Você está na página 1de 2

7.5.

5 – Ensaio brasileiro

Na cidade do Rio de Janeiro em 1943 estava sendo construída a Avenida Presidente


Vargas. No trajeto da avenida em construção estava a igreja de São Pedro dos Clérigos,
que possuía importância histórica e arquitetônica. Para evitar a demolição da igreja foi
proposta a ideia de fazer um reforço da fundação da igreja e realizar seu transporte para
outro local. A movimentação seria realizada sobre de cilindros de concreto. Para conhecer
a resistência dos cilindros de concreto o Engenheiro Fernando Luiz Lobo Barboza
Carneiro realizou ensaios carregando em uma prensa os cilindros ao longo do fuste. Para
surpresa na época os cilindros romperam por uma fratura de tração que ocorre paralela ao
eixo de aplicação da carga. Como a carga de ruptura era menor que a esperada não foi
resolvido o problema de transporte da igreja, entretanto, um novo método para
determinação da resistência a tração do concreto foi criado (THOMAZ, 2019).

Fernando Luiz Lobo Barboza Carneiro publicou o novo método de determinação da


resistência a tração do concreto em uma reunião da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) em setembro de 1943. O ensaio foi divulgado internacionalmente no
International Meeting of Testing Laboratories, fundação da RILEM (Réunion
Internationale des Laboratoires et Experts des Matériaux, systèmes de construction et
ouvrages), em junho de 1947 (ROCHA & WAHRHAFTIG, 2016). O ensaio passou a ser
aceito em 1962 pela ASTM (American Society for Testing Materials), sendo chamado de
“brazilian test” (THOMAZ, 2019).

O ensaio brasileiro é também referido como ensaio de compressão diametral.

No ensaio brasileiro um cilindro é solicitado em posições diametralmente opostas ao


longo do fuste (Figura 7.22). No centro do corpo de prova na direção normal ao eixo da
aplicação da carga ocorrem esforços de tração. O cilindro entra em colapso pela
propagação de uma fratura que surge a partir do centro do corpo de prova. A resistência
a tração é obtida pela expressão:

2P
 tb = (7.40)
 d t

Os resultados do ensaio brasileiro variam de uma a dez vezes o valor obtido nos ensaios
de tração simples (  tb = (1 a 10)  t ).
P

P
t 
1=33
t=3
−t t 
Figura 7.22 – Ensaio brasileiro.

Um método para determinação das constantes elásticas com os resultados do ensaio


brasileiro é discutido em CELESTINO & BORTOLUCCI (1998).

A área de contato do carregamento é um parâmetro importante para a interpretação do


ensaio. A ISRM (1978b) na sugestão de métodos para determinação de resistência a
tração recomenda que o ensaio brasileiro seja realizado em um aparato representado na
Figura 7.23.

Figura 7.23 – Aparato para o ensaio brasileiro (ISRM, 1978b).

Você também pode gostar