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ACADEMIA MILITAR “MARECHAL SAMORA MACHEL”

Direcção Científica
Departamentos de Pós-laboral
Mestrado em Psicopedagogia – T5

1º Grupo
Tema:
Educação no Tempo colonial em Moçambique

Nome dos Estudantes:


 Juma Ualala de Almeida
 Sandra Mariza P. João Ambrossainho
 Emílio Orlando Alfredo
 Jéssica de Melsa Raul Correia
 Alberto António Rádio
Professor: Prof. Dr. José Greia

Nampula, Maio de 2022

1
Índic
e
Introducao ...........................................................................................................................3
Educacao no periodo colonial em Mocambique .................................................................4
Objectivos da educacao colonial..........................................................................................4
Organizacao de sistema de educacao no periodo colonial...................................................5
Caracteristicas da pedagogia colonial .................................................................................6
Consequencias do sistema para Mocambique......................................................................7
Consideracoes Finais ...........................................................................................................8
Referencias Bibliograficas ..................................................................................................9

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Introdução
O presente trabalho faz reflexão ao processo de educação em Moçambique no período
colonial e sobre tudo como foi caracterizado tomando em conta os principais ideias na
formação do homem.
O processo de educação tem em vista a preparação do homem para sua melhor inserção na
sociedade. Esta preparação é guiada no sentido de alcançar determinados objectivos que
variam com o tempo, de acordo com as exigências da sociedade, tendo em conta que os
objectivos da educação são dinâmicos.
O sistema de ensino colonial foi sofrendo reformas, mas adequadas as circunstâncias
histórico – económicas e a conjuntura política internacional. A formação do indígena e a
criação da figura jurídico – político ”assimilado” impunham-se como necessidade de força
de trabalho qualificada para a maior exploração capitalista.

Buscamos neste trabalho, reflectir sobre a educação no tempo colonial e, esperamos que
possa contribuir numa reflexão deste marco histórico tão triste que foi marcado pelo nosso
povo durante cerca de 500 anos.
Para tanto, o grupo baseou-se em algumas poucas obras e de consultas de internet,
tentamos buscar na medida do possível trazer linhas gerais que caracterizam esta educação.

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Educação no Período Colonial em Moçambique (1845 – 1974)
A educação neste período foi caracterizada pela dominação, alienação e cristianização.
Foi o período em que surgiu a primeira regulamentação do ensino nas colónias, período da
Monarquia em Portugal, a 2 de Abril de 1845. A 14 de Agosto do mesmo ano, foi
estabelecido um decreto que diferenciava o ensino nas colónias e na Metrópole e criava as
escolas públicas nas colónias.
Em 1846 foi publicada a primeira providência legal para a organização da instrução
primária no ultramar português, depois de 1854 foram criadas, por decreto, as primeiras
escolas primárias na Ilha de Moçambique, no Ibo, Quelimane, Sena, Tete, Inhambane e
Lourenço Marques.
Em 1846 foi publicada a primeira providência legal para a organização da instrução
primária no ultramar português; depois de 1854 foram criadas, por decreto, as primeiras
escolas primárias na Ilha de Moçambique, no Ibo, Quelimane, Sena, Tete, Inhambane e
Lourenço Marques. A 30 de Novembro de 1869, foi reformado o Ensino Ultramar, onde se
decretava o ensino primário obrigatório, dividido em dois graus, com duas classes cada, em
que as escolas estavam sob tutela das missões católicas.
Em 1912 foi criada, em Lourenço Marques, a primeira escola secundária em Moçambique.
Em 1930, inicia com o decreto de João Belo datado de 13 de Outubro de 1926. Este decreto
veio vigorar a intervenção das missões católicas a nível das colónias portuguesas
extinguido, desse modo, as missões laicas ou as missões civilizadoras.
É neste período em que regista- se uma estreita ligação entre o Estado e a Igreja no que
concerne à educação dos indígenas, ou seja, as populações negras, iletradas e incivilizadas
no entender do colonizador.
O acasalamento entre o Estado e a Igreja foi reforçada através de dois instrumentos oficiais
nomeadamente o acordo missionário (de acordo com o qual as missões eram corporações
religiosas e instancias ou entidades económicas para moralização dos indígenas e
preparação dos futuros trabalhadores rurais) e o estatuto de missionário (que considerava as
missões católicas portuguesas como instituições de utilidade imperial e sentido
eminentemente civilizador.
Objectivos da Educação Colonial
A educação no período anti-colonial visava formar o homem ou o indivíduo para o mundo
que o cercava através do forte ensino baseado nos valores da tribo, nas actividades do clã e
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no ofício da família, isto é, identificar o homem ou individuo com o que era local. Para o
indivíduo conhecer as técnicas de caça, de construção das ‘’cavernas’’.
Para o indivíduo transmitir às novas gerações as suas experiências, conhecimentos e valores
culturais, desenvolvendo as capacidades e aptidões do indivíduo, de modo a assegurar a
reprodução da sua ideologia e das suas instituições económicas e sociais; O indivíduo deve
aceitar a exploração como uma lei natural e reproduzi-la no seu grupo etário, na sua família,
na sua tribo, etnia e raça (Boletim da República, 1983).
Varias reformas e estratégias de intervenção político-religiosa foram postas em pratica com
o intuito de :
 Inculcar no indígena a ideologia colonial através das escolas-missões;
 Transmitir no indígena a consciência de cidadão português e difundir a língua e os
costumes portugueses;
 Enfraquecer e destruir as estruturas sociais, culturais e económicas indígenas;
 Moralizar os indígenas, ou seja, prepara-los para futuramente tomarem-se
trabalhadores rurais e artífices, contribuindo, desse modo, para as receitas do estado
português bem assim tornarem-se cada vez mais úteis para si próprios e suas
famílias;
 Formar cidadãos capazes de prestar serviços relevantes na máquina administrativa
portuguesa.
A educação colonial, visava fundamentalmente, assegurar a hegemonia política e a direcção
cultural da classe colonial dominante sobre as sociedades ditas tradicionais, primitivas,
incivilizadas, rudes e estagnadas no grau zero da temperatura da história.
Para a materialização dos objectivos a cima messionados, o Governo colonial muniu os
Missionarios católicos de uma vasta torrente de preconceitos racistas e etnocêntricos (oque
levava o indígena a sentir-se inferior ao branco). Desse modo, os indígenas eram oprimidos
das mais variadas formas.
Organização do sistema de Educação no período colonial
A organização escolar de mocambique e os respectivos programas curriculares obedecem
ao plano de ensino nacional seguido em todos os territórios de Portugal e época. Assim o
sistema de educação colonial organizava-se em dois subsistemas:
 Ensino oficial, destinado aos filhos dos colonos ou assimilados, predominava nas
cidades e vilas e era supervisionada pelo Estado; e
 Ensino Rudimentar, reservado aos indígenas/ nativos, e desenvolvia-se nas zonas
rurais, em escolas das missoes controladas pela Igrja. Este ensino foi
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engenhosamente concebido para a opressão, dominação, humilhação, descriminação
dos povos autóctones de Moçambique.
O governo colonial advoga, de facto, uma separação cada vez mais acentuada entre o
ensino das crianças indígenas e os das crianças civilizadas. O diploma Legislativo n° 238,
de 17 de Maio de 1930 torna isso evidente, ele justificava a separação dos objectivos de
cada ensino. Enquanto ensino ingigena visasva elevar gradualmente da vida selvagem à
vida civilizada dos povos cultos, o ensino elementar para os não indígenas tinha como
finalidade dar as crianças os instrumentos fundamentais de todo o saber e as bases de uma
cultura geral preparando-os para a vida social.
Foi em 1930 que se estabeleceu a primeira escola de formação de professores para as
escolas primarias rudimentares e foram introduzidas varias reformas a nível do ensino. O
sistema de ensino de indígena passou então a organizar se em:
1. Ensino Primário Rudimentar, era destinado aos moçambicanos não assimilados,
estava virado à civilização e nacionalização dos indígenas, e consistia em três (3)
classes sendo as idades de ingresso sete (7) à nove (9) anos respectivamente; tinha
o Catecismo como disciplina nuclear, a partir do estatuto, a partir do estatuto
missionário de 1941, passou a cargos das missões católicas, o Estado intervinha na
concessão de programas e de certificados de exames.
2. Ensino profissional indígena, direccionado à formação técnico- profissional, Ensino
normal: com vista a habilitar professores indígenas para as escolas rudimentares e,
por sua vez, subdividia-se em:
 Escolas de Artes e Ofícios, com quatro (4) classes, destinadas para rapazes e previa
a permanência de dois à três anos em cada uma das três primeiras classes, sendo
ilimitado o tempo de permanência na quarta e ultima classe;
 Escolas profissionais femininas com apenas duas classes, geralmente ministrado a
formação femenina.

Características da Pedagogia Colonial


 Descriminacao aos indígenas e existência de dois tipos de educação: um para
indígenas e outro para brancos e assimilados;
 Unidade entre a Igreja e o Ensino e destinava-se a exploração e participação activa
no desenvolvimento da metrópole-Portugal;
 Limitacao de acesso na escola na base da idade;

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 A diversificação de escolas, uns estudavam para trabalhar como subalternos e
outros, como dirigentes, e desse modo garantir a partir da escola, a organização da
actividade do sector industrial e comercial, e a unidade linguística e social na
colonia;
 Comlexo de superioridade do branco em relação ao negro patente em livros de
leitura usados nas escolas;
 Emprego do catecismo como disciplina nuclear.
Para Belchior, as características principais do ensino no período em referencia eram a
feição nacionalista e a pratica, que se traduzia na obrigatoriedade nas escolas do uso e do
ensino da língua portuguesa, tolerando o uso da língua indígena somente no ensino da
religião, e na obrigatoriedade do pessoal docente, quando africano, ser todo de
nacionalidade portuguesa através da política da assimilação.
Consequências do sistema para Moçambique
Para Dias Belchior os resultados obtidos nas escolas oficializadas eram os mais baixos em
relação aos outros tipos de ensino.
A educação colonial não era abrangente, a titulo meramente exemplificativo, em 1954 a
taxa de analfabetismo em Moçambique era a mais alta a nível do continente africano
chegando a atingir 95% da população indígena e cerca de 25% da população portuguesa
estabelecida em Moçambique.
A identificação do Estado português com a igreja católica impediu o desenvolvimento da
educação em Moçambique.

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Considerações Finais
No período colonial, a Educação esteve virada para a consecução dos objectivos
económicos, uso dos recursos humanos e naturais para a produção da riqueza que era
canalizada para a metrópole. Com base em escritos legais coloniais, não fica clara a
intenção do poder colonial promover uma educação integral para os moçambicanos. A
incipiente educação que era destinada aos indígenas tinha por objectivo ensinar a língua e a
cultura portuguesas, e, por esta via, domesticar os indígenas que no entender desse regime,
eram selvagens.
O sistema educativo colonial era discriminatório de tal sorte que limitava os povos
indígenas em termos progressão académico- profissional comparativamente aos filhos dos
colonos;
Porem ainda que a escola colonial fosse uma instituição nova para a maioria do povo
vivendo em zonas rurais, a educação tradicional nunca perdeu seu espaço na educação de
gerações, sobretudo nas comunidades rurais. Essa educação sempre desenvolveu, preservou
e veiculou a cultura do povo, aqui entendida como afirmação de identidade e de poder. Pela
educação tradicional o povo afirmou a sua personalidade e suas visões de mundo, através
dela o povo mantem a sua identidade profunda e o respeito de ser assumidamente ele
mesmo, pelo menos nas zonas rurais.

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Referencias Bibliográficas
BELCHIOR, Manuel Dias. As características do ensino colonial.Lisboa,1965.
GOVERNO DA REPUBLICA DE MOCAMBIQUE. Boletim da Republica de 1983.
Mocambique: Imprensa Nacional, 1983
https://mozeduca.blogs.sapo.mz/a-educacao-em-mocambique-na-era-4930
Mazula, B. (1995). Educação, Cultura e Ideologia em Moçambique: 1975-1985. S/L:
Edições Afrontamento e Fundo Bibliográfico de Lingua Portuguesa.

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