Você está na página 1de 11

Diagnóstico da Doença de Parkinson

Dr Diego de Castro
31/07/2020

O diagnóstico da Doença de Parkinson é realizado pela história clínica, exame neurológico


e auxiliado por alguns exames de imagem. Baseado na Michael J Fox Foundation, o
diagnóstico da Doença de Parkinson deve ser realizado o mais precoce possível, pois assim
obtemos um tratamento efetivo já nas fases iniciais da doença.

Além disso, sabemos do impacto emocional e quão estressante para a família e pacientes
pode ser receber um diagnóstico de Parkinson. Por esse motivo, pesquisar a respeito da
condição e entendê-la é fundamental para sanar possíveis dúvidas sobre o diagnóstico da
doença.

Neste artigo, Dr Diego de Castro Neurologista pela USP, especialista em Doença de


Parkinson e outros transtornos do movimento, explica como é realizado o diagnóstico da
Doença de Parkinson e as implicações para pacientes e familiares.

Diagnóstico da Doença de Parkinson

Não há dois pacientes com Parkinson iguais. Cada um deles tem um caminho e sintomas
que diferem em intensidade e tempo de início. Por isso, é comum que os pacientes
apresentem o diagnóstico da doença de Parkinson em tempos muitos diferentes.

Primeiramente, de acordo com a Mayo Clinic, para o diagnóstico da doença de Parkinson o


médico neurologista utiliza o exame neurológico para avaliar a presença dos seguintes
sintomas:

1. Tremor que predomina ao ficar parado (tremor de repouso)


2. Lentidão dos movimentos (Bradicinesia)
3. Rigidez

Esses sintomas se iniciam e predominam mais de um lado do corpo (assimetria).


Embora o tremor seja o sintoma que mais assuste os pacientes, o sintoma mais
importante para o diagnóstico do Parkinson é a lentidão dos movimentos (saiba mais em
nosso artigo: Como é o Tremor na Doença de Parkinson).

Também no exame neurológico, o médico avalia a presença de outros sinais que não
fazem parte da doença. Esses sinais são importantes pois indicam a presença de outras
doenças neurológicas que podem se assemelhar com a condição.

Além disso, cerca de 80% dos pacientes apresentam outros sintomas que também
contribuem para o diagnóstico do Parkinson. Esses sintomas são denominados sintomas
não motores e incluem:

 Constipação ("intestino preso")


 Hisposmia (diminuição do olfato)
 Distúrbio do Sono do tipo Sono agitado com "sonhos vívidos"
 Sintomas urinários, sexuais e cardiovasculares

Exames para Diagnóstico da Doença de Parkinson

Uma dúvida frequente dos pacientes é se é possível diagnosticar o Parkinson quando


todos "os exames deram normais". Sem dúvida, acima de qualquer exame complementar, a
base para o diagnóstico é o exame neurológico realizado por um médico de confiança.

Exames laboratoriais (sangue), tomografia e a ressonância magnética convencional são em


sua totalidade normais na Doença de Parkinson. Esses exames são solicitados para afastar
outras condições confundidores (por exemplo, Paralisia Supranuclear Progressiva e outros
parkinsonismos).

No entanto, conforme pesquisa da revista JAMA Neurology, há cerca de 05 anos surgiram


alguns exames que tem auxiliado no diagnóstico de Parkinson. Esses exames são
solicitados quando há dúvida no diagnóstico.

Assim, os exames que auxiliam no diagnóstico do Parkinson são:


 SPECT TRODAT ou DaT-SCAN
 RM 3Tesla com avaliação do nigrossomo neuromelanina
 Doppler transcrniano com avaliação da substância negra
 Cintilografia miocárdica com MIBG

SPECT TRODAT ou DaT-SCAN

O Parkinson é causado pela perda dos neurônios que produzem uma substância
denominada dopamina. O SPECT TRODAT ou DaT-SCAN é um exame que documenta a
diminuição da dopamina e pode ajudar no diagnóstico da doença de Parkinson.

Seguindo as recomendações do The John Hopkins Hospital, o exame se assemelha a uma


tomografia. Um material radioativo é injetado e aponta se há disfunção dos neurônios que
captam a dopamina.

No entanto, o exame não é definitivo para o diagnóstico. As características clínicas do


paciente sempre devem ser levadas em consideração.

RM 3T com Avaliação do Nigrossomo e da Neuromelanina

A principal região do cérebro afetada pela doença de Parkinson é denominada substância


negra. Essa região produz a dopamina. A substância negra pode ser avaliada
profundamente por uma técnica especial de RM denominada RM 3T com avaliação do
nigrossomo e da neuromelanina.

Segundo pesquisa publicada no British Institute of Radiology, esse exame estuda a forma da
substância negra e pode apontar perda de seus neurônios.

Essa técnica de exame está disponível nos principais centros do Brasil para auxiliar no
diagnóstico de casos duvidosos da doença

Doppler Transcraniano com Avaliação da Substância Negra

Além da RM com avaliação do nigrossomo, a substância negra pode ser estudada na


Doença de Parkinson pelo Doppler transcraniano.

O Doppler transcraniano é um exame do tipo ultrassom realizado na cabeça. O exame é


util para apontar alterações da substância negra.

Quando realizado por profissional habilitado esse exame é capaz de confirmar a doença
de Parkinson em quase 86% dos casos.

Cintilografia Miocárdica com MIBG

Segundo pesquisa da Universidade Federal Fluminense, quase a totalidade dos pacientes


com Doença de Parkinson apresentam alterações na cintilografia cardíaca com MIBG.
Mesmo que os pacientes não apresentem nenhum sintoma cardíaco, a cintilografia é capaz
de demonstrar essa alteração silenciosa que pode ajudar no diagnóstico do Parkinson.

Recebendo o Diagnóstico de Doença de Parkinson

Segundo o NHS, ao receber o diagnóstico de Parkinson os pacientes podem sofrer um


grande estresse emocional e ter muita dificuldade em lidar com essa informação.

Vá no seu tempo, mas aceitar o diagnóstico é um passo muito importante para enfrentar a
condição.

Lembre-se que sua família e uma equipe multiprofissional está apta a te ajudar da melhor
maneira possível.

Você pode buscar também pelas associações de pacientes e lembre-se sempre em utilizar
a internet para se encorajar e fazer realmente coisas úteis por você. Evite focar em
histórias negativas ou em qualquer limitação.

Dr Diego de Castro Neurologista - Diagnóstico da Doença de Parkinson

Como neurologista pela USP especialista em Distúrbios do Movimento, Dr Diego de Castro


se dedica ao diagnóstico de Doença de Parkinson e outras condições neurológicas.

Estamos aqui para apoiar você e sua família caso necessário. Disponibilizamos conteúdo
em Doença de Parkinson (DP) nos artigos abaixo. Leia mais para entender melhor a DP:

 Causas da DP
 Tratamento da DP
 Dieta para DP
 Depressão na DP
 Exercícios físicos na DP
 Cirurgia para DP
A doença de Parkinson (DP) é uma doença degenerativa crónica do sistema nervoso central que
afeta principalmente a coordenação motora.[1] Os sintomas vão-se manifestando de forma lenta e
gradual ao longo do tempo.[1] Na fase inicial da doença, os sintomas mais óbvios
são tremores, rigidez, lentidão de movimentos e dificuldade em caminhar.[1] Podem também ocorrer
problemas de raciocínio e comportamentais.[2] Nos estádios avançados da doença é comum a
presença de demência.[2] Cerca de 30% das pessoas manifestam depressão e ansiedade.[2] Entre
outros possíveis sintomas estão problemas sensoriais, emocionais e perturbações do sono.[1][2] O
conjunto dos principais sintomas a nível motor denominam-se "Parkinsonismo", ou "síndrome de
Parkinson".[4][8]
Embora se desconheça a causa exata da doença, acredita-se que envolva tanto fatores genéticos
como fatores ambientais.[4] As pessoas com antecedentes familiares da doença apresentam um
risco superior de vir a desenvolver Parkinson.[4] Existe também um risco superior em pessoas
expostas a determinados pesticidas e entre pessoas com antecedentes de lesões na cabeça. Por
outro lado, o risco é menor entre fumadores e consumidores de café e chá.[4][9] Os sintomas da
doença a nível motor resultam da morte de células na substância negra, uma região
do mesencéfalo.[1] A morte leva a uma diminuição da produção de dopamina nessas regiões.[1] As
causas desta morte celular ainda são mal compreendidas, mas envolvem a acumulação
de proteínas nos corpos de Lewy nos neurónios.[4] O diagnostico de um caso comum é baseado nos
sintomas, podendo ser acompanhado de exames neuroimagiológicos para descartar outras
possíveis doenças.[1]
Não existe cura para a doença de Parkinson. O tratamento destina-se a melhorar os sintomas.[1][10] O
tratamento inicial consiste geralmente na administração do medicamento antiparkinsónico levodopa,
podendo ser usados agonistas da dopamina assim que a levodopa se torna menos eficaz.[2] À
medida que a doença avança e continuam a morrer neurónios, estes medicamentos vão perdendo a
eficácia, ao mesmo tempo que produzem efeitos adversos caracterizados por movimentos
involuntários.[2] A dieta e algumas formas de reabilitação têm demonstrado alguma eficácia na
melhoria dos sintomas.[11][12] Em alguns casos graves em que os medicamentos deixaram de ser
eficazes tem sido usada neurocirurgia para colocar micro-elétrodos de estimulação cerebral
profunda, diminuindo os sintomas em nível motor.[1] As evidências para os tratamentos de sintomas
não motores, como as perturbações de sono ou problemas emocionais, são menos robustas.[4]
Em 2015, a doença de Parkinson afetava cerca de 6,2 milhões de pessoas, tendo sido a causa de
117 000 mortes em todo o mundo.[6][7] A doença de Parkinson geralmente ocorre em pessoas com
idade superior a 60 anos, das quais cerca de 1% é afetada. [1][3] A doença é mais comum entre
homens do que em mulheres.[4] Quando aparece em pessoas com menos de 50 anos, denomina-se
"Parkinson precoce" ou "juvenil".[13] A esperança média de vida a seguir ao diagnóstico é de 7 a 14
anos.[2] A doença é assim denominada em homenagem ao médico britânico James Parkinson, que
publicou a primeira descrição detalhada da doença em 1817 na obra An Essay on the Shaking
Palsy.[14][15] Entre as campanhas de consciencialização estão o Dia Mundial da Doença de Parkinson,
realizado a 11 de abril, na data de aniversário de James Parkinson, e a utilização de
uma tulipa vermelha como símbolo da doença.[16]

Sinais e sintomas
A Doença de Parkinson é caracterizada clinicamente pela combinação de três sinais clássicos:
tremor de repouso, bradicinesia e rigidez. Além disso, o paciente pode apresentar
também: acinesia, micrografia, expressões como máscara, instabilidade postural, alterações na
marcha e postura encurvada para a frente. O sintoma mais importante a ser observado é
a bradicinesia.[17] Além das alterações motoras, atualmente, a Doença de Parkinson também é
caracterizada por alterações não-motoras, como a hipotensão ortostática e a disfunção baroreflexa.
[18]

Os sintomas normalmente começam nas extremidades superiores e são normalmente unilaterais


devido à assimetria da degeneração inicial no cérebro.
A clínica é dominada pelos tremores musculares. Estes iniciam-se geralmente em uma mão, depois
na perna do mesmo lado e depois nos outros membros. Tende a ser mais forte em membros em
descanso, como ao segurar objetos, e durante períodos estressantes e é menos notável em
movimentos mais amplos. Há na maioria dos casos mas nem sempre outros sintomas como rigidez
dos músculos, lentidão de movimentos, e instabilidade postural (dificuldade em manter-se em pé).
Há dificuldade em iniciar e parar a marcha e as mudanças de direção são custosas com numerosos
pequenos passos.
O doente apresenta uma expressão fechada pouco expressiva e uma voz monotônica, devido ao
deficiente controle sobre os músculos da face e laringe. A sua escrita tende a ter em pequeno
tamanho (micrografia). Outros sintomas incluem deterioração da fluência da fala
(gagueira), depressão e ansiedade, dificuldades de aprendizagem, insônias, perda do sentido
do olfato.
Cognitivos
Por outro lado, os sintomas cognitivos, embora comumente presentes na DP, continuam a ser
negligenciados no seu diagnóstico e tratamento.[19] Existem evidências de distúrbios nos domínios
emocional, cognitivo e psicossocial,[20] destacando-se: depressão,[21] ansiedade;[22] prejuízos
cognitivos[23] e olfativos;[24] e, em particular, a demência na DP.[25]

Mal funcionamento gastrointestinal


A α-sinucleína agregada em pacientes com DP mostra um acúmulo patológico no cérebro e
também em quase toda a extensão do trato digestivo. A prisão de ventre é um dos sintomas que
demonstrou aumentar o risco de desenvolver DP, no entanto, a vagotomia troncular mostra a
diminuição do risco de desenvolver DP, com base em estudos observacionais.[26]
Um possível gatilho para iniciar a DP pode ser a exposição frequente da mucosa intestinal a toxinas
ambientais, metabólitos microbianos tóxicos que criam altas dificuldades para a barreira epitelial e
causam problemas gastrointestinais (GI).[26]
Problemas gastrointestinais, como prisão de ventre, esvaziamento estomacal prejudicado
(dismotilidade gástrica), produção excessiva de saliva podem ser graves o suficiente para causar
desconforto e até colocar em risco a saúde.[27] A inflamação no intestino é muito comum em
pacientes com DP e contribui para o processo neurodegenerativo, a expressão de níveis
aumentados de citocinas pró-inflamatórias pode ser observada nas biópsias colônicas de pacientes
com DP.[28] Estes são sintomas mostrados na manifestação precoce da patologia da α-sinucleína.
Considerando que o intestino desempenha um papel importante no processo inflamatório no
organismo, é importante considerar que fatores ambientais podem contribuir para a patogênese
e/ou gravidade da Doença de Parkinson.
Um importante fator ambiental que deve ser considerado quando se fala de problemas
gastrointestinais em pacientes com DP é a dieta. Como foi dito anteriormente o consumo de certos
tipos de bebidas e alimentos pode estar ligado a um risco maior ou menor de desenvolver DP, neste
caso é fundamental mencionar o papel do glúten no nosso sistema imunológico. O glúten é
responsável pela modificação no microbioma intestinal e também pode afetar a permeabilidade
intestinal.[29]
Quando se fala em glúten está automaticamente ligado a certas doenças como dermatite
herpetiforme (DH), doença celíaca (DC), sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC) ou alergia a
grãos/o que. No entanto, foram demonstrados benefícios de uma dieta sem glúten também para
pessoas com doenças autoimunes que não são celíacas, porque o glúten está relacionado ao
aumento da permeabilidade intestinal e à modificação da microbiota intestinal.[29]
Ultimamente, tem sido aceito o papel do aumento da permeabilidade intestinal e das modificações
na microbiota intestinal como um fator importante para distúrbios neuropsiquiátricos, incluindo a DP,
devido à alteração de muitas vias relevantes para a DP. O consumo de glúten também aumenta o
estresse oxidativo, levando a um ambiente citotóxico e pró-inflamatório no corpo. A ingestão diária
de glúten também pode aumentar a apoptose e diminuir a viabilidade e diferenciação celular.[30]
Um intestino saudável terá micróbios capazes de produzir e ser fonte de ácidos graxos de cadeia
curta (AGCCs), desempenhando um papel importante, pois essas moléculas se comportam como
antioxidantes e também possuem propriedades anti-inflamatórias. [58]Basicamente, o
comprometimento GI é esperado, pois há uma forte conexão entre o estado do ambiente intestinal
(permeabilidade, microbiota, etc.) eixo. Porque a produção de moléculas sinalizadoras (hormônios e
neurotransmissores como o GABA) que interagem com o sistema nervoso do hospedeiro tem
origem no intestino, pois a microbiota é a responsável direta por isso.[31]
Outros tipos de comprometimento gastrointestinal em pacientes com DP são, por exemplo: [26]
Sintomas gastrointestinais superiores: disfagia, disfunção orofaríngea, supercrescimento bacteriano
do intestino delgado (SIBO), inchaço
Sintomas gastrointestinais inferiores: prisão de ventre, descarga de pus do reto, diarreia.

Estágios
A evolução da doença de Parkinson se apresenta em diferentes intensidades para cada paciente,
mas segue alguns padrões de progressão que permite avaliar seus principais estádios. A Escala de
Hoehn e Lahr, que se baseia principalmente nos sintomas motores da doença, uniformiza o exame
neurológico com critérios objetivos e divide a evolução dos sintomas em cinco estádios do
Parkinson.[32] Para classificar os sintomas cognitivos é utilizada a Escala Unificada de Avaliação da
Doença de Parkinson (Unified Parkinson's Disease Rating Scale) [2].[33]

Causas
A doença de Parkinson é idiopática, ou seja é uma doença primária de causa obscura.
Há degeneração e morte celular dos neurônios produtores de dopamina. É portanto uma doença
degenerativa do sistema nervoso central, com início geralmente após os 50 anos de idade. É uma
das doenças neurológicas mais frequentes visto que sua prevalência situa-se entre 80 e 160 casos
por cem mil habitantes, acometendo, aproximadamente, 1% dos indivíduos acima de 65 anos de
idade.
É possível que a doença de Parkinson esteja ligada a defeitos sutis nas enzimas envolvidas na
degradação das proteínas alfanucleína e/ou parkina (no Parkinsonismo genético o defeito é no
próprio gene da alfa-sinucleína ou parkina e é mais grave). Esses defeitos levariam à acumulação
de inclusões dessas proteínas ao longo da vida (sob a forma dos corpos de Lewy visiveis
ao microscópico), e traduziriam-se na morte dos neurónios que expressam essas proteínas (apenas
os dopaminérgicos) ou na sua disfunção durante a velhice. O parkinsonismo caracteriza-se,
portanto, pela disfunção ou morte dos neurónios produtores da dopamina no sistema nervoso
central. O local primordial de degeneração celular no parkinsonismo é a substância negra, presente
na base do mesencéfalo.
Embora seja mais comum em idosos, a doença também pode aparecer em jovens. Um britânico de
23 anos já foi diagnosticado com Parkinson e seus sintomas iniciaram com um pequeno tremor na
mão aos 19 anos de idade.[34]
O Mal de Parkinson é uma doença que ocorre quando certos neurônios morrem ou perdem a
capacidade. O indivíduo portador de Parkinson pode apresentar tremores, rigidez dos músculos,
dificuldade de caminhar, dificuldade de se equilibrar e de engolir. Como esses neurônios morrem
lentamente, esses sintomas são progressivos no decorrer de anos.
A Doença de Parkinson, uma enfermidade associada a uma degeneração na substância negra do
cérebro, pode ter sua origem em no intestino. Há mais de uma década, um professor de
neuroanatomia chamado Heiko Braak da Wolfgang Goethe-University, sugeriu que a doença pode
começar no intestino e então se alastrar para o cérebro. A ideia tem gerado um intenso debate, mas
agora pesquisadores da Universidade de Lund na Suécia afirmam ter visto as primeiras provas
concretas de que a doença é capaz de migrar do intestino para o cérebro. Na doença de Parkinson
uma boa parte dos pacientes se queixam de problemas gastrointestinais e nesses pacientes os
sintomas associados com o olfato e digestão muitas vezes ocorrem precocemente. Isto sugere que
a ”hipótese Braak”, que considera que o processo que leva à doença de Parkinson começa no trato
digestivo e na área do cérebro responsável pelo processo olfativo.[35][36]
No Brasil apenas 10% dos pacientes com parkinson desenvolvem demência enquanto em outros
países os números variam entre 20 e 40%.[37]
Agrotóxicos
São crescentes as indicações de correlação entre o uso de agrotóxicos e o aumento no risco de
desenvolvimento da doença da Parkinson. Nos Estados Unidos a doença de Parkinson é mais
comum entre homens do meio rural do que em outros grupos demográficos, o que pode ser
explicado pela maior possibilidade de exposição aos agrotóxicos. Estudo realizado por
pesquisadores do University of Texas Southwestern Medical Center[38] e publicado pela
revista Archives of Neurology, sugere que pessoas com doença de Parkinson possuem níveis mais
elevados do inseticida ß-hexaclorociclohexano (ß-HCH) no sangue do que as pessoas saudáveis. O
inseticida foi encontrado em 76% das pessoas com Parkinson (contra m 40% das pessoas
saudáveis do grupo de controle e 30% das pessoas com doença de Alzheimer).
Os pesquisadores testaram o sangue dos participantes para 15
conhecidos agrotóxicos organoclorados. Estes agrotóxicos, dentre os quais o
conhecido DDT (Dicloro-Difenil-Tricloroetano), foram amplamente utilizados nos EUA desde
a década de 1950 até os anos 1970 e persistem no ambiente durante anos. No organismo, essas
substâncias se dissolvem em gorduras, podendo causar danos no sistema nervoso. Embora o
estudo aponte para uma relação direta entre o inseticida HCH (hexaclorociclohexano) e a doença
de Parkinson, os pesquisadores acreditam que outros pesticidas e contaminantes ambientais
podem estar entre as causas do desenvolvimento da doença.
Outra pesquisa recente (Nitratos podem ser acionadores ambientais de Alzheimer, diabetes e
doença de Parkinson) sugere uma associação entre os nitratos presentes em nosso meio ambiente
e o aumento das mortes por doenças insulino-resistentes, incluindo doença de Alzheimer,
a diabetes mellitus, a doença de Parkinson e a esteatose hepática não-alcoólica.[39]

Diagnóstico
Cintilografia com SPECT/CT utilizando trodat-1
O diagnóstico é feito principalmente pela clínica e testes
musculares e de reflexos. Normalmente não há alterações
nas Tomografia
computadorizada cerebral, eletroencefalograma ou na
composição do líquido cefalorraquidiano, mas podem ser feitos para descartar outras causas.
Técnicas da medicina nuclear como SPECTs e PETs podem ser úteis para avaliar o metabolismo
dos neurónios dos núcleos basais. Se pode testar a resposta ao tratamento
com carbidopa e levodopa, uma melhora significativa confirma o diagnóstico.[40]

Tratamento[41]
Tratamento da doença de Parkinson

Psicológico
Cerca de 90% das pessoas com Parkinson sofrem também com algum outro transtorno psiquiátrico
em algum momento.[42] Dependendo do caso esses transtornos podem tanto ter colaborado para o
desenvolvimento quanto serem consequência da doença ou mesmo não terem relação direta, essas
três possibilidades tem embasamento científico. Mas independente de serem causa, consequência
ou coincidentes, os distúrbios cognitivos, transtornos de humor e transtornos de
ansiedade frequentes causam grandes prejuízos na qualidade de vida dos pacientes e seus
familiares.[43] O transtorno mais comum foi a depressão nervosa, identificada em 32% dos casos, e
responsável por agravar os problemas motores, de sono, alimentares e de dores.[44]
Diversos medicamentos psiquiátricos, inclusive o antidepressivo mais usado (fluoxetina), podem
agravar os sintomas do Parkinson,[45] ressaltam a importância do acompanhamento feito por
psicólogos para melhorar a qualidade de vida do paciente e especialmente de seus cuidadores.
Várias grandes cidades possuem serviços de saúde voltados para o idoso e que incluem serviços
de apoio psicológico ao portador de parkinson e seus cuidadores como a Associação Brasil
Parkinson:[3], a ABRAZ:[4] e a Associação Portuguesa de Doentes de Parkinson [5].
Como antidepressivos podem piorar a funcionalidade do paciente uma opção é a estimulação
magnética transcraniana (EMT) porém ela é cara e de difícil acesso. Uma opção semelhante e mais
acessível é a eletroconvulsoterapia.[46]

Fisioterapêutico
Fotografia de 1892 de um paciente com Parkinson
O tratamento fisioterapêutico atua em todas as fases do
Parkinson, para melhorar as forças musculares, coordenação
motora e equilíbrio.
O paciente com Parkinson, geralmente está sujeito a infecções
respiratórias, que ocorrem mais com os pacientes acamados.
Nestes casos a fisioterapia atua na manutenção da higiene
brônquica, estímulo a tosse, exercícios respiratórios
reexpansivos. Em casos mais graves, em que há
comprometimento da musculatura respiratória, é indicado o
tratamento com aparelhos de ventilação mecânica e
respiradores mecânicos não invasivos, visando a otimização
da ventilação pulmonar, com consequente melhora do
desconforto respiratório.
Evidências clínicas dos efeitos do exercício físico ou
reabilitação para indivíduos com DP são geralmente
associadas às intervenções com probabilidade de exercer
impacto sobre escalas clínicas – estadiamento de Hoehn e
Yahr, UPDRS (Unified Parkinson's Disease Rating Scale) – ou
limitações funcionais – marcha, subir/descer escadas, levantar da cama/cadeira, prevenção de
quedas (CRIZZLE e NEWHOUSE, 2006). O treinamento de resistência muscular localizada e
equilíbrio aumentaram a força muscular, a postura e a orientação espacial de pacientes com DP
(HIRSCH et al., 2003). O treinamento em esteira ergométrica (MIYAI et al, 2002), a fisioterapia
(NIEWBOER et al., 2001) e esportes adaptados (KURODA et al., 1992) diminuíram a gravidade da
doença pela escala UPDRS. Pacientes com DP que praticam exercícios apresentaram menores
índices de mortalidade do que os sedentários (REUTER et al., 1997).

Nutricional
Conforme referido anteriormente, a doença de Parkinson é caracterizada por degeneração de
neurônios pigmentados da substância negra, localizados nos gânglios da base cerebral, e os
sintomas resultantes refletem a depleção do neurotransmissor dopamina. Se o processo é
desencadeado por algo no meio ambiente, por uma falha genética ou pela combinação de ambos
não está claro, embora um defeito no cromossomo 4 tenha sido recentemente apontado como uma
causa em alguns casos.
De evolução lenta e quase sempre progressiva, a doença de Parkinson apresenta, nos indivíduos,
sintomas clínicos que incluem tremor, rigidez, acinesia, lentidão de movimentos (bradicinesia) e
alteração da postura. Sintomas não motores podem aparecer também. Estes incluem sudorese
excessiva ou outros distúrbios do sistema nervoso involuntário e problemas psíquicos como
depressão e, em estágios mais avançados, demência. Segundo COHEN (1994), 15 a 25% dos
idosos, em geral, que apresentam depressão, desenvolvem sintomas psiquiátricos que podem
comprometer o estado nutricional.
A acinesia e os distúrbios correlatos, já mencionados, interferem decisivamente nos atos motores
básicos como a marcha, a fala e nas atividades que requerem a conjugação de atos motores como
o vestir-se, a higiene corporal e a alimentação. À medida que a doença evolui, o paciente vai se
tornando mais lento e mais enrijecido. A rigidez das extremidades e o controle da posição da
cabeça e do tronco podem interferir com a capacidade do paciente de cuidar de si mesmo, inclusive
quanto à alimentação. O ato de se alimentar torna-se mais lento e os movimentos simultâneos, tais
como, aqueles necessários para manusear os talheres, mostram-se difíceis. Esses sintomas levam
muitas vezes o parkinsoniano a um grau considerável de dependência em relação a seus familiares.
Além desses, o paciente apresenta também dificuldade de deglutição, da motricidade gástrica e
esofagiana, prisão de ventre, problemas vasomotores, da regulação arterial, edemas, dificuldade de
regulação da temperatura corporal, perturbações do sono e perda de peso.[47]

Cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda


Estimulação cerebral profunda ou ECP (do inglês Deep Brain Stimulation (DBS)) é um tratamento
neurocirúrgico para transtornos neurológicos usando um marcapasso cerebral que envia impulsos
elétricos a determinada parte do encéfalo. É usado no tratamento de doenças neurológicas,
inclusive Doença de Parkinson, em que a medicação não foi eficiente e que causa amplos prejuízos
ao paciente.[48]
O procedimento não é uma cura e não impede a progressão das doenças, mas tem se mostrado
eficiente no controle dos sintomas motores e pode devolver aos pacientes autonomia e qualidade
de vida.[49]
Recentemente um grupo de pesquisadores brasileiros liderado pelo neurocirurgião Erich
Fonoff descreveu uma nova técnica de implante simultâneo de eletrodos para estimulação cerebral
profunda bilateral (ECP Bilateral Simultanea) fazendo possível que o procedimento se tornasse
mais rápido e preciso.[50][51] A precisão do implante faz toda a diferença pois a ECP tem seu efeito
extremamente localizado.[52]

Prognóstico
O curso é progressivo e é feito durante de 10 a 25 anos após o surgimento dos sintomas. O
agravamento contínuo dos sintomas, para além da importância da dopamina para o humor, levam a
alterações radicais na vida do doente, e à depressão profunda frequentemente.
A síndrome de Parkinson não é fatal mas fragiliza e predispõe o doente a outras patologias,
como pneumonia de aspiração (o fraco controle muscular leva a deglutição da comida para os
pulmões) e outras infecções devido à imobilidade.

Epidemiologia
A incidência de demência na DP é seis vezes maior do que na população geral, e a prevalência
varia entre 10% a 50%.[25] Caracteriza-se por redução ou falta de iniciativa para atividades
espontâneas; incapacidade de desenvolver estratégias eficientes para a resolução de problemas;
lentificação dos processos mnemônicos e de processamento global da informação; prejuízo da
percepção visuoespacial; dificuldades de conceitualização e dificuldade na geração de listas de
palavras.[53] O reconhecimento precoce desses sintomas e seu tratamento são fatores cruciais para
uma melhor abordagem clínica da DP.[54]
Em vários estudos clínicos foi observada ligeira predominância do sexo masculino, porém existem
algumas questões sobre a forma de seleção dos pacientes. Em trabalhos que calcularam a
prevalência e incidência da doença de Parkinson , não foi demonstrada diferença significativa em
relação ao sexo quanto ao risco de contrair a doença. O aumento da esperança de vida não
modificada de forma importante o número de parkinsonianos, permanecendo a prevalência da
doença bastante estável desde o início do século.

História
O nome "Parkinson" é uma homenagem do médico francês Jean-Martin
Charcot ao neurologista James Parkinson, que estudou os sintomas da doença.[55]
Curiosidades

A palavra “agonista” é usada em diferentes contextos, mas em medicina, ela se refere a um tipo
de medicamento que estimula células de maneira natural 1. Os agonistas são moléculas que se
ligam e ativam um receptor para induzir uma reação biológica 2. Eles são usados para tratar uma
variedade de condições, incluindo a doença de Parkinson 1.
Por exemplo, os agonistas da dopamina são um tipo de medicamento usado no tratamento da
doença de Parkinson. Eles ajudam a repor a dopamina no cérebro, melhorando os sintomas da
doença 1. Outro exemplo é o uso de agonistas beta-adrenérgicos para tratar a asma. Esses
medicamentos ajudam a relaxar os músculos das vias respiratórias, facilitando a respiração 2

Referências

Você também pode gostar