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SÍNDROMES
PARKINSONIANAS
NEUROLOGIA 1
SÍNDROME PARKINSONIANAS
SÍNDROMES
PARKINSONIANAS
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 5
2.F – Diagnóstico........................................................................................................ 14
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REFERÊNCIAS ............................................................................................... 30
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Vários fatores de proteção e de risco já são tam para o putâmem (diferente do que
tores de risco, os que mais se destacam normal, que afeta principalmente as proje-
são idade avançada e história familiar, mas ções de dopamina para o núcleo caudado).
rural e ingerir água de poço também cur- clínica, e pode explicar também outras ma-
sam com maior risco da doença. Dentro nifestações da doença, além de justificar a
dos fatores de proteção, tabagismo e his- boa resposta que esses pacientes apre-
tórico de ingestão de café são os mais bem sentam ao tratamento com drogas dopa-
documentados. minérgicas.
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maioria deles não tem o componente rota- Prejuízo dos reflexos posturais - Repre-
tório do rolar de pílulas verdadeiro. senta um prejuízo dos reflexos de manu-
tenção da postura, que causam com que o
Para avaliar o tremor, precisamos inspeci-
paciente tenha um sentimento de desequi-
onar o segmento tremulante em 3 etapas:
líbrio e tendência a cair. Deve ser notado
1) Durante o repouso, como com os braços
que isso é uma manifestação TARDIA na
repousando em cima das coxas ou em
Doença de Parkinson, e a ocorrência de
cima de uma mesa, ou durante a marcha.
quedas nos primeiros anos do curso de
2) Com os membros em uma postura man-
uma síndrome parkinsoniana devem nos
tida, como com os braços esticados para
alertar para a possibilidade de um diag-
frente ou segurados com os cotovelos do-
nóstico alternativo.
brados em 90º (em posição de sentido). 3)
Durante a ação, como ao realizar a mano- Avaliamos ela clinicamente deixando o pa-
bra dedo-nariz. O tremor da doença de ciente em pé e nos posicionando atrás
Parkinson pode estar presente em qual- dele, e assim puxamos o paciente firme-
quer um desses momentos, mas é caracte- mente pelos ombros e observamos suas
risticamente pior ao repouso. O tremor pi- respostas reflexas (Pull-test). Pacientes
ora com estressores cognitivos, como pe- com reflexos posturais normais mantêm
dir para o paciente realizar cálculos men- seu equilíbrio dando um passo para trás.
tais ou falar os meses do ano de trás para Pacientes com prejuízo dos reflexos postu-
frente. Ele pode se manifestar como um rais podem ter que dar diversos passos
tremor reemergente quando o paciente sai para trás ou até nem ativarem o reflexo de
da posição de repouso para a posição pos- passos, e caírem em bloco. Sempre garan-
tural, tendo alguns segundos de parada do tir que você está atrás do paciente para
tremor, seguida de retomada dele com as evitar lesões.
mesmas características.
A perda dos reflexos posturais é uma
Como o tremor da Doença de Parkinson di- causa importante de incapacidade, e resul-
minui com ações propositais, ele usual- tam em lesões por quedas repetitivas, pro-
mente é a manifestação cardinal que me- gredindo até deixar os pacientes restritos
nos incapacita os pacientes, mas quando à cadeira de rodas. Dentre as manifesta-
ele é severo pode gerar dificuldades na es- ções motoras principais da doença, a ins-
crita e em outras atividades manuais. tabilidade postural é a que menos res-
ponde às terapias dopaminérgicas.
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2.F.1 - Passo 1 - Primeiro, devemos fazer doença, mas não são isoladamente crité-
o diagnóstico de uma síndrome parkinso- rios de exclusão. A presença de 3 deles ex-
niana. Para isso, precisamos de evidência clui a possibilidade de Doença de Parkin-
clínica de bradicinesia (critério obrigatório) son.
associado a rigidez ou tremor de repouso.
Podem ser: quedas recorrentes se inici-
Note que instabilidade postural tende a ser
ando dentro de 3 anos de doença; ausên-
uma característica tardia na Doença de
cia de progressão dos sinais motores; dis-
Parkinson, e se presente precocemente in-
fagia precoce; disfunção respiratória inspi-
clusive fala a favor de um diagnóstico al-
ratória, com estridor noturno; ausência de
ternativo, então não entra nos critérios di-
características não motoras da doença
agnósticos.
após 5 anos de início do quadro (hiposmia,
2.F.2 - Passo 2 – Agora, precisamos pro- constipação, distúrbio do sono REM); si-
curar fatores que irão nos ajudar a deter- nais piramidais não explicados por outra
minar ou excluir que a causa da síndrome condição (ex AVE prévio); parkinsonismo
parkinsoniana é Doença de Parkinson. bilateral e simétrico.
Para isso usamos critérios de suporte, red
• Critérios de Exclusão – São sinais que
flags e critérios de exclusão.
eliminam a possibilidade de se tratar de
• Critérios de suporte – São característi- Doença de Parkinson.
cas que aumentam a confiança de que o
Podem ser: sinais cerebelares; Lentificação
diagnóstico é Doença de Parkinson.
e limitação das sacadas (movimentos ocu-
Podem ser: Resposta boa e sustentada a lares rápidos) para baixo (lentificação e li-
terapia dopaminérgica; Flutuações moto- mitação das sacadas para cima pode ocor-
ras ou discinesias como efeito adverso da rer com a idade avançada e deve ser avali-
terapia dopaminérgica; Tremor de repouso ada cuidadosamente); diagnóstico de de-
de um membro; Presença de disfunção ol- mência do tipo frontotemporal dentro de 5
fativa (hiposmia); evidencia de desenerva- anos do início do quadro; sinais parkinso-
ção simpática cardíaca na cintilografia com nianos restritos aos membros inferiores
Metaiodobenzilguanidina (MIBG); Hipere- por mais de 3 anos; uso recente de bloque-
cogenicidade da substancia negra no Ul- adores dopaminérgicos; ausência de res-
trassom Transcraniano. posta a doses altas de Levodopa; perda
sensitiva cortical, apraxia ideomotora ou
• Sinais de Alarme (Red Flags) – São si-
afasia progressiva; neuroimagem funcional
nais de que pode ser potencialmente outra
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nicamente provável quando temos parkin- tural da doença (que ainda serão desenvol-
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do paciente e das drogas disponíveis. Te- progredir para seu uso, independente de
mos disponíveis 4 principais: Inibidores da qual medicamento iniciaram tomando. Um
Monominoxidase tipo B (iMAO B), Aman- detalhe importante é que muitos pacientes
tadina, Agonistas dopaminérgicos e Le- irão pedir para adiar o início de tratamento
vodopa. com ela, sob a falsa crença de que começar
precocemente a droga se associa ao de-
As iMAOB (Selegilina e Rasagilina) são in-
senvolvimento de flutuações motoras mais
dicados para pacientes de qualquer idade
precocemente também. Isso não é pro-
com sintomas brandos, pois tem um bene-
vado, e a resposta a Levodopa não é finita
fício pequeno, mas tendem a ser bem tole-
nem dose dependente. Além disso há cada
radas e possuir posologia cômoda.
vez mais evidencias mostrando que a es-
Amantadina também possui efeitos mo- colha de tratamento inicial para a doença
destos sobre os sintomas e tende a ser tenha pouco impacto a longo prazo nas
bem tolerada. Ela parece ser especial- flutuações ou discinesias, então atrasar o
mente efetiva nos pacientes que têm tre- início da Levodopa priva de forma desne-
tra uma boa opção para tratamento das aonde o potencial de melhora funcional
A Levodopa é o agente mais efetivo, e to- marcados por resposta positiva ao remé-
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distúrbio do movimento pode ser visto na infantil, mas tende a estar presente com o
Doença de Wilson (o que a torna um diag- tempo nos pacientes com inicio adulto
nostico diferencial importante de qualquer também. As formas de dano hepático são
paciente jovem com movimentos anor- numerosas, podendo levar desde hepato-
mais), sendo a mais comum uma síndrome megalia assintomática até hepatite aguda
parkinsoniana. A síndrome parkinsoniana auto limitada ou fulminante, hepatite crô-
tende a ser simétrica, e pode ser acompa- nica, cirrose hepática e hipertensão portal.
nhada de distonias, tremores (um tremor
Outras manifestações possíveis notáveis
postural em bater de asas é característico),
são – anemia hemolítica, cataratas (as ve-
ataxia, e até coreia numa minoria. Disto-
zes em formato de girassol), síndromes tu-
nias afetando a região facial podem dar
bulares renais, cálculos renais.
origem ao riso sardônico, considerado tí-
pico da doença. O diagnóstico da Doença de Wilson nunca
deve ser perdido! Pois ela representa uma
Essencialmente todos os pacientes que
causa de distúrbios do movimento em jo-
possuem manifestações neurológicas
vens tratável. Então, é um diagnóstico que
apresentam áreas de pigmentação de co-
merece ser investigado em qualquer pes-
bre na membrana de Descemet, em for-
soa com menos de 50 anos que apresente
mato de halo, que são mais bem visualiza-
movimentos involuntários. O diagnostico
dos quando exame é feito com lâmpada de
começa com testes sorológicos (cerulo-
fenda. Esses halos pigmentados recebem
plasmina e cobre séricos), um exame de
o nome de anéis de Kayser-Fleischer.
lâmpada de fenda à procura de anéis de
Se não tratado, o paciente evolui com di- Kayser-Fleischer e dosagem de cobre uri-
sartria e disfagia intensas (podendo ser nário de 24 horas (melhor). Com esses da-
necessária alimentação através de gas- dos, o diagnóstico pode ser realizado em
trostomia), além de incapacidade de de- locais aonde a testagem molecular gené-
ambulação. tica não está disponível, as vezes necessi-
tando da complementação de uma biopsia
Podem também apresentar diversos qua-
hepática. Aonde houver teste genético, a
dros psiquiátricos, como distúrbios do hu-
procura de mutações do gene ATP7B
mor, síndromes ansiosas ou labilidade
pode ser realizada.
emocional.
Quando não tratada, a doença é universal-
A doença hepática é a forma mais comum
mente fatal. Por isso, tratamento vitalício
de apresentação dos quadros de inicio
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com objetivo de tratar o excesso de cobre ser vistos. O achado do sinal do ‘’olho de
é necessário. O tratamento foca em fases tigre’’ na RM é particularmente sugestivo
da doença. Geralmente leva a morte no ini-
- remover ou detoxicar o tecido que já tem
cio da vida adulta.
acumulo de cobre – realizado através do
uso de quelantes potentes, sendo o princi- Outras causas de NBIA são a Distrofia
pal a D-Penicilamina ou Trietina. Neuroaxonal Infantil (que cursa com envol-
vimento predominante do sistema nervoso
- prevenir reacumulação – feito primaria-
periférico), a Distrofia Neuroaxonal Juvenil
mente usando sais de zinco.
(que leva a uma epilepsia mioclonica pro-
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O quadro mais distintivo associado ao Existem diversas drogas que podem levar,
dano vascular parece ser o de parkinso- como efeito adverso, ao desenvolvimento
nismo da metade inferior do corpo (lower de síndromes parkinsonianas. Normal-
half parkinsonism), caracteristicamente mente o mecanismo comum por trás de to-
associada com a doença de Biswanger. das as drogas que têm potencial de causar
Esses pacientes apresentam marcha de parkinsonismo é um de bloqueio, depleção
pequenos passos, com pés colados ao ou diminuição da disponibilidade da Dopa-
chão (fenômeno dos pés magnéticos), po- mina no sistema nervoso central. As mais
rém sem hipomimia facial, sem postura fle- classicamente descritas são as drogas
tida de tronco e com balançar dos braços Neurolépticas e a Flunarizina.
preservado. Se acredita que a anormali-
É uma condição comum, e se estima que
dade da marcha possa ser resultado de
cerca de 20% dos diagnósticos inicial-
dano a substancia branca periventricular –
mente dados como Doença de Parkinson
ali há fibras talamocorticais vindas dos nú-
sejam na verdade Parkinsonismo induzido
cleos da base para a área suplementar mo-
por drogas.
tora que se direcionam para a perna (elas
ficam em localização semelhante as fibras Clinicamente, o parkinsonismo induzido
que passam do córtex motor para o cere- por drogas pode mimetizar todas as carac-
belo). terísticas cardinais da Doença de Parkin-
son clássica, com bradicinesia, rigidez, tre-
A RM nesses casos será categórica mos-
mor e instabilidade postural que podem
trando alterações vasculares suficiente-
ser inclusive assimétricos em 40% dos ca-
mente importantes para justificar o qua-
sos. Entretanto, há varias características
dro. Lembrar que a correlação das áreas de
do parkinsonismo induzido por drogas que
infarto com desenvolvimento de parkinso-
não ocorrem na Doença de Parkinson,
nismo ainda não é bem estabelecida, e já
como a presença de discinesias tardias ou
foi relatada com isquemias frontais, de nú-
crises oculogíricas coexistentes. A pre-
cleos da base e de mesencéfalo.
sença de síndrome do coelho, uma forma
Eles não respondem bem ao uso da Le- de tremor dos lábios e mandíbula, sugere
vodopa, e o tratamento se foca em contro- que o quadro seja secundário ao uso de
lar os fatores de risco cardiovasculares. drogas.
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tríade clássica de distúrbio de marcha, in- 3.B.6 - Calcificação dos Núcleos da Base
continência urinaria e síndrome demencial
Calcificações patológicas dos núcleos da
(embora a maioria dos pacientes não apre-
base são coletivamente chamadas por al-
sentem os 3 elementos e essa combinação
gumas referências como Síndrome de
de achados seja relativamente pouco es-
Fahr. Elas podem ser resultado de diversas
pecífica).
condições, e cursar com sintomas neuroló-
O distúrbio de marcha que deve nos fazer gicos e psiquiátricos.
pensar em hidrocefalia de pressão de nor-
Devemos lembrar que calcificações isola-
mal é um distúrbio de difícil descrição, mas
das de globos pálidos em pacientes >50
que é relatado como uma marcha magné-
anos são achados normais em exames de
tica, com pés colados ao chão, marcha
Tomografia de rotina. Mas encontrar calci-
apráxica ou marcha frontal. Independente
ficações de núcleos denteados do cerebelo
dos termos utilizados, esses pacientes ten-
ou calcificações na substância branca ce-
dem a andar lentamente, com passos pe-
rebral tendem a ser associados a condi-
quenos e uma base alargada, com dificul-
ções patológicas subjacentes.
dade de virar e com instabilidade postural.
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REFERÊNCIAS
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