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Universidade Federal De Pernambuco

Recife,13 de setembro de 2022

Disciplina: Teoria dos objetos e das coleções

Professor: Francisco De Sá Barreto Dos Santos

Aluno: Artur Barbosa De Souza

1ª avaliação

Os objetos têm grande significado na cultura material contemporânea, todos objetos


têm seu valor, sejam esses valores os: capitais, afetivos e banais, cada ser humano determina o
valor dos objetos de acordo com suas idealizações individuais e/ou sociais. Com isso, podemos
trazer narrativas museais, com estes objetos que tendem a determinados significados
dependendo de onde se enquadram no meio individual ou social que o circunda.

Na sociedade contemporânea os museus a muito tempo deixaram de ser a fonte de um


conhecimento e tornam local para curiosidades, os museus tendem a serem sociais porque
precisa de um meio social para que o próprio museu exista e estimule uma função de difusor
de conhecimento e ensino crítico, sem isso o museu nada mais se tratará de uma instituição
sobre curiosidades, portanto, podendo ser comparado com as diferentes páginas de curiosidades
que existe aos montes no mundo virtual.

Logo, museus e seus” fardos” ¹, eles tendem a sempre a caminhar para o mais obvio e
o mais confortável, tanto a relacionar os museus com a representação negra, LGBT+ e
feminina, e com isso como sabemos os órgãos reguladores como o ICOM-BRASIL e outros,
em sua maioria se há majoritariamente uma grande quantia de pessoas brancas e homens e no
ICOM podemos contar em uma mão a quantia de representante fora do eixo sul-sudeste-centro.

Contudo se atendo a relação da exposição organizado pela CAW East Brabant que traz
nos seus acervos roupas cedidas por pessoas que foram vítimas de estupros, e com isso
podemos assimilar que dependendo de onde estamos inseridos podemos ter no nosso
imaginário, determinadas roupas em que deduzimos ser motivos de estupros, mas como
observado na imagem até roupas de crianças entraram no acervo, logo, a lógica imaginaria da
sociedade em que está inserida pode ser destruída.
Aqui o objeto não se trata mais a roupa (objeto) de vestimenta, não se trata nada mais
além do que a sociedade tentar achar um motivo e um significado nos objetos e nas pessoas
que os usam, mas o problema não está nos OUTROS e se encontram no ambiente social
contemporâneo que favorece, fornece e da legitimidade que homens tenham um poder sobre
sexualidade alheia, acima de outras pessoas; Tanto quem sofre estupro não sé é mais uma
pessoa, ela é objetificada por estes homens e eles cujo acham que tem poder em cima das
pessoas objetificadas, essas objetificações que são criadas a partir de imagem de controles
como exemplifica Patrícia Hill Colins em suas teorias, as mulheres pretas sofrem de um
enquadramento de várias mulheres negras em diversas imagens de controles, usufruídas pelos
homens maioria branco para poderem ter e exercer poderes sobre as mulheres pretas e em
ligação a Angelas Davis menciona que algumas destas imagens de controles poder respingar
nas mulheres brancas, e assim tanto mulheres negras e brancas sofrem destas opressões dos
homens.

Contudo, não podemos deixar de lado ao fazermos esse percurso no texto, indagar quais
os objetos são interessantes aos museus, durante toda está formação aqui na universidade, ouço
diferentes narrativas do que os objetos significam e os quais que deveriam ser representados
nos museus, porém sinto sempre a necessidade das pessoas que moram nas favelas e são
marginalizados, isto mulheres cis e trans, gays e pessoas de cor, são aquelas pessoas que sempre
tive em convivi-o e onde me encontro neles, impossível tratar representação e não me ver
representado em nenhum museu, então o que interessa para os museus?, o que eles demonstram
a mim é uma narrativa que já conheço a muito tempo, em que pretos só são representados como
sofrimento de uma cicatriz que ninguém sabe por quem foi feito, mas sabemos quem são os
culpados, e representar brancos com grande poder aquisitivo, quais histórias e narrativas são
construídas sobe mim? Onde eu me encontro? Se eu não tenho história o que eu sou? Sou
objeto quando o branco se interessa em mim? o que os museus falam de mim se eu não me
enxergo.

Em “ensinando a transgredir” da Bell Hooks foi o primeiro texto em que eu me senti


lendo algo que eu me vi ali, eu me envolvi, eu entendi o que ela mencionava, me senti parte,
logo, quando os museus não fazem isso com as pessoas só favorecem aqueles cujo as histórias
já estão a décadas contadas e repetidamente, que os imaginários do meu ciclo social sobre os
museus estão corretos, são locais onde encontramos velharias de umas pessoas que nunca
ouvimos falar mas que dizem que são importantes para nossa história.

Com isto tudo, permaneço revoltado e por uma vontade interna de anarquismo e de
retratar minhas histórias, sinto que o que devia ser importante para os museus seria tudo aquilo
que enriquece uma narração de pessoas que realmente foram relevantes para a história, ou que
remoldaram a história que fizeram suas próprias histórias, e que realmente lutou para a vivencia
do mínimo que agora eu tenho e que antes eles não tiveram, o que posso contar se minha
história não é relevante para os museus? A minha história e histórias das pessoas que lutam
todos os dias para se destacar e se revelar no meio de tanto preconceito e outros problemas em
que enfrentam, como posso saber a história de quem lutou por mim? quem fez com que eu ser,
eu amar seja crime de vadiagem, como vou saber da Marsha P.Jhonson, Silvete Montilla, Allan
Turing, Erika Hilton e entre outres...

Os museus devem e são ambientes que a minha história e de tantos outros devem ser
importantes, e devem estar representados em museus, por mais que as instituições ignorem seus
“fardos” nós demonstramos presente para os museus para que as pessoas enxerguem as pessoas
de cor, mulheres e LGBT+. Os fardos que apresentei em dois parágrafos são o que eles tentam
ignorar os que eles querem ignorar pelo o que a Cida Bento em O Pacto Da Branquitude para
favorecerem-se e que querem se autopreservar e preservar seus privilégios, o pacto entre os
brancos e seus poderes exercidos nos museus para não apontarem quem impede e o que impede
para que nossas histórias sejam negadas ou suavizado os culpados mais evidenciados nossas
dores.

Com tudo apresentado aqui, o apanhado que teríamos pontuados, que as roupas as
mulheres não são os culpados dos seus estupros, e sim a objetificação que os homens no meio
social em que vivemos que torna a mulher objetificada e sem direitos para salvaguardar para si
e suavizar suas culpas o estupro, e também podemos ver que as populações marginalizadas e
com isso favorecimento e fornecimento de privilégios dos brancos.

Logo, os OUTROS que Grada Kilomba em memorias da plantação menciona as pessoas


de cor na visão do branco, trago essa narrativa para os objetos que não são apresentados nos
museus para contar a histórias dos OUTROS ou “OEUTRO” porque eu me enquadro no que
não são representados, nunca vi até este momento alguma exposição museual que me
represente como representa os homens cis brancos, é diversos que estão representados por aí,
diversas estatuetas, diversos quadros, diversos escritores em que suas histórias não foram
apagados, ou morreram por poderes do Estado, quando menciono o OUTRO LGBT+ é dif ícil
eu encontrar as minhas poucas representações que ainda estejam vivas ou que não
permaneceram como segredo de Estado como o grande estudioso e salvador da segunda guerra
que foi Alan Turing, que por causa dele hoje posso usar computador, que sofreu de castração
química e foram diversos aos de sofrimento de um homem gay branco, para a “cura” da
homossexualidade dele.
Com isso, ao discutimos os objetos e seus significados na política, e os objetos que
podem e perpassam as narrativas, porque o que demonstra que meus objetivos são de gays ou
de preto são instaurados pelo branco e que determinas se o que eu visto é isto ou aquilo, nuca
pude usar uma roupa de marca da seaway e ou blusa de time porque aquilo era de marginal e
eu não poderia ser marginal, e como eu seria marginal se não sou preto para os pretos? Mas
para os brancos eu não sou branco suficiente para que eles me aceitem em seus ciclos socais, e
como não posso usar roupas rosas e outras cores mais claras e qualquer objeto que represente
um arco-íris porque eu posso ser interpretado como gay, mas eu sou gay, porque para os meus
pais o meio social não pode saber quem eu sou? Então os objetos transpassa de significador
exacerbados pelos homens brancos da cisgenaridade para excluir e marginalizar e apontar as
pessoas aquelas que não sigam os mesmos modelos que eles introduziram para o meus pais e
que me afetaram.

Os objetos nos museus são aqueles que representam e demonstram a cultura ou social
que estão inseridos, mas como vou saber que os objetos se eles não me representam e o que
eles demonstram são apenas um pedaço da história que não me incorpora e não me invade, na
verdade invade minha história se adentra dentro de mim como se eu fosse quer ser agradecido
a pessoas que nunca lutaram a minha história e que preferiram ignorar minhas narrativas, então
os objetos nos museus que eu vi e vivi, não são nada mais que objetos banais.

Não me representam!

Não me memoram!

Me invadem!

Mas os curadores de museus brancos, os homens de poder que que inserem suas mãos
podres sobre as narrativas minhas e dos meus companheiros, os objetos não me representam,
os objetos dos museus não são meus, não é a história dos meus companheiros, mas se for do
querer dos museus as minhas histórias e meus objetos, nós teremos uma outra coleção, não uma
coleção do OUTRO.

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