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Frederico Lourenço
Sumário
Preambvlvm 11
Abreviaturas, sinais e convenções 13
Introdução à língua latina 17
Noções básicas de pronúncia 41
I. Morfologia
II. Sintaxe
Introdução ao estudo da sintaxe latina 253
Conjunções 275
Preposições 281
Sintaxe do acusativo 288
Sintaxe do dativo 295
Sintaxe do genitivo 301
Sintaxe do ablativo 309
Cōnsecūtiō temporum 316
Guia prático de orações subordinadas 321
Orações infinitivas 321
Orações finais 326
Orações consecutivas 328
Orações condicionais 330
Orações causais 334
Orações temporais 335
Orações concessivas 337
Orações comparativas 339
Orações relativas 340
Interrogativas diretas e indiretas 343
Ordens diretas e indiretas 347
Orações de quīn e quōminus; verbos que exprimem receio;
verbos impessoais 351
Particípios; gerúndio e gerundivo; supino 358
III. Varia
Numerais 367
Noções de fonética histórica do latim 371
Noções de métrica latina: poesia 383
Noções de métrica latina: prosa 407
Datas romanas 414
Abreviaturas romanas 430
Vocabulário essencial da língua latina 433
Antologia de textos 468
Agradecimentos 497
Bibliografia 499
Índice temático 503
Preambulum
Abreviaturas
abl. ablativo
acus. acusativo
CIL Corpus Inscriptionum Latinarum
dat. dativo
DELL Dictionnaire étymologique de la langue latine, Paris, 1959,
4.ª ed. revista e melhorada
f feminino
gen. genitivo
GL H. Keil, Grammatici Latini, Leipzig, 1855-1880, 8 vols.
ILS Inscriptiones Latinae Selectae
m masculino
n neutro
OLD Oxford Latin Dictionary, Oxford, 1982
p. pessoa
pl. plural
SCdB Senatus Consultum de Bacchanalibus (186 a.C.1)
sing. singular
1
Cf. Warmington, pp. 254-258.
14 Nova Gramática do Latim
Sinais
Convenções
1
Cf. Plutarco, Pompeio 60.2.
2
Cf. Clackson & Horrocks, p. 249.
3
Cf. Horácio, Epístolas 2.1.156-157.
20 Nova Gramática do Latim
por terras itálicas, no século VI a.C. Uma das inscrições gregas mais
antigas que se conhecem foi encontrada a 20 km da cidade fundada
por Rómulo4. Se aceitarmos a datação proposta pelos estudiosos
para essa breve inscrição grega num vaso fúnebre (770 a.C.), esta-
mos a falar de grego em Roma antes mesmo da data tradicional da
sua fundação (753 a.C.).
Quando, no século VI a.C., Pitágoras deixou a sua ilha de
Samos (perto da atual Turquia) para se estabelecer em Crotona,
no sul de Itália, teve uma experiência análoga ao português que
embarca num avião em Lisboa e aterra no Rio de Janeiro: atraves-
sou o mar, fez uma longa viagem, mas a língua falada na cidade
de chegada é a mesma da cidade donde partiu. Não sabemos até
que ponto Pitágoras terá viajado em Itália (toda a sua biografia é
mais ficção do que realidade), mas se o tivesse feito, se tivesse
saído da zona de Itália significativamente chamada Magna Grécia,
ter-se-ia deparado com populações itálicas que falavam várias
outras línguas: etrusco, osco, úmbrico, venético, piceno, mesá-
pico, volsco, marso... e latim. Eram línguas que, no século VI,
seriam tudo menos uniformes. Dentro de cada língua, haveria
oscilações gramaticais e lexicais. Se, na zona de Lanúvio, a palavra
latina para «testículos» era nebrundinēs, na zona de Preneste as
pessoas diziam nefrōnēs5. Em ambos os casos, Pitágoras teria reco-
nhecido a semelhança com a palavra grega para «rins», νεφροί.
Que os testículos fossem chamados por um nome que significa
outra coisa não teria feito impressão a Pitágoras, já que na
4
Supplementum Epigraphicum Graecum 42.899. Cf. Clackson & Horrocks, p. 39.
5
Esta informação é-nos transmitida pela síntese feita no século VIII d.C. por Paulo Diácono da
síntese feita no século II d.C. por Pompeio Festo do tratado sobre as palavras latinas composto
no século I a.C. por Vérrio Flaco, precetor dos netos de Augusto (cf. Adams 2007, p. 174). Como
se vê, a história da língua latina reconstrói-se muitas vezes por testemunhos surpreendentemente
indiretos.
Introdução à língua latina 21
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Para as dúvidas que se levantam sobre o fragmento de Empédocles onde se fala em «favas»
(κύαμοι), ver a p. 289 do comentário de R. Wright aos fragmentos do filósofo pré-socrático (Yale,
1981). Note-se que a semelhança entre a palavra normal para «testículos» (testēs) e a palavra
que significa «testemunhas» (testēs) é mais um exemplo do chamar os ditos por outra coisa,
e daria depois azo a jogos de palavras na comédia latina do século II a.C. que um comediógrafo
grego teria entendido perfeitamente: também o poeta cómico Platão (não confundir com o
filósofo) deu aos testículos o nome de «camaradas» (παραϲτάτηϲ, no dual παραϲτάτα).
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Falado antigamente não só no que é hoje a Toscânia (o etnónimo Tuscī significa, em latim,
«etruscos»), mas também noutras zonas itálicas, o etrusco é provavelmente uma língua proto-
-europeia, isto é, uma língua cuja origem é anterior à chegada de povos indo-europeus à
Península Itálica. Existem mais de 10 000 inscrições em etrusco, algumas delas encontradas em
territórios fora de Itália (desde as ilhas próximas, como a Sardenha e a Córsega, ao mar Negro).
Entre as palavras supostamente derivadas do etrusco que entraram nas línguas europeias através
do latim está uma que usamos todos os dias: «pessoa».