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DEPRECIAÇÃO – COMO CALCULAR?

Quando compramos um carro, uma geladeira ou até uma casa, com o


passar do tempo eles começam a apresentar sinais de desgaste.

No caso do carro ou da geladeira, estes itens começam a dar problemas de


funcionamento, apresentam desempenho pior do que quando você os
comprou e se tornam por fim ultrapassados frente às novas tecnologias
disponíveis no mercado.

Mas afinal… o que faz um produto perder sua função, qualidade e


valor?

Para responder esta pergunta, o artigo de hoje vai tratar sobre


a depreciação, a redução do valor dos bens.

O tempo passa…

Quando uma empresa adquire determinado bem, como máquinas e


equipamentos, por exemplo, ela deve contabilizar a saída de dinheiro na
compra e a entrada de valores no Ativo Permanente.

Os valores contábeis ficam então na conta de Imobilizado e fazem parte


dos bens que a empresa se utiliza para girar suas atividades. Por conceito,
a depreciação ocorre em três situações:

1. Utilização do bem
2. Desgaste natural
3. Obsolescência

Sendo que o primeiro (utilização) decorre devido o uso do ativo pela


empresa como máquinas, automóveis e equipamentos que desgastam
com o uso.

O segundo vem do desgaste natural dos bens como prédios e galpões, e o


terceiro da perda da função do bem por conta da atualização tecnológica,
como máquinas e computadores antigos que são substituídos por
aparelhos mais potentes e avançados.

“Mas Denis, qual o valor que eu utilizo para depreciar os bens da minha
empresa?”

O governo instituiu valores de depreciações padrões para uma lista de bens


diversos, que vão desde áreas florestais até máquinas e computadores. As
principais depreciações são:

Utilizando um veículo que tenha o valor contábil de R$ 25 Mil como


exemplo, teremos uma depreciação conforme tabela:
Ao final
do 5º ano o veículo já não possui mais valor contábil (não confundir com
valor econômico, uma vez que o carro ainda pode ser vendido).

O início da contabilização da depreciação sobre determinado bem tem


início a partir do momento que ele está pronto para ser utilizado. Uma
máquina, por exemplo, que está ainda em fase de montagem não pode ter
sua depreciação calculada ainda, uma vez que não chegou a operar.

Já o fim da depreciação, o momento que ela para de ser calculada, é


quando o valor do bem chegar à zero, não havendo “depreciação
negativa”.

Para verificar a tabela completa com todos os valores de


depreciações clique aqui.

Depreciação acelerada

Conforme visto acima, a depreciação é calculada de acordo com uma


tabela que mede a “perda de valor médio” dos produtos. Porém, nem todo
carro perde seu valor em cinco anos, tendo alguns uma vida útil maior do
que a média. Entretanto, como era necessário instaurar uma regra, criou-se
a tabela acima como base para o cálculo das depreciações.

Uma curiosidade sobre a depreciação é que a tabela base foi criada


pensando-se em uma empresa que trabalhe somente as 8 horas regulares
determinadas pela CLT.

 
Porém, muitas empresas têm dois ou até três turnos de funcionamento, o
que resulta em um uso maior da máquina, depreciando-a muito mais
rápido.

Nestes casos, o cálculo de depreciação deve ser “acelerado”, para estar em


conformidade com o uso em dobro ou até em triplo do equipamento. Para
isso, utiliza-se de um coeficiente de depreciação acelerada, conforme:

Um turno de 8 horas: Depreciação normal x1.

Dois turnos de 8 horas: Depreciação acelerada x1,5.

Três turnos de 8 horas: Depreciação acelerada de 2,0x.

Custo ou despesa?

A depreciação gera um valor negativo para a empresa e, portanto, deve ser


contabilizada como tal nos números patrimoniais da empresa. Mas na hora
de alocar essa “baixa” no valor contábil, onde devo aloca-la?

A resposta para essa pergunta é: Depende!

Caso a depreciação do bem esteja diretamente ligada à produção de um


bem ou na prestação de um serviço, a depreciação deve ser contabilizada
como custo e fazer parte do valor do produto/serviço.

Imagine, por exemplo, a fabricação de um carro que envolve diversas


máquinas durante o processo. O uso destas máquinas gera uma
depreciação no equipamento com o passar do tempo, que por fim gera um
custo para a empresa (caso ela tenha que contratar um técnico para fazer
reparos, por exemplo).

Deste modo, o valor depreciado em cada carro entra no Custo de


Produção e é incorporado no preço de venda deste.

 
Imagine agora a produção deste mesmo carro. Ela provavelmente ocorre
dentro de um galpão construído para alocar as máquinas, os trabalhadores
e os produtos.

Esse galpão também sofre depreciação com o passar do tempo, mas a


perda de valor dele não é derivada diretamente da fabricação do carro. Se
nenhum carro fosse produzido dentro daquele galpão, ele estaria
perdendo seu valor contábil do mesmo jeito.

Então, uma vez que a depreciação do galpão não está relacionada com o
volume de produção, nem o que está sendo produzido, classificamos este
tipo de depreciação como despesa, que será alocado posteriormente
na DRE.

Por que fazer depreciação?

A depreciação é uma importante ferramenta contábil que foi desenvolvida


para ajudar o contador a mensurar os valores reais que se encontram na
conta de imobilizado das empresas.

Sem o uso dessa ferramenta, os automóveis, computadores, máquinas,


imóveis e etc. teriam uma “vida útil” infinita, uma vez que não iria se levar
em conta a perda de valor ao longo do tempo destes bens.

Então é isso ai! Quando for verificar o imobilizado da empresa, vale sempre
a pena saber se a conta de depreciação está bem avaliada!

Na parte 2 do artigo sobre depreciação, explicamos sobre:

 Métodos de depreciação.
 Depreciação na compra de bens já utilizados.
 Depreciação em peças ou partes das máquinas.

DEPRECIAÇÃO 2 – COMO AS COISAS


DEPRECIAM?
Continuando nosso artigo sobre depreciação (clique aqui para ler a
primeira parte), vamos abordar nesta segunda parte a depreciação na
compra de bens já usados (que tem depreciação em outra empresa).

Bens usados, como se deprecia?

Por vezes as empresas não realizam compras de máquinas e equipamentos


diretos de fornecedores ou lojas especializadas, recorrendo à compra dos
maquinários necessários com empresas que estão vendendo seu
próprio imobilizado.

Mas porque empresas compram imobilizado umas das outras?

Nem sempre todas as empresas possuem capital disponível para


atualização de máquinas e equipamentos sempre que há melhores
modelos no mercado.

Apesar de a atualização de imobilizado ser uma boa prática de gestão,


empresas de pequeno e médio porte precisam se adaptar conforme sua
capacidade financeira e produtiva. Sendo assim, muitas PMEs recorrem à
compra de imobilizado de empresas que estão se desfazendo de seu ativo
permanente.

Nesses casos, como a máquina não é nova, deve-se respeitar algumas


regras de depreciação de ativos, levando-se em conta o fato de o bem já
possuir depreciação acumulada advinda da empresa em que estava.

No caso da compra de um imobilizado já depreciado, a empresa que o


adquiriu deve utilizar uma das duas regras abaixo, sendo:

a) 50% do prazo de vida útil caso o bem fosse novo.

OU
b) Tempo restante de vida útil do bem, levando em conta a data de seu
primeiro uso.

IMPORTANTE: utiliza-se apenas UM dos métodos de depreciação, devendo


a opção ser aquela que for o maior prazo de vida útil do bem adquirido.

Vamos a um exemplo:

“A empresa HIGHTECH trabalha com computadores de última geração para


atender a demanda de seus clientes, trocando de máquinas a cada dois
anos a fim de acompanhar as últimas novidades. Já a empresa LOWTECH
trabalha com um público um pouco menos exigente e, portanto, realiza a
utilização de máquinas de até 5 anos de vida.

Como a taxa de depreciação de um computador é de 5 anos (20% ao ano), a


empresa LOWTECH realizaria a depreciação de forma normal até a
máquina estar totalmente depreciada (valor contábil de zero).

No entanto, a LOWTECH quer aproveitar a oportunidade de preços e decide


comprar os computadores que a HIGHTECH está se desfazendo. Como a
HIGHTECH ficou dois anos com os computadores (que custaram R$ 1.000),
atualmente o valor contábil está em R$ 600,00 (já foram depreciados 40%
ou R$ 400,00). Se a vida útil de um computador é de 5 anos e já se
passaram 3, a LOWTECH não pode simplesmente começar do zero a
contagem, devendo se utilizar de uma das regras citadas acima.”

Vejamos o cálculo:

a) 50% do prazo de vida útil caso o bem fosse novo:

Se levássemos em conta 50% do prazo de vida útil de um computador,


estaríamos falando de 2,5 anos de vida, ou R$ 500,00.

b) Tempo restante de vida útil do bem, levando em conta a data de seu


primeiro uso.
A HIGHTECH comprou seu computador no início do ano 1 e vendeu este no
fim do ano 2, acumulando assim 2 anos de depreciação. Se um computador
precisa de 5 anos para se depreciar e já se passaram 2, temos então um
total de 3 anos ainda pela frente.

Vamos pensar: A regra diz que deve ser levado em conta o prazo maior de
vida útil restante entre as opções “A” e “B”. No nosso exemplo, A são 2,5
anos (50%) e B 3 anos (60%). Nesse caso escolheríamos a opção B, sendo
esta a maior.

Desse modo a LOWTECH ainda teria 3 anos disponíveis para depreciar seu
imobilizado que corresponde a compra de computadores.

DEPRECIAÇÃO – PARTE 3.

Nós já explicamos na parte 1 do artigo sobre depreciação (clique aqui para


ler) sobre o que é depreciação e na parte 2 (clique aqui para ler) sobre a
depreciação de bens já utilizados (que é quando uma empresa compra
um ativo imobilizado de outra).

Neste artigo, vamos abordar quais os principais tipos de depreciação e


aprender a calculá-los! Vamos ao tema…

Métodos de depreciação.
Ao longo dos séculos, diversos contabilistas teóricos foram criando formas
de se calcular a depreciação dos bens das empresas. Apesar de diferentes,
não é possível escolher apenas uma como correta ou errada, sendo cada
uma delas aplicável a determinadas situações.

(Para saber mais sobre a origem da contabilidade clique aqui).

A seguir, uma lista com alguns dos modelos mais famosos:

a) Modelo Linear:

O método linear é o mais utilizado nas empresas e o aceito pelo governo na


prestação de contas das companhias. Seu cálculo baseia-se na evolução
contínua e linear da perda do valor do bem com o passar do ano.

Conforme o exemplo dado na parte 2 das empresas HIGHTECH e LOWTECH,


um computador perde seu valor contábil em cinco anos. Divide-se então
100% por 5 anos e obtém-se 20% ao ano de depreciação.

b) Modelo de horas trabalhadas:

Mais utilizado em indústrias que possuem longas jornadas de trabalho com


diversos turnos, o modelo de horas trabalhadas utiliza uma estimativa de
horas que a máquina será utilizada.

Por exemplo, ao comprar uma nova máquina a empresa estima que ela
será utilizada por 21.120 horas (ou 8 horas diárias em 22 dias no mês, com
12 meses no ano durante 10 anos = 8 x 22 x 12 x 10). A cada hora trabalhada
em que se utilizou a máquina, a empresa deprecia 1/21.120 e determina o
valor do bem na data. Ao final dos dez anos, tem-se a depreciação total do
bem.

c) Modelo de unidades produzidas:

Parecido com o modelo de horas trabalhadas, ao adquirir uma nova


máquina, a empresa determina quantas unidades serão produzidas
durante toda a vida útil do bem e vai depreciando seu valor de acordo com
a produção realizada.

d) Modelo de soma dos algarismos dos anos:

Este método é um tanto quanto complicado e utilizado por pouquíssimas


empresas. O seu método é calculado conforme exemplo abaixo:

Veículo
Valor: R$ 50.000,00
Anos de depreciação: 5

Pega-se então o número de anos de depreciação e realiza-se a sua


“decomposição”. No nosso caso em 5, depois o 4, e assim sucessivamente
até chegar ao 1 (5, 4, 3, 2, 1). Soma-se então os números da decomposição,
conforme abaixo:

5 + 4 + 3 + 2 + 1 = 15

Por fim, multiplica-se o número decomposto pelo valor total do bem, no


nosso caso R$ 50.000,00, dividindo o produto da multiplicação pela soma
da decomposição. Vejamos como ficará a depreciação do nosso veículo

Ano 1: (50.000,00 x 5)/15 = R$ 16.666,67

Ano 2: (50.000,00 x 4)/15 = R$ 13.333,33

Ano 3: (50.000,00 x 3)/15 = R$ 10.000,00

Ano 4: (50.000,00 x 2)/15 = R$ 6.666,67

Ano 5: (50.000,00 x 1)/15 = R$ 3.333,33

Total depreciado: R$ 50.000,00 em 5 anos.

Então é isso… agora você conhece diversos meios de depreciar os ativos de


uma empresa e calcular de forma correta o valor de cada bem!

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