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ECOFENOMENOLOGIA: TÉCNICA E ÉTICA

Aline Seabra Beato


Anne Louise Lockley
Erick Linhares de Holanda
Graziele Aparecida da Silva
Marília Netz Bento

HANS JONAS E O PRINCÍPIO VIDA

“Uma filosofia da vida tem como objeto a filosofia do organismo e a filosofia do


espírito”, assim Hans Jonas inicia a apresentação de sua tese em O princípio vida:
fundamentos para uma biologia filosófica (JONAS, 2004). A partir dessa afirmação, o
filósofo apresenta seu trabalho em prol do rompimento com o dualismo entre matéria e
espírito, com a ideia dessas duas como entidades separadas e que acarreta equívocos na
interpretação da vida, não apenas no sentido filosófico, mas também científico.

Jonas introduz, então, a noção de uma prefiguração espiritual no orgânico mesmo em


suas estruturas mais primitivas ao passo que, mesmo nas dimensões mais elevadas, o
espiritual permanece parte do orgânico. Esse argumento evidencia a necessidade de uma
filosofia que supere o lapso não só do dualismo, mas também dos movimentos pós-dualistas
(tanto o monismo idealista quanto o materialista). Somente superando essas concepções,
defende Jonas, seria possível uma compreensão integral do fenômeno da vida. Sua defesa é,
portanto, de uma filosofia que articule a dualidade. Isto é, Jonas não nega a duplicidade entre
materialidade e espiritualidade para interpretação da vida, contudo, também não se deixa
recair em uma explicação dualista.

Se, por um lado, a modernidade buscou a superação do dualismo a partir do que Jonas
denominou de “produtos da dissolução do dualismo”, os supracitados materialismo e
idealismo, estes também não foram capazes de compreender a complexidade do fenômeno da
vida. Enquanto o materialismo fracassa ao não explicar a consciência, o idealismo não é capaz
de alcançar a coisa-em-si. Desse modo, a partir de ambos monismos parciais, a questão
ontológica da vida permanece desconhecida. A solução para esses equívocos, sugere Jonas,
seria a formação de um monismo integral, o qual possibilite o reconhecimento da vida como
uma unidade psicofísica. Assim, tanto a concepção materialista quanto a idealista são válidas,
contudo, são também inseparáveis.
Ao tematizar a vida como um problema filosófico, Jonas desenvolve o pensamento de
uma biologia filosófica, na qual a pergunta pelo ser se trata de uma pergunta sobre o ser vivo.
E é dessa posição que se recorre à técnica como possibilitadora da manutenção da existência
enquanto ser orgânico. A partir disso, o autor faz sua proposta de ética para a civilização
biotecnológica.

SOBRE A QUESTÃO DA TÉCNICA - Aproximações e distanciamentos em Hans Jonas e


Martin Heidegger

Dado que a técnica é hoje característica do modo de existência na contemporaneidade


torna-se também um objeto de estudo da filosofia. Hans Jonas (2013) em sua obra “Técnica
Medicina e Ética: Sobre a Prática do Princípio Responsabilidade”, no primeiro capítulo
explana sobre a necessidade de analisar a técnica de forma descritiva com a finalidade de
compreender os seus aspectos parciais de maneira filosófica e interpretá-la pela análise de
conjunto. (JONAS, 2013, p. 14) O autor dividiu três importantes temas para o estudo da
técnica sendo: a “forma, o conteúdo e a responsabilidade”. A dinâmica “formal” referente à
forma, trata as leis de movimento próprias da tecnologia, a “substancial” refere-se à ação
humana abarcando os objetivos e as atuações prescritas pela técnica, e a terceira a
“responsabilidade ética”.

O autor Martin Heidegger (2008, p. 11) trata a questão da técnica em seu principal
texto na obra: “Ensaios e conferências”, no capítulo três fazendo o uso do caminho do
pensamento e questionando o objeto para pensar num modo de relação de possível liberdade
com a técnica e, também apresenta uma distinção importante pois, compreende que a técnica
e a essência da técnica não tratam da mesma coisa. Desse modo é notável certa falha ao se
pautar na relação com as coisas das técnicas (maquinação, ferramenta, instrumento e
utensílio...) para tentar compreender a vigência da técnica, sendo evidente a importância de
pensar na técnica além de seu significado.

Para Jonas (2013, p. 15) também é fundamental distinguir do que se trata a técnica que
é colocada como um processo e a tecnologia que é colocada como um estado, considerando
que na pré-modernidade a técnica aparecia através do uso de ferramentas com finalidade de
fabricação, repetição, produção e busca de melhorias nos recursos existentes para um
equilíbrio estático que chegava ao ponto de saturação, diferente do que vemos no
contemporâneo onde a saturação não é alcançada.
A técnica moderna colocada por Jonas (2013, p.16) diverge da técnica na
pré-modernidade, sendo justamente esse ponto de divergência o que torna essa questão de
caráter filosófico. Para Heidegger (2008, p. 16) também se mostra de grande importância
estudar o sentido originário do fenômeno “técnica” para filosofia, pensando na sua essência e
não superficialmente na sua utilidade.

Na técnica pré-moderna analisada por Jonas (2013, p.16) torna-se perceptível o ponto
de saturação das coisas em virtude da “adequação dos meios às finalidades já colocadas”, na
técnica moderna não se pode dizer o mesmo pois, ela não tem o reconhecimento de seus
limites. Em caso de sucesso busca-se qualquer direção, acaba obscurecendo os objetivos
fundamentais, é diluída segundo o autor. Também é vista a diferença entre a contemplação
como a causa de algo, e a característica inovadora que não pensa a respeito das direções que
tomarão esse modo técnico, quem dirá contemplá-lo.

A inovação técnica é outro ponto que diverge em relação a técnica pré-moderna e a


técnica moderna, assim é visto que na segunda a comunidade tecnológica deixa difundir
rapidamente as inovações que surgem, sua velocidade é marcante e logo algo o substitui; o
seu alcance é universal o que coopera com a diluição rápida e a ameaça pela concorrência.
(JONAS, 2013, p. 16)

Conforme o pensamento de Heidegger (2008, p. 18) através desse percurso da técnica


como maneira de desencobrimento, se compreende semelhante ao termo grego “techné” que
revela o sentido poético na produção. Conforme retoma Aristóteles, “techné” revela o
desencobrimento a partir do que não se produz a si mesmo, podendo apresentar-se e sair,
assim é no próprio desencobrimento da verdade que a “techné” acontece e não
necessariamente no que produz.

A relação entre meios e fins também é questão importante em relação à técnica


moderna para Jonas (2013, p. 17) pois essa é vista pelo autor como circular e dialética. Assim,
devido a invenção técnica qualquer coisa se transforma em necessidade sempre buscando
aperfeiçoar os meios para sua realização tornando evidente que a tecnologia inclui as coisas
desejadas e necessitadas pelos humanos, multiplicando também suas demandas.

Analisando esses pontos colocados pelos autores para pensarmos o estudo filosófico
da técnica moderna, sua “evolução”, “inovação" e seu “progresso” é importante perceber que
essa não aparece como uma opção em virtude do desejo do ser humano, mas de uma
prescrição imposta incansavelmente pela própria técnica.

Outra questão comum que aproxima Hans e Heidegger (2008, p. 21) é que o segundo
percebe a técnica moderna como desencobrimento regido pela exploração das coisas, da
natureza, dos recursos naturais, dos entes no geral, com a finalidade da segurança e controle,
bem como, colocando o homem em uma relação fundamentada na “disponibilidade” vista na
medida em que ocorre o desencobrimento. Considerando Jonas (2013, p.18) que discorre no
tópico sua obra “Explicação Causal: Coações e impulsos ao progresso técnico” sobre a
dinâmica do progresso da tecnologia e o que está implicado nessa suposta evolução, como a
concorrência, o aumento populacional e também questões como o fim dos recursos naturais.

O termo em alemão “Gestell” é usado por Heidegger (2008, p.23) para estudar a
técnica, que pode ser traduzido por "composição", caráter que viabiliza a relação do homem
com o que se desencobre a partir da disponibilidade na técnica. Longe de chegar em uma
resposta a respeito da técnica e de corresponder a sua essência, o autor pensa ser necessário
olhar a relação de composição que demonstra o modo de desencobrimento a partir da
disponibilidade característico do modo de ser na técnica. O desafio é se aproximar dessa
relação de composição e de possíveis considerações levando em conta o aparecimento tardio
das implicações dessa relação, apesar do questionamento a respeito desse tipo de relação ser
anterior às implicações da composição que vige e vigora. (HEIDEGGER, 2008, p. 27)

Segundo o autor, o caminho com vista a essência da técnica se mostra em duas


possibilidades considerando o destino e interpretações fundamentadas em causa e efeito,
como a metafísica e Deus; a possibilidade de caminhar e seguir favorecendo o desencobrir na
disposição e tirar seus parâmetros e medidas, ou a possibilidade de empenhar-se a priori num
modo mais originário pela essência do que se desencobre/desencobrimento em busca de
assumir como sua, de dar pertencimento a essência do próprio
desencobrimento.(HEIDEGGER, 2008, p. 29)

Jonas (2013, p. 19) também coloca a importância do estudo ontológico da relação do


ser com a técnica, a inovação, a característica da técnica moderna como principal fundamento
da técnica pela inter-relação entre a técnica e a ciência. Assim na modernidade técnica o
objeto de estudo aparece mais rico em relação aos seus modos de funcionamento, sem limites
a serem respeitados, diferente do que foi visto na mecânica clássica.
Sobre a relação da técnica e da ciência o autor coloca a necessidade da segunda
estabelecer uma relação de dependência em relação à primeira como ferramenta que serve a
tecnologia. (JONAS, 2013, p. 21) Ambas avançam em virtude da busca pela inovação
incessante para atender a técnica, e se constrói culturalmente doente pois, se fundamenta num
hipotético futuro da ciência e da natureza das coisas podendo cair na rigidez, na ortodoxia não
buscando a via da verdade apenas impulsionado pela técnica. (JONAS, 2013, p. 21)

Conforme o autor levanta na análise formal da tecnologia descrita percebe-se o papel


da questão da utilidade que torna problemática a questão do ócio para o ser humano. A partir
do instante que o ócio deixa de ter um olhar contemplativo e passa a se tornar o trabalho de
exploração da ciência, passa a ser uma imposição no espaço vazio para o qual julga-se
encontrar um conteúdo para seu preenchimento. A ciência apropria-se dessas questões
comuns através da “teoria” a serviço dos desejos do humano. (JONAS, 2013, p. 22)

No tópico: “O Conteúdo Material da Tecnologia” o autor passa a analisar


concretamente as possíveis formas de poder que o homem moderno recebe da técnica. Assim
(Galileu, apud JONAS, 2013, p.22) considera que uma ciência está madura para sua aplicação
à tecnologia quando nela a “via resolutiva” – a análise – está tão avançada quanto a “via
compositiva” – a síntese. Um exemplo atual é a biologia molecular e a construtibilidade de
formações biológicas.

Para Heidegger (2008, p.30) a configuração do destino se dá a partir do modo da


composição e a partir da disponibilidade como modo de relação do homem com o mundo na
técnica. O autor retoma Heseinberg: “O homem se ilude na mensuração e busca de controle
das coisas e caminha cada vez mais distante de sua essência.” Para demonstrar a importância
em se atentar a maneira de olhar a composição da técnica, pois a perspectiva utensiliar e
instrumental na relação com a técnica a torna distante de sua essência. (HEIDEGGER, 2008,
p.35)

Considerando os períodos históricos da revolução tecnológica, Jonas (2013, p. 23)


trouxe o conceito da mecânica como algo importante no período da revolução industrial
devido ao grande uso do maquinário que substituiu o trabalho humano. A química como
ciência também apresentou presença fundamental na revolução industrial e na revolução
tecnológica. Desde as primeiras substituições das substâncias naturais pelas sintéticas até a
biologia molecular e suas assombrosas possibilidades. (JONAS, 2013, p. 25) O surgimento da
eletricidade foi também outro aspecto decisivo para o momento.
A revolução Industrial trazida até aqui e uma segunda revolução tecnológico-industrial
nos direciona ao que o autor coloca no tópico que segue como: “Técnica de transmissão
elétrica de notícias e de informação” assim a técnica passa com a eletrônica ter como objeto a
informação e consequentemente a automatização. (JONAS, 2013, p. 25)

Martin Heidegger (2021, p. 537) discorre sobre a predominância da técnica na


modernidade que inviabilizou a meditação em relação a essência da técnica tornando os
homens distantes do sentido daquilo que lidam: a técnica.

O imposto pela metafísica produziu com o poder tecnológico o controle da “imagem


do homem” o que dificulta ainda mais o pensar segundo o autor (JONAS, 2013, p. 28). Para
Heidegger (2021, p. 515) também, pois a situação histórica do mundo e o cristianismo torna
predominante a metafísica tradicional como liberdade intrínseca à subjetividade, sendo
somente o pensamento meditativo na ciência busca uma maneira de compreender a ciência
moderna a partir do caminho do desvelamento da verdade preservando a presentidade.

Se a técnica passar a ter domínio sob essas questões do mundo, Jonas (2013, p. 25) crê
que a filosofia não estará preparada para essa tarefa cósmica e isso será uma questão,
Heidegger (2021, p. 537) também vê como necessário preservar a pergunta da essência da
técnica como digna de pensamento, considerando o caráter cultural da técnica moderna e
também seu surgimento através da ciência natural.

HANS JONAS E AS RAZÕES DO PORQUÊ DA TÉCNICA MODERNA SER


OBJETO DA ÉTICA

Tomando como ponto de partida a reflexão acerca da pergunta pela ética da técnica,
Hans Jonas expõe o porquê compreende que a técnica moderna é objeto da ética por meio da
importância da atualização dos imperativos éticos tradicionais em nossa época, oportunizados
pela abertura de novas dimensões de ações do coletivo e, assim, são fomentadas discussões
em prol da vida na Terra.

Que a ética, falando de modo mais geral, tenha algo a dizer sobre o tema da técnica,
ou que a técnica esteja submetida a considerações éticas, eis algo que se segue do
simples fato de que a técnica é um exercício do poder humano, isto é, uma forma de
ação [Handelns], e toda forma de ação humana está sujeita a uma avaliação moral. É
também uma obviedade que um mesmo poder pode ser utilizado para o bem e para o
mal, e que em seu exercício se pode cumprir ou infringir normas éticas (JONAS,
2013).
O pensamento joniano parte da compreensão de que os valores da era da técnica
precisam passar por uma revisão diante das novas necessidades do viver humano e
extra-humano, considerando que tais valores não poderiam ser levantados anteriormente pois
não havia se mostrado a emergência das questões da Bioética, até então. Em outras palavras, a
temporalização da existência constituída por tradição, não consegue pensar o caráter histórico
do tempo que é o nosso.

Nem uma ética anterior tinha de levar em consideração a condição global da vida
humana, o futuro distante e até mesmo a existência da espécie. Com a consciência
de extrema vulnerabilidade da natureza a intervenção tecnológica do homem, surge a
ecologia. Repensar os princípios básicos da ética. Procurar não só o bem humano,
mas também o bem de coisas - extra-humanas, ou seja, alargar o conhecimento dos
“fins em si mesmos” para além da esfera do homem, e fazer com que o bem humano
incluísse o cuidado delas (JONAS, 1997, p. 40).

Em consonância, Leonardo Boff traz o seguinte pensamento sobre a ética, que nos
coloca em seio comum, nos afastando da compreensão da singularidade ética, aproximando a
ética como construção feita a partir da humanidade compreendida coletivamente. “Ética é um
conjunto de valores e princípios, de inspiração e dedicação que valem para todos, pois estão
ancorados na nossa própria humanidade” (BOFF, 2003, p.11). O autor, em vista do tema
Princípio da Responsabilidade, elenca cinco razões para a compreensão da técnica como
instância completamente nova para a ética, sendo elas: Ambivalência dos efeitos,
Inevitabilidade da Aplicação, Dimensões Globais no Espaço e no Tempo, Rompimento
com o Antropocentrismo e a Emergência da Questão Metafísica.

Vale realizar o caminho feito pelo autor para a melhor compreensão do conceito do
Princípio da Responsabilidade.

1. Razão da ambivalência dos efeitos

Hans Jonas em primeiro momento, considera toda ação humana como uma capacidade
e reflete acerca do uso das capacidades poder ser direcionado eticamente para o bem ou para o
mal. Porém o uso da tecnologia apresenta a peculiaridade da grande escala, reformulando,
mesmo que a tecnologia à primeira vista seja utilizada para o bem, em razão de sua escala
técnica quantitativa ser enorme, se evidencia por fim, sua maleficência.

A esse respeito se pressupõe que a ética pode distinguir claramente entre ambos,
entre o uso correto e o errado de uma mesma capacidade. Mas como ficam as coisas
se nos movemos em um contexto de ação no qual todo uso de uma capacidade em
grande escala, ainda que seja empreendida com a melhor das intenções, traz consigo
um vetor crescente de efeitos em última instância ruins, que estão inseparavelmente
ligados aos pretendidos e próximos “bons” efeitos, e talvez os superando em muito,
por fim? (JONAS, 2013).
A ambivalência mencionada é exatamente sobre o uso da técnica e ressoa a questão: é
possível que utilizemos a técnica sem perigo para nossa sobrevivência? Hans Jonas (2013),
aponta que o perigo reside mais no sucesso do que no fracasso – e, no entanto, o sucesso é
reivindicado pela pressão das carências humanas. Uma ética apropriada para a técnica tem de
entender esta ambiguidade [Mehrdeutigkeit] inerente à ação técnica.

Conclui-se que as carências humanas fazem surgir mais carências e mais carências
com o desenvolvimento das técnicas. O perigoso deste problema são os efeitos desastrosos no
meio ambiente e, com isso, o princípio da responsabilidade se faz iminência necessidade.

A natureza como uma responsabilidade humana é seguramente um novum sobre o


qual uma nova teoria ética deve ser pensada. Que tipo de deveres ela exigirá?
Haverá algo mais do que o interesse utilitário? É simplesmente a prudência que
recomenda que não se mate a galinha dos ovos de ouro, ou que não se serve o galho
sobre o qual se está sentado? Mas este que aqui se senta e que talvez caia no
precipício quem é? E qual é o meu interesse no seu sentar ou cair? (JONAS, 2006, p.
39).

2. Inevitabilidade da Aplicação

A respeito deste item entre as razões trazidas por Hans Jonas, é possível compreender
que a capacidade do poder da técnica se difere das capacidades outras (quais têm em si a
possibilidade ou não de seu uso), o poder da técnica uma vez começado a se constituir como
ação do homem, se revelou como uma grande “engrenagem” e as ações dentro dessa
“engrenagem” perdeu até aqui, a possibilidade da não submissão à sua aplicabilidade, a
técnica se dá de forma a ser vista como necessidade humana.

Contudo, esta relação tão clara entre poder e fazer, saber e aplicação, posse e
exercício de um poder, não vale para o acervo de capacidades técnicas de uma
sociedade que, como a nossa, fundamentou toda a sua forma de vida no trabalho e
no esforço de atualização constante de seu potencial técnico a partir da inter-relação
de todas as suas partes (JONAS, 2013).

Além de denotar sobre estarmos enquanto sociedade submetidos à aplicabilidade


técnica, soma-se aqui que tal poder de ação se dá de forma violenta, ao se fazer aparecer como
necessária, dispara seu poder de “retroalimentação” aumentando e aumentando sua escala e,
novamente, escancara seu poder sobre o suposto poder do homem sobre a técnica.

... se esta ou aquela nova possibilidade foi uma vez aberta (na maioria das vezes
graças à ciência) e desenvolvida em pequena escala mediante a ação, é próprio dela
então forçar sua aplicação em grande escala e a uma escala cada vez maior, bem
como fazer dessa aplicação uma necessidade vital permanente. Assim à técnica, o
poder humano intensificado em atividade permanente, não só é negado (tal como
mostrado acima) o livre espaço da neutralidade ética, mas também a benévola
separação entre posse e exercício do poder (JONAS, 2013).
A sociedade perdeu seu “controle de decisão” na aplicabilidade ou não da técnica,
tornou inevitável suas ações e atualizações. Hans anuncia que tal ação só poderá ser freada na
medida em que lançarmos olhares mais atentos ao peso ético que tais ações estão a
confeccionar, a cada instante, subvertendo nossa liberdade de existência na Terra. As
mudanças de valores éticos se mostram, mais uma vez, como emergências.

“O desenvolvimento de novos tipos de capacidades que se produz constantemente


transita de forma continuada em sua expansão na corrente sanguínea da ação
coletiva, da qual tais capacidades já não podem mais se separar (a não ser mediante
uma substituição superior). Por isso, a aquisição de novas capacidades, todo o
acréscimo ao arsenal de instrumentos, coloca já diante dos olhos, com essa dinâmica
conhecida até a saciedade, um fardo ético, pois do contrário só pesaria sobre os
casos particulares de sua aplicação. (JONAS, 2013).

3. Razão das Dimensões Globais no Espaço e no tempo

Como explorado acima, o uso da capacidade técnica se intensifica a cada dia para uma
escala colossal carregando efeitos “colaterais” crescentes. Neste ponto iniciamos a explanação
das dimensões destes efeitos: compreendidos em escala Global e de influência inquestionável
para a temporalidade futura. A técnica, quanto mais cresce mais “devasta” nossos recursos
naturais, sempre regida sob a ótica do imediatismo (do aqui e do agora).

A técnica moderna tende intimamente a um uso de grandes dimensões e talvez por


isso se torne grande demais para o tamanho do palco no qual se desenvolve – a terra
– e para o bem dos próprios atores – os seres humanos. Uma coisa, pelo menos, é
certa: ela e suas obras se estendem por todo o globo terrestre; seus efeitos
cumulativos atingirão possivelmente inúmeras gerações futuras. (JONAS, 2013).

Além da premissa ética tradicional do aqui e agora, inclui-se na era contemporânea o


acento estrutural ético no homem contemporâneo, abre-se, por meio das reflexões trazidas por
Jonas, a necessidade de pensar sobre a responsabilidade de nossas ações cotidianas.

Com o que fazemos aqui e agora, na maioria das vezes pensando em nós mesmos,
afetamos maciçamente a vida de milhões de pessoas, alhures e no futuro, que não
foram consultadas a esse respeito. Hipotecamos a vida futura em troca de vantagens
e necessidades atuais a curto prazo – e, quanto a isso, na maioria das vezes, em
função de necessidades autocriadas (JONAS, 2013).

Hans Jonas declara que há sem dúvida a proporcionalidade entre as exigências sobre a
responsabilidade e os efeitos do poder.

O ponto relevante aqui é que a intrusão de dimensões remotas, futuras e globais, em


nossas decisões prático-mundanas cotidianas, é uma novidade ética que a técnica
nos confiou; e a categoria ética que este novo fato traz para o primeiro plano se
chama responsabilidade (JONAS, 2013).
Portanto, a proposição feita por Hans Jonas é da alteração do acento ético no (eu, aqui,
agora) para o acento no (nós, aqui agora e no futuro), com a responsabilidade coletiva aos
bens de toda humanidade, aos homens que aqui estão, aos seus descendentes e aos outros
seres extra-humanos.

4. Razão do Rompimento com o Antropocentrismo

A postura filosófica que aqui se impõe é a abertura de novos paradigmas no campo


ético, qual possibilita o ser existente a pensar nos direitos dos seres vivos humanos e
extra-humanos, em outras palavras, a tese do princípio da responsabilidade é compreendida
como essencial para a preservação dos viventes da Terra.

Ao ultrapassar o horizonte da vizinhança espaço-temporal, esse alcance ampliado do


poder humano rompe o monopólio antropocêntrico da maioria dos sistemas éticos
anteriores, sejam religiosos ou seculares. Era sempre o bem humano que devia ser
fomentado; os interesses e direitos dos congêneres, respeitados; os maus feitos a
eles, corrigidos; e seus sofrimentos, aliviados (JONAS, 2013).

A ampliação do horizonte do mundo abre para reflexões acerca da liberdade de


sobrevivência como inter-ligação inerente entre homem e natureza. Surge o saber de que não
somos apartados da Natureza, portanto se ela é devastada, nós enquanto existência, também
somos. Se ela é exaltada, os viventes também são.

Mas agora a biosfera inteira do planeta, com toda a sua abundância de espécies, em
sua recém-revelada vulnerabilidade perante as excessivas intervenções do homem,
reivindica sua parcela do respeito que se deve a tudo o que é um fim em si mesmo,
quer dizer, a todos os viventes. O direito exclusivo do homem ao respeito humano e
à consideração moral se rompeu exatamente com a sua obtenção de um poder quase
monopolístico sobre o resto da vida. Como poder planetário de primeira ordem, ele
já não pode mais pensar apenas em si mesmo (JONAS, 2013).

Byung-Chul, Han (2022) em seu livro Louvor à Terra, traz uma passagem em forma
de poema, em que o homem em lágrimas, renuncia sua superioridade e se torna consciente da
sua própria naturalidade:

“A consciência da natureza o libera


da teimosia de sua autoposição:
“As lágrimas caem, a Terra me tem novamente!” Nisso o eu saí,
espiritualmente, do aprisionamento em si mesmo”.
(Han, Byung-Chul, pg. 31, 2022).

Com a saída do homem do centro do mundo e sua reconexão com a natureza e sua
biodiversidade, fica evidente a importância de pensarmos a respeito do que Hans elenca como
a razão da emergência da questão metafísica.
Ao aumentar seu poder até um ponto em que se torna palpavelmente perigosa ao
esquema geral das coisas, ela estende a responsabilidade do homem ao futuro da
vida na terra, que agora está exposto de maneira indefesa ao mau uso desse poder.
Com isso, a responsabilidade humana se torna pela primeira vez cósmica (JONAS,
2013).

5. Razão da emergência da questão Metafísica

Uma questão nova em sua peculiaridade é ressaltada aqui. Se faz necessário que
existamos? Se é fato que desejamos continuar neste solo, se faz necessário alterar nossos
modos-de-ser e de enxergar nosso “espaço” no mundo, não apenas nosso espaço físico, mas
também nossas relações, corporeidade e temporalidade.

Finalmente, o potencial apocalíptico da técnica – sua capacidade de colocar em risco


a própria existência da espécie humana, ou de arruinar sua integridade genética, ou
de alterá-la arbitrariamente, ou mesmo destruir as condições de vida superior sobre a
terra – levanta a questão metafísica com a qual a ética nunca havia se confrontado
antes, a saber, se e por que deve haver uma humanidade; por que, portanto, o
Homem tal como a evolução o produziu deve permanecer preservado, sendo sua
herança genética respeitada; e até mesmo por que deve haver vida em geral
(JONAS, 2013).

Nossa relação com a técnica e com a Terra precisa emergencialmente ser pensada, já
que compreendemos a continuidade do existir como um fato desejável. Novas relações
precisam se estabelecer sob a ótica da ética ambiental, para que não nos vejamos como
suicidas coletivos em direção à finitude da Natureza e do mundo enquanto mundo.

À primeira vista, pela simples observação da utilidade [Verwendungzweck] dos


instrumentos, parece fácil distinguir entre tecnologia benéfica e prejudicial. Os
arados são bons, e as espadas são más: na era messiânica, as espadas foram
refundidas em arados. Traduzido para a tecnologia moderna: as bombas atômicas
são más, e os fertilizantes químicos, que ajudam a alimentar a humanidade, são
bons. Mas, aqui, o exasperado dilema da técnica moderna salta aos olhos: seus
“arados” podem ser tão prejudiciais a longo prazo quanto suas “espadas”! (e o
“longo prazo” dos crescentes efeitos, como mencionado, está intimamente ligado ao
emprego da técnica moderna). Mas neste caso, eles, os benditos “arados” e seus
similares, são o verdadeiro problema. Pois podemos deixar a espada em sua bainha,
mas não o arado em seu celeiro (JONAS, 2013).

Sobre a combinação entre as razões dos argumentos da “ambivalência” e da


“grandeza” explanados anteriormente, Hans, ressalta que precisamos com solidariedade e
dignidade, abarcar a tecnologia de forma a controlá-la de forma extra tecnológica, para que
não nos deixemos absorver por completo por nossas próprias criações até que sejamos
extintos pelas máquinas e seus efeitos. Compreende-se que a forma extra tecnológica de
controle da técnica nos devolve a pensar sobre o Princípio da Responsabilidade, o qual
veremos a seguir.
O PRINCÍPIO RESPONSABILIDADE

Jonas (2006) resgatou filosoficamente o tema da vida, em busca de uma teoria


unificada do ser no mundo, e apoiado nas ciências biológicas, o autor passa a apontar os
desafios e as ameaças contemporâneas lançadas pela técnica, diante dos quais seria preciso
formular novos critérios éticos, dado que os modelos tradicionais já não dariam conta da nova
realidade.
Considerando esse novo critério, o autor propõe o Princípio da Responsabilidade através
de uma ética normativa, onde aponta uma maneira de agir frente às questões ambientais e
técnicas que necessitam serem discutidas em nossa sociedade propondo assim um ensaio de
uma ética para a civilização tecnológica em que nos encontramos.

Percebe-se na leitura da obra “Princípio Responsabilidade” que Hans Jonas levou a


sério a convocação de Heidegger para a difícil tarefa de pensar além de si mesmo e
de deixar a angústia florescer e nessa aprendizagem o pensamento preparar a sua
própria transformação. Portanto, Heidegger deixou para Hans Jonas um trabalho já
iniciado ao invocar o sentido do cuidado frente às novas tecnologias como
interrogação fundamental para manter a vida humana no mundo (HUPFFER e
ENGELMANN, 2017, pag. 2667).

Através desta proposta Jonas (2006) pretende enfrentar um dos maiores dilemas do
nosso tempo: o momento onde a natureza se tornou um objeto de cuidado e da
responsabilidade do ser humano, pois, para o autor, é a primeira vez na história onde a
humanidade que a sociedade se vê nesta necessidade, pois, tradicionalmente, a natureza
sempre cuidou de si mesma, ou na visão religiosa, Deus cuidou da natureza. Porém, agora,
devido aos avanços do Poder tecnológico do ser humano, e devido ao crescimento da
tecnologia e da técnica, os impactos da ação humana são muito grandes e demandam um
maior cuidado do ponto de vista ético.

Ao diagnosticar que nenhuma ética anterior se viu obrigada a assumir as


consequências do poder tecnológico, Jonas avança em relação a Heidegger ao
defender a tese de um direito moral próprio da natureza ao questionar a
“possibilidade” de existência de um mundo para as gerações futuras. Para levar
adiante seu empreendimento, Jonas denuncia que os avanços da ciência e o impulso
da economia em maximizar a produção geram riscos e perigos inimagináveis que
avançam no tempo e no espaço. (HUPFFER e ENGELMANN, 2017, pag. 2668)

Entretanto, a Era da Técnica tenta se desvencilhar da ética, e este desvencilhamento e


este descompromisso desliga-se das preocupações em relação às consequências desses atos.
Mas com a possibilidade da extinção de si mesmo, o princípio da responsabilidade coloca
diante do ser humano a urgência de não poder-se mais pensar o ser separado do mundo. Essa
questão mostra, que a humanidade tem um potencial de destruição muito grande, dentre outras
espécies e até mesmo da sua própia e de suas gerações futuras.

Considerando que mesmo ainda não existindo, as gerações futuras têm o direito de
reivindicar a existência do ser e a autopreservação dos ecossistemas, uma vez que a
aposta no princípio responsabilidade tem inspirado as reflexões de Jonas para
explorar o território da tecnologia e suas perturbações para, assim, encontrar um
caminho e chegar a uma ética prática concreta. (HUPFFER e ENGELMANN, 2017,
pag. 2670.)

Jonas (2006) parte da ideia de que a vida é afirmativa, e que a partir desta afirmação
ela tem um valor porque ela é um bem, e o valor coloca a vida no campo da ética, portanto, a
vida carrega uma dimensão de obrigatoriedade de cuidado e de responsabilidade. Todos nós
seríamos responsáveis pela vida e por sermos os únicos seres na história da criação que
podemos nos responsabilizar, então devemos.

O princípio responsabilidade está posto no princípio da precaução, aproxima-se do


vigiar, cuidar e proteger o homem de si mesmo de extrapolar o futuro.A responsabilidade é
correlata do poder e do saber e a relação entre ambos não é simples, principalmente, diante do
fato de que o “o homem se tornou perigoso não só para si, mas para toda a bioesfera”
(JONAS, 2006, p. 229)

Portanto, a mera existência da vida, e a mera existência da potencialidade que nós


temos de cuidar, gera no ser uma obrigação de cunho ético e sendo assim, o autor, religa dois
estudos importantes dentro da filosofia: a Ontologia e a Ética.

ECOFENOMENOLOGIA

Para uma clínica da Terra, ou de reconexão, precisa-se quebrar os parâmetros


tradicionais medicalocêntricos (Klinilkós) ou da técnica, o consumo exagerado dos recursos
naturais sem uma ética que medeia a relação. Mas também, resgatar o estilo crítico dos
cínicos gregos, que opera através da parresia, ou o dito verdadeiro para além da vida
civilizada, muitas vezes destronando as normas vigentes sobre o que é o indivíduo, e
provocando um desvio (parênklises) na forma de se ver o mundo e a Terra, não em que
vivemos, mas a que se é vivida junto com (MÜLLER-GRANZOTTO &
MÜLLER-GRANZOTTO, 2012).

Neste sentido, o ponto de partida para tal clínica é pensar numa nova ética, que
contrapõe a tradicional. Ora, se a ética é um conjunto de valores que se ancoram na própria
humanidade e, portanto, vale para todos, esta ética é antropocêntrica, pois considera apenas o
ser humano. Com o avanço da técnica, a manipulação da natureza se tornou atroz e excessiva,
traçando caminhos para a degradação e extinção de minerais, animais e até da própria
humanidade. Uma ética que tem, então, o centro no humano, não dá mais conta de pensar
nossa relação, já que não podemos ser separados deste ambiente, a casa do ser humano não é
um lugar geográfico, mas sim a própria terra. Então não se ter uma ética que pense a Terra é
abrir caminhos para a própria destruição humana (SOUSA, 2022).

A técnica nem sempre foi aniquiladora do ambiente. Antes, o ser humano usava a
técnica em benefício próprio para evitar surpresas ambientais e melhorar a vida cotidiana, mas
principalmente, com uma ligação, uma maior conexão com o ambiente, de modo que as
técnicas de aragem, de construção e domesticação, não impediam de a Terra se renovar. Hoje,
ao contrário, com uma técnica desconectada, inconsciente sobre a relação que se tem com a
natureza, o ser humano polui, não se relaciona, degrada, aquece, extingue a natureza. Não se
tem nem ética nem empatia, em prol da técnica (SOUSA, 2022).

Para a era da técnica, uma ética das relação não é útil para o desenvolvimento. Muito
menos uma ética ecológica. A era da técnica visa a produtividade e inventividade. por isso, ao
criar a cidade, que é um cercado controlado de natureza e dogmas próprios, neste sentido,
estes dogmas giram em torno desta produtividade massiva, da técnica pela técnica, numa
tentativa de controle sobre o tempo e espaço desconectado da natureza, como se organismo e
natureza fossem substâncias metafísicas diferentes, ou como se as coisas do mundo existissem
para o bel prazer humano, constituindo uma hierarquia metafísica do dominador, o humano,
superior à natureza dominada. É uma relação de poder entre raças, espécies, seres vivos e não
vivos, dentro da totalidade da vida, um predicativo egocêntrico de uma ética não responsável,
mas que gira em torno do humano como superior (JONAS, 2006).

Uma ética de humanos para humanos não abarca a totalidade da clínica.


Primeiramente, a técnica de até então é baseada na invenção dentro da racionalidade técnica,
onde os objetos do mundo são domados pelos humanos, que destroem e manipulam esses
objetos a seu bel prazer. Segundo, inventividade para com estes objetos configuram, na ética
tradicional, uma temporalidade metafísica do “aqui-e-agora”, descartando uma temporalidade
fluida, sem preocupação com um aprendizado histórico (passado) nem com as consequências
destas ações (futuro), que culminam drasticamente na autodestruição da humanidade e de seus
pares humanos e não humanos no mundo, o que caracteriza uma clínica humana, se
considerada as questões metafísicas e desta tradição ética baseada na técnica, mas não
humana, se considerarmos o ser-junto-com-o-mundo do humano como conectado e
interdependente da Terra (JONAS, 2006).
REFERÊNCIAS

BOFF, Leonardo. Ética e eco-espiritualidade. Campinas, SP: Versus, 2003.

Han, Byung-Chul. Louvor à Terra: uma viagem ao jardim. Rio de janeiro: Editora Vozes,
2022.

HUPFFER, Haide Maria; ENGELMANN, Wilson. O princípio responsabilidade de H.


Jonas como contraponto ao avanço (ir)responsável das nanotecnologias. Revista Direito e
Práxis, [S.l.], v. 8, n. 4, p. 2658-2687, dez. 2017. ISSN 2179-8966. Disponível em:
<https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/26193>.

JONAS, Hans. Técnica Medicina e Ética: Sobre a Prática do Princípio Responsabilidade.


São Paulo: Paulus, 2013.

JONAS, Hans. Técnica, medicina y ética. Barcelona: Paidós, 1997.

JONAS, Hans. O Princípio Vida: fundamentos para uma biologia filosófica. Editora
Vozes, Petrópolis, 2004.

JONAS, Hans. Princípio Responsabilidade: ensaio de uma ética para uma civilização
tecnológica. Rio de Janeiro: PUC Rio, 2006.

SOUSA, M. A. A., Ética ambiental em Hans Jonas: A necessidade do princípio


responsabilidade para a civilização tecnológica, Faculdade de Filosofia da Universidade
Estadual da Paraíba - UEPB, ISSN 1678-1701, Volume XXI, Número 79, Junho/Agosto,
2022.

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