA. Rio de Janeiro : Fundação Cultural Exército
Brasileiro,
REVISTA DA ESCOLA DE GUERRA NAVAL : periódico especializado em
estudos estratégicos. Rio de Janeiro, n. 13, jun. 2009.
REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL. Rio de Janeiro,
ano 5, n. 53-62, fev./nov. 2010.
REVISTA DE HISTÓRIA REGIONAL.Ponta Grossa : UEPG, Departamento
de História, v. 13, n. 2, inverno 2008; v. 14, n. 1, verão 2009.
REVISTA DO ARQUIVO GERAL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.
Rio de Janeiro, n. 3, 2009.
REVISTA DO CECO. Ouro Preto : Centro de Estudos do Ciclo do Ouro, ano
3, n. 8, dez. 2009.
REVISTA DO INSTITUTO DO CEARÁ. Fortaleza, v. 123, 2009.
REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE ALAGOAS.
Bibliografia analítica : 1872-2009. 2. ed. Maceió, 2010.
REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE GOIÁS.
Goiânia, n. 20, jan./jun. 2009.
REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MATO
GROSSO. Cuiabá, n. 61, 2003; n. 66-67, 2008-2009.
REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SANTA
CATARINA. 3. fase. Florianópolis, n. 27, 2008.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):459-465, out./dez. 2010 463


Periódicos recebidos

REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SERGIPE.


Aracaju, n. 39, 2009.
REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE GOIÁS.
Goiânia, n. 21, 2. sem. 2009.
REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESPÍRITO
SANTO. Vitória, n. 63, 2009.
REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO
MARANHÃO. São Luís, n. 28, 2008.
REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO DE
JANEIRO. Rio de Janeiro, ano 17, n. 17, 2010.
REVISTA DO LIVRO. Rio de Janeiro : Fundação Biblioteca Nacional, ano
17, n. 52, mar. 2009.
REVISTA DO UNIPÊ. João Pessoa, ano 13, n. 2, 2009.
REVISTA ESPAÑOLA DE ANTROPOLOGÍA AMERICANA. Madrid:
Universidad Complutense de Madrid, , v. 39, no. 2, 2009.
REVISTA HISTÓRIA DA BAHIA. Salvador : Fundação Pedro Calmon,
2009. Inclui: 1 CD-ROM.
REVISTA MARÍTIMA BRASILEIRA. Rio de Janeiro: Serviço de
Documentação Geral da Marinha, v. 129, n. 10-12, out./dez. 2009; v. 130, n.
1-9, jan./set. 2010.
REVISTA MÚLTIPLA. Brasília : União Pioneira de Integração Social, UPIS,
n. 25-27, dez. 2008/dez. 2009.
RHR : revista de história regional. Ponta Grosso : Universidade Estadual de
Ponta Grossa, v. 14, n. 2, 2009.
O SANTO : o jornal de Frei Galvão. Guaratinguetá, SP : Graf. Novo Mundo,
ano 1, n. 6, dez. 2009; n. 8-16, fev./out. 2010.
TEMAS DE HISTORIA ARGENTINA Y AMERICANA. Buenos Aires:
UCA, 15, jul./dic. 2009.
TEMPO BRASILEIRO. Rio de Janeiro, 175, out./dez. 2008; 180, jan./mar.
2010.

464 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):459-465, out./dez. 2010


Publicações recebidas

TERRITÓRIOS E FRONTEIRAS. Cuiabá, MT: Universidade Federal de


Mato Grosso, Programa de Pós-Graduação em História, v. 3, n. 1, jan./jun.
2002; v. 4, n. 1-2, jan./dez. 2003; v. 5, n. 1-2, jan./dez. 2005; v. 6, n. 1-2, jan./
dez. 2005; v. 7, n.1, jan./jun.2006.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):459-465, out./dez. 2010 465


Estatística

III. 4 – Estatísticas

PESQUISAS REALIZADAS NA SALA DE LEITURA


NO PERÍODO DE NOVEMBRO DE 2009 A OUTUBRO DE 2010
CONSULENTES: .................................................................... 1.505
LIVROS: .................................................................................. 2.270
PERIÓDICOS: ......................................................................... 988
MAPAS: ................................................................................... 51
MANUSCRITOS:..................................................................... 1.219
CÓDICES:................................................................................. 153
ICONOGRAFIA: ..................................................................... 197
MICROFILME: ........................................................................ 0
CDs: .......................................................................................... 16

VISITAS AO MUSEU
NO ANO DE 2010
VISITAS: .................................................................................. 172

ACESSOS AO SITE
NO ANO DE 2010
ACESSOS: ............................................................................... 36.103

466 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):466-466, out./dez. 2010


Cadastro Social

IV – QUADRO SOCIAL
IV. 1 – Cadastro Social

A – POR CLASSES

Presidentes Honorários
1. Dom Juan Carlos de Palácio de La Zarzuela – Madrid –
25-05-1983
Bourbon, da Espanha Espanha
Ala Sen. Ruy Carneiro - Gab. 3 - Anexo
2. José Sarney 02-10-1985 II/B – Senado Federal – 70165-900 –
Brasília – DF
Jornal Gazeta de Alagoas – Av. Aristeu
3. Fernando Collor de Mello 13-12-1991 de Andrade, 355 – Farol – 57051-090 –
Maceió – AL – Fone: (82) 3218-7700
Instituto Fernando Henrique Cardoso –
4. Fernando Henrique Rua Formosa, 367 – 6º andar – Centro
03-10-1999
Cardoso – 01049-000 – São Paulo – SP – Fone:
(11) 3359-5000
Praça Afonso de Albuquerque – Palácio
5. Jorge Sampaio 24-04-2000
de Belém – 1300 – Lisboa – Portugal
Palácio de Belém – Calçada da Ajuda, nº
6. Aníbal Cavaco Silva 07-03-2008
11 – 1349022 – Lisboa – Portugal
Sócios Eméritos
1 – Beneméritos
Rua Sebastião Lacerda, 31/507
1. Luiz de Castro Souza -
26-06-1963 Laranjeiras – 22240-110 – Rio de
Decano
Janeiro – RJ – Fone: (21) 2557-3425
Rua Sambaíba, 166/104 – Leblon –
2. Max Justo Guedes 15-12-1967 22450-140 – Rio de Janeiro – RJ – Fone:
(21) 2274-0374
Rua Tonelero, 125/801 – Copacabana –
3. Isa Adonias 04-09-1968 22030-000 – Rio de Janeiro – RJ – Fone:
(21) 2257-3304

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 467


Por classes

02 - Eméritos
Rua Açu, 703 – Tirol – 59020-110 –
4. Enélio Lima Petrovich 21-05-1969
Natal – RN – Fone: (84) 3222-3050
5. Augusto Carlos da Silva Caixa Postal 85828 – 26950-000 – Pati
19-05-1971
Telles do Alferes – RJ – Fone: (24) 2485-6690
Rua Gago Coutinho, 66/901 – Laranjeiras
6. João Hermes Pereira de
19-05-1971 – 22221-070 – Rio de Janeiro – RJ –
Araújo
Fone: (21) 2558-0100
Praia de Botafogo, 130/801 – Botafogo
7. Affonso Arinos de Mello
19-05-1971 22250-040 – Rio de Janeiro – RJ – Fone:
Franco
(21) 2552-5922
Av. Celso Garcia, 564 – Palmas – 26650-
8. Affonso Celso Villela de
11-12-1974 000 – Paulo de Frontin – RJ – Fone: (24)
Carvalho
2471-2566/2468-1340
Av. Princesa Leopoldina, 214/1003 –
9. Luís Henrique Dias
15-12-1975 Edf. Serza Real – Graça – 40150-080 –
Tavares
Salvador – BA – Fone: (71) 3245-3524
Rua Rui Vaz Pinto, 130/302 – Jardim
10. Cybelle Moreira de Guanabara - Ilha do Governador Rio de
15-12-1976
Ipanema Janeiro - RJ - 21931-390 – Fone: (21)
3393-3927
Rua Lemos Cunha, 414/402 – Icaraí –
11. Thalita de Oliveira
15-12-1976 24230-130 – Niterói – RJ – Fone: (21)
Casadei
3711-8385.
Casa da Palmeira Imperial – Rua
Florença, 266 - Jardim das Rosas –
12. Claudio Moreira Bento 13-12-1978
27580-000 – Itatiaia – RJ – Fone: (24)
3354-2988
Rua Frei Evaristo, 172 – Centro –
13. Walter Fernando Piazza 13-12-1978 88015-410 – Florianópolis – SC – Fone:
(48) 3222-3014
Rua Paul Redfern, 23/C. 01 – Ipanema
14. Lêda Boechat Rodrigues 17-12-1979 – 22410-080 – Rio de Janeiro – RJ –
Fone: (21) 2239-8233

468 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Av. Atlantica, 2150/1102 – Leme –


15. Vasco Mariz 27-10-1982 22021-001 – Rio de Janeiro – RJ – Fone:
(21) 2255-9517
Av. Rui Barbosa, 16/1802 – Flamengo
16. Guilherme de Andréa
16-12-1981 – 22250-020 – Rio de Janeiro – RJ –
Frota
Fone: (21) 2551-8717
Praia de Botafogo, 132/401 – Botafogo
17. Alberto Venancio Filho 17-08-1988 – 22250-040 – Rio de Janeiro – RJ –
Fone: (21) 2551-0159
Travessa do Oriente, 83 – Santa Teresa –
18. José Arthur Rios 29-03-1989 20240-120 – Rio de Janeiro – RJ – Fone:
(21) 2224-6765
Rua Senador Vergueiro, 154/1203 –
19. Carlos Wehrs 29-11-1989 Flamengo – 22230-001 – Rio de Janeiro
– RJ – Fone: (21) 2551-6916

Sócios Titulares
Rua Senador Eusébio, 30/204 –
1. Pedro Jacinto de Mallet
11-12-1974 Flamengo – 22250-020 – Rio de Janeiro
Joubin
– RJ – Fone: (21) 2552-7460
Rua Soares Cabral, 59/603 – Laranjeiras
2. Arno Wehling 15-12-1976 – 22240-070 – Rio de Janeiro – RJ –
Fone: (21) 2553-5677
Rua Belfort Roxo, 158/302 – Copacabana
3. Waldir da Cunha 15-12-1976 – 22020-010 – Rio de Janeiro – RJ –
Fone: (21) 2541-5613/9826
Rua Comandante Miguelote Viana, 141
4. José Pedro Pinto Esposel 13-12-1978 Icaraí – 24220-190 – Niterói – RJ –
Fone: (21) 2711-8663
Rua Domingos Ferreira, 102/303 –
Copacabana – 22050-010 – Rio de
5. Evaristo de Morais Filho 10-12-1980
Janeiro – RJ –Fone: (21) 2547-5629 /
2240-8314
Rua Canning, 10/602 – Ipanema –
6. Paulo Werneck da Cruz 10-12-1980 22081-040 – Rio de Janeiro – RJ – Fone:
(21) 2287-6966

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 469


Por classes

Rua Prudente de Morais, 765 - Cob. 02


7. Arnaldo Niskier 16-12-1981 – Ipanema – 22420-043 – Rio de Janeiro
– RJ – Fone: (21) 2267-7655
Rua Barão de Jaguaribe, 297/301 –
8. Evaldo José Cabral de
28-10-1987 Ipanema – 22421-000 – Rio de Janeiro
Mello
– RJ – Fone: (21) 2247-2574
Rua Viúva Lacerda, 300/601 – Humaitá
9. Eduardo Silva 17-08-1988 – 22261-050 – Rio de Janeiro – RJ –
Fone: (21) 2539-5845
Rua Lopes Trovão, 89/801 – Icaraí –
10. Marilda Corrêa Ciribelli 07-06-1989 24220-070 – Niterói – RJ – Fone. (21)
2711-4305
Rua Prudente de Morais, 1179 - Cob. 01
11. Maria da Conceição de
20-09-1989 – Ipanema – 22420-041 – Rio de Janeiro
Moraes Coutinho Beltrão
– RJ – Fone: (21) 2513-2691
Estr. Caetano Monteiro, 2835 – Rua B,
356 – Pendotiba – Niterói - RJ – 24310-
12. Francisco Luiz Teixeira 030 – Fone: (21) 2617-6818
12-12-1990
Vinhosa Rua Sergipe, 472 / 1206 – Funcionários
30130-170 – Belo Horizonte – MG –
Fone: (31)3212-4504
Av. Osvaldo Cruz, 121/902 – Flamengo
13. Antônio Gomes da Costa 29-04-1992 – 22250-060 – Rio de Janeiro – RJ –
Fone: (21) 2253-5351
14. João Maurício Ottoni Rua Pio Correia, 55 – Jardim Botânico
Wanderley de Araújo 29-04-1992 – 22461-240 – Rio de Janeiro – RJ –
Pinho Fone: (21) 2252-7059
Rua Prof. Eurico Rabelo, 139 –
15. Jonas de Morais Correia
24-06-1992 Maracanã – 20271-150 – Rio de Janeiro
Neto
– RJ – Fone: (21) 2569-7782
Rua das Laranjeiras, 147/204 –
Laranjeiras – 22240-000 – Rio de
16. Esther Caldas Bertoletti 16-12-1992
Janeiro – RJ – Fone: (21) 2557-5604 /
2557-5625
Rua Eurico Cruz, 47/1101 – Jardim
17. Victorino Coutinho
16-12-1992 Botânico – 22461-200 – Rio de Janeiro
Chermont de Miranda
– RJ – Fone: (21) 2535-2273

470 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

18. Elysio Custódio Rua Homem de Melo, 347/701 – Tijuca


Gonçalves de Oliveira 09-06-1993 20510-180 – Rio de Janeiro – RJ – Fone:
Belchior (21) 2571-9561 / 3804-9265
Embaixada do Brasil no Vaticano – Via
19. Luiz Felipe de Seixas
09-06-1993 della Conciliazione 22 – 3 piano – 00193
Corrêa – Roma - Itália

Rua Des. Alfredo Russel, 50/101 –


20. Miridan Britto Falci 09-06-1993 Leblon – 22431-030 – Rio de Janeiro –
RJ – Fone: (21) 2274-0302
Av. do Exército, 105 – Casa – Quinta da
21. Ronaldo Rogério de
08-06-1994 Boa Vista – 20910-020 – Rio de Janeiro
Freitas Mourão
– RJ – Fone: (21) 2580-7154
Rua Fernando Magalhães, 45 – Jardim
22. Helio Jaguaribe de
14-12-1994 Botânico – 22460-210 – Rio de Janeiro
Mattos
– RJ – Fone: 3205-4668
Rua Voluntários da Pátria, 181/201 –
23. Pedro Carlos da Silva
14-12-1994 Botafogo – 22270-000 – Rio de Janeiro
Telles
– RJ – Fone: (21) 2538-0726
Rua Barão de São Borja, 23/101 – Méier
24. Marcos Guimarães
28-06-1995 – 20720-300 – Rio de Janeiro – RJ –
Sanches
Fone: (21) 2592-9224
Rua Francisco Otaviano, 23 - Bl. 2 - apt.
301 Copacabana – 22080-040 – Rio de
25. Vera Lucia Bottrel Tostes 18-12-1996
Janeiro – RJ – Fone: (21) 2287-9282 -
(21) 2220-2328 (museu)
Rua Raul Pompéia, 53/501 – Copacabana
26. Hélio Leoncio Martins 13-08-1997 – 22080-000 – Rio de Janeiro – RJ –
Fone: (21) 2522-4742
Rua Paulo Cesar de Andrade, 70/302
– Laranjeiras – 22221-090 – Rio de
Janeiro – RJ – Fone: (21) 2264-1725
27. Cândido Antonio Mendes
13-08-1997 Pç. XV de Novembro, 101/ sl. 26 –
de Almeida
Centro – 20010-010 – Rio de Janeiro
– RJ – Fone: (21) 2531-2310 – Fax:
2533-4782

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 471


Por classes

Rua David Campista, 50 – Humaitá –


22261-010 – Rio de Janeiro – RJ – Tel:
(21) 2535-0375
28. Dom Carlos Tasso
Quinta de São Fernando, apartado 166
de Saxe-Coburgo e 16-12-1998
– Moncarapacho, 8700-906 – Algarve –
Bragança
Portugal
Palffygasse, 42 – A 2500 – Baden –
Aústria
Rua Arthur Araripe, 53/702 – Gávea
29. Fernando Tasso Fragoso
28-04-1999 – 22451-020 – Rio de Janeiro – RJ –
Pires
Fone: (21) 2239-7491
Rua das Laranjeiras, 322/401 –
30. Alberto Vasconcellos da
21-08-2002 Laranjeiras – 22240-002 – Rio de
Costa e Silva
Janeiro – RJ – Fone: (21) 2265-2002
Rua das Acácias, 101/904 – Gávea –
31. Maria de Lourdes Viana
19-11-2003 22451-060 – Rio de Janeiro – RJ – Fone:
Lyra
(21) 2274-3436
Rua Bulhões de Carvalho, 527/801 –
32. Célio de Oliveira Borja 19-11-2003 Copacabana – 22081-000 – Rio de
Janeiro – RJ – Fone: (21) 2247-3287
Rua Alberto de Campos, 107/cob. 2 –
33. Armando de Senna
25-08-2004 Ipanema – 22411-030 – Rio de Janeiro
Bittencourt
– RJ – Fone: (21) 2267-5965
Rua Paula Freitas, 104/405 – Copacabana
34. Roberto Cavalcanti de
15-12-2004 – 22040-010 – Rio de Janeiro – RJ –
Albuquerque
Fone: (21) 2235-8742 / 8743
Av. Atântica, 1572 – apto 1201 –
35. Maria Cecília Londres Copacabana – 22021-000 – Rio de
15-12-2004
Fonseca Janeiro – RJ – Fone: (21) 2530-8390 –
Cel.: 9232-8502
Rua Ribeiro Guimarães, 220/403 – Vila
36. Ondemar Ferreira Dias
15-12-2004 Isabel – 20511-070 – Rio de Janeiro –
Junior
RJ – Fone: (21) 3612-0267 / 2264-9806
Rua Alm. Tamandaré, 38/301 –
37. Lucia Maria Paschoal
28-09-2005 Flamengo – 22210-060 – Rio de Janeiro
Guimarães
– RJ – Fone: (21) 2265-1610

472 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Chácara do Ipê – Estr. do grande


38. Mary Lucy Murray Del Circuito, 35 – Parque do Imbuí – 25970-
04-10-2006
Priore 480 – Teresópolis – RJ – Fone: (21)
2641-9468

Sócios Correspondentes Brasileiros


Rua Padre Carapuceiro, 399/701 – Boa
1. Fernando da Cruz
17-12-1979 Viagem – 51020-280 – Recife – PE –
Gouvêa
Fone: (81) 3465-4674
Garvey Park Hotel – SHN – Qd. 2 – Bl. J
2. Vamireh Chacon de – ap. 716 – 70702-900 – Brasília – DF
14-12-1983
Albuquerque Nascimento Fone: (61)3329-8516 / 3329-8400 /
3327-9064
Rua Chapot Presvot, 214/801 – Praia
3. Gabriel Augusto de Mello
02-10-1985 do Canto – 29055-410 – Vitória – ES –
Bittencourt
Fone: (27) 3324-2586
Departament of Geography – 4GEO1
4. Hilgard O’Reilly
29-07-1987 – University of California Berkeley –
Sternberg
California – 94720 – USA
5. Côn. José Geraldo Praça do Rosário, 15 – 36570-000 –
29-07-1987
Vidigal de Carvalho Viçosa – MG – Fone: (31) 3891-1144
SQN 205 – Bl. D – apto. 303 – 70843-
6. Alberto Martins da Silva 13-07-1988 040 – Brasília – DF – Fone: (61) 3347-
4385
Av. Princesa Leopoldina, 288/301 –
7. Consuelo Pondé de Sena 29-03-1989 Graça – 40150-080 – Salvador – BA –
Fone: (71) 3336-6205 / 3247-6669
Rua Dr. José Carlos, 99/801 – Acupe de
8. Edivaldo Machado
29-09-1989 Brotas – 40290-040 – Salvador – BA –
Boaventura
Fone: (71) 3340-8505
Rua Duarte da Costa, 166 – Lapa –
9. Nachman Falbel 29-04-1992 05080-100 – São Paulo – SP – Fone:
(11) 3834-6063
Rua Brasiléia, 472 – Granja Viana –
10. Aziz Nacib Ab’Saber 24-06-1992
06700-000 – Cotia – SP

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 473


Por classes

Rua Prof. Idelfonso Gomes, 53 – 91900-


11. Helga Iracema Landgraf
02-09-1992 130 – Porto Alegre – RS – Fone: (51)
Piccolo
3264-7207
Rua Dep. Carvalho Dedo, 379/103 –
12. Luiz Fernando Ribeiro Solopedo – Aracajú - SE- 49025-070
02-09-1992
Soutelo – Fone: (79) 3231-2318 / 3224-2127 /
3224-2128
Av. Antonio Gil Veloso, 2350/604
13. Sonia Maria Demoner 02-09-1992 – Praia da Costa – Vila Velha – ES –
29101-012 – Fone: (27) 3229-7106
Rua Marquês de Maricá, 73 – Torre –
14. Leonardo Dantas Silva 16-12-1992 50711-120 – Recife – PE – Fone: (81)
3227-4910
Av. Senador Ruy Carneiro, 425 – 58032-
15. José Octávio de Arruda
24-11-1993 100 – João Pessoa – PB – Fone: (83)
Mello
2247-7926
Rua Padre João Manuel, 774/142 –
16. Maria Luiza Marcílio 08-06-1994 01411-000 – São Paulo – SP – Fone:
(11) 3282-8550
Rua Fialho de Almeida, 26/3º – 1000
17. Maria Beatriz Nizza da
14-12-1994 – Lisboa – Portugal – Fone: 351-21-
Silva
4835019
Av. Cons. Rodrigues Alves, 966/32 –
18. Sonia Apparecida de
14-12-1994 04014-010 – São Paulo – SP – Fone:
Siqueira
(11) 5579-8281
SQS 210 - Bl. A – apto. 508 – 70273-
19. Vicente Salles 28-06-1995 010 – Brasília – DF – Fone: (61) 3244-
6757
Rua das Violetas, 85 – Pituba – 41810-
20. Cid José Teixeira
29-11-1995 080 – Salvador – BA – Fone: (71) 3452-
Cavalcante
1828.
21. Luiz Alberto Dias Reilinger Strabe, 19 – 68789 – St. Leon-
Lima de Vianna Moniz 18-12-1996 Rot – Deutschland – CP 10096 – Fone:
Bandeira 49-62-27880534

474 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Praça Jarbas de Lery Santos, Bl. 11/502


– São Mateus – 30016-390 – Juiz de
22. Ricardo Vélez Rodríguez 16-12-1998
Fora – MG – Fone: (32) 3232-2878 /
3212-7994
Rua SB, 11 – Qd. 6 – Lt. 7 – Portal do
23. José Mendonça Teles 28-04-1999 Sol I – 74884-597 – Goiânia - GO –
Fone: (62) 3275-3268
Rua Pacífico dos Santos, 63/101 –
24. Marcus Joaquim Maciel
04-07-2001 Paissandu – 52010-030 – Recife – PE
de Carvalho
– Fone: (81) 3325-3557
SMDB – Cj. 26 – Casa 8/9 – Lago Sul
25. Synesio Sampaio Goes
04-07-2001 71680-260 – Brasília – DF – Fone: (61)
Filho
3367-1351
Rua Quatro, 630 – Boa Esperança –
26. Elizabeth Madureira
10-07-2002 78068-724 – Cuiabá – MT – Fone: (65)
Siqueira
3627-6268 / 6247
Rua Marieta Lage, 80 – Farol – 57050-
27. Jayme Lustosa de
10-07-2002 130 – Maceió – AL – Fone: (82) 3223-
Altavila
5297
Av. Saturnino de Brito, 1001/502 – Praia
28. Léa Brígida Rocha de
10-07-2002 do Canto – 29055-180 – Vitória – ES –
Alvarenga Rosa
Fone: (27) 3227-9886
Av. 24 de outubro, 627/301 – 90040-150
29. Luís Alberto Cibils 10-07-2002 – Porto Alegre – RS – Fone: (51)3222-
8594/3228-2610
SQ SW ,103 – Bl. E – apto. 605 –
30. Marcio Augusto de
27-08-2003 70670-309 – Brasília – DF – Fone: (61)
Freitas Meira
3316-2149/2151
Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 3 – sala 303
31. Arno Alvarez Kern 19-11-2003 – Partenon – 90619-900 – Porto Alegre
– RS – Fone: (51) 3320-3534
Rua Ramalhete, 550/900 – Serra –
32. Caio César Boschi 19-11-2003 30210-500 – Belo Horizonte – MG –
Fone: (31) 3319-4299

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 475


Por classes

SQS 216 Bloco A Apto 406 – 70295-


33. Carlos Henrique Cardim 19-11-2003 010 – Brasília – DF – Fone: (61) 245-
8309 – (61) 9994-8563
Cond. Vivendas Friburgo – Módulo
34. Corcino Medeiros dos
19-11-2003 1 – Casa 1 Sobradinho – 73074-013 –
Santos
Brasília – DF – Fone: (61) 3485-0250
Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1465 –
35. José Jobson de Andrade apto. 81 – Jardim Paulistano – 01441-
25-08-2004
Arruda 903 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3088-
6365 – Fax: (11) 3081-9907
Av. Ivo do Prado, 160 – Centro – 49010-
36. Luiz Antonio Barreto 25-08-2004 050 – Aracaju – SE – Fone: (79) 3214-
5301
Rua Ângelo Sampaio, 860 – Batel –
37. Márcia Elisa de Campos
25-08-2004 80250-120 – Curitiba – PR – Fone: (41)
Graf
3242-9879
QL 6 – Conj. 7 – Casa 20 – Lago Sul –
38. Agaciel da Silva Maia 15-12-2004 71620-075 – Brasília – DF – Fone: (61)
3311-4001 Fax (61) 3321-4666
Rua. Dr. Manoel Vitorino, 411 – Coité
39. Ático Frota Vilas-Boas
15-12-2004 – 46500-000 – Macaúbas – BA – Fone:
da Mota
(77) 3473-1292 – Fax: (77) 3473-2005
Rua Deputado José Lajes, 395 – Ponta
Verde – 57035-330 – Maceió – AL –
40. Douglas Apratto Tenório 28-09-2005
Fone: (82) 3327-9916
Fax: (82) 3221-0402
Rua Gaspar Lourenço, 138 – 04107-001
41. Nestor Goulart Reis Filho 28-09-2005 – São Paulo – SP – Fone: (11) 3289-
2167 / 3091-4556
Av. Jorge Zamur, 1212 – Parque Ibiti do
42. Adilson Cezar 04-10-2006 Paço – 18086-050 – Sorocaba – SP –
Fone: (15) 3328-4733 / 3228-7041
Av. Tamandaré, 331 – apto. 32 – 79009-
43. Hildebrando Campestrini 04-10-2006 790 – Campo Grande – MS – Fone: (67)
3397-0181

476 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Centro Cultural – Av. L2 N – Q. 601 –


44. Pe. José Carlos Brandi
04-10-2006 B – Fone: (61) 3224-9974 – Fax: (61)
Aleixo, Sj
3426-0400 / 3426-0401
Rua Salvador de Mendonça, 95 – Jardim
45. Lilia Katri Moritz
04-10-2006 Paulistano – 01450-040 – São Paulo –
Schwarcz
SP – Fone: (11) 3031-6614
Senado Federal – Pç dos Três Poderes –
46. Marco Antônio de Anexo I – 5o and. – Salas 1 a 6 – 70165-
04-10-2006
Oliveira Maciel 900 – Brasília – DF – Fone: (61) 3311-
5710/5719
Rua dos Periquis, 3145 – ap 801 –
47. Geraldo Mártires Coelho 17-10-2007 66040-320 – Belém – PA – Fone: (91)
9995-7280
Rua Des. Célio de Castro Montenegro,
48. Reinaldo José Carneiro
10-12-2008 32 – ap 2501 – Ed. Solar de Palmeiras
Leão
Monteiro – 52070-008 – Recife – PE
Rua Alferes José Caetano, 855 – apto
49. Armando Alexandre dos
02-09-2009 192 A – 13400-120 – Piracicaba – SP –
Santos
Fone: (19) 3433-3303
Rua Caldas, 185 – apto 401 – Carmo
50. Eugênio Ferraz 02-09-2009 – 30310-560 – Belo Horizonte – MG –
Fone: (31) 3218-6720
Rua Presidente Coutinho, 349 –
apto 1102 – Centro – 88015-230 –
51. Jali Meirinho 02-09-2009
Florianópolis – SC – Fone: (48) 3222-
6751
Al. Eugênio de Lima, 1475 – apto 41
52. Laura Mello e Souza 02-09-2009 – 01403-003 – São Paulo – SP – Fone:
(11) 3542-4241 – (11) 3885-6639
Largo Frei Vicente Botelho, 31 – 35400-
53. Ângelo Oswaldo de
15-12-2010 000 – Ouro Preto – MG – Fone: (31)
Araújo Santos
3551-1070
SQS 316 – Bloco C – apto. 201 – 70387-
54. Fernando Lourenço
15-12-2010 030 – Brasília – DF – Fone: (61) 3346-
Fernandes
3869 – Fax: (61) 3345-4751

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 477


Por classes

Av. Cabo Branco, 1206 – Bairro Cabo


55. Guilherme Gomes da Branco – 58045-010 – João Pessoa –
15-12-2010
Silveira D’Ávila Lins PB – Fone: (83) 3226-1012/(83) 9921-
3340
Rua Pio Porto de Menezes, 115/304 –
56. Maria Efigênia Lage de
15-12-2010 30380-300 – Belo Horizonte – MG –
Resende
Fone: (31) 3297-4237/(31) 9977-8672

Sócios Correspondentes Portugueses


Rua Capitão Renato Batista, 81 – 3º
Distrito – 1000 – Lisboa – Portugal
1. Joaquim Veríssimo
16-08-1967 – Fone: (35119) 524616 – Casa dos
Serrão
Pinheiros / Salmeirim, lote 3 – 2000 –
Santarém – Portugal
Rua David de Souza, 14 - 2º - E 1000 –
2. Fernando Castelo-Branco 11-12-1978
Lisboa – Portugal
3. Mário Júlio Brito de Av. Infante Santo, 15 - 7º. – 7 –1300 -
27-10-1982
Almeida Costa Lisboa – Portugal
Av. General Norton de Matos, Lote 6 - A
4. Martim de Albuquerque 27-10-1982
10º – E – 1495 – Lisboa – Portugal
Rua D. Estefânia, 118 - 3º - E – 1000
5. Vitorino Magalhães
02-10-1985 – 158 – Lisboa – Portugal – Fone: 351-
Godinho
13 – 141874
Rua de Goa, 18 – 2º - Caxias – 2780
6. Carlos da Costa Gomes
20-09-1989 – Oeiras – Portugal – Fone 351-21-
Bessa
4432426
7. Pedro Mário Soares Rua de S. Bento, 26 – 1200-819 – Lisboa
02-05-1990
Martinez – Portugal – Fone: 351-21-3974280
Rua S. João de Brito, 471 – 1º Esq –
8. Humberto Carlos
02-09-1992 4100-454 – Porto – Portugal – Fone:
Baquero Moreno
351-22-6173045
Rua Carlos Calisto, 4 - 9º Dto –1400-
9. António Manuel Dias
16-12-1992 043 – Lisboa – Portugal – Fone: 351-
Farinha
21-3015653

478 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Av. João XXI, nº 4, 3º Esq. – 1000-301


10. António Pedro de Araujo
24-11-1993 - Lisboa – Portugal – Fone: 351-21-
Pires Vicente
8049104
11. Eugenio Francisco dos Rua Duque da Terceira, 381 – 4º Esq –
14-12-1994
Santos 4000-537 – Porto – Portugal
Rua Marquês da Fronteira, 4, 1º Esq –
12. José Vitorino de Pina
29-11-1995 1070-295 – Lisboa – Portugal
Martins
Fone: 351-21-3875636
Rua Padre Francisco, 10 – 4º Esq –
13. Justino Mendes de
29-11-1995 1350-225 – Lisboa – Portugual – Fone:
Almeida
351-21-3961316
Estrada de Benfica, 591 – 6º. Esq. –
14. José Jorge da Costa
13-08-1997 1500-086 – Lisboa – Portugal – Fone.:
Couto
351-96-6921660
Rua António Marinho, 13 – 5º Esq –
15. José Marques 13-08-1997 4700-361 – Braga – Portugal – Fone:
351-25-3261214
Travessa Arrochela, nº. 2, – 1200-032
16. Pe. Henrique Pinto
05-07-2000 – Lisboa – Portugal – Fone: 351-21-
Rema, O.F.M.
3934772
Av. Maria Helena Vieira da Silva, 3 / 2º.
17. Fernando Guedes 25-08-2004 And. 1750-179 – Lisboa – Portugal –
Fone: 351-21-3801100
18. Manuela Rosa Coelho Rua Teófilo Braga, 1 – 5º andar –
Mendonça de Matos 15-12-2004 2685243 – Portela – Lisboa – Portugal
Fernandes – Fone: 351-219432249
Rua José Carlos da Maia, 123, r/c –
19. Miguel Monteiro 17-10-2007 2775-214 – Parede – Portugal – Fone:
351-21-4571441

Sócios Correspondentes Estrangeiros


Av. Del Observatório, 192 – Tacubaya
1. Silvio Zavalla 15-04-1958
– México 18
Facultad de Antropologia y Etnologia
2. Manuel Ballesteros
09-09-1958 de América – Ciudad Universitária –
Graibois
Madri – Espanha

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 479


Por classes

3. Robin A. Humphreys, St. James’ Close - Prince Albert Road –


21-05-1969
OBE London NW8 7 LG – Inglaterra
Siclair 3129 – 3º B – Buenos Aires –
4. Ernesto Reguera Sierra 29-04-1970
Argentina
191 Lexington Avenue - Freeport –
5. Harry Bernstein 17-10-1984
Nova York – 11520 – USA
Urb. Horizonte – Transversal 11 – Qta
6. Guillermo Morón 25-05-1988 Maria Eugenia – Caracas – ZP 1070 –
Estado Miranda Venezuela
Departament of History of California –
7. Rollie E. Poppino 02-05-1990
Davis - California – 95616 – USA
8. Boris Nikolaievitch Ul. Parachutnaia, 12 Kv. 715 – 197341
12-12-1990
Komissarov – Leningrado - Rússia
9. Bernardino Bravo Lira 02-09-1992 Casilla 13199 – Santiago - Chile
Via Giuseppe Verdi, 2 – 00040
10. Aniello (Nello) Angelo
02-09-1992 Montecompatri – Roma – Itália – Fone:
Avella
39-06-94789019 –
74 Tcheraikowsky St. – Jerusalém –
11. Haim Avni 02-09-1992
Israel 92585
12. Valentín Abecia Edf. Alba – Colombia 440 – 2º Piso – La
02-09-1992
Baldivieso Paz – Bolívia – Fone.: 372726 372545
Humahuaca 4037 – 1192 – Buenos
13. Alícia Elena Vidaurreta 16-12-1992 Aires – Argentina – Fone: 54 1 4862-
4871 / 4863-9823
Rua Paul Redfern, 24 – 3º andar –
14. Leslie Bethell 16-12-1992 Ipanema – 22410-080 – Rio de Janeiro
– RJ
David Rockefeller Center for Latin
American Studies – Harvard University
15. Kenneth R. Maxwell 24-11-1993
– 61 Kirkland Street – Cambridge – MA
02138 – USA – Fone.: (617) 496-4780
Yale University – Po Box 208324 –
16. Stuart B. Schwartz 24-11-1993 New Haven – CT 06520 – USA – Fone:
(203) 432-1375

480 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

10, Rue Pérignon – 75007 – Paris –


17. Claude Fouquet 08-06-1994
França
Calle Claudio Coello, 123 piso 4 –
18. Daniel Restrepo
08-06-1994 28006 Madrid – Espanha – Fone: (341)
Manrique
581-5286 / 581-1832
Druivenlaan 6 – Westmalle – Bélgica
19. Marianne L. Wiesebron 08-06-1994
–2390 – Fone: 32-3-311-6175
20. Jorge Salvador Lara 14-12-1994 R. Guarderas, 434 – Quito – Equador
319 Dalkeith Avenue 90049 – Los
21. Ludwig Lauerhass, Jr. 13-08-1997 Angeles – California – EUA – Fax:
1-310-206-6859
110 – Vuelta Sabio – Santa Fé – 87506
22. Richard Graham 13-08-1997
– Novo México – USA
Coordonnateur des Projets D’Histoires
23. Christophe Wondji 16-12-1998 - 1, Rue Miollis – 75732 – Paris, Cedex
15 – France – Fone: (331) 45.68.55.95
Von-Melle – Park 6, 20146 – Hamburgo
24. Horst Pietschmann 16-12-1998 – Alemanha – Fone: (040) 4123-
4841/4839
Calle Alberto Samora, 131 – Caioacan
25. Miguel León-Portilla 05-07-2000 – 04000 – México – Fone: (55-21) 509-
5107
44 Halsey Street, 3 – Providence –
26. Thomas Skidmore 05-07-2000 Rhode Island – RI – 02906 – USA –
Fone: 5212351
Rua Machado de Castro, 247 - 2º Esq.
27. Joaquim Antero Romero
04-07-2001 – 3000 - Coimbra – Portugal – Fone:
de Magalhães
351-3929571
Academia Salvadoreña de Historia –
Calle La Mascota, 525 – Colonia La
28. José Enrique Silva 04-07-2001
Mascota – San Salvador – El Salvador
Fone: (503) 2638002

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 481


Por classes

Academia Puertorriqueña de Historia


– Apartada – 9021447 – San Juan de
29. Luis E. Gonzales Vales 04-07-2001
Puerto Rico – 00902 – 1447 – Fone:
1-787-7234481
Academia Venezuelana de Historia
– Palacio de las Academias – Av.
30. Rafael Fernandes Heres 04-07-2001 Universidad – Bolsa a San Francisco
– Caracas – 1010 – Venezuela – Fone.:
58-2-4839435 / 4844306
Calle Pedro Canisio, 1213 – ap. 161 –
31. Sergio Martínez Baeza 04-07-2001
Vitacura – Santiago do Chile – Chile
Palacio do Salvador – Largo do
32. Marcus Soares Albergaria
10-07-2002 Salvador, 22 – 1100-462 – Lisboa –
de Noronha da Costa
Portugal – Fone: 351-21-8866282
Heesenstrasse, 16-40549 – Düsseldorf –
33. Rolf Nagel 10-07-2002
Alemanha – Fone: 211-501091
Via Re, 112 – 10146 – Torino – Itália –
34. Alberto Gallo 19-11-2003
Fone: 39-011-720800
Rua Luís de Freitas Branco, 26 – 6º
35. Antonio Manuel Botelho
19-11-2003 Esq, 1600 – Lisboa – Portugal – Fone:
Hespanha
351217594915
Elías Ayala 970 – Asunción – Paraguay
36. Antonio Salum-Flecha 19-11-2003
– Fone.: 595-21-613227
Herent, Tover Bergstraat 5-5, 3020
37. Eddy Odiel Gerard Stols 19-11-2003 – Veltem-Beisem – Bélgica – Fone:
32.16.48.98.32
Spessartstr. 21 – 14197 – Berlim –
38. Berthold Zilly 25-08-2004
Alemanha – Fone: 49-30-8224126
111 – East Sierra Circle – San Marcos
39. Lydia Magalhães Nunes
25-08-2004 – Texas – 78666 – USA – Fone: 512-
Garner
245-3745
51, Rue Felix Cléry – Marvivo – La
40. Lucien Provençal 28-09-2005
seyne-sur-mer, Var – 83.500 - França

482 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Oakland University – Departament of


History – College of Arts and Sciences
41. Mary Karasch 28-09-2005
Rochester – Michigan – 48309-4483 –
USA – Fone: (248) 370-3510
1 Rue Benjamin Raspail, 60100 –
42. Jean Pierre Blay 04-10-2006
CREIL – FRANÇA – Fone: 344260653
Estrada Nacional 10, 676 – Estrelinha –
43. Andrée Mansuy-Diniz
10-12-2008 Monte de Caparica – Lisboa - Portugal
Silva
– 2825
Rua Visconde de Pirajá, 605 – Cob
44. Nuno Álvares Pereira de
10-12-2008 Ipanema – 22410-003 – Rio de Janeiro
Castro
– RJ – Fone: 2274-4719
Rua Prof. Manuel Ferreira, 171 / 202
45. Carlos Francisco Moura 02-09-2009 – Gávea – 22451-030 – Rio de Janeiro
– RJ

Sócios Correspondentes Argentinos (convênio de 28.05.1968)


Santa Fé 2982 (1425) – Argentina –
1. José M. Mariluz Urquijo 1968
Fone: 84-6371
Larrea 1045 P. 4º Dto. A (1117) –
2. Beatriz Bosh 1968
Argentina – Fone: 822-6484
Gral. Paz 255 (5501) Godoy Cruz –
3. Edberto O. Acevedo 1968
Madza - Argentina – Fone: 061-223533
Martinez de Rosas 578 (5500) – Madza
4. Pedro S. Martinez 1968
– Argentina – Fone: 061-245958
(res.) Juncal 770 – 6o Piso – 1085
– Buenos Aires – Argentina – 5411–
4311-8494 – (com.) Instituto de
5. Victor Tau Anzoategui 1970
Investigaciones de Historia del Derecho
Av. de Mayo 1480 – 1o Izq. 1085 –
Buenos Aires – Argentina
Anchorena 1476 (1425) – Argentina –
6. Laurio H. Destefani 1971
Fone: 84-4951
Av. Quintana 494 (1014) – Argentina –
7. Hector H. Schenone 1978
Fone: 804-0278

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 483


Por classes

Callao 1944 P. 6º Dto. A (1024) –


8. Luíz Santiago Sanz 1978
Argentina - Fone: 804-2701
Santa Fe 2982 (1425) – Argentina -
9. Daisy Ripodas Ardanaz 1982
Fone: 804-6371
Balcarce 139 – 1064 – Buenos Aires
10. Eduardo Martiré 1992 – Argentina – 54-11-4331-5147 / 4343-
4416 / 4331-4633
Callao 1382 (1023) – Argentina – Fone:
11. Isidoro Ruiz Moreno 1992
42-7865
Montevideo 1875 - (1021) – Argentina
12. Ezequiel Vallo 1992
Fone: 815-6991 / 773-5825
Reconquista 745 1º cuerpo, P. – 1º Dto.
13. Felix Luna 1993
C (1003) – Argentina - Fone: 311-4575
Balcarce 139 – 1064 – Buenos Aires
14. Natalio Rafael Botana 1996 – Argentina – Fone: 343-4416 y 331-
5147
Balcarce 139 – 1064 - Buenos Aires –
15. Enrique Zuleta Alvarez 1996 Argentina - Fone: 343-4416 y 331-5147
- Fax: (54-14) 331-4633
Balcarce 139 – 1064 - Buenos Aires –
16. Rodolfo Adelio Raffino 1996 Argentina - Fone: 343-4416 y 331-5147
- Fax: (54-14) 331-4633
Balcarce 139 – 1064 - Buenos Aires
17. Nilda Gulielmi 1996 – Argentina - Fone.: 343-4416 y 331-
5147 - Fax.: (54-14) 331-4633
Balcarce 139 – 1064 - Buenos Aires
18. Olga Fernández Latour
1996 – Argentina - Fone.: 343-441 y 6331-
de Botas
5147 - Fax.: (54-14) 331-4633
Spiro 950 (1846) – Adrogué – Argentina
19. Maria Amalia Duarte 1998
– Fone: 264-5315
Av. V. del Valle 512 (4700) – Catamarca
20. Armando Raul Bazan 1998
– Argentina – Fone: 0833-22282
Urquiza 1184 (2000) – Rosario –
21. Miguel A. de Marco 1998 Argentina – Fone: 04163257 / 256256
/ 305866

484 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Catamarca 449 (3500) – Chaco –


22. Ernesto J. A. Maeder 1998 Argentina – Fone: 0722-24565 / 583-
3972
Ob. Terrero 1532 (1642) – S. Isidoro –
23. Roberto Cortes Conde 1998
Argentina – Fone: 747-4025 / 742-2661
Madero 490 (1638) – Vicente Lopez –
24. Nestor Tomas Auza 1998
Argentina – Fone: 791-6502
Ocampo 2506 P. 8º Dto. 20 (1425) –
25. Cesar A. Garcia Belsunce 1998
Argentina – Fone: 801-0870
Bolivia 82 (3500) – Chaco – Argentina
26. Ramon Gutierrez 1998
– Fone: 0722-29294 / 826-0959
Esfta. Drummond (5507) – Lujan de
27. Dardo Perez Guilhou 1998 Cuyo - Madza. – Argentina – Fone: 061-
249016
Balcarce 139 – 1064 – Buenos Aires
28. Hernán Asdrúbal Silva 1999 – Argentina – Fone: 343-4416 y 331-
5147
Balcarce 139 – 1064 – Buenos Aires
29. Carlos A. Mayo 1999 – Argentina – Fone: 343-4416 y 331-
5147
Balcarce 139 – 1064 – Buenos Aires –
30. José Eduardo de Cara 1999 Argentina – Fone: 343-4416 y 331-5147
– Fax: (54-14) 331-4633
Balcarce 139 – 1064 - Buenos Aires –
31. Samuel Amaral 1999 Argentina - Fone: 343-4416 y 331-5147
- Fax: (54-14) 331-4633
Pasaje Delfino, 352 – 8000 – Bahía
32. Félix Weinberg 1999
Blanca – Argentina
Balcarce 139 – 1064 - Buenos Aires –
33. Fernando Barba 2004 Argentina - Fone: 343-4416 y 331-5147
- Fax: (54-14) 331-4633
Balcarce 139 – 1064 - Buenos Aires –
34. Carlos Páez de la Tore 2004 Argentina - Fone: 343-4416 y 331-5147
- Fax: (54-14) 331-4633

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 485


Por classes

Balcarce 139 – 1064 - Buenos Aires


35. Marcelo Montserrat 2004 Argentina - Fone: 343-4416 y 331-5147
Fax: (54-14) 331-4633

Sócios Correspondentes Espanhóis (convênio de 24.05.1996)


Real Academia de La História – C.
1. Miguel Batllori Y Munne
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
S. J.
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
2. Gonzalo Menendez-Pidal
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014
Y Goyri
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
3. Pedro Lain Entralgo 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
4. Fernando Chueca Goitia 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
5. Luis Diez Del Corral Y
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Pedruzo
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
6. Antonio Domingues
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Ortiz
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
7. Carlos Seco Serrano 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
8. Gonzalo Anes Y Alvares
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
de Castrillon
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
9. Juan Vernet Gines 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
10. José Filgueira Valverde 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552

486 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Real Academia de La História – C.


11. Miguel Artola Gallego 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
12. Manuel Fernandez
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Alvarez
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
13. Vicente Palacio Atard 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
14. Eloy Benito Ruano 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
15. Antonio Lopez Gomes 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
16. Joaquin Vallve Bermejo 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
17. Jose Alcala-Zamora Y
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Queipo de Llano
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
18. Jose Manuel Pita
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Andrade
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
19. Jose Maria Blazquez
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Martinez
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
20. Felipe Ruiz Martin 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
21. Carmen Iglesias Cano 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
22. Miguel Angel Ladero
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Quesada
Fone: (341) 429-6552

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 487


Por classes

Real Academia de La História – C.


23. Jose Angel Sanchez
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Asiain
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
24. Faustino Menendez Pidal
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
de Navascues
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
25. Luis Suarez Fernandez 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
26. Rafael Lapesa Melgar 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
27. Fernando de La Granja
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Santa Maria
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
28. Martín Almagro Gorbea 1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
29. Alvaro Galmés de
1996 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fuentes
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
30. Pe. Quintín Aldea
1997 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Vaquero
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
31. Alfonso E. Pérez Sánchez 1998 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
32. Manuel Alvar 1999 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Fone: (341) 429-6552
Real Academia de La História – C.
33. Luis Miguel Enciso
1999 Leon, 21 – Madrid - España – 28014 –
Recio
Fone: (341) 429-6552

488 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Sócios Correspondentes Uruguaios (convênio de agosto/1996)


Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
1. Fabián Melogno Vélez 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
2. Ivho Acuña 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
3. Enrique Arocena Oliveira 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
4. Juan José de Arteaga 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
5. Luis Victor Anastasía 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
6. Alvaro Mones 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
7. Angel Corrales Elhordoy 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
8. Eduardo Acosta y Lara 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
9. José E. Etcheverry Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
1996
Stirling – Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 489


Por classes

Instituto Histórico y Geográfico del


10. Marta Canessa de Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
1996
Sanguinetti – Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
11. José Joaquín Figueira 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
12. Daniel Hugo Martins 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
13. César Loustau 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
14. Juan Fernández Parés 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
15. Olaf Blixen 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
16. Walter Gulla 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
17. Victor H. Lamónaca 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
18. Luis A. Musso Ambrosi 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay

490 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Instituto Histórico y Geográfico del


Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
19. Ernesto Puiggros 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
20. Carlos Ranguís 1996
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
21. Aníbal Barrios Pintos 2000
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
22. Augusto Soiza Larrosa 2000
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
23. Susana Monreal 2000
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
24. Fernando Chebataroff 2001
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
25. Oscar Padrón Favre 2001
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
26. Suzana Rodríguez Varese 2001
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
27. Ernesto Daragnés 2002
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 491


Por classes

Instituto Histórico y Geográfico del


Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
28. Fernando Mañé Garzón 2002
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
29. Alberto Del Pino 2003
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
30. Beatriz Torrendell 2003
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
31. Carlos Sagrera 2003
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay
Instituto Histórico y Geográfico del
Uruguay – Convecion 1366 3. ER.P
32. Héctor Patiño Gardone 2006
– Casilla de Correo 10.999 – 11100 –
Montevideo – Uruguay

Sócios Correspondentes Paraguaios (convênio de agosto/2010)


Academia Paraguaya de la Historia
1. Juan Bautista Rivarola – Avda. Artigas y Andrés Barbero –
1992
Paoli Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
2. Roberto Quevedo 2001
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
3. Manuel Peña Villamil 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552

492 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Academia Paraguaya de la Historia


– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
4. Jerónimo Irala Burgos 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
5. Olinda Kostianovsky 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
6. Beatriz González Oddone 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
7. Julia Velilla 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
8. Carlos Heyn 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
9. Lorenzo Livieres Banks 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
10. Margarita Duran 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
11. Ricardo Caballero – Avda. Artigas y Andrés Barbero –
2010
Aquino Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
12. Milda Rivarola 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 493


Por classes

Academia Paraguaya de la Historia


– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
13. Ricardo Scavone Yegros 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
14. Margarita Prieto Yegros 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
15. Gustavo Laterza Rivarola 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
16. José Luis Salas 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
17. Luis G. Benítez 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
18. Washington Ashwell 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
19. Mario Pastore 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
20. Maria G. Monte de López – Avda. Artigas y Andrés Barbero –
2010
Moreira Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
21. Alfredo Boccia – Avda. Artigas y Andrés Barbero –
2010
Romañach Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552

494 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Academia Paraguaya de la Historia


– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
22. Bartomeu Meliá 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
23. Luis Szarán 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
24. Mabel Causarano 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
25. Ignacio Telesca 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
26. Carlos Alberto Mazó 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
27. Jaime Grau 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
28. Ricardo Pavetti 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552
Academia Paraguaya de la Historia
– Avda. Artigas y Andrés Barbero –
29. José Zanardini 2010
Assunción – Paraguay – Fone: (595-21)
202552

Sócios Honorários Brasileiros


SHIS - QL 06 – Conj. 08 – casa 7 – Lago
1. Jarbas Gonçalves
29-04-1970 Sul – 71620-085 – Brasília – DF – Fone:
Passarinho
(61) 3248-0820

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 495


Por classes

Rua Visconde de Pirajá, 339/8º andar –


2. Dom Eugênio de Araújo
19-05-1971 Ipanema – 22410-003 – Rio de Janeiro
Sales
– RJ – Fone: (21) 2267-1255
Rua Curitiba, 2427/301 – Lourdes –
3. Ibrahim Abi-Ackel 25-05-1983 30170-122 – Belo Horizonte – MG –
Fone: (31) 3337-1479 - 3337-8454
Rua Dario Pederneiras, 347 – Petrópolis
4. Paulo Brossard de Souza
30-09-1987 – 90630-090 – Porto Alegre – RS –
Pinto
Fone: (51) 3321-8588
Rua Líbero Badaró, 293/13º. and. –
5. Antônio Henrique Cunha
13-07-1988 conj. A Centro – 01009-907 – São Paulo
Bueno
– SP – Fone: (11) 3105-7121
Av Vieira Souto, 324 – apto 301 –
6. Celina Vargas do Amaral
17-08-1988 Ipanema – 22420-000 – Rio de Janeiro
Peixoto
– RJ
7. Kátia M. Queirós Rua Square Thiers – 75116 – Paris –
21-12-1988
Mattoso França – Fone: (331) 4553-7141
Praia do Flamengo, 392/2º and. –
8. Marcos Castrioto de Flamengo – 22210-030 – Rio de Janeiro
05-09-1990
Azambuja – RJ – Fone: (21) 2551-1613 / 2553-
2454
Rua Prof. Picarolo, 115/4º andar – B –
9. João de Scantimburgo 24-11-1993 01332-0220 – São Paulo – SP – Fone:
(11) 2287-4951
Av Afrânio de Melo Franco, 393 – ap
10. Sérgio Paulo Rouanet 24-11-1993 203 – Leblon – 22430-060 – Rio de
Janeiro – RJ – Fone: 2274-2875
Rua Carvalho Alvim, 87/204 – Tijuca
11. Alexandre Miranda
28-06-1995 – 20510-100 – Rio de Janeiro – RJ –
Delgado
Fone: (21) 2208-6214
Rua Senador Vergueiro, 154/1004 –
12. José Murilo de Carvalho 29-11-1995 Flamengo – 22230-001 – Rio de Janeiro
– RJ
Al. Joaquim Eugênio de Lima, 1196/apt.
13. Antonio Candido de
13-08-1997 5 Jardim Paulista – 01403-002 – São
Melo e Souza
Paulo – SP – Fone: (11) 3887-6194

496 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Instituto Tancredo Neves – Senado


14. Antonio Ferreira Paim 13-08-1997 Federal – Anexo I – 26º. Andar – 70165-
900 – Brasília – DF
Av. Brigadeiro Faria Lima, 1306/10º.
15. Celso Lafer 13-08-1997 Centro – 01451-914 – São Paulo – SP
– Fone:
Rua Senador Simonsen, 42/401 – Jardim
16. Eulália Maria Lahmeyer
13-08-1997 Botânico – 22461-040 – Rio de Janeiro
Lobo
– RJ – Fone: (21) 2539-7840
Instituto Fernando Henrique Cardoso –
17. Fernando Henrique Rua Formosa, 367 – 6o andar – Centro
13-08-1997
Cardoso – 01049-000 – São Paulo – SP – Fone:
(11) 3359-5000
Rua Angatuba, 618 – Pacaembu –
18. José Roberto Teixeira
13-08-1997 01247-000 – São Paulo – SP – Fone:
Leite
(11) 3873-4095
QL 10 – conj. 1 - casa 16 – Lago Sul –
19. Marcos Vinicios
13-08-1997 71630-015 – Brasília – DF – Fone: (61)
Rodrigues Vilaça
3248-6678
Estrada de Itaipu – Alameda 3 - casa
20. Roberto DaMatta 13-08-1997 33 – Jardim Ubá – Itaipu – 24350-370 –
Niterói – RJ – Fone: (21) 3709-1925
Rua Sá Ferreira, 188/704 – Copacabana
21. Tarcísio Meirelles
13-08-1997 – 22071-100 – Rio de Janeiro – RJ –
Padilha
Fone: (21) 2521-1102
Av. Epitácio Pessoa, 2800/403 – Lagoa
22. Francisco Correa Weffort 16-12-1998 – 22471-403 – Rio de Janeiro – RJ –
Fone: (21) 2267-6628 / 2513-2058
Rua Cupertino Durão, 148/401 – Leblon
23. Luiz Felipe Lampreia 05-07-2000 – 22441-030 – Rio de Janeiro – RJ –
Fone: (21) 2529-2993
Rua General Azevedo Pimentel, 21/201
24. Fernando Segismundo
04-07-2001 – Copacabana – 22011-050 – Rio de
Esteves
Janeiro – RJ – Fone: (21) 2236-1632

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 497


Por classes

Praia de Icaraí, 237/1302 – Bloco B


25. Pedro Karp Vasquez 21-08-2002 – Icaraí – 24230-003 – Niterói – RJ –
Fone.: (21) 2714-1700
Rua XV de Novembro, 132 – ap 702 –
26. Davis Ribeiro de Sena 15-12-2004 Centro – 79002-141 – Campo Grande –
MS – Fone:
Rua Baronesa de Poconé, 71/701 –
27. Melquíades Pinto Paiva 28-09-2005 Lagoa – 22471-270 – Rio de Janeiro –
RJ – Fone: (21) 2266-7880
Rua Fonte da Saudade, 265 – ap 302
28. Isabel Lustosa 17-10-2007 Lagoa – 22471-210 – Rio de Janeiro –
RJ – Fone: (21) 2537-3097(FCRB)
Rua Marquês de São Vicente, 458 -
29. Pedro Aranha Corrêa do
17-10-2007 Gávea – 22451-040– Rio de Janeiro –
Lago
RJ – Fone:
Rua Barão do Flamengo, 3 apto 1101 –
30. Antônio Izaías da Costa
17-10-2007 Flamengo – 22220-080 – Rio de Janeiro
Abreu
– RJ – Fone: (21) 8890-7513
Av. Epitácio Pessoa, 3400 apto 1108 –
31. Dora Monteiro e Silva de
17-10-2007 Lagoa – 22471-001 – Rio de Janeiro –
Alcântara
RJ – Fone: 2539-7994
Rua Marina Guimarães, 197 – Barra da
32. Antônio Celso Alves
10-12-2008 Tijuca – 22793-236 – Rio de Janeiro –
Pereira
RJ – Fone: 3325-8685 / 3326-2928
Rua Fresca, 4 – Centro Histórico de
33. D. João de Orléans e
10-12-2008 Paraty – 23970-000 – Paraty – RJ –
Bragança
Fone: (24) 3371-6143
Rua da Imperatriz, 65 – ap 502 – Centro
34. Kenneth Henry Lionel
10-12-2008 – 25685-320 – Petrópolis – RJ – Fone:
Light
(24) 2242-58931
Praia do Flamengo, 82 – ap 1101 –
35. Luiz Cláudio Aguiar 10-12-2008 Flamengo – 22210-030 – Rio de Janeiro
– RJ – Fone: 2556-4626
Rua Prudente de Morais, 321 – 101 –
36. Carlos Eduardo de
02-09-2009 Ipanema – 22720-041 – Rio de Janeiro –
Almeida Barata
RJ – Fone: (21) 2247-2858 - 3813-8793

498 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

Rua Siqueira Campos, 142 – 502 –


37. Jaime Antunes da Silva 02-09-2009 Copacabana – 22031-070 – Rio de
Janeiro – RJ – Fone:
Rua São Clemente, 134 – Botafogo –
38. José Almino de Alencar e
02-09-2009 22260-000 – Rio de Janeiro – RJ – Fone:
Silva Neto
(21) 3289-4601
Rua Alayde de Souza Belém, 16 –
39. Marcus Antonio Monteiro
02-09-2009 Centro – 26540-110 – Nilópolis – RJ –
Nogueira
Fone: (21) 7142-0255
Rua da Imperatriz, 220 – Centro –
40. Maurício Vicente Ferreira
02-09-2009 25610-320 – Petrópolis – RJ – Fone:
Junior
(24) 2237-8000
Av. Rui Barbosa, 422 apt. 61 – Flamengo
41. Paulo Knauss de
02-09-2009 – 22250-020 – Rio de Janeiro – RJ –
Mendonça
Fone: (21) 2551-4838 - (21) 9998-2307
Rua Ronald de Carvalho, 154/ 15 –
42. Vera Lucia Cabana de Copacabana – 22021-020 – Rio de
02-09-2009
Queiroz Andrade Janeiro – RJ – Fone: (21) 3298-2537
(21) 9618-5074
Rua Marquês de São Vicente, 225 –
43. Pe. Jesus Hortal Sánchez, Gávea – 22451-900 – Rio de Janeiro –
15-12-2010
S.J. RJ – Fone: (21) 3527-1300 / 1301 (21)
3527-2931 (casa)
Rua da Candelária, 9 Gr. 1006 – Centro
44. Marcílio Marques – 20091-020 – Rio de Janeiro – RJ –
15-12-2010
Moreira Fone: (21) 2518-4065 / 2518-4063 (21)
8106-6495

Sócios Honorários Estrangeiros


Rua Miguel Fernandes, 229 – Méier –
1. Daísaku Ikeda 25-08-2004 20780-060 – Rio de Janeiro – RJ – Fone:
(21) 2501-2336
Av. D. Afonso Henriques, 3 – B – 2765-
2. Maria João Espírito Santo
02-09-2009 531 – Estoril – Portugal – Fone: 351-
Bustorff Silva
21-350-1262

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010 499


Por classes

Av. Marechal Câmara, 160 – Sl 1809 –


3. António José Emauz de Ed. Orly - Centro – 20020-080 – Rio
15-12-2010
Almeida Lima de Janeiro – RJ – Fone: (21) 3231-7250
– 2544-3382 (21) 2240-5020

Sócios Institucionais
Diretor do Arquivo Nacional – Rua
Praça da República, 173 – Centro –
1. Jaime Antunes da Silva 09-06-2004
20211-350 – Rio de Janeiro – RJ – Fone:
(21) 2179-1313
Presidente da Fundação Biblioteca
2. Muniz Sodré de Araújo Nacional – Av. Rio Branco, 219/4º and.
24-10-2005
Cabral Centro – 20040-008 – Rio de Janeiro –
RJ – Fone: (21) 2220-2057
Presidente do IPHAN – SBN Qd. 2, Edf.
3. Luiz Fernando de
08-02-2006 Central – 6º and. – 70040-904 – Brasília
Almeida
– DF – Fone: (61) 326-7111
Presidente do IBRAM – SBN Qd. 2 Edf.
4. José Nascimento Junior 11-08-2010 Central – 2º and. – 70040-504 – Brasília
– DF – Fone: (61) 2024-4002
Presidente do Instituto Histórico de
Petrópolis – Praça da Liberdade, 247
5. Luiz Carlos Gomes 11-08-2010 – Casa de Cláudio de Souza – Centro
– 25685-050 – Petrópolis – RJ – Fone:
(24) 2237-1770

500 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):467-500, out./dez. 2010


Cadastro Social

B– POR ORDEM ALFABÉTICA

ABI-ACKEL, Ibrahim – Honorário brasileiro – Pág. 496.


ABREU, Antônio Izaias da Costa – Honorário brasileiro – Pág. 498.
AB’SABER, Aziz Nacib – Correspondente brasileiro – Pág. 473.
ACEVEDO, Edberto O. – Correspondente argentino – Pág. 483.
ACUÑA, Ivho – Correspondente uruguaio – Pág. 489.
ADONIAS, Isa – Benemérita – Pág. 467.
AGUIAR, Luiz Cláudio – Honorário Brasileiro – Pág. 498.
ALBUQUERQUE, Martim de – Correspondente português – Pág. 478.
ALBUQUERQUE, Roberto Cavalcanti de – Titular – Pág. 472.
ALCÂNTARA, Dora Monteiro e Silva de – Honorária brasileira – Pág. 498.
ALEIXO, José Carlos Brandi – Correspondente brasileiro – Pág. 477.
ALMEIDA, Cândido Antonio Mendes de – Titular – Pág. 471.
ALMEIDA, Justino Mendes de – Correspondente português – Pág. 479.
ALMEIDA, Luiz Fernando de – Institucional – Pág. 500.
ALTAVILA, Jayme Lustosa de – Correspondente brasileiro – Pág. 475.
ALVAR, Manuel - Correspondente espanhol – Pág. 488.
ALVAREZ, D. Manuel Fernandez – Correspondente espanhol – Pág. 487.
ALVES, Antônio Celso Pereira – Honorário Brasileiro – Pág. 498.
AMARAL, Samuel - Correspondente argentino – Pág. 487.
AMBROSI, Luis A. Musso – Correspondente uruguaio – Pág. 490.
ANASTASÍA, Luis Victor – Correspondente uruguaio – Pág. 489.
ANDRADE, D. Jose Manuel Pita – Correspondente espanhol – Pág. 487.
ANDRADE, Vera Lucia Cabana de Queiroz – Honorária brasileira – Pág. 489.
ARAÚJO, João Hermes Pereira de – Emérito – Pág. 468.
ARAÚJO SANTOS, Angelo Oswaldo de – Correspondente brasileiro – Pág. 477.
ARRUDA, José Jobson de Andrade – Correspondente brasileiro – Pág. 476.
ARTEAGA, Juan José – Correspondente uruguaio – Pág. 489.
ASHWELL, Washington – Correspondente paraguaio – Pág. 494.
ASIAIN, D. Jose Angel Sanchez – Correspondente espanhol – Pág. 488.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010 501


Por ordem alfabética

ATARD, D. Vicente Palacio – Correspondente espanhol – Pág. 487.


AUZA, Néstor Tomás – Correspondente argentino – Pág. 485.
AVELLA, Aniello (Nello) Angelo – Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
AVNI, Haim – Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
AZAMBUJA, Marcos Castrioto de – Honorário brasileiro – Pág. 496.
BAEZA, Sergio Martínez – Correspondente estrangeiro – Pág. 482.
BALDIVIESO, Valentín Abecia – Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
BANDEIRA, Luiz Alberto Dias Lima de Vianna Moniz – Correspondente
brasileiro – Pág. 474.
BARATA, Carlos Eduardo de Almeida –Honorário Brasileiro – Pág. 498.
BARBA, Fernando E. – Correspondente argentino – Pág. 485.
BARRETO, Luiz Antonio – Correspondente brasileiro – Pág. 476.
BAZÁN, Armando Raúl – Correspondente argentino – Pág. 484.
BELCHIOR, Elysio Custódio Gonçalves de Oliveira - Titular – Pág. 471.
BELSUNCE, Cesar A. Garcia- Correspondente argentino – Pág. 485.
BELTRÃO, Maria da Conceição de Moraes Coutinho - Titular – Pág. 470.
BENITEZ, Luis G. - Correspondente paraguaio - Pág 494.
BENTO, Claudio Moreira - Emérito – Pág. 468.
BERMEJO, D. Joaquin Vallve – Correspondente espanhol – Pág. 487.
BERNSTEIN, Harry - Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
BERTOLETTI, Esther Caldas – Titular – Pág. 470.
BESSA, Carlos da Costa Gomes – Correspondente português – Pág. 478.
BETHELL, Leslie - Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
BITTENCOURT, Armando de Senna – Titular – Pág. 472.
BITTENCOURT, Gabriel Augusto de Mello – Correspondente brasileiro – Pág. 473.
BLAY, Jean Pierre - Correspondente estrangeiro – Pág. 483.
BLIXEN, Olaf - Correspondente uruguaio – Pág. 490.
BOAVENTURA, Edivaldo Machado – Correspondente brasileiro – Pág. 473.
BOCCIA ROMAÑACH, Alfredo – Correspondente paraguaio - Pág 494.
BORJA, Célio de Oliveira – Titular – Pág. 472.
BOSCH, Beatriz – Correspondente argentina – Pág. 483.

502 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010


Cadastro Social

BOSCHI, Caio César - Correspondente brasileiro – Pág. 475.


BOTANA, Natalio Rafael - Correspondente argentino – Pág. 484.
BOTAS, Olga Fernández Latour de - Correspondente argentina – Pág. 484.
BOURBON, D. Juan Carlos de – Presidente Honorário – Pág. 467.
BRAGANÇA, D. Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e – Titular – Pág. 472.
BUENO, Antônio Henrique Cunha - Honorário brasileiro – Pág. 496.
BUSTORFF SILVA, Maria João Espírito Santo – Honorária Estrangeira – Pág. 499.
CABALLERO AQUINO, Ricardo - Correspondente paraguaio – Pág 493.
CABRAL, Muniz Sodré de Araújo – Institucional – Pág. 500.
CAMPESTRINI, Hildebrando - Correspondente brasileiro – Pág. 476.
CANO, Dª Carmen Iglesias - Correspondente espanhola – Pág. 487.
CARA, José Eduardo de - Correspondente argentino – Pág. 485.
CARDIM, Carlos Henrique - Correspondente brasileiro – Pág. 485.
CARDOSO, Fernando Henrique - Honorário brasileiro – Pág. 497.
CARVALHO, Affonso Celso Villela de - Emérito – Pág. 468.
CARVALHO, José Geraldo Vidigal de (Cônego) – Correspondente brasileiro –
Pág. 473.
CARVALHO, José Murilo de - Honorário brasileiro – Pág. 496.
CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de - Correspondente brasileiro – Pág. 475.
CASADEI, Thalita de Oliveira - Emérita – Pág. 468.
CASTELO-BRANCO, Fernando - Correspondente português – Pág. 478.
CASTRILLON, D. Gonzalo Anes Y Alvares de - Correspondente espanhol –
Pág. 482.
CASTRO, Nuno Alvares Pereira de, Correspondente Estrangeiro – Pág. 483.
CAUSARANO, Mabel - Correspondente paraguaio - Pág 495.
CAVALCANTE, Cid José Teixeira - Correspondente brasileiro – Pág. 474.
CEZAR, Adilson - Correspondente brasileiro – Pág. 476.
CHEBATAROFF, Fernando - Correspondente uruguaio – Pág. 500.
CIBILS, Luís Alberto - Correspondente brasileiro – Pág. 475.
CIRIBELLI, Marilda Corrêa - Titular – Pág. 470.
COELHO, Geraldo Mártires - Correspondente Brasileiro – Pág. 477.
CORRÊA, Luiz Felipe de Seixas - Titular – Pág. 471.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010 503


Por ordem alfabética

CORREIA NETO, Jonas de Morais - Titular – Pág. 470.


CORTÉS CONDE, Roberto - Correspondente argentino – Pág. 485.
COSTA, Antônio Gomes da - Titular – Pág. 470.
COSTA, Marcus Soares de Albergaria de Noronha da – Correspondente
estrangeiro – Pág. 482.
COSTA, Mário Júlio Brito de Almeida - Correspondente português – Pág. 478.
COUTO, José Jorge da Costa - Correspondente português – Pág. 479.
CRUZ, Paulo Werneck da - Titular – Pág. 469.
CUNHA, Waldir da - Titular – Pág. 469.
DAMATTA, Roberto - Honorário brasileiro – Pág. 497.
DARAGNÉS, Ernesto - Correspondente uruguaio – Pág. 491.
DEL PINO, Alberto - Correspondente uruguaio – Pág. 492.
DEL PRIORE, Mary Lucy Murray - Titular – Pág. 473.
DELGADO, Alexandre Miranda - Honorário brasileiro – Pág. 496.
DEMONER, Sonia Maria - Correspondente brasileira – Pág. 474.
DESTEFANI, Laurio H. - Correspondente argentino – Pág. 483.
DIAS JR., Ondemar Ferreira - Titular – Pág. 472.
DUARTE, Maria Amalia - Correspondente argentina – Pág. 484.
DURÁN, Margarita - Correspondente paraguaio - Pág 493.
ELHORDOY, Angel Corrales - Correspondente uruguaio – Pág. 489.
ENTRALGO, Pedro Lain - Correspondente espanhol – Pág. 486.
ESPOSEL, José Pedro Pinto - Titular – Pág. 469.
ESTEVES, Fernando Segismundo - Honorário brasileiro – Pág. 497.
FALBEL, Nachman - Correspondente brasileiro – Pág. 473.
FALCI, Miridan Britto - Titular – Pág. 471.
FARINHA, Antônio Manuel Dias - Correspondente português – Pág. 478.
FAVRE, Oscar Padrón - Correspondente uruguaio – Pág. 491.
FERNANDES, Fernando Lourenço - Correspondente Brasileiro – Pág. 477.
FERNANDES, Manuela Rosa Coelho Mendonça de Matos - Correspondente
português – Pág. 479.
FERNANDEZ, D. Luis Suarez - Correspondente espanhol – Pág. 488.
FERRAZ, Eugênio – Correspondente brasileiro – Pág. 477.

504 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010


Cadastro Social

FERREIRA JR, Mauricio Vicente – Honorário brasileiro – Pág. 499.


FIGUEIRA, José Joaquín - Correspondente uruguaio – Pág. 490.
FONSECA, Maria Cecília Londres - Titular – Pág. 472.
FOUQUET, Claude - Correspondente estrangeiro – Pág. 481.
FRANCO, Affonso Arinos de Mello - Emérito – Pág. 468.
FROTA, Guilherme de Andréa - Emérito – Pág. 469.
FUENTES, Alvaro Galmés de - Correspondente espanhol – Pág. 488.
GALLEGO, D. Miguel Artola - Correspondente espanhol – Pág. 487.
GALLO, Alberto - Correspondente estrangeiro – Pág. 482.
GARDONE, Héctor Patiño – Correspondente uruguaio – Pág. 492.
GARNER, Lydia Magalhães Nunes - Correspondente estrangeira – Pág. 482.
GINES, D. Juan Vernet - Correspondente espanhol – Pág. 486.
GODINHO, Vitorino Magalhães - Correspondente português – Pág. 478.
GOES FILHO, Synesio Sampaio - Correspondente brasileiro – Pág. 475.
GOITIA, Fernando Chueca - Correspondente espanhol – Pág. 486.
GOMES, Luiz Carlos – Institucional – Pág. 500.
GOMEZ, Antonio Lopes - Correspondente espanhol – Pág. 487.
GONZÁLEZ ODDONE, Beatriz - Correspondente paraguaio – Pág 493.
GORBEA, Martín Almagro - Correspondente espanhol – Pág. 488.
GOUVÊA, Fernando da Cruz - Correspondente brasileiro – Pág. 473.
GOYRI, Gonzalo Menendez-Pidal Y, Correspondente espanhol – Pág. 486.
GRAF, Márcia Elisa de Campos - Correspondente brasileira – Pág. 476.
GRAHAM, Richard - Correspondente estrangeiro – Pág. 481.
GRAIBOIS, Manuel Ballesteros - Correspondente estrangeiro – Pág. 479.
GRAU, Jaime - Correspondente paraguaio - Pág 495.
GUEDES, Fernando - Correspondente português – Pág. 479.
GUEDES, Max Justo - Benemérito – Pág. 467.
GUIMARÃES, Lucia Maria Paschoal - Titular – Pág. 472.
GULIELMI, Nilda – Correspondente argentina – Pág. 484.
GULLA, Walter - Correspondente uruguaio – Pág. 490.
GUTIÉRREZ, Ramón - Correspondente argentino – Pág. 485.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010 505


Por ordem alfabética

HERES, Rafael Fernandes - Correspondente estrangeiro – Pág 482.


HESPANHA, Antonio Manuel Botelho - Correspondente estrangeiro – Pág. 482.
HEYN, Carlos - Correspondente paraguaio - Pág 493.
HORTAL SÁNCHEZ, Pe. Jesus - Honorário Brasileiro – Pág. 499.
HUMPHREYS, Robin A., O.B.E. - Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
IKEDA, Daisaku - Honorário estrangeiro – Pág. 499.
IPANEMA, Cybelle Moreira de - Emérita – Pág. 468.
IRALA BURGOS, Jerônimo – Corresponde paraguaio – Pág. 493.
JOUBIN, Pedro Jacinto de Mallet - Titular – Pág. 469.
KARASCH, Mary - Correspondente estrangeira – Pág. 483.
KERN, Arno Alvarez - Correspondente brasileiro – Pág. 475.
KOMISSAROV, Boris Nikolaievitch - Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
KOSTIANOVSKY, Olinda – Correspondente paraguaio - Pág 493.
LAFER, Celso - Honorário brasileiro – Pág. 497.
LAGO, Pedro Aranha Corrêa do - Honorário brasileiro – Pág. 498.
LAMÓNACA, Victor H. - Correspondente uruguaio – Pág. 490.
LAMPREIA, Luiz Felipe - Honorário brasileiro – Pág. 497.
LARA, Eduardo Acosta y - Correspondente uruguaio – Pág. 489.
LARA, Jorge Salvador - Correspondente estrangeiro – Pág. 481.
LARROSA, Augusto Soiza - Correspondente uruguaio – Pág. 491.
LATERZA RIVALORA, Gustavo - Correspondente paraguaio - Pág 495.
LAUERHASS JR, Ludwig - Correspondente estrangeiro – Pág. 481.
LEÃO, Reinaldo José Carneiro – Correspondente Brasileiro – Pág. 477.
LEITE, José Roberto Teixeira - Honorário brasileiro – Pág. 497.
LEÓN-PORTILLA, Miguel - Correspondente estrangeiro – Pág. 481.
LIGHT, Kenneth Henry Lionel – Honorário Brasileiro – Pág. 498.
LIMA, António José Emauz de Almeida - Honorário Estrangeiro – Pág. 500.
LINS, Guilherme Gomes da Silveira D’Ávila - Correspondente brasileiro - Pág 478.
LIRA, Bernardino Bravo - Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
LIVIERES BANKS, Lorenzo - Correspondente paraguaio - Pág 493.
LLANO, D. Jose Alcala-Zamora Y Queipo de - Correspondente espanhol – Pág. 487.

506 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010


Cadastro Social

LOBO, Eulalia Maria Lahmeyer - Honorária brasileira – Pág. 497.


LOUSTAU, César - Correspondente uruguaio – Pág. 490.
LUNA, Félix - Correspondente argentino – Pág. 484.
LUSTOSA, Izabel - Honorária brasileira – Pág. 498.
LYRA, Maria de Lourdes Viana - Titular – Pág. 472.
MACIEL, Marco Antônio de Oliveira - Correspondente brasileiro – Pág. 477.
MAEDER, Ernesto, J. A. - Correspondente argentino – Pág. 485.
MAGALHÃES, Joaquim Antero Romero de - Correspondente estrangeiro –
Pág. 481.
MAIA, Agaciel da Silva - Correspondente brasileiro – Pág. 476.
MAÑÉ GARZÓN, Fernando - Correspondente uruguaio – Pág. 492.
MANRIQUE, Daniel Restrepo - Correspondente estrangeiro – Pág. 481.
MARCÍLIO, Maria Luiza - Correspondente brasileira – Pág. 474.
MARCO, Miguel Angel de - Correspondente argentino – Pág. 486.
MARILUZ URQUIJO, José M. - Correspondente argentino – Pág. 483.
MARIZ, Vasco - Emérito – Pág. 469.
MARQUES, José - Correspondente português – Pág. 479.
MARTIN, Felipe Ruiz, – Correspondente espanhol – Pág. 487.
MARTINEZ C., Pedro S. - Correspondente argentino – Pág. 483.
MARTINEZ, D. Jose Maria Blazquez - Correspondente espanhol – Pág. 487.
MARTINEZ, Pedro Mário Soares - Correspondente português – Pág. 478.
MARTINS, Daniel Hugo - Correspondente uruguaio – Pág. 490.
MARTINS, Hélio Leoncio - Titular – Pág. 471.
MARTINS, José Victorino de Pina - Correspondente português – Pág. 479.
MARTIRÉ, Eduardo - Correspondente argentino – Pág. 484.
MATTOS, Helio Jaguaribe de - Titular – Pág. 471.
MATTOSO, Kátia M. Queirós – Honorária brasileira – Pág. 496.
MAXWELL, Kenneth R. – Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
MAYO, Carlos A. – Correspondente argentino – Pág. 485.
MAZÓ, Carlos Alberto - Correspondente paraguaio – Pág 495.
MEIRA, Marcio Augusto de Freitas - Correspondente brasileiro – Pág. 475.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010 507


Por ordem alfabética

MEIRINHO, Jali – Correspondente brasileiro – Pág. 477.


MELGAR, Rafael Lapesa, - Correspondente espanhol – Pág. 488.
MELIÁ, Bartomeu - Correspondente paraguaio – Pág 495.
MELLO, Evaldo José Cabral de - Titular – Pág. 470.
MELLO, Fernando Collor de - Presidente Honorário – Pág. 467.
MELLO, José Octávio de Arruda - Correspondente brasileiro – Pág. 474.
MELO E SOUZA, Antonio Candido de - Honorário brasileiro – Pág. 496.
MENDONÇA, Paulo Knauss de – Honorário brasileiro – Pág. 499.
MIRANDA, Victorino Coutinho Chermont de - Titular – Pág. 470.
MONES, Álvaro - Correspondente uruguaio – Pág. 489.
MONREAL, Susana - Correspondente uruguaia – Pág. 491.
MONTE DE LÓPEZ MOREIRA, Maria G. – Correspondente paraguaio – Pág 494.
MONTEIRO, Miguel Maria Santos Corrêa – Correspondente português – Pág. 479.
MONTSERRAT, Marcelo - Correspondente argentino – Pág. 486.
MORAES FILHO, Evaristo de - Titular – Pág. 469.
MOREIRA, Marcílio Marques - Honorário brasileiro – Pág. 499.
MORENO, Humberto Carlos Baquero - Correspondente português – Pág. 478.
MORÓN, Guillermo - Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
MOTA, Ático Frota Vilas-Boas da - Correspondente brasileiro – Pág. 476.
MOURA, Carlos Francisco – Correspondente estrangeiro – Pág. 483.
MOURÃO, Ronaldo Rogério de Freitas - Titular – Pág. 471.
MUNNE S. J., Miguel Batllori Y - Correspondente espanhol – Pág. 486.
MUSSO, Luiz A. - Correspondente uruguaio – Pág. 490.
NAGEL, Rolf - Correspondente estrangeiro – Pág. 482.
NASCIMENTO JUNIOR, José – Institucional – Pág. 500.
NASCIMENTO, Vamireh Chacon de Albuquerque - Correspondente brasileiro
– Pág. 473.
NAVASCUES, D. Faustino Menendez Pidal de - Correspondente espanhol –
Pág. 488.
NISKIER, Arnaldo – Titular – Pág. 470.
NOGUEIRA, Marcus Antonio Monteiro – Honorário brasileiro – Pág. 499.
OLIVEIRA, Enrique Arocena - Correspondente uruguaio – Pág. 489.

508 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010


Cadastro Social

ORLÉANS E BRAGANÇA, D. João de – Honorário Brasileiro – Pág. 498.


ORTIZ, Antonio Dominguez - Correspondente espanhol – Pág. 486.
PADILHA, Tarcísio Meirelles - Honorário brasileiro – Pág. 497.
PAIM, Antonio Ferreira - Honorário brasileiro – Pág. 497.
PAIVA, Melquíades Pinto - Honorário brasileiro – Pág. 498.
PAOLI, Juan Bautista Rivarola - Correspondente paraguaio – Pág. 492.
PARÉS, Juan Fernández - Correspondente uruguaio – Pág. 490.
PASSARINHO, Jarbas Gonçalves - Honorário brasileiro – Pág. 495.
PASTORE, Mario - Correspondente paraguaio – Pág 494.
PAVETTI, Ricardo - Correspondente paraguaio – Pág 495.
PEDRUZO, Luiz Diez Del Corral Y - Correspondente espanhol – Pág. 486.
PEIXOTO, Celina Vargas do Amaral - Honorária brasileira – Pág. 496.
PEÑA VILLAMIL, Manuel – Correspondente paraguaio – Pág. 492.
PERÉZ GUILHOU, Dardo - Correspondente argentino – Pág. 485.
PETROVICH, Enélio Lima - Emérito – Pág. 468.
PIAZZA, Walter Fernando - Emérito – Pág. 468.
PICCOLO, Helga Iracema Landgraf - Correspondente brasileira – Pág. 474.
PIETSCHMANN, Horst - Correspondente estrangeiro – Pág. 481.
PINHO, João Maurício Ottoni Wanderley de Araújo - Titular – Pág. 470.
PINTO, Paulo Brossard de Souza - Honorário brasileiro – Pág. 496.
PINTOS, Aníbal Barrios - Correspondente uruguaio – Pág. 491.
PIRES, Fernando Tasso Fragoso - Titular – Pág. 472.
POPPINO, Rollie E. - Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
PRIETO YEGROS, Margarida - Correspondente paraguaio - Pág 494.
PROVENÇAL, Lucien - Correspondente estrangeiro – Pág. 482.
PUIGGROS, Ernesto - Correspondente uruguaio – Pág. 491.
QUESADA, D. Miguel Angel Ladero - Correspondente espanhol – Pág. 487.
QUEVEDO, Roberto - Correspondente paraguaio – Pág. 492.
RAFFINO, Rodolfo Adelio - Correspondente argentino – Pág. 484.
RANGUÍS, Carlos - Correspondente uruguaio – Pág. 491.
RECIO, Luis Miguel Enciso - Correspondente espanhol – Pág. 488.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010 509


Por ordem alfabética

REIS FILHO, Nestor Goulart - Correspondente brasileiro – Pág. 476.


REMA, Henrique Pinto O. F. M. (Pe) - Correspondente português – Pág. 479.
RESENDE, Maria Efigênia Lage de - Correspondente Brasileira – Pág. 478.
RIOS, José Arthur - Emérito – Pág. 469.
RÍPODAS ARDANAZ, Daisy - Correspondente argentina – Pág. 484.
RIVAROLA, Milda - Correspondente paraguaio - Pág 493.
RODRIGUES, Lêda Boechat - Emérita – Pág. 468.
RODRÍGUEZ, Ricardo Vélez - Correspondente brasileiro – Pág. 475.
ROSA, Léa Brígida Rocha de Alvarenga - Correspondente brasileira – Pág. 475.
ROUANET, Sérgio Paulo - Honorário brasileiro – Pág. 496.
RUANO, D. Eloy Benito - Correspondente espanhol – Pág. 487.
RUIZ MORENO, Isidoro - Correspondente argentino – Pág. 484.
SAGRERA, Carlos - Correspondente uruguaio – Pág. 492.
SALAS, José Luis - Correspondente paraguaio – Pág 494.
SALES, Eugênio de Araújo (Dom) - Honorário brasileiro – Pág. 496.
SALLES, Vicente - Correspondente brasileiro – Pág. 474.
SALUM-FLECHA, Antonio – Correspondente estrangeiro – Pág. 482.
SAMPAIO, Jorge - Presidente Honorário – Pág. 467.
SANCHES, Marcos Guimarães - Titular – Pág. 471.
SÁNCHEZ, Alfonso E. Pérez - Correspondente espanhol – Pág. 488.
SANGUINETTI, Marta Canessa de - Correspondente uruguaia – Pág. 490.
SANTA MARIA, Fernando de La Granja - Correspondente espanhol – Pág. 488.
SANTOS, Armando Alexandre dos – Correspondente brasileiro – Pág. 468.
SANTOS, Corcino Medeiros dos - Correspondente brasileiro – Pág. 476.
SANTOS, Eugênio Francisco dos - Correspondente português – Pág. 479.
SANZ, Luís Santiago - Correspondente argentino – Pág. 484.
SARNEY, José - Presidente Honorário – Pág. 467.
SCANTIMBURGO, João de - Honorário brasileiro – Pág. 496.
SCAVONE YEGROS, Ricardo - Correspondente paraguaio - Pág 494.
SCHENONE, Héctor H. - Correspondente argentino – Pág. 483.
SCHWARCZ, Lilia Katri Moritz - Correspondente brasileira – Pág. 477.

510 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010


Cadastro Social

SCHWARTZ, Stuart B. - Correspondente estrangeiro – Pág. 480.


SENA, Consuelo Pondé de - Correspondente brasileira – Pág. 473.
SENA, Davis Ribeiro de - Honorário brasileiro – Pág. 498.
SERRANO, D. Carlos Seco - Correspondente espanhol – Pág. 486.
SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Correspondente português – Pág. 478.
SIERRA, Ernesto Reguera - Correspondente estrangeiro – Pág. 480.
SILVA, Alberto Martins da - Correspondente brasileiro – Pág. 473.
SILVA, Alberto Vasconcellos da Costa e - Titular – Pág. 472.
SILVA, Andrée Mansuy-Diniz – Correspondente Estrangeiro – Pág. 483.
SILVA, Aníbal Cavaco – Presidente Honorário – Pág. 467.
SILVA, Eduardo - Titular – Pág. 470.
SILVA, Hernán Asdrúbal - Correspondente argentino – Pág. 485.
SILVA, Jaime Antunes da – Honorário brasileiro – Pág. 499.
SILVA, José Enrique - Correspondente estrangeiro – Pág. 481.
SILVA, Leonardo Dantas - Correspondente brasileiro – Pág. 474.
SILVA, Maria Beatriz Nizza da - Correspondente brasileira – Pág. 474.
SILVA NETO, José Almino de Alencar – Honorário brasileiro – Pág. 499.
SIQUEIRA, Elizabeth Madureira - Correspondente brasileira – Pág. 475.
SIQUEIRA, Sonia Apparecida de - Correspondente brasileira – Pág. 474.
SKIDMORE, Thomas - Correspondente estrangeiro – Pág. 481.
SOUTELO, Luiz Fernando Ribeiro - Correspondente brasileiro – Pág. 474.
SOUZA, Laura Mello e – Correspondente brasileira – Pág. 477.
SOUZA, Luiz de Castro - Benemérito – Pág. 467.
STERNBERG, Hilgard O’Reilly - Correspondente brasileiro – Pág. 473.
STIRLING, José E. Etcheverry - Correspondente uruguaio – Pág. 489.
STOLS, Eddy Odiel Gerard - Correspondente estrangeiro – Pág. 482.
SZARÁN, Luis - Correspondente paraguaio - Pág 495.
TAU ANZOATEGUI, Victor - Correspondente argentino – Pág. 483.
TAVARES, Luís Henrique Dias - Emérito – Pág. 468.
TELES, José Mendonça - Correspondente brasileiro – Pág. 475.
TELESCA, Ignacio - Correspondente paraguaio – Pág. 495.

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010 511


Por ordem alfabética

TELLES, Augusto Carlos da Silva - Emérito – Pág. 468.


TELLES, Pedro Carlos da Silva - Titular – Pág. 471.
TENÓRIO, Douglas Apratto - Correspondente brasileiro – Pág. 476.
TORRE, Carlos Páez de la - Correspondente argentino – Pág. 485.
TORRENDELL, Beatriz - Correspondente uruguaia – Pág. 492.
TOSTES, Vera Lucia Bottrel - Titular – Pág. 471.
VALES, Luis E. Gonzales - Correspondente estrangeiro – Pág. 482.
VALLO, Ezequiel - Correspondente argentino – Pág. 484.
VALVERDE, José Filgueira Valverde - Correspondente espanhol – Pág. 486.
VAQUERO, Quintín Aldea (Pe.) - Correspondente espanhol – Pág. 488.
VARESE, Suzana Rodríguez - Correspondente uruguaia – Pág. 491.
VASQUEZ, Pedro Karp - Honorário brasileiro – Pág. 498.
VÉLEZ, Fabián Melogno – Correspondente uruguai – Pág. 489.
VELILLA, Julia - Correspondente paraguaio - Pág. 493.
VENANCIO FILHO, Alberto – Emérito – Pág. 469.
VICENTE, António Pedro de Araujo Pires – Correspondente português – Pág. 479.
VIDAURRETA, Alícia Elena – Correspondente estrangeira – Pág. 480.
VILAÇA, Marcos Vinicios Rodrigues – Honorário brasileiro – Pág. 497.
VINHOSA, Francisco Luiz Teixeira – Titular – Pág. 470.
WEFFORT, Francisco Correa – Honorário brasileiro – Pág. 497.
WEHLING, Arno – Titular – Pág. 469.
WEHRS, Carlos – Emérito – Pág. 469.
WEINBERG, Félix – Correspondente argentino – Pág. 485.
WIESEBRON, Marianne L. – Correspondente estrangeira – Pág. 481.
WONDJI, Christophe – Correspondente estrangeiro – Pág. 481.
ZANARDINI, José – Correspondente paraguaio - Pág 495.
ZAVALLA, Sílvio – Correspondente estrangeiro – Pág. 479.
ZILLY, Berthold – Correspondente estrangeiro – Pág. 482.
ZULETA ÁLVAREZ, Enrique – Correspondente argentino – Pág. 484.

512 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):501-512, out./dez. 2010


Cadastro Social

C – PRESIDENTES E ENDEREÇOS DOS INSTITUTOS


HISTÓRICOS ESTADUAIS
(Sócios correspondentes brasileiros enquanto na direção dos respectivos Institutos)

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE ALAGOAS


Jayme Lustosa de Altavila
Rua João Pessoa, 382 - 57020-970 - Maceió - AL
INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DO AMAZONAS
José Geraldo Xavier dos Anjos
Rua Bernardo Ramos, 117/131 - Centro - 69005-310 - Manaus - AM
INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA
Consuelo Pondé de Sena
Av. Sete de Setembro, 94/A - 40060-001 - Salvador - BA
INSTITUTO DO CEARÁ
José Augusto Bezerra
Rua Barão do Rio Branco, 1594 - 60025-061 - Fortaleza - CE
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO DISTRITO FEDERAL
Affonso Heliodoro dos Santos
SEP/Sul EQ 703/903 - Conj. C - 70390-039 - Brasília - DF
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO ESPÍRITO SANTO
Getúlio Marcos Pereira Neves
Av. República, 374 - Parque Moscoso - 29020-620 - Vitória - ES
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE GOIÁS
Aidenor Aires Pereira
Rua 82, nº. 455 - Centro - 74083-010 - Goiânia - GO
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO
Telma Bonifácio dos Santos Reinaldo
Rua Santa Rita, 230 - Edf. Prof. Antonio Lopes - 2º. and - 65015-430 - São Luiz - MA

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):513-515, out./dez. 2010 513


Presidentes e endereços dos Institutos Históricos Estaduais

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MATO GROSSO


Ana Maria Costa Ribeiro
Rua Barão de Melgaço, 3869 - Centro - 78005-500 - Cuiabá - MT
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MATO GROSSO DO SUL
Hildebrando Campestrini
Av. Calógeras, 3000 - 79002-004 - Campo Grande - MS
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS GERAIS
Jorge Lasmar
Rua Guajajaras, 1268 - Sobreloja - 30180-101 - Belo Horizonte - MG
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO PARÁ
Anaíza Vergolino
Rua D’Aveiro, 62 - Cidade Irmã - 66020-610 - Belém - PA
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PARAIBANO
Joaquim Osterne Carneiro
Rua Barão do Abiai, 64 - 58013-080 - João Pessoa - PB
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO PARANÁ
Ernani Costa Straube
Rua José Loureiro, 43 - Centro - 80010-000 - Curitiba - PR
INSTITUTO ARQUEOLÓGICO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO
PERNAMBUCANO
George Felix Cabral de Souza
Rua do Hospício, 130 - Boa Vista - 50060-080 - Recife - PE
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PIAUIENSE
Antonio Fonseca dos S. Neto
Av. Miguel Rosa, 3300 - Sul-Centro - 64001-490 - Teresina - PI
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO DE JANEIRO
Cybelle Moreira de Ipanema
Av. Augusto Severo, 8/12º. Andar - Glória - 20021-040 - Rio de Janeiro - RJ

514 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):513-515, out./dez. 2010


Cadastro Social

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE


Enélio Lima Petrovich
Rua da Conceição, 622 - 59025-270 - Natal - RN
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL
Miguel Frederico do Espírito Santo
Rua Riachuelo, 1317 - 3o andar. - Centro - 90010-271 - Porto Alegre - RS
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE RONDÔNIA
Yêdda Pinheiro Borzarcov
Rua Portugal, nº. 2298 - Ipase Novo - Pedrinhas - 78900-000 - Porto Velho – RO
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA
Augusto César Zeferino
Praça XV de Novembro, s/n - caixa postal D142 - 88010-970 - Florianópolis - SC
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SÃO PAULO
Nelly Martins Ferreira Candeias
Rua Benjamim Constant, 158 - 01005-000 - São Paulo - SP
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SERGIPE
Samuel Barros de Albuquerque
Rua Itabaianinha, 41 - 49010-190 - Aracajú - SE

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):513-515, out./dez. 2010 515


Eleitos, transferidos e falecidos

IV. 2 – Movimentação do quadro social

ELEIÇÕES
Correspondente brasileiro:
Angelo Oswaldo de Araújo Santos
Guilherme Gomes da Silveira D’Ávila Lins
Fernando Lourenço Fernandes
Maria Efigênia Lage de Resende

Honorário brasileiro:
Pe. Jesús Hortal Sánchez, S.J
Marcílio Marques Moreira
Honorário Estrangeiro:
António José Emauz de Almeida Lima

TRANSFERÊNCIAS
Para sócio emérito
Carlos Wehrs
Para sócio titular
D. Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança
Célio de Oliveira Borja
Mary Lucy Murray Del Priore

FALECIMENTOS
Wilson Martins, correspondente brasileiro
José Ephraim Mindlin, honorário brasileiro
Joaquim Victorino Portella Ferreira Alves, emérito
Lucinda Coutinho de Mello Coelho, emérita
Pe. Fernando Bastos de Ávila, honorário brasileiro
Aníbal Pinto Castro, correspondente português
Carlos Humberto Pederneiras Correa, correspondente brasileiro
Anthony John R. Russell-Wood, correspondente estrangeiro

516 R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):516-516, out./dez. 2010


Movimentação no quadro social

IV. 3 – Vagas no quadro social

VAGAS EXISTENTES NO QUADRO SOCIAL


EM 31 DE DEZEMBRO DE 2010

Emérito – 1
Titulares – 2
Correspondentes brasileiros – 14
Correspondentes portugueses – 1
Correspondentes estrangeiros – 5
Honorários brasileiros – 5
Honorários estrangeiros – 17

R. IHGB, Rio de Janeiro, a. 171 (449):517-517, out./dez. 2010 517


Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
1. A Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro é uma publicação de caráter cientifico,
voltada para a difusão do conhecimento histórico, assim como de outras disciplinas e áreas afins, no
âmbito dos estudos brasileiros. Recebe contribuições em fluxo contínuo, a saber: artigos e ensaios,
resenhas, comunicações, notas de pesquisa, bem como documentos de valor histórico acompanhados
de comentários críticos. A Revista pode ainda publicar dossiês temáticos ou seletivos, elaborados por
especialistas nacionais e/ou estrangeiros.
2. Os órgãos de gestão da Revista são o Conselho Editorial, o Conselho Consultivo e a Comissão de
Redação.
3. É de responsabilidade do Conselho Consultivo a elaboração de pareceres sobre as contribuições
submetidas para fins de publicação, podendo ainda o Conselho Editorial ou a Comissão de Redação
submeter-lhe outros assuntos de interesse da Revista.
4. A publicação de toda e qualquer colaboração dependerá da observância das Normas Editoriais e
da avaliação do Conselho Editorial, da Comissão da Revista e/ou assessores ad hoc. Os artigos são
submetidos a dois pareceristas, sempre solicitados a manifestar eventual impedimento, que obste
a emissão do respectivo parecer. Havendo julgamentos divergentes, o editor enviará o trabalho a um
terceiro avaliador. Todos os pareceres têm caráter sigiloso.
5. Os conceitos emitidos nos trabalhos editados são de inteira responsabilidade dos autores.
6. Os textos serão publicados mediante cessão, pelos autores, de direito de publicação concedido à Revista
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, tanto por meio impresso quanto eletrônico.
7. A Revista privilegia os seguintes tipos de contribuições:
7.1. Artigos: textos analíticos ou ensaísticos resultantes de estudos e pesquisas concernentes a
temas de interesse para a R.IHGB. (até dez mil palavras).
7.2. Comunicações: intervenções realizadas por sócios ou convidados nas sessões do IHGB (até
quatro mil palavras).
7.3. Notas de Pesquisa: relatos preliminares e resultados parciais de investigações em curso (até
cinco mil palavras).
7.4. Documentos: fontes históricas, de preferência inéditas ou que receberam tratamento recente
(até dez mil palavras).
7.5. Resenhas críticas, balanços bibliográficos, bibliografias temáticas, seletivas ou comentadas
(até duas mil palavras, sem necessidade de resumo e/ou abstract).

NORMAS EDITORIAIS
• As contribuições deverão ser inéditas e destinar-se exclusivamente à R.IHGB, escritos em português,
inglês, francês, espanhol ou italiano.
• Exceto os trabalhos dirigidos à seção Bibliografia, os autores deverão, obrigatoriamente, apresentar
resumos nos idiomas português e inglês, independentemente do idioma do texto original, e caso este
não esteja em português ou inglês, acrescentar resumo na língua original, não podendo ultrapassar 250
(duzentos e cinqüenta) palavras, seguidas das palavras-chave, mínimo 3 (três) e máximo de 6 (seis),
representativas do conteúdo do trabalho, também em português e inglês, e no idioma original quando
for o caso.
• Documentos enviados para publicação devem estar transcritos e assinalados o códice ou indicação
arquivística equivalente de onde foram copiados, acompanhados de uma introdução explicativa.
• A Revista reserva-se a oportunidade de publicação de acordo com o seu cronograma ou interesse,
notificando o autor a aprovação do mesmo ou a negativa para a publicação. Não serão devolvidos
originais.
• No caso de aprovação para publicação, o autor terá quinze dias para a devolução do termo de autorização,
contados da data de envio da correspondência pela R.IHGB.
• Os autores receberão 10 volumes da revista quando publicada sob os auspícios da Gráfica do Senado
Federal.

APRESENTAÇÃO DOS TEXTOS


• Digitação original em disquete de alta densidade ou CD, devidamente identificado com o título do
trabalho e nome (s) do (s) autor (es), e três cópias impressas, inclusive tabelas e referências; em formato
A4, margens 2,5cm, entrelinha de 1,5cm, em uma só face do papel, fonte Times New Roman corpo 12,
e numeração consecutiva. Deverá ser utilizado o editor de texto Microsoft Word ou compatível. Caso
haja imagens, identificar no texto os locais das figuras ou outras formas de ilustração.
• Ilustrações e legendas devem ser relacionadas em folhas separadas. As imagens deverão ser escaneadas
em 300 dpi no formato jpg e dimensionadas no formato de aproximadamente 5 x 5 cm;
• Página de rosto: todo artigo deverá ter uma página de rosto com o título, nome completo do autor e
instituição de origem. O rodapé da página deverá mencionar o endereço completo e o e-mail do autor, a
quem se encaminhará a correspondência. Somente nesta página constará a identificação do autor, para
fins de sigilo.
• As traduções, de preferência inéditas, deverão estar acompanhadas de autorização do autor e do
respectivo original do texto.
• As notas deverão ser colocadas em rodapé e a bibliografia no final dos trabalhos. Ambas devem obedecer
às normas ABNT. As principais diretrizes são as seguintes:
• Livro: SOBRENOME, Nome. Título: subtítulo. Tradução. Edição. Cidade: Editora, ano, nnp.
• Capítulo ou parte de livro: SOBRENOME, Nome. Título do capítulo. In: SOBRENOME, Nome. Título
do livro: subtítulo. Tradução. Edição. Cidade: Editora, ano, p. nn-nn.
• Artigo em periódico: SOBRENOME, nome. Título do artigo. Título do periódico, Cidade: Editora, v.
nn, n.nn, p. nn-nn, ano.
• Trabalho acadêmico: SOBRENOME, Nome. Título: subtítulo. Tese (Doutorado em...)- Instituição.
Cidade, ano, nnnp.
• Texto obtido na internet: SOBRENOME, Nome. Título. Data (se houver). Disponível em: www......
Acesso em: dd.mm.aa.

Somente serão aceitos os trabalhos encaminhados de acordo com as normas


acima definidas.
Endereço para correspondência:
Revista do IHGB/IHGB
Avenida Augusto Severo, 8 – 10º andar – Glória
20021-040 – Rio de Janeiro – RJ
E-mail: revista@ihgb.org.br
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
GUIDE FOR THE AUTHORS
1. The Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro is a scientific publication, focusing on
historical knowledge diffusion, as well as other subjects and related areas, in the scope of Brazilian
Studies. It receives contributions, such as: articles, essays, notifications, review essays, research notes, as
well as documents of historical value with critical comments. It can also publish thematic and selective
dossier, organized by Brazilian and foreign specialists.
2. The management organs of the Revista are the Editorial Board, the Advisory Board and Editorial
Committee.
3. The Advisory Board is responsible for the evaluation about the contributions submitted for publication.
4. The publication of each and every collaboration will depend on the editorial rules compliance and the
evaluation of the Editorial Board, the Editorial Committee and/or advisors ad hoc. The articles are
submitted to two reviewers who are always asked to express any impediment that precludes the issuance
of the respective feedback. In case of conflicting judgments, the editor will send the text to a third
appraiser. All feedbacks are confidential.
5. The concepts expressed in works published are entirely the authors’ responsibility.
6. The texts will be published through the authors’ cession of publication copyright given to the Revista do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, both through print and electronic.
7. The Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro publish the following kinds of contributions:
7.1. Articles: it includes analytical texts or essays which are resultant of studies and researches
concerning the themes that are interesting to the R.IHGB. (up to ten thousand words).
7.2. Notifications: is destined to the publication of brief interventions, made by partners or guests
in the sessions of the IHGB (up to four thousand words).
7.3. Research Notes: it focuses on preliminary reports and partial results of ongoing investigations
(up to five thousand words).
7.4. Documents: it publishes sources, preferably unpublished or the ones which have been
improved recently (up to ten thousand words).
7.5. Bibliography: besides the publication of review essays, bibliographic balances, thematic,
selective and commented bibliographies are emphasized, (up to two thousand words,
summary and/or abstract are not necessary).

EDITORIAL RULES
• The contributions must be unpublished and exclusively written to R.IHGB, in Portuguese, English,
French, Spanish or Italian.
• Except works addressed to bibliography section, the authors must, mandatorily, present abstracts in
Portuguese and English, independently of the language of the original text. If it is not in Portuguese or
English, it will be necessary to add the abstract in the original language as well. The abstract cannot
have more than 250 (two hundred and fifty) words, followed by the keywords, minimum 3 (three) and
maximum 6 (six), in English and Portuguese, representing the content of the work.
• Documents sent to publication have to be transcribed and have the codex or archival indication from
where they were copied, followed by an explanatory introduction.
• The R. IHGB limits the opportunity of publication according to its schedule and interest, notifying the
approval or disapproval of the publication to the author. The original texts will not be returned.
• If the contribution is approved, the author will have fifteen days to give the authorization term back,
from the date R.IHGB has posted it .
• The authors will receive 10 volumes of the Revista when the publication is supported by the Gráfica
do Senado Federal.

TEXTS PRESENTATION
• Original typing in high density disk or CD, properly identified with the title of the text and name(s) of
the author(s), and three printed copies, including tables and references; in format A4, margins 2,5cm,
space between lines 1,5cm, on one side of the paper, font Times New Roman size 12, and consecutive
numbering. The Microsoft Word text editor or a compatible one should be used. If there are images,
identify in the text the places of the pictures and other types of illustration.
• Illustrations and captions have to be put in separate sheets of paper. The images have to be scanned in
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• Front page: all the articles should have a front page with the title, the author’s whole name and the
institution they come from. The footnote has to mention the complete address and e-mail of the author, to
whom the mail will be sent. Only on this page the author’s identification will appear, for the secrecy.
• The translations, preferably unpublished, should have the author’s authorization and the respective
original text.
• The notes should be put in the footnote and the bibliography at the end of the texts. Both have to follow
ABNT standard. Norms for presenting footnotes:
• Books: LAST NAME, First Name. Title of the book in italics: subtitle. Translation. Edition. City:
Publisher, year, p. or pp.
• Chapters: LAST NAME, First Name. Title of the chapter. In: LAST NAME, First Name (ed.). Title of
the book in italics: subtitle. Edition. City: Publisher, year, p. nn-nn.
• Article: LAST NAME, First Name. Title of the article. Title of the jounal in italics. City: Publisher.
Vol., n., p. x-y, year.
• Thesis: LAST NAME, First Name. Title of the thesis in italics: subtitle. Thesis (PhD in …..) Institution.
City, year, p. nn-nn.
• Internet: LAST NAME, First Name. Title. Available at: www….., consulted dd.mm.yy.

Only the texts presented accordingly to the rules defined above will be ac-
cepted.

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E-mail: revista@ihgb.org.br
ESTA OBRA FOI IMPRESSA
PELA GRÁFICA DO SENADO,
BRASÍLIA/DF,
EM 2010, COM UMA TIRAGEM
DE 700 EXEMPLARES

A Gráfica do Senado limitou-se a executar os serviços de impressão e acabamento desta obra.

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