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RESUMO
O presente estudo teve como objetivo analisar a qualidade microbiológica de peixes in
natura da Lagoa da Pampulha. Os peixes utilizados para estudo são da espécie Oreochromis
niloticus e foram capturados em diferentes pontos da lagoa. As analises foram baseadas no
Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Food – APHA (American
Public Health Association), que sugere uma amostra de músculo na pesagem de 25g para
cada peixe in natura para posterior diluição em água peptonada para obtenção de uma
diluição 10-1. As analises foram para a verificação da presença de Staphylococcus aureus
coagulase positiva, Salmonella sp e coliformes a 45°C. O resultado foi expresso em
“Número Mais Provável” por grama da amostra (NMP/g) para coliformes à 45ºC e para
Salmonella sp. e Staphylococcus aureus, os resultados são expressos em Unidades
Formadoras de Colônias (UFC/g). Verificou-se que 20% das amostras analisadas estava
fora dos padrões microbiológicos para S. aureus preconizados pela legislação vigente, com
relação à Salmonella sp observou-se ausência da mesma em todas as amostradas coletadas.
Diante das análises foi possível constatar contaminação nas amostras de peixes da lagoa
Pampulha e apesar da qualidade microbiológica das amostras estar comprometida pelas
altas contagens de S aureus, a ausência de Samonella sp, bem como uma baixa contagem
de coliformes termotolerantes é possível relacionar à efetiva recuperação das águas da lagoa
da Pampulha por meio da redução de agentes poluidores.
Palavras-chave: Poluição da água, contaminação de peixes, biomarcadores, analise
ambiental.
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Mestre, Laboratório de Genômica Funcional e Proteômica de Leishmania spp. e Trypanosoma Cruzi,
Instituto René Rachou-Fundação Oswaldo Cruz-IRR-. Email: rafa_123lp@hotmail.com
INTRODUÇÃO
A poluição da água interfere na saúde de animais e de pessoas, assim como na qualidade de
vida e no funcionamento dos ecossistemas. Umas das principais fontes de poluição da água
é o esgoto despejado em bacias, rios e lagoas, sem que seja feito qualquer tipo de tratamento
prévio (AKAISHI et al. 2004).
RESULTADOS
De acordo com os resultados apresentados (tabela 1), 73% das amostras apresentaram
contaminação por coliformes a 45°C com contagens de 4NMP/g a 1,1x103 NMP/g. Nos
resultados referentes a S. aureus verificou-se que 20% das amostras analisadas estavam fora
do padrão preconizado pela legislação vigente, pois apresentaram contagens superiores a
103 unidades UFC/g.
Com relação ao Salmonella sp observou-se ausência da mesma em todas as amostradas
coletadas.
DISCUSSÃO
Quanto ao grupo dos coliformes, a legislação não indica limites em pescado, no entanto, é
importante analisar a presença deste grupo de microrganismos em alimentos, pois eles estão
em grande número na microbiota intestinal humana ou de animais homeotérmicos (VIANA
et al., 2016).
Estudos apontam que valores de coliformes acima de 50 NMP por grama de alimento está
relacionado a uma qualidade higiênica-sanitária insatisfatória (AGNESE et al; 2001).
Deste modo, ao analisar os resultados obtidos no presente estudo, verifica-se que 6,7% das
amostras apresentaram valores acima de 50NMP/g. A Escherichia coli, é um grande
representante do grupo dos coliformes termotolerantes e a ingestão de alimentos
contaminados com essa bactéria pode causar gastrenterites brandas ou severas, em adultos
e crianças. O Staphyloccocus aureus, junto a E. coli e Salmonella, são os agentes
patogênicos mais comuns, responsáveis por surtos de origem alimentar (ANSELMO,
WERLE, HOFFMANN, 2016).
Os S.aureus são bactérias mesófilas capazes de produzir enterotoxinas termoestáveis nos
alimentos que permanecem sob temperaturas entre 10ºC e 46ºC. Quanto mais baixa for à
temperatura, maior será o tempo necessário para a produção das enterotoxinas (FRANCO,
LANDGRAF, 2008, SHINOHARA et al., 2008).
Os sintomas da intoxicação estafilocócica variam com o grau de suscetibilidade do
indivíduo, a concentração de enterotoxina no alimento e a quantidade ingerida do alimento.
Os sintomas mais observados são; náuseas, vômitos, caibras, abdominais, diarreia e
sudorese. Porém, em alguns casos podem ocorrer dores de cabeça, calafrio, queda da
pressão arterial e febre quando se ingere grande quantidade da toxina. A doença não é fatal,
a menos que o individuo esteja debilitado (FRANCO, LANDGRAF, 2008).
As condições mais comuns que favorecem a multiplicação e produção dessas toxinas em
alimento são: higiene pessoal precária, cocção ou o aquecimento inadequado do alimento,
e a refrigeração inadequada. Mesmo que o S. aureus seja rapidamente destruído pelo
processo de cozimento, sua toxina é resistente ao calor (HOBBS & ROBERTS, 1999). A
Samonella sp é o principal agente envolvido em surtos alimentares em vários países,
CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que a qualidade microbiológica das
amostras está comprometida devido a contaminação com S.aureus e coliformes
termotolerantes, A Lagoa da Pampulha durante anos vem sendo um dos locais preferidos
para pescadores amadores, diante disto vale ressaltar os perigos que o consumo dos peixes
pode causar a saúde humana.
A Lagoa da Pampulha atualmente pode ser utilizada para recreação e pesca amadora, o que
pode trazer uma segurança ainda maior para os consumidores do pescado, sem que eles
saibam dos perigos que estes alimentos ainda possuem.
Dessa forma, é necessário que as autoridades municipais dêem continuidade ao projeto de
revitalização da Lagoa, para assim minimizar ainda mais os riscos que o pescado possa
causar a quem o consome.
ASPECTOS ETICOS E AUTORIZAÇOES
Diante do resultado do trabalho de recuperação da Lagoa da Pampulha, conforme publicado
no Diário Oficial do Município, portaria SMOBI Nº 050/2015, o enquadramento da mesma
está designado nos padrões de Classe 3, conforme Resolução Conama 357/05 e DN
Copam/CERH/001-08 (SMOBI, 2015). Tal classificação atual, permite a recreação de
contato secundário, ou seja, a prática de atividades em que o contato com a água seja
esporádico ou acidental e a possibilidade de sua ingestão seja pequena, tais como a pesca
amadora. Além deste, os peixes pescados não foram mantidos em cativeiros/criação pois
estes após serem coletados foram decapitados para coleta do material de análise após
constatarem ausência de vida devido a hipóxia fora do ambiente aquático.
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