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AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE
FATORES PSICOSSOCIAIS NOS
DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES
RELACIONADOS AO TRABALHO
ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE DO
SERTÃO ALAGOANO/BAIANO
LUCAS GOMES MIRANDA BISPO
lucasgmb17@gmail.com
Deividson Sá Fernandes de Souza
deividson.fernandes@gmail.com
João Vítor de Oliveira Santos
oliva.vitus@gmail.com
Maria Sonaira Braz Alcântara
mariasonaira@gmail.com
Jonhatan Magno Norte da Silva
Jonhatanmagno@hotmail.com
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XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
1. Introdução
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“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.
correto atendimento aos pacientes. Assim, a ausência do suporte social dos colegas leva estes
trabalhadores a experimentarem um ambiente de trabalho penoso.
Por outro lado, a necessidade de compreensão dos limites das diferentes atividades
ocupacionais e a necessidade de diagnósticos precisos eleva os esforços cognitivos dos
profissionais. Assim, a elevada demanda psicológica também é um risco comum nas atividades
clínico hospitalares. Estudos prévios também têm constatado que os profissionais de
enfermagem, em muitos casos, sentem-se insatisfeitos com o trabalho (SOLIDAKI et al., 2010),
algo que contribui para uma série de doenças. Portanto, fica evidente a presença de fatores
psicossociais de diversas ordens nos ambientes ocupacionais aos quais estes trabalhadores
podem estar expostos diariamente.
Em contrapartida, a literatura científica também tem fornecido indícios da relação entre os
fatores psicossociais e os casos de DORTs em profissionais de saúde (JORGE; GLINA;
ISOSAKI, 2009; FONSECA; FERNANDES, 2010; MEHRDAD et al.,2010; BARBOSA;
ASSUNÇÃO; ARAÚJO, 2013; PEKKARINEN et al., 2013; SOLIDAKI et al., 2013). Autores
como Carugno et al. (2012) associaram fatores psicossociais como a insatisfação ao trabalho
com o aumento de dores na lombar, enquanto Solidaki et al. (2010) e Barbosa, Assunção e
Araújo (2012) associam o baixo suporte social ao aumento da prevalência de dores no corpo.
No Brasil, ainda são poucos os estudos que avaliam a influência dos fatores psicossociais no
aparecimento de casos de DORT em profissionais de saúde (GRAÇA; ARAÚJO; SILVA, 2006;
MAGNAGO et al., 2010; FONSECA; FERNANDES, 2010; CARUGNO et al., 2012;
BARBOSA; ASSUNÇÃO; ARAÚJO, 2013; GÓES et al., 2014). Contudo, não se encontrou
estudos com trabalhadores da saúde do alto sertão alagoano/baiano, sendo ainda desconhecido
o efeito dos fatores psicossociais nesta população específica de trabalhadores.
De modo geral, as condições de trabalho destas regiões tendem a ser diferente daquelas
encontradas nos grandes centros, sendo mais evidentes os problemas associados a baixa
disponibilidade de recursos financeiros, mão de obra qualificada e atualizada, medicamentos,
equipamentos modernos e infraestrutura, levando os profissionais da área médica hospitalar a
vivenciar experiências que podem alterar a percepção dos fatores psicossociais e intensidade
dos sintomas de DORTs.
Portanto, este artigo tem como objetivo avaliar a influência de fatores psicossociais no
aparecimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho em profissionais da área
da saúde da região do alto sertão alagoano/baiano.
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2. Métodos
Os procedimentos metodológicos utilizado para o desenvolvimento deste artigo estão
apresentados nesta secção.
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𝐻 𝑉
𝛽0𝑗 𝐹𝑣ℎ
𝑈𝑗 = 𝑒 ∗∏ [∏ 𝑒 (𝜏𝑣ℎ ) ] (1)
ℎ=1 𝑣=1
3. Resultados
A Tabela 1 apresenta os dados sociodemográficos. Os profissionais são predominantes do sexo
feminino, com idade entre 31 e 50 anos, sobrepeso e possuem um emprego.
Tabela 1 – Características sociodemográficas da amostra
Ao analisar os escores de todos os itens percebeu-se que cinco itens (Q4, Q7, Q8, Q13 e Q18)
apresentaram baixa carga fatorial e três itens (Q5, Q6 e Q10) baixa comunalidade (Tabela 2).
Esses itens foram retirados, por não parecerem apropriados para captar a percepção dos
trabalhadores da saúde do alto sertão alagoano/baiano.
A AFC foi refeita após a exclusão dos itens problemáticos, e nenhum item com problemas foi
detectado (Tabela 3). Nenhum dos itens apresentou problemas após a exclusão dos itens
problemáticos. As cargas fatoriais oriundas da AFC foram a base para o cálculo dos escores
dos fatores psicossociais.
Tabela 2 – Parâmetros dos itens da AFC
Carga fatorial
Fatores Itens Comunalidade
F1 F2 F3 F4 F5
Demandas psicológicas Q1 0,536 0 0 0 0 0,288
Q2 0,623 0 0 0 0 0,388
Q3 0,778 0 0 0 0 0,606
Q4 -0,213 0 0 0 0 0,045
Q5 0,374 0 0 0 0 0,140
Insegurança no emprego Q6 0 0,4384 0 0 0 0,192
Q7 0 -0,0694 0 0 0 0,004
Q8 0 -0,2886 0 0 0 0,083
Q9 0 0,5287 0 0 0 0,280
Q10 0 0,3382 0 0 0 0,114
Suporte dos supervisores Q11 0 0 0,6924 0 0 0,479
Q12 0 0 0,7781 0 0 0,606
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Satisfação no trabalho
Baixa satisfação 62 44,92
Alta satisfação 76 55,08
Suporte dos supervisores
Baixo suporte 57 41,30
Alto suporte 81 58,70
Suporte dos colegas de trabalho
Baixo suporte dos colegas 65 47,10
Alto suporte dos colegas 73 52,90
Fonte: Autoria própria
Em relação aos sintomas de DORTs, apresenta o resumo dos relatados apontados pelos
profissionais (Tabela 5).
Tabela 5 – Relatos dos sintomas de DORTs dos profissionais da saúde
A maioria destes relatam sentir algum sintoma de dor em pelo menos uma parte do corpo, sendo
na costa (42,75%), lombar (41,29%) e pescoço (49,98%). Cerca de 21% sentem em pelo menos
duas regiões e 20% nas três regiões investigadas.
Na Tabela 6 estão descritos os valores do OR extraídos dos modelos de regressão logística para
as partes de corpo analisadas.
Tabela 6 – Valores extraídos dos modelos de regressão logística
Os modelos não possuem pontos inconsistentes e, nove pontos influentes nos modelos para as
costas e lombar e seis no pescoço. Portanto, nenhum ponto precisou ser retirado por não ser
ponto de alavancagem.
4. Discussões
Foi constatado uma prevalência de DORTs de 75,35%. O lombar, pescoço e costas, estão entre
as regiões com maiores frequências de dor, nos trabalhadores da área da saúde, semelhante a
revisão realizada por Lelis et al. (2012) anteriormente.
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Existem indícios que os fatores satisfação no trabalho e suporte social dos colegas contribuam
para casos de DORT, ainda que se acredite que exista alguma interdependência entre tais
fatores, dado que a ausência de uma correta relação de trabalho entre os profissionais nos
hospitais afete a moral de toda a equipe de trabalho, algo que repercute negativamente na
motivação e satisfação dos trabalhadores (ALVES; GODOY; SANTANA, 2006). Estes
achados também se assemelham ao estudo de Solidaki et al. (2010), onde ambos os fatores
psicossociais se associaram a sintomas dolorosos em profissionais de enfermagem.
Observou-se que o aumento de uma unidade na escala de satisfação reduz em 18% (OR=0,82)
a chance de DORTs no pescoço. Segundo Santos Filho e Barreto (2001) os funcionários mais
satisfeitos estariam em maior nível de adaptação no trabalho e menor de tensão muscular
localizada, e que as dores constantes trazem mais insatisfação, dificultando a adaptação ao
trabalho.
Outro fator importante, é que o aumento de uma unidade na escala de suporte dos colegas de
trabalho reduz em 16% (OR=0,84) a chance de DORTs nas Costas e Lombar. Que de acordo
com (ALVES; GODOY; SANTANA, 2006), a enfermagem é considerada como uma das
profissões com risco de desenvolver dor nas costas relacionadas com o trabalho.
Então, a falta de suporte de colegas é uma das causas frequentes de sofrimento no trabalho, os
momentos em que esses criam dificuldades, o ambiente social é prejudicado, em que cada
trabalhador age por si, enquanto muitos ocultam informações de forma prejudicial a cooperação
(DEJOURS, 2008). O estudo de Steffens et al. (2014) com fisioterapeutas e quiropráticos
australianos não encontraram relação entre suporte social e sintomas na lombar. Desse modo,
fica evidente que resultados diferentes podem ser encontrados em indivíduos inseridos em
culturas diferentes, dado que a percepção quanto aos fatores psicossociais se altera ao se
modificarem os contextos de cada tipo de trabalho.
Barbosa, Assunção e Araújo (2013) já tinham observado a relação entre o suporte social e
sintomas nos membros superiores, contudo a sintomas nas costas e lombar não foram
observados. Já este artigo deixa elementos que indicam que, além dos esforços biomecânicos
já bastante estudados em profissionais de saúde (SANTOS FILHO; BARRETO, 2001), um
correto suporte dos colegas de trabalho pode reduzir a chance de sintomas osteomusculares nas
costas e lombar. Estes achados se assemelham a aqueles encontrados por Fonseca e Fernandes
(2010), no qual a demanda psicossocial esteve associada aos distúrbios musculoesqueléticos na
região lombar, do ombro e na parte alta do dorso, mesmo após o ajuste do modelo matemático
as demandas físicas e outras covariáveis.
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4. Conclusão
Os resultados indicaram que os fatores psicossociais podem influenciar na redução de dores
osteomusculares em profissionais da saúde do alto sertão alagoano/baiano. A melhoria em
fatores como ‘satisfação no trabalho’ e ‘suporte social dos colegas de trabalho’ contribuem na
redução de dor no pescoço, costa e lombar.
Portanto, sugere-se que sejam traçadas novas ações estratégicas que potencializem de forma
positiva os fatores psicossociais, apoiando na redução da percepção de sintomas de dores.
Melhorar o ambiente organizacional com a finalidade de se obter uma boa inter-relação das
equipes pode contribuir para um trabalho em que os atendimentos fluam de maneira positiva,
impactando na diminuição de conflitos e exigências contraditórias entre colegas de trabalho.
Além disso, capacitações e treinamentos que demonstrem os benefícios do bom relacionamento
dos colaboradores contribuem na satisfação no trabalho.
5. Agradecimentos
Agradecemos a Pró-reitora de Extensão da Universidade Federal de Alagoas (Proex), pelo
apoio com o financiamento do projeto de extensão vinculado a este trabalho, em que foi possível
a realização da presente pesquisa. E, também, ao hospital e os postos/centros de saúde, pelo
aceite da pesquisa em campo com seus profissionais.
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