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AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE FATORES PSICOSSOCIAIS NOS DISTÚRBIOS


OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO ENTRE PROFISSIONAIS
DA SAÚDE DO SERTÃO ALAGOANO/BAIANO

Conference Paper · October 2019

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5 authors, including:

Lucas Gomes Miranda Bispo Deividson Fernandes


Universidade Federal do Rio Grande do Sul Federal University of Pernambuco
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João Vítor de Oliveira Santos Jonhatan Magno Norte da Silva


Universidade Federal de Alagoas Federal University of Alagoas
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XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE
FATORES PSICOSSOCIAIS NOS
DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES
RELACIONADOS AO TRABALHO
ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE DO
SERTÃO ALAGOANO/BAIANO
LUCAS GOMES MIRANDA BISPO
lucasgmb17@gmail.com
Deividson Sá Fernandes de Souza
deividson.fernandes@gmail.com
João Vítor de Oliveira Santos
oliva.vitus@gmail.com
Maria Sonaira Braz Alcântara
mariasonaira@gmail.com
Jonhatan Magno Norte da Silva
Jonhatanmagno@hotmail.com

Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORTs) têm se


destacado como um dos problemas de saúde pública que repercutem
em prejuízos sociais e econômicos a trabalhadores de diversas
ocupações, como os profissionais da saúde. Alguns estudos têm
fornecido indícios da relação entre os fatores psicossociais e os casos
de DORTs em profissionais de saúde, mas no Brasil ainda são poucos
estudos realizados, e nenhum foi encontrado na região do alto sertão
alagoano/baiano. Nesse sentido, o artigo tem como objetivo avaliar a
influência de fatores psicossociais no aparecimento de DORTs em
profissionais da área da saúde da região do alto sertão
alagoano/baiano. Para isso, aplicou-se um questionário auto-
administrado a 138 profissionais da área da saúde afim de coletar as
percepções dos fatores psicossociais e os sintomas de DORT. Foram
construídos modelos matemáticos por meio da modelagem por
regressão logística ordinal, extraindo o Odds Ratio (OR) para
quantificar o risco de cada fator psicossocial aumentar ou reduzir a
chance de um sintoma de DORT se materializar nos trabalhadores.
Identificou-se que a ‘satisfação com o trabalho’ reduz em 18%
(OR=0,82; IC95%; 0,70 - 0,97) a chance de relatar dor no pescoço; e
o ‘suporte social dos colegas de trabalho’ reduz em 16% a chance nas
costas (OR=0,84; IC95%; 0,74 - 0,96) e lombar (OR=0,84; IC95%;
0,73 - 0,96). Concluiu-se que fatores psicossociais podem influenciar
na redução de percepções de sintomas em DORT’s em algumas partes
do corpo, em particular no pescoço, costas e lombar.
XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil”
Maceió, AL, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018.

Palavras-chave: Fatores psicossociais; DORT; Profissionais da saúde;


Alto sertão.

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XXXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
“Os desafios da engenharia de produção para uma gestão inovadora da Logística e Operações”
Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

1. Introdução

Os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORTs) têm se destacado como um


dos problemas de saúde pública que mais acometem a população brasileira, repercutindo em
prejuízos sociais e econômico (MEDINA; MAIA, 2016). Para o Ministério da Previdência
Social (2003) os DORTs manifestam-se por uma série de sintomas, que surgem
simultaneamente ou não, sendo resultados de fatores psicossociais, emocionais e biomecânicos
aos quais os trabalhadores estão expostos durante a jornada de trabalho, repercutindo em dor,
fadiga e desconforto (SANTOS et al., 2018).
Devido as inadequações e deficiências técnicas presentes nos postos de trabalho, os danos ao
sistema musculoesquelético podem se materializar, atingindo articulações, bolsas sinoviais,
músculos, tendões, nervos e vasos sanguíneos localizados nos membros superiores e inferiores
(CHIAVEGATO FILHO; PEREIRA JR, 2004). Contudo, os DORTs, há muito tempo, não tem
sido uma doença ocupacional associada apenas as atividades de manufatura industrial,
atingindo, inclusive, profissionais de saúde, educação, comércio, entre outras.
Os profissionais da área da saúde, por sua vez, não atuam somente na assistência a problemas
de saúde, mas também na pesquisa, gerência e na educação (TREVISO; COSTA, 2017), sendo
expostos a níveis elevados de estresse e tensão, pois cuidam da saúde e vida de terceiros, fatores
estes que contribuem para uma baixa qualidade de vida no trabalho (MEDEIROS; NÓBREGA,
2013). De modo geral, o estresse e tensão percebida pelos trabalhadores pioram quando fatores
psicossociais estão presentes nos locais de trabalho (KARASEK, 1998), fazendo emergir uma
família de riscos ainda pouco estudados e compreendidos, os riscos psicossociais (KORTUM;
LEKA; COX, 2011).
Além disso, outros problemas estão presentes no ambiente de trabalho clínico hospitalar
associados a conflito de funções e das equipes de trabalho, dupla jornada ou plantões, entre
outros (CAVALHEIRO; MOURA JÚNIOR; LOPES, 2008). Todas estas variáveis contribuem
para um aumento no estresse e tensão, variáveis estas associadas ao desenvolvimento de
DORTs, enquadrando estes profissionais em grupo ocupacional exposto a riscos psicossociais
diversos (PEKKARINEN et al., 2013).
De modo geral, os profissionais dessa área compõem equipes multiprofissionais formadas por
médicos, enfermeiros, técnicos, psicólogos, dentistas, nutricionistas, fisioterapeutas e
auxiliares, que desempenham papeis distintos, mas que se complementam em um sistema
ordenado (SAAR; TREVIZAN, 2007), demandando suporte dos colegas de trabalho para um

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correto atendimento aos pacientes. Assim, a ausência do suporte social dos colegas leva estes
trabalhadores a experimentarem um ambiente de trabalho penoso.
Por outro lado, a necessidade de compreensão dos limites das diferentes atividades
ocupacionais e a necessidade de diagnósticos precisos eleva os esforços cognitivos dos
profissionais. Assim, a elevada demanda psicológica também é um risco comum nas atividades
clínico hospitalares. Estudos prévios também têm constatado que os profissionais de
enfermagem, em muitos casos, sentem-se insatisfeitos com o trabalho (SOLIDAKI et al., 2010),
algo que contribui para uma série de doenças. Portanto, fica evidente a presença de fatores
psicossociais de diversas ordens nos ambientes ocupacionais aos quais estes trabalhadores
podem estar expostos diariamente.
Em contrapartida, a literatura científica também tem fornecido indícios da relação entre os
fatores psicossociais e os casos de DORTs em profissionais de saúde (JORGE; GLINA;
ISOSAKI, 2009; FONSECA; FERNANDES, 2010; MEHRDAD et al.,2010; BARBOSA;
ASSUNÇÃO; ARAÚJO, 2013; PEKKARINEN et al., 2013; SOLIDAKI et al., 2013). Autores
como Carugno et al. (2012) associaram fatores psicossociais como a insatisfação ao trabalho
com o aumento de dores na lombar, enquanto Solidaki et al. (2010) e Barbosa, Assunção e
Araújo (2012) associam o baixo suporte social ao aumento da prevalência de dores no corpo.
No Brasil, ainda são poucos os estudos que avaliam a influência dos fatores psicossociais no
aparecimento de casos de DORT em profissionais de saúde (GRAÇA; ARAÚJO; SILVA, 2006;
MAGNAGO et al., 2010; FONSECA; FERNANDES, 2010; CARUGNO et al., 2012;
BARBOSA; ASSUNÇÃO; ARAÚJO, 2013; GÓES et al., 2014). Contudo, não se encontrou
estudos com trabalhadores da saúde do alto sertão alagoano/baiano, sendo ainda desconhecido
o efeito dos fatores psicossociais nesta população específica de trabalhadores.
De modo geral, as condições de trabalho destas regiões tendem a ser diferente daquelas
encontradas nos grandes centros, sendo mais evidentes os problemas associados a baixa
disponibilidade de recursos financeiros, mão de obra qualificada e atualizada, medicamentos,
equipamentos modernos e infraestrutura, levando os profissionais da área médica hospitalar a
vivenciar experiências que podem alterar a percepção dos fatores psicossociais e intensidade
dos sintomas de DORTs.
Portanto, este artigo tem como objetivo avaliar a influência de fatores psicossociais no
aparecimento de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho em profissionais da área
da saúde da região do alto sertão alagoano/baiano.

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2. Métodos
Os procedimentos metodológicos utilizado para o desenvolvimento deste artigo estão
apresentados nesta secção.

2.1 Caracterização do estudo


Este estudo é caracterizado como uma pesquisa do tipo exploratória, mas de caráter descritivo.
De acordo com Triviños (1987), os estudos descritivos podem ser criticados porque pode existir
uma descrição exata dos fenômenos e dos fatos. Além disso, o mesmo apresenta uma
abordagem quali-quantitativa, buscando informações reais com base na opinião de
trabalhadores, de modo a obter a relação de causalidade entre as variáveis.
2.2 Amostra
A pesquisa foi realizada com profissionais da área da saúde que trabalham em hospitais e
centros ou postos de saúde localizados no sertão alagoano e baiano. A totalidade da amostra foi
de 138 profissionais elegíveis sobre os critérios de maioridade (18 anos), que ocupasse as suas
respectivas funções na área e aceitação de participação na pesquisa de forma voluntária. Assim,
a amostra foi selecionada por conveniência e concordância em participar do estudo.
2.3 Coleta de dados
A coleta de dados ocorreu de forma presencial e individual com auxílio de um questionário
auto-administrado aplicado no posto de trabalho dos profissionais. O questionário era composto
de itens sobre fatores sociodemográficos, as percepções do profissional quanto aos fatores
psicossociais, e avaliação dos sintomas de DORT.
2.3.1 Fatores sociodemográficos
Os fatores sociodemográficos coletados foram sexo (masculino; feminino), idade (em anos),
altura (em metros), peso (em quilogramas) e se tinha outro emprego. A altura e o peso foram
utilizados para o cálculo do índice de massa corpórea (IMC) dos profissionais, no qual foram
consideradas os seguintes parâmetros: abaixo do peso (IMC<18,5 Kg/m2); peso normal (18,5
Kg/m2<IMC<24,9 Kg/m2); sobrepeso (25 Kg/m2<IMC<29,9 Kg/m2); e obeso (IMC>30
Kg/m2).
2.3.2 Fatores Psicossociais
Os fatores psicossociais coletados foram ‘demandas psicológicas’, ‘insegurança no emprego’,
‘suporte social dos supervisores’, ‘suporte social dos colegas de trabalho’ e ‘satisfação no
trabalho’. Estes foram avaliados por meio de medição indireta via itens do Job Content
Questionnaire (JCQ) (KARASEK et al., 1998). Uma escala de quatro níveis (1-discordo

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totalmente; 2-discordo; 3-concordo; 4-concordo totalmente) foi utilizada para facilitar as


respostas.
Para determinar os escores dos fatores utilizou-se a análise fatorial confirmatória (AFC) com
auxílio do pacote mirt (CHALMERS, 2012) da versão 3.5.3 do software R (R CORE TEAM,
2019). Itens com carga fatorial inferior a 0,300 ou comunalidade inferior a 0,200 foram
excluídos do cálculo dos escores de cada fator psicossocial por serem considerados itens de
baixa qualidade (HAIR et al., 2009). A definição de alta ou baixa exposição aos fatores
psicossociais se deu com base na média dos escores calculados para cada fator de risco.
2.3.3 Sintomas osteomusculares
Para quantificar a intensidade dos sintomas osteomuscular foi utilizada a versão adaptada do
Questionário Nórdico (KUORINKA et al., 1987) com uma escala de 5 pontos (1 - sem dor; 2 -
dor leve; 3 - dor moderada; 4 - dor forte; 5 - dor intensa). Apenas os sintomas localizados nas
regiões do pescoço, costa superior e lombar foram avaliados por este artigo.
2.4 Construção do modelo matemático
O modelo de regressão logística ordinal foi utilizado para analisar a relação entre os sintomas
de DORT (variáveis dependentes) e os fatores psicossociais (variáveis independentes). Assim,
através do Odds Ratio (OR) ou razão da chance, extraído do modelo de regressão, foi possível
expressar o risco de cada fator psicossocial aumentar ou reduzir a chance de um sintoma de
DORT se materializar nos trabalhadores. A Equação 1 apresenta o modelo de regressão
logística ordinal utilizado.

𝐻 𝑉
𝛽0𝑗 𝐹𝑣ℎ
𝑈𝑗 = 𝑒 ∗∏ [∏ 𝑒 (𝜏𝑣ℎ ) ] (1)
ℎ=1 𝑣=1

onde 𝑼𝒋 é a chance de se ter o sintoma de DORT no nível j; j é a intensidade da dor percebida


pelo trabalhador; 𝒆𝜷𝟎𝒋 é o intercepto para cada j; 𝒆𝝉𝒗𝒉 é o OR associado com a categoria v do
fator psicossocial h; H é o enésimo fator psicossocial; V é a enésima categoria de resposta; 𝑭𝒗𝒉
é a categoria de resposta v do fator psicossocial h.
Em seguida, foi verificada a presença de outliers nos modelos de regressão, que foram excluídos
quando fossem pontos de alavancagem. Esses pontos são observações inconsistentes e
influentes simultaneamente, e que seu comportamento pode comprometer as estimativas da
razão de chance nos modelos de regressão, gerando insegurança na compreensão da relação
entre as variáveis (SILVA; SILVA; GONTIJO, 2017).
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3. Resultados
A Tabela 1 apresenta os dados sociodemográficos. Os profissionais são predominantes do sexo
feminino, com idade entre 31 e 50 anos, sobrepeso e possuem um emprego.
Tabela 1 – Características sociodemográficas da amostra

Fonte: Autoria própria

Ao analisar os escores de todos os itens percebeu-se que cinco itens (Q4, Q7, Q8, Q13 e Q18)
apresentaram baixa carga fatorial e três itens (Q5, Q6 e Q10) baixa comunalidade (Tabela 2).
Esses itens foram retirados, por não parecerem apropriados para captar a percepção dos
trabalhadores da saúde do alto sertão alagoano/baiano.
A AFC foi refeita após a exclusão dos itens problemáticos, e nenhum item com problemas foi
detectado (Tabela 3). Nenhum dos itens apresentou problemas após a exclusão dos itens
problemáticos. As cargas fatoriais oriundas da AFC foram a base para o cálculo dos escores
dos fatores psicossociais.
Tabela 2 – Parâmetros dos itens da AFC
Carga fatorial
Fatores Itens Comunalidade
F1 F2 F3 F4 F5
Demandas psicológicas Q1 0,536 0 0 0 0 0,288
Q2 0,623 0 0 0 0 0,388
Q3 0,778 0 0 0 0 0,606
Q4 -0,213 0 0 0 0 0,045
Q5 0,374 0 0 0 0 0,140
Insegurança no emprego Q6 0 0,4384 0 0 0 0,192
Q7 0 -0,0694 0 0 0 0,004
Q8 0 -0,2886 0 0 0 0,083
Q9 0 0,5287 0 0 0 0,280
Q10 0 0,3382 0 0 0 0,114
Suporte dos supervisores Q11 0 0 0,6924 0 0 0,479
Q12 0 0 0,7781 0 0 0,606
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Q13 0 0 0,0032 0 0 0,000


Q14 0 0 0,5705 0 0 0,326
Q15 0 0 0,7040 0 0 0,496
Suporte dos colegas de trabalho Q16 0 0 0 0,6646 0 0,442
Q17 0 0 0 0,5013 0 0,251
Q18 0 0 0 -0,0796 0 0,006
Q19 0 0 0 0,6274 0 0,394
Q20 0 0 0 0,6863 0 0,471
Q21 0 0 0 0,6672 0 0,445
Satisfação no trabalho Q22 0 0 0 0 0,563 0,317
Q23 0 0 0 0 0,630 0,397
Q24 0 0 0 0 0,534 2,850
Q25 0 0 0 0 0,509 2,590
Fonte: Autoria própria

Tabela 3 – Parâmetros após a exclusão dos itens

Fonte: Autoria própria

A Tabela 4 apresenta as percepções dos profissionais sobre os fatores psicossociais, traduzidas


em porcentagens de baixa e elevada percepções. A maioria dos trabalhadores estão satisfeitos
com o trabalho (55,08%), percebem receber um correto suporte social dos supervisores
(58,70%) e dos colegas de trabalho (52,90%). Além disso, percebem que possuem alta demanda
psicológica (55,80%) e baixa insegurança no emprego (58,70%).
Tabela 4 – Percepções dos profissionais sobre os fatores psicossociais
Fatores psicossociais Nº %
Demandas psicológicas
Baixa demandas 61 44,20
Alta demandas 77 55,80
Insegurança no emprego
Baixa insegurança 81 58,70
Alta insegurança 57 41,30

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Satisfação no trabalho
Baixa satisfação 62 44,92
Alta satisfação 76 55,08
Suporte dos supervisores
Baixo suporte 57 41,30
Alto suporte 81 58,70
Suporte dos colegas de trabalho
Baixo suporte dos colegas 65 47,10
Alto suporte dos colegas 73 52,90
Fonte: Autoria própria

Em relação aos sintomas de DORTs, apresenta o resumo dos relatados apontados pelos
profissionais (Tabela 5).
Tabela 5 – Relatos dos sintomas de DORTs dos profissionais da saúde

Fonte: Autoria própria

A maioria destes relatam sentir algum sintoma de dor em pelo menos uma parte do corpo, sendo
na costa (42,75%), lombar (41,29%) e pescoço (49,98%). Cerca de 21% sentem em pelo menos
duas regiões e 20% nas três regiões investigadas.
Na Tabela 6 estão descritos os valores do OR extraídos dos modelos de regressão logística para
as partes de corpo analisadas.
Tabela 6 – Valores extraídos dos modelos de regressão logística

Fonte: Autoria própria


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Constatou-se que o aumento de uma unidade na escala de ‘satisfação com o trabalho’ e de


‘suporte social dos colegas de trabalho’ reduz em 18% (OR=0,82), 16% (OR=0,84), 16%
(OR=0,84) da chance dos trabalhadores relatar sintomas de dor no pescoço, costas e lombar,
respectivamente. A análise gráfica dos modelos busca indicar a presença de pontos de
alavancagem (Figura 1).
Figura 1 – Análise gráfica dos modelos de regressão

Fonte: Autoria própria

Os modelos não possuem pontos inconsistentes e, nove pontos influentes nos modelos para as
costas e lombar e seis no pescoço. Portanto, nenhum ponto precisou ser retirado por não ser
ponto de alavancagem.

4. Discussões
Foi constatado uma prevalência de DORTs de 75,35%. O lombar, pescoço e costas, estão entre
as regiões com maiores frequências de dor, nos trabalhadores da área da saúde, semelhante a
revisão realizada por Lelis et al. (2012) anteriormente.
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Existem indícios que os fatores satisfação no trabalho e suporte social dos colegas contribuam
para casos de DORT, ainda que se acredite que exista alguma interdependência entre tais
fatores, dado que a ausência de uma correta relação de trabalho entre os profissionais nos
hospitais afete a moral de toda a equipe de trabalho, algo que repercute negativamente na
motivação e satisfação dos trabalhadores (ALVES; GODOY; SANTANA, 2006). Estes
achados também se assemelham ao estudo de Solidaki et al. (2010), onde ambos os fatores
psicossociais se associaram a sintomas dolorosos em profissionais de enfermagem.
Observou-se que o aumento de uma unidade na escala de satisfação reduz em 18% (OR=0,82)
a chance de DORTs no pescoço. Segundo Santos Filho e Barreto (2001) os funcionários mais
satisfeitos estariam em maior nível de adaptação no trabalho e menor de tensão muscular
localizada, e que as dores constantes trazem mais insatisfação, dificultando a adaptação ao
trabalho.
Outro fator importante, é que o aumento de uma unidade na escala de suporte dos colegas de
trabalho reduz em 16% (OR=0,84) a chance de DORTs nas Costas e Lombar. Que de acordo
com (ALVES; GODOY; SANTANA, 2006), a enfermagem é considerada como uma das
profissões com risco de desenvolver dor nas costas relacionadas com o trabalho.
Então, a falta de suporte de colegas é uma das causas frequentes de sofrimento no trabalho, os
momentos em que esses criam dificuldades, o ambiente social é prejudicado, em que cada
trabalhador age por si, enquanto muitos ocultam informações de forma prejudicial a cooperação
(DEJOURS, 2008). O estudo de Steffens et al. (2014) com fisioterapeutas e quiropráticos
australianos não encontraram relação entre suporte social e sintomas na lombar. Desse modo,
fica evidente que resultados diferentes podem ser encontrados em indivíduos inseridos em
culturas diferentes, dado que a percepção quanto aos fatores psicossociais se altera ao se
modificarem os contextos de cada tipo de trabalho.
Barbosa, Assunção e Araújo (2013) já tinham observado a relação entre o suporte social e
sintomas nos membros superiores, contudo a sintomas nas costas e lombar não foram
observados. Já este artigo deixa elementos que indicam que, além dos esforços biomecânicos
já bastante estudados em profissionais de saúde (SANTOS FILHO; BARRETO, 2001), um
correto suporte dos colegas de trabalho pode reduzir a chance de sintomas osteomusculares nas
costas e lombar. Estes achados se assemelham a aqueles encontrados por Fonseca e Fernandes
(2010), no qual a demanda psicossocial esteve associada aos distúrbios musculoesqueléticos na
região lombar, do ombro e na parte alta do dorso, mesmo após o ajuste do modelo matemático
as demandas físicas e outras covariáveis.

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O entendimento dos fatores psicossociais no ambiente laboral, permite o desenvolvimento de


estratégias para prevenir os DORTs nos trabalhadores da saúde. Acredita-se que através de
ferramentas que auxiliam a administração de conflitos e melhoria do clima organizacional, tais
riscos psicossociais possam ser minimizados.

4. Conclusão
Os resultados indicaram que os fatores psicossociais podem influenciar na redução de dores
osteomusculares em profissionais da saúde do alto sertão alagoano/baiano. A melhoria em
fatores como ‘satisfação no trabalho’ e ‘suporte social dos colegas de trabalho’ contribuem na
redução de dor no pescoço, costa e lombar.
Portanto, sugere-se que sejam traçadas novas ações estratégicas que potencializem de forma
positiva os fatores psicossociais, apoiando na redução da percepção de sintomas de dores.
Melhorar o ambiente organizacional com a finalidade de se obter uma boa inter-relação das
equipes pode contribuir para um trabalho em que os atendimentos fluam de maneira positiva,
impactando na diminuição de conflitos e exigências contraditórias entre colegas de trabalho.
Além disso, capacitações e treinamentos que demonstrem os benefícios do bom relacionamento
dos colaboradores contribuem na satisfação no trabalho.

5. Agradecimentos
Agradecemos a Pró-reitora de Extensão da Universidade Federal de Alagoas (Proex), pelo
apoio com o financiamento do projeto de extensão vinculado a este trabalho, em que foi possível
a realização da presente pesquisa. E, também, ao hospital e os postos/centros de saúde, pelo
aceite da pesquisa em campo com seus profissionais.

REFERÊNCIAS
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emergência. Revista Brasileira de Enfermagem, v.59, 2006.

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BARBOSA, R.E.; ASSUNÇÃO; A.A.; ARÁUJO, T.M. Musculoskeletal Pain Among Healthcare Workers: An
Exploratory Study on Gender Differences. American Journal of Industrial Medicine, v. 56, n. 10, p 1201-
1212, 2013.
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Santos, São Paulo, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2019.

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FELLI, V. E. A.; COGGON, D.; BONZINI, M.. Physical and psychosocial risk factors for musculoskeletal
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CAVALHEIRO, A. M; MOURA JÚNIOR, D. F.; LOPES, A. C. Estresse de Enfermeiros com Atuação em


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CHALMERS, R.P. mirt: A Multidimensional Item Response Theory Package for the R Environment. Journal of
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CHIAVEGATO FILHO, L. G.; PEREIRA JR., A. Work related osteomuscular diseases: multifactorial etiology
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