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O ACTO HERÓICO DE 4 DE FEVEREIRO1

Apresença de um visitante com más intenções em qualquer casa, retira a paz aos donos da residência e
causa doenças que só a coragem consegue curar. A chegada dos portugueses dirigidos por Diogo Cão, em
1482 no espaço que hoje se chama Angola2, despertou interesse ao rei Nzinga Nkuvu que abriu as portas
da abundante riqueza dos reinos que no território existiam, pois, ´´era desejo do rei Kongo, ter coisas como
as do rei de Portugal``3. Assim, foi baptizado em 1491 e recebeu o nome de João.

As ambições dos portugueses transformaram os habitantes destes Estados4 em escravos ou melhor ´´ouro
negro`` que passaram a constituir a classe dominada (colonizados). ´´A sua mão-de-obra não só fazia
funcionar a economia como também era utilizada para outras actividades, tais como o transporte de
mercadorias e de passageiros, os trabalhos domésticos nas grandes casas dos senhores (colonizadores), a
construção de estradas e edifícios, a limpeza das cidades, etc.Eles trabalhavam sob pressão (…) a esperança
de vida de um escravo agrícola não ultrapassava dez (10) anos em geral´´l5.

Com a entrada da Lei Orgânica do Ultramar Português, em 1953, que pôs fim a Carta Orgânica do Império
Colonial, a colónia de Angola passou a ser província de Portugal, os indígenas foram subcarregados por
uma legislação discriminatória. O Decreto-lei 39 666 de 1954, mantinha a população dividida em duas
categorias: cidadãos portugueses e indígenas (indivíduos de raça negra ou seus descendentes que não
possuíam os costumes português)6.

A revolta de 4 de Fevereiro de 1961 protagonizada pelos angolanos, verdadeiros donos do país, cansados
da exploração que passavam no seu próprio território – trabalho forçado, discriminação, pagamento de
imposto – foi um verdadeiro acto de coragem, heroísmo e da vontade de se ver livre da dominação
colonial, isto é, das mãos dos invasores portugueses. ´´O povo angolano, atacou quase ao mesmo tempo a
Casa de Reclusão Militar, a Cadeia Civil de São Paulo e a Estação de rádio (…)``7. Segundo a ´´Lei dos
Feriados Nacionais, Locais e Datas de Celebração Naconal`` a provada em 2011 com votos contrários de
toda a oposição, os ataques deram inicio as lutas de libertação que culminaram com a proclamação da
independência de Angola em 1975.

1
Texto artigo, elaborado pelo historiador, Samuel Simão, pesquisador do Grupo Científico Resplandecer, em alusão as
comemorações de 4 de Fevereiro. Um contributo para a construção da memória colectiva.
2
Na foz do rio Zaire no antigo reino do Congo.
3
Reino do Kongo In Angola - Trilhos para o desenvolvimento. Pp.41- 42.
4
Kongo, Ndongo, Matamba, Kassange, Lunda, Kwanyama, os Estados do Planalto e os povos que habitaram o território até
1975.
5
MAKIADI, Simão. África Austral no Tráfico Negreiro Transatlâtico. Luanda, UAN-FCS, Departamento de História 2018 p.67.
6
CONCEIÇÃO, Maria. Angola na Decada de 950-1960: Breve Introudução Histórica. Luanda, UAN-FCS, Departaento de História,
2016.
7
CORREIA, Pedro. Descolonização de Angola: A jóia da Coroa do Império Português, Ler &
Escrever, Luanda, 1991. p. 33.

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