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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


INSTITUTO DE BIOLOGIA

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MATERIAL DE APOIO PARA SISTEMÁTICA E


MORFOLOGIA VEGETAL

(Adaptado e Modificado das apostilas de “Embriófitas” da Profa. Cláudia Carneiro e “Nomenclatura Botânica” dos Profs.
Luciano Paganucci e Carlos Wallace Moura)

Profa. Kelly Regina B. Leite


Prof. Lazaro Silva
Profa. Maria Luiza S. de Carvalho

Salvador
(Bahia)
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SUMÁRIO

SISTEMÁTICA VEGETAL................................................................................................................03

1. O QUE SÃO SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO?

2. PRINCIPAIS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO AO LONGO DA HISTÓRIA

NOMENCLATURA BOTÂNICA......................................................................................................05

1. O QUE SÃO NOMES CIENTÍFICOS?

2. QUAIS OS OBJETIVOS DE NOMENCLATURA CIENTÍFICA?

3. OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES

4. TIPOS NOMENCLATURAIS

MORFOLOGIA DAS FLORES.........................................................................................................08

1. COMO SÃO AS FLORES?

2.O QUE SÃO INFLORESCÊNCIAS?

MORFOLOGIA DOS FRUTOS........................................................................................................13


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SISTEMÁTICA VEGETAL
1. O QUE SÃO SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO?

• A Sistemática Vegetal é o ramo da botânica que estuda a diferenciação e diversificação dos vegetais e suas
inter-relações genéticas.
• A Taxonomia Vegetal é a parte da Sistemática Vegetal que estuda a teoria e a prática da classificação, ou
seja, bases, princípios, regras e procedimentos para identificar, dar nomes e classificar os vegetais. É ela que
elabora as leis da classificação, nomeia os seres vivos e ainda fornece conhecimento sobre a biodiversidade
como subsídios para outras áreas da botânica.
• Táxon: é um agrupamento taxonômico de qualquer categoria. Pode ser, portanto, uma espécie, um gênero,
uma família, etc. (plural: táxons ou taxa).
• Caracteres taxonômicos: são caracteres utilizados na classificação dos seres vivos. Um caráter é qualquer
atributo de um ser vivo, que pode ser considerado separadamente ou comparado com outro de seres da
mesma espécie ou de espécies diferentes.
• Identificação: consiste em fazer a indicação nominativa de qualquer material botânico (reconhecer,
identificar), utilizando técnicas e bibliografias necessárias para verificar se equivale com outro conhecido e
antes previamente denominado.
• Nomenclatura: relaciona-se com as designações científicas aplicadas às plantas e com os termos referidos
às categorias ou aos grupos taxonômicos utilizados pela Sistemática Vegetal. Obedece a um conjunto de
princípios, regras e recomendações aprovados em Congresso Internacional de Nomenclatura Botânica e
publicados num texto oficial representado pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica.
• Classificação: agrupar os vegetais e ordená-los em categorias hierárquicas, segundo as afinidades naturais
ou grau de parentesco.

2. PRINCIPAIS SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO AO LONGO DA HISTÓRIA

• Baseado no hábito das plantas : Menos elaborado; autores acreditavam que refletiam afinidades naturais e
durou até a metade do sec. XVIII.
• Artificiais: utilizavam poucos caracteres, por exemplo o sexo das plantas. Baseavam-se num único caráter
da planta. P.ex.: número e disposição dos estames
• Naturais: exploravam muitos caracteres, buscando uma relação natural entre as plantas. Baseava-se na
afinidade natural das plantas, não levava em consideração uma só característica, mas o conjunto delas, cada
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planta ficava próxima de outra semelhante. (Ex.: Jussieu: número de cotilédones, estrutura das sementes,
soma de caracteres vegetativos e reprodutivos)
• Filogenéticos: utilizam toda a informação disponível, buscam relações de ancestralidade e descendência.
Baseia-se na variabilidade das espécies, leva em consideração as relações genéticas (firma-se em teorias
evolutivas: relações de ancestralidade e descendência), utiliza muitos caracteres e tem grande incorporação
de dados moleculares.
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NOMENCLATURA BOTÂNICA
1. O QUE SÃO NOMES CIENTÍFICOS?

O homem foi sempre um nomenclaturista e desde cedo teve a necessidade de dar nome às plantas e
aos animais. Até mais ou menos 1600, as plantas eram denominadas por uma longa sentença descritiva, até a
adoção da nomenclatura binomial para cada planta. Foi Linnaeus (1707-1778) quem implementou a
nomenclatura binomial, classificando todas as plantas conhecidas na época (Species Plantarum, 1753). Desde
então, o nome científico de uma espécie é formado pelo nome do gênero mais o epíteto específico, por
exemplo: Phaseolus vulgaris, Caesalpinia echinata. Tal sistema é aceito até hoje.
A nomenclatura dá nomes aos táxons, possibilitando a comunicação e a indexação das informações
existentes sobre os organismos. A nomenclatura é regulamentada por normas existentes no Código
Internacional de Nomenclatura Botânica (CINB), que é publicado a cada quatro anos, após a realização do
Congresso Internacional de Botânica. As normas da nomenclatura apenas prescrevem a maneira de nomear a
espécie e as outras categorias, não estabelecem como definir os táxons. Isto é, não interferem no
pensamento biológico, uma vez que não exercem influência sobre os conceitos biológicos seguidos pelos
sistematas.

2. QUAIS OS OBJETIVOS DE NOMENCLATURA CIENTÍFICA?

• A Botânica requer um sistema de nomenclatura precisa e simples, usado por botânicos em todos os países,
o qual determina o nome científico que um dado táxon em determinada categoria;
• A finalidade de determinar um nome de um táxon, não é indicar seus caracteres ou sua história, mas sim
fornecer um nome sem ambigüidade e indicar a categoria taxonômica a qual ele pertence;
• A criação de Congressos Internacionais de Botânica (IBC) permitiu que o desenvolvimento de nomenclatura
botânica fosse um processo bastante democrático, envolvendo largamente a comunidade internacional de
botânicos.
• O Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICBN) fornece a justificativa para o uso da nomenclatura
científica e está organizado segundo PRINCÍPIOS, REGRAS e RECOMENDAÇÕES;

PRINCÍPIOS: formam a base e estabelecem a filosofia do sistema nomenclatural, sendo os seguintes:

I. As nomenclaturas botânica, zoológica e das bactérias são independentes entre si;


II. Os nomes estão ligados a um tipo nomenclatural;
III. A nomenclatura de um grupo taxonômico é baseada no princípio de prioridade;
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IV. Cada grupo taxonômico tem um só nome correto, o mais antigo validamente publicado;
V. Os nomes científicos são latinos ou latinizados;
VI. As regras de nomenclatura são retroativas, a menos que estejam expressamente limitadas.

REGRAS: Estão organizadas em Artigos, que incluem especialmente as normas que regem a colocação
prática da nomenclatura. As Recomendações visam padronizar, o mais possível, a nomenclatura
ao nível internacional.

3. OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES:

• O nome científico de uma planta é composto pelo nome do gênero que começa por uma letra maiúscula,
seguido pelo epíteto específico, que começa por uma letra minúscula, seguido pelo nome do autor.
Ex: Rosa canina L.
• Os epítetos específicos:
- geralmente são um adjetivo ou substantivo adjetivado que deve combinar em gênero com o nome do
gênero;
- podem também ser uma homenagem a algum botânico ou pode descrever uma característica do táxon,
como a cor, hábito, forma e local onde foi coletado.
• As espécies devem ser classificadas em níveis hierárquicos de gêneros e acima destes cada agrupamento
possui uma terminação própria:

EXEMPLO – Classificação do feijão (Phaseolus vulgaris L.)

CATEGORIA (“caixa”) TERMINAÇÂO Exemplo para o feijão

Divisão phyta Magnoliophyta (=Angiospermae)

Classe opsida Magnoliopsida

Subclasse idae Rosidae

Ordem ales Fabales

Família aceae Fabaceae (=Leguminosae)

• As espécies podem ser subdivididas em hierarquias infra-específicas, que incluem: subespécies, variedades,
formas, que não têm terminações próprias.
Ex: Leiothrix flavescens (Bong.) Ruhl. var. parvifolia Giul.
• Cada grupo taxonômico tem um só nome correto, o mais antigo validamente publicado, onde:
- o nome correto ou epíteto correto é aquele validamente publicado e proposto dentro das regras
existentes;
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- o nome legítimo é aquele proposto de acordo com as regras;
- onome validamente publicado é aquele efetivamente publicado (em revista de grande circulação,
indexada), publicado de acordo com as normas para cada categoria, com descrição e diagnose em latim,
com indicação do tipo.
• Quando um estudo sistemático mostra que um gênero deve ser dividido em dois ou mais gêneros, o nome
genérico deve ser mantido para o gênero que inclui a espécie designada como tipo.
• Quando uma subdivisão de um gênero for transferida para outro gênero ou uma espécie for transferida
para outro gênero, no mesmo nível hierárquico, o nome deve ser retido desde que seja legítimo. Ex: Saponina
sect. Vaccaria DC., transferido para Gypsophitea, tornou-se Gypsophyla sect. Vaccaria (DC.) Godr.
• Quando há mudança de nível hierárquico, deve ser usado o nome mais antigo disponível no novo nível, ou
um novo quando não existe este nome. Ex: Magnolia virginica var. foetida L. (variedade elevada à espécie) =
Magnolia foetida (L.) Giul.
• Quando uma espécie descrita em um gênero é transferida para outro gênero, o nome do autor que propôs
a nova combinação também é citado, após o nome do autor original (entre parênteses). Ex: Malva rosea L.
transferida para Althea por Cavanilles, passa a ser citada Althea rosea (L.) Cav.

4. TIPOS NOMENCLATURAIS:

• Todo nome (válido ou não) está relacionado a um material físico (voucher), guardado em um museu
(herbário). No entanto, dependendo de como esse material foi utilizado (ou não!) na descrição da espécie,
seu nome e sua importância são diferentes, a saber:
I. Holótipo - é um espécime ou outro elemento usado pelo autor ou designado por ele como tipo
nomenclatural;
II. Isótipo - é uma duplicata do holótipo;
III. Síntipo - é qualquer um de dois ou mais espécimes citados pelo autor da espécie, quando nenhum
holótipo foi designado;
IV. Lectótipo - é um espécime ou outro elemento selecionado do material original e escolhido
posteriormente como tipo nemenclatural, quando nenhum holótipo foi designado;
V. Parátipo - são outros materiais citados pelo autor além do holótipo (e isótipos) quando da
descrição original;
VI. Neótipo - é um espécime escolhido como tipo nomenclatural quando todo o material ligado ao táxon
descrito foi destruído
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MORFOLOGIA DAS FLORES


1. COMO SÃO AS FLORES?

A flor começa o seu desenvolvimento da mesma


forma que as folhas. É um órgão constituído por um
eixo caulinar de crescimento limitado (receptáculo),
que porta apêndices estéreis (sépalas e pétalas) e
apêndices férteis (estames e carpelos). A flor é
sustentada pelo pedicelo, que é um eixo caulinar que
nasce na axila de uma ou mais brácteas (folhas
modificadas associadas às flores ou inflorescências). O
perianto é formado pelas sépalas e pétalas; o conjunto
de sépalas forma o cálice e o conjunto de pétalas forma
a corola.
As sépalas podem ser livres entre si formando o cálice dialissépalo,
ou podem ser unidas entre si formando o cálice gamossépalo. Do
pétala sépala mesmo modo, as pétalas livres entre si formam a corola dialipétala, e
as unidas, gamopétalas. Há plantas com perianto formado por
pétalas e sépalas indiferenciadas, denominadas tépalas. Baseando-
DIALIPÉTALA GAMOPÉTALA se na corola, as flores podem apresentar um plano de simetria,
sendo denominada actinomorfa quando há mais de um plano de
simetria, zigomorfa quando há
somente um plano de simetria,
e as assimétricas, desprovidas
de planos de simetria.
Quanto ao número de
peças do perianto, as flores
podem ser dímeras (corola com
duas pétalas), trímeras (3
pétalas), tetrâmeras (4 pétalas ou seu múltiplo), pentâmeras (5 pétalas ou seu múltiplo), hexâmeras (6
pétalas). Flores trímeras ocorrem principalmente em Monocotiledôneas; flores dímeras, tetrâmeras e
pentâmeras são mais comuns nas Eudicotiledôneas. Nem sempre o perianto de uma flor está completo. Se a
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flor é desprovida de cálice e de corola, é denominada aclamídea; se possuir apenas o cálice é monoclamídea; e
se tem cálice e corola é diclamídea. Esta última pode ter as sépalas e pétalas muito diferentes entre si em
textura e coloração, sendo denominada diclamídea heteroclamídea (maioria das Eudicotiledôneas); quando
são semelhantes (tépalas), denomina-se diclamídea homoclamídea. Quando a flor é jovem, encontrando-se no
estágio de botão floral, pode-se fazer a análise da prefloração do cálice e da corola. Na prefloração valvar as
sépalas (ou pétalas) podem apenas se tocar; na imbricativa uma sépala (ou pétala) pode recobrir a outra – se
cada sépala recobre a seguinte e é recoberta pela anterior a prefloração é imbricativa contorcida (ou
contorta); se existe uma das sépalas (ou pétalas) totalmente interna e outra totalmente externa e as
restantes se recobrem e são recobertas, a prefloração é imbricativa imbricada.
O androceu desenvolve-se internamente ao perianto e é formado pelos estames que se distribuem em um
ou mais verticilos entre o perianto e o gineceu. Os estames podem estar inseridos no receptáculo, sendo
denominados estames livres desde a base, ou inseridos nas pétalas, sendo denominados epipétalos. Quanto
ao número de estames as flores podem ser isostêmones (número de estames=número de pétalas),
oligostêmones (número de estames<número de pétalas), e polistêmones (número de estames>número de
pétalas). Com relação ao número de verticilos as flores podem ser haplostêmones (um verticilo de estames),
diplostêmones (dois verticilos sendo o externo alterno às pétalas) e obdiplostêmones (dois verticilos sendo o
externo oposto às pétalas). Cada estame é formado pelo filete, pela antera e pelo conectivo. Os estames
podem ser livres entre si ou unidos pelos filetes (adelfia). Quando os filetes estão unidos formando um só
grupo são denominados monadelfos, quando unidos em dois grupos são diadelfos, e quando formam muitos
grupos são poliadelfos. As anteras são geralmente livres entre si, porém quando unidas denomina-se
sinanteria. O filete pode unir-se à antera pela base (antera basifixa), pelo dorso (antera dorsifixa) ou pelo
ápice (antera apicefixa). A abertura da antera para a liberação dos grãos de pólen (deiscência) pode ser por
uma fenda longitudinal (deiscência longitudinal ou rimosa), por poros localizados na sua porção apical
(deiscência poricida), ou por uma ou duas valvas em cada teca (deiscência valvar). Algumas flores podem

Anteras basifixas Anteras apicefixas


Anteras dorsifixas

Deiscência longitudinal Deiscência transversal Deiscência poricida


Deiscência apical

formar estaminódios (estames inférteis) com diversas funções: nectários, estruturas petalóides, alimento, etc.
Os grãos de pólen normalmente encontram-se livres dentro dos sacos polínicos, sendo denominados
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mônades. Em algumas famílias permanecem em tétrades (Ericaceae), ou podem até se unir em grupos
maiores formando as políades (Mimosoideae – Fabaceae). A reunião de todos os grãos de pólen de um saco
polínica forma a polínia (Asclepiadaceae e Orchidaceae). A morfologia polínica é campo de estudo da
Palinologia.
Internamente ao androceu desenvolve-se o gineceu, formado pelos carpelos. De acordo com a teoria
clássica, o carpelo é derivado de uma folha fértil que possui óvulos na margem. As margens dobraram-se para
dentro e uniram-se entre si e com as margens de outros carpelos; desta maneira os óvulos ficaram encerrados
no lóculo, que é o espaço no interior do carpelo. Morfologicamente, o gineceu é formado pelo ovário, pelo
estilete e pelo estigma. O ovário é a porção basal, dilatada e
GINECEU
a cavidade formada em seu interior é o lóculo. O estilete é a
porção geralmente alongada e cilíndrica que une o ovário ao
estigma; este último é a porção receptiva do grão de pólen,
com superfície geralmente pilosa ou rugosa, podendo
exsudar substâncias que facilitam a aderência deste pólen.
O gineceu consiste de um ou mais carpelos, podendo os
carpelos estar livres entre si formando o gineceu apocárpico, ou unidos entre si, no todo ou em parte,
formando o gineceu sincárpico.
Quanto ao número de cavidades onde estão encerrados os óvulos (lóculo), o ovário pode ser unilocular,
bilocular, trilocular, tetralocular ou pentalocular. Todo gineceu apocárpico é sempre unilocular. O número de
lóculos geralmente corresponde ao número de carpelos. Cada carpelo tem tipicamente duas placentas (região
onde de inserem os óvulos), e de acordo com o arranjo das placentas temos: placentação axilar (quando as
placentas se arranjam na porção central), placentação parietal (os óvulos estão presos à parede do ovário ou
às suas expansões em um gineceu sincárpico), placentação laminar (os óvulos estão presos à parede do
ovário ou às suas expansões em um gineceu apocárpico), placentação central livre (quando a placenta ocorre
em uma coluna central de tecido de ovário unilocular), placentação basal (quando a placenta se localiza na

PLACENTAÇÃO

marginal parietal axilar axilar axilar central apical basal


unilocular bilocular trilocular livre
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região basal de um ovário unilocular), placentação apical (quando a placenta se localiza na região apical de um
ovário unilocular), placentação marginal (quando a placenta se localiza ao longo da margem do carpelo de um
ovário unilocular - sutural).
A posição do ovário na flor (súpero ou ínfero) está intimamente associada à presença ou não de hipanto
(estrutura em forma de urna ou taça que circunda o ovário). Quando o hipanto está ausente, o ovário é
súpero e a flor é hipógina. Quando o hipanto está presente, pode ser de natureza receptacular (originado do
próprio receptáculo em forma de
FLOR EPÍGINA FLOR PERÍGINA FLOR HIPÓGINA
taça) ou apendicular (originado
pela fusão de sépalas, pétalas e
estames). Nestes casos, se a parede
do ovário está livre do hipanto, o
hipanto ovário é súpero e a flor é perígina;

Ovário Ínfero Ovário Súpero Ovário Súpero


ou se a parede do ovário está
soldada à parede do hipanto, o
ovário é ínfero e a flor é epígina.
As flores que apresentam androceu e gineceu são denominadas flores monoclinas; as flores diclinas ou
unissexuais apresentam só androceu (flores estaminadas) ou só gineceu (flores carpeladas ou pistiladas). As
plantas podem ter diversas possibilidades de arranjos com relação à sexualidade. Assim, temos espécies
hermafroditas (com flores monoclinas);
Flor carpelada Flor estaminada
espécies monóicas (com flores diclinas, sendo
as flores estaminadas e as pistiladas na
mesma planta); espécies dióicas (com flores
diclinas, sendo as estaminadas e as pistiladas
em plantas diferentes), espécies poligâmicas
Monoclina Diclina
(com flores monoclinas e diclinas no mesmo
individuo).

2.O QUE SÃO INFLORESCÊNCIAS?

Nas Angiospermas, as flores podem ser produzidas em agrupamentos denominados inflorescências, ou


podem ser flores isoladas. Morfologicamente, a inflorescência é um ramo ou um sistema de ramos caulinares
que portam flores. Funcionalmente, o meristema apical do eixo caulinar que está formando uma
inflorescência produz primórdios foliares que se diferenciam em brácteas, e na axila de cada bráctea nasce
uma flor ou uma gema que formará um ramo lateral com flores. De acordo com a sua ontogenia, as
inflorescências são classificadas em inflorescência cimosa ou determinada (cada eixo termina numa flor –
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natureza simpodial) e inflorescência racemosa ou indeterminada (cada eixo termina numa gema - natureza
monopodial). Os tipos de inflorescências são apresentados no quadro abaixo:

TIPOS DE INFLORESCÊNCIAS CIMOSAS OU INDETERMINADAS

simples composto simples composto


Monocásio Dicásio

Diversas combinações dos tipos apresentados podem ocorrer, tais como corimbo de capítulos, umbela
composta, racemo de capítulos. As inflorescências do tipo misto são aquelas onde parte dos eixos são
monopodiais (racemosos) e parte são simpodiAIS (cimosos). O mais comum é o tirso. Há também os tipos
especiais de inflorescências, tais como: espádice, espigueta, sicônio, pseudantos (capítulos e ciátios).

TIPOS DE INFLORESCÊNCIAS RACEMOSAS OU DETERMINADAS

Espiga Racemo Corimbo Panícula Umbela Capítulo


ou Cacho

arista Flor do disco


Flor do raio estigma
pálea limbo
estigma tubo estaminal
Capítulo
antera (Pseudanto)
lema lóbo
filete papus
nervura unha tubo da corola

raquila lígula disco aquênio


lema
1ª gluma pálea
florete receptáculo pedúnculo
pedicelo 2ª gluma
Espigueta
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MORFOLOGIA DOS FRUTOS


O fruto é uma estrutura exclusiva das Angiospermas. Morfologicamente, o fruto é o ovário
amadurecido de uma flor. As estruturas conhecidas popularmente como “frutas” (maçã, pêra, laranja, uva,
melancia, etc.), “legumes” (berinjela, pimentão, jiló, vagem, pepino, tomate, etc.) e “cereais” (arroz, trigo,
milho, centeio) são frutos no senso morfológico botânico.
A formação do fruto inicia com a fecundação, seguida pela
exocarpo
transformação da parede do ovário (carpelo) em pericarpo
mesocarpo Pericarpo
endocarpo (parede do fruto), na qual geralmente se distingue três
camadas: exocarpo (ou epicarpo), mesocarpo e endocarpo.
As sementes são os óvulos fecundados, ou seja, é a unidade
reprodutiva das espermatófitas, pois contem o embrião
que é o esporófito jovem.

Frutos maduros freqüentemente apresentam óvulos pequenos ou não desenvolvidos (abortivos) ao


lado das sementes maduras, tratando-se de óvulos que não foram fecundados. Alguns frutos podem se
formar sem fecundação prévia, tratando-se de frutos partenocárpicos, destituídos de sementes (banana,
abacaxi). A classificação dos frutos baseia-se no número de ovários envolvidos, na natureza do pericarpo
maduro, na deiscência ou indeiscência do pericarpo, no modo de deiscência, no número de lóculos e
sementes. Os frutos simples
FRUTOS SIMPLES FRUTOS MÚLTIPLOS
são todos derivados de um
único ovário (súpero ou
ínfero) de uma flor. Ex: cereja,
tomate, melancia, laranja, etc.
Os frutos agregados são FRUTOS AGREGADOS
derivados de muitos ovários e
uma única flor (gineceu
apocárpico multicarpelar),
mais ou menos concrescidos.
Ex: morango, framboesa, fruta-do-conde. Os frutos múltiplos consistem em ovários amadurecidos de muitas
flores de uma inflorescência, que concrescem mais ou menos juntas numa só massa, formando uma
infrutescência. Ex: amora, abacaxi, figo. Frutos agregados e frutos múltiplos representam conjuntos de frutos
simples, que poderão então ser identificados de acordo com suas características específicas.
GIMNOSPERM
Óvulo
Dupla
espermátic
Tubo
Núcleo
meiose
Polinização:
Escama
Flutuador
micrósporos
Microsporof
megásporos
Gametófito
Esporófito
Abertura
Estróbilo
Semente
semente
Grão
Bráctea
Escama
mitose
Célula
Visão
Saco
Eixo
ANGIOSPEestame
meiose
Célula
pistilo
Óvulo
pólen
de
A
fertilização
o
polínico
Quando
ovulífera
longitudinal
germinativa
Masculino
feminino
nutritiva
(pinhão)
bracteal
polínico
npólen

♂ RMAo é
2n
ilo
Óvulo
= pólen
: uma
pólen
(pinhas)
é 8
das
1células
transferido
núcleono 14
espermátic
e adere
ovárioao UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
o fertiliza o
estigma
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Os principais tipos de frutos simples são: (1) frutos deiscentes (partindo-se em segmentos na
maturação) – folículo, legume, cápsula (poricida, circuncisa ou pixídio, septicida, loculicida, septífraga,
irregular), síliqua, esquizocarpo, lomento, craspédio; (2) frutos indeiscentes (não se parte em segmentos na
maturação) – aquênio, cariopse, noz, sâmara, baga (pepônio, hesperídio), drupa.

Drupa

Legume
Pixídio Noz
Folículo Esquizocarpo
Cápsulas Sâmaras
Baga
Síliqua
Lomento

Loculicida Septicida Poricida Pomo Aquênio

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