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Trabalho Gerenciamento Areas Contaminadas v14
Trabalho Gerenciamento Areas Contaminadas v14
São Paulo - SP
junho/2022
Sumário
1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 3
2 POR QUE REUTILIZAR ÁREAS CONTAMINADAS? ......................................................... 3
3 DUE DILIGENCE AMBIENTAL .......................................................................................... 4
4 ORIENTAÇÕES PRÁTICAS PARA AQUISIÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS ............... 6
4.1 ESTUDO BÁSICO ........................................................................................................... 8
4.1.1 Verificação do histórico de ocupação do imóvel (incluindo documentações, vistoria em
campo no imóvel e entorno e entrevistas) ............................................................................. 8
4.1.2 Consulta a base de dados junto a órgãos públicos e entidades.................................... 9
4.2 AVALIAÇÃO PRELIMINAR ........................................................................................... 17
4.3 INVESTIGAÇÃO CONFIRMATÓRIA ............................................................................. 18
4.4 INVESTIGAÇÃO DETALHADA ..................................................................................... 19
4.5 AVALIAÇÃO DE RISCO ................................................................................................ 20
4.6 REABILITAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS ............................................................ 22
4.6.1 Plano de Intervenção para Reutilização ..................................................................... 22
4.6.2 Execução do Plano de Intervenção ............................................................................ 23
5 RESPONSABILIDADES ................................................................................................... 25
5. 1 PREVISÃO LEGAL....................................................................................................... 25
5.1.1 TRÍADE DE RESPONSABILIZAÇÃO AMBIENTAL .................................................... 27
5.1.2 DOS RESPONSÁVEIS ............................................................................................... 36
5.1.2.1 DO LIAME DE RESPONSABILIZAÇÃO .................................................................. 37
6 CONCLUSÃO................................................................................................................... 39
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 40
2
1 APRESENTAÇÃO
3
confirmado (ACRi) e 1.463 áreas em processo de remediação (ACRe), o que corresponde a
46,25% das áreas cadastradas que estão classificadas como áreas contaminadas.
9%
20% ACRu
46%
ACI
ACRi
25%
ACRe
4
Neste contexto é que surge o conceito de “due diligence ambiental”; cujo termo inglês
“due diligence", comumente aplicado no âmbito da administração de empresas, e que,
literalmente, remete à ideia da prática da “devida diligência"; ou seja, de se exercer o devido
cuidado, agindo de todas as formas necessárias para se evitar ou administrar uma
determinada situação.
Assim, a “due diligence ambiental", é uma ferramenta de determinação dos riscos
envolvidos ao ato de se associar a qualquer empreendimento que se relacione com uma área
contaminada ou com uma área com potencial de contaminação.
Trata-se, portanto, de um procedimento investigatório, voluntário, técnico e jurídico,
que busca identificar eventuais desconformidades, legais ou ambientais, que possam
impactar negativamente o negócio pretendido.
Portanto, no contexto da aquisição de imóveis, de investimento ou mesmo de
participação em empreendimento que envolva a aquisição ou utilização de uma nova área, o
termo “DUE DILIGENCE” significa: realizar, anteriormente à aquisição ou formalização do
negócio, uma análise prévia das condições legais, ambientais e dos usos pregressos do
imóvel de interesse, com o intuito de se verificar a possibilidade de que tenha ocorrido ou que
possa vir a ocorrer, naquela área, ou em áreas próximas, alguma forma de contaminação,
que gere qualquer passivo ambiental.
Quando se pretende adquirir um imóvel é imprescindível, avaliar preliminarmente, não
apenas os aspectos econômicos, locacionais, burocráticos envolvidos na aquisição. É
necessário também, e prioritariamente, verificar os aspectos de conformidade ambiental e as
consequências jurídicas (civis, administrativas e penais) envolvidas na aquisição ou utilização
daquele imóvel.
Além de toda a burocracia geralmente envolvida na aquisição ou locação de um
imóvel, que exige a verificação de diversas situações, tais como:
5
A questão das áreas contaminadas e dos passivos ambientais é um importante
aspecto que deve ser tomado em conta e priorizado logo de início; e deve perdurar durante
toda a prospecção e busca pela melhor localização para realização do empreendimento.
Assim, o termo Due Dilligence, aplicado no âmbito da conformidade ambiental,
significa a realização de uma "diligente investigação dos aspectos legais ambientais” do
imóvel, antes que seja estabelecido qualquer vínculo com o imóvel ou empreendimento.
A Due Diligence Ambiental visa, assim, realizar uma investigação prévia e cautelar, a
partir das informações legais, formais e informais dos usos pregressos do imóvel de interesse
e de seu entorno. Tal procedimento é essencial e deve ser implementado antes da
concretização de qualquer aquisição, locação, investimento ou estabelecimento de nova
parceria.
Por meio da Due diligence Ambiental, empresas e investidores ou interessados podem
realizar uma avaliação abrangente e de forma transparente, dos riscos e oportunidades
relacionados ao imóvel de interesse; podendo assim avaliar os riscos envolvidos, decidindo
de forma clara e objetiva quanto à viabilidade do negócio; tomando as devidas precauções,
seja na configuração contratual, seja nas contramedidas de minimização ou distribuição dos
riscos.
A Due Diligence Ambiental, por se tratar de um procedimento que envolve o domínio
de várias áreas do conhecimento, com aspectos administrativos, legais, jurídicos e técnicos;
bem como exigir o conhecimento de diversas facetas das áreas da engenharia, da química,
da biologia e das engenharias ambientais, pode demandar o envolvimento de uma equipe
multidisciplinar composta por profissionais de diversas áreas.
O objetivo da Due Diligence Ambiental é eliminar os riscos, identificá-los com precisão,
possibilitando subsidiar e facilitar a tomada de decisão pelos interessados, que poderão
avaliar e decidir pela viabilidade ou não do negócio. E uma vez decidido pela viabilidade,
quais são as medidas de gerenciamento de riscos que deverão ser aplicadas para garantir a
segurança e sucesso do empreendimento, cumprindo com todos os requisitos legais, medidas
jurídicas pertinentes e procedimentos técnicos necessários a resguardar os interesses dos
adquirentes, investidores, participantes e do próprio empreendimento.
Uma vez, decidido pelo interesse da aquisição de uma área é necessário que sejam
adotados os seguintes procedimentos:
6
Figura 2. Fluxograma básico dos procedimentos de gerenciamento de áreas contaminadas
até a emissão do termo de reabilitação da área.
Legenda:
AS - Área com suspeita de contaminação ACRi - Área Contaminada com Risco Confirmado
AP - Área com Potencial de Contaminação ACRu - Área Contaminada em Processo de Reutilização
ACI - Área Contaminada sob Investigação AR - Área Reabilitada para o Uso Declarado
Fonte: IPT: SECOVI-SP, 2018
O passo inicial para identificação de uma área contaminada pode ser realizado por
meio de um Estudo Básico.
7
4.1 ESTUDO BÁSICO
a) Documentação do imóvel
b) Vistoria em campo
c) Entrevistas
8
4.1.2 Consulta a base de dados junto a órgãos públicos e entidades
9
c) Consulta à CETESB para verificar a incidência de Autos de Infração Ambiental e
CADRI - certificado de movimentação de resíduos de interesse.
Observação:
10
Também especificamente para o Município de São Paulo, é necessário consultar as
regiões prioritárias para realização de avaliação preliminar e investigação confirmatória em
conformidade à Resolução SMA 11/2017.
11
Figura 7. EMPLASA - Zona de Uso Predominantemente Industrial (ZUPI) - 1978.
Figura 8. Informações disponíveis do sistema Geosecovi para o Município de São Paulo. Segundo o
portal o objetivo é a disponibilização de informações relevantes, atuais e geoprocessadas para auxiliar
a tomada de decisão no mercado imobiliário.
Fonte: http://www.secovi.com.br/geosecovi
12
f) Consulta à Secretaria de Saúde, Vigilância ambiental em saúde, FUNASA -
Fundação Nacional de Saúde para obtenção de informações sobre saúde
ambiental. Em âmbito Estadual, segundo site do Centro de Vigilância Sanitária -
CVS da Secretaria de Saúde, possuem a competência de analisar cenários gerais,
tendências e distribuição geográfica de áreas contaminadas no Estado de São
Paulo, sendo que no Código Sanitário do Estado de São Paulo é incumbido ao
CVS a inclusão de fatores ambientais de risco à saúde relacionada à poluição
ambiental e substâncias tóxicas (informações disponíveis em:
http://www.cvs.saude.sp.gov.br/apresentacao.asp?te_ codigo=14)
Figura 9. Site do Centro de Vigilância Sanitária, setor competente para tratar de aspectos de saúde
em áreas contaminadas.
13
SMA/SERHS/SS n° 3, DE 21.06.2006, necessário considerar a necessidade de
relatório ou manifestação da CETESB para instruir os processos de obtenção de
outorgas em tramitação no DAEE, para os casos de poços localizados até uma
distância de 500m de uma área já declarada contaminada pela CETESB. No
DATAGEO é possível espacialmente visualizar o raio.
Figura 10. Raio de 500 m, a partir do ponto de localização das Áreas Contaminadas e Reabilitadas do
Estado de São Paulo (ACs), para auxílio na definição das ACs que podem influenciar a qualidade da
água de um poço de abastecimento para consumo humano, em atendimento à Resolução Conjunta
SMA/SERHS/SES - 3, de 21-6-2006.
Fonte: Datageo.
14
Figura 11. Atividades potencialmente geradoras de área contaminada prevista na Resolução SMA
10/2017, síntese completa pode ser obtida em IPT: SECOVI-SP (2018).
Fonte: https://www.ipt.br/banco_arquivos/1685-
producao_imobiliaria_reabilitacao_areas_contaminadas_revisada.pdf
15
Todo o anteriormente exposto sobre as etapas do Estudo Básico, pode ser sintetizado
e apresentado no fluxograma a seguir:
16
Com o cruzamento das informações obtidas no Estudo Básico e verificada a possível
contaminação na área, devem ser realizados estudos ambientais a fim de comprovar eventual
contaminação do solo e da água subterrânea.
Os estudos ambientais devem seguir as etapas posteriores de gerenciamento,
conforme estabelecido pela Decisão de Diretoria n° 038/2017/C da CETESB, e a área passa
a ser classificada como Área com Potencial de Contaminação (AP).
O custo para a realização do Estudo Básico é basicamente de vistas de processos
junto aos órgãos e/ou taxas de cartórios, que pode ser realizado pelo interessado.
1
IPT:SECOVI-SP, 2018.
2
https://cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/documentacao/manual-de-gerenciamento-de-areas-contaminadas/introducao-ao-
gerenciamento-de-areas-
contaminadas/conceituacao/#:~:text=O%20primeiro%20modelo%20conceitual%20da,e%20dos%20bens%20a%20proteger.
3
Atualizado em 04/2022 - IPCA.
17
Caso a Avaliação Preliminar tenha classificado a área como Área Suspeita de
Contaminação (AS) pela CETESB, será exigido do responsável legal a realização da
Investigação Confirmatória, que deverá ser realizada de acordo com a DD n° 38/2017/C da
CETESB e da NBR 15515-2:2011 da ABNT. Por outro lado, caso seja demonstrado que na
área nunca houve fontes de contaminação potenciais, a área será classificada como Área
Não Contaminada (AN).
4
https://cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/documentacao/manual-de-gerenciamento-de-areas-contaminadas/introducao-ao-
gerenciamento-de-areas-
contaminadas/conceituacao/#:~:text=O%20primeiro%20modelo%20conceitual%20da,e%20dos%20bens%20a%20proteger.
18
● Identificar os bens a proteger que podem ser efetivamente atingidos pela
contaminação;
● Identificar os caminhos de exposição;
● Definir o segundo Modelo Conceitual (MCA 2);
5
Atualizado em 04/2022 - IPCA.
6
IPT:SECOVI-SP, 2018.
7
https://cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/documentacao/manual-de-gerenciamento-de-areas-contaminadas/introducao-ao-
gerenciamento-de-areas-
contaminadas/conceituacao/#:~:text=O%20primeiro%20modelo%20conceitual%20da,e%20dos%20bens%20a%20proteger.
8
IPT:SECOVI-SP, 2018.
19
● Descrever as características das fontes de contaminação primária e secundária
e das plumas de contaminação (amostragem de solo, ar e/ou água, com uma
maior malha);
● Identificar os bens a proteger que podem ser atingidos por contaminações;
● Caracterizar o transporte de substâncias nas diferentes unidades
hidroestratigráficas e a eventual evolução da pluma de contaminação no tempo
(tais como modelagem matemática);
● Definir o terceiro Modelo Conceitual da Área (MCA 3);
● Caracterizar os cenários de exposição necessários à realização da etapa de
Avaliação de Risco.
9
Atualizado em 04/2022 - IPCA.
20
A caracterização, bem como a quantificação, dos riscos leva em consideração
conceitos de toxicologia e de química.
A partir dos dados obtidos nas etapas anteriores deverá ser realizada a avaliação da
exposição para determinar o tipo, a magnitude e a frequência de exposição às SQis que estão
presentes na área de interesse; e, assim propor a caracterização dos seguintes cenários de
exposição: perigo à vida, risco à saúde humana, risco ecológico e padrões legais aplicáveis;
elaborando-se o quarto Modelo Conceitual da Área.
O quarto Modelo Conceitual da Área (MCA 4) deve descrever as características das
fontes de contaminação primárias e secundárias e as SQI, e, em detalhe, os caminhos
potenciais e reais de exposição, os receptores da contaminação e os riscos ou danos
identificados.
A classificação da área após finalizada a etapa de Avaliação de Risco será de Área
Contaminada com Risco Confirmado (ACRi), quando nessa ou na área no entorno houver a
constatação da presença de pelo menos uma das situações a seguir10:
10
https://cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/documentacao/manual-de-gerenciamento-de-areas-contaminadas/introducao-
ao-gerenciamento-de-areas-
contaminadas/conceituacao/#:~:text=O%20primeiro%20modelo%20conceitual%20da,e%20dos%20bens%20a%20proteger
11
Podemos definir os bens a proteger como a saúde e a vida humana, além de bens públicos, privados, coletivos ou ambientais
(Fonte: https://cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/documentacao/manual-de-gerenciamento-de-areas-
contaminadas/introducao-ao-gerenciamento-de-areas-contaminadas/conceituacao/).
21
Caso não sejam identificadas as situações citadas nos incisos I a VII, a área de
interesse é classificada como Área em Processo de Monitoramento para Encerramento
(AME). Também pode ser classificada como Área Atingida por Fonte Externa (AFe), Área
Alterada por Fonte Difusa (AFd) ou Área com Alteração de Qualidade Natural (AQN) na
etapa de Avaliação de Risco, caso as situações citadas nos incisos I a VII tenham sido
geradas por fonte de contaminação externa, difusa ou natural.
O tempo para a elaboração da Avaliação de Risco é de aproximadamente 60 dias
e o custo aproximado de R$ 33.000,00 reais12.
Caso a área seja classificada como Área Contaminada sob Investigação (ACI) e Área
Contaminada com Risco Confirmado (ACRi), o responsável técnico deverá apresentar para a
CETESB um Plano de Intervenção para Reutilização, conforme estabelecido no Artigo 44
do Decreto Estadual n° 59.263, de 5 de junho de 2013 (São Paulo, 2013), de forma a poder
executar obras civis na área de interesse, contendo as seguintes etapas:
12
Atualizado em 04/2022 - IPCA.
13
https://cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/documentacao/manual-de-gerenciamento-de-areas-contaminadas/introducao-
ao-gerenciamento-de-areas-contaminadas/conceituacao/
22
● Definição do Modelo Conceitual da Área (MCA 5).
14
Atualizado em 04/2022 - IPCA.
23
● Na Avaliação de Risco os resultados das concentrações das SQIs ficaram
abaixo da concentração máxima aceitável calculada;
● Implementadas medidas de controle institucional e/ou medidas de engenharia;
● Não houve constatação do risco, de acordo com o artigo 37 do Decreto
Estadual 59.263/2013 (São Paulo, 2013).
● Amostragem dos corpos d’água superficial e/ou efluentes, quando for o caso;
● Medições do nível d’água estático nos poços, quando for o caso;
● Medições da massa de contaminante removida e cálculo da eficiência da
remoção;
● Avaliação dos resultados do desempenho, realizando manutenções ou ajustes,
se necessário;
● Definição do sétimo Modelo Conceitual da Área (MCA 7).
Assim sendo, quando realizada de forma satisfatória essa etapa, a área classificada
como Área em Processo de Monitoramento para Encerramento (AME) passa a ser
classificada como Área Reabilitada para o Uso Declarado (AR) nas seguintes situações16:
15
IPT:SECOVI-SP, 2018
16
https://cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/documentacao/manual-de-gerenciamento-de-areas-contaminadas/introducao-
ao-gerenciamento-de-areas-contaminadas/conceituacao/
24
de Reabilitação, conforme DECRETO N° 59.263, de 5 de junho de 2013, e, posteriormente,
apresentar à CETESB.
5 RESPONSABILIDADES
5. 1 PREVISÃO LEGAL
25
A Constituição, especialmente no § 3º de seu artigo 225, prevê a responsabilização
de pessoas físicas e jurídicas por condutas e atividades que possam causar danos ao meio
ambiente.
26
Figura 14. Aspectos normativos a serem considerados.
27
com o cometimento de um crime ambiental, sem a ocorrência do dano ambiental. Assim como
pode ocorrer uma infração ambiental, concomitante com o cometimento de um crime
ambiental e ocorrência de um efetivo dano ambiental. Pode-se ter a responsabilidade civil,
sem o cometimento de qualquer crime ou infração ambiental. Por exemplo17:
17
Tríplice Responsabilidade Ambiental - Penal, Administrativa e Civil. Adriana Ponce. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=FYa9Cljlw7E&ab_channel=MAP-MeioAmbientenaPr%C3%A1tica.
Acesso em: Mai/2022.
28
Na Teoria do Risco Criado, segundo Facchini Neto18 , "a responsabilidade não é mais
a contrapartida de um proveito ou lucro” do empreendedor, mas sim a consequência inevitável
do próprio exercício daquela atividade; “a ideia do risco [...] liga-se a qualquer ato que seja
potencialmente danoso aos direitos da coletividade. Materializando-se o dano surge a
obrigação de indenizar. Excluindo-se tal responsabilidade apenas nos casos de “inexistência
ou ruptura de nexo causal nos casos das excludentes de responsabilidade por força maior,
culpa exclusiva da vítima ou fato de terceiro.
A responsabilidade é objetiva é aquela resultante do fato independentemente de culpa
do agente ou responsável. Porém, no caso da responsabilidade ambiental no âmbito
administrativo não se aplica a teoria do risco integral, ou seja, cabe as excludentes de ilicitude
(força maior, culpa exclusiva da vítima ou fato de terceiro).
Exemplo:
“Um fazendeiro tem sua propriedade invadida pelo MST e os
participantes deste movimento dão causa a um dano ambiental na
propriedade. Nesta situação, ocorre o Fato de Terceiro, que é uma
excludente de ilicitude. Neste caso não ocorre a responsabilização
administrativa, não há como imputar a infração e multa ao proprietário
pelos danos causados, ainda que a responsabilidade seja objetiva,
tendo em vista a excludente do Fato de Terceiro. Porém, no âmbito
civil o proprietário será obrigado a reparar o dano, devido à obrigação
Propter Rem, por ser ele o dono da propriedade. 19“
18
Facchini Neto, Eugênio. Da responsabilidade civil no novo Código. In: Sarlet, Ingo Wolfgang. O
novo Código Civil e a Constituição. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.
19
Direito Ambiental: responsabilidade ambiental. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=
isFqec8xnbg&ab_channel=Revis%C3%A3oPGE. Acesso em MAI/22.
29
Ainda, o não atendimento de qualquer das etapas descritas na Decisão de Diretoria
nº 038/2017/C, pelo Responsável Legal, implicará na aplicação das sanções administrativas
previstas no Anexo 3 da Instrução Técnica 039/201720 (Atualizada em Agosto/2019) da
Diretoria de Controle e Licenciamento Ambiental da CETESB.
20
https://cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/wp-content/uploads/sites/17/2019/08/IT_039.pdf
21
Excludentes previstas no CC, art. 188 (Código Civil): Lei 10.406/2002
30
A responsabilização civil ambiental possui caráter exclusivamente reparatório; não
tem caráter punitivo ou repressivo; uma vez que o objetivo é a reparação do dano. Qualquer
viés punitivo é função do direito na esfera penal.22
Diz respeito apenas à obrigação de reparar o dano ambiental e seus efeitos
efetivamente verificados: Impõe aos responsáveis a obrigação de reparar os danos apurados
na perícia técnica ambiental, cujo objetivo é a comprovação, qualificação de sua gravidade e
quantificação da extensão do dano.
B.4 Da Imprescritibilidade
Conforme o art. 129, §1°, CF e o art. 5º, da Lei 7.437/85, o Ministério Público, a União,
Estados, Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades de economia
mista e associações, têm legitimidade para propor a ação civil pública ambiental.
Portanto, trata-se de legitimidade concorrente, tendo em vista que todos os
relacionados pela legislação podem interpor a ação, em separada ou conjuntamente.
22
STJ, REsp 1.354.536-SE, 2014.
23
STJ, REsp 1.120.117 – AC, STJ, Rel. Min. Eliana Calmon, 2009.
24
STJ, REsp 1.180.078 – MG, STJ, Min. Herman Benjamim, 2010 e REsp 1.367.923-RJ, STJ, Rel.
Min. Humberto Martins, 2013.
25
Dano moral coletivo e sua relevância na questão ambiental. Welton Rubens Volpe Vellasco. 2017.
Disponível em: www.migalhas.com.br/depeso/264850/dano-moral-coletivo-e-sua-relevancia-na-
questao-ambiental. Acesso em MAI/2022.
31
C. Responsabilidade Ambiental Criminal
32
- A negligência:
Caracteriza-se pela conduta omissiva: Ausência de precaução, o agente
deixa de tomar uma atitude ou de realizar a conduta que era esperada para
a situação. Agindo com descuido, indiferença ou desatenção, não adotando
as devidas precauções.
- A imperícia:
Caracteriza-se pela falta de aptidão técnica para o exercício de arte ou
profissão, pela ignorância, falta de qualificação técnica, teórica ou prática ou
ausência de conhecimentos elementares e básicos para a ação realizada.
Ação em desconformidade com as técnicas e normas.
C.2.5 Previsibilidade
Que consiste na possibilidade de prever o perigo advindo da conduta;
porém não tomar as medidas para evitá-lo.
C.2.6 Tipicidade
A punição do crime culposo é exceção à regra. (Princípio da
excepcionalidade)
Deve estar expresso no tipo penal que o legislador deseja punir a forma
culposa daquele tipo penal. No silêncio, só é punida a forma dolosa do
tipo penal.
33
C.3 Legislação Penal na esfera ambiental
26
Lei de Crimes Ambientais: Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
34
2. No interesse ou benefício da entidade
27
Informativo 714 do STF, 1ª Turma. RE 5481/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 06/08/2013 e
RMS 39.173-BA, STJ 6ª Turma. Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca. Julgado em 06/08/2015
35
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não
estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares,
relativas à proteção do meio ambiente.
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou
atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em
desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou
regulamentar.
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter
subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de
dez anos.
28
Áreas Contaminadas - Introdução - Responsabilidades, ECD Training. RIYIS, Marcos Tanaka.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-j77Ie5B4 bU&ab_channel=ECDTraining. Acesso
em abr/2022.
36
I - o causador da contaminação e seus sucessores;
II - o proprietário da área;
III - o superficiário;
IV - o detentor da posse efetiva;
V - quem dela se beneficiar direta ou indiretamente.
● Representante Legal.
É aquele que representa a entidade ou empresa, é nomeado no ato constitutivo
da empresa (contrato social, estatuto social) ou formalmente por outro instrumento,
como por exemplo por meio de ata.
Exerce a responsabilidade integral por todos os atos da empresa.
● Responsável Legal.
É aquele que, por meio de procuração, recebe poderes específicos e determinados
para atuar em nome da empresa. Assume responsabilidade limitada àqueles atos
que está autorizado a praticar.
● Responsável Técnico.
É o profissional devidamente registrado no Conselho Regional da atividade e que
possui a qualificação e habilitação legal para assumir a responsabilidade técnica
pelas atividades desenvolvidas no empreendimento.
37
Trata-se de uma limitação que se impõe à propriedade para garantir que ela exerça
sua função social para o bem-estar, não apenas do proprietário, mas também do
meio ambiente e de toda a coletividade.
A propriedade não gera apenas direitos, mas também obrigações.
● Responsabilidade objetiva.
A responsabilidade objetiva é aquela que se impõe independentemente de culpa
ou dolo do agente ou responsável. Toda atividade envolve riscos, aquele que
desenvolve a atividade assume o risco de ser penalizado por eventuais danos que
possa causar, ainda que não tenha culpa pelo ocorrido.
● Responsabilidade Solidária30.
São todos os responsáveis pela obrigação. Havendo vários responsáveis na
condição de imputáveis, a responsabilização pode ser imputada a todos eles, a
alguns ou apenas àquele que possuir condição ou maior probabilidade de suportá-
la.
Esse tipo de responsabilidade não pode ser presumido, suas hipóteses estão
especificamente previstas em lei, ou podem se encontrar pactuadas em contratos
ou outros tipos de negociações, pelas partes.
Aquele que suportou a responsabilidade pode requerer dos demais o
ressarcimento proporcional, por meio de uma ação de regresso.
● Responsabilidade Subsidiária.
Tem caráter acessório ou suplementar. Há uma ordem a ser observada para
cobrar a dívida. O devedor subsidiário só pode ser acionado após a dívida não ter
sido totalmente adimplida pelo devedor principal.
● Corresponsabilidade
O agente público tem o dever de, após ter ciência da ocorrência da infração
ambiental, tomar imediatamente as providências necessárias à sua apuração, sob
pena de corresponsabilidade.
29
Código Civil (Lei Federal 10.406/2002), art. 927.
30
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios. Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/
institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/responsabilidade-solidaria-
x-responsabilidade-subsidiaria. Acesso em: MAI/2022.
38
5.1.3 DO STATUS DE UTILIDADE PÚBLICA
O status de interesse público pode ser compreendido como um interesse ou ação que
é digna de ser objeto do somatório de forças de uma sociedade - esforços jurídicos, políticos,
econômicos, sociais etc.) cujo resultado visa o desenvolvimento e o benefício da coletividade.
(Gil França, 2016).31
6 CONCLUSÃO
31
Gil França. Interesse público - um conceito “não indeterminado. in Direito do Estado.
Disponível em: http://www.direitodoestado.com.br/colunistas/phillip-gil-franca/interesse-publico-um-
conhecido-conceito-nao-indeterminado#:~:text=O%20interesse%20p%C3%BAblico%20pode%20
ser,de%20pessoas%20dessa%20mesma%20sociedade].
39
● Contratação de seguros ambientais, seguro contra risco de inadimplência do
responsável técnico, seguro de responsabilidade civil, seguro ambiental para
obra e prestação de serviços;
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. (1981). Lei Federal n° 6.938, de 31 de agosto de1981, que dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras
providências. Acesso em 4 de jul. de 2020, disponível em Presidência da República - Planalto:
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