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Carlo
ta Amisse
Dito Zacarias
Universidade Rovuma
2022
Carlota Amisse
Dito Zacarias
Universidade Rovuma
2022
Índice
Introdução....................................................................................................................................3
1 .Conceitos Básicos....................................................................................................................4
1.1. A luta armada de libertação nacional na província de cabo delgado (preparação inicio e
desenvolvimento).........................................................................................................................4
5. Operação Nó Górdio..............................................................................................................11
6. Desenvolvimento da luta........................................................................................................12
Conclusão...................................................................................................................................14
Referencia Bibliográfica............................................................................................................15
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Introdução
Objectivo geral
Objectivo específico:
1. Conceitos Básicos
1.1. A luta armada de libertação nacional na província de cabo delgado (preparação inicio
e desenvolvimento)
Importa ainda afirmar que oficialmente, a guerra teve início a 25 de Setembro de 1964, com um
ataque ao posto administrativo de Chai no então distrito (actualmente província) de Cabo
Delgado, e terminou com um cessar-fogo a 8 de Setembro de 1974, resultando numa
independência negociada em 1975.
Brito Luís, (2009:13) Após a Conferência de Berlim (1884-85), Portugal foi obrigado a
prosseguir com a ocupação efectiva dos territórios africanos cujo direito de posse reivindicava.
Mas, Portugal era um país pouco desenvolvido e faltava-lhe o capital necessário para tal
empreendimento. Para superar essa dificuldade, os meios utilizados foram o recurso cíclico ao
capital estrangeiro, intercalado com fases “nacionalistas”. Em paralelo, uma grande parte do
território moçambicano foi atribuída a grandes companhias (algumas dotadas de direitos quase
soberanos como a administração autónoma do território, emissão de moeda, cobrança de
impostos, etc.).
Sousa João, (2008:150) na década de 1920 a 1930, Moçambique foi marcada por convulsões
políticas, económicas e sociais de vária ordem. O golpe militar em Lisboa, em 1926, ao instaurar
a ditadura Militar, a definição das novas políticas do estado novo, particularmente depois de
1932, quando Salazar se torna presidente do Conselho de Ministros, abre caminho a uma nova
reorganização administrativa do ultramar e a uma nova relação política e económica entre
Portugal e as Colónias.
A ruptura começou por se fazer sentir na questão da formação e da educação do futuro líder
africano. Como se sabe, o estado novo português, a partir de 1930, orientou a sua política
colonial junto da comunidade “indígena”, no sentido de promover a sua missão “civilizadora” e
respeitadora. A política educativa rudimentar colonial procurava inculcar nas gentes africanas “a
dinâmica do mundo do homem branco”, que era diametralmente oposta à cultura tradicional
indígena, alicerçada numa cultura autóctone. o governo colonial português vinha
implementando, para além de medidas de exploração económica, toda uma filosofia de ocupação
baseada no “orgulho nacional, na fé, no dever, no humanitarismo.
Desta forma, o ensino rudimentar em Moçambique não tinha em vista facilitar o acesso da
população negra a uma educação semelhante à dos brancos e de um escasso número de
assimilados. Coerente com a diferenciação institucional entre “indígenas” e “cidadãos”, com a
estrutura social racialmente discriminatória e com uma prática política “indígena” que reforçava
a exploração do trabalho e a reprodução da autoridade colonial, em 1930, o governo ditatorial
definiu os objectivos da educação rudimentar que guiou a sua evolução nas décadas que se
seguiram. Até certo ponto o objectivo principal desta política assentava na promoção desta
população da sua condição “primitiva” a um estatuto de “civilizada”, de forma a tornar-se
portuguesa e ser útil à sociedade8. Um dos instrumentos desta política iria ser a escola
rudimentar, que todos os negros, excepto os filhos dos legalmente assimilados, tinham que
frequentar.
Eduardo Chivambo Mondlane nasceu numa pequena aldeia do distrito de Manjacaze, província
de Gaza, no sul de Moçambique, em 1920. Até aos 13 anos a sua educação esteve entregue à
mãe que era igualmente filha de uma família nobre e que parece ter tido uma influência muito
importante no seu desenvolvimento espiritual e na sua personalidade. Dela recebeu uma
educação tradicional, enraizada nas façanhas dos seus antepassados guerreiros.
de 1930 um tipo de educação não formal da juventude, depois Mondlane foi enviado por André
daniel Clerc para a Missão Metodista episcopal, na província de inhambane, onde os
missionários pretendiam introduzir a experiência presbiteriana de educação informal, pelo
método dos grupos de jovens. Em Cambine, na província de inhambane, por volta de 1939/1940,
em 1944, com uma bolsa da igreja Metodista, partiu para a áfrica do Sul, onde fez os estudos
secundários na escola da Missão de lema na, no norte do transval, trabalhando ao mesmo tempo
como catequista.
Após regressar a Moçambique em finais de 1948, Mondlane e outros colegas decidem organizar
uma associação de estudantes, o núcleo de estudantes Secundários africanos de Moçambique
(NESAM). Em 1950 viaja para Lisboa para continuação de estudos, Mondlane esteve
intensamente activo na Missão Suíça. Na faculdade de letras da Universidade de lisboa cursou
Histórico-filosóficas e manteve contactos importantes com agostinho neto, Marcelino dos
Santos, Mário pinto de Andrade, amílcar Cabral e outros estudantes das colónias portuguesas. em
1951, com uma bolsa do fundo phelps-Stokes, de nova iorque, Mondlane iniciou os seus estudos
em antropologia e Sociologia, na Universidade de oberlin (bacharelato) e mais tarde, na
Universidade de northwestern (mestrado e doutoramento), nos estados Unidos da América. Os
primeiros contactos com os estados Unidos tinham sido em Hartford, onde passou algum tempo
a apoiar especialistas de estudos da fonética bantu
Sousa João, (2008:157) Depois da sua breve passagem pelos estados Unidos da América,
Eduardo Mondlane demitiu-se do cargo das nações Unidas e aceitou um lugar temporário na
Universidade de Siracusa em nova IORQUE. Tendo aceite o convite dos partidos moçambicanos
no exílio, mantendo inclusive correspondência e contacto permanente com todos os movimentos,
Mondlane participou numa conferência em dar-es-Salam em 1962, data da fundação da frelimo.
Já comprometido com a necessidade de lutar por Moçambique, bem como pelo resto da África
austral, Mondlane aceitou uma posição de direcção na frelimo e foi eleito presidente a 28 de
Setembro de 1962.
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Importa ainda dizer que a frelimo é a união de três organizações nacionalistas constituídas por
moçambicanos imigrados em países vizinhos de Moçambique:
Entre 1962 e 1969, Eduardo Mondlane não parou de receber apoios políticos e logísticos para a
sua guerra de libertação, discursando e trocando impressões com dirigentes políticos africanos de
países já independentes e com países do campo socialista mais ligados a todo este processo. Nos
congressos e colóquios realizados nesses anos, Eduardo Mondlane exprimia a sua definição de
valores ideológicos para a causa africana. Na verdade, logo no 1.º Congresso da frelimo
realizado em dar-es-Salam, base do partido, ficaram escritos os objectivos da revolução nacional:
consolidação e mobilização do partido e dos dirigentes da frelimo; preparação para a luta armada
de libertação nacional; prioridade no desenvolvimento de uma educação livre de ideologias e
aberta a todas as camadas sociais e incremento da diplomacia junto de todos os países que
pudessem alimentar a causa da libertação dos povos africanos. De acordo com os seus próprios
estatutos, a frelimo tinha como objectivos a liquidação total da dominação colonial portuguesa e
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O autor acima citado ainda afirma que O assassinato do dirigente Eduardo Mondlane, a 3 de
fevereiro de 1969, atribuído à polícia internacional de defesa do estado (PIDE) e a elementos
dissidentes no seio da frelimo, provocou uma divisão no seio do partido e comprometeu a
liderança política. o Diário da Manhã do dia 4 de Fevereiro abre a primeira página com destaque
para o assassinato do “ chefe terrorista Eduardo Mondlane”, afirmando que o “dirigente da
frelimo foi abatido em dar-es-Salam por uma Bomba de relógio e vítima de um elemento da
própria organização pertencente à facção Maoísta”..
Brito Luís, (2009:51) O ano de 1963 foi marcado por uma intensa actividade diplomática por
parte da liderança da Frelimo, particularmente de Mondlane, do vice-presidente Simango e de
Marcelino dos Santos, para dar a conhecer a causa da independência de Moçambique. Ao mesmo
tempo, procuraram estabelecer contactos com os países mais comprometidos no plano
internacional com a luta anticolonial e, portanto, susceptíveis não só de fornecer apoio político
diplomático, mas também de apoiar a iniciativa de uma luta armada contribuindo para a
formação de quadros militares e com o fornecimento de material de guerra.
treino mi- litar no seu território. O primeiro foi o campo de Bagamoyo, criado em 1963 sob a
direcção de Filipe Samuel Magaia, um antigo membro do NESAM que tinha feito parte do
primeiro grupo enviado à Argélia para fazer treino militar; um outro campo militar foi instalado
no ano seguinte em Kongwa, liderado por Samora Machel, que fez parte do segundo grupo trei-
nado na Argélia, assistido por Alberto Chipande e Raimundo Pachinuapa, dois próximos de
Nkavandame no tempo da SAAVM (de Kongwa saíram os primeiros combatentes que abri- ram,
em Setembro de 1964, as várias frentes de guerrilha no interior de Moçambique); no ano
seguinte, a Frelimo deixou Kongwa para se instalar em Nachingwea, que se tornou mais tarde (a
partir de 1969), com a participação de instrutores chineses, o centro onde o treino militar foi
associado à formação política e à produção, um modelo e lugar simbólico por excelência do
«exército popular». Finalmente, Nyerere permitiu a circulação no território do seu país de
armamentos para as frentes no interior de Moçambique. Tudo isto é claro, correndo o risco de
sofrer represálias militares da parte do exército português.
No início da guerra, a FRELIMO tinha poucas esperanças numa vitória militar convencional
dado o seu contingente de apenas 250 combatentes, contra maior força portuguesa. Esperavam
que a população local os apoiasse na insurreição, de forma a conseguir negociar a independência
com Lisboa. Em 1967, as forças da FRELIMO subiram para cerca de 8 mil homens. A estratégia
de Portugal era de efectuar no terreno uma guerra convencional, para onde enviou cerca de 10
mil tropas no início do conflito em 1964; até 1967, o número de tropas situar-se-ia entre os 23
mile os 24 mil. O número de soldados locais recrutados pelos portugueses, mais de 11 mil, levou
a um aumento das forças para perto de 35 mil no mesmo período. Cerca de 860 elementos das
Forças Especiais estavam, também, a ser treinados nos Comandos em 1969.
A facção militar da FRELIMO era liderada por Filipe Samuel Magaia, cujas forças receberam
treino na Argélia. As guerrilhas da FRELIMO estavam equipadas com vários tipos de armas,
muitas fornecidas pela União Soviética e pela China. Algumas dessas armas incluíam
a espingarda Mosin-Nagant, a Espingarda semiautomática SKS, a AK-47, uma espingarda
automática e a soviética PPSh-41. As metralhadoras Degtyaryov eram muito utilizadas,
juntamente com a DShK e a SG-43 Goryunov. A FRELIMO era apoiada por morteiros,
espingardas sem recuo, RPGs, defesa antiaérea como o ZPU-4 e, desde 1974, o sistema portátil
de lançamento de mísseis.
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As forças portuguesas, por seu lado, eram comandadas pelo General António Augusto dos
Santos, um militar que acreditava nas novas teorias de contra-insurreição. Augusto dos Santos
apoiou a Rodésia na criação de unidades de exploradores africanos e outras equipas de força
especiais, com as forças rodesianas a conduzir as suas próprias operações durante o conflito.
Devido à política de retenção do armamento novo em Portugal, enquanto o velho e obsoleto era
enviado para as colónias, os soldados portugueses combatiam com rádios da Segunda Guerra
Mundial e com antigas espingardas Mauser.
Brito Luís, (2009:53) Em Julho de 1964, a liderança da Frelimo tomou a decisão de que a luta
armada seria iniciada em Setembro do mesmo ano. Pequenos grupos de combatentes partiram
para o interior de Moçambique, com instruções para atacar apenas objectivos militares ou
administrativos. As primeiras acções tiveram lugar no norte (Cabo Delgado e Niassa) e no centro
(Zambézia e Tete), estando também previstas acções no sul, a Quarta Região Militar. No entanto,
a tentativa de abrir uma frente no sul falhou. De facto, esta última frente foi organizada a partir
da Suazilândia, um território onde a vigilância conjunta da polícia política portuguesa, a PIDE, e
da polícia sul- -africana nos círculos nacionalistas era intensa. A polícia portuguesa, que também
vigiava o meio dos Assimilados em Maputo, pôde assim, aceder a informação e destruir a rede
de activistas que tinham vindo da Tanzânia via Suazilândia e Rodésia e, ao mesmo tempo,
prendeu um grande número de apoiantes da Frelimo em Maputo
Obviamente, a capacidade militar portuguesa, era bem maior do que a Moçambicana, tanto em
quantidades de Homens quanto em recursos a serem gastos com a guerra; contudo, havia muitos
problemas para Portugal: a População Moçambicana era, em sua maioria, hostil aos portugueses;
a FRELIMO era composta por Moçambicanos, ao passo que o Exército Português era composto
por um efectivo estrangeiro, lutando em território desconhecido; e a Luta em Moçambique,
assim como em outras Colónias Portuguesas, tornava-se um problema interno para o Governo de
Portugal, pois ocorriam gastos excessivos e não havia apoio popular.
5. Operação Nó Górdio
6. Desenvolvimento da luta
Observando com Miguel Buendia, em torno da organização das zonas libertadas, como espaço
cultural dinâmico, as posições tornavam-se mais claras e as contradições mais
evidentes Q acirradas. «As zonas libertadas constituíram sem dúvida um espaço de construção e
de definição política da FRELIMO». Nesse espaço cultural construía-se um mundo de vida
dinâmico e de contradições e forjava-se um novo tipo de educação. (idem)
Januário, (2019:20), As “zonas libertadas” são um dos elementos mais importantes da história da
Frelimo: por um lado, estas regiões, libertadas do controlo do Estado colonial, materializavam o
progresso da luta pela independência, dando-lhe um conteúdo concreto; por outro lado,
desempenharam um papel decisivo na construção do discurso marxista da liderança, tal como as
lutas pelo poder que acabam de ser mencionadas no ponto anterior. No final da guerra, as “zonas
libertadas” ocupavam apenas uma pequena parte do território moçambicano, geralmente
estimada em cerca de um quinto da área total do país. Dispersas em três províncias (Cabo
Delgado, Niassa e Tete), com uma densidade populacional muito baixa, as “zonas libertadas”
não incluíam nenhum centro urbano. As vilas administrativas e comerciais mais ameaçadas pela
guerrilha foram nalguns casos abandonadas pela administração, para se tornar bases do exército
colonial. Foi à volta destas bases e em locais menos expostos às incursões das forças da Frelimo,
que o poder colonial reuniu uma grande parte da população, em aldeãmentos (« aldeias
estratégicas»).
Além de ter inviabilizado a operação nó górdio, a Frelimo, voltou a infligir, mais uma vez, uma
derrota militar vergonhosa ao Exército Colonial Português em 1 de Agosto de 1974 em Cabo
Delgado, no distrito de Mueda, no Posto Administrativo de Namatili, também conhecido por
Posto Omar, ou simplesmente Nambiliyao. Num combate planificado até ao mínimo detalhe, os
guerrilheiros da FRELIMO atacaram e assaltaram Namatili, capturando cento e trinta e sete
(137) soldados Portugueses, com as suas respectivas armas sem disparar um único tiro.
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Conclusão
Referencia Bibliográfica
Brito Luís, a frelimo, o marxismo e a construção do estado nacional 1962-1983 Edição iese
Coordenação editorial kapicua; Maputo, 2019