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Aula 15

Relação entre opinião e ciência, educação e ignorância

Aristóteles fundou o Liceu, uma escola filosófica situada em Atenas.

Ciência, seria então, um conhecimento certo adquirido por meio de uma demonstaração.

Quando você tem ciência, você diz que "sabe", quando você tem opinião, diz que "acha".

No livro VII de sua República, Platão apresenta uma alegoria. Ele descreve uma caverna na qual pessoas
estavam aprisionadas desde seu nascimento. Elas estavam agrilhoadas e eram forçadas pelas correntes a
olhar sempre para o fundo da caverna, no qual eram projetadas as sobras de objetos que eram
carregados em um desfile em um nível superior da caverna, atrás dos prisioneiros, e eram iluminados
por um fogo. Tudo o que as pessoas conheciam eram as sombras e essa era sua realidade. O mundo das
sombras era, para elas, o mundo real, a própria realidade. Um desses prisioneiros é, então, libertado e
forçado a virar-se e dirigir-se para a entrada da caverna, passando por um caminho ascendente. À
medida em que subia, a luz do fogo causava-lhe grande desconforto. Ele preferiria voltar para o fundo da
caverna, mas era forçado a dela sair.

Uma vez fora, seus olhos estariam completamente obnubilados pela luz do sol. Com o passar do tempo,
ele poderia abrir seus olhos, que, aos poucos, iam se acostumando à grande claridade do sol. Ao fim de
um longo processo, ele poderia contemplar os objetos desse mundo superior e conhecer realidades que,
enquanto estava preso na caverna, nunca pensou que pudessem existir. Se descesse novamente à
caverna e contasse o que viu, descobriu e aprendeu, seria humilhado por seus antigos companheiros de
infortúnio, que acreditariam que sua ascensão ao mundo superior lhe havia arruinado os olhos. Se ele,
por sua vez, soltasse os que ainda estavam acorrentados e os tentasse forçar a subir e sair da caverna,
eles, assustados com o estado em que voltara seu companheiro, matariam-no, se possível fosse, para
evitar a mesma desgraça.

Com essa alegoria, Platão descreve o estado de nossa alma quanto à educação e à ignorância e faz-nos
compreender a diferença entre a opinião e a ciência. A caverna é símbolo da vida de ignorância em que
vivemos aprisionados. A ascensão para fora dela é a educação, que é árdua, difícil e mesmo dolorosa.

Por mais difícil que seja essa ascensão, não significa que nossa inclinação à filosofia seja antinatural.
Aristóteles abre o texto de sua Metafísica com uma das frases mais famosas da história da cultura
humana: Todos os homens desejam, por natureza, saber. A sede do conhecimento está enraizada em
todos e em cada um dos seres humanos. Uma indicação disso é que as crianças, antes mesmo dos dois
anos começam a perguntar insistentemente “o que é isso?”. Aos três, acrescentam os “porquês”. Essa
curiosidade, observável nas crianças desde a mais tenra idade, mostra que o desejo de saber, de
conhecer é natural ao ser humano.

O desejo de saber é inerente ao homem. Mas o que ele quer saber? O que ele busca com suas
investigações? A verdade. E Santo Agostinho, observando a realidade da vida, afirmou esse fato com
muita clareza: “Conheci muitos que quisessem enganar, porém, que quisesse ser enganado eu não
conheci ninguém.”

E esse desejo pelo conhecimento da verdade nasce da admiração. É ela, segundo Aristóteles, que fez o
homem começar a filosofar. O homem, ao observar as realidades que o cercavam, não sabia explicar-lhes
as causas. Ficava, então, admirado, perplexo. E sentia um natural impulso de buscar uma resposta que
pudesse trazer descanso para sua curiosidade. Da ignorância originam-se a dúvida e a admiração. Destas,
nasce o desejo de saber e o homem começa a filosofar.

Mas a filosofia, como ciência, só pôde surgir quando os homens já tinham atingido um grau de
organização na sociedade que lhes permitia ter não apenas o que era necessário para a sobrevivência,
mas ainda um certo nível de conforto material. Eles puderam, então, ter tempo livre – o ócio – e
tranquilidade de espírito para dedicar-se a filosofar. O ócio é diferente do simples “não fazer nada”,
muito em voga hodiernamente. Ele era visto como algo excelente e fundamental pelos antigos, pois
permitia ao homem dedicar-se a algo precioso: a educação de seu espírito.

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