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Jorge A. R.

Durán 1

Disciplina:
Título
Elementos de Máquinas

Tema:
Parafusos de Potência
(ver. setembro de 06)

 Jorge A. R. Durán
UFF – TMI – Volta Redonda
Jorge A. R. Durán 2
Introdução
•Também conhecidos como parafusos de avanço, os parafusos
de potência são utilizados para converter o movimento de
rotação em movimento linear em atuadores, máquinas de
produção e macacos, entre outras aplicações. A figura 1A
mostra três tipos de macacos mecânicos de parafusos de
potência. Outras aplicações se mostram na figura 1B.
•O tipo de rosca usada em parafusos de potência deve ser
diferente daquela utilizada em fixadores, pois as tensões são
neste caso bem maiores.
•Da mesma forma que nos parafusos convencionais, os
parafusos de potência serão de rosca direita se cumprem a
regra da mão direita e de rosca esquerda se não a cumprem.
•Os perfis de rosca padronizados para parafusos de potência e
as dimensões destes se mostram na figura 2 e tabela 1
respectivamente.
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Figura 1A – Três macacos mecânicos de parafusos de


potência. Em cada caso o membro sombreado rota e um
mancal de deslizamento ou de rolamentos transmite a carga
axial do membro fixo ao membro que gira. (Juvinall 2000)
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Figura 1B – Mais exemplos de aplicação dos parafusos de potência.


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Figura 2 – Perfis padronizados de roscas de parafusos de


potência. Todas as dimensões no plano axial. (Juvinall 2000)
Filetes por Polegada Jorge A. R. Durán 6
Diâmetro Acme e Acme Quadrada e
Buttress
externo d(in.) Modificado Quadrada Mod.
1/4 16 10
5/16 14
3/8 12
3/8 10 8
7/16 12
7/16 10
1/2 10 6 1/2 16
5/8 8 5 1/2 16
3/4 6 5 16
7/8 6 4 1/2 12
1 5 4 12
1 1/8 5 12
1 1/4 5 3 1/2 10
1 3/8 4 10
1 1/2 4 3 10
1 3/4 4 2 1/2 8
2 4 2 1/4 8
2 1/4 3 2 1/4 8
2 1/2 3 2 8
2 3/4 3 2 6
3 2 1 3/4 6
3 1/2 2 1 5/8 6
4 2 1 1/2 6
4 1/2 2 5
5 2 5

Tabela 1 – Tamanhos padronizados de Parafusos de Potência.


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•Os parafusos ACME são os mais antigos e ainda se utilizam
com muita freqüência. Permitem o uso de uma rosca partida
que pode ser apertada radialmente para consumir um eventual
desgaste.
•Uma modificação do padrão ACME, chamada na figura de
ACME stub, apresenta uma altura do dente de 0.3p em lugar
do padrão 0.5p. Tem a vantagem de poder sofrer uma
tratamento térmico mais uniforme.
•A rosca ACME é a escolha comum para parafusos de
potência que devem suportar cargas em ambas as direções.
•A rosca quadrada proporciona máxima eficiência e rigidez e
também elimina qualquer componente de força radial entre o
parafuso e a porca. Porém é de difícil fabricação. Para
contornar esta dificuldade, as vezes se utiliza uma rosca
quadrada modificada.
•O avanço da rosca L é a distância que uma porca avançará na
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direção paralela ao eixo do parafuso (isto é, axialmente) com


uma revolução do parafuso. Sendo Zp o número de entradas da
rosca e p o passo teremos (ver figura 3):
L = p Zp (1)

Figura 3 – Roscas helicoidais de passo p, ângulo de avanço λ e


avanço L.
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•Existem dois padrões de roscas, o UNS e ISO, utilizados nos


EU e na Europa respectivamente. Os dois padrões tem
essencialmente o mesmo perfil de rosca, porem utilizam
medidas em polegadas (UNS) e métricas (ISO). Por este
motivo, roscas de diferentes padrões não são intercambiáveis.
•O padrão UNS especifica o passo como o recíproco do
número de filetes por polegada (NFP), p=1/NFP=L/Zp,
enquanto que o padrão ISO especifica o passo em mm.
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Análise de Força e Torque em Parafusos de
Potência
•Uma rosca de parafuso é essencialmente um plano inclinado
enrolado ao redor de um cilindro de forma a criar uma hélice.
•À esquerda da figura 4 se mostra uma vista superior de uma
volta completa desta hélice em torno do diâmetro menor do
parafuso.
•Quando desenrolada, figura 4 à direita, a hélice formará um
triângulo retângulo de catetos L e πdm e cujo ângulo menor
será λ (ângulo de avanço).
•Um giro da porca da figura 1-c provocará que cada filete da
mesma tenha que subir um plano inclinado.
•Um elemento infinitesimal de volume da porca estará
submetido a um sistema de forças como mostrado na figura 4.
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Figura 4 – Forças em Parafusos de Potência. (Juvinall 2000)


•Onde q e w são a força tangencial e a força axial, n é a força
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normal e f·n é a a força de atrito. Todas estas forças são as


resultantes do carregamento distribuído por nt filetes e ainda
divididas pela distância radial entre o dr e o d (figura 2).
•Repare que q*dm/2 representa o torque aplicado ao elemento
infinitesimal.
•Aplicando as equações de equilíbrio no EV nas direções
horizontal (tangencial) e vertical (axial) temos:
∑ Ft = 0 : q − n(f cos λ + cos α nsenλ ) = 0 (2)
∑F = 0 : w + n(f senλ − cos α n cos λ ) = 0
a
•Eliminando n das equações anteriores obtemos uma relação
entre o esforço axial q e a carga w:
f cos λ + cos α n senλ
q=w (3)
cos α n cos λ − fsenλ
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•Como as forças elementares q e w não dependem da distância
percorrida na superfície da hélice, a integração vai retornar os
valores totais de Q e W. O torque necessário para subir a
carga Ts=Q*dm/2 será:
dm d m f cos λ + cos α n senλ
Ts = Q =W (4)
2 2 cos α n cos λ − fsenλ
•Observe que este torque é igual a F·a na figura 1c.
•Geralmente o avanço L e não o ângulo de avanço λ é o valor
padronizado. Podemos obter uma forma mais útil da equação
(4) dividindo o numerador e denominador por cos λ e então
substituir tanλ=L/πdm. Como resultado obtemos:
d m f πd m + L cos α n
Ts = W (5)
2 πd m cos α n − f L
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•Na maioria dos casos existe um mancal de rolamentos o de
deslizamentos (colar) para minimizar o atrito entre o membro
que permanece estacionário e o membro que gira.
•O valor do torque para vencer o atrito do mancal seria
Wfcdc/2, onde fc e dc são o coeficiente de atrito e o diâmetro
do mancal, respectivamente.
•O torque total para levantar a carga W será:
d m f πd m + L cos α n fcd c
Ts = W +W (6)
2 πd m cos α n − f L 2
•Uma análise similar pode ser realizada para encontrar o
torque necessário para baixar a carga. O resultado será:
d m f πd m − L cos α n fcd c
Td = W +W (7)
2 πd m cos α n + f L 2
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•As dimensões geométricas dos perfis de roscas para parafusos
de potência mostrados na figura 2 correspondem ao plano
axial. Como as equações desenvolvidas para o torque estão em
função do ângulo no plano normal (αn) devemos encontrar
uma relação entre α e αn. Observando a figura 5 obtemos:
tan α n = tan α cos λ (8)

Parafusos Autotravantes
•Um parafuso autotravante não gira sob a ação de uma carga
axial (não um torque) à porca, seja qual for a sua magnitude.
•De outra forma, um parafuso autotravante requer um torque
positivo para baixar a carga.
•Esta condição depende de uma relação entre o atrito na hélice
do parafuso f e os ângulos de avanço λ e do perfil α.
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Figura 5 – Comparação entre os ângulos de avanço medidos


nos planos normal e axial.
•Desprezando o atrito no colar a equação 7 mostra Jorge
queA.um
R. Durán 17

parafuso será autotravante se:


L cos α n
f≥ = tan λ cos α n (9)
πd m
•Observe que a condição obtida é puramente geométrica e vale
para qualquer carregamento axial.
•Podemos notar que, para um dado coeficiente de atrito entre a
porca e o parafuso, na medida que λ aumenta maior a
probabilidade de que a porca desça sob a ação de W.
•Como 0.08 ≤ f ≤0.2 para roscas quadradas 4.6o ≤ λ ≤ 11.3o.
Devemos alertar para o fato de que estes são resultados de
cálculos estáticos de maneira que vibrações e/ou outras
condições de trabalho diferentes poderão mudar a performance
do parafuso durante o serviço.
Jorge A. R. Durán 18
Eficiência
•A eficiência dos parafusos de potência pode ser calculada
como a relação entre o trabalho de saída e o de entrada.
•O trabalho de saída, como nos macacos da figura 1, para uma
revolução da porca será WL. O trabalho de entrada será a
força pelo perímetro da circunferência F2πr=2πT.
•Desprezando o atrito no colar podemos obter uma fórmula
para a eficiência do parafuso durante o levantamento da carga:
WL L πd m cos α n − f L
e= = (10)
2πTs πd m π f d m + L cos α n
•A equação 10 pode ser obtida também considerando a
eficiência como a relação entre o torque sem atrito (ideal) e o
torque real com atrito.
•Substituindo tanλ=L/πdm em 10 e manipulando obtemos:
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L
cos α n − fL
tgλ L cos α n − f tgλ L
e = tgλ =
L f L + L tgλ cos α n
f + L cos α n
tgλ
cos α n − f tgλ 1 cos α n − f tgλ
e = tgλ = ⋅
f + tgλ cos α n cot λ f + tgλ cos α n
cos α n − f tgλ
e= (11)
f cot λ + cos α n
•Que para roscas quadradas se simplifica a:
1 − f tan λ
e= (12)
1 + f cot λ
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•A figura 6 mostra o comportamento da eficiência em
parafusos ACME (α = 14.5o) quando variamos o coeficiente
de atrito f e o ângulo de avanço λ. O valor de αn em 11 foi
calculado da equação 8. Como esperado o aumento do
coeficiente de atrito resulta em uma diminuição da eficiência.
•Na medida que o ângulo de avanço tende a zero a eficiência
também se aproxima de zero, pois nestas condições estaríamos
realizando uma grande quantidade de trabalho para vencer o
atrito na hélice do parafuso (2πTs) com um pequeno retorno
em termos de elevação da carga (WL). Parafusos de rosca
quadrada terão uma eficiência ligeiramente superior aquela
dos parafusos ACME (menos de 1%).
•Se aumentarmos ainda mais o ângulo αn a eficiência tende a
diminuir. Isto porque a força de atrito f·n aumenta como
conseqüência do aumento de n para suportar o peso W.
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Figura 6 – Eficiência de parafusos ACME desprezando o atrito
no mancal de escora.

cos α n − f tan λ
e=
cos α n + f cot λ
tan α n = tan α cos λ
f
Sample problem 10.1 Acme Power Screw Notar que neste exemplo utiliza-se a letra22µ
Jorge A. R. Durán
em lugar de f para definir o coeficiente de
atrito.
A screw jack with a 1-in, double-thread Acme screw is used to raise a load of 1000 lb.
Sample problem 10.1 Acme Power Screw
A plain thrust collar of 1.5-in. mean diameter is used. Coefficients of running friction are
estimated as 0.12 and 0.09 for µ and µc respectively. Determine:

a) the screw pitch, lead, thread depth, mean pitch diameter and helix angle.
b) starting torque for raising and for lowering the load
c) the efficiency of the jack when raising the load

Note: The starting and running friction remain steady. Starting friction is about one-third
higher than running friction

Solution:From
Solution: Fromtable
table1 10.3
therethere
are 5 are 5 threads
threads perhence
per inch, inch, hence
p = 1/5 p= =0.2
1/5
in.= 0.2 in.
Because of the double thread L = 2p = 0.4 in.
Because of the double thread L = 2p = 0.4 in.
From figure 10.4a thread depth = p/2 = 0.1 in.
From
From figure
figure210.4a
threaddm
depth
= d =- p/2
p/2 =
= 0.1
1 - in.
0.1 = 0.9 in.
From figure 2 dm = d - p/2 = 1 - 0.1 = 0.9 in.
d := 1 W := 1000 dc := 1.5

Lead Angle λ = atan (L/ π dm) p := 0.2 µ := 0.12 µc := 0.09


L := 2⋅ p L = 0.4 Jorge A. R. Durán 23

p
dm := d − dm = 0.9
2

λ := atan   ⋅ 180
L
λ = 8.052
 π⋅ dm  π

Figura E1 – Macaco mecânico subindo uma carga fixa


Jorge A. R. Durán 24

First we find αn. The values of thread angle αn in the normal plane, Juvinall p. 404 are:

αn ( α , λ) := atan ( tan ( α ) ⋅ cos ( λ) )

180
αn ( 14.5deg , 8.05deg ) ⋅ = 14.363
π

The total torque required to lift the load Tr is:

dm µ ⋅ π⋅ dm + L⋅ cos ( αn ) dc
( )
Tr W , dm , µ , L, αn , µc , dc := W ⋅ ⋅ + W ⋅ µc⋅
2 π⋅ dm⋅ cos ( αn ) − µ ⋅ L 2
Jorge A. R. Durán 25

For starting we increase the given coefficients of friction by about one-third

 µ
Tr W , dm, µ + , L, 14.36deg , µc +
µc 
, dc = 231.285
 3 3 

For lowering the load the torque Tl is:

dm µ ⋅ π⋅ dm − L⋅ cos ( αn ) dc
Tl( W , dm , µ , L, αn , µc , dc ) := W ⋅ ⋅ + W ⋅ µc⋅
2 π⋅ dm⋅ cos ( αn ) + µ ⋅ L 2

 µ
Tl W , dm , µ + , L, 14.36deg , µc +
µc 
, dc = 100.417
 3 3 
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Torque for lowering and raising the load during operation can be calculated using running
values of friction coeficients µ and µc:

Tr( W , dm, µ , L, 14.36deg , µc , dc ) = 189.033

Tl( W , dm, µ , L, 14.36deg , µc , dc ) = 59.716

Efficiency is the ratio of friction-free torque to actual torque. For lift the load:

Tr( W , dm, 0 , L, 14.36deg , 0 , dc )


eff := ⋅ 100 eff = 33.678
Tr( W , dm, µ , L, 14.36deg , µc , dc )
Jorge A. R. Durán 27
If a ball thrust bearing were used so that collar friction could be neglected, the efficiency
would be:

Tr( W , dm, 0 , L, 14.36deg , 0 , dc )


eff := ⋅ 100 eff = 52.382
Tr( W , dm, µ , L, 14.36deg , 0 , dc )

Tensões Estáticas em parafusos de Potência

•Os parafusos de potência devem ser checados para evitar a


falha por 4 mecanismos principais:
•Esforços axiais no corpo do parafuso
•Torque no corpo do parafuso
•Esmagamento da superfície do filete
•Flexão e cisalhamento transversais na base dos filetes
•A figura 7 mostra os três pontos críticos na zona de contato
Jorge A. R. Durán 28

das roscas de um parafuso de potência. A tensão de


esmagamento no ponto A se calcula utilizando a área
projetada. O modo de falha dominante provável é o desgaste.
F
σ=− 2
( 2
π re − rr n t ) (13)

•Onde F=W é a resultante da carga vertical distribuída em


uma rosca e nt é o número de roscas engajadas.
•Modelando o filete da rosca como uma viga, no ponto B as
tensões atuantes são devidas ao cisalhamento por cargas
transversais, ao torque e ao carregamento axial, este último
considerado de tração supondo que as linhas de força subam
pelo corpo do parafuso. Neste ponto os modos de falha serão o
escoamento ou a fadiga.
Jorge A. R. Durán 29

Figura 7 –
Parafuso
de rosca
quadrada
mostrando
A C
os pontos B
críticos
para
análise das
tensões.
σz σz
Jorge A. R. Durán 30

τ(devida ao torçor)
B
A
τ(devida ao cortante)

Figura 7 - cont.
σz
Jorge A. R. Durán 31

τ(devida ao torçor)
C
σ
y (devida ao fletor)

Figura 7 - cont.
•Como a seção do filete na raiz é retangular as tensões
Jorge A. R. Durán 32

cisalhantes no ponto B, devidas ao cortante, se calculam da


seguinte forma:
3F 3 F 3 F
τ= = = (14)
2 A 2 2πrr (p / 2) n t 2 πrr p n t
•As tensões cisalhantes devidas ao torque se calculam pela
clássica equação: 16 Ts
τ= 3
(15)
π dr nt
•As tensões normais trativas e compressivas no corpo do
parafuso (ponto B) podem ser calculadas diretamente como
F/A. Uma boa aproximação para calcular a área seria utilizar o
diâmetro de raiz dr:
4F
σ= 2
(16)
π dr nt
Jorge A. R. Durán 33
•No ponto C atuam as tensões normais devidas ao fletor
(modelando novamente o filete como uma viga engastada com
uma carga na extremidade distribuída ao longo da linha de
passo), as tensões normais devidas ao esforço axial (equação
16) e as tensões cisalhantes devidas ao torque (equação 15).
•A “viga” na base terá uma altura h=p/2 e uma largura πdr. A
relação I/c, para um filete, será:
3
p
πd r  
3
I b h / 12  2 πd p 2
= = = r (17)
c p/4 3p 24
•Encontramos as tensões devidas ao fletor pela equação:
Fp M Fp 24 6F
M= , σ= = = (18)
4 I / c nt 4 πd r p n t πd r p n t
2
•Para calcular a tensão equivalente no pontos B e CJorge podemos
A. R. Durán 34

utilizar a teoria da máxima energia de distorção (von Mises):

[ ]
1
~=
σ
1
(σ x − σ y )2 + (σ y − σ z )2 + (σ z − σ x )2 + 6(τ 2xy + τ 2yz + τ 2xz ) 2
2 (19)
•Uma análise da figura 8 revela dois fatores importantes que
motivam um compartilhamento de carga não uniforme em
todos os filetes:
•1) A carga é compartilhada entre três filetes como membros
redundantes. O mais curto (e rígido) caminho das linhas de
força ocorre através do filete 1. Por tanto este filete será o
mais carregado.
•2) A carga aplicada gera tensão na parte roscada do parafuso,
enquanto que a parte engajada da porca estará em compressão.
As deflexões resultantes aumentam o passo do parafuso e
diminuem o da porca, diminuindo a pressão nos filetes 2 e 3.
Jorge A. R. Durán 35

Figura 8 – Fluxo das


linhas de força para
um parafuso em
tensão
•Experimentos mostram que a primeira rosca engajada carrega
Jorge A. R. Durán 36

38% da carga; a segunda 25%; a terceira 18% e assim em


ordem decrescente. Podemos por tanto, para trabalhar com o
maior nível das tensões nos parafusos de potência, estimar as
tensões usando as equações 13-18 (resumidas na tabela 2)
substituindo F por 0.38F e estabelecendo nt=1.
Tipo de Esforço Interno
Ponto Axial Cortante Fletor Torçor
F
σ=−
A ( 2 2
)
π re − rr n t − − −

4F 3 F 16 Ts
σ= τ= τ=
B π dr
2 2 πrr p n t − π dr
3

4F 6F 16 Ts
σ=
σ= 2
πd r p n t τ= 3
C π dr − π dr

Tabela 2 – Resumo das tensões em parafusos de potência.


Jorge A. R. Durán 37
Flambagem
•Por se tratar de membros esbeltos carregados axialmente em
compressão, os parafusos de potência devem também ser
projetados contra a flambagem.
•A flambagem é um tipo de falha que consiste na perda da
estabilidade do elemento de máquina (do tipo coluna) para
tensões compressivas FS·P/A<Sy, onde FS é o fator de
segurança, P a carga aplicada, A a área da seção transversal e
Sy o limite de escoamento do material.
•As curvas de Euler e Johnson refletem a diminuição da tensão
compressiva necessária para provocar a falha do material (ou o
aumento do valor de um certo parâmetro α (α·FS·P/A=Sy))
quando aumenta o índice de esbeltez (Le/k) onde Le é a altura
efetiva da coluna e k o raio de giro da sua seção transversal.
•As correspondentes equações são: Jorge A. R. Durán 38

P π 2E
= , Euler
A (L e / k )2

2 (20)
P S 2y
 Le 
= Sy − 2   , Johnson
A 4π E  k 
•A figura 9 mostra as curvas de projeto à flambagem de
colunas de Euler e Johnson e também a reta do Sy para um aço
ao carbono com Sy=689 MPa e E=203 Gpa.
•Igualando os coeficientes angulares das retas tangentes às
curvas de Euler e Johnson (têm que ser iguais no ponto de
tangencia das duas parábolas) temos:
1/ 2
L e  2 π E 
2
= (21)
k  S y 
Jorge A. R. Durán 39

Figura 9 –
Curvas de
projeto à
flambagem de
colunas de
Euler (verde),
Johnson
(amarelo) e reta
do Sy para um
aço ao carbono
com Sy=689
MPa e E=203
Gpa.
Jorge A. R. Durán 40
•Este ponto de tangencia serve para distinguir entre colunas
curtas (Le/k<10) em cujo caso pode-se projetar para o limite de
escoamento do material, colunas intermediárias
(10<Le/k<(2π2E/Sy)1/2) onde deve-se utilizar a parábola de
Johnson e colunas longas (Le/k<(2π2E/Sy)1/2) onde é preciso
projetar por Euler.
•O comprimento efetivo Le=C·L onde C é uma constante que
depende do tipo de apoio da coluna, como mostrado na fig. 10.
•Quando se trabalha com tensões combinadas é útil calcular o
valor de α=Py/Pcrit onde Py é a carga que provoca uma tensão Sy
e Pcrit é a carga que provoca flambagem (por Euler ou Johnson).
•Antes de calcular a tensão equivalente para o estado tensional
dado é preciso incrementar a tensão compressiva pelo parâmetro
α, considerando desta maneira a possibilidade de flambagem da
peça/estrutura.
Jorge A. R. Durán 41

Figura 10 – Comprimentos equivalentes de colunas para vários


tipos de apoios. (Juvinall 2000)
Exemplo 2 Jorge A. R. Durán 42

•Chapter 8, Problem 7. (Shigley 2001)


•A screw clamp similar to the one shown in the figure has a
handle with diameter 3/16 in made of cold-drawn AISI 1006
steel (Sy = 41 Ksi, E=30E6 psi). The overall length is 3 in. The
screw is 7/16in-12 UNC and is 5 ¾ in long, overall. Distance A
is 2 in. The clamp will accommodate parts up to 4 3/16 in high.
•(a) What screw torque will cause the handle to bend
permanently?. ans.: 29.2 lb.in.
•(b) What clamping force will the answer to part (a) cause if the
collar friction is neglected and if the thread friction is 0.075?.
ans.: 1016 lb.
•(c) What clamping force will cause the screw to buckle?. ans.:
4595 lb.
•(d) Are there any other stresses or possible failures to be
checked?.
Jorge A. R. Durán 43

•Deixamos o torque que dobra


permanentemente a manivela em
função da força aplicada F,
saindo do papel:
T = 2,406 F
•Calculamos o braço de
alavanca da força F até o apoio
no parafuso:
1 7 
d = 2,406 −   = 2,187 in.
2  16 
Jorge A. R. Durán 44
•Para encontrar F basta igualar a tensão trativa máxima na
manivela (σ=Mc/I)ao limite de escoamento do material:

32 ⋅ F ⋅ 2,187
σ máx = = Sy
πd 3

41E3 ⋅ π ⋅ (3 / 16) 3
F= = 12,13 lb.
32 ⋅ 2,187
•Logo o torque que dobra a alavanca será:

T = 2,406 ⋅ 12,13 = 29,2 lb.


•A força de aperto provocada pelo torque acima pode ser
calculada a partir da equação 6, repetida a seguir:
d m µπd m + L cos α n µ cdJorgec A. R. Durán 45
Ts = W +W
2 πd m cos α n − µL 2
•Desprezando o atrito no mancal temos:
2 Ts πd m cos α n − µL
W=
d m µπd m + L cos α n
•Considerando que o parafuso é de uma entrada (L=p=1/12
in.) e que o perfil da rosca é ACME (α=14.5o) temos:
7 1 19
dm = d − p / 2 = − = in.
16 24 48
−1  L  −1  19 / 12 
λ = tg   
 = tg   = 3,8 o

 π dm   π 48 
α n = tg −1
(tgα ⋅ cos λ ) = tg (tg14,5 ⋅ cos 3,8) = 14,46
−1 o
Jorge A. R. Durán 46
•Substituindo valores temos:

2 ⋅ 29,2  π (19 / 48) cos 14,4 − 0,075 / 12 


W=  
19 / 48  0,075 π (19 / 48) + (cos 14,4) / 12 
W = 1016 lb.
•Podemos começar o cálculo da carga crítica de flambagem
definindo o valor da constante C que depende do tipo de apoio
da coluna (figura 9). O nosso parafuso pode ser modelado
como uma coluna engastada em um extremo e livre no outro
(figura 9d) logo C=1,2.

 3
Le = C ⋅ L = 1,2 ⋅  4  = 5,02 in.
 16 
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•O raio de giro de uma seção circular maciça é k=d/4.
Faremos os cálculos para o diâmetro médio do parafuso, logo:
1 19
k= = 0,098 in.
4 48
•E o índice de esbeltez será:
Le 5,02
= ≈ 51
k 0,098
•Para definir a curva de projeto calculamos o ponto de
tangencia das curvas de Euler e Johnson:
1/ 2 1/ 2
 2π E 
2
 2π 30E6 
2
  =   ≈ 120
 S 
 y   41E3 
•Como (10<Le/k<(2π2E/Sy)1/2) o nosso parafuso pode ser
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considerado uma coluna intermediária e a curva de projeto a


utilizar será a parábola de Johnson:
 S y  Le  
2 2

Pcrit _ Johnson = S y − 2    A =
 4 π E  k  
 ( 41E3) 2
2  (19 / 48 ) π
(51) 
2

41E3 − 2
 4 π 30E6  4
Pcrit _ Johnson = 4595 lb.
•A figura E2 mostra estes resultados de forma gráfica.
Aparece também o valor de Pcrit_euler que obviamente não se
aplica neste caso pois para o índice de esbeltez da coluna (51)
a curva de projeto de Euler prevê flambagem para uma carga
muito superior àquela que provoca o escoamento.
Jorge A. R. Durán 49
Figura E2 – Curvas
de projeto à
flambagem para o
exemplo 2. Em
azul a reta do
índice de esbeltez
do parafuso
(vertical) e da
tensão
compressiva
crítica
(Johnson).As
outras cores
seguem o padrão
da figura 8.
Jorge A. R. Durán 50

BIBLIOGRAFIA

1. SHIGLEY, J.E. MISCHKE, C.R. (2001). “Mechanical Engineering


Design”. McGraw-Hill Book Company, 6ed., New York.
2. NORTON, R. L. (2000). “Machine Design, An Integrated
Approach”. Prentice Hall Inc., 2ed., New Jersey.
Bibliografia
3. JUVINALL, R. C. (2000). “Fundamentals of Machine Component
Design”. John Wiley & Sons, Inc. 3ed., United States.
4. CRANDALL, S.H., DAHL, N.C., LARDNER, T.J. (1978). “An
Introduction to the Mechanics of Solids”, 3a ed., McGraw-Hill Inc.,
Tokyo, Japan.
5. COLLINS, J.A. “Projeto mecânico de Elementos de Máquinas:
uma perspectiva de prevenção de falha”. 1a ed., John Wiley & Sons,
Inc., United States

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