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ESCOLA DE ARTES

Departamento de Música

Licenciatura em Música – vertente Piano Clássico


Professora Doutora Ana Telles

Edvard Grieg – Vida e Obra

Alexandre Gouveia
Nº40530
Edvard Grieg nasceu a 15 de Junho de 1843 em Bergen, na Noruega.
Demonstrou, desde tenra idade, interesse pela música no geral, pelo piano em
particular e foi pelas mãos daquela que era considerada a melhor professora de piano da
cidade de Bergen, Gesine Hagerup, sua mãe, que iniciou o estudo do instrumento. Para
Kennedy (2011) Grieg era um jovem privilegiado por ter essa oportunidade. (p.7)
Acerca de Genise e das competências musicais que demonstrou desde cedo,
Jordan (2003) explica ainda que esta teve oportunidades que não eram concedidas
naquele tempo a todas as mulheres, como o facto de poder continuar os seus estudos
fora de Bergen. (p.2)
Como explica Jordan (2003), Grieg, além de ter adquirido competências
musicais durante a sua formação com Genise, ficou também marcado pela sua ética de
trabalho. (p.2) Tal pode ser lido na carta escrita a um amigo, onde o músico afirma que
“é preciso energia, e trabalharei até as minhas costas quebrarem. Eu tenho isso da minha
mãe, minha nobre mãe1”. (p.2)
Após terminar os seus estudos na Noruega, Grieg ingressou no Conservatório de
Leipzig onde estudou com os mais conceituados professores – Louis Plaidy, Ernst
Ferdinand Wenzel, Ignaz Moscheles, Ernst Friedrich Richter, Robert Papperitz, Moritz
Hauptmann e Carl Reinecke. Cada um deles desafiava-o de diferentes maneiras.
Kennedy (2011) explica de forma sucinta o que Grieg pôde reter da convivência
com os pedagogos acima citados. Começa por referir que Plaidy transmitiu a Grieg o
valor do trabalho duro, mas que o pianista optou por escolher como professor Ernst
Ferdinand Wenzel, amigo pessoal de Robert Schumann, que por sua vez lhe ensinou a
apreciar a arte da interpretação. (p.9). O mesmo autor continua, explicando que
posteriormente Grieg aprendeu com Richter o valor das regras da música. Já Reinecke,
diretor da sala de Concertos Gewandthaus, inspirou-o a explorar várias formas de
escrita, como quartetos para cordas, aberturas e obras mais extensas. (p.9)
Apesar de inicialmente se identificar com as composições e escrita de R.
Schumann, A. Mozart, L. Beethoven e F. Mendelssohn, Grieg acabou por desenvolver o
seu próprio estilo.

1
Tradução realizada pelo autor de “here energy is what's needed, and I shall work till my back breaks. I
have that from my mother, my noble mother” (Jordan, R., 2003, p.2).
Antes de concluir os seus estudos no Conservatório de Leipzig, atuou na
Gewandthaus, onde apresentou a sua obra Quatro peças para Piano, publicada
posteriormente como Opus 1. (Kennedy, L. 2011, p.9)
No ano seguinte, permaneceu em Copenhaga durante um tempo considerável,
criando laços com pintores, poetas e outros músicos conhecidos por toda a Europa.
Foi nesta cidade da Dinamarca que se apaixonou por Nina Hagerup, sua prima e
futura mulher. Os pais de Nina desaprovavam fortemente a união entre ambos, alegando
que a ocupação de Grieg não oferecia à sua filha uma vida estável e até que este
“escrevia música que ninguém queria ouvir.2” (Kennedy, L. 2011, p.10). Após um ano
de espera, o casal obteve a aprovação dos pais de Nina para a realização do casamento.
À medida que a sua popularidade aumentava, Grieg procurava encontrar lugares
“imperturbáveis” onde pudesse compor. Em 1877, em Hardanger, no oeste da Noruega,
planeou construir uma cabana, com o propósito de se distanciar das grandes cidades.
Neste espaço característico, passava horas a fio a escrever melodias durante os meses de
inverno.
Grieg sempre teve uma forte crença em Deus e na sua omnipotência. Em 1888,
após uma visita a Liverpool, apercebeu-se que as suas crenças estavam mais associadas
ao Unitarismo. Tais características do seu relacionamento com Deus, notam-se
presentes nas obras compostas ao longo da sua carreira.
Um ano antes de se mudar para Kristiania – atualmente Oslo, capital da Noruega
– colaborou com Henrik Ibsen para concluir Peer Gynt Suite. Ibsen havia já criado Peer
Gynt sob a forma de poema dramático, em 5 (cinco) atos, publicada em fevereiro de
1867. Apesar da data de publicação, a Suite só foi apresentada ao público 10 (dez) anos
mais tarde, em 1877, desta feita, musicada por Grieg. O convite para escrever a música
de cena para uma versão teatral da obra, foi feito por H. Ibsen, numa carta dirigida ao
compositor a 23 de Janeiro de 1874. (Almeida, P., 2016)
Nos seus diários, Grieg costumava escrever em relação às peças de outros
músicos e compositores que ouvira pela primeira vez. Numa das páginas destes diários
pode ler-se acerca de Liszt, onde Grieg exprimia que as peças deste compositor eram
“uma triste prova do declínio da nova música alemã 3”. Esta opinião alterou-se quando

2
Tradução de “he writes music that nobody wants to hear.” (Kennedy, L. 2011, p.10)
teve a oportunidade de tocar para Liszt algumas das suas composições. Liszt adjetivou-o
como sendo “incomparável na esfera da arte”.
Nos últimos anos de vida, Grieg passou grande parte do seu tempo em digressão
pela Europa e as suas performances foram extremamente bem aceites por parte do
público em geral. O seu estilo expressivo e profundamente romântico, representam a
essência da musica norueguesa e por isso era considerado “o mais nacional entre os
compositores nacionais, o verdadeiro Messias da música Norueguesa” (Benestad, F.,
2001, p. 96).
Em 1905, surgem sérios problemas de saúde que o levam à incapacidade de
continuar a vida que era habitual. Edvard Grieg morre a 4 de setembro de 1907.

Referências Bibliográficas
Jordan, R. (2003). Eduard Grieg: between two words. Tese apresentada à McMaster
Universiity para a obtenção do grau de Mestre em Artes. Hamilton.
Kennedy, L. (2011). The Life and Works of Edvard Grieg. Tese apresentada à Utah
State University para a obtenção de Licenciatura em Performance Vocal. Logan.
Benestad, F., & Halverson, W. H. (2001). Edvard Grieg: Diaries, Articles, Speeches.
Almeida, P. (2016). Suite nº 1, op.46 de Peer Gynt. Casa da Música. Acedido em 2020,
Abril, 17. https://www.casadamusica.com/pt/artistas-e-obras/obras/s/suite-n
%C2%BA-1-op46-de-peer-gynt-edvard-grieg/#tab=0

3
Tradução de “sad proof of the decline of newer German music” (Kennedy, L. 2011, p.14)

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