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ISBN: 978-65-81704-00-1
✓ Predisposição genética;
✓ Atopia;
✓ Urbanização;
✓ Exposição ao tabagismo;
✓ Exposição ocupacional;
✓ Exposição a alérgenos;
✓ Obesidade.
✓ Dispneia;
✓ Sibilância;
✓ Tosse crônica;
✓ Desconforto torácico / “Aperto no peito”;
✓ Histórico de alergia associada.
• O exame físico não traduz gravidade e pode ser normal – ou seja, nem sempre o paciente asmático apresenta
sibilância. Os achados clássicos da asma ao exame físico são: roncos, sibilos, aumento do tempo expiratório ou silêncio
torácico (grave). O principal achado clínico em crianças com asma é a presença de tosse seca crônica;
• O achado de gravidade para a asma é o chamado “tórax silencioso”, que representa um grau de obstrução tão grave
que diminui o murmúrio vesicular.
• Nem toda asma sibila; e nem tudo que sibila é asma! São causas de sibilância: DPOC, TEP, fibrose cística, insuficiência
cardíaca, vasculite pulmonar, bronquiectasias, doença da traqueia etc.
• Diante de um paciente sibilante, devemos questionar se ele tem asma e, caso não haja um histórico de asma, devemos
antes descartar diagnósticos diferenciais;
• Os principais diagnósticos diferenciais da asma são:
− Mais comum em adultos (“adultos sibilantes”):
✓ Insuficiência cardíaca;
✓ Tromboembolismo pulmonar.
− Mais comum em crianças:
✓ Rinossinusite;
✓ Doença pulmonar crônica da prematuridade e malformações congênitas;
✓ Fibrose cística, bronquiectasias, bronquiolite obliterante pós-infecciosa e discinesia ciliar;
✓ Síndromes aspirativas (refluxo gastroesofágico, distúrbios de deglutição, fístula traqueoesofágica e aspiração
de corpo estranho);
✓ Laringotraqueobroncomalácia, doenças congênitas da laringe (estenose e hemangioma) e anel vascular;
✓ Tuberculose;
✓ Cardiopatias;
✓ Imunodeficiências.
Obs.: Por serem duas doenças que se caracterizam por obstrução ao fluxo aéreo, asma e DPOC, possuem várias
características clínicas e funcionais em comum, fazendo com que nem sempre seja fácil, ou mesmo possível, a
distinção entre as duas. A tabela a seguir auxilia na diferenciação.
Tabela 1 – Características que auxiliam na diferenciação entre asmas e DPOC. Fonte: O Autor (2019).
Asma: DPOC:
− Início na infância, mas pode haver um grande − Início após os 40 anos de idade;
período assintomático com reinício dos sintomas
após os 40 anos;
− Antecedentes de atopias: presente com freqüência; − Antecedentes de atopias: ausentes ou presentes;
− História familiar de asma ou outras atopias: − História familiar de asma ou outras atopias:
presentes com freqüência; ausentes ou presentes;
− História de tabagismo ou exposição prolongada − História de tabagismo ou exposição prolongada
a partículas inaladas: presente ou ausente; a partículas inaladas: presente;
− Desaparecimento de sintomas com o tratamento − Diminuição variável dos sintomas com o tratamento;
adequado;
− Espirometria normal nas intercrises ou com − Espirometria com distúrbio osbtrutivo com pouca ou
distúrbio obstrutivo de acentuada reversibilidade. nenhuma reversibilidade;
• Para a realização da espirometria, o paciente deve realizar, primeiramente, uma inspiração forçada e, logo em
seguida, expirar no fluxômetro até o “último fôlego” possível;
• Parâmetros da função pulmonar obtidos na espirometria:
− Valores estáticos: CPT; CRF; VR;
− Valores dinâmicos (que se alteram com a respiração): CV; CVF, VEF1, VEF1/CVF; FEF 25-75% (estudos recentes
em crianças têm mostrado utilidade desse parâmetro na detecção de obstrução ao fluxo aéreo, adicionando
sensibilidade à relação VEF1/CVF); FEFmáx (ou PFE).
• Valores normais:
− A curva fluxo-volume (figura 1) tem a forma de uma vela de barco com uma súbita ascensão formando um pico
(PFE) e então uma fase descendente formando um ângulo de 45 graus com a horizontal. São normais os valores
de CVF e VEF1 > 80% do previsto ou, preferencialmente, maior ou igual a Limite Inferior ao Normal e, a relação
VEF1 / CVF > ou igual LLN (5o percentil do predito);
− Expiração forçada no primeiro segundo (momento em que se tem maior fluxo aéreo): VEF1 = 4 litros;
− Capacidade Vital Forçada (volume máximo de ar que é expelido em uma manobra forçada a partir de uma
inspiração máxima): CVF = 5 litros;
− Índice de Tiffeneau: VEF1 / CVF = 4/5 = 0,75 a 0,9 (em média, 0,8 ou 80% - significa dizer que, no 1º segundo da
expiração forçada, normalmente são expulsos 80% do volume total da capacidade vital). Está baixo nas doenças
obstrutivas e preservado nas restritivas. É o mais sensível e específico indicador de obstrução das vias aéreas.
• Na presença de obstrução, há uma maior dificuldade em jogar o ar para fora (isso porque a expiração é um processo
passivo, enquanto a inspiração é um processo ativo, que exige esforço da musculatura respiratória). Portanto, na
asma/DPOC, ocorre uma dificuldade para jogar o ar para fora no momento da expiração – sabendo que é no 1º
segundo que sai a maior quantidade de ar, ocorre uma queda maior de VEF1 em quadros obstrutivos. Já nos quadros
restritivos, como o pulmão está menos complacente (isto é, está mais “duro”), entra pouco ar e, consequentemente,
também sai pouco ar;
Em resumo, temos:
− Obstrução das vias aéreas (asma, DPOC, fibrose cística, bronquiectasias etc.);
− Ocorre redução de fluxos expiratórios e de volumes dinâmicos (principalmente o VEF1, o que faz com que o Tiffeneau esteja
Distúrbio
mais baixo). Ocorre, portanto, uma “dificuldade para expirar”;
Obstrutivo
− Ocorre também aumento de volumes estáticos devido ao represamento de ar;
− Característica principal: VEF1/CVF < 70%.
− Padrão de doença pulmonar intersticial, que leva à fibrose;
− Ocorre restrição grave de ventilação, causando tanto uma “dificuldade para expirar quanto para inspirar”;
Distúrbio
Restritivo − Ocorre redução tanto do volume estático como do dinâmico;
− Característica: VEF1 reduz proporcionalmente ao CVF (ou esta reduz mais) -> VEF1/CVF normal ou ↑ (atente que um
Tiffeneau “normal” não quer dizer obrigatoriamente que não há doença).
Distúrbio − Associado a uma doença ou muitas (Ex: Sarcoidose, paracoccidiodomicose, TB, bronquiectasias, ICC etc.);
Misto − Característica: VEF1/CVF < 70% com CVF muito reduzida.
• Note o seguinte: Asma e DPOC são as duas condições obstrutivas principais do pulmão. O termo “reversão” é o que
diferencia uma da outra: a asma é reversível com o uso de broncodilatadores (um beta-2-agonista de curta duração,
por exemplo); já o DPOC, é irreversível. A prova broncodilatadora é dita positiva se ocorrer um aumento de VEF1 ≥
200ml e ≥ 12% ou 200 mL de seu valor pré-broncodilatador e 7% do valor previsto. Em resumo, sobre a prova
broncodilatadora e teste de broncoprovocação, temos:
− Importantes testes para avaliação de reversibilidade da obstrução das vias aéreas através da espirometria, em
especial no diagnóstico da asma e no conhecimento do grau de DPOC;
− Prova broncodilatadora:
✓ A prova é feita com qual medicação? 400 mcg de salbutamol ou fenoterol via inalatória;
✓ A espirometria é feita após quanto tempo? 15-20 minutos após o que?
✓ Qual é o achado clássico de uma prova positiva? Aumento absoluto e percentual do VEF1 (> 200ml e 12%). CVF
variando 350 ml (segundo a SBPT).
− Teste da broncoprovocação:
✓ O teste é feito com qual medicação? Metacolina, histamina ou carbacol via inalatória;
✓ Qual é o objetivo? Queda do VEF1 em mais de 20%;
✓ Como classificar o teste em positivo ou negativo? De acordo com a concentração utilizada de medicação, ou em
quedas pós exercícios.
UNIFESP- SP (ACESSO DIRETO) – 2018:
Paciente masculino, 33 anos de idade, com dispneia em crises no último ano, associada à opressão
torácica e tosse seca, principalmente noturna. Relata rinite alérgica sem tratamento regular e
crises de chiado na infância na época do inverno. Ex-tabagista 5 anos/maço (parou há 1 ano). Nega
uso de medicações contínuas. Após passar em avaliação médica, foi solicitado radiografia de tórax
que foi normal e prova de função pulmonar. Qual o resultado da espirometria e a hipótese
diagnóstica? Abreviaturas: LIN: limite inferior da normalidade; BD: broncodilatador; %:
porcentagem do previsto.
Previsto LIN Pré-BD (L) Pré-BD (%) Pós-BD (L) Pós-BD (%)
CVF 5,60 4,70 6,21 111 6,43 115
VEF 1 4,56 3,80 3,17 69 3,76 82
VEF 1 / CVF 0,82 0,51 0,51 62 0,58 70
A. Espirometria com distúrbio ventilatório obstrutivo leve; resposta significativa de fluxo pulmonar
após broncodilatador inalatório. Asma.
B. Espirometria com distúrbio ventilatório obstrutivo leve; resposta significativa de fluxo e volume
pulmonares após broncodilatador inalatório. Asma.
C. Espirometria normal; ausência de resposta significativa ao broncodilatador inalatório. Dispneia
psicogênica.
D. Espirometria com distúrbio ventilatório obstrutivo leve; ausência de resposta significativa de fluxo
e volume pulmonares após broncodilatador inalatório. Asma e DPOC associados.
E. Espirometria distúrbio ventilatório obstrutivo moderado; resposta significativa de fluxo pulmonar
após broncodilatador inalatório. Asma e DPOC associados.
Comentário: Essa espirometria é de um distúrbio obstrutivo, uma vez que o índice de Tiffeneau
está menor que 70% pré-broncodilatador. Para diferenciar o obstrutivo do misto, precisamos
checar a CVF. Se o paciente apresenta CVF muito reduzido, pensar em distúrbio misto. Esse fato
não acontece com o paciente dessa questão, uma vez que a CVF está até maior que o limite inferior
de normalidade. Quanto ao distúrbio ser leve, moderado ou grave, pacientes com VEF1 e relação
VEF1/CVF acima de 60% são classificados como portadores de DVO leve. Outro dado importante
é como diferenciar asma e DPOC, lembrando que asma é reversível e DPOC não é! Fique atento
para resposta à broncodilatação. O paciente da questão apresenta melhora do VEF1 em mais de
12% e 200 ml, ou seja, resposta positiva ao broncodilatador.
RESPOSTA: A.
• O diagnóstico definitivo de asma é dado da seguinte maneira: Clínica + Espirometria com Prova Broncodilatadora com
Beta-2-agonista (Broncodilatador e, 20 minutos depois, uma nova espirometria) -> o uso do broncodilatador prova
que a obstrução da via aérea é reversível (característica da asma), aumentando o VEF1.
− Clínica sugestiva / Sintomas compatíveis.
+
− Hiper-reatividade brônquica comprovada -> Espirometria obstrutiva (↓VEF1, ↓CVF e VEF1/CVF < 70% com prova
broncodilatadora positiva (critério principal: Aumento de VEF1 ≥ 200ml em valor absoluto e ≥12% do valor pré-
broncodilatação (ou ≥200ml e ≥7% do valor previsto) -> Se presente, diz-se que houve “reversão da obstrução”,
caracterizando a asma.
Ex.: Espirometria na asma:
− VEF1: 1,8 litros;
− CVF: 3,2 litros;
− VEF1 / CVF = 1,8/3,2 = 0,5 (Tiffeneau < 0,7 ou 70% define doença obstrutiva).
• Se, eventualmente, o paciente com clínica sugestiva fizer a espirometria e esta for normal (por qualquer motivo,
como, por exemplo, período intercrítico, em que a via respiratória está pouco inflamada), devemos promover a
Espirometria com Teste Provocativo (com Metacolina, Histamina ou Carbacol) → devemos observar uma queda maior
que 20% no VEF1 (um teste provocativo positivo, o que denota que a mucosa é, realmente, hiper-reativa);
• Outro critério diagnóstico que pode ser útil da urgência é o Peak Flow (PFE) com variação ≥60 l/min (valor absoluto)
ou ≥20% em relação ao valor normal;
Obs.: O Peak Flow (PFE) é um aparelho portátil útil para avaliar a asma como doença crônica (avaliando a eficácia do
tratamento) e, no pronto-socorro, utilizado para avaliar a gravidade da crise. Podemos classificar a asma levando
em consideração os valores obtidos com esse dispositivo (LEVE > 80% do previsto, MODERADA entre 60-80%,
GRAVE < 60%).
REVISÃO
1. Espirometria inicial: Tiffeneau < 70% -> Há OBSTRUÇÃO!
2. Espirometria pós-BD: ↑≥12% VEF1 + ↑200ml -> É uma obstrução REVERSÍVEL (característico de ASMA)!
3. Pico de fluxo expiratório (Peak Flow): Avalia a gravidade da CRISE: ≤50% -> Asma GRAVE!
• Podemos destacar os fatores de risco para morte por asma, mas é importante perceber que as fontes discordam em
alguns pontos (estes sublinhados);
• GINA 2019:
− História de exacerbação com necessidade de intubação e ventilação mecânica;
− Hospitalização ou visita à emergência por asma no ano anterior;
− Usando ou parou há pouco tempo de usar o corticoide oral;
− Não está usando corticoide inalatório;
− Uso de mais de 1 frasco de inalador pressurizado de β2-agonista de curta ação por mês;
− Doença psiquiátrica ou fatores psicossociais;
− Pobre aderência ao tratamento;
− Alergia alimentar em um paciente com asma.
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
CI dose alta + LARA, adicionar tiotrópio,
Etapa V
Fenotipar: anti-IgE ou anti-IL5 ou anti-IL4R
OUTRAS OPÇÕES: adicionar CO em dose baixa
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Etapa IV CI dose média + LABA + SABA de resgate ou CI dose média + FORM de manutenção +
CI dose baixa + FORM resgate
OUTRAS OPÇÕES: CI dose alta, adicionar tiotrópio ou montelucaste
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Etapa III CI dose baixa + LABA + SABA por demanda ou CI dose baixa
OUTRAS OPÇÕES: CI dose alta, adicionar tiotrópio ou montelucaste
OUTRAS OPÇÕES:
CI + SABA por demanda, dose baixa de CI sempre que usar SABA
TODOS OS ASMÁTICOS:
Controlar ambiente + rever controle da asma e risco futuro regularmente
Figura 3 - Pizzichini1 MMM, Carvalho-Pinto2 RM, Cançado3 JED, Rubin AS, 4 , 5 , et al. Recomendações para o manejo da asma da Sociedade Brasileira
de Pneumologia e Tisiologia - 2020. J Bras Pneumol. 2020;46(1):e20190307
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Etapa IV
CI dose média + LABA + SABA por demanda, encaminhar para especialistas
OUTRAS OPÇÕES: CI dose alta + SABA por demanda, adicionar tiotrópio ou montelucaste
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Etapa III
CI dose baixa + LABA ou dose média de CI + SABA por demanda
TRATAMENTO PREFERENCIAL:
Etapa I
CI + SABA por demanda, CI dose baixa quando usar SABA ou dose baixa de CI diária
TODOS OS ASMÁTICOS:
Controlar ambiente + rever controle da asma e risco futuro regularmente
Figura 4 – Pizzichini1 MMM, Carvalho-Pinto2 RM, Cançado3 JED, Rubin AS, 4 , 5 , et al. Recomendações para o manejo da asma da Sociedade Brasileira
de Pneumologia e Tisiologia - 2020. J Bras Pneumol. 2020;46(1):e20190307
Grave PFE ≤ 50%; Alcalose respiratória; Frases incompletas; agitado; usa musculatura acessória; FC > 120; Sat<90%.
• Na asma aguda grave, a indicação de intubação traqueal e consequente suporte ventilatório mecânico não costuma
ser dependente de parâmetros gasométricos absolutos.
USS - RJ (ACESSO DIRETO) – 2014: Considera-se critério para asma muito grave, exceto:
A. Agitação psicomotora ou confusão mental.
B. Dispneia intensa em repouso.
C. Bradicardia.
D. Sibilos expiratórios.
E. PaO2 (em ar ambiente) < 60 mmHg.
COMENTÁRIO: A presença de sibilos é uma das características clássicas da asma, quando o tórax
está silencioso temos um critério de gravidade.
RESPOSTA: D.
• Aminofilina e teofilina não devem ser usadas de rotina no tratamento das exacerbações, assim como salbutamol
venoso; Sulfato de Magnésio intravenoso é uma opção terapêutica para aqueles que falharam com o tratamento
inicial e persistem com hipoxemia.
VEF1 ou PFE 60-80% previsto e sintomas melhoraram. VEF1 ou PFE < 60% do previsto ou falta de resposta clínica.
CONSIDERAR PLANEJAMENTO PARA ALTA. CONSIDERAR TRATAMENTO E REAVALIAR FREQUENTEMENTE.
UNIRIO - RJ - R3 CLÍNICA MÉDICA - 2018: A asma grave aguda deve ser tratada a prioridade, com:
A. Corticoide venoso.
B. Beta-2 agonista.
C. Aminofilina venosa.
D. Antibioticoterapia.
E. Anticolinérgico inalatório.
• Ferramenta numérica de avaliação do controle de asma: Asthma Control Test (ACT): O escore vai de 5 a 25, sendo 25
o melhor.
− 20-25: asma bem-controlada;
− 16-19: asma não bem-controlada;
− 5-15: controle MUITO pobre de asma.
• É possível usar para estimar o controle de asma em crianças, essa mesma ferramenta numérica, mas modificada com
uma seção de perguntas separada para os pais, chama-se c-ACT;
• Para estimar o controle da gravidade da asma, utilizam-se outras formas de classificação. O quadro mostra a
classificação da SBPT 2006, embora essa não seja a mais recente. De forma mais simples e atual, podemos classificar
em Leve (controlada com step 1 e 2), Moderada (controlada com step 3) e Grave (controlada com step 4 e 5).
Limites de atividades Nenhuma Presente nas exacerbações Presente nas exacerbações Contínua
VEF2 ou PFE3 ≥ 80% predito ≥ 80% predito 60-80% predito ≤ 60% predito
Variação VEF, ou PFE < 20% < 20-30% > 30% > 30%
1
Pacientes com asma intermitente, mas com exacerbações graves, devem ser classificados como tendo asma persistente moderada.
2 Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo.
3 Pico de Fluxo Expiratório.
− Betabloqueadores provocam broncoespasmo, não asma (isso é: não promovem hiper-reatividade)!
Caso o paciente apresente broncoespasmo ao uso de betabloqueador, não devemos utilizar beta-
agonistas (pois os receptores estão ocupados); mas sim, o brometo de ipratrópio (Atrovent®);
− Existem tipos de asma desencadeados por exercícios. Para esses pacientes, devemos passar beta-
agonistas inalatórios antes do exercício;
− Pacientes asmáticas e grávidas apresentam evolução incerta. É importante destacar que o bem-estar
fetal está diretamente relacionado com o controle da asma da mãe. Dessa forma, podemos tratar a
gestante grávida com as mesmas drogas (como se não estivesse grávida)! A budesonida é o corticoide
inalatório de preferência para a gestação por apresentar mais dados referentes a sua segurança e
eficácia. A beclometasona apresenta também baixo risco fetal, embora com menor número de
publicações. A crise de asma na gestante deve ser tratada da mesma forma que na não gestante, com
algumas peculiaridades. A monitorização materno-fetal intensiva é essencial e, devido à especial
fisiologia da gravidez, a SpO2 materna deve ser mantida acima de 95% para que não haja hipoxemia
fetal. Narcóticos, com exceção de fentanil, liberam histamina e podem agravar a asma.
• O diagnóstico de sibilância recorrente e asma no lactente e no pré-escolar são essencialmente clínicos, a presença de
sibilância, tosse, desconforto respiratório e despertares noturnos de natureza contínua ou recorrente, são os achados
principais.
• Características sugestivas:
✓ Três ou mais episódios de sibilância ao ano na ausência de viroses respiratórias;
✓ Pais e/ou irmãos receberam prescrição e usaram medicação inalatória (broncodilatadores, corticoides) em algum
momento no passado;
✓ Dispneia, sibilância, tosse noturna, desencadeadas por exercício físico ou gargalhadas, exposição a aeroalérgenos e
na ausência de viroses respiratórias;
✓ Resposta a broncodilatador inalatório durante as crises de sibilância acompanhada e comprovada por médico;
✓ Controle dos sintomas após prova terapêutica com corticosteroide inalatório por dois a três meses, com
subsequente piora após a suspensão.
• Quais destas crianças têm maior risco para asma persistente? O Asthma Predictive Index (API), também chamado
critérios de Castro-Rodrigues, é desenhado para crianças com 4 episódios ou mais de sibilância em 1 ano e estimou
que as crianças que preencherem um dos critérios maiores ou dois dos menores, apresentavam um risco 10 vezes
maior de desenvolver asma entre os 6-13 anos.
Tabela 6 – Tabela com os critérios de Castro-Rodrigues. Fonte: O Autor (2019).
Critérios de Castro-Rodrigues
Critérios maiores:
1. História familiar de asma;
2. Eczema atópico.
Critérios menores:
1. Rinite alérgica;
2. Sibilância sem IVAS;
3. Eosinofilia > 4%.
CI dose baixa
Passo 2 +
Passo 1
Passo 1
SABA se necessário
Passo 1 Tratamento não farmacológico
Figure 5 – Diretrizes da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e Sociedade Brasileira de Pediatria para sibilância e asma no pré-escolar.
Fonte: Arq Asma Alerg Imunol. 2018;2(2):163-208
• Para avaliar o controle da asma, o GINA sugere avaliar a criança nas últimas 4 semanas em relação à (a, ao):
Tabela 7 – Tabela com avaliação da criança nas últimas 4 semanas. Fonte: O Autor (2019).
Adequado Inadequado
Tabela 8 – Tabela com tratamento de asma em menores de 6 anos. Fonte: O Autor (2019).
Leve Paciente bem; SatO2 > 95%; consegue formar frases completas; FC < 100 bpm; Cianose ausente; sibilância variável.
Moderada/Grave Agitado; somente palavras; FC > 200 bpm em menores de 3 anos e > 180 bpm entre 4 e 5 anos; Sat<92%; cianose pode estar
presente; tórax pode estar silencioso.
A presença de qualquer um desses parâmetros indica gravidade.
• Deve-se avaliar a gravidade da exacerbação e enquanto isso iniciar β 2 agonistas de curta duração;
• Na crise, quando necessário, pode ser usado prednisolona 1 a 2 mg/kg/dia por até 5 dias, com dose máxima de 20
mg/dia para menores de 2 anos e 30 mg/dia para maiores de 2 anos;
• Os agentes β-2 agonistas são a primeira linha do tratamento, devendo ser preferecialmente utilizados por via
inalatória, utilizam-se espaçadores com máscara ou adaptador bucal;
• Os corticosteroides sistêmicos devem ser reservados para pré-escolares com exacerbações moderadas a graves,
atendidos em emergência ou hospitalizados;
• O sulfato de magnésio, os corticosteroides inalados e a azitromicina exigem ainda mais estudos para que se possa
incluí-los na rotina diária, embora o GINA 2019 recomende o sulfato de magnésio para os casos graves;
• O paciente deve ser encaminhado ao hospital para hospitalização se não responder ao β-2 agonistas em 1 a 2 h,
incapaz de falar ou beber, apresentar tiragem, cianose ou saturação menor que 92%;
• O tratamento da crise baseia-se no uso de:
✓ Controlar oxigênio: alvo 94-98%;
✓ β2-Agonista de curta ação: a dose empregada pode ser 2 a 6 jatos a cada 20 minutos na primeira hora OU salbutamol
2,5 mg por nebulização a cada 20 min na 1ª hora;
✓ Corticoide sistêmico: prednisolona (1-2mg/kg com máx 20 mg para < 2 anos e 30 mg para 2-5 anos) ou
metilprednisolona 1mg/kg a cada 6h no 1º dia.
• Opções adicionais:
✓ Brometo de Ipratrópio: para crianças com crise moderada-grave fazer 2 puffs de 80 mcg ou 250 mcg por nebulização
a cada 20 min durante 1h;
✓ Sulfato de magnésio nebulizador 150 mg 3x na 1ª hora de tratamento em ≥ 2 anos.
UFU - MG - R3 – 2018. Menino, 3 anos, com relato de asma parcialmente controlada em uso diário
de Beclometasona 100mcg, dá entrada no pronto socorro com história de há cerca de 6 horas ter
iniciado quadro de desconforto respiratório de início súbito, associado com a inalação de fumaça
gerada por uma queimada próximo a sua casa. Apresenta-se prostrado, com cianose labial,
taquidispneico, com posição sentada para melhor respiração, tiragens de fúrcula e intercostais,
frequência respiratória de 40 irpm, frequência cardíaca de 120 bpm e saturação de O2 de 89-90%,
murmúrio vesicular audível, porém reduzido, e sibilos expiratórios difusos. Como você classifica
essa crise e qual a conduta a ser adotada?
A. Leve, apenas um broncodilatador cada 20 minutos.
B. Leve, broncodilatador 3 ciclos e corticosteroide oral.
C. Grave, oxigenioterapia, broncodilatador inalado e corticosteroide oral.
D. Grave, oxigenioterapia, broncodilatador e corticosteroide inalatórios.
COMENTÁRIO: Diante das alterações clínicas se trata de uma crise grave com necessidade de
oxigênio pela baixa oximetria, broncodilatador e corticoide sistêmico.
RESPOSTA: C.
✓ Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma - 2012. J. Bras Pneumol. v.38, Suplemento
1, p. S1-S46 abril 2012
✓ Global Initiative for Asthma. Global Strategy for Asthma Management and Prevention, 2019. Disponível pelo seguinte site:
www.ginasthma.org
✓ Neto HJC, Solé D, Camargos P, Rosário NA, Sarinho EC, Chong-Silva DC, et al. Diretrizes da Associação Brasileira de Alergia e
Imunologia e Sociedade Brasileira de Pediatria para sibilância e asma no pré-escolar. Braz J. Allergy Immunol. 2018;2(2):163-208
✓ Solé, Dirceu - Wandalsen, Gustavo Falbo - Lanza F de C. Asma no Lactente, na criança e no adolescente. 1a. 2016. 437 p.
✓ Pizzichini1 MMM, Carvalho-Pinto2 RM, Cançado3 JED, Rubin AS, 4, 5, et al. Recomendações para o manejo da asma da Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia - 2020. J Bras Pneumol. 2020;46(1):e20190307.