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Bioacumulação de metais pesados e nutrientes

no mexilhão dourado do reservatório da Usina


Hidrelétrica de Itaipu Binacional

Biomonitoramento Ambiental
Docente: Ana Carolina Borella Marfil Anhê

Guilherme Tubaldini Chagas - 201911440


Ígor Marques Mendonça Júlio - 201910476
Matheus de Souza Farias - 201910483
Universidade Federal do
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Introdução:

O estudo escolhido, objetivou o monitoramento de metais pesados e nutrientes


presentes no Limnoperna fortunei, o mexilhão dourado. O utilizando como bioindicador
para os índices de metais tóxicos como (Pb,Cd e Cr), entre outros metais pesados
essencias como (Fe,Zn,Cu e Mn).
O mexilhão dourado é um molusco bivalve, nativo de rios do sudeste da Ásia,
considerado uma especie exótica invasora em toda America do Sul, introduzida de
forma não intencional, chegando no Brasil pelo Rio paraná, incrustados em navios
internacionais.
Pertencendo a família Mytilidae, são organismos bentônicos filtradores. Se alimentam
por partículas suspensas na água, como fitoplâncton. Esses organismos apresentam
alta tolerância a varios poluentes, bioacumulando os mesmo e transmitindo por meio
da cadeia trófica.
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Introdução:
Essa espécie se reproduz de forma acelerada, se acumulando nos tanques de
resfriamento de usinas hidrelètricas, tubulações de captação de água e em motores de
embarcações. Causando inúmeros danos ecônomicos.

Foram feitas a coletas dos organismos em diferentes pontos de coleta do reservatório


da usina hidrelétrica de Itaipu Binacional, esta que é localizada no Oeste do Paraná,
possuindo o 7º maior reservatório do Brasil, sendo líder mundial na produção de energia
renóvavel.

Fonte: Portal Tratamento de Água Fonte: CabezaNews


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Caracterização do local de estudo:


Usina hidrelétrica de Itaipu Binacional;
Área aquícola destinada ao cultivo experimental de
peixes nativos em tanques redes;
Os tanques rede encontra-se a uma profundidade média
de 8 m;
A unidade de cultivo possui 6 linhas com 12 tanques de 5
m3, com espaçamento entre linhas de aproximadamente
Fonte: Gazeta de Toledo
20 m e 2 m entre os tanques rede.

Fonte: Wikipédia
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Coleta e análise das amostras


Abril de 2009 a março de 2010 foram coletadas amostras
mensais do mexilhão dourado Limnoperna fortunei;
Ponto 1 se caracteriza pela incrustação do mexilhão
na borda externa do tanque rede;
Ponto 2 se refere à boia náutica disposta a 100 m dos
tanques rede;

Fonte: Colpani Piscicultura Fonte: Marinha do Brasil


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Coleta e análise das amostras

Os mexilhões foram removidos com a ajuda de uma


espátula plástica;
Lavados com água do reservatório para eliminar resíduos
de matéria orgânica;
Adicionados em embalagens plásticas identificadas e
transportados, em caixas térmicas contendo gelo, até a
Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste);

As amostras de mexilhões foram separadas, pesadas e


padronizadas em média de 600 g de mexilhões com tamanho
médio da concha de 30 mm, caracterizados como adultos;
Passam por processo de secagem em estufa de circulação
de ar forçada a 55 ºC por 48 h;
Moídas e encaminhadas à análise química no Laboratório de
Química Ambiental e Instrumental da Unioeste;
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Coleta e análise das amostras

Foram mensuradas as concentrações totais de potássio,


cálcio, magnésio, cobre, ferro, manganês e zinco e dos
metais pesados cádmio, cromo e chumbo por meio da
digestão nitroperclórica das amostras e quantificação por
espectrometria de absorção atômica com chama;

Espectrofotômetro
de Absorção
Atômica de Chama
Fonte: Labstribute

*a espectroscopia de absorção atômica (EAA) está baseada na


*à digestão nitroperclórica, leva o ácido perclórico, um ácido propriedade de absorção da luz por átomos livres. Todos os
forte, que quando utilizado ocorre a formação de gases tóxicos átomos podem absorver luz, mas só em comprimentos de onda
e pode levar a corrosão de equipamentos, apresentando ainda correspondentes aos requerimentos de energia do átomo em
risco de explosões. Amplamente utilizada na extração de particular. Em outras palavras, cada elemento absorve luz em
elementos químicos. comprimentos de ondas específicos e únicos e não absorve luz
Fonte: SILVA, Vanessa. 2020 de forma alguma em outros comprimentos de onda.
Fonte: DCTech
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Coleta e análise das amostras


A quantificação da concentração de fósforo total foi obtida
pelo método ultravioleta visível. O nitrogênio total foi
quantificado por digestão sulfúrica;

Utilizaram-se padrões inorgânicos aquosos para a calibração e


todas as análises foram determinadas em triplicata. O limite
de quantificação para os metais tóxicos foi de 0,01 mg kg-1.

*Espectroscopia UV-Visível: baseia-se em medidas de absorção *A base do processo de Kjeldahl é o deslocamento do


da radiação eletromagnética, nas regiões visível e ultravioleta nitrogênio presente na amostra, transformando-se em sal
do espectro. amoniacal. A seguir, desse sal obtido, desloca-se o amônio
Fonte: ALMEIDA, Joseane. 2018. recebendo-se sobre a solução ácida (ácido bórico). Por
titulação determina-se a quantidade de nitrogênio que lhe deu
origem.
Fonte: UFRGS
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Monitoramento da qualidade da água e precipitação


Durante as coletas das amostras realizou-se o monitoramento
in loco da água nos pontos P1 e P2 demarcados;
temperatura da água;
pH;
transparência da água;
condutividade;
oxigênio dissolvido;
Os dados de precipitação mensal na área aquícola do
reservatório da usina hidrelétrica de Itaipu Binacional foram
fornecidos pelo Instituto Tecnológico Simepar/Santa Helena-
PR;

Fonte: Estudos oceanográficos


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Índice de poluição por metal (MPI)


O índice de poluição por metais (MPI) foi determinado para os
micronutrientes (Cu, Fe, Mn, Zn, Cd, Pb e Cr) e metais tóxicos (Cd, Pb e
Cr), utilizando-se a equação MPI = (CF1 x CF2 x CF3 ... ... CFn)^1/n, onde,
CFn = concentração de metal na amostra n.
Fonte: Usero, J.; Gonzalez-Regalado. E.; Gracia, I.

Análise estatística
Os valores médios dos metais quantificados nas amostras nos 2 pontos
de coleta e nas 4 estações, durante o período de coleta, foram
submetidos à análise de variância (ANOVA), seguidas de teste de Tukey
por meio do Software SAS.
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Resultados e Discussão:

A água da área de estudo esta de acordo com os limites estabelecidos na Resolução nº.
357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), como água doce classe 1,
podendo ser considerada como área oligotrófica e apropriada para aquicultura em tanques
rede.

Os parâmetros físicos e químicos da água não apresentaram variação sazonal (p > 0,05),
possivelmente devido à dinâmica do reservatório da usina hidrelétrica de Itaipu.

Fonte: Resolução CONAMA n° 357


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Resultados e Discussão:
Verifica-se na que não houve diferença (p > 0,05) para os valores médios de N, P, K, Mg e
Ca nas amostras de Limnoperna fortunei em relação ao ponto de coleta.

Estudando os macronutrientes nas conchas de ostras e mexilhões em 3 locais de coleta,


destacou o cálcio como o elemento de maior percentual em função da estrutura de
constituição da concha ser predominantemente de carbonato de cálcio.

As quantidades de Ca, N e K apresentam-se superiores no mexilhão dourado quando


comparado às conchas de ostras e mexilhões marinhos.
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Resultados e Discussão:

Fonte: (MARENGONI et al., 2013).

Fonte: (MARENGONI et al., 2013).


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Resultados e Discussão:
Os resultados médios encontrados para os micronutrientes como (Cu,Fe,Mn e Zn ), não
indicam contaminação ambiental por estes. A legislação brasileira em vigor não delimita
níveis máximos permitidos para concentração de manganês e ferro em alimentos, as
concentrações de Cobre e Zinco estão dentro dos padrôes estabelecidos pela legislação.

As concentraçôes encontradas de metais tóxicos (Pb,Cd e Cr) não diferiram entre os pontos
de coleta, os valores obtidos foram superiores aqueles estibulados pela ANVISA, sendo (Pb
- 2,00 mg/kg) ; (Cd - 1,00 mg/kg) ; (Cr - 0,10 mg/kg) .

A presença desses metais tôxicos em grandes quantidades, causam a contaminação do


meio hídrico, afetando os seres humanos pelo deslocamento desses elementos através da
cadeia trófica.
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Resultados e Discussão:

Fonte: (MARENGONI et al., 2013)


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Resultados e Discussão:
Os valores encontrados das concentrações dos macronutrientes de Ca e Mg na primavera e
verão foram inferiores às observadas no outono e inverno. Nos valores obtidos de N, K, Cr,
MPI(1), não foram observadas mudanças sazonais.

As concentrações dos metais pesados Cu, Fe, Mn, Zn, Cd e Pb, na primavera e verão, foram
superiores aos resultados obtidos no outono e inverno.

Não foi encontrado concentração de Cd no outono e inverno, porém isso não indica que o
elemento não esteja presente no mexilhão dourado, podendo estar em concentrações
inferiores ao limite de quantificação.
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Resultados e Discussão:

Fonte: (MARENGONI et al., 2013).


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Resultados e Discussão:
Estes moluscos são extremamente importantes na cadeia alimentar de muitas espécies de peixes, sendo consumidos nos
diferentes níveis tróficos da dieta de peixes como o pintado, jundiá e o armado, espécies representativas da pesca
comercial da Bacia do Paraná III;
Concentrações de Cd acima dos valores máximos permitidos pela legislação brasileira em vigor também foram
encontrados em moluscos bivalves, porém de água salgada;
Dispersos espacialmente, uma vez que os peixes migram por extensões consideráveis para reprodução e alimentação,
entre outros comportamentos fisiológicos;
Na primavera e verão houve uma maior bioacumulação de metais, possivelmente relacionada com a menor capacidade de
drenagem antes da primavera, caracterizada pelos baixos índices pluviométricos durante estas estações do ano e um
provável incremento das fontes poluidoras e dos efeitos dos efluentes impactantes deslocados;

Fonte: Peixinhos Lange


Fonte: Pousada Vida Dura
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Resultados e Discussão:
Possui o 7º maior reservatório do Brasil, com uma área
inundada de 1.350 km² e o melhor índice de aproveitamento da
água para produzir energia;
Atrativos turísticos:
Praias artificiais, pesca esportiva e comercial e uma
importante área destinada aos parques aquícolas.

Fonte: Itaipu Binacional


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Conclusão:

O mexilhão dourado (Limnoperna fortunei) pode ser utilizado como bioindicador de


metais pesados, pois foram encontrados níveis elevados de Cd, Pb e Cr.

Além de serem tóxicos esses metais, há um expressivo potencial poluente nos


sedimentos, nas plantas e animais, bioacumulando-se ao longo da cadeia trófica.

O equilíbrio da biota aquática poderá ser alterado, por meio da contaminação


ambiental e dos distúrbios decorrentes da superexposição e dispersão especial,
necessitando de controle da espécie invasora.
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Conclusão:

O ponto de coleta do mexilhão não influenciou nas concentrações de nutrientes e


metais pesados.

Todas as 24 amostras do bioindicador utilizado estavam contaminadas com os


elementos traços Pb e Cr em proporções superiores aos preconizados pela legislação,
indicando também a superexposição da biota e contaminação ambiental da área
aquícola na época estudada.

Fonte: Segredos do Mundo


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Referências:
SILVA, Vanessa Mendes, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa – Campus Rio
Paranaíba, agosto de 2020. Digestão de amostras de origem orgânica e respiração
microbiana: validação de métodos alternativos. Orientadora: Fabrícia Queiroz Mendes.
Coorientadores: André Mundstock Xavier de Carvalho e Marlon Corrêa Pereira.
UFRGS. TÉCNICA DE QUANTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS PELO MÉTODO DE
KJELDAHL PRINCÍPIO. Disponível: <https://lume-re-
demonstracao.ufrgs.br/composicaoalimentos/proteinas/kjeldahl.php>.
ALMEIDA, Joseane. Espectrofotometria UV-Vis. 2018. Disponível: <chrome-
extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.ufjf.br/baccan/files/2010/
10/Aula-2-UV-Vis-1o-Sem-2018-parte-1.pdf>.
MARENGONI, N. G. et al.. Bioacumulação de metais pesados e nutrientes no mexilhão
dourado do reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional. Química Nova, v.
36, n. Quím. Nova, 2013 36(3), 2013.

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