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DI DASCALICON: SOBRE A ARTE DE LER (PORTUGUESE EDITION)

CaputIV-Q!!ae res ad philosophiam pertineant


CaputV -De ortu theoricae. practicae, mechanicae
Sumário CaputVI - De tribus rerum maneriis
CaputVII -De mundo superlunari et sublunari
CaputVIII - ln quo homo similis sitDeo
Capa CaputIX -De tribus operibus
Folha deRosto CaputX - Quid sit natura
Créditos Caput XI -De ortu logicae
Apresentação LivroSegundo
Prefácio CapítuloI -Sobre a distinção das artes
Praefatio CapítuloII -Sobre a teologig
Livro Primeiro CapítuloIII -Sobre a matemática
CapítuloI -Sobre a origem das artes CapítuloIV -Sobre o número quaternário da alma
CapítuloII -A filosofia é a busca daSabedoria16 CapítuloV -Sobre o quaternário do corpo
CapítuloIII -Sobre a tríplice potência da alma e sobre a CapítuloVI -Sobre o quadrivium
razão de que só o homem é dotado CapítuloVII -Sobre a palavra "aritmética"
CapítuloIV -Oque é pertinente à filosofia CapítuloVIII - Sobre apalavra "mús ica"
CapítuloV -Sobre a origem da teórica, da prática e da CapítuloIX -Sobre a palavra "geometria"
mecamca

CapítuloX -Sobre a palavra "astronomia"
A

CapítuloVI -Sobre os três tipos de coisas CapítuloXI - Sobre a aritmética


CapítuloVII -Sobre o mundo supralunar e sublunar CapítuloXII -Sobre a música
CapítuloVIII -Em que o homem é semelhante a Deus CapítuloXIII -Sobre a geometria
CapítuloIX -Sobre as três obras CapítuloXIV - Sobre a astronomia
CapítuloX -O que é a nature2a CapítuloXV-A defini�o de quadrivium
CapítuloXI -Sobre a origem da lógica CapítuloXVI - Sobre a física
Liber Primus CapítuloXVII -O qy&.é próprio de cada arte
CaputI -De origine artium CapítuloXVIII -Comparação do que foi dito acima
CaputI I - Quod studium sapientiae philosophia sit CapítuloXIX -Sobre o mesmo assunto
CaputIII -De triplici vi animae et solum hominem ratione Capítulo XX -A divisão da n1ecânica em sete artes
praeditum CapítuloXXI - Primeira: lanifício
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das boas obras, o que os torna conseqüenten1ente bastante detestáveis. seguida suas descrições e divisões, isto é, como cada uma contém ou é
Em outros, ainda, a falta de bens de família e os recursos escassos contida por outra, destrinchando a filosofia desde seu primeiro princípio
dificultam a possibilidade de aprender. Contudo, julgamos que eles não até seu último elen1ento.A seguir, indica os autores das artes e n1ostra, na
podem ser desculpados por isso plenamente, já que ven1os muitos que, seqüência, quais destas artes devem ser lidas primeiran1ente.Depois,
n1esmo sofrendo de fome, sede e nudez, alcançam o fruto da sabedoria. também expõe em que ordem e de que modo deven1 ser lidas. E,
Assin1, uma coisa é não poder aprender, ou melhor, não poder aprender finalmente, prescreve aos estudantes a disciplina da sua vida, e assim se
facilmente, outra coisa é poder e não querer saber. Com efeito, assim encerra a primeira parte.
como é n1ais glorioso alcançar a sabedoria só pela virtude, sem faculdades Na segunda parte, determina quais escrituras deven1 ser chamadas de
abundantes, assim é certamente mais infame ser dotado de engenho e divinas, depois o número e a ordem dos livros divinos, quem são seus
deleitar-se nas rique7..as e entorpecer-se no ócio.• autores e os significados de seus nomes. Depois, trata de algumas
propriedades mais fundamentais da Sagrada Escritura. A seguir, ensina
com que qualidade deve ler a Sagrada Escritura aquele que busca nela a
correção de seus costun1es e um modo de viver. Por último, instrui aquele
que a lê por causa do amor ao conhecÍlllento, e assim a segunda parte
também tem seu fim.
Existem principalmente duas coisas por n1eio das quais algué m é 1Vale ressaltar a amplitude do tenno natura, que vai muito além da natureza como o conjunto
conduzido ao conhecimento, a saber, a leitura e a meditação, das quais a dos vegetais, animais e seus habitats, significado que lhe atribui.mos wlgannente. Esse termo
leitura vem em primeiro lugar no aprendizado, e é dela que se ocupa este está relacionando a realidade, essência, à "natureza das coisas", e com freqüência se refere ao
próprio Deus.
livro, oferecendo os preceitos d a arte da leitura. i Como realidades superiores, subentendem�se os conhecimentos relati\'os à filosofia e à
Por conseguinte, são três os preceitos n1ais necessários à leitura: teologia; como reatidades inferiores, os demais campos das ciências, das artes, da moral etc.
primeiro, saber o que se deve ler; segundo, em que ordem s e deve ler, isto Hugo de São Vítor, em um comentário alegórico - seu escrito De unione corporis e.t spiritus
é, o que vem antes e o que vem depois; terceiro, de que modo se deve ler. -, evidencia esta reaJidade: ..Moisés sobe ã montanha, e Deus desce sobre a montanha. Se
Moisés não tivesse subido, e Deus não tivesse descido, ambos não se teriam encontrado.
Este livro trata destes três preceitos, separadamente. Assim sendo, ele Grandes sinais há em todas estas coisas. O espirita sobe, e Deus desce; ele sobe pela
instrui tanto sobre a leitura dos escritos profanos quanto sobre a dos oontemplação, e Deus desce pela rei.•elação. Esta também foi a escada de Jac.ó; apoiava�se
divinos, donde está dividido em duas partes, das quais cada unia tem três sobre a terra e sua exn·emidade tocava o cé u . A terra é o oorpo; o céu é Deus. Os espíritos se
elevam pela contemplação das coisas inferiores às coisas superiores, do corpo a o espírito, por
divisões. Na primeira parte, ele orienta o estudante das diversas artes,� na
meio da contemplação e da revelação. Deus, porém, se apóia sobre a extremidade da escada
segunda, orienta o leitor dos textos divinos.Deste modo, segue expondo para que as coisas superiores se inclinem em direção às inferiores".
primeiro o que deve ser lido, e depois qual é a orden1 e como se deve ler. 3 SI 36, 4 .
4 Cf . parábola dos talentos em Mt 25, 18.
Para que se possa saber o que ler ou o que ler primeiramente, na
5 ..De fato, quanto mais facilmente, ajudados pela graça. se quiserem, podem pennanecer na
primeira parte o prÍllleiro livro enuncia a origem de todas as artes, e em justiça, tanto mais gravemente ofendem não querendo abster-se da culpa. Aquele a quem mais
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33Gn3, 7 ,
3'ISI 104, 1 0 .
35A natureza imitada é admirada por ser obra Deus, e o artifice imitador e admirado pelo fato
de seu ato criador ser imagem do Ato Criador divino. Toda contemplação repousa em Deus.
�Cícero, Rhetorici libri duo qui vocantur de imxmtione.
32Boécio, Contl'a Eutychen.
3ªCicero, De narura deorum.
39Virgilio , Georgica.
42 Este verbo era usado freqüentemente para se reíetir a um discurso meditatl\10 que busca
dissertarsobre determinado assunto e. a seguir, tirar conclusões verdadeiras.
41 Macróbio, Commentan·um in Somnium Scipionis.

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