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Ao concluir o presente trabalho gostaria de agradecer a todos os que contribuíram para a sua
realização.
Ao Professor Vasco Freitas expresso aqui o meu sincero agradecimento pela forma sempre solícita e
simpática com que me apoiou e orientou na elaboração desta dissertação, bem como pelos
conhecimentos transmitidos, pela compreensão e pelo incentivo que sempre me deu.
Aos meus colegas de gabinete, nomeadamente, ao Pedro, ao Paulo e, em especial, à Susana, pela
ajuda sempre pronta, deixo também aqui o meu agradecimento.
De realçar ainda o Laboratório de Física das Construções – LFC, pela ajuda dos seus actuais e ex-
colaboradores, em particular, à Isabel, ao Nuno e à Eva.
Um agradecimento muito especial à minha mãe, à minha irmã, ao meu irmão e à Andreia pela força
que sempre me transmitiram e pela incansável paciência e compreensão.
A todos os meus amigos pelo apoio que sempre me deram expresso aqui a minha gratidão, em
especial ao João, pela compreensão e companhia durante o decorrer deste trabalho, à Ana Cláudia,
pela ajuda nas correcções finais, à Patrícia, pela tradução, à Kitty, ao Nuno e à Susana.
RESUMO
Muito embora haja uma preocupação crescente com a qualidade da construção, verifica-se que os
edifícios construídos nos últimos anos não apresentam a qualidade esperada. Pode mesmo afirmar-
-se que existem milhares de fogos, construídos recentemente, com patologias muito graves que
condicionam a sua utilização.
Existe uma grande diversidade de patologias que afectam os vários elementos que constituem a
envolvente dos edifícios, com origem em diferentes fenómenos. A patologia da construção tem sido
objecto de inúmeros estudos. No entanto, a informação técnica disponível encontra-se dispersa,
sendo a sua sistematização imprescindível, de modo a facilitar a análise de causas e a resolução dos
problemas.
Por último, foi elaborado um Catálogo das patologias associadas ao comportamento higrotérmico da
envolvente dos edifícios estudados nos últimos anos pelo Laboratório de Física das
Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
O Catálogo é constituído por um conjunto de Fichas de Patologias, que incluem quatro campos:
descrição da patologia, sondagens e medidas, causas e soluções possíveis de reparação.
Palavras-Chave:
Patologia, Higrotérmica, Catálogo de Patologias, Fichas de Patologias, Responsabilidades, Garantias,
Seguros
ABSTRACT
Despite the growing concern over the quality of construction, recent buildings fall short of
expectations. There are thousands of recent buildings with very serious pathologies that limit their
use.
In Portugal, one of the major causes of the non quality of the buildings is the lack of an effective
system of responsibilities, guarantees and insurance that makes responsible the multiple intervenient
parts in the construction process for the defects of conception, execution or bad performance of the
materials and components, and simultaneously, insures the immediate repair of damage.
There is a wide range of pathologies that affect the envelope of the buildings, caused by different
phenomena. Building Pathology has been the subject of numberless studies. However, the available
information is dispersed. It’s necessary to systematize it, in order to analyse the causes and solve
pathologies in an easier and more effective way.
In this paper we study the building’s pathology problem, concerning the main pathologies and
causes, based upon people’s claims of legal guarantees on the insurance companies in France, due to
the inexistence of Portuguese data. The French and Spanish system of responsibilities, guarantees
and insurances are also studied and analyzed. We propose a model of development of a similar
system in Portugal.
A Building Pathology Catalogue was also prepared containing the higrothermal pathologies occurred
on the envelope of the buildings studied in the last few years by the Laboratory of Building Physics
(LFC), of the Faculty of Engineering at the University of Oporto (FEUP).
The Catalogue is made up of a set of Pathologies Reports that include four fields: description of the
pathology, prospecting and measurements, causes and retrofit solutions.
Keywords:
Pathology, Higrothermic, Building Pathology Catalogue, Pathology Reports, Responsibilities,
Guarantees, Insurances
RESUME
Malgré l’existence d’un souci croissant sur la qualité de la construction, on vérifie que les bâtiments
construits ces dernières années ne présente pas la qualité souhaitée. On peut affirmé qu’il existe des
milliers d’logements, construits récemment, qui présentent des pathologies très graves qui
conditionnent leur utilisation.
Au Portugal, l’une des principales causes de la “non qualité“ de la construction est l’inexistence d’un
système de responsabilités, garanties et assurances qui responsabilise vraiment les divers intervenants
dans le processus de la construction, par les erreurs commises (conception, exécution ou défaillant
comportement des matériaux et components) et qui simultanément assure la réparation immédiate
des dommages.
Il existe une grande diversité de pathologies qui affecte les éléments qui constituent l’enveloppe des
bâtiments, provenant de différents phénomènes. La pathologie du bâtiment a déjà été l’objet de
nombreuses études. Toutefois, l’information technique disponible est disperse et sa systématisation
est indispensable afin de faciliter l’analyse des causes et la résolution des problèmes.
Dans ce travail, le problème de la pathologie du bâtiment a été étudié, notamment, ce qui concerne
les principales pathologies et respectives causes. Les registres des sinistres déclarés aux compagnies
d’assurance françaises, concernant des garanties de construction obligatoires en France, ont servis de
base, vu l’inexistence de données nationales. L’étude et l’analyse des systèmes français et espagnol de
responsabilité, garanties et assurances dans le bâtiment ont été étudiées et une proposition pour
l’implémentation au Portugal d’un système analogue est présentée.
La catalogue est constitué par un ensemble de fiches de pathologies, qui incluent quatre domaines:
description de la pathologie, sondages et mesures, causes et solutions possibles de la réparation.
Mots-clé:
Pathologie, Hygrothermique, Catalogue de Pathologies, Fiches de Pathologies, Responsabilités,
Garanties, Assurances.
ÍNDICE DO TEXTO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................................................................. 1
1.2 INTERESSE E OBJECTIVOS DO TRABALHO................................................................. 1
1.3 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO ....................................................... 2
5. CONCLUSÕES ................................................................................................................67
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................67
5.2 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS DA INVESTIGAÇÃO NESTE
DOMÍNIO ....................................................................................................................................68
ANEXOS
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 2.1 – Distribuição dos sinistros em função do custo total e do custo médio dos
trabalhos de reparação de danos [6]..................................................................................... 17
Quadro 3.1 – Proposta de calendarização para o desenvolvimento do sistema nacional de
responsabilidades, garantias e seguros................................................................................. 48
Muito embora haja uma preocupação crescente com a qualidade da construção, verifica-se que os
edifícios construídos nos últimos anos não apresentam a qualidade esperada. Pode mesmo afirmar-
-se que existem milhares de fogos, construídos recentemente, com patologias muito graves que
condicionam a sua utilização.
Por outro lado, só a análise dos registos de sinistros declarados às companhias de seguros no âmbito
das garantias da construção permitiria avaliar quais as principais patologias que afectam os edifícios
e, simultaneamente, condicionar a própria investigação.
Existe uma grande diversidade de patologias que afectam os vários elementos que constituem a
envolvente dos edifícios, com origem em diferentes fenómenos, tendo a patologia da construção
sido objecto de inúmeros estudos. A informação técnica disponível, no entanto, encontra-se
dispersa, sendo a sua sistematização imprescindível, de modo a facilitar a análise de causas e a
resolução dos problemas, bem como a sua prevenção.
Neste sentido, um dos objectivos deste trabalho consistiu no estudo e na análise do sistema francês
de responsabilidades, garantias e seguros da construção e do sistema espanhol, que se encontra em
fase de desenvolvimento e implementação, com o intuito de apresentar uma proposta para a
implementação de um sistema análogo em Portugal.
No âmbito da patologia da construção têm sido desenvolvidos inúmeros estudos com o objectivo de
analisar as causas das patologias e definir as acções a desenvolver para restabelecer as características
funcionais ou estéticas dos elementos degradados, existindo uma extensa lista de publicações de
carácter técnico-científico.
Assim, o objectivo principal do presente trabalho foi o de elaborar um Catálogo das patologias
associadas ao comportamento higrotérmico da envolvente dos edifícios estudados nos últimos anos
pelo Laboratório de Física das Construções (LFC) da Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto (FEUP).
O Catálogo é constituído por um conjunto de Fichas de Patologias, que incluem quatro campos:
descrição da patologia, sondagens e medidas, causas e soluções possíveis de reparação.
Embora o tema “Patologia da Construção” possa parecer recente, a reparação de defeitos nas
construções não é seguramente um fenómeno actual. Já no ano 2200 A.C., o Código de Construção
de Hammurabi's (Rei da Babilónia) impunha punições severas no caso de ocorrência de falhas, o que
reflecte o conceito de responsabilidade inerente à patologia da construção [42].
A – Se um construtor, ao construir
a casa para terceiros, não fizer a
construção firme e se a casa cair e
causar a morte do dono da casa,
esse construtor será condenado à
morte.
C – Se causar a morte de um
escravo do dono da casa, o
construtor terá de dar um escravo
de igual valor ao dono da casa.
D – Se destruir propriedade, o
construtor terá de reconstruir o que
destruiu à sua própria custa.
Actualmente, a investigação de defeitos é bem mais complexa, devido quer à complexidade das
construções, quer ao desenvolvimento considerável das sociedades e ao aumento das exigências,
sendo necessário um aumento efectivo do conhecimento e da informação disponível, bem como a
interacção entre os diversos intervenientes no processo construtivo.
O registo e a divulgação dos erros de construção, bem como o estudo dos casos de patologia, são
fundamentais para a melhoria da qualidade das construções. Existem experiências neste sentido em
alguns países, no entanto, nem sempre bem sucedidas.
Em Portugal não existem elementos que permitam apreciar quais as principais patologias que
afectam as construções. Os dados existentes resultam de trabalhos pontuais de investigação, não
permitindo uma abordagem global do problema. Apenas estão disponíveis alguns dados relativos ao
estado de conservação de edifícios, apresentados no § 2.3.
De acordo com os resultados obtidos através da análise efectuada pelo SYCODÉS [6], 81,3% dos
sinistros registados ocorreram em edifícios de habitação, correspondendo os edifícios de habitação
colectiva a 49,3% dos casos, tal como apresentado no gráfico da Figura 2.
O custo total dos trabalhos de reparação de danos, resultantes de sinistros ocorridos em edifícios
habitacionais, foi de € 132.069.600, o que correspondeu a 66,4% do custo total.
Apesar dos sinistros que ocorreram em edifícios não habitacionais representarem apenas 18,7% do
total dos sinistros analisados, o custo dos trabalhos de reparação inerentes correspondeu a 33,6% do
custo total.
TIPO DE EDIFÍCIOS
50%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Estacionamento
Transportes
Industrias
Colectivos
Unifamiliares
Edifícios de
Edifícios de
Edifícios de
Edifícios de
Espaços de
Albergues
Armazéns
Agrícolas
Edifícios de
Edifícios
Escritórios
Edifícios
Habitações
Comércio
Cultura
Ensino
Parques de
Saúde
Figura 2 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em
função do tipo de edifícios.
Dos 39.000 casos analisados [6], verificou-se que cerca de 62% dos sinistros declarados resultaram
de problemas de estanquidade à água, sendo o custo dos respectivos trabalhos de reparação de
danos de cerca de € 100.000.000, o que correspondeu a 50,3% do custo total dos trabalhos de
reparação (Figura 3).
Apesar da análise detalhada de patologias associadas a problemas estruturais não fazer parte do
presente trabalho, é de salientar o custo dos trabalhos de reparação de danos resultantes de
problemas desta índole, que representaram 17,5% do custo total dos trabalhos de reparação, ou seja,
€ 34.810.000.
PRINCIPAIS PATOLOGIAS
10% 62%
24%
1% 1% 2%
Sinistros (%)
0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Figura 3 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em
função das principais patologias.
Com base nos resultados fornecidos pelo SYCODÉS [6], constata-se que 79% dos sinistros
registados se verificaram devido a defeitos de execução, sendo o custo dos trabalhos de reparação
inerentes de € 135.849.000.
79%
5%
11% 3% 1%
Sinistros (%) 0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Figura 4 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em
função das principais causas das patologias.
O gráfico da Figura 5 mostra a distribuição dos sinistros analisados e do respectivo custo dos
trabalhos de reparação de danos, em função dos elementos construtivos “causadores” do dano.
Verifica-se que 54 % dos casos correspondem a problemas que ocorreram na envolvente exterior do
edifício (coberturas, fachadas e vãos envidraçados), sendo o custo dos trabalhos de reparação de
€ 93.881.000, o que correspondeu a 47,2 % do custo total.
Nos parágrafos seguintes é apresentada uma análise detalhada da distribuição dos sinistros e do
custo dos respectivos trabalhos de reparação de danos, em função dos elementos da envolvente
exterior (coberturas, fachadas e vãos envidraçados) e interior. São também identificadas as principais
patologias observadas e as causas que estiveram na sua origem, com base na informação fornecida
pelo SYCODÉS [6].
ELEMENTOS CONSTRUTIVOS
16% 6%
8%
5%
11%
15%
8%
20% 11%
Sinistros (%) 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x103 €)
Figura 5 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos em
função dos elementos construtivos.
Dos sinistros analisados, em cerca de 15 % dos casos, foram detectados problemas que ocorreram
ao nível das coberturas inclinadas (Figura 5), sendo o custo dos trabalhos de reparação associados de
€ 27.647.000.
De acordo com o gráfico da Figura 6, verifica-se que grande parte das patologias (51 %) ocorreu em
coberturas com revestimento descontínuo de pequenas dimensões, do tipo telhas cerâmicas. Com
base na informação fornecida pelo SYCODÉS [6], os danos resultaram, na maioria dos casos, em
infiltrações de água através dos pontos singulares, devido principalmente a uma deficiente execução.
14%
3%
8%
1% 51%
22%
Sinistros (%)
0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Figura 6 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em coberturas inclinadas.
O custo da reparação de danos causados por sinistros deste tipo foi, geralmente, elevado, tendo em
atenção a consequente degradação dos elementos adjacentes. As investigações quanto à causa do
sinistro foram particularmente longas e inconclusivas, tendo sido habitualmente necessário refazer
por completo a cobertura.
Por fim, uma pequena parte dos sinistros das coberturas em terraço, cerca de 5%, deveu-se ao
deficiente dimensionamento e à configuração do sistema de drenagem de águas pluviais, o que
originou a acumulação de água na cobertura, conduzindo a infiltrações diversas.
COBERTURAS EM TERRAÇO
5% 1% 8%
8%
32% 46%
0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000
Sinistros (%)
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Figura 7 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em coberturas em terraço.
Trata-se do elemento construtivo que evidenciou um maior número de sinistros, 20% (Figura 5),
bem como a parcela mais importante dos custos de reparação de danos (€ 33.620.000).
Na Figura 8 é apresentada a distribuição dos sinistros analisados e o respectivo custo dos trabalhos
de reparação, relativamente à solução adoptada para a fachada, definida em função do suporte ou do
próprio revestimento.
Nas soluções tradicionais de fachada, verificou-se que as patologias surgiram quer ao nível do
suporte, quer do revestimento, sendo principalmente afectadas as alvenarias de tijolo e de blocos de
betão.
Pouco utilizada nos edifícios de habitação, a solução de fachada ligeira é habitualmente aplicada nos
edifícios de escritórios ou outros do sector terciário. As causas dos sinistros foram múltiplas e os
custos de reparação, em geral, elevados, devido às soluções técnicas inovadoras e à aplicação de
materiais de revestimento com alto custo. A origem das patologias prendeu-se com a concepção,
mas também com a deficiente execução.
A percentagem de patologias que surgiram em sistemas de isolamento térmico pelo exterior foi
reduzida, cerca de 2%.
11%
30%
20%
4%
2%
6%
3%
24% 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000
Sinistros (%)
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Figura 8 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em fachadas.
Os sinistros que afectaram os vãos envidraçados dos edifícios representam 8% do total de sinistros e
um pouco mais de 6% do custo total dos trabalhos de reparação (Figura 5).
Trata-se de um domínio que sofreu uma grande evolução em França, estando constantemente a
surgir novos produtos no mercado, em resposta às exigências acústicas e térmicas. Esta evolução
tem-se verificado quer ao nível dos perfis, quer dos vidros.
Foram observadas patologias a dois níveis (Figura 9): afectando a própria caixilharia (deficiente
qualidade dos constituintes, deficiente colocação em obra), ou inerentes ao deficiente tratamento da
ligação dos vãos com a envolvente, o que constituiu a grande maioria dos problemas observados.
7%
67%
Figura 9 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em vãos envidraçados.
De acordo com o gráfico da Figura 5, os sinistros que afectaram a envolvente interior dos edifícios
representaram 11% do total de sinistros analisados, sendo o custo correspondente aos trabalhos de
reparação de danos de cerca de 12,6% do custo total.
Por elementos divisórios entendem-se os elementos de separação que não fazem parte da estrutura
de suporte dos edifícios, tais como paredes divisórias entre compartimentos, “forras” interiores e
tectos falsos.
36%
35%
26%
Figura 10 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em elementos divisórios (envolvente interior).
Os revestimentos dos pavimentos foram os mais afectados pelos sinistros (78%), o que é natural, se
tivermos em atenção o facto de estarem sujeitos a inúmeras solicitações: uso, punçoamento, acção
da água ou de agentes químicos (Figura 11).
O revestimento em ladrilhos cerâmicos colados constituiu o tipo de solução que apresentava cerca
de dois terços das patologias registadas. As principais manifestações das desordens foram o
descolamento, a fissuração e o empolamento dos ladrilhos. As causas principais das patologias
foram a inexistência ou insuficiência de juntas, a aplicação de produtos de colagem inadequados e a
deficiente preparação do suporte.
Nos edifícios do tipo industrial, estes problemas tiveram uma dimensão considerável, na medida em
que as superfícies revestidas com ladrilhos tinham maiores dimensões. As solicitações foram de igual
modo mais severas, nomeadamente no que se refere às cargas e ao punçoamento.
78%
17%
3
Custo dos Trabalhos de Reparação de Danos (x10 €)
Figura 11 – Distribuição dos sinistros analisados e do custo dos trabalhos de reparação de danos
ocorridos em revestimentos interiores.
De acordo com os resultados obtidos pelo SYCODÉS [6], foi necessário um investimento de cerca
de € 200.000.000 para a reparação dos danos causados pelos 39.000 sinistros declarados às
companhias de seguros, entre 1999 e 2001. Verificou-se que para 36,3% dos casos, os trabalhos de
reparação corresponderam a um custo médio de € 1.400 (Quadro 2.1). Os custos publicados foram
actualizados a valores de 2001, em função do índice de construção francês.
Note-se que este número não representa efectivamente o custo total das reparações de danos
realizadas no âmbito dos seguros, na medida em que não incluem reparações com custos inferiores a
€ 762, nem os custos referentes a danos imateriais.
Tal como referido no § 2.1, em Portugal não existe um sistema efectivo de seguros que permita
realizar uma recolha de dados e efectuar uma análise estatística do problema da patologia da
construção.
Considera-se que, tal como em França, os problemas de estanquidade à água constituirão também a
principal patologia que afecta a envolvente dos edifícios nacionais. Salienta-se, no entanto, o
problema das condensações que, ao contrário do caso francês, terá uma maior relevância em
Portugal, face às condições habituais de utilização, à inexistência de sistemas contínuos de
aquecimento e de ventilação das habitações, bem como à insuficiência de isolamento térmico da
envolvente dos edifícios portugueses.
No que se refere às causas das patologias e, contrariamente à situação francesa, em que os defeitos
de execução estão na origem de cerca de 79% das patologias observadas, considera-se que os
defeitos de concepção deverão contribuir de uma forma muito significativa para os problemas que
se observam na envolvente dos edifícios nacionais.
Relativamente aos elementos construtivos, admite-se que a fachada e as coberturas serão, sem
dúvida, os elementos que mais estarão na origem das patologias, tal como no caso francês. No
entanto, considera-se que os vãos envidraçados terão também um peso significativo, tendo em
atenção que não existe tradição de aplicação de caixilharias classificadas em Portugal.
Uma última referência relativamente à fachada, quanto ao suporte, considera-se que a solução
nacional de alvenaria de tijolo vazado terá problemas muito mais significativos do que no caso
francês.
Em Portugal, a política seguida nos últimos anos foi assumidamente de incentivo à construção nova
e à aquisição de casa própria. A realidade mostra-nos que a população dos grandes centros urbanos
se deslocou em massa para as áreas periféricas das cidades, tendo-se assistido, em consequência e em
simultâneo, à degradação e abandono de milhares de fogos inseridos no património edificado dos
centros urbanos [86].
A análise dos edifícios recenseados em 2001, segundo a época de construção, é também elucidativa
da forte expansão da habitação em Portugal. Cerca de 60% dos edifícios foram construídos após
1970 e 19% foram construídos na última década. Em termos comparativos, refira-se que a
proporção de edifícios construídos em França durante a década de 90 (1990-1999), representa 10%
do total (cerca de metade da situação portuguesa) [93].
Em relação ao estado de conservação dos edifícios existentes em Portugal, em 2001, cerca de 59,1%
não apresentavam necessidades de reparação e 38,0% careciam de obras de reparação, sendo que
2,9% se encontravam muito degradados (Figura 12). Dos edifícios que apresentavam necessidades
de reparação, a grande maioria dizia respeito a pequenos trabalhos de reparação (22%) [3].
Quanto à distribuição geográfica dos alojamentos a necessitar de obras, importa referir que 36% se
localizavam nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa.
Note-se que estes dados têm de ser analisados com muita precaução. Por um lado, os valores
recolhidos resultaram da observação dos inquiridores, que não têm formação específica neste
domínio; por outro, esta avaliação foi feita tendo em conta apenas o aspecto exterior do edifício, o
quem nem sempre traduz as necessidades efectivas de intervenção. É do conhecimento geral que
existem diversas patologias associadas a infiltrações no interior das habitações que condicionam a
sua utilização.
22,4%
59,1%
Os dados dos Censos 2001 apontam, ainda, para a existência de uma forte relação entre a idade dos
edifícios e o seu estado de conservação (Figura 13). De facto, dos edifícios construídos, antes de
1919 apenas 19,8% não apresentavam necessidades de reparação. À medida que o ano de construção
dos edifícios aumenta, as necessidades de reparação dos mesmos diminui, com cerca de 87,6% dos
edifícios construídos entre 1991 e 2001 a não necessitarem de qualquer tipo de intervenção. Não
obstante este facto, é de referir que 0,2% dos edifícios construídos entre 1996 e 2001 se
encontravam muito degradados e que 0,6% necessitavam de grandes reparações. Apesar de, em
termos relativos, ser um valor bastante pequeno, este dado não é, de todo, menosprezável quando
estamos a falar de 1.489 edifícios que têm, no máximo, 8 anos de idade.
100%
90%
80%
70%
60%
Edifícios (%)
50%
40%
30%
20%
10%
0%
antes de 1919 1919-1945 1946-1960 1961-1970 1971-1980 1981-1985 1986-1990 1991-1995 1996-2001
Época de construção
Figura 13 – Estado de conservação dos edifícios em Portugal segundo a época de construção [71].
70%
60%
Nenhumas
50%
Pequenas
Edifícios (%)
40% Médias
Grandes
30%
Muito Grandes
20%
10%
0%
Estrutura Cobertura Paredes e caixilharia exteriores
Apesar do estado de degradação dos edifícios portugueses, explicado, principalmente, pelo reduzido
investimento na sua manutenção e reabilitação, quando comparado com os restantes países do
espaço económico europeu, verifica-se que Portugal apresenta o valor mais baixo de investimento
em manutenção/reabilitação, no conjunto dos países considerados (apenas 5,7%), sendo a média
europeia de 33,2% [71].
50%
40%
Investimento (%)
30%
20%
10%
0%
Portugal
Aústria
Bélgica
França
Suíça
Grã-Bretanha
Dinamarca
Finlândia
Alemanha
Irlanda
Itália
Noruega
Suécia
Holanda
Espanha
2.3.3.1 GENERALIDADES
Muito embora se verifique uma preocupação crescente com a qualidade da construção, traduzida
pela introdução de regulamentação específica na área do conforto, verifica-se que os edifícios
construídos em Portugal nos últimos anos não apresentam a qualidade esperada [59].
Na área da patologia da construção existem já, em termos nacionais, algumas publicações e estudos
realizados. No entanto, a informação encontra-se dispersa, sendo fundamental a sua sistematização e
divulgação.
A informação técnica disponível é insuficiente e não se encontra sistematizada, pelo que seria
fundamental que o Estado promovesse a criação de um “Programa Nacional de Desenvolvimento
de Documentação Técnica” que fosse sendo actualizado ao longo do tempo. Nesse grupo de
trabalho deveriam participar todos os intervenientes no processo construtivo (Figura 16).
EMPRESAS DE
CONSTRUÇÃO
UNIVERSIDADES
PRODUTORES
SEGURADORAS
DE MATERIAIS
ORDENS LABORATÓRIOS
ASSOCIAÇÕES
ENTIDADES
GOVERNAMENTAIS
Muitas das patologias observadas na construção nacional devem-se à não qualificação profissional
dos técnicos envolvidos. A exigência de qualificação profissional dos intervenientes seria
fundamental para garantir a qualidade da construção.
Muitas das patologias têm como causa fundamental os próprios materiais utilizados. Os
intervenientes no processo construtivo não deveriam permitir a aplicação de materiais dos quais não
se conhecem as propriedades, sem que previamente haja uma caracterização experimental do seu
desempenho.
Os erros de execução são também responsáveis por muitas das patologias que as construções
apresentam. Devem-se, principalmente, aos seguintes factores:
Note-se que há ainda a considerar o sector da reabilitação do património monumental, não incluído
neste estudo.
A reabilitação de edifícios ocupados, em particular da sua envolvente exterior, exige uma nova
metodologia de abordagem e uma imprescindível compreensão do processo pelos diferentes
intervenientes (donos de obra, projectistas, empreiteiros, gestores financeiros, fiscalização - controlo
técnico e financeiro, etc.), o que pressupõe:
3.1 GENERALIDADES
Em Portugal, sendo o sector da construção um dos principias sectores económicos, com evidentes
repercussões no conjunto da sociedade e dos valores culturais que incluem o património
arquitectónico, carece, sem dúvida, de regras que atendam a esta importância. É urgente a
implementação de um regime em que claramente sejam identificadas as obrigações e as
responsabilidades dos intervenientes no processo construtivo, bem como sejam definidas as
garantias de protecção dos utilizadores face a possíveis danos. Neste sentido, é apresentada no
Considera-se que em simultâneo deverá ser desenvolvido um “Código de Construção” (ver § 3.4.4),
de forma a ser criada uma base de referência sólida para a construção de edifícios com qualidade e
ser possível o estabelecimento de um sistema de garantias obrigatórias associadas a seguros.
No que se refere ao regime de responsabilidades (ver § 3.2.3), a “Lei Spinetta” instituiu a presunção
de responsabilidade dos “construtores”, perante o dono de obra ou proprietários sucessivos do
edifício ou parte, pelos danos que afectem os elementos ou equipamentos indissociáveis da
envolvente, tornando-o impróprio ao fim a que se destina. Este pressuposto é válido para um
período de dez anos após a recepção da obra e o fim da garantia de “perfeito acabamento" [50].
Refira-se que o conceito de “construtores” é definido na lei com um sentido abrangente (ver
§ 3.2.3.2), incluindo, além da empresa de construção propriamente dita, todos os intervenientes
ligados ao dono de obra por um contrato de prestação de serviços, tais como arquitectos,
engenheiros, técnicos, controladores de qualidade e vendedores. Os fabricantes ou importadores de
produtos e equipamentos são também considerados solidários no pressuposto da responsabilidade
decenal.
Trata-se de um sistema de dupla acção: através do seguro de reparação de danos, subscrito pelo
dono de obra, são indemnizados os trabalhos de reparação das patologias, accionando a seguradora,
em seguida, os meios de que dispõe contra os diversos intervenientes no processo construtivo, que
devem, obrigatoriamente, ter subscrito uma política de responsabilidade decenal no início da obra.
Intervenientes no
Dono de Obra
Processo Construtivo
Seguro de Seguro de
Responsabilidade Reparação de
Decenal Danos
GARANTIA
DECENAL
3.2.2.1 DEFINIÇÃO
A recepção define-se como sendo o acto através do qual o dono de obra declara aceitar a obra com
ou sem “reservas”, quer de forma amigável, quer judicial, caso não haja entendimento, de acordo
com o artigo 1792-6º do Código Civil Francês [50].
É a partir da recepção que os “construtores” são submetidos ao regime jurídico instituído pela lei
francesa, nomeadamente, à garantia decenal. Sem existir recepção, os seguros não podem intervir em
caso de ocorrência de danos.
Em termos legais não existem especificações formais relativas ao “acto” de recepção. Consiste
simplesmente na elaboração de uma declaração, designada por “processo verbal de recepção”, em
que o dono de obra declara que aceita os trabalhos realizados ao abrigo do contrato estabelecido
entre as partes, com ou sem “reservas”.
Os defeitos visíveis na recepção, que não tenham sido objecto de “reservas”, não poderão ser
incluídos na garantia decenal.
A recepção constitui o momento a partir do qual entram em vigor as garantias instituídas pela lei
francesa, que asseguram a reparação de patologias que surjam no edifício, marcando o fim da fase de
responsabilidade contratual dos “construtores”.
Se não ocorrer a recepção da obra, em caso de danos, as seguradoras recusarão qualquer intervenção
no âmbito das garantias.
A recepção judicial apenas deverá ser realizada nos casos em que não seja possível a ocorrência da
recepção de forma amigável ou se uma das partes se recusar a proceder à recepção, de acordo com a
alínea 1 do artigo 1792º do Código Civil Francês [50].
Será o tribunal a nomear um perito para analisar se a obra se encontra em estado de ser
recepcionada, com ou sem “reservas”, comunicando depois a recepção ao dono de obra e à empresa
de construção.
De salientar, no entanto, que, de acordo com a jurisprudência, o dono de obra não se pode recusar a
recepcionar os trabalhos, exceptuando os casos em que estes não se encontrem concluídos ou que
existam graves patologias, equivalentes a uma não conclusão.
3.2.3.1 DEFINIÇÃO
De acordo com o artigo 1792º do Código Civil Francês [50], “todo o construtor é responsável,
perante o dono de obra ou proprietários sucessivos do edifício ou parte, pelos danos, mesmo
resultantes de defeitos do solo, que comprometam a solidez ou que afectem os elementos ou
equipamentos indissociáveis da envolvente, tornando-o impróprio ao fim a que se destina”. Este
pressuposto é válido para um período de dez anos, após a recepção da obra (artigo 2270º do Código
Civil Francês).
De acordo com a legislação em vigor (artigo 1792-1º do Código Civil Francês [50]), são
considerados “construtores da obra” e, por conseguinte, afectos ao pressuposto de responsabilidade
decenal definido no § 3.2.3.1, todos os que intervêm no processo de concepção, execução e controlo
técnico da obra ou que se encontrem ligados ao dono de obra por um contrato de prestação de
serviços.
Os vendedores do edifício ou de parte deste, após a conclusão dos trabalhos, são também
equiparados a “construtores”.
De acordo com o artigo 1792-4º do Código Civil Francês [50], são ainda solidários com o
pressuposto de responsabilidade especificado na lei, os fabricantes, importadores ou representantes
de produtos ou equipamentos, sendo abrangidos pela obrigatoriedade de subscrição de uma política
de responsabilidade decenal.
3.2.4.1 GENERALIDADES
A reparação das patologias que surjam após a conclusão da obra e a recepção dos trabalhos (ver
§ 3.2.2) será realizada pela empresa de construção, no âmbito das garantias obrigatórias, definidas
pela legislação francesa em vigor no domínio da construção (Figura 18).
Garantia Decenal
3.2.4.2.1 Definição
De acordo com o artigo 1792-6º do Código Civil Francês [50], a garantia de “perfeito acabamento”,
válida durante um ano, assegura a reparação de todas as patologias que surjam na recepção dos
trabalhos e que tenham sido objecto de “reserva”, ou que se manifestem durante o ano seguinte à
recepção dos trabalhos, tendo de ser comunicadas à empresa de construção pelo dono de obra.
Esta garantia é assegurada pela empresa de construção em benefício do dono de obra e dos
proprietários sucessivos do imóvel, fazendo parte integrante dos contratos de seguros de
responsabilidade obrigatórios.
3.2.4.3.1 Definição
Esta garantia assegura a reparação das patologias que afectam os elementos e os equipamentos
dissociáveis da obra, durante os dois anos que se seguem à recepção, de acordo com o artigo 1792-
3º do Código Civil Francês [50].
Esta garantia deve ser assegurada por todos os intervenientes no processo construtivo (definidos no
§ 3.2.3.2), em benefício do dono de obra e dos proprietários sucessivos do imóvel.
3.2.4.4.1 Definição
Note-se que não são cobertos pela garantia decenal os danos resultantes de uma falta de manutenção
ou do deficiente uso, como, por exemplo, infiltrações devido à ausência de limpeza dos orifícios de
drenagem das caixilharias ou acumulação de água devido à não limpeza das caleiras.
Esta garantia deve ser subscrita por todos os intervenientes no processo construtivo (definidos no
§ 3.2.3.2), em benefício do dono de obra e dos proprietários sucessivos do imóvel.
A garantia decenal entra em vigor com a recepção dos trabalhos e com o fim da garantia de
“perfeito acabamento”.
A Lei de 4 de Janeiro de 1978 [50] instituiu uma dupla obrigatoriedade de seguro: a subscrição de
um seguro de responsabilidade decenal para todos os intervenientes na construção de edifícios (ver
§ 3.2.5.2) e de um seguro de reparação de danos para o dono de obra (ver § 3.2.5.3).
3.2.5.2.1 Definição
De acordo com o artigo L241-1º do Código de Seguros Francês [50], “toda a pessoa física ou moral,
cuja responsabilidade possa ser accionada sobre o fundamento de responsabilidade estabelecido no
artigo 1792º do Código Civil Francês (ver § 3.2.3.1), referente a trabalhos de edifícios, deve ser
coberta por um seguro”.
O seguro de responsabilidade decenal deve ser subscrito obrigatoriamente no início da obra por
todos os intervenientes no processo construtivo (definidos no § 3.2.3.2).
O seguro de responsabilidade deste tipo será válido durante o período de garantia decenal, ou seja,
dez anos.
3.2.5.3.1 Definição
De acordo com o artigo L242-2º do Código de Seguros Francês [50], “toda a pessoa física ou moral
que, na qualidade de dono de obra ou mandatário do dono de obra, manda realizar trabalhos de
construção de edifícios, deve subscrever antes do início da obra, para seu benefício e dos
proprietários seguintes, um seguro que garanta, independentemente da procura de responsabilidades,
o pagamento da totalidade dos trabalhos de reparação da responsabilidade dos construtores (de
acordo com o definido no artigo 1792-1º do Código Civil Francês - § 3.2.3.1)”.
Note-se, no entanto, que não se trata de um seguro multiriscos de habitação, que inclui danos
causados por eventos súbitos e imprevistos exteriores ao edifício.
O seguro de reparação de danos deve obrigatoriamente ser subscrito pelo dono de obra, no início
dos trabalhos, em seu benefício e dos proprietários sucessivos.
A garantia de reparação de danos aplica-se após a recepção da obra e o fim da garantia de “perfeito
acabamento”, durante um período de dez anos.
O regime instituído pela L.O.E. comporta três níveis de responsabilidades, definidas no § 3.3.3, e
respectivas garantias (ver § 3.3.4), correspondentes ao prazo de um, três e dez anos, definidos em
função da data de recepção da obra (ver § 3.3.2) (Figura 19).
No entanto, a exigência da obrigatoriedade das garantias a que se faz referência na lei tem vindo a
ser efectuada de forma escalonada no tempo, para permitir ao sector acomodar-se às novas
exigências. Assim, apenas a garantia de dez anos contra danos materiais, causados por defeitos que
afectem a estabilidade e a segurança estrutural, foi exigida a partir da entrada em vigor da lei
unicamente para os edifícios cujo destino principal fosse a habitação.
Com a instituição da actual lei, o Estado Espanhol procurou fomentar a qualidade da construção,
incidindo nos requisitos básicos dos edifícios, nas obrigações dos intervenientes no processo e
fixando as responsabilidades e as garantias que protegem o comprador, dando cumprimento ao
direito constitucional de uma habitação digna e adequada.
Para definição das exigências a que devem satisfazer os edifícios, no que respeita aos requisitos
básicos de qualidade especificados na lei, foi também imposta a elaboração de um “Código Técnico
da Construção” (ver § 3.3.6.2), que actualmente se encontra em fase de aprovação final.
Defeitos de Execução
GARANTIAS
Condições de Habitabilidade
3.3.2.1 DEFINIÇÃO
De acordo com o definido no artigo 6º da L.O.E. [76], a recepção é o acto através do qual o
construtor, após a conclusão da obra, faz a entrega dos trabalhos ao dono de obra e este os aceita.
Poderá realizar-se com ou sem “reservas” e abarcar a totalidade da obra ou fases completas e
concluídas da mesma, quando assim concordarem as partes, de forma semelhante ao definido nos
termos da legislação francesa em vigor (ver § 3.2).
Salvo acordo em contrário, a recepção da obra tem lugar dentro dos 30 dias seguintes à data de
conclusão. A recepção será tácita se, passados esses 30 dias, o dono de obra não apresentar
quaisquer “reservas”.
A recepção deverá consignar-se numa acta assinada pelo dono de obra e pelo construtor, onde
deverá constar o seguinte:
O dono de obra poderá recusar a recepção da obra se considerar que a mesma não está terminada
ou que não está de acordo com as condições contratuais.
De acordo com o artigo 17º da L.O.E. [76], “as pessoas físicas ou jurídicas que intervêm no
processo construtivo, sem prejuízo das suas responsabilidades contratuais, responderão perante os
proprietários do edifício, ou partes do mesmo, relativamente aos seguintes danos materiais que
surjam dentro dos prazos indicados, contados desde a data de recepção da obra, sem reservas ou
após a sua reparação”:
• Durante dez anos, perante danos materiais causados no edifício por defeitos
que afectem fundações e estrutura de suporte (vigas, pilares, muros de suporte
ou outros elementos estruturais) e que comprometam directamente a
segurança e a estabilidade do edifício;
O construtor responderá, ainda, durante um ano perante os danos materiais causados por defeitos
de execução.
No que se refere à exigência de responsabilidade dos diferentes agentes por danos materiais no
edifício, a legislação estabelece que será realizada de forma pessoal e individualizada a cada um dos
intervenientes. No entanto, quando não se puder individualizar a causa de danos materiais ou
provar-se inequivocamente a ocorrência de culpas, ou se não se puder precisar o grau de intervenção
de cada agente no dano causado, a responsabilidade será exigida solidariamente. Em todo o caso, o
dono de obra responderá solidariamente com os demais intervenientes perante os possíveis
proprietários, relativamente a danos materiais no edifício ocasionados por defeitos de construção.
As acções para exigir a responsabilidade por danos resultantes de defeitos prescrevem no prazo de
dois anos após o surgimento dos ditos danos, sem prejuízo das acções que possam subsistir para
exigir responsabilidade por incumprimento contratual.
3.3.4.1 DEFINIÇÃO
De referir que, de acordo com a 2ª disposição adicional da L.O.E., a subscrição destas garantias
actualmente só é obrigatória para a responsabilidade decenal e apenas para edifícios de uso
habitacional.
O seguro de danos ou de caução que garanta, durante um ano, a reparação de danos resultantes de
defeitos de execução, que afectem os acabamentos ou revestimentos finais da obra, deve ser
subscrito pelo construtor em benefício do dono de obra e dos proprietários sucessivos.
Os restantes seguros deverão ser subscritos pelo dono de obra em benefício de si próprio e dos
proprietários sucessivos.
Note-se que, além do dono de obra e do construtor, os restantes intervenientes não são obrigados à
subscrição de seguros de danos ou de caução, sendo accionada a responsabilidade civil ou
contratual.
Os seguros ou cauções deverão ser subscritos na recepção dos trabalhos (ver § 3.3.2). Em termos
formais, não é permitido o registo notarial ou a realização de escrituras de edifícios ou parte, sem
que tenham sido subscritos os seguros ou cauções que assegurem as garantias em vigor.
De acordo com o especificado na legislação espanhola em vigor [76], apenas o dono de obra de
edifícios cujo uso principal seja a habitação e que tenha solicitado licença de obras a partir do dia 6
de Maio de 2000, é obrigado a subscrever um seguro que cubra os danos materiais, designado de
seguro decenal. Em alternativa poderá subscrever uma caução de igual valor.
3.3.5.2.1 Definição
O seguro decenal deverá cobrir os danos materiais que afectem as fundações ou a estrutura de
suporte (vigas, pilares, muros de suporte ou outros elementos estruturais) e que comprometam
directamente a segurança e a estabilidade do edifício, durante dez anos.
O capital segurado deverá corresponder a 100% do custo final da obra, incluindo os honorários dos
intervenientes e de projectos e estudos realizados.
Note-se que, a subscrição de uma política de seguro decenal implica, de acordo com as exigências
das companhias de seguros espanholas, um controlo técnico de acompanhamento da obra desde a
fase de projecto à fase de execução, incluindo o ensaio e o controlo de qualidade dos materiais e
produtos, por um organismo reconhecido contratado pelo segurador e aceite pelo segurado (ver
§ 3.3.6.1).
O seguro decenal deverá ser subscrito pelo dono de obra em benefício de si próprio e dos
sucessivos proprietários do edifício ou de parte dele.
A seguradora garante durante dez anos, a partir da recepção da obra e da subscrição do seguro, a
indemnização ou reparação de danos materiais causados ao edifício (fundações, estrutura,
envolvente, obras secundárias, equipamentos, instalações, etc.), devidos a defeitos que tenham a sua
origem ou afectem obras fundamentais e que comprometam a estabilidade do edifício.
As entidades de controlo da qualidade da construção, de acordo com o artigo 14º da L.O.E. [76], são
definidas como sendo organismos capacitados para prestar assistência técnica na verificação da
qualidade do projecto, dos materiais e da execução da obra e das instalações, de acordo com as
normas aplicáveis.
De salientar que a lei não exige a intervenção das entidades de controlo da qualidade com o sentido
obrigatório. No entanto, em Espanha, as companhias seguradoras exigem ao dono de obra a
contratação destas entidades, no âmbito da subscrição de uma política de seguro decenal.
A entrada em vigor da L.O.E. teve como objectivo principal assegurar a qualidade das construções,
mediante o cumprimento dos requisitos básicos dos edifícios e da adequada protecção dos interesses
dos utilizadores [76].
No artigo 3º da L.O.E. são estabelecidos os requisitos básicos que devem ser cumpridos pelos
edifícios, de forma a garantir a segurança das pessoas, o bem-estar da sociedade e a protecção do
meio ambiente, nomeadamente:
A garantia de protecção dos utilizadores especificada na lei passa, não só pelos requisitos técnicos do
construído, mas também pela subscrição de um seguro de danos, sendo imprescindível criar um
marco normativo consistente que confira ao processo a necessária objectividade. Surgiu, assim, o
Código Técnico da Construção, como um desenvolvimento da L.O.E., onde são claramente
definidas as exigências a cumprir pelos edifícios, no que respeita aos requisitos básicos de
funcionalidade, de segurança e de habitabilidade.
Após uma fase de desenvolvimento desde o ano 2000 e a apresentação de um primeiro projecto para
apreciação dos intervenientes no processo construtivo em 2002, actualmente foi já apresentada à
Comissão Europeia uma versão final do Código Técnico da Construção, que se encontra em fase de
apreciação.
Com a aprovação deste documento, apenas alguns regulamentos espanhóis continuarão em vigor,
servindo como complemento ao especificado no Código. As normas vigentes, nomeadamente, as
Normas Básicas da Construção (NBE), foram reestruturadas, actualizadas e o seu conteúdo
integrado no Código.
Para elaboração do Código Técnico da Construção foi criada uma organização que coordenou a
intervenção dos diversos organismos envolvidos, nomeadamente, a Secretaria de Estado da
Habitação do Governo Espanhol e o Instituto de Ciência da Construção Eduardo Torroja [31].
O Código Técnico da Construção encontra-se dividido em duas partes (ver Figura 20).
Como complemento, para a aplicação do Código Técnico da Construção são, ainda, reconhecidos os
Documentos de Referência como documentos técnicos externos e independentes ao Código, cuja
utilização facilita o cumprimento de determinadas exigências e que contribuem para a
implementação da qualidade.
Objectivos
PARTE 1
Exigências
Documentos de Aplicação
PARTE 2 do Código Técnico da
Construção - DAC
Em Portugal não existe uma política de responsabilidades e de garantias de reparação de danos que
surjam nos edifícios após a sua construção, devidamente regulamentada, como existe, por exemplo,
em França.
Há, ainda, que atender à Lei de Defesa do Consumidor [48] actualmente em vigor, que resulta da
transposição da Directiva Europeia que regula os direitos dos consumidores no que se refere a
garantias dos imóveis, e que subscreve e reforça o especificado no Código Civil.
Em Portugal, a eventual existência de defeitos nas construções, a sua denúncia e reparação estão
regulados no Código Civil Português, em “sede de empreitada” (Capítulo XII), sendo relevante reter
o estabelecido no artigo 1225º, que, em relação aos imóveis destinados a longa duração (e todos os
edifícios se incluem nesta categoria), prevê uma garantia de cinco anos a contar da entrega,
abrangendo “vícios estruturais que ponham em causa a solidez e segurança da construção e os
outros defeitos que se vierem a revelar” [43].
A Lei de Defesa do Consumidor actualmente em vigor [48], que resulta da transposição da Directiva
Europeia 199/44/CE, do Parlamento e do Conselho, de 25 de Maio, estabelece a obrigação do
“vendedor de entregar ao consumidor um bem que esteja em conformidade com o contrato de
compra e venda”. No artigo 4º da Lei define-se ainda que “os bens devem ser aptos a satisfazer os
fins a que se destinam segundo as normas legalmente estabelecidas, ou, na sua falta, de acordo com
as expectativas legítimas do consumidor”.
A garantia, no caso de imóveis, é de um período mínimo de cinco anos, tal como definido no
Código Civil, suspendendo-se esse prazo durante o período em que o consumidor se achar privado
do uso de bens, em virtude das operações de reparações resultantes de defeitos originários.
A empresa de construção é responsabilizada por esta garantia legal, tal como o vendedor do imóvel,
sendo beneficiários da garantia, quer “o que mandou fazer a obra”, quer os proprietários sucessivos
do imóvel ou parte.
Durante o prazo de garantia, que se inicia na data de aceitação da obra, a denúncia do defeito deve
ser apresentada no prazo de um ano a contar da data do seu aparecimento. O consumidor deve
exigir a eliminação dos defeitos ou, se estes não puderem ser eliminados, exigir nova construção. No
entanto, não sendo eliminados os defeitos ou construída de novo a obra, pode ser exigida a redução
do preço ou a resolução do contrato e a devolução das quantias pagas, se os defeitos tornarem a
obra inadequada ao fim a que se destina.
No que se refere a seguros no âmbito da construção de edifícios, em Portugal não existe um sistema
de seguros de subscrição obrigatória para os intervenientes da construção, quer no que se refere à
responsabilidade contratual, quer no que concerne a reparação de danos que eventualmente ocorram
nos edifícios.
Relativamente à reparação de danos que surjam durante o período de garantia dos edifícios, não
existem, actualmente, em Portugal seguros que abranjam esta problemática.
Sendo o sector da construção um dos principias sectores económicos com evidentes repercussões
no conjunto da sociedade e dos valores culturais que incluem o património arquitectónico, carece,
sem dúvida, de regras concordantes com esta importância. É urgente a implementação de um regime
em que claramente sejam identificadas as obrigações e as responsabilidades dos intervenientes no
processo construtivo, bem como sejam definidas as garantias de protecção do comprador face a
possíveis danos.
Este regime de responsabilização poderia ter como base a experiência francesa apresentada no § 3.2,
em que é garantida a responsabilização dos intervenientes no processo construtivo e a indemnização
de danos imediata aos proprietários, durante um período de dez anos após a conclusão da obra,
através da instituição de uma política de seguros de subscrição obrigatória, quer pelos intervenientes
na construção, no que se refere à responsabilidade legal, quer pelo dono de obra, no que se refere à
política de reparação de danos.
Note-se que o registo dos sinistros verificados pelas seguradoras iria permitir não só definir as causas
que estão na origem dos problemas, bem como avaliar os custos envolvidos nas reparações dos
danos. O registo de sinistros constituiria um elemento fundamental para avaliar quais as principais
patologias que afectam os edifícios em Portugal e, simultaneamente, condicionar a própria
investigação.
O registo dos erros cometidos e a análise dos motivos que lhe deram origem, bem como a sua
divulgação, são fundamentais para o conhecimento das patologias mais correntes e para uma mais
fácil resolução dos muitos problemas que afectam os edifícios. Foram já realizadas tentativas neste
sentido em alguns países, sendo apresentados, no § 4.2, alguns exemplos dos modelos adoptados.
As Fichas de Patologias têm uma estrutura que permite a sua publicação e divulgação através da
Internet, o que tem vindo a ser realizado através do site criado pelo Grupo de Estudos da Patologia
da Construção – PATORREB, criado no âmbito do 1º Encontro Nacional sobre Patologia e
Reabilitação de Edifícios – PATORREB 2003 e coordenado pelo Laboratório de Física das
Construções da FEUP.
Este Grupo de Estudos tem como principais objectivos identificar e divulgar as patologias mais
correntes nos edifícios portugueses, bem como divulgar a informação disponível na área da
patologia e reabilitação de edifícios (ver § 4.3).
Apesar de existir uma extensa lista de publicações de carácter técnico-científico relativas à patologia
da construção, de acordo com a pesquisa bibliográfica realizada, não existem propriamente modelos
de “Catálogos de Patologias” com uma estrutura idêntica à proposta na presente dissertação. O
Nos parágrafos seguintes são apresentados alguns exemplos dos modelos existentes.
As fichas designadas por “Pathologie du bâtiment” foram elaboradas e publicadas pela “Agence
Qualité Construction” (AQC), organismo francês responsável pela apreciação e implementação da
qualidade na construção [5], em associação com a “Fondation Excellence SMA”, do Grupo
SMABTP, sociedade de seguros mútuos líder no domínio da construção em França [98].
Estas fichas foram elaboradas numa perspectiva de divulgação e de prevenção das principais
patologias dos edifícios em França, tendo como base os resultados da análise dos sinistros
declarados às companhias seguradoras no âmbito dos seguros de construção obrigatórios.
Desde 1999 foram já publicadas 61 “Fichas de Patologias”, que se encontram actualmente também
disponíveis “on line” [5]. Estas fichas foram agrupadas em função dos elementos construtivos
afectados, classificados de acordo com o seguinte critério (Figura 21):
• Fundações e infraestruturas;
• Estrutura de suporte;
• Acabamentos interiores;
• Equipamentos.
As fichas são apresentadas de uma forma interactiva, sendo dotadas de numerosas ligações a textos
complementares, tais como estratos de regulamentos técnicos, artigos publicados em revistas
profissionais e informações técnicas.
A informação contida nas fichas foi organizada de acordo com os seguintes capítulos:
• Descrição da patologia;
• Descrição da causa;
• Medidas de prevenção;
Actualmente, o BRE edita periodicamente uma vasta lista de publicações na área da construção de
edifícios sob a forma de fichas ou guias, como, por exemplo, os “Digests”, os “Information Papers”
e os “Good Building Guides” [22].
A comissão CIB W086 Building Pathology, organismo internacional responsável pela investigação,
divulgação e estudo da patologia da construção, na sua Publicação nº 155, de Junho de 1993,
apresenta um modelo das Fichas de Patologias que se propunha elaborar, designadas por “Cases of
Failure Information Sheet”. Foram também apresentadas as fichas que, à data, se encontravam
elaboradas, como exemplos [42].
Em Junho de 1999, no Encontro de Vancouver do CIB W086 Building Pathology foi proposta a
criação de um fórum aberto onde fosse possível a publicação de estudos de casos de patologia - o
“Building Pathology Forum” (BPForum) [21], com o intuito de agrupar e divulgar a informação
disponível no âmbito do estudo da patologia e apresentar os casos mais significativos e correntes da
patologia da construção dos diversos países.
As fichas seriam agrupadas em três categorias: “anomalias estruturais”, “anomalias não estruturais” e
“instalações e equipamentos”, sendo cada ficha organizada em quatro capítulos:
• Sintomas;
• Exame;
• Reparação.
4.3.1 OBJECTIVOS
Este Grupo de Estudos tem como principais objectivos identificar e divulgar as patologias mais
correntes nos edifícios portugueses, bem como divulgar a informação disponível na área da
patologia e da reabilitação de edifícios.
Neste sentido, com base no Catálogo de Patologias apresentado no presente trabalho, o Grupo de
Estudos criou um site na Internet (Figura 24), onde serão publicadas as Fichas de Patologias que
constituem o Catálogo.
O site encontra-se disponível desde Junho de 2004, tendo sido já publicadas 22 das Fichas de
Patologias apresentadas no Anexo I.
Em cada ficha é incluído o logótipo das Instituições envolvidas, bem como o nome dos autores e do
revisor.
As empresas, além do acesso à informação publicada no site mediante o pagamento de uma cota
anual, têm também a possibilidade de propor anualmente 2 estudos de caso para apreciação do
Grupo de Estudos.
Editor
LFC
Instituições
Corpo Editorial
IST
FCTUC Centro de
2 Casos de Estudo
UM Informação
UBI
UTAD
UA
FEUP Empresas
Pessoas Singulares
Tal como já referido, para divulgação do Catálogo de Patologias desenvolvido nesta dissertação, o
Grupo de Estudos PATORREB criou um site na Internet, onde estão a ser publicadas as Fichas de
Patologias que integram o Catálogo.
As fichas disponibilizadas “on line” são constituídas pelos quatro campos indicados no § 4.6,
nomeadamente “descrição da patologia”, “sondagens e medidas”, “causas da patologia” e “soluções
possíveis de reparação”. Nas Figuras 26 a 29 apresenta-se uma das fichas já publicadas.
Figura 26 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos
PATORREB (Campo correspondente à “Descrição da Patologia”) [61].
Figura 28 – Exemplo de uma das Fichas de Patologias publicadas no site do Grupo de Estudos
PATORREB (Campo correspondente às “Causas da Patologia”) [61].
Desde 1990 que uma das actividades do LFC consiste no estudo das patologias de carácter
higrotérmico que afectam a envolvente dos edifícios, sendo analisadas as causas que estão na origem
dos problemas e definidas soluções para a sua correcção.
Para a elaboração das Fichas de Patologias que integram o Catálogo, foram analisados um total de
333 relatórios do LFC, sendo 68% referentes a edifícios de habitação e 22% a edifícios de serviços
(ver Figura 30).
54%
22%
Dos casos analisados (ver Figura 31), 31% das patologias prendem-se com problemas de
estanquidade, o que afecta as condições de habitabilidade e de durabilidade dos edifícios e, nalguns
casos, se traduz em degradações irreversíveis dos materiais que tornam inevitável a sua substituição a
curto prazo.
Um segundo grupo de patologias com uma certa relevância (27%) consiste na degradação do
revestimento dos elementos da envolvente, devido, quer a erros de concepção e de execução, quer
às solicitações, bem como ao tipo de ocupação e de uso dos edifícios e à inexistência de acções de
manutenção e de limpeza periódica.
Outro grupo importante, com cerca de 12% dos casos, corresponde à ocorrência de fissuração nos
elementos de construção de origem não estrutural.
11% 12%
1%
Condensações
18% Fissuração
Degradação do revestimento
Infiltrações
27% Degradação dos pontos singulares
Humidade ascencional
31%
No Catálogo de Patologias, que constitui a essência do presente trabalho e que, apenas por uma
questão de facilidade de leitura, é apresentado no Anexo I, as Fichas de Patologias são agrupadas em
função do elemento construtivo em que se manifestou o problema, de acordo com a classificação
apresentada na Figura 32.
14
12 01
02
10
13 04
05 09
07
03
11
06 08
Cobertura em Terraço
02 07 Parede Interior 12 Platibanda
Não Acessível
Cobertura em Terraço
03 08 Pavimento Térreo 13 Junta de dilatação
Acessível
Cobertura em
04 09 Pavimento Intermédio 14 Clarabóia
Terraço-Jardim
Pavimento sobre
05 Parede Exterior 10 15 Outros
Espaço Exterior
• Identificação da patologia;
• Descrição da patologia;
• Sondagens e medidas;
• Causas da patologia;
A cada ficha foi atribuído um número de identificação, composto pelo número relativo ao elemento
construtivo (definido de acordo o critério especificado na Figura 32) e pelo número sequencial da
ficha.
Neste campo constam ainda as palavras-chave, definidas de forma a permitir uma caracterização
sumária do problema estudado, sendo referenciado, principalmente, o elemento construtivo, a
patologia em análise, a causa e a solução do problema.
Neste campo é apresentada, de forma sintética, a patologia em análise, sendo indicados os principais
sinais observados e caracterizando-se sumariamente o elemento em que se manifestou o problema.
A descrição da patologia teve como base, principalmente, a observação visual e o registo fotográfico.
No campo da “Ficha de Patologia” designado por “sondagens e medidas” são indicadas as acções
que foram necessárias para um exame detalhado da patologia, tais como a realização de sondagens e
de medidas em laboratório ou “in situ”.
Nestas circunstâncias, o diagnóstico é feito, muitas vezes, por aproximações sucessivas, sendo a
recolha de informação uma das tarefas fundamentais. Essa recolha consiste na análise dos elementos
disponíveis (projectos, livros de obra, entre outros), nos testemunhos dos utilizadores e na
observação “in situ” para definição da situação concreta existente. Nesta observação podem usar-se
vários processos, desde a simples inspecção visual à realização de ensaios sobre os elementos de
construção ou sobre provetes retirados, bem como o recurso a medidas.
Nos estudos elaborados pelo LFC, que serviram de base à elaboração das Fichas de Patologias
incluídas no presente trabalho, além da realização de ensaios e de medidas “in situ” e em laboratório,
o diagnóstico teve também como base a análise da informação relativa aos edifícios, bem como o
testemunho dos utilizadores, obtidos na sequência das visitas que foram efectuadas para observação
dos problemas.
Neste campo é apresentada a descrição do fenómeno que esteve na origem da patologia, tendo
como base o estudo de diagnóstico elaborado.
Note-se que a ocorrência de patologias tem origem em diversas causas, resultantes da conjugação de
vários factores, devido, principalmente, à complexidade do processo construtivo e à própria
interpretação entre causas e efeitos dos vários fenómenos que se podem desenvolver em simultâneo,
o que gera situações em que um mesmo acontecimento é consequência dum fenómeno a montante e
ao mesmo tempo é causa de outro fenómeno a jusante [93]. A experiência e o conhecimento do
perito, que avalia e estuda o problema, na área da patologia da construção são fundamentais.
Nos trabalhos de reparação a efectuar, interessa adoptar procedimentos que assegurem resultados
satisfatórios a longo prazo, muito embora seja sempre difícil a resolução total dos problemas,
associados ao comportamento dos elementos de construção, sem uma intervenção global.
As soluções de intervenção podem ser muito diversificadas, não só porque as patologias podem
atingir praticamente todos os elementos construtivos, como também as próprias patologias são
muito variadas, não existindo uma medida correctiva única possível.
Neste campo da Ficha de Patologia são apresentadas possíveis soluções de reparação, propostas
com base no estudo diagnóstico realizado e na definição das causas do problema.
As acções de intervenção propostas visam a eliminação das patologias e das suas causas. No entanto,
existem situações em que a intervenção global não é possível, o que obriga a optar por soluções de
ocultação da patologia.
Na Figura 35 é apresentado um exemplo das Fichas de Patologias que fazem parte do Catálogo
apresentado no Anexo I.
Profundidade [cm]
4
6
8
10
12
14
16
18
Filme de polietileno
Caixa de brita
Muito embora o problema da patologia da construção seja demasiado complexo para poder ser
tratado de uma forma global e completa, procurou-se com este trabalho efectuar uma análise do
problema, no que se refere à identificação das principais patologias que afectam a envolvente dos
edifícios e à responsabilização dos intervenientes no processo construtivo pelos danos causados.
Paralelamente, foi elaborado um Catálogo de Patologias, no sentido de sistematizar a informação
disponível sobre esta matéria.
Com o presente trabalho pretendeu-se dar um contributo para o estudo do problema da patologia
da construção em Portugal. No entanto, existe ainda um vasto campo de investigação neste
domínio, do qual se salientam os seguintes aspectos:
• Seria também interessante criar uma base de dados que permitisse obter o
custo de referência das soluções de reparação propostas.
15,4 88
15 84
14,8 82
14,6 80
14,4 T 78
14,2 76
14 74
13,8 72
15-03-2002 16-03-2002 17-03-2002 18-03-2002 19-03-2002
Te<4ºC
A’ A Painéis rígidos de lã
mineral
Desvão não
acessível ventilado
Mastique
Rufagem
metálica
Chapa de zinco
Isolamento térmico
Camada de regularização
Camada de forma
(betão celular)
Camada de suporte
(Betão)
Chapa de zinco
Isolamento térmico Espaço de ar ventilado
Camada de regularização
Barreira pára-vapor
Camada de forma
(betão celular)
Camada de suporte
(Betão)
Impermeabilização
“autoprotegida”
Camada de forma
(betão celular)
Laje de betão
Caixa de ar
Gesso cartonado
Sistema de impermeabilização
“auto-protegido”
Isolamento térmico
Geotextil
Barreira pára-vapor
Camada de forma
Laje
Capeamento metálico
Sistema de
impermeabilização
Camada de
forma
Rufo
Sistema de impermeabilização
“auto-protegido”
Isolamento térmico
Geotextil
Barreira pára-
vapor
Godo
Isolamento térmico
Geotextil
Sistema de
impermeabilização
Camada de forma
Argamassa com
polímeros, armada
Fachada
Betonilha
Filme de polietileno
Sistema de
impermeabilização
[40]
Ralo de pavimento
Camada de
forma saturada Impermeabilização
Reforço da
impermeabilização
Lajetas Lajetas
Isolamento térmico Isolamento térmico
Geotextil Geotextil
Sistema de Sistema de
impermeabilização impermeabilização
Camada de forma Camada de forma
Reforço da impermeabilização
Soleira
Argamassa Mastique
com
Lajetas polímeros Lajetas
Isolamento térmico Isolamento térmico
Geotextil Geotextil
Sistema de Sistema de
impermeabilização impermeabilização
Soleira
Ladrilhos cerâmicos
Betonilha
Filme de polietileno
Sistema de
impermeabilização
Reforço da impermeabilização
Soleira
Argamassa Mastique
com
polímeros Ladrilhos cerâmicos
Ladrilhos cerâmicos
Betonilha Junta do Betonilha
contorno Filme de polietileno
Filme de polietileno
Isolamento térmico
Sistema de
impermeabilização Sistema de
impermeabilização
Mastique
Cordão de poliuretano
Tijolo vazado
Argamassa com
polímeros, armada Rufo em zinco
Junta de dilatação
Junta do
contorno
Reforço da
Impermeabilização impermeabilização
Terra vegetal
Geotextil
Camada drenante
Impermeabilização
Rufo
Manta
Terra vegetal drenante Terra vegetal
Geotextil Geotextil
Pintura
Reboco
Tijolo vazado
Ti=18ºC Te<4ºC
HR=75%
A’ A
Tsi<Tpo
Tpo
[107]
Isolamento pelo
exterior
Meio exterior húmido Frente atinge a armadura, Inicia-se o processo de Oxidação do aço, originando
e agressivo originando a sua corrosão das armaduras, as forças expansivas que
“despassivação” surgindo as primeiras levam ao destacamento do
“fissuras” betão de recobrimento
[7]
Zona de
corte
Pastilha
metálica
Reboco armado
RPE
Argamassa de
colagem
Placas de
xisto
Suporte
ETICS
Suporte
Perfil de
arranque
Suporte ETICS
Rebo co
armado
FACHADA
“VENTILADA” ETICS
Isolamento pelo
exterior
[95]
Tijolo vazado
Isolamento térmico
“Pastilha” cerâmica
Painéis de aparas de
madeira
A fachada em alvenaria de granito de uma habitação Realizaram-se sondagens para analisar a configuração da
unifamiliar apresentava manchas de cor branca, fachada, tendo-se verificado que era constituída por uma
principalmente, nas superfícies adjacentes às juntas da parede dupla, sendo o pano exterior em alvenaria de granito e
alvenaria de granito. o pano interior em tijolo vazado.
O pano exterior da alvenaria de tijolo vazado encontrava-se
rebocado.
Os blocos de granito foram assentes com argamassa.
O topo da parede de granito não apresentava capeamento.
Tijolo Granito
vazado
Argamassa
A permeabilidade ao vapor das tintas utilizadas era reduzida, Na superfície enterrada do paramento exterior da parede
tendo, também, contribuído para o problema. deveria ser aplicada uma impermeabilização, associada a uma
membrana drenante.
Corte Hídrico
Impermeabilização
Manta drenante
Geotextil
Godo
Zona de
corte
Pastilha
metálica
Impermeabilização
Tijolo vazado
ETICS
Produto de colagem
Isolamento térmico
Sobreposição da Junta de
armadura de 10 cm mastique
Betão
Isolamento térmico
Caixa de ar
Tijolo vazado
Pintura
[95]
Blocos de betão
celular
Impermeabilização
Tijolo vazado
Reboco e pintura
∆ t ≈ 60 ºC Impermeabilização
∆ t ≈ 15 ºC
Betão armado
∆ l ≈ 0,3 mm/m (com grout de fixação)
Resina epoxídas
[95] ETICS
Tijolo vazado
Isolamento térmico
Tijolo “face à vista”
“Capa” em tijolo
“face à vista”
Cunhal Vão
∆ t ≈ 60 ºC
∆ t ≈ 15 ºC
∆ l ≈ 0,3 mm/m
[95] [24]
Capeamento
Tijolo vazado
Reboco
armado
RPE
[95]
Zona de
corte
Pastilha
metálica
O controlo da retracção não pode, no entanto, ser limitado à A aplicação de um revestimento plástico espesso – RPE como
escolha do tipo de materiais, da composição da mistura e da acabamento, sobre o reboco armado, seria vantajoso,
relação água/cimento, sendo necessário actuar sobre as permitindo uma uniformização da textura.
condições higrotérmicas do local e sobre a capacidade de
absorção do suporte.
RPE
Rede de fibra de
Suporte vidro
Papel adesivo
[95]
Reboco
Betão
Revestimento 1500
Pressão de Saturação
Pressão Parcial de Vapor
por pintura 1482
1400
Argamassa à 1300
base de
polímeros 1200
1100
1000
900 909
t = 5 ºC
HR = 800 t = 13 ºC
785
Argamassa com HR =
Interior do
Reservatório700 Tinta polímeros Reboco de
t = 13ºC t = 5ºC 600
Regularizaçã
100
HR [%]
80
60
40
20
0
0 50 100 150 200 250 300
Tempo [h]
Caixa de ventilação
Canal de ventilação
pré-fabricado
[104]
Temperatura
superficial (ºC)
17.1 170
171
129 18.2
142
Teor de humidade
da madeira (%) 137
151
14 12 18 Reboco:
136
12 130 – “Húmido”
11
180 – “Seco”
Difusão do produto
impermeabilizante
dentro do muro
[104]
Profundidade [cm]
4
6
8
10
12
14
16
18
Filme de polietileno
Caixa de brita
21,0
Termopares
Sonda - HR
1
20,0 1 Revestimento em
madeira
T(ºC)
3 2
5 3 4
19,0 Ripas
2
5
18,0
44
Camada de suporte
(betão)
17,0
Tempo (dias)
Barreira pára-vapor/
impermeabilização
Calha
Técnica
Calha
Técnica
Impermeabilização/
Barreira pára-vapor
3,00
3,10
17-7-02 29-7-02 10-8-02 22-8-02 3-9-02 15-9-02 27-9-02 9-10-02 21-10-02 2-11-02 14-11-02 26-11-02 8-12-02 20-12-02
Lajeado de granito
Caixa de areia
Impermeabilização
[104]
Revestimento à base
de resinas epóxidas
Camada de
regularização
Camada forma
(betão celular)
Laje de betão
Laje de betão
28 ºC 12 ºC
Desocupado Ocupado
Laje de betão
14 ºC - 90% 14 ºC - 90%
A B
Revestimento em
ladrilhos vinílicos Ladrilhos
Cola cerâmicos
Camada de regularização Barreira
Camada de forma
pára-vapor
(betão celular)
Laje de betão
Sistema ETICS
Revestimento cerâmico
impermeável ao vapor
Sistema ETICS
Sistema ETICS
> 1 l/m2 ETICS
> 10 mm
Material flexível e de
preenchimento
Revestimento em madeira
Camada de forma
Laje
Revestimento exterior
Ti=18ºC
HR=75%
Tsi<Tpo
A’ A
Isolamento
térmico
Ti<4ºC
Tpo
≥ 1,5 cm
≥ 1,5 cm
l h ≥ 25 mm
[96] l ≥ 25 mm
h
α tgα ≥ 0,10
[35]
h
α
h ≥ 25mm
l ≥ 25mm
≥ 1,5 cm
≥ 1,5 cm tg α ≥ 0,10
[35]
Resinas à base de
poliuretano
Primário
Peitoril
[37] [35]
“Pastilha” cerâmica
Reboco
l
h
h ≥ 25 mm
≥ 1,5 cm l ≥ 25 mm
≥ 1,5 cm tgα ≥ 0,10 [35]
Barreira de
estanquidade
Bloco à base de
gesso Bloco à base de
gesso
Tijolo “face à
vista” Tijolo “face à
vista”
Barreira de
estanquidade ao ar
Barreira de Barreira de
estanquidade ao ar Equilíbrio de pressões estanquidade ao ar
Barreira de
estanquidade ao ar
Elemento pré-fabricado em
betão
Impermeabilização
Reforço da
estabilidade
Capeamento
Betão
Tijolo vazado
Reboco
Pintura
Capeamento
em zinco
Revestimento em zinco
Espaço de ar
Isolamento Térmico
Capeamento em pedra
Pintura
5%
Capeamento em pedra
Argamassa com polímeros
Capeamento metálico
Betão
Tijolo vazado
Ladrilhos cerâmicos
RPE
Rede de fibra de
Suporte vidro
Papel adesivo
Capeamento
Betão
Tijolo vazado
Reboco
Pintura
A retracção global das argamassas é influenciada por relações Como acabamento final, por questões de uniformização de
complexas entre o tipo de cimento, os inertes, a composição textura, sereia vantajoso a aplicação de um revestimento
e o processo de cura. plástico espesso (RPE).
O controlo da retracção não pode, no entanto, ser limitado à Note-se que por questões de durabilidade seria preferível a
escolha do tipo de materiais, da composição da mistura e da aplicação de isolamento térmico associado a um revestimento
relação água/cimento, sendo necessário actuar sobre as exterior em zinco, ou outra chapa metálica não corrosível, fixo
condições higrotérmicas do local e sobre a capacidade de a uma estrutura intermédia que garantisse a ventilação.
absorção do suporte. Esta intervenção implicaria a substituição do capeamento
existente por novo capeamento em zinco.
Capeamento
em zinco
Revestimento em zinco
Espaço de ar
Isolamento Térmico
[95]
Fole de zin co
Cordão de polietileno
expandido
Mastique
Cordão de polietileno
expandido
Mastique
Cobre-junta
metálico
Fach ada
Rufo em zinco
Reforço da
Betonilha impermeabilização
Filme de polietileno Cantoneira
Junta de metálica
ligação Sistema de
impermeabilização
Mastique
Cordão de
poliuretano
Caixilharia
Murete de
suporte
Esquadria de protecção
contra a radiação solar
Te<7,5ºC Estanquidade
A’ A
Tsi<Tpo
Corte FF
Ti=20,5ºC
Presilha de
HR=75% retenção
DTU 39.1 [X
Estanquidade
Tpo Estanquidade
[38] [107]
15,9ºC
HR=85%
Ti=9ºC
Tsi<Tpo
HR=88%
Ti=13ºC
Caleira
Rolhão de poliuretano
Tubagem transversal