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Aluno: Luiz Claudio dos Santos Souza

METODOLOGIA CIENTÍFICA
AULA 1

Prof.ª Ana Paula Weinfurter Lima Coimbra de Oliveira


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Aluno: Luiz Claudio dos Santos Souza

CONVERSA INICIAL
Olá! Bem-vindo, hoje abordaremos as informações fundamentais para a
compreensão de como se realiza uma pesquisa científica. Os conhecimentos
conseguidos serão fundamentais para a compreensão da importância da
pesquisa, dos tipos de pesquisa existentes e do processo de elaboração de um
trabalho científico.
Nesta aula abordaremos os seguintes temas:
 Pesquisa científica;
 Evolução da pesquisa no Brasil;
 Classificação dos tipos de pesquisa;
 Pesquisa qualitativa;
 Pesquisa quantitativa.

Bons estudos!

CONTEXTUALIZANDO
A Metodologia Científica tem papel central na formação de estudantes em
diferentes áreas do conhecimento, uma vez que se presta a despertar nos
acadêmicos o interesse na busca por conhecimento e por respostas a seus
questionamentos científicos.
A palavra metodologia significa estudo do método. A palavra método tem
origem grega (methodos) e significa caminho, enquanto logia vem do grego
logos, que tem relação com discurso, estudo ou teoria. Dessa forma, a
metodologia seria o estudo do caminho a ser seguido para determinada
finalidade ou fim.
Os recursos científicos a serem utilizados em pesquisas nas diferentes
áreas do conhecimento são os mais diversos, dependendo das características
dos assuntos pesquisados. Ou seja, uma pesquisa elaborada para a colocação
de um novo medicamento no mercado será conduzida de forma bastante
diferente que uma pesquisa antropológica sobre o comportamento humano. No
entanto, apesar de suas diferenças, é necessário seguir uma padronização na
construção do texto, escolha do método e apresentação de resultados e
conclusões.

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TEMA 1 – PESQUISA CIENTÍFICA


Antes de falarmos de pesquisa, é necessário, primeiramente, entender o
que é ciência. Sabe-se que, ao privilegiar o uso da razão no lugar de suas
crenças religiosas e concepções pessoais, o homem passou a ser capaz de
alcançar respostas melhores e mais realistas para seus questionamentos.
De acordo com Lakatos e Marconi (2007, p. 80) ciência seria “um conjunto
de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos
fenômenos que se deseja estudar”.
Enquanto isso, com base na versão para consulta on-line do dicionário
Michaelis, ciência seria:

1 Conhecimento sistematizado como campo de estudo […].

2 Observação e classificação dos fatos inerentes a um determinado


grupo de fenômenos e formulação das leis gerais que o regem.

3 O saber adquirido pela leitura e meditação.

4 Soma dos conhecimentos práticos que servem a determinado fim.

5 Conjunto de conhecimentos humanos considerados no seu todo,


segundo sua natureza.

6 Sistema racional usado pelo ser humano para se relacionar com a


natureza a fim de obter resultados favoráveis.

7 Estudo focado em qualquer área do conhecimento.

8 Conjunto de conhecimentos teóricos e práticos canalizados para um


determinado ramo de atividade [...].

9 FILOS Ramo específico do conhecimento, caracterizado por seu


princípio empírico e lógico, com base em provas concretas, que
legitima sua validade.

É possível verificar algumas características que se repetem quando se


busca definir o que é ciência. Entre elas estão: a observação de fenômenos, as
tentativas de explicar situações e condições observáveis, o embasamento por
testes e provas, entre outras. Isso nos faz refletir que a ciência está intimamente
relacionada à busca pela resolução de problemas e situações, bem como à
busca pelo conhecimento e entendimento do funcionamento daquilo que existe
no mundo. Mas, para ser entendido como ciência, todo esse conhecimento
precisa ser conseguido com base em provas e resultados, ou seja, com
embasamento científico.
Assim, quando trabalhamos com o conhecimento e com a pesquisa
científica, é importante que saibamos separar nossos achados daquilo que é
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considerado como “senso comum”. O conhecimento de senso comum pode ser


definido como aquele que é conseguido pelo indivíduo com base no convívio e
na vivência de diversas situações com outras pessoas (Oliveira, 2011). Sendo
assim, os resultados de uma pesquisa devem permitir que sejam tiradas
conclusões com possibilidade de comprovação, independentemente daquilo que
já é amplamente aceito e que, mesmo sem existência real de problematização,
acaba sendo tomado pela população como algo válido (senso comum). Em
pesquisa científica também se deve evitar posição puramente ideológica, de
modo que toda a discussão deve estar baseada em história ou dados concretos,
muito embora seja característica própria da ciência a eterna “guerra” entre
diferentes paradigmas e essa disputa seja justamente o “combustível” de novas
descobertas.
O ponto de partida de uma pesquisa científica seria encontrar um
questionamento com base no qual se possa estabelecer um método para
obtenção de resultados e elaboração de uma discussão pautada em argumentos
e que seja capaz de levar a uma conclusão convincente sobre o referido
questionamento. Em outras palavras, o conhecimento científico surgiria com
base na escolha de um objeto de investigação específico e na determinação de
um método para condução dessa investigação.

TEMA 2 – EVOLUÇÃO DA PESQUISA NO BRASIL


Nos últimos anos, a pesquisa teve um aumento quantitativo importante no
Brasil, no entanto o impacto dessas pesquisas mundialmente, ou seja, seu
progresso qualitativo, não chegou a ser tão expressivo.
Entre 2007 e 2010 foi implantado no Brasil o Plano de Ação em Ciência,
Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional (PACTI). De acordo
com Rezende (2011), havia quatro estratégias norteadoras para esse plano:
1. Expansão e Consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e
Inovação;
2. Promoção da Inovação Tecnológica nas Empresas;
3. Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Áreas Estratégicas;
4. Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social.

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Ao realizar um balanço dos resultados obtidos com a implantação desse


plano, em 2010, foi possível perceber que houve uma série de melhorias no
campo científico. Entre as melhorias percebidas encontram-se: o aumento de
bolsas de estudo CNPq e CAPES, aumento nos recursos de financiamento para
pesquisa, bem como a ampliação de ações internacionais de cooperação no
campo de ciência e tecnologia. O PACTI também trouxe como benefício a
implantação da chamada Nova Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e o
estabelecimento de conexão de alta velocidade para todas as universidades e
instituições destinadas à pesquisa no Brasil.
Com isso, percebeu-se nos últimos anos um importante aumento no
quantitativo da produção científica e das publicações brasileiras. Sendo que,
segundo observação feita por Rezende (2011), nosso país detinha 2,69% da
produção científica mundial em 2009, o que já correspondia ao dobro do valor
levantado para o ano 2000.
Segundo dados publicados em uma reportagem do Jornal Folha de São
Paulo, em novembro de 2014, o Brasil subiu bastante no ranking mundial de
países com maior produção, indo da 24ª posição em 1993 para 17ª em 2003 e,
finalmente, para 13ª em 2013. E, ao levar em consideração as pesquisas na área
de medicina clínica, o Brasil deu um salto nos números de artigos publicados
que figuram entre os mais citados no mundo, passando de 14.324 artigos de
2003-2007 para 34.957 entre os anos de 2008-2012 (Leite, 2014). Esses dados
revelam uma melhora também do ponto de vista de qualidade das publicações
brasileiras nos últimos tempos.
Essa melhoria na qualidade das publicações mostrava-se não só como
algo necessário, mas essencial, tendo em vista que durante muito tempo o Brasil
fez parte da relação de países considerados como meros “consumidores de
inovação em Ciência e Tecnologia”, apoiado grandemente em pesquisa básica,
ficando atrás de países desenvolvidos e tecnologicamente mais avançados,
conhecidos como aqueles que pensam cientificamente e efetivamente inventam,
descobrem e produzem coisas novas.
Segundo dados de 2011 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (Capes), os programas de pós-graduação formaram no Brasil
de 2007 a 2010 um total de 140 mil portadores de títulos, sendo 100 mil mestres,
32 mil doutores e 8 mil mestres profissionais (Moritz et al., 2011).

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No entanto, ainda há muito a evoluir nesse sentido, pois os avanços da


ciência e da pesquisa não dependem apenas dos recursos financeiros que são
aplicados no setor e do número de pesquisadores envolvidos. Um país só se
torna efetivamente forte em produção científica a partir do momento em que sua
sociedade passa a ver na ciência e em suas descobertas algo realmente
essencial, algo que traz inúmeros benefícios e que, além do avanço tecnológico,
também é capaz de proporcionar soluções e melhoria na qualidade de vida de
toda a população.
Essa característica é muito bem ilustrada no texto dos professores que
compõem o Fórum de Reflexão Universitária da UNICAMP:

[...] a existência de ciência num país depende mais da visão do mundo


que sua sociedade possui, do que da fração do PIB aplicada na compra
de telescópios, espectrômetros, computadores, e outros equipamentos
necessários à pesquisa. [...] Ter uma sociedade com cultura científica
capaz de gerar conhecimento original não é o mesmo que ter alguns
poucos grandes cientistas. Com recursos expressivos aplicados de
forma continuada e um programa de formação de pesquisadores no
exterior, um país pode gerar, em pouco tempo, grupos de pesquisa
altamente qualificados, com alguns pesquisadores de nível
internacional capazes de obter importantes prêmios acadêmicos.
Entretanto, esses grupos estarão inteiramente desvinculados da
realidade social do país e terão poucas chances de fertilizar, com suas
descobertas, o sistema industrial e de serviços e gerar emprego e
renda. Têm-se hoje no mundo vários países nessas condições, países
cujos cientistas receberam até prêmios Nobel, mas cuja população
continua a viver majoritariamente na miséria e na ignorância. (FÓRUM
DE REFLEXÃO UNIVERSITÁRIA – UNICAMP)

E pensando nas perspectivas para o futuro, na visão de Moritz et al.


(2011), espera-se que até 2020 a pós-graduação brasileira já seja capaz de atuar
efetivamente como uma espécie de “consciência social ampliada” voltada para
os novos tempos e para dar condições a “aprendizagens significativas”. E tudo
isso deve ocorrer em um contexto em que os profissionais que atuam nessa área
da educação utilizem sua capacidade para aplicar práticas que contribuam para
uma qualificação consistente de pessoas que atuem de forma relevante em um
Brasil inovador e com visão de futuro.

TEMA 3 – CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE PESQUISA


Há mais de uma forma para classificação dos diferentes tipos de
pesquisas.

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Ao levarmos em consideração o nível de profundidade do estudo


realizado, as pesquisas podem ser classificadas em: pesquisa exploratória,
pesquisa descritiva e pesquisa explicativa.
Quando classificamos as pesquisas de acordo com os procedimentos
utilizados para obtenção dos dados ou informações que as embasam, podemos
separá-las basicamente em dois grupos. Há um grupo de pesquisas cujas fontes
de dados/informações são bibliográficas ou documentais, e outro grupo em que
predominam as fontes de dados/informações fornecidos por pessoas ou obtidos
por meio de medições e determinações. Nesse último grupo figuram os estudos
chamados experimentais, estudos de caso, caso-controle, levantamentos e
demais estudos com pesquisa de campo.
Vamos olhar mais de perto quais seriam as características dos diferentes
tipos de pesquisa, classificados de acordo com a profundidade do estudo.

Tabela 1 – Características dos diferentes tipos de pesquisa

Exploratória Descritiva Explicativa


Objetivo: tornar Objetivo: realizar uma Objetivo: determinar ou
determinado objeto de análise ou correlação identificar quais são os
estudo mais familiar. entre variáveis, sendo fatores que causam ou
Obter mais informações que tais variáveis dizem que contribuem para a
sobre certo assunto respeito a fatos ou ocorrência dos
fenômenos. fenômenos que se
busca estudar.
Problema de pesquisa: Problema de pesquisa: Problema de pesquisa:
em geral não tem focado na investigação, em geral esses estudos
relação entre variáveis. sem interferência direta não se limitam à
Costuma-se ter uma do pesquisador, da descrição de fatos ou
única variável, com frequência de fenômenos,
relação a qual são determinado fato ou concentrando-se nas
obtidas informações. fenômeno, explicações das causas
estabelecendo suas e das relações de tais
características e sua fatos/fenômenos com
relação com outros outros fatores.
fatores.

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Planejamento ou Planejamento e Planejamento e


estrutura: é flexível, de estrutura: pode ser estrutura: as pesquisas
modo que pode se estruturada como um explicativas são
constituir em uma levantamento, um estruturadas como
revisão bibliográfica ou estudo de caso ou estudos tipo caso-
documental, um mesmo outro tipo de controle ou como
levantamento de dados, pesquisa. O importante pesquisas
um estudo de caso ou é que o trabalho experimentais.
até mesmo outros tipos estabeleça
de pesquisa. relação/correlação entre
pelo menos duas
variáveis.
Instrumentos de Instrumentos de Instrumentos de
pesquisa: entrevistas, pesquisa: questionários, pesquisa: população ou
formulários, avaliações formulários de pesquisa, amostra.
clínicas, de entrevistas, fichas de
comportamento, de registro de observações.
situação entre outros.

As pesquisas científicas também podem ser classificadas levando em


consideração diferentes características, conforme demonstrado na tabela a
seguir.

Tabela 2 – Classificação de pesquisa científicas


Classificação Tipos de pesquisa
Quanto à finalidade Pesquisa básica ou fundamental
Pesquisa aplicada ou tecnológica
Quanto à natureza Pesquisa observacional
Pesquisa experimental
Quanto à forma de abordagem Pesquisa qualitativa
Pesquisa quantitativa:
 descritiva
 analítica
Quanto aos objetivos Pesquisa exploratória
Pesquisa explicativa

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Quanto aos procedimentos técnicos Pesquisa bibliográfica


Pesquisa documental
Pesquisa de laboratório
Pesquisa de campo
Quanto ao desenvolvimento no tempo Pesquisa transversal
Pesquisa longitudinal
Pesquisa prospectiva
Pesquisa retrospectiva
Fonte: Fontelles et al, 2009.

TEMA 4 – PESQUISA QUALITATIVA


Os métodos qualitativos de pesquisa permitem que seja estudado, com
maior profundidade, o contexto de ocorrência de determinado fenômeno, além
de possibilitarem a observação de vários aspectos em uma pequena população
de estudo.
A principal preocupação em pesquisas qualitativas é a real aproximação
com o objeto de estudo, por meio, por exemplo, do levantamento de dados, de
características e comportamentos em um grupo de indivíduos, procurando
trabalhar esses dados na busca por seu significado. Desse modo, não há
preocupação efetiva em medir determinado fenômeno, sobretudo em grandes
populações, mas sim em entender o contexto em que certo fenômeno acontece
ou suas razões de ocorrência.
Também é possível dizer que a pesquisa qualitativa é adequada para
investigações em que se busca entender um fenômeno específico. Para isso,
utiliza-se de interpretações, comparações e descrições de modo a compreender
sua essência, inter-relações com outros fenômenos e até mesmo inferir algumas
consequências sem, em geral, preocupar-se com quantificação e amostragem.
É comum em pesquisas qualitativas que os sujeitos ou objetos de
pesquisa sejam selecionados com certa “intencionalidade”, ou seja, estes não
são escolhidos de modo aleatório, mas sim levando em consideração alguns
critérios preestabelecidos e que têm relação direta com os objetivos do estudo.
Além disso, também é possível levar em consideração a comodidade no contato
com os indivíduos, a disponibilidade ou mesmo a importância destes para o

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embasamento e esclarecimento do tema e da hipótese propostos (Oliveira,


2011).
Como técnicas para coleta de dados, costumam-se utilizar: observações
diretas ou participantes, entrevistas com profundidade, elaboração de redes de
relações e entrevistas em grupo (Víctora et al, 2000).
De acordo com Oliveira (2011), nesse tipo de pesquisa a configuração é
baseada em cinco características principais:
1. Ambiente natural: o pesquisador costuma fazer trabalho intensivo de
campo, mantendo, dessa forma, um contato mais prolongado com o
ambiente e com o objeto de estudo. Assim, o ambiente natural é usado
como fonte direta de dados, e o pesquisador funciona como principal
instrumento.
2. Dados descritivos: os dados apresentados nessas pesquisas são
predominantemente descritivos, e estas são ricas em descrições tanto de
pessoas quanto de acontecimentos ou situações, além de fotografias,
desenhos etc.
3. Preocupação com o processo: o principal intuito do pesquisador é estudar
como determinado problema (levantado como problema de pesquisa) se
relaciona com o cotidiano e como este se manifesta em atividades e
procedimentos. Dessa forma, a preocupação com o processo é muito
maior que com o produto.
4. Preocupação com o significado: nos estudos qualitativos há preocupação
em captar a perspectiva dos participantes, ou seja, busca-se verificar o
significado que os participantes dão àquelas questões que estão sendo
abordadas.
5. Processo de análise indutivo: não constitui uma preocupação buscar,
antes do início das pesquisas, evidências que realmente comprovem as
hipóteses levantadas. Os resultados baseiam-se na consolidação de
discussões por meio da avaliação dos dados em um processo “de baixo
para cima”, por processo de análise indutivo.

Em resumo, segundo Oliveira (2011, p. 24), a pesquisa qualitativa ou


naturalista “ (...) envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato
direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que
o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes. Entre as

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várias formas que pode assumir uma pesquisa qualitativa, destacam-se a


pesquisa do tipo etnográfico e o estudo de caso.”

Um exemplo que nos ajuda a visualizar essa correlação pode ser


encontrado na pesquisa realizada por Gonçalves (1998), que trata da
questão da adesão ao tratamento para tuberculose em Pelotas, RS.
Tendo como pressuposto que cultura de um grupo afeta as suas
decisões sobre saúde, doença, medicalização, cura e morte, a
pesquisadora constrói uma problemática de pesquisa que enfoca
aspectos da cultura de um grupo de pessoas vinculadas ao Programa
de Controle da Tuberculose - PCT - promovido pelo Ministério da
Saúde e suas relações com a adesão ou não ao tratamento da doença.
Gonçalves, partindo de pressupostos antropológicos relativos à forma
de inserção no mundo cultural, opta por uma metodologia qualitativa
de pesquisa que permite maior penetração do pesquisador no mundo
dos pesquisados, obtendo assim dados que não se limitavam ao
seguimento ou ao abandono formal conforme o cadastro do PCT, mas
a um intrincado processo de aproximações e distanciamentos do
tratamento para tuberculose a partir de diferenças de gênero, idade,
expectativas e trajetórias sociais dos pacientes, entre outras coisas.
Fica evidente nessa pesquisa que o dado relativo às formas diferentes
de adesão ao tratamento só se constitui como evidência na medida em
que se pressupõe que os "pacientes" são, acima de tudo, "agentes",
os quais podem fazer, e de fato fazem, uso diferenciado do tratamento
proposto. (Victora, et al, 2000)

Uma das principais limitações das pesquisas qualitativas vem do fato de


demandar um longo período de dedicação para permitir a realização de um
trabalho com profundidade e bastante detalhado. Outra limitação seria a
importância da experiência do pesquisador em campo, tendo em vista que em
geral esse tipo de pesquisa não se baseia apenas na simples realização de uma
entrevista. Desse modo, não costuma ser viável realizar essas pesquisas com
um grande número de indivíduos ou com amostras grandes, o que acaba por
inviabilizar certas generalizações na discussão dos resultados.

TEMA 5 – PESQUISA QUANTITATIVA


Nas pesquisas quantitativas, trabalha-se com variáveis, e os dados são
expressos numericamente, empregando-se a quantificação tanto no momento
de coleta das informações quanto no momento de sua análise. Para análise dos
dados, são utilizados métodos ou regras estatísticas, entre eles médias,
coeficientes de correlação, regressões etc. Em geral busca-se caracterizar as
variáveis do ponto de vista de sua dispersão ou tendência central, ou verificar
sua frequência.
Nesse tipo de pesquisa busca-se a validação de hipóteses por meio do
uso de dados estruturados e da análise de um número grande de casos

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(indivíduos, produtos etc.) que sejam representativos e que permitam, assim, um


curso final de ação (Oliveira, 2011).
Tendo em vista sua característica de análise, é possível conseguir maior
precisão e, dessa forma, seus resultados permitem quantificação, utilização no
planejamento de ações coletivas e na generalização de resultados da amostra,
sobretudo quando essa amostra selecionada para estudo é representativa do
todo.
A determinação do tamanho da amostra e de sua composição para uso
em pesquisas quantitativas utiliza ferramentas da estatística. Essa composição
deve ser muito bem delimitada caso se pretenda, ao final da pesquisa, inferir
soluções ou aplicações para a população de dados como um todo, ou seja, deve-
se fazer a composição da amostra pressupondo que as determinações
realizadas para um grupo determinado sejam capazes de representar a
totalidade.
Em estudos populacionais, pode-se trabalhar com amostragens do tipo
aleatória ou estratificada, sendo essas técnicas mais comuns em estudos de
coorte, prevalência ou caso-controle (Víctora et al, 2000).
A forma mais comum de coleta de dados em pesquisas quantitativas é a
aplicação de questionários, compostos em geral por questões fechadas com
opções de resposta já previamente determinadas pelo pesquisador. Entre as
limitações desse tipo de técnica de coleta de dados, podemos citar a ocorrência
de possíveis mal-entendidos na escolha das opções de resposta. Isso pode
ocorrer devido ao contato breve do pesquisador com o entrevistado e o fato de
não haver possibilidade de resposta diferente daquelas já previamente
estabelecidas durante a construção do instrumento de coleta. No entanto, essa
limitação pode ser corrigida ao realizar a aplicação desse questionário em um
estudo ou projeto-piloto para uma população aleatória, com o objetivo de verificar
antecipadamente a necessidade de ajustes no instrumento antes da sua
aplicação à população do estudo.
As pesquisas quantitativas podem ser divididas em dois grupos, com base
na complexidade de análise e de apresentação dos resultados (Fontelles et al.,
2009):
1. Pesquisa descritiva: nas pesquisas quantitativas do tipo descritiva, a
forma de condução do estudo pelo pesquisador, em geral, não permite
testes de hipóteses com base nos dados levantados. O objetivo do estudo

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costuma ser a obtenção de uma descrição do fato, da característica ou da


população em si. Dessa forma, as hipóteses podem ser levantadas
posteriormente, pois a pesquisa descritiva não visa inicialmente avaliar o
mérito, mas sim descrever as características de algo que ocorre em
determinada amostra ou população.
2. Pesquisa analítica: esse tipo de pesquisa quantitativa busca explicar o
contexto de ocorrência de um fenômeno em uma amostra ou grupo.
Sendo assim, pode ser considerada mais complexa que a pesquisa
descritiva. As pesquisas analíticas demandam uma avaliação mais
aprofundada, pois buscam determinar uma relação entre causa e efeito
de determinado fenômeno.

Mas, em síntese, a principal diferença entre estudos analíticos e


descritivos reside no fato de os estudos analíticos permitirem a realização de
predições com relação à população da qual faz parte a amostra estudada, além
da possibilidade de aplicação de testes de hipótese.

FINALIZANDO
Analisando tudo que foi abordado a respeito da pesquisa científica, é
possível verificar que a escolha da metodologia a ser utilizada para obtenção dos
dados ou informações deve estar intimamente atrelada aos objetivos e ao objeto
de pesquisa. Em outras palavras, dependendo do objetivo a que se presta
determinado estudo e dependendo também do objeto (aquilo que se pretende
estudar), um tipo de pesquisa dará melhores resultados do que outro. Ou seja,
dependendo do tipo de abordagem escolhida, você será ou não capaz de chegar
a resultados que realmente atendem aos objetivos propostos e que permitem
responder às hipóteses levantadas.
Apesar de terem sido abordadas separadamente nesta aula, há
momentos em que, dependendo dos resultados que se busca, pode haver
inclusive a necessidade de combinação de técnicas qualitativas e quantitativas
em uma mesma pesquisa. Pois é possível encarar as abordagens qualitativas e
quantitativas como complementares, em vez de concorrentes.

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REFERÊNCIAS
CIÊNCIA. Dicionário Michaelis on-line. Disponível em:
<http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
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LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia


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LEITE, M. Em 20 anos, país vai de 24º a 13º em ranking de pesquisa. Folha de


São Paulo, São Paulo, 1º nov. 2014. Caderno Ciência. Disponível em:
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OLIVEIRA, M. F. de. Metodologia científica: um manual para a realização de


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VICTORA, C. G. et al. Metodologias qualitativa e quantitativa. In: _____. Pesquisa


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