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DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS

(DATALOGGER) AUTOMOTIVO COM CONTROLE DA MISTURA AR-


COMBUSTÍVEL EM MALHA FECHADA(1)
Marcelo Belchior Snovarski Fonseca(2), Michele Menezes Custódio(3), Mauricio Paz
França(4)

(1) Trabalhoexecutado com recursos próprios.


(2) Acadêmico do curso de Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA. Bolsista de Iniciação
Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Alegrete – RS. E-mail:
marcelosnovarski@gmail.com
(3) Acadêmica do curso de Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA. Alegrete – RS.

E-mail: michelemcustodio@gmail.com
(4) Orientador, professor e Coordenador de Estágios da Engenharia Mecânica na Universidade Federal do Pampa –

UNIPAMPA. Alegrete – RS. E-mail: mauriciofranca@unipampa.edu.br

RESUMO: Este trabalho se concentra no desenvolvimento de um sistema para aquisição e gravação dos dados de
sensores para o controle em malha fechada da mistura ar-combustível na alimentação de gasolina ou etanol em um
motor de combustão interna. Definiu-se o problema inicial, que foi a falta de um sistema de controle integrado para
controle de bicos injetores de combustível e que, ao mesmo tempo, pudesse fazer a aquisição de sinais oriundos do
sistema mecânico para posteriores análises. Após, optou-se pelo uso de um microcontrolador ATMEGA2560,
programado em linguagem de programação C. O sistema atua lendo o sinal enviado por uma injeção eletrônica
programável qualquer, em PWM, e adiciona a esse PWM o tempo de ação necessário para alcançar a mistura ar-
combustível (AFR) desejada. Em paralelo com esta função, o microcontrolador faz a leitura de outras 5 portas de sinal
lógico (0 ou 5 volts) e 5 portas de sinal analógico (0 a 5 volts), enviando os dados para um cartão micro-sd com
capacidade máxima de 2GB (gibabytes). Realizados os testes em bancada, o sistema mostrou-se eficaz mas
apresentou um tempo de atraso na resposta de aproximadamente 80 milissegundos, mesmo assim sendo o resultado
satisfatório para um primeiro protótipo.

Palavras-Chave: Mistura ar-combustível, AFR, Eletronic Fuel Inject, Lambda.

INTRODUÇÃO

Dentro do contexto de controle de um sistema de alimentação de um motor de combustão interna com


injeção eletrônica programável, existem fatores que podem gerar um resultado satisfatório ou não no que
diz respeito ao desempenho alcançado. Leia-se desempenho não somente a potência atingida por tal
motor, mas sim a potência aliada ao consumo racional de combustível. (POWELL, 1998).
A relação ar-combustível (AFR – do inglês air fuel ratio) fornecida a um motor está diretamente ligada
com o seu desempenho e consumo. De maneira bem resumida e concisa, uma mistura estequiométrica é
aquela que possui a relação ideal da AFR, ou seja, que apresenta x massa de ar para y massa de
combustível. Este texto será repetido durante o trabalho por várias vezes, motivo pelo qual é interessante
que exista uma compreensão acerca do mesmo.
Porém, existem regimes de atuação de um motor que é necessário que seja fornecida a este outras
concentrações de combustível na AFR. E é neste ponto que o trabalho começa a tomar forma. A maioria
das injeções eletrônicas programáveis do mercado não possuem um controle ativo de AFR, ou seja, uma
configuração de mistura não varia com a variação de parâmetros físicos reais do carro. Para diferentes
qualidades de combustível e para outros imprevistos, ou erros, do sistema este ajuste fixo é ineficaz.
(WEIGE, 2002).
Quanto mais combustível é injetado no motor, deixando a relação AFR mais “rica”, com valores de
AFR abaixo do estequiométrico, tem-se um melhor desempenho do mesmo se comparado com a AFR
estequiométrica, e um maior consumo. O inverso é verdadeiro, quanto menos combustível mais “pobre” é a
mistura e menor será o consumo e desempenho. Existem limites de enriquecimento e empobrecimento da
mistura para que não existam ações danosas ao motor, e o controle desses limites é muito importante.
(JONES, 1995).
O principal objetivo do trabalho é este: criar um sistema que imponha limites para controle da AFR de
forma ativa, funcionando em paralelo a um sistema de injeção programável qualquer.

Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
METODOLOGIA

Após uma intensa revisão bibliográfica nos conceitos de AFR se desenvolveu a criação de variáveis
editáveis na programação do microcontrolador, com isso foi criado um protótipo em protoboard.
Basicamente o sistema foi desenvolvido com o seguinte critério: a injeção é programada para enviar um
pulso ao bico injetor sempre menor que o necessário (forçando que a mistura sempre fique pobre), e o
sistema atue aumentando o pulso e corrigindo a mistura para desejada. A figura 1 demonstra como o
sistema foi desenvolvido.

Figura 1 – Sistemática do sistema de correção.

Basicamente, o microcontrolador lê a posição do acelerador (TPS), o sinal do sensor da mistura e a


RPM do motor, adicionando ao pulso da injeção um “tempo” de ação pré-estipulado ao comando de uma
injeção eletrônica que trabalha em linha. A correção sempre acontece em loop. Ao mesmo tempo o sistema
faz a aquisição de dados dos sensores do sistema mecânico e os grava no cartão de memória.
Posteriormente é possível analisar os dados em softwares como, por exemplo, o Microsoft Excell. A
capacidade máxima de armazenamento é de 2GB, uma das limitações do microcontrolador utilizado. A
correção é baseada em um AFR alvo, para um condição qualquer, que é programado no sistema, podendo
ser alterado. Foram realizados testes em bancada com sensores forjando o funcionamento real de um motor
de combustão interna.
O tempo de atraso do sistema foi mensurado com outro microcontrolador, que disparava um
cronômetro em milissegundos entre leitura dos dados e ação do sistema.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por mais que os testes não tenham sido feitos em um caso real os resultados se mostram
promissores. Com um delay de resposta de aproximadamente 80 milissegundos, um trabalho mais árduo no
desenvolvimento do sistema pode trazer melhoras significativas. Outro ponto importante é a taxa de
correção que o sistema comporta, que pode chegar a 45 hertz em altas rotações (acima de 3500 rpm). O
investimento para construção do equipamento é de R$480,00 (quatrocentos e oitenta reais), com o sensor
sonda-lambda incluso.

CONCLUSÕES

Por fim, conclui-se que o sistema deve ser aprimorado e testado em diferentes condições. Existem
poucos trabalhos que seguem assuntos ligados ao controle em malha fechada da AFR, motivo pelo qual
qualquer referência é de difícil acesso. Para comparações, o sistema mais eficaz presente no mercado, da
empresa americana MOTEC, apresenta um delay de 10 milissegundos e custa aproximadamente $5000,00
(cinco mil dólares). O uso da eletrônica no gerenciamento de motores vem ganhando espaço nas duas
últimas décadas, e muitos são os avanços que podem colaborar com esta área. Aos desenvolvedores,
restou um aumento no conhecimento de automação e programação de microcontroladores, área que tem
um grande nicho na indústria mundial.

REFERÊNCIAS

DENTON, T. Automobile Electrical and Electronic System. Second Edition. Arnold, Londres, 2000.

POWELL, J. D.; FEKETE, N. P.; CHANG, C. Observer-Based Air-Fuel Ratio Control. IEEE Control Systems. V.18, pg.
72-83.1998

WEIGE, Z.; JIUCHUM, J.; YUAN, X.; XIDE, Z. CG Engine Air-Fuel Ratio Control using Fuzzy eural etworks. IEEE The
2nd International Workshop on Autonomous Decentralized System 2002, pp. 156-161.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa

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