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Preâmbulo:
Com vista a criar referências histórico-culturais e transmitir um legado histórico melhor
organizado sobre esta instituição de ensino, tomamos a destemida iniciativa de produzir
uma pequena monografia sintética sobre os momentos mais clarividentes do percurso
histórico da escola.
É neste contexto que procuramos explorar todo um manancial bibliográfico, oral e
arqueológico com o intuito de trazer lume grande parte dos momentos marcantes da vida
da escola secundaria de Xai-Xai.
Temos que reconhecer que a presente instituição de ensino que em tempos coloniais fora
reconhecida como Colégio Nossa Senhora do Rosário pertença das irmãs da ordem
dominicana de Portugal, surge em resposta a uma pressão externa que Portugal sofria no
sentido de mais rapidamente correr para a descolonização na década de 60, foi ai, então
que Portugal na qualidade de um gestor deficitário de um vasto império colonial vai
empreender reformas urgentes no sentido de ludibriar a comunidade internacional sobre o
tratamento que se dava aos cidadãos indígenas das colónias. Estas reformas cingiram-se
mais nas áreas sociais que pudessem ter um impacto rápido sobre a comunidade indígena
e mudar a visão da comunidade internacional sobre a situação colonial portuguesa em
particular em Moçambique.
É sobre esta esteira sociocultural e política em que se vai assentar a nossa abordagem.
1- Breve contextualização Temática
É fundamental referir que o colégio Liceu Nossa Senhora do Rosário, foi uma instituição
de ensino, no período colonial, enquadra nas reformas profundas do ensino na colónias
portuguesas concebidas pelo regime colonial Fascista do Dr. António de Oliveira Salazar,
então presidente do conselho de Ministros da Nação Portuguesa.
Segundo o historiador moçambicano David Heges que apresentou um estudo profundo
sobre a estrutura do ensino colonial em Moçambique, em 1940, o estado colonial
Português rubricou com a Santa Sé, entidade máxima da Igreja Católica Apostólica
Romana a primeira concordada missionária que foi mais tarde complementada pelo
acordo missionário no mesmo ano que acima de tudo previa a transferência total do
ensino dos indígenas de Moçambique para as mão da igreja católica, com uma clara
missão de produzir uma estratégia bem concebida de colonização mental pela via
religiosa para garantir o sucesso de uma cada vez maior exploração dos indígenas das
colónias do império colonial português.
Foi neste âmbito que, a Igreja católica, se assume como patrona do ensino para os
indígenas e dai surge a famosa designação de ensino missionário ou, escolas das missões
católicas para os pretos.
O colégio liceu Nossa Senhora do Rosário, não fugiu a regra, foi implementado nos
princípios da década 70 em pleno Município de João Belo, para absorver uma cada vez
enchente avalanche de cidadãos indígenas que apesar de um controle cerrado das
migrações `campo-cidade´ continuava a afluir João Belo idos de Manjacaze, Chibuto,
caniçado e outras vilas. Segundo Heges era necessário educar estes negros não para se
tornarem intelectuais mas sim para poderem servir como forca braçal para os interesses
mais nobres do regime de Salazar.
As escolas missionarias, segundo o historiador Carlos Serra deviam responder a uma
situação muito concreta e a objectivos também concretos, que se circunscreviam
basicamente em transformar os indígenas em instrumentos de produção de matéria prima
barata para alimentar a crescente maquina industrial emergente em Portugal e fortificar os
alicerces políticos do regime.
Este tipo de escolas missionarias situavam com mais frequência no meio rural, onde o
grosso da população era indígena.
2- A Fundação do Colégio Liceu Nossa Senhora do Rosário:
Em resposta ao pedido formulado pela congregação da Santa Catarina do Sena, da ordem
terceira do São Domingos em Portugal Irmãs Dominicanas Portuguesas, o Ministério das
colónias, respondeu favoravelmente a necessidade da instituição de um colégio que viria
a se designar Colégio Liceu Nossa Senhora do Rosário a situar algures no Município de
Gaza, precisamente em João Belo.
Este colégio, havia de funcionar sem quaisquer subsídio do estado colonial, e, haveria de
se orientar pelo currículo vigente sobre o ensino missionário para os indígenas na colónia
de Moçambique.
O Alvará, foi concedido aos 11-08-1965, ao abrigo do decreto nº 2: 490 de 1-07-1916,
para erguer a escola e um centro de internato no terreno, talhão nº 5 do parcelamento
Tavene ( Hospital).
É preciso salientar que houve momentos de indecisão sobre o espaço que se achava ideal
para colocação da escola, pois numa primeira etapa, se pensou na praia de Sepúlveda ou
actual praia de Xai-Xai, mas depois a ideia se desertou devido a distancia que se separava
a praia de Sepúlveda da cidade de João Belo, aliado aos problemas de transporte.
E definitivamente, o colégio foi construído na parcela do talhão sita em Tavene
(hospital).
Todos processos burocráticos inerentes a regularização do terreno e do projecto de
construção foram financeiramente assumidos pela ordem das Irmãs Dominicanas.
8- Apreciação final
O presente trabalho, de produção duma resenha histórica sobre o percurso da Escola
Secundária de Xai-Xai, desde a década de 60, não é um produto já acabado nem
plasmado de grande perfeição, ele pode estar sujeito a todo o tipo de críticas
cientificamente fundamentadas para melhorar a sua qualidade.
Compreendemos que foi uma atitude ousada da nossa parte, mas necessária, pois,
precisávamos de ter referencias sobre um breve historial da nossa bela Escola.
Dificuldades na elaboração deste trabalho não faltaram quer em material bibliográfico
quer em aspectos técnicos mas tudo foi superado pela vontade de trabalhar em prol de
uma Escola Nova.
9- Referências Bibliográficas
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