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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

INSTITUTO DE ARTES
DEPARTAMENTO DE ARTES DRAMÁTICAS - DAD
GRADUAÇÃO EM TEATRO

Sofia Schneider Schaeffer, Fernanda Doncatto, Camila Consi e Nathaly Lima Lestriz e
Isabelle Vieira Antunes

Relatório sobre o desenvolvimento do trabalho de apresentação “Sonho de


Uma Noite de Verão”, de William Shakespeare.

Porto Alegre
2023
Sonho de uma noite de verão, foi encenada aproximadamente entre os anos
de 1595 e 1599, no segundo período de Shakespeare, período marcado pelas suas
peças históricas e comédias leves.

A peça é considerada a maior comédia de Shakespeare. A ação, que se


passa em Atenas, retrata os desencontros amorosos de quatro jovens e as
altercações entre o casal de deuses Titânia e Oberon, criando um contraponto às
desventuras dos mortais. Temos Hérmia, bela e delicada, apaixonada por Lisandro;
Lisandro, apaixonado por Hérmia, é um jovem cortesão; Helena, jovem apaixonada
por Demétrio, não é correspondida; Demétrio, apaixonado por Hérmia e apoiado
pelo pai da moça; Oberon, rei dos duendes e esposo de Titânia; Titânia, rainha das
fadas. A peça baseia sua estrutura nos conflitos dos personagens entre si e no
conflito pessoal (como no caso de Helena) .

Nesse viés, a ideia da apresentação coletiva, foi um processo criativo com


uma ideia até então inusitada. Foi pensado em uma contação de histórias onde
teríamos como narradoras as fadas da corte da Rainha Titânia, contando para sua
majestade todos os acontecimentos mágicos e atrapalhados de Atenas. O grupo
decidiu que era interessante mostrar uma outra perspectiva do livro de
Shakespeare.

Primeiro foi feito o roteiro, escrito com a estrutura de uma peça de teatro.
Adaptando as falas de maneira lúdica e engraçada, pois o intuito seria como se o
público conseguisse também fazer parte da apresentação, sendo incluídos como
ouvintes da história.

Acrescentamos mais falas e expressões da Rainha Titânia com suas fadas,


além de darmos uma característica única para cada fadinha na hora de suas
interações. Podemos perceber momentos românticos, engraçados e até de brigas
entre si. No final, o roteiro completo foi feito em uma noite única noite. O roteiro
continha como citado acima, além do conteúdo da peça em si, algumas falas
descontraídas e referência, como, a fala da Rainha Titânia, que faz alusão ao
poema 'Quadrilha' de Carlos Drummond de Andrade. A experiência de escrever o
roteiro, foi divertida e enriquecedora.
Destarte, tivemos a experiência de construir um figurino coletivo dentro da
proposta da história foi uma dificuldade, em primeiro momento. Por estarmos entre
quatro fadas e uma "rainha fada", havia a preocupação de passar veracidade nas
roupas e acessórios relacionados ao que iríamos contar, mas que ainda coubesse
dentro das circunstâncias de estarmos em sala de aula e da necessidade de não
haver grandes gastos em investimentos com vestimenta.

Inicialmente, pensamos no uso de cores, uma diferente para cada


personagem - tendo, ou não, relação com o nome de cada uma - e cogitamos o uso
de acessórios como asas e orelhas. Sem termos certeza ainda de como prosseguir
exatamente, fomos em busca de inspirações em fotos, vídeos e inclusive no próprio
filme "Sonho de Uma Noite de Verão", de 1999.

Assim, chegamos ao consenso do figurino e acessórios a serem usados: as


quatro fadas usariam saias soltas e coloridas - de preferência com flores - blusa ou
top de uma cor neutra, pés descalços e flores nos cabelos. E a rainha, mantendo a
proposta das flores na cabeça e pés descalços, usaria uma roupa um pouco mais
formal, de apenas uma cor (branco sendo a escolhida), mas ainda sendo uma saia
soltinha e um top, além da coroa, para que houvesse uma diferenciação de seu
status de poder para o das fadas, mas ainda mantendo-se dentro de um padrão que
a configurasse como fada também. Além disso, fizemos o uso de ítens de
maquiagem, como glitter e lápis coloridos, para que, até mesmo nossos rostos
saíssem do cotidiano e fizessem parte do "universo mágico" que queríamos
construir.

Dessa forma, conseguimos produzir figurinos lúdicos, utilizando itens os


quais já tínhamos e que se encaixavam na proposta, e fizemos a adesão apenas
das flores, que usamos tanto na vestimenta, quanto na cenografia.
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Para tornar a encenação mais realista e na tentativa de levar uma


experiência marcante para os colegas dentro de sala, o grupo pensou em um
cenário simples, mas que trouxesse à tona sensações passadas através da leitura
da obra.

Como a história deu-se a partir do ponto de vista das fadas dentro de seu
reino, foi interpretado pelo grupo que o ambiente era marcado por natureza. Um
ambiente com muitas flores e plantas, junto ao trono com os pertences da rainha
Titânia. Com isso, foram espalhados tecidos no chão para trazer o aspecto de
grama e natureza, utilizando elementos do Guarda Roupa do DAD e da professora
Cristiane Werlang para compor o espaço.

Para desenvolver um clima leve e mágico, foram colocadas pelo chão folhas
coloridas e flores artificiais encontradas tanto no Guarda Roupa, quanto nas
residências das participantes do grupo. Para integrar a plateia de alguma maneira
na encenação, os mesmos foram dispostos no chão, em cima de um tecido com
flores e plantas, já que se tratava de uma floresta.
Como um reino necessita de um trono para sua rainha, foram analisadas
maneiras práticas de transformar uma cadeira em um trono e deixá-lo o mais
realista possível. Foi colocado um tecido em cima da cadeira junto com flores que
decoravam o altar da rainha das fadas. Uma mesa com alguns elementos de
decoração, junto com cálice e garrafas que o grupo possuía, foram materiais que
compunham o cenário.

A decoração serviu não só para que o público se sentisse dentro da


encenação e fugisse da realidade por algum momento, mas para que as integrantes
do grupo estivessem ambientadas e vivessem mais a fundo a história contada na
obra de Shakespeare.

Por fim, o grupo ainda realizou uma pesquisa sobre como a peça continua
sendo representada no cenário atual do teatro e na influência deixada por
Shakespeare após tantos anos de sua obra.

Sonho de uma noite de verão, teve sua adaptação cinematográfica em 1999


com a atriz Michelle Pfeiffer e o ator Kevin Kline. O filme se mantém fiel a peça,
utilizando a maioria das falas do mesmo modo em que aparecem no texto, sem
haver tantas mudanças no roteiro. Além do filme, a obra teve algumas adaptações
musicais, como o musical feito pela Lisbon Film Orchestra de Portugal e a
adaptação feita pela Prefeitura Municipal de Campinas que une o teatro e orquestra
sinfônica durante a apresentação, alternando a história entre os dois.

Ademais, a obra musical feita por Mendelssohn de mesmo nome e baseada


na peça, por mais que lançada em 1827, até os dias de hoje, é conhecida como a
“Marcha Nupcial”, e utilizada ainda na grande maioria dos casamentos.

Assim, ao analisarmos a peça trazendo para o contemporâneo,


compreendemos a influência de Shakespeare - algumas vezes indiretamente - na
forma de fazer teatro e de contar histórias. Dessa maneira, ao ler a letra da música
“Fada” da dupla Victor e Leo, percebemos uma semelhança com a história
apresentada na peça. Exemplo disso pode ser observado no refrão “madrugada de
amor que não vai acabar, se estou sonhando não quero mais acordar, minha história
linda, meu conto de amor”, tendo uma coincidente semelhança com os jovens
apaixonados que acabam adormecendo no bosque e também na estrofe “sinto um
cheiro de perfume no ar, vejo minha fada e sua vara de condão, tocando meu
coração”, podendo facilmente associar esse perfume ao cheiro da poção do amor,
visto que essa é feita com a flor do amor-perfeito.

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