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Publicado em 18.10.

2019
13.07.2020
ID: 130107


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ID: 130107

▪ Em 03/07, a Cosan, controladora da Cosan Logística, divulgou a


intenção de realizar uma reorganização societária que faria a Cosan
Logística ser incorporada à Cosan.

▪ Caso essa reorganização seja aprovada, os acionistas da Cosan


Logística passarão a deter ações da Cosan.

▪ No momento, não há nada a ser feito além de aguardar. Portanto,


não sugerimos nenhuma mudança em relação à recomendação da
companhia. A expectativa é de que a operação seja concluída em
cerca de 180 dias.

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▪ Com quase 60 anos de história, a Vivara é a maior rede de joalherias
do Brasil.

▪ Beneficiada por uma cadeia de produção verticalizada, algo único


entre os seus pares no país, a companhia consegue produzir suas
joias com menor custo, além de ter maior agilidade e flexibilidade
para mudar coleções (uma importante vantagem competitiva).

▪ Atuando em um mercado altamente pulverizado, com uma grande


quantidade de players menores e mais restritos geograficamente, a
Vivara parece bem posicionada para capturar uma participação cada
vez maior em seu segmento de atuação.

▪ Apesar de atuar em um setor afetado pela crise do coronavírus,


tanto pelo fechamento das suas lojas físicas, grande parte delas
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localizadas em shopping centers, quanto por vender produtos


considerados não essenciais e que, portanto, não são prioridade
para famílias que perderam renda, a Vivara permanece em uma
situação tranquila, principalmente pela posição saudável de caixa
que mantém desde a sua abertura de capital.

▪ Inclusive, mesmo com os efeitos negativos imediatos, é possível que


a companhia acabe se beneficiando de alguma forma no futuro após
a crise. O seu e-commerce, por exemplo, vem tendo grande
crescimento desde abril, ajudando a quebrar a resistência de muitos
que não se sentiam confortáveis em comprar joias virtualmente.

▪ O único ponto negativo é o preço. Justamente por todas as suas


qualidades e pelas expectativas positivas, a Vivara vem sendo
negociada de forma otimista pelo mercado, que está pagando
antecipadamente por todo o crescimento esperado.

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▪ Em nossa avaliação, com o método do Fluxo de Caixa Descontado,
chegamos a um valor justo de R$ 22,05 para a companhia, próximo à
cotação em que está sendo negociada no momento.

▪ Como costumamos ressaltar, nós sempre buscamos margem de


segurança em nossas compras e tentamos comprar ativos que
estejam abaixo da nossa estimativa de valor. É assim que ganhamos
dinheiro de forma consistente no mercado: aproveitando as
assimetrias. Como a Vivara, no momento, não oferece um desconto
significativo, optamos por não recomendar a ação aos assinantes.

▪ A empresa será adicionada à watchlist, com um preço para possível


entrada de R$ 17,50, que ofereceria cerca de 20% de desconto em
relação ao preço justo e daria mais margem de ganho com o papel.

▪ Continuaremos acompanhando a Vivara, um negócio que julgamos


ser muito promissor, e atualizaremos os assinantes sobre qualquer
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mudança quanto à nossa recomendação ou percepção do papel.

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Informações coletadas no dia 10.07.2020 / Fonte: Suno Analítica (https://www.sunoresearch.com.br/acoes/rlog3/)

Em 03/07, a Cosan Logística informou ao mercado uma proposta de


reorganização societária que consistirá na incorporação por parte da Cosan
S.A. das participações em Cosan Logística e Cosan Limited, formando uma
holding em que todos os acionistas das companhias serão acionistas da
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Cosan S.A.

Caso a operação se concretize, os acionistas de RLOG3 passarão a deter


ações de emissão da Cosan, companhia que, portanto, passará a ser
acionista controladora direta de Rumo, que atualmente é uma subsidiária
direta de RLOG3. Veja a estrutura societária pretendida:

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No fato relevante, a companhia afirmou que a operação só será realizada
se o valor destinado ao direito de retirada dos acionistas de RLOG3 não
prejudicar a estabilidade financeira da Cosan, tendo estabelecido um valor
fixo máximo para o exercício do direito de retirada.

Para isso, foi divulgado mais recentemente (em outro fato relevante) que
podem ser realizadas ofertas públicas de ações de todas as suas
controladas e co-controladas operacionais. Essas ofertas podem ocorrer
em paralelo ao processo de reorganização, sendo que a viabilidade e o
momento das potenciais captações serão diferentes para cada empresa.

Assim, tendo em vista os fatos divulgados pela companhia, a atitude


mais indicada agora é aguardar. Como mencionado, todos os acionistas
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minoritários de RLOG3 receberão um direito de retirada em que será


negociado um prêmio para a realização da venda de suas posições.

No entanto, antes de que tudo isso ocorra, serão realizadas reuniões dos
Conselhos de Administração das companhias e assembleias gerais para
determinar os termos da reorganização. As companhias estimaram que a
operação seja concluída em aproximadamente 180 dias. Manteremos os
assinantes informados sobre todos os processos envolvidos.

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Informações coletadas no dia 10.07.2020 / Fonte: Suno Analítica (https://www.sunoresearch.com.br/acoes/cvcb3/)

O Conselho de Administração da CVC aprovou, na quinta-feira (09/07), o


aumento de capital social da companhia de, no mínimo, R$ 200 milhões e,
no máximo, R$ 301 milhões, por meio da emissão de ações ordinárias,
nominativas, escriturais e sem valor nominal para subscrição privada.
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O acionista terá direito de preferência para subscrever ações na proporção


de 0,157429 nova ação ordinária para cada 1 ação de que for titular,
conforme a posição acionária até o fechamento do pregão em 14/07/20. O
prazo de exercício do direito de preferência para subscrição de ações terá
início em 15/07/20 e término em 13/08/20.

Além disso, a CVC também emitirá um bônus de subscrição, que poderá ser
exercido caso a emissão de ações atinja o patamar máximo previsto. Desse
modo, a empresa poderá ter um aumento de capital total de até R$ 401
milhões. O bônus aos subscritores de ações no aumento de capital se dará
em série única, na proporção de um bônus para cada ação subscrita.

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Levando em conta o preço de emissão, de R$ 12,84 por ação, que será
destinado inteiramente ao capital social da empresa, após a injeção, o
capital social da CVC, que está em R$ 664.977.822,17, e é representado
por 149.328.579 ações, será de, no mínimo, R$ 864.977.822,33,
representado por 164.904.903 papéis.

Considerando que a companhia chegue ao valor máximo do aumento de


capital, a CVC alcançará R$ 966.717.822,17 em seu capital social, com
172.828.579 ações. Ainda segundo o comunicado, a CVC afirmou que os
recursos captados serão destinados à reforçar o caixa da companhia e
viabilizar a retomada da venda de passagens e pacotes de viagem a prazo,
que representam 85% dos seus negócios.
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Além disso, essa captação de recursos é necessária por causa do momento


de incerteza vivenciado na pandemia. Todavia, continuamos acreditando
no futuro e nas vantagens competitivas dessa companhia, que dentro do
setor de turismo é uma das mais sólidas operações em função do caráter
asset light e de forte geração de caixa.

A nossa recomendação é de que os acionistas exerçam os seus direitos de


compra na CVC, aproveitando os preços bastante atrativos e colaborando
também para a liquidez da empresa neste momento de dificuldade. Temos
plena certeza de que ele será superado pela CVC, sobretudo por conta de
suas vantagens competitivas. Para participar, o investidor deve entrar em
contato com a sua corretora e solicitar o exercício.

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A Vivara é a maior rede de joalherias do Brasil. Fundada em 1962, a
companhia é especialista na fabricação de joias e relógios. No Brasil, ela
exerce a liderança em seu segmento, tanto no número de lojas quanto em
termos de Receita Líquida de vendas. Sua grande vantagem em relação aos
seus pares é a estratégia bem-sucedida de verticalização da produção.

Essa verticalização da produção dos produtos garante mais rapidez à


empresa, pois dá a ela uma velocidade de reação muito superior em
relação aos concorrentes – que não são verticalizados – para conseguir
mudar coleções, principalmente porque os seus produtos (joias e metais
preciosos) podem ser remanufaturados.
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Além disso, a companhia possui em sua fábrica uma capacidade relevante


de estoque de matéria-prima, o que a deixa muito menos vulnerável às
oscilações de preço do ouro e da prata, por exemplo. Isso resulta no
repasse de preços mais graduais, favorecendo as suas vendas.

Como os principais concorrentes da Vivara são empresas multinacionais


(atualmente, os dois principais não possuem mais do que 5% do market
share e a Vivara já tem mais de 10%) e, por isso, seus produtos tem menos
assertividade em cada geografia de atuação, pois são mercadorias
importadas, isso faz com que essas companhias percam um pouco a
essência e a preferência do consumidor.

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Em relação aos seus produtos, a Vivara foi eleita a primeira colocada na
categoria “joias” entre as marcas preferidas dos clientes, de acordo com o
“Prêmio Estadão | As mais envolventes”, e pela Hors Concours, por mais de
três vezes consecutivas, no “Prêmio Lojista ALSHOP” de excelência e
qualidade no varejo de shopping.

Em relação à reputação da companhia no site “Reclame Aqui”, vemos que


ela tem uma ótima pontuação (8 pontos). O fato de a Vivara oferecer um
excelente atendimento, sem dúvida, é um diferencial, que favorece o
retorno e a fidelização dos clientes da empresa.

Atualmente, a Vivara tem 259 pontos de vendas espalhados por todo o


território nacional, além de uma fábrica em Manaus. Essa abrangência
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geográfica dá uma vantagem competitiva grande ao seu e-commerce,


tendo em vista que o seu segundo maior competidor tem apenas 40 lojas.
Nesse caso, o conceito de last-mile, que permite uma entrega mais rápida,
conta muito para a escolha de compra de um produto no varejo online.

Além disso, a equipe de RI da empresa informou que a Vivara é uma


rede de joalherias que não tem um concorrente direto no segmento e no
perfil em que atua, tendo em vista que ela possui uma faixa de preço
que vai desde o produto acessível até o mais caro, superando R$ 100 mil.

Essa maior flexibilidade no perfil e nos preços dos produtos permitiu que a
Vivara passasse por 2015 e 2016 sem grandes dificuldades, aumentando
rapidamente a fabricação de itens em prata.

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Os itens em prata têm um ticket menor, mas possuem margens de lucro
superiores em relação aos itens em ouro. Essa capacidade adaptativa e
anticíclica é muito favorável à companhia, principalmente porque a Vivara
está lotada em um segmento de negócio discricionário e que, obviamente,
é afetado por períodos macroeconômicos mais recessivos.

Após o término da Segunda Guerra Mundial, a família Kaufman, de origem


romena, decidiu imigrar para o Brasil. Com várias gerações de experiência
em joalherias, a família era constituída por ourives habilidosos e decidiu
investir nesse setor para se estabilizar no país.
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Assim, a primeira loja da Vivara foi inaugurada em 1962, no centro de São


Paulo. A proposta inicial era criar peças de excelência que pudessem deixar
a sua marca no mercado brasileiro de joalherias.

Em 1981, foi inaugurada a primeira loja Vivara dentro de um shopping


center. Dez anos após esse marco, a empresa já contava com 10 lojas em
funcionamento na capital paulista, um crescimento importante, tendo em
vista a atuação da empresa em um mercado tão competitivo.

Em 2003, a marca já tinha 47 lojas espalhadas por todo o país. Nesse


mesmo ano, a Vivara inaugurou a sua maior e mais luxuosa unidade, no
Shopping Morumbi, também na capital paulista.

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Com o passar dos anos, a companhia foi investindo cada vez mais em seu
marketing, apostando em nomes como Gisele Bundchen, Grazi Massafera e
Isabeli Fontana como garotas-propaganda da marca.

Em 2011, lançou a marca Life Vivara, buscando atingir um segmento de


público-alvo mais abrangente. A marca obteve um grande sucesso entre o
público jovem. Nos últimos anos, a companhia reforçou a sua equipe de
designers, o que possibilitou uma atenção especial à criação de coleções
exclusivas, com direito até mesmo a linhas confeccionadas à mão.
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Linha do tempo da Vivara (Fonte: RI Vivara)

Mesmo após o seu IPO, a Vivara continua sendo uma empresa controlada
pela família fundadora do negócio. Os acionistas controladores apenas
venderam uma parte das suas participações na companhia, permitindo que
R$ 453 milhões entrassem no caixa da Vivara, os quais serão utilizados para
a abertura de futura de lojas.

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Linha do tempo da Vivara (Fonte: RI Vivara)
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▪ Posição de liderança em um mercado pulverizado: a Vivara tem


cerca de 10% do mercado de joalherias do Brasil. Essa posição de
destaque a põe em grande vantagem em relação aos demais
competidores. O segundo maior player desse mercado no país tem
cerca de 2% de market share, o que demonstra que esse segmento é
altamente pulverizado e aberto à consolidação.

▪ Solidez financeira: após o seu IPO, a Vivara terminou o 1T20 com


um caixa líquido de R$ 174 milhões, a colocando em uma posição
financeira bastante interessante em um segmento de consumo
cíclico e que, obviamente, está sofrendo com as menores vendas,
pois oferece um produto não essencial.

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Em nossa visão, a crise atual só tende a acelerar o ganho de market
share da companhia na medida em que os competidores de
pequeno porte não possuem tamanha solidez financeira.

▪ Modelo de negócio verticalizado: essa é a maior vantagem


competitiva da companhia. A Vivara é responsável por toda a cadeia
de produção de seus produtos, que vai desde a compra da matéria-
prima, passando pela criação do design, manufatura e venda. Sem
dúvida, essa estratégia melhora o controle de qualidade dos seus
produtos e aumenta as suas margens.
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Assim como qualquer negócio que tem uma importante operação em lojas
físicas, a Vivara também sofreu com a queda de vendas nesse trimestre. No
entanto, segundo a companhia, as vendas vêm tendo uma forte trajetória
ascendente agora que as medidas restritivas de fechamento de lojas vêm
sendo flexibilizadas em diversas cidades onde a companhia atua.

Em abril, as receitas da companhia foram bastante afetadas, reflexo do


fechamento das lojas. As receitas foram oriundas majoritariamente dos
canais online. Em maio, após rápidas medidas de desenvolvimento desse
canal, e com parte das lojas já abertas, a companhia informou que
conseguiu aumentar ainda mais as suas vendas.

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Em junho, a empresa notou a continuidade dessa aceleração das vendas,
através de medidas importantes como a maior abertura do marketplace e a
expansão do uso das lojas como estoques para operação online,
diminuindo significativamente o seu last-mile.

Desse modo, o que devemos observar aqui é a tendência das vendas, pois
acreditamos que, cedo ou tarde, a economia voltará ao cenário de
otimismo observado no fim de 2019, em que diversas operações de varejo
tiveram volumes de vendas muito superiores aos dos últimos quatro anos.
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Como já mencionamos, a Vivara é uma empresa com claras vantagens


competitivas em um segmento que possui forte ligação com o
desempenho do ambiente macroeconômico interno. Segundo dados da
Euromonitor International, o mercado brasileiro de joias finas deve ter um
crescimento de 4,8% ao ano nos próximos cinco anos.

Visando capturar essa oportunidade de crescimento, a Vivara pretende


inaugurar novas lojas em shoppings de destaque e com alto tráfego de
pessoas. Segundo o RI da companhia, não faz parte dos planos da empresa
o crescimento por meio de fusões e aquisições, pois a companhia tem a
expectativa de manter as suas excelentes taxas de rentabilidade replicando
o seu modelo de lojas nas demais localidades e shoppings onde não atua.

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A expectativa da Diretoria, segundo o RI, é manter um ROIC em torno de
28% para as novas lojas abertas e, na medida em que elas forem
alcançando a maturação, essa rentabilidade atinja um patamar acima de
30%, que é bastante elevado quando comparamos com qualquer varejista
brasileiro de capital aberto.

Além disso, perguntamos à companhia qual seria o payout esperado para


os próximos anos e fomos informados de que os planos são de se manter
um payout médio de 25% para os próximos três ou quatro anos, elevando
para 50% após esse período de forte expansão.

Certa vez, Warren Buffett afirmou: “o negócio ideal é


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aquele que obtém retornos muito altos sobre o capital


e continua usando muito capital nesses retornos altos.
Isso se torna uma máquina de composição”.

Portanto, enxergamos a Vivara como uma forte candidata a ser uma


consolidadora do seu setor nos próximos anos, estratégia que faz muito
sentido tendo em vista os excelentes retornos obtidos com a abertura de
novas lojas da marca.

A partir de agora, veremos os resultados da companhia nos últimos anos


(período em que a Vivara ainda era uma empresa de capital fechado).

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Como podemos ver na tabela abaixo, o Lucro Líquido dos primeiros seis
meses de 2019 foi de R$ 186 milhões, contra R$ 76,8 milhões reportados
no mesmo período do ano anterior. Essa expansão se deve a um fato não
recorrente que resultou em um ganho de R$ 103,7 milhões à companhia.
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O Lucro Líquido do 4T19 atingiu R$ 92,7 milhões (13,3% maior em relação


ao mesmo trimestre do ano anterior). O SSS total (vendas em mesmas
lojas) também teve um aumento importante – de 7,4% – no trimestre e de
8,6% no ano. O SSS é importante para uma varejista, pois é um indicador
de produtividade das lojas maduras.

Em relação aos resultados desse ano, caso não tivesse ocorrido o


fechamento das lojas, muito provavelmente, a Vivara teria apresentado
bons números, pois vinha com um crescimento de receita até fevereiro de
10,7% e de 6,8% no SSS em relação ao mesmo período de 2018.

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No entanto, por ter praticamente 100% de suas lojas em shoppings, a
companhia foi impactada no 1T20 e será duramente impactada nos
resultados do 2T20, o que obviamente não muda os fundamentos de longo
prazo da companhia.

Em relação ao seu plano de investimentos, a Vivara divulgou um guidance


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de abrir 50 lojas em todo o país em 2020. No entanto, esses planos tiveram


que ser revistos e, até o momento, a empresa afirmou que abriu 17 lojas e
está com mais quatro em processo de término.

Os demais projetos de abertura que seguiriam dentro do planejamento


tiveram que ser paralisados, demonstrando o conservadorismo da Vivara. A
Diretoria busca estar preparada para eventuais oportunidades de ocupação
de espaços dentro de shoppings maduros e com maior tráfego de pessoas.

Vale destacar que a Vivara tem um plano de expansão e consolidação de


longo prazo, que visa partir de 35% de penetração em shoppings brasileiros
para cerca de 60%, patamar que a empresa acredita ser bastante factível.

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A princípio, essa meta poderia ser alcançada até 2024, mas com o atraso
gerado pela pandemia, a companhia acredita que esse objetivo será
atingido até 2025 ou 2026.
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A indefinição maior remete ao quanto a operação online influenciará o


mercado de venda de joias daqui para frente. A companhia está ciente
disso e vem se preparando rapidamente para um possível cenário de
mudanças estruturais no setor. É importante notar que, diferentemente de
outros produtos (eletrônicos, cosméticos e vestuário), o segmento de
vendas de joias ainda é fortemente ligado ao ato de ver e provar o produto,
antes de comprá-lo, o que mais uma vez pode favorecer a companhia que
tiver a maior operação omnichannel do mercado (nesse caso, a Vivara).

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Em relação ao endividamento, a Vivara possui uma posição extremamente
confortável de balanço, pois veio de um IPO recente e possuía cerca de
R$ 173 milhões em caixa líquido até o final do 1T20. Segundo a companhia,
até o início de junho, não houve a necessidade de se mexer no caixa e ele
segue investido em aplicações financeiras.
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▪ Mudanças nas tendências da moda e nas preferências dos clientes:


a Vivara compete com ouras lojas de varejo em relação à estilo,
qualidade, preço e experiência de compra. Desse modo, as vendas
da companhia dependem da sua habilidade em gerenciar estoques,
prever, identificar e responder com rapidez às mudanças nas
tendências da moda e nas preferencias do consumidor.

▪ Lojas em shopping centers: o sucesso da companhia depende, em


grande parte, do elevado tráfego de pessoas nos shoppings centers
onde ela atua. Desse modo, a interrupção ou mesmo a redução do
tráfego de pessoas nos shoppings pode causar queda nas vendas
bem como um menor resultado operacional para a companhia.

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▪ Interrupção da atividade nas unidades de produção / distribuição:
atualmente, a Vivara tem uma fábrica em Manaus, responsável pela
fabricação de 80% de seus produtos e dois centros de distribuição,
um na região sul da cidade de São Paulo e outro em Embu das Artes.
Devido ao seu modelo de negócio verticalizado, a empresa acredita
que esse risco tem certa relevância e pode prejudicar o bom
funcionamento das operações da empresa.

Para fazer o valuation da Vivara, optamos por utilizar o modelo de Fluxo de


Caixa Descontado (FCD). Como a empresa encontra-se em período de
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crescimento e só deve elevar o seu payout a partir de 2025 (para algo em


torno de 50%), utilizar o Modelo de Gordon (DDM) não é adequado.

O FCD consiste em trazer os fluxos futuros da empresa (projetados) ao


valor presente, com uma taxa de desconto. Este modelo engloba mais
variáveis do que o Dividend Discounted Model (DDM), sendo um modelo
mais interessante para ser utilizado em empresas com este perfil.

Para a Vivara, utilizamos uma taxa de desconto real de 8%, obtida com o
CAPM (Capital Asset Pricing Model). Consideramos um crescimento médio
das receitas de cerca de 17% até 2024 (2019-2024), sendo reduzido para
5%, de 2025 a 2029, e crescendo 2% na perpetuidade (em termos reais).

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A Margem EBITDA se estabilizaria em torno de 25% após 2023, com a
maturação das novas lojas da empresa, ganhos de escala e market share.
Consideramos um período de CAPEX maior (180% da depreciação até
2024) seguido por uma redução para 105%, patamar suficiente para
manter a operação e continuar apresentando algum crescimento.

Considerando todas essas premissas, chegamos a um preço justo de R$


22,05 para as ações da Vivara. Portanto, levemente abaixo das cotações
atuais da empresa. Abaixo é possível observar as nossas projeções para
os fluxos da empresa.
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Fonte: Suno Research e Economatica

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Desse modo, vemos as ações da empresa bem precificadas atualmente e
com pouco espaço para upside. Se aplicarmos uma margem de segurança
de 20% para o preço justo de R$ 22,05, chegamos a um preço-teto de R$
17,64. Portanto, este é o preço que gostaríamos de pagar na empresa.

Vale lembrar que este é o preço calculado para essas premissas. No


futuro, a depender da qualidade de execução da empresa no processo
de abertura e maturação das lojas, além do próprio contexto econômico,
poderemos revisar essas premissas.

Em relação aos múltiplos, a empresa negocia hoje a uma relação P/L 2021
de 22,4 vezes, demonstrando as expectativas otimistas embutidas nos
preços. Comparando com alguns players internacionais que atuam no
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mesmo mercado, a Vivara é negociada com múltiplos menores que a


Tiffany & Co, mas com o dobro do múltiplo da Pandora.

Fonte: Suno Research e FactSet

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A relação P/VPA implícita para 2021 está em 5,91 vezes, bem acima das 4
vezes da Tiffany e da Pandora, hoje em 4,5 vezes. No caso da Pandora, o
ROE projetado chega a 41%, também muito acima do ROE da Vivara, de
26,6%, projetado para 2021.

No caso da Tiffany, a empresa apresenta um ROE projetado de 13,5 vezes,


o que justificaria um múltiplo menor.

A listagem da Vivara em 2019, sem dúvida, adicionou qualidade a nossa


bolsa de valores, tendo em vista que é uma empresa de alta rentabilidade,
forte geração de caixa e estrutura de capital saudável. As perspectivas no
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médio e longo prazo são positivas. As novas lojas a serem inauguradas nos
próximos anos trazem um potencial interessante de geração de receitas e
resultados, especialmente porque operam com um ROIC de quase 30%.

Por outro lado, a atual pandemia e seus efeitos na economia adicionam


algumas incertezas nos planos de crescimento. A empresa tem alguns
desafios de execução pela frente, além dos ventos da macroeconomia que
têm jogado contra.

Caso as perspectivas de recuperação econômica para 2021 se concretizem,


a Vivara tem um espaço relevante para executar de forma adequada o seu
plano de abertura de lojas.

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Porém, caso contrário, as coisas podem não ser fáceis e o atual valuation
(que embute crescimento) pode fazer o papel da companhia despencar.
Evidentemente, o potencial de ganho de mercado da companhia é
interessante, tendo em vista que este é um mercado ainda fragmentado.

Nos EUA, a Tiffany & Co tem um market share de mais de 18%. No Brasil, a
Vivara tem cerca de 10% e boa parte de seus competidores são players
pequenos, sem verticalização, marca e a escala que a Vivara possui. Assim,
apesar dos desafios, acreditamos que as perspectivas são positivas para o
médio e longo prazo. No entanto, o atual preço da empresa, acima do que
julgamos como justo, nos impede de recomendar as ações no momento.

Assim, adicionaremos a empresa em nossa watchlist com um preço para


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possível entrada de R$ 17,50, patamar que adicionaria uma margem de


segurança relevante em relação ao nosso preço justo.

Caso o valuation da empresa se torne mais atrativo e a gestão comprove a


sua capacidade de execução, poderemos revisar as premissas e
recomendar a empresa no futuro.

Plantão de Dúvidas
Envie suas dúvidas referentes a este relatório. Elas serão respondidas em uma live especial!
Acesse: https://sunoresearch.typeform.com/to/o490bk

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CARTEIRA RECOMENDADA VALOR

Preço de entrada
Ranking Suno Ticker Início Alocação Preço atual Preço-teto Recomendação Variação
ajustado*

1 ITSA4 18/08/2017 10% R$ 10,22 R$ 12,00 R$ 7,18 Comprar 42,34%

2 SULA11 18/08/2017 10% R$ 47,90 R$ 48,00 R$ 16,33 Comprar 193,33%

3 MYPK3 11/10/2019 5% R$ 14,09 R$ 21,00 R$ 18,54 Comprar -20,57%

4 EQTL3 19/06/2020 5% R$ 24,44 R$ 24,00 R$ 22,29 Aguardar 10,34%

5 BPAC11 06/03/2020 5% R$ 85,06 R$ 67,00 R$ 57,62 Aguardar 47,62%

6 RLOG3 26/07/2019 5% R$ 20,44 R$ 23,00 R$ 18,65 Comprar 9,60%

7 ALUP11 05/01/2018 5% R$ 24,29 R$ 31,00 R$ 17,05 Comprar 42,46%

8 CVCB3 22/11/2019 5% R$ 21,82 R$ 30,00 R$ 41,49 Comprar -47,41%

9 BRAP4 10/01/2020 5% R$ 37,56 R$ 43,00 R$ 38,29 Comprar -1,91%

10 RENT3 03/04/2020 5% R$ 43,54 R$ 35,00 R$ 23,39 Aguardar 86,79%

11 SUZB3 11/01/2019 5% R$ 36,74 R$ 42,00 R$ 38,43 Comprar -4,40%

12 GEPA4 18/08/2017 10% R$ 46,00 R$ 50,00 R$ 32,08 Comprar 43,39%

13 CGRA4 18/08/2017 10% R$ 26,29 R$ 28,00 R$ 21,94 Comprar 19,83%

14 MDIA3 07/06/2019 5% R$ 40,55 R$ 40,00 R$ 37,52 Aguardar 8,05%

15 KLBN11 24/05/2019 5% R$ 20,47 R$ 17,00 R$ 14,72 Aguardar 39,06%

16 Renda Fixa 5%

* Informações atualizadas no dia 10.07.2020 às 18h00. Para ver a carteira completa e atualizada, acesse: https://membros.sunoresearch.com.br/carteira-recomendada-valor/
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Rentabilidade acumulada até junho de 2020. Fonte: Suno Research / Economatica

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RECOMENDAÇÕES ENCERRADAS *

Ativo Início Preço de entrada** Final Preço de saída Desempenho

WSON33 18/08/2017 R$ 31,65 21/12/2018 R$39,95 26,2%

SQIA3 20/10/2017 R$ 27,01 10/05/2019 R$40,30 49,2%

SMLS3 18/08/2017 R$ 57,52 13/12/2019 R$ 38,50 -33,07

ECOR3 23/02/2018 R$ 9,40 30/08/2019 R$ 12,40 32,0%

HAPV3 18/05/2018 R$ 29,16 10/01/2020 R$ 62,04 112,76%

COCE5 18/08/2017 R$ 46,19 19/06/2020 R$ 57,80 25,13%

B3SA3 01/06/2018 R$ 20,71 29/06/2020 R$ 53,45 158,09%

WATCHLIST **

Ticker Empresa Setor Preço atual (R$) Preço para possível entrada*

CSAN3 Cosan Diversificado R$ 74,40 Abaixo de R$ 55,00

FLRY3 Fleury Saúde R$ 25,44 Abaixo de R$ 17,00

GGBR4 Gerdau Metalúrgica R$ 16,10 Abaixo de R$ 12,50

RAPT4 Randon Bens Industriais R$ 11,20 Abaixo de R$ 7,50

SLCE3 SLC Agrícola Agricultura R$ 24,90 Abaixo de R$ 18,00

VIVA3 Vivara Bens de consumo R$ 22,22 Abaixo de R$ 17,50

*Os preços indicados não representam uma obrigação de recomendação ou indicação de compra, tendo em vista que as variáveis e as premissas podem ser modificadas.
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