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Filemon v. 8-20
Nos versos 9 e 10 temos uma sequência que tem como núcleo o termo
“solicito”. Paulo queria que Filemon escolhesse fazer a coisa certa, ao invés de
ser compelido; isso se dá muito provavelmente pela consideração de Paulo por
Filemon, pois este encontraria galardão da parte de Deus por conta de sua
decisão amorosa.
A seguir, no verso 12, Paulo diz “eu to envio de volta”. Aqui há grande
risco para Onésimo. Na época, um escravo fugitivo que fosse pego poderia ser
surrado, posto para trabalhar de maneira tão intensa que sua expectativa de vida
diminuiria, ou até mesmo ser executado. Mas Paulo apela dizendo “o meu
próprio coração”. No Grego, isso indica o núcleo de todos os sentimentos. Paulo
deixa claro que ele próprio sofreria caso algo acontecesse a Onésimo.
No verso 13 Paulo indica “no teu lugar”. Paulo quer que Filemon saiba que
Onésimo tomou parte e o ajudou em seu ministério. No texto em Grego, o
comentário se dá de forma a entender que Filemon mandou a Onésimo para
ajudar a Paulo.
Nos versos de 13 a 14, Paulo sinaliza que gostaria que Onésimo ficasse
para servir em lugar de Filemon, porém, não o quis manter sem o consentimento
de Onésimo. Paulo solicitou não apenas que Filemon perdoasse a Onésimo, mas
o enviasse de volta para servir a Paulo. Da mesma forma, o fato de Paulo indicar
que queria o consentimento de Filemon indica que Paulo reconhecia que o
destino de Onésimo estaria nas mãos de Filemon, por tal motivo Paulo não
mantém Onésimo ao seu lado. Aí está, portanto, o motivo da volta de Onésimo
para Filemon.
Ainda no verso 14, Paulo indica que não gostaria que Filemon o fizesse
por obrigação. Aqui, o sentido é o mesmo dos versos 9 ao 10. A decisão, de fato,
deveria ser tomada com liberdade de juízo.
No verso 15, a expressão “a fim de que” denota que Paulo não desculpava
o crime de Onésimo, mas podia ver a providência Divina até em seu pecado.
Isso, de fato, poderia ser análogo à crucificação: é inegável que se tratou de um
pecado, talvez até o mais hediondo que já se viu; Deus, porém, o foi glorificado
nesse ato.
Temos, em seguida, uma linda mensagem no verso 18, onde Paulo diz
para colocar tudo em sua própria conta. Paulo reconhece que Onésimo
provavelmente devia a Filemon; portanto, Paulo se coloca na posição de credor
de Onésimo. Isso, de fato, é seguir o exemplo de Cristo, que se colocou na
posição de Credor pelos pecados dos eleitos. Que façamos como Paulo disse
em outro momento, e sigamos seu exemplo, imitando-o, assim como ele imita a
Cristo.
No verso 19 vemos um Paulo um pouco mais duro. Ele diz que Filemon
deve até a si mesmo. Provavelmente fora Paulo que trouxe a Filemon para a fé,
o que, por conseguinte, implica que Filemon deve a Paulo sua vida eterna. Paulo
então transforma essa graça em dívida em favor de Onésimo, o que denota, de
fato, grande amor. Apesar de Filemon não ter como pagar, ele pode “reanimar”
a Paulo. Esse termo que aparece no verso 20 se trata, provavelmente, de um
jogo sonoro, pois, no Grego, o som é semelhante a “Onésimo”. Isso é uma
possível indicação da vontade de que Filemon mande Onésimo de volta.
E, por fim, há a questão do verso 18, sobre lançar tudo na conta de Paulo.
Isso se dá, a princípio, para que Filemon e Onésimo tenham uma relação de
irmandade; assim, Paulo assumiria a dívida de Onésimo. A construção dessa
oração se dá em condicional de primeira classe, o que indicaria que Paulo está
ciente do erro de Onésimo. Barth e Blanke, porém, argumentam que essa
construção indica uma situação hipotética. Em ambos os casos, porém,
estaríamos falando de que tipo de dívida? Há, de fato, muitas visões, mas há um
padrão em torno de duas visões: a primeira seria de que Onésimo roubou a
Filemon para cobrir os gastos da fuga; já a segunda diz que Onésimo devia os
custos pelo trabalho que ele deixou de fazer. De qualquer forma, ambas as
visões são especulativas, tanto pela falta de clareza no texto, quanto pela falta
de informações sobre como essa questão era lidada na antiguidade.